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TEMA 1 DIREITO EMPRESARIAL E DO CONSUMIDOR

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DIREITO EMPRESARIAL 
SOCIEDADES REGULAMENTADAS NO 
CÓDIGO CIVIL 
DESCRIÇÃO: Elementos básicos do Direito Empresarial e os 
modelos de sociedades previstos no Código Civil. 
PROPÓSITO: Conhecer o Direito Empresarial é fundamental 
para o melhor desempenho da gestão da atividade econômica, 
pois permite compreender a estrutura em que serão 
desempenhadas as funções da empresa. 
PREPARAÇÃO: Tenha em mãos o Código Civil, de modo a 
permitir uma consulta rápida aos artigos na ordem sequencial em 
que são exibidos. 
OBJETIVOS TEMA 1 
Módulo 1- Reconhecer a atividade empresarial e as 
características do empresário 
Módulo 2- Distinguir os tipos societários 
Módulo 3- Identificar as regras de funcionamento das 
sociedades 
INTRODUÇÃO: Neste tema, você encontrará informações 
sobre o Direito Empresarial no Brasil, os modelos societários 
existentes e as regras para o funcionamento das sociedades 
empresariais. A ideia é transmitir um conteúdo relevante para o 
gestor empresarial, por meio de uma leitura leve e agradável. 
Todas as normas que serão trabalhadas aqui estão previstas no 
Código Civil Brasileiro e são obrigatórias para empresários e 
sociedades empresárias em funcionamento no Brasil. 
Discutiremos a importância das sociedades empresariais para a 
geração de riquezas e para o desenvolvimento econômico e 
social do país. 
MÓDULO 1 - Reconhecer a atividade 
empresarial e as características do 
empresário 
CONCEITOS 
Do caixeiro viajante ao empresário: uma 
parte do Direito Comercial 
O Direito é um conjunto de normas destinadas a regular a 
atuação dos indivíduos em sociedade e, com suas leis, normas e 
seus códigos, são estabelecidos comportamentos esperados por 
parte das pessoas. O Direito estipula as regras de como as 
atividades produtivas devem ser desenvolvidas. 
Considerando que a estrutura do sistema jurídico brasileiro está 
formatada para o modelo do sistema capitalista de produção, 
existem normas dentro que promovem e incentivam o 
desenvolvimento das atividades econômicas. 
Essas normas buscam, de um modo equilibrado, proteger, ao 
mesmo tempo, as atividades econômicas, as sociedades 
empresárias, os trabalhadores e consumidores, que estão 
envolvidos no processo de geração de riqueza. 
As normas de Direito Empresarial tratam exatamente sobre como 
devem se organizar os entes que desenvolvem atividade 
econômica. Essa organização é necessária, uma vez que o 
exercício da atividade empresarial conjuga uma série de fatores e 
elementos produtivos que depende dessa coordenação. 
 
 
 Você certamente deve ter lido ou estudado sobre o 
Império Romano, certo? Um dos motivos que levaram à 
expansão do Império Romano foi a busca pela ampliação de 
mercados que permitissem realizar a troca de excedentes 
produzidos. 
 Lembra-se da Companhia das Índias Ocidentais, que 
resultou na invasão holandesa ao Brasil? Alguns autores chegam 
a configurá-la como uma sociedade anônima, em razão de sua 
organização. 
 
Inúmeros eventos históricos se relacionam com o exercício da 
atividade comercial pelo homem: mercantilismo, Revolução 
Industrial, globalização. Todos foram motivados pelo exercício de 
práticas comerciais e, para poder realizá-las com segurança, foi 
necessária a criação de regras específicas para esse ramo de 
atividades. 
Quais as mudanças realizadas para o exercício de práticas 
comerciais no Brasil? 
Antes de 2002: Existia no Brasil o Código Comercial, elaborado 
em 1950, que trazia a regulamentação do chamado “Direito 
Comercial” e era dividido em três partes: 1) Do Comércio em 
Geral; 2) Do Comércio Marítimo; e 3) Das Quebras. 
Após 2002: O Código Comercial foi substituído, em sua primeira 
parte, pelo Código Civil de 2002, que alterou o Código Civil e 
incorporou toda a parte sobre o comércio em geral. Os processos 
que regulam a falência e a recuperação judicial agora se 
encontram na Lei n° 11.101, de 2005. 
O antigo Código Comercial foi todo recortado e apenas a parte 
relacionada ao Comércio Marítimo ainda permanece em vigor. 
Assim, quando estudamos os temas referentes ao Direito 
Empresarial, precisamos ter em mente que esse conteúdo se 
encontra no Código Civil, não mais no Código Comercial – que 
continua valendo apenas para regular as transações econômicas 
que envolvem o mar como transporte. 
 
A mudança não foi apenas normativa: existiu toda uma 
reformulação teórica que acompanhou a alteração dos conteúdos 
de Direito Empresarial para o Código Civil. O fundamento do 
antigo Direito Comercial estava centralizado na figura do 
comerciante. 
A razão do destaque para o elemento que executava os atos de 
comércio, ou seja, as trocas comerciais, é muito simples: durante 
todo o desenvolvimento histórico da atividade comercial, quem 
respondia pelas obrigações assumidas sempre foi a figura 
do comerciante. 
Obs: comerciante: Os comerciantes eram mascates, feirantes, 
integrantes das Corporações de Ofício, os mercadores. Você deve 
conhecer o livro O Mercador de Veneza, de William Shakespeare, 
que retrata, sob o aspecto literário, as trocas e negociações de uma 
época que já não encontra parâmetros com os dias atuais. 
A antiga teoria dos atos de comércio servia para proteger o 
comerciante, ou seja, aquele que realizava e praticava atos de 
comércios reconhecidos como tais. A mudança nesse raciocínio 
veio com a construção da teoria da empresa, em oposição à 
teoria dos atos de comércio, que identificava a empresa, não 
mais o comerciante, como fundamento do Direito Comercial. 
Resumindo: A figura jurídica da empresa foi o elemento central 
a ser protegido e fomentado por meio do conjunto de normas 
jurídicas, que passou a ser reconhecido como Direito 
Empresarial, não mais Direito Comercial. 
Elementos do Direito Empresarial e a Teoria 
da Empresa 
Quando falamos de Direito Empresarial, estamos nos referindo 
não apenas à teoria da empresa, mas, também, a normas que 
foram incorporadas pelo Código Civil e estão alinhadas com o 
estudo contemporâneo de Direito Empresarial no mundo. 
Os comercialistas não gostaram da mudança, porque consideram 
que o Direito Comercial foi descaracterizado, em sua essência, 
em prol do destaque dado ao seu aspecto obrigacional. 
Atualmente, existem projetos de leis tramitando no Congresso, 
com o objetivo de reativar e atualizar o Código Comercial, e 
extrair o conteúdo do Direito Empresarial de dentro do Código 
Civil. 
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Saiba mais: Curiosamente, tanto a teoria dos atos de 
comércio quanto a teoria da empresa nunca definiram de modo 
claro e preciso quem deveria ser identificado como “comerciante” 
ou como “empresário”. A razão é bem simples: o ato de 
comerciar ou empresariar não é taxativo. As mudanças sujeitas 
aos mercados, a economia e a vida contemporânea não 
permitem realizar uma categorização específica, sob pena de 
deixar de fora inovações que possam ocorrer. 
Para não incorrer nesse risco, as normas tomam um caminho 
indireto: elas indicam quais são as atividades empresariais e as 
que não são empresariais. Portanto, os empresários são os que 
desenvolvem as atividades empresariais. 
A partir da edição do Código Civil, de 2002, com a incorporação 
da teoria da empresa, precisamos ter em mente algumas 
definições técnicas em relação aos termos “empresa”, 
“empresário” e “sociedade”. 
 
ATIVIDADES EMPRESARIAIS 
Na doutrina, a expressão “empresa” deixou de ser utilizada para 
designar a entidade organizada para exploração de fins 
econômicos e se tornou reconhecida como “atividade 
econômica”. Ou seja, a empresa se tornou a ação, o processo e o 
ato. Empresa é a atividade econômica organizada pelo 
empresário para a circulação de bens e serviços, visando à 
obtenção de lucro. 
A entidade organizada por essa atividade passou a ser 
reconhecida como “sociedade empresária”, ou seja, aquela que 
realiza os atos de empresa. Empresário é o que organiza os 
elementos de produção para efetivar o negócio. 
Considerando a Lei nº 10.406/02(Código Civil), podemos 
distinguir: 
EMPRESÁRIO 
No artigo 966, empresário é “quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação 
de bens ou de serviços.” 
NÃO EMPRESÁRIO 
No parágrafo único do artigo 966, temos que “não se considera 
empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza 
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares 
ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir 
elemento de empresa.” Pela definição legal, os indivíduos que 
exercem profissionalmente atividades intelectuais não podem ser 
considerados empresários. 
Assim, se você é um escritor muito famoso, criador de uma 
grande saga, vende seus livros “feito água”, comercializa seus 
direitos autorais e o filme vira um blockbuster, você não é 
considerado empresário. Do mesmo modo, o grande cantor da 
música popular brasileira, com uma sólida carreira artística, que 
emplacou músicas em aberturas de novelas, filmes e seriados, e 
ficou milionário com a sua própria produção, não é considerado 
empresário. 
Determinadas atividades profissionais que são desenvolvidas por 
meio do elemento “intelectual” são excluídas do ato de 
empresariar. Qual a razão para isso? O regime jurídico 
empresarial possui características específicas que não devem 
submeter os profissionais que percorreram outros processos para 
alcançar suas atividades. 
 
Os meios de atuação de um empresário e de um profissional 
liberal são muito distintos, a começar pelo seu acesso: a criação 
de uma sociedade empresária é livre (ou seja, para você abrir um 
CNPJ, você não precisa de um diploma de curso superior); para 
se tornar um profissional liberal é necessário o ingresso em uma 
faculdade e a conclusão do curso, com a expedição de um 
diploma. O profissional liberal pode exercer individualmente sua 
profissão, enquanto a sociedade empresária depende de uma 
série encadeada de processos de produção em massa para ser 
reconhecida como tal. 
A ATIVIDADE EMPRESÁRIA 
Voltemos ao exemplo do famoso escritor, utilizado anteriormente: 
Se o escritor, por meio de seus atributos intelectuais, conseguiu 
desenvolver uma grande obra literária e obteve lucro por meio 
dela, não pode ser considerado empresário. Mas, se em vez de 
vender seus direitos autorais para uma editora, ele mesmo criar 
uma editora, articular o processo produtivo editorial (com 
contratos de distribuição do livro para livrarias, de produção com 
gráficas, de distribuição online da obra) e organizar esses fatores 
produtivos, então, ele poderá ser considerado empresário. Não 
pela atividade de criação de uma obra literária (atividade 
intelectual), mas, pelo exercício dos atos empresariais de gestão, 
desempenhados como empresário. 
Contadores, advogados, médicos, dentistas, veterinários, 
fisioterapeutas, economistas, matemáticos, físicos, 
farmacêuticos, químicos, botânicos, arquitetos, engenheiros e 
todos os demais artistas e profissionais autônomos, ao realizarem 
suas profissões, não exercem atividades empresárias. 
Consequentemente, as regras relativas às empresas não se 
aplicam a esses profissionais – como, por exemplo, a falência. 
Isso não significa que esses profissionais não possam criar uma 
sociedade empresária para explorar atividades econômicas com 
o intuito de obter lucros, como é o caso, por exemplo, de um 
engenheiro que cria uma sociedade empresária no ramo da 
construção civil. Todavia, são atividades diversas: as atividades 
de engenheiro precisam ser desempenhadas por quem possui 
diploma e registro (no caso, o CREA). Para abrir uma sociedade 
empresária que ofereça serviços de engenharia não é necessário 
ser engenheiro – pode ser economista, contador, administrador –, 
nem ter curso superior, porque a gestão dos atos empresariais 
não pressupõe o elemento “intelectual” para ser desempenhada. 
 
DIFERENÇAS ENTRE ATIVIDADE EMPRESÁRIA E 
ATIVIDADE NÃO EMPRESÁRIA 
Para distinguir uma atividade empresária de uma atividade não 
empresária, além do elemento intelectual que se exclui da 
primeira, é necessário observar: 
a. Se a atividade está sendo desenvolvida de modo organizado, 
demonstrando uma lógica nas etapas de produção. 
b. Se a atividade está sendo desenvolvida com profissionalidade 
e habitualidade, não sendo algo esporádico. 
c. Se existe o objetivo de lucro, de gerar renda por meio do 
desempenho daquela atividade. 
 
AS ATIVIDADES RELACIONADAS À AGROPECUÁRIA 
Outro setor que é responsável por grande parte das trocas 
comerciais internacionais do Brasil e pela própria balança 
comercial, não é reputada como atividade empresária: falamos 
das atividades relacionadas à agropecuária. Trata-se de uma 
compreensão atrasada e talvez bastante burguesa de que o 
trabalho desenvolvido no campo não se reveste dos elementos 
mercantis essenciais para caracterizar uma atividade como 
empresária. 
Pode ser que há muito tempo, essa realidade ainda estivesse 
presente, mas, nos dias atuais, em que existe uma ampla gama 
de produtos, serviços e tecnologia de ponta presentes na 
produção agropecuária do país, é difícil acreditar que, para um 
empresário rural ser considerado “empresário”, ele precise de 
registro específico. 
O produtor rural só é considerado empresário caso realize o 
registro da sua atividade no Registro Público de Empresas 
Mercantis. Sendo assim, um produtor rural não é um empresário 
enquanto não realizar o registro. Isso é possível em função da 
facultatividade da escolha do local do registro dos atos 
constitutivos da empresa. 
Conforme pôde ser observado, não há impedimentos para a 
criação de uma sociedade empresária e para se tornar 
empresário, correto? Errado! Existem situações específicas que 
não permitem a atuação como empresário, nem a construção de 
uma sociedade empresária. São aqueles casos de indivíduos 
impedidos de empresariar por determinação legal. 
 
No vídeo a seguir, o professor, mestre em direito, Cláudio 
Miranda, aborda o tema das atividades empresariais e explica 
como identificá-las. (vídeo Sia Web Aula) 
Impedimentos legais 
Essa determinação está prevista no artigo 972 do Código Civil 
que diz que: 
Podem exercer a atividade de empresário os que 
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e 
não forem legalmente impedidos. 
A restrição relacionada à capacidade civil deve-se ao fato de que 
menores não podem ser empresários. Isso significa dizer que 
eles não podem ser sócios? Não! 
Atenção: Os menores incapazes ou relativamente capazes 
podem figurar como sócios em sociedades empresárias, 
representados pelos pais ou assistidos por eles, sendo 
impedidos, todavia, de exercer a administração delas pela falta 
de capacidade civil. 
A regra sobre a capacidade civil vale para todos. Há ainda 
algumas regras específicas que proíbem o exercício da atividade 
empresarial por parte de alguns profissionais. Tal proibição se 
reveste de uma preocupação de não causar prejuízo à 
sociedade, aos consumidores, ou ainda, à livre concorrência. 
PROIBIÇÕES ESPECÍFICAS 
a. Os militares da ativa, integrantes das Forças Militares 
nacionais. 
b. Os servidores públicos civis, de todas as esferas da 
administração (Federal, Estadual e Nacional). 
c. Os juízes, em razão da incompatibilidade ética com o 
desempenho de suas atribuições e funções. 
d. Os médicos, em relação às farmácias, drogarias, óticas ou 
laboratórios de análises clínicas, por uma questão de 
concorrência desleal. 
e. Os corretores e os leiloeiros, em razão de vedação legal. 
f. Os empresários que já faliram e ainda não foram reabilitados. 
g. Os estrangeiros que não tenham residência no Brasil, sendo, 
ainda, vedados: o exercício da atividade empresarial 
dedicada à pesquisa e à lavra de recursos minerais e ao 
aproveitamento do potencial de energia hidráulica (por 
determinação constitucional, em razão da natureza 
estratégica de tais mercados); o estrangeiro não naturalizado 
e o naturalizado há menos de dez anos, para explorar 
empresa jornalística, de radiodifusãosonora e de sons e 
imagens. 
h. Agentes políticos: existe uma limitação em razão de não 
poderem participar de sociedades que tenham negócios com 
o Estado, por uma questão de conflito de interesses. 
Tipos de Empresários 
Para todos os demais que podem atuar como empresários 
existem dois caminhos para seguir: o individual e o coletivo. Entre 
as atuais possibilidades, temos os seguintes tipos de empresários 
individuais: 
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
Quem exerce atividades de empresa organizando insumos, 
matéria-prima, fatores de produção, de modo profissional e com 
habitualidade, com objetivo de promover a circulação de riqueza 
com bens ou serviços economicamente valoráveis. Esse 
empresário individual responde com todos os seus bens perante 
as obrigações assumidas em decorrência de suas atividades 
empresariais. 
 
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) 
Pode ser reputado como um tipo de empresário, com uma 
limitação em razão das atividades autorizadas para exploração. 
Essas atividades estão descritas no Portal do 
Empreendedor, site governamental que orienta a criação dos 
MEI. Além disso, existe uma limitação de faturamento anual de 
81 mil reais por exercício fiscal. Vale fazer uma observação de 
que muitos desses MEI “escondem uma pejotização” 
disfarçada; isso ocorre quando o empregador, para não assumir 
as obrigações trabalhistas, obriga o empregado a constituir CNPJ 
para reduzir os gastos indiretos com o trabalhador. 
 
EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE 
LIMITADA (EIRELI) 
A partir da Lei n° 12.441/2011, é possível a criação de uma 
empresa individual constituída por cotas, cuja responsabilidade 
fica restrita ao valor do capital social integralizado de, no mínimo, 
cem vezes o salário mínimo vigente no país. 
 
SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL (SLU) 
Para essa modalidade, também chamada de LTDA Unipessoal, 
não há exigência de capital social mínimo. A partir da edição da 
Lei de Liberdade Econômica (LLE, Lei nº 13.874/19), foi 
oficializada, no Brasil, a existência de uma “sociedade de um”. 
Isso significa que não é mais necessário para o empresário 
buscar um sócio pro forma, apenas no papel, para abrir uma 
sociedade. Ele pode, a partir da edição dessa lei, criar uma 
sociedade limitada ao capital social que for indicado e atuar por 
meio dela, sem precisar de terceiros. 
A exploração de atividade empresarial por meio coletivo 
corresponde à constituição das sociedades e suas distintas 
categorias, conforme estudaremos no próximo módulo. 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
 
1. No sistema jurídico nacional, não existe uma conceituação 
direta para a identificação da figura do empresário. Essa 
conceituação é feita por meio das atividades que ele pratica. 
Nesse sentido, podemos dizer que empresário é aquele que 
obtém lucro com o desenvolvimento de sua atividade 
profissional? 
Sim, porque o que diferencia a atuação do empresário é a 
obtenção de lucros, em oposição às atividades sem fins 
lucrativos, que não são empresárias. 
Não, porque existem atividades profissionais que também 
geram lucro, mas que não podem ser consideradas como 
atividades empresárias, por determinação legal. 
Sim, porque a geração do lucro é o elemento central na 
definição de sociedade empresária. 
Não, porque é necessário o elemento habitualidade no 
desempenho da atividade profissional para que se caracterize 
como atividade empresária. 
 
Parabéns! A alternativa "B" está correta. Existem atividades que 
não são consideradas empresárias pela legislação brasileira e, 
com isso, não podemos reputar como empresários os indivíduos 
que exploram economicamente a atividade intelectual. 
 
 
 
2. A família Doremi passou os últimos dois anos com 
problemas financeiros, em decorrência da demissão do 
marido e da chegada de mais um irmão para os três 
filhos que já tinham em casa. Pensando em alternativas 
para sair da crise, a mãe começou a fabricar bolos e 
doces para vender na vizinhança e na feira que era 
realizada todo domingo. Seus doces começaram a 
fazer muito sucesso e se tornaram a principal fonte de 
renda da família. A sra. Doremi decidiu formalizar a sua 
atividade para emitir nota fiscal e vender seus produtos 
para restaurantes. Marque a opção correta: 
 
A sra. Doremi não pode abrir uma sociedade porque cozinhar 
não é uma atividade empresária, já que requer conhecimentos 
técnicos específicos, no sentido de conhecer boas receitas e 
saber fazer comidas deliciosas. 
A sra. Doremi pode oferecer os seus serviços de doceira na 
esquina, no Restaurante “Di Casa”, que já existe há cerca de 
cinco anos e não possui doces no seu cardápio e, com isso, 
poderá emitir notas fiscais próprias. 
A sra. Doremi pode abrir uma sociedade limitada unipessoal 
para vender seus produtos, uma vez que ela exerce com 
habitualidade, organiza as etapas de sua produção e possuiu o 
objetivo de lucro. 
A sra. Doremi só pode abrir um MEI para emitir as suas notas 
fiscais, visto que a atividade de confeiteira independente está 
listada como uma das atividades permitidas para a criação de um 
CNPJ de microempresário individual. 
 
Parabéns! A alternativa "C" está correta. A atividade de 
confeiteira pode ser uma atividade empresária, dependendo do 
modo como o empresário organize o seu funcionamento. E de 
acordo com a sua estratégia, existem diversas opções de 
modelos que ele pode utilizar para explorar o seu negócio: 
sociedade limitada unipessoal, MEI, EIRELI, empresário 
individual e até mesmo uma sociedade empresária. 
 
MÓDULO 2 - Distinguir os tipos societários 
TIPOS SOCIETÁRIOS 
As diferentes espécies societárias e suas 
características 
De acordo com o artigo 981, do Código Civil, a sociedade é 
constituída por pessoas (físicas ou jurídicas), que reciprocamente 
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício 
de atividade econômica e a partilhar entre si os resultados, sendo 
reconhecida como sujeito de direitos e obrigações pelo nosso 
ordenamento jurídico. 
Vejamos as características, levando em consideração as 
diferentes espécies societárias: 
A COMPOSIÇÃO: As sociedades são entidades criadas para a 
exploração de uma atividade econômica com mais de um 
empresário em sua composição. No caso do empresário 
individual ou da própria EIRELI, todo o risco do negócio está 
centralizado apenas em um indivíduo, que responderá, conforme 
for o caso, com a integralidade de seu patrimônio ou parte dele. 
OS RISCOS: A ideia da sociedade consiste em repartir esses 
riscos com terceiros. Mas, não com quaisquer terceiros: com um 
sócio (que integra uma sociedade limitada) ou acionista (que 
integra uma sociedade anônima). Existem alguns requisitos para 
a constituição dessa parceria comercial. Um deles é a 
chamada affectio societatis, ou seja, o desejo, a intenção de se 
manter associado, de manter o vínculo constitutivo da sociedade. 
OS SÓCIOS: A característica mais importante, que motiva a 
criação e a existência da sociedade, é orientada pelo 
comportamento dos sócios, com o intuito de conjugar esforços 
para que juntos possam atingir seu objetivo e o fim social 
previsto, dispondo-se a enfrentar riscos que possam surgir, e a 
assumir os resultados do desempenho da atividade, sendo eles 
positivos ou negativos. 
A ORDEM JURÍDICA: Diz-se que as sociedades são uma 
“criação jurídica”, uma vez que sua existência ocorre por meio de 
um reconhecimento da ordem jurídica. Isso porque, a partir do 
registro na Junta Comercial, a sociedade torna-se uma “pessoa 
jurídica” distinta das demais pessoas que a constituíram. 
A PERSONALIDADE JURÍDICA: O ordenamento jurídico atribui 
à sociedade uma “personalidade jurídica”, que passa a existir no 
mundo das obrigações, com nome empresarial, objeto social a 
ser desenvolvido, patrimônio próprio (distinto do patrimônio dos 
sócios) e obrigações específicas. 
CLASSIFICAÇÕES DE SOCIEDADES 
A Lei nº 10.406/02 (Código Civil) adota a Teoria da Empresa, ao 
mesmo tempo em que alarga a abrangência do Direito Comercial, 
fazendo com queseu estudo não se restrinja às sociedades 
empresárias, ou seja, àquelas que exercem atividade própria de 
empresário, mas, também, abarcando o estudo das sociedades 
não empresárias, conhecidas como sociedades simples. 
QUAL A DIFERENÇA ENTRE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
E NÃO EMPRESÁRIAS? 
O que diferencia uma da outra é o fato de o sistema jurídico reconhecer a 
possibilidade de reunião ou agrupamento de indivíduos para a exploração de 
 atividade econômica que não seja caracterizada como atividade “empresária”. 
Isso significa dizer, por exemplo, que um grupo de advogados pode se reunir 
e abrir uma sociedade para desenvolver sua atividade profissional, com 
habitualidade, economicidade e com o objetivo de lucro, sem que essa 
 sociedade seja reconhecida como empresária. No caso, aqueles que 
 desenvolvem atividade econômica não empresária não estão impedidos de 
se associar, mas tão somente de empresariar. 
Nesses casos, a sociedade recebe a classificação de uma sociedade simples, 
 em oposição às sociedades empresárias. As sociedades empresárias são 
aquelas que são formadas por meio de um contrato firmado entre duas ou 
mais pessoas físicas ou jurídicas, que organizarão os fatores produtivos para 
a exploração de atividade econômica com objetivo de produzir lucro. 
É possível formar uma sociedade empresária 
a partir de outra sociedade empresária? SIM! 
As sociedades podem ser compostas por indivíduos ou por outras 
sociedades empresárias e essa situação é extremamente 
comum. Os grupos que são formados por outras empresas 
também são chamados de grupos empresariais. 
Voltando ao estudo da sociedade, dizemos que ela é uma pessoa 
jurídica de direito privado para diferenciá-la das pessoas naturais 
(ou pessoas físicas) e das pessoas jurídicas de direito público 
(que seria o caso das pessoas estatais, isto é, União, Estados, 
Municípios e Distrito Federal). 
De acordo com o nosso Código Civil, as sociedades podem ser 
divididas, em razão de seu registro, do seguinte modo: 
 
No vídeo a seguir, o professor, mestre em direito, Cláudio 
Miranda, aborda as espécies de sociedades empresárias e como 
identificá-las. (Vídeo Sia Web Aula) 
Sociedades personificadas 
Dizer que uma sociedade é personificada significa dizer que ela 
possui personalidade jurídica, ou seja, que está inscrita no 
Registro Público das Empresas Mercantis ou no Registro Civil 
das Pessoas Jurídicas. 
SOCIEDADES SIMPLES 
São as sociedades organizadas para o desenvolvimento de 
atividades econômicas que não são reconhecidas por lei como 
atividades empresárias. Entre os exemplos mais recorrentes 
temos os escritórios de advocacia, os consultórios médicos e 
dentistas, e outros que exercem atividades intelectuais de modo 
organizado, mas que não são considerados empresários. 
 
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS 
As sociedades empresárias são as que praticam atos de 
empresa, ou seja, possuem como finalidade a exploração de 
atividades empresárias. As sociedades empresárias também 
podem assumir formas distintas, conforme a classificação a 
seguir: 
1. Sociedade em nome coletivo 
2. Sociedade em comandita simples 
3. Sociedade limitada 
4. Sociedade anônima 
5. Sociedade em comandita por ações 
 
Existe ainda uma nova modalidade de sociedade que foi incluída 
pela recente Lei de Liberdade Econômica (Lei nº 13.874/19), que 
instituiu oficialmente no Brasil a possibilidade de sociedade 
limitada unipessoal (SLU), conforme apresentado no item sobre o 
exercício da função de empresário. 
ANTES DA LEI DE LIBERDADE ECONÔMICA: Não era 
possível formar uma sociedade com menos de dois participantes, 
o que criava uma anomalia porque, para exercer uma atividade 
empresarial, as sociedades precisavam de, no mínimo, duas 
pessoas. Na prática, existia um percentual elevado de 
sociedades com sócios que possuíam entre 1 e 0,1% do capital 
social – ou seja, um papel totalmente irrelevante. 
APÓS A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE LIBERDADE 
ECONÔMICA: Foi legalmente instituída a opção de criação de 
uma sociedade empresária de responsabilidade limitada com 
apenas um sócio e, o que é o seu diferencial, sem o patrimônio 
mínimo (que é uma exigência e um entrave que surgiu com a 
criação da EIRELI). 
Os demais modelos de sociedade praticamente não funcionam 
mais, atualmente, porque os empresários optam pelo modelo que 
garante mais proteção patrimonial (sociedade limitada) ou mais 
acesso ao financiamento do negócio (sociedade anônima). 
Analisaremos cada uma delas, após mencionarmos as 
sociedades não personalizadas. 
Sociedades não personificadas 
São aquelas que não possuem uma personalidade jurídica 
constituída. Ou seja, não possuem patrimônio jurídico próprio, 
nem nome, mas são reconhecidas pelo Direito em razão de suas 
obrigações e seus deveres constituídos por meio de um contrato. 
Isso significa que elas são válidas entre os contratantes, mas não 
produzem efeitos perante terceiros. 
AS SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS EM 
COMUM 
São aquelas que exercem atividade econômica empresária, mas 
que, por alguma razão, não foram regularmente inscritas no 
registro de empresas mercantis. Também podem ser chamadas 
de sociedade de fato ou sociedade irregular. A grande questão 
que esse tipo societário traz é a de que não é o registro que torna 
a sociedade presente no mundo, uma vez que, mesmo sem o 
registro, a sociedade pode ser juridicamente considerada uma 
sociedade. 
Isso significa que compromissos e responsabilidades assumidos 
perante terceiros deverão ser respeitados mesmo que aquela 
sociedade seja uma sociedade irregular. A consequência dessa 
situação é que, em decorrência de sua ilegalidade, a 
responsabilidade dos sócios torna-se ilimitada, podendo alcançar 
todos os seus bens. 
É uma forma de a legislação punir aquele que não está adequado 
às formas regulares existentes. É também um caminho para não 
deixar que terceiros de boa-fé sejam prejudicados por problemas 
alheios ao seu conhecimento. 
 
AS SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS EM CONTA 
DE PARTICIPAÇÃO 
São totalmente diferentes das sociedades não personificadas 
comuns. Isso porque existe uma escolha, uma manifestação de 
vontade entre os sócios de não as registrar. Esse tipo de 
sociedade também é chamado de sociedade oculta e só tem 
valor entre as partes. Muitas vezes, essa sociedade é firmada 
quando uma das partes busca investimento com a outra parte e 
não há interesse em divulgar ao mercado nem a parceria nem o 
produto. Existem alguns casos de startups que recebem seus 
financiamentos por meio de sociedade em conta de participação. 
Com esse modelo, é possível garantir direitos e prever deveres 
entre os participantes. Nele, duas ou mais pessoas físicas ou 
jurídicas se associam, sem a criação de um nome empresarial e 
sem a constituição de um CNPJ, mas com o objetivo de 
compartilhar o lucro. A atuação da sociedade em conta de 
participação pode se restringir a uma operação ou atividade 
parcial ou integral; os acordos ali previstos só valem entre os 
sócios. Apesar de não ter registro, ela não é uma sociedade 
irregular. O seu contrato pode ser registrado em cartório de títulos 
e documentos. 
 
Além da classificação entre sociedades personificadas e não 
personificadas, existem outras formas possíveis de classificação 
entre as sociedades, como, por exemplo, em razão da 
responsabilidade dos sócios, da nacionalidade da sociedade, da 
sociedade de pessoas e da sociedade de capital, mas que são 
mais relacionadas a aspectos teóricos acerca da constituição e 
do funcionamento das sociedades. 
Em função do critério de objetividade deste tema, serão 
enfocadas as modalidades de sociedades que são mais 
utilizadas: a sociedade de responsabilidade limitada por cotas e a 
sociedade anônima. 
Sociedade limitada 
A sociedade limitada é composta por apenas uma categoria de 
sócios, denominados de cotistas. O capital social desse tipo de 
sociedade é constituído com a soma dos valores das cotas 
sociais, ou seja, é formado pelo aporte que cada sóciofaz, 
retirando de seu patrimônio pessoal para integrar o patrimônio 
social. Pode ser em dinheiro ou em bens, conferindo direitos e 
deveres a cada um, especialmente de participar de seu resultado, 
sendo positivo ou negativo. 
Uma das maiores características dessa sociedade, 
que se tornou o modelo mais utilizado no país, é a limitação da 
responsabilidade de cada sócio ao que cada um tenha de cotas 
na sociedade, ainda que todos respondam solidariamente pela 
integralização do capital social ‒ por isso, também é chamada de 
sociedade por cotas de responsabilidade limitada. 
Saiba mais: A integralização das cotas é uma etapa muito 
relevante no processo de construção da sociedade porque, caso 
as cotas não sejam integralizadas, os sócios respondem pela 
integralização. 
O sócio poderá deixar a sociedade, cedendo ou vendendo suas 
cotas a quem queira, sendo sócio ou não, mesmo sem a 
anuência dos demais sócios, caso o contrato social seja omisso 
quanto a essa possibilidade ou não disponha o contrário; isso 
pode não ocorrer caso os titulares (mais de um quarto do capital 
social) se oponham formalmente. 
ADMINISTRAÇÃO 
A administração da sociedade limitada poderá ser feita por mais 
de uma pessoa, sócios ou terceiros, não necessariamente 
designadas no contrato social, podendo ser por ato separado. O 
terceiro que for nomeado administrador só poderá ser investido 
como tal após a lavratura do termo de posse no livro de atas da 
administração. 
O contrato social poderá estipular que todos os sócios exercerão 
a administração da sociedade, mas, no caso da entrada de um 
novo sócio, essa atribuição não será automática, devendo 
constar formalmente no instrumento de alteração do quadro 
societário, sob pena do novo sócio não poder exercer a 
administração da sociedade. 
 
DELIBERAÇÕES 
De acordo com o art. 1.010 do Código Civil, a regra é que as 
deliberações da sociedade aconteçam por maioria de votos, 
consoante o valor das cotas de cada sócio; a maioria absoluta é o 
equivalente a mais da metade do capital e, nos casos de empate, 
prevalecerá a decisão do maior número de sócios; se o empate 
persistir, a decisão ficará a cargo do juiz. 
As deliberações são tomadas em reunião ou assembleia, 
convocada pelos administradores nos casos previstos em lei ou 
contrato (art. 1.172 CC). 
Será por meio de assembleia sempre e obrigatoriamente quando 
o número de sócios for superior a dez, mas as formalidades de 
convocação poderão ser dispensadas, se todos os sócios 
comparecerem diretamente ou declararem, com antecedência e 
formalmente, conhecerem local, data, hora e ordem do dia. 
Quando todos os sócios decidirem por escrito a matéria objeto, 
tanto a reunião quanto a assembleia poderão ser dispensadas. 
Em algumas situações, a assembleia deve ser realizada pelo 
menos uma vez por ano, para aprovar o balanço patrimonial, para 
a designação de administradores e em casos de prestação de 
contas pelos administradores, devendo acontecer nos primeiros 
quatro meses após o término do exercício social estipulado no 
contrato social. 
Sociedade anônima 
A sociedade anônima (SA) é aquela pessoa jurídica de direito 
privado de natureza mercantil que possui o seu patrimônio 
dividido em ações, limitando a responsabilidade dos acionistas ao 
preço de emissão de ações subscritas ou adquiridas. A SA está 
regulamentada pela Lei nº 6.404/76. 
Obs: ações subscritas: Subscrição de ações é o compromisso 
firmado pelo interessado na compra da ação. Trata-se de um 
processo preliminar à aquisição de ações que é efetivamente a 
compra de ações, por terceiro interessado. 
São possíveis duas espécies de sociedades anônimas: 
ABERTAS: São aquelas que registram seus valores mobiliários 
na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e os negociam no 
mercado de valores mobiliários. 
FECHADAS: Não possuem registro na Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), e os valores mobiliários são negociados 
diretamente por seus fundadores na constituição, e pelos 
diretores após a constituição. 
A respeito da sociedade anônima, é importante saber: 
VALORES MOBILIÁRIOS 
A Lei nº 6.385/76 disciplina o mercado de valores mobiliários e 
apresenta um rol em seu art. 2º do que considera como valores 
mobiliários, trazendo, entre outros, as ações, as partes 
beneficiárias, os debêntures e os bônus de subscrição, que são 
os títulos que podem ser emitidos e negociados pelas sociedades 
anônimas, com o objetivo de captar recurso financeiro no 
mercado. 
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A ação, diferentemente dos demais valores mobiliários, confere 
ao seu possuidor a qualidade de sócio, podendo participar da 
vida da sociedade e, dependendo da espécie de ação que 
possua, ter privilégios e vantagens em relação aos demais. 
Outros modelos de valores mobiliários correspondem a 
investimentos financeiros que estão atrelados a mecanismos 
específicos de remuneração. 
 
ADMINISTRAÇÃO 
A Lei nº. 6.404/76 determina que a administração da sociedade 
anônima deve ser organizada no sentido da distribuição entre as 
entidades que a compõem, como a assembleia geral, o conselho 
de administração, a diretoria e o conselho fiscal. 
Apesar do compartilhamento de decisões, um elemento de 
grande valor na SA é o acionista controlador. De acordo com o 
artigo 116 da Lei das SA, o acionista controlador é a pessoa, 
física ou jurídica, ou o grupo de pessoas que possui a titularidade 
de direitos que assegurem a maioria dos votos nas reuniões da 
assembleia geral e, com isso, detém o poder de eleger os 
administradores da companhia. Além disso, o acionista 
controlador também pode utilizar o controle que detém para dirigir 
as atividades da sociedade e orientar o funcionamento de seus 
órgãos. 
O parágrafo único do referido artigo destaca, no entanto, que 
todo o desempenho do acionista controlador deve ser pautado 
com a finalidade de cumprir o objeto social da companhia, 
respeitar a sua função social e observar os deveres e as 
responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os 
que nela trabalham e para com a comunidade em que atua. 
Sociedade simples 
São sociedades que desenvolvem atividades não empresariais 
formadas por duas ou mais pessoas, visando ao lucro, mas sem 
a existência do elemento empresa, isto é, a atividade econômica 
organizada, pois cada um dos sócios participa diretamente com 
seu intelecto, de natureza científica, literária ou artística, para que 
os resultados possam aparecer, como as sociedades de médicos, 
odontólogos, contadores etc. 
Além das sociedades não empresárias, também as cooperativas 
devem ser criadas como sociedades simples. O Código Civil, a 
partir do seu artigo 997, confere todas as características da 
sociedade simples que servem subsidiariamente a todas as 
demais sociedades, no que não lhes houver determinado 
particularidades. 
Ressaltamos que a sociedade simples deve se limitar à atividade 
específica para a qual foi criada, ou seja, à prestação de serviços 
vinculados à habilidade técnica e intelectual dos sócios, não 
devendo conter outros serviços estranhos, caso em que poderá 
configurar o elemento de empresa que, nesse contexto, se 
transformará em uma Sociedade Empresária. 
 
Diante de tantas possibilidades e de tantas opções, poderíamos 
indagar: qual o melhor modelo de sociedade? E a resposta será: 
Depende! (Como a maioria das respostas jurídicas é). 
Depende do quê? Do modelo de negócios que o criador da 
empresa tenha em mente. Depende do objetivo que se pretende 
alcançar com a criação daquela sociedade. A finalidade, a ideia 
do comércio e a oportunidade vêm antes de se definir qual o tipo 
de sociedade deve ser escolhido. 
A grande aposta da Lei de Liberdade Econômica, com a criação 
da sociedade unipessoal de responsabilidade limitada, é a de que 
a sociedade limitada unipessoal (SLU) será o modelo de 
sociedade mais utilizado futuramente por causa de suas 
facilidades. 
 
 
 
 
 
 
 
VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. Existem diversos tipos societáriosprevistos em nossa 
legislação. Sobre esse assunto, classifique em 
verdadeiras (V) ou falsas (F) as assertivas abaixo e, 
depois, marque a alternativa certa. 
 
( ) As sociedades simples exercem atividade 
empresária. 
 
( ) Não é admissível a sociedade limitada composta 
por apenas um sócio. 
 
( ) Sociedades empresárias em comum exercem 
atividade econômica empresarial, mas não estão 
regularmente inscritas junto ao registro de sociedades 
mercantis. 
 
( ) As sociedades em conta de participação são uma 
das espécies de sociedades personificadas. 
 V – V – F - V 
 F – F – V - F 
 F – V – F - V 
 F – F – V – V 
 
Parabéns! A alternativa "B" está correta. As sociedades simples 
são sociedades que não exercem atividade econômica 
empresária, configurando sociedades civis. Quanto à segunda 
assertiva, cabe lembrar que é admitida a sociedade limitada 
unipessoal. A terceira afirmativa é verdadeira, pois as sociedades 
empresárias em comum não se encontram devidamente 
registradas. Finalmente, as sociedades em conta de participação 
não são personificadas, configurando um acordo entre as partes. 
 
2. Antônio e Pedro formaram-se no curso de Engenharia Química 
e, ao longo do estágio que realizaram juntos, descobriram uma 
fórmula que permitia transformar a cor do café, sem alterar o seu 
sabor. Depois de terem patenteado a invenção, estruturaram um 
plano de negócios para viabilizar a comercialização de seu 
produto. Entre as opções possíveis para a formalização do plano 
de negócios dos amigos, assinale as assertivas verdadeiras e 
falsas e, depois, marque a alternativa certa. 
 
( ) Como a atividade empresária será desempenhada pelos dois 
amigos, e o plano de negócios deles prevê a comercialização do 
produto, não será possível optar pela sociedade em comandita. 
 
( ) Como o produto foi descoberto pelos dois, em parceria, e 
eles integrarão a sociedade para levar o produto à 
comercialização, não pode ser feito por meio de uma sociedade 
limitada unipessoal. 
 
( ) Eles poderão abrir um MEI, uma vez que a atividade está 
listada como permitida para a atuação empresária. 
 F – F – V 
 V – F - V 
 F- V – F 
 V – V – F 
 
Parabéns! A alternativa "D" está correta. De acordo com o caso 
apresentado, a única hipótese incorreta é a terceira, uma vez que 
o pressuposto do MEI é que seja apenas um indivíduo e não uma 
dupla. O MEI não pode ser formado por mais de uma pessoa. 
 
 
MÓDULO 3 - Identificar as regras de 
funcionamento das sociedades 
ATOS CONSTITUTIVOS E ELEMENTOS DOS 
CONTRATOS 
Quais são os documentos que efetivamente criam as 
sociedades? Todos nós, como pessoas naturais (ou pessoas 
físicas), temos a nossa certidão de nascimento, certo? Nela, 
constam os nossos principais dados: nome, filiação, 
características físicas e, até mesmo, a nossa nacionalidade. 
As sociedades, como pessoas jurídicas que são, possuem um 
documento similar chamado de “contrato social” (no caso das 
sociedades empresárias limitadas por cotas) ou o “estatuto 
social” (no caso das sociedades anônimas). Esse documento traz 
elementos constitutivos fundamentais sobre as características de 
cada sociedade, e é a partir dele que inferimos questões 
relacionadas ao tipo de sociedade a que cada uma delas 
pertence. 
Existem alguns elementos padrões nos contratos ou estatutos, ou 
seja, que aparecem em todos eles. São elementos que definem 
minimamente a sociedade. Vamos conhecê-los: 
QUALIFICAÇÃO DOS SÓCIOS 
É fundamental para a identificação daqueles que são os 
responsáveis pela atuação da sociedade, sejam eles pessoas 
físicas ou jurídicas. Devem constar, nesta parte, nome completo, 
CPF ou CNPJ, residência, nacionalidade e todos os demais 
elementos que individualizem seus integrantes. 
 
DENOMINAÇÃO SOCIAL 
É o nome pelo qual será inscrita a sociedade nos registros 
competentes. Não precisa exprimir nenhuma ideia, pode ser os 
sobrenomes dos sócios ou a abreviação de seus nomes. A 
exigência é que não tenha sido registrado nenhum nome igual, 
anteriormente. 
A denominação social é diferente do nome fantasia, que, em 
geral, é o nome pelo qual é popularmente conhecida a sociedade. 
O nome fantasia é, por exemplo, o nome constante no letreiro da 
loja ou do ponto empresarial. A expressão nome fantasia decorre 
do fato de que, usualmente, o nome empresarial não é o mesmo 
que consta como título do estabelecimento. 
Você, provavelmente, já deve ter feito compras no cartão de 
crédito e ficado em dúvida quanto ao valor gasto em determinada 
loja por não conseguir fazer uma conexão entre o nome 
constante no registro de pagamento e o nome do 
estabelecimento, certo? O nome que aparece na fatura do cartão 
de crédito é a denominação social da sociedade. 
 
OBJETO SOCIAL 
O objeto social é a descrição das atividades que serão 
desenvolvidas pela sociedade empresária. As atividades 
desenvolvidas por uma sociedade empresária podem ser 
variadas, com atuação em diversos setores, mas é necessário 
estar descrito em seu objeto social quais são tais atividades. 
Em algumas situações, como, por exemplo, para participar de 
certas licitações, é exigido, a fim de qualificar a sociedade para 
tal, que ela desenvolva determinado tipo de atividade. 
Vejamos um exemplo: 
Para participar de uma licitação para concessão de um bloco 
petrolífero ou gasífero, precisa constar no objeto social da 
empresa que ela é uma empresa produtora de petróleo e gás 
natural. Não adianta uma empresa que tenha como objeto social 
o fornecimento de serviços de enfermagem concorrer. Essa 
sociedade empresária do setor de enfermagem poderá concorrer 
à licitação desde que promova uma alteração em seu objeto 
social e seja, a partir de então, uma sociedade empresária do 
setor de enfermagem e produtora de petróleo. 
O Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), 
realizado pelo IBGE, é uma boa fonte de consulta de quais são 
os objetos sociais que as sociedades podem desenvolver. 
 
FORMAS DE INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL 
A integralização de cada parte subscrita pelo sócio pode ser de 
uma só vez e de imediato, como pode ser em parcelas, desde 
que aceita pela sociedade. Como a responsabilidade dos sócios 
em relação à integralização do capital é solidária, nos casos em 
que o sócio deixar de adimplir com essa obrigação, a sociedade 
poderá tomar algumas medidas em relação a ele: pode 
denominá-lo sócio remisso, e tomá-la para si ou transferi-la a 
terceiros, excluindo-o da sociedade e restituindo-lhe aquilo que 
ele já tenha pagado. 
Todas essas possibilidades devem estar descritas no contrato 
social: tanto a descrição mais geral como a mais específica. 
 
SEDE DA SOCIEDADE 
O local de desenvolvimento de suas atividades. A sociedade 
pode ter mais de uma sede, mas elas precisam estar descritas no 
contrato social. É o modo de localização geográfica da 
sociedade, mesmo que desenvolva serviços virtualmente. 
Não vale a indicação de site na internet como sede da sociedade 
empresária de provedor de serviços! Mesmo a Amazon e o 
Facebook têm uma sede física específica e mais ainda: para 
funcionar no Brasil, também é preciso indicar uma sede. No caso 
do Facebook, pelo seu cadastro do CNPJ, a sede fica em São 
Paulo, na Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 700, 5º 
Andar, no bairro Itaim Bibi. 
 
RESPONSABILIDADES DOS SÓCIOS 
Este item do contrato social vai depender da modalidade de 
sociedade adotada. Cerca de 90% das companhias abertas no 
Brasil adotam o modelo das sociedades por cotas de 
responsabilidade limitada, por isso, podemos utilizá-lo como 
exemplo. Aqui será identificada a responsabilidade de cada sócio. 
 
ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE 
Deve constar no contrato social qual sócio irá responder judicial e 
extrajudicialmente pela administração da sociedade, ou seja, 
aquele que efetivamente atuará em nome da sociedade. Essa 
função intitulada de “administrador” pode ser desempenhada por 
um dos sócios, desde que não haja impedimentos para tanto, e 
poderá também constar no documentoo valor do pró-labore a ser 
recebido por ele. 
 
DIREITOS E OBRIGAÇÕES DE CADA UM DOS 
SÓCIOS 
Podem ser descritos também neste documento o que se espera 
no desempenho da atividade de cada sócio e o que estará 
impedido de ser realizado. Um exemplo pode ser a cláusula de 
não concorrência, ou a cláusula de não competitividade, que 
impede que um sócio de determinada sociedade seja também 
sócio em outra concorrente. 
 
CLÁUSULA DE ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO 
SOCIAL 
O exercício social é o calendário da sociedade. Ele marca 
quando balanço patrimonial, inventário e resultados econômicos 
precisam apresentados, podendo corresponder ou não ao ano 
fiscal. 
 
CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO CONTRATUAL 
Por meio desta cláusula será indicado qual o local onde serão 
resolvidas as disputas decorrentes do contrato. Em geral, o foro é 
o mesmo local em que a sociedade possui a sede ou onde 
desenvolve suas atividades. Também é possível aqui optar pelo 
recurso à arbitragem comercial, indicando qual seria o tribunal 
arbitral e as regras aplicáveis às disputas envolvendo o contrato 
social. 
No caso das arbitragens comerciais, não é incomum que o 
tribunal escolhido pelas partes seja um tribunal estrangeiro, uma 
vez que, para determinados temas e setores, existem tribunais e 
câmaras internacionais arbitrais altamente especializados. Se for 
o caso da opção pela arbitragem, também é o momento de 
indicar como serão repartidas as custas do procedimento arbitral, 
visto que são bem mais caras que as custas judiciais, por 
exemplo. 
Atenção: Não basta a elaboração de um excelente contrato 
social se este não for devidamente registrado na Junta 
Comercial! Enquanto os atos constitutivos não forem registrados, 
a sociedade será regida pelas regras de uma sociedade comum, 
ou seja, os sócios responderão integralmente com seus 
respectivos patrimônios pelas dívidas da sociedade. 
RESTRIÇÃO DA CONSTITUIÇÃO SOCIETÁRIA 
Apesar de toda a liberdade existente para a constituição de uma 
sociedade, existem certas restrições de constituição societária, 
em razão da qualidade de um dos sócios ou por causa de setores 
específicos da economia que possuem certos requisitos para 
estabelecer um empreendimento. 
RELAÇÃO MARITAL, COM REGIME DE COMUNHÃO 
UNIVERSAL DE BENS 
Nesses casos, prevalece a proteção do patrimônio da família. No 
entanto, essa restrição ocorreu após a edição do Código Civil, 
que é de 2002, sendo possível existirem ainda sociedades com 
esse tipo de configuração. 
 
SOCIEDADES ESTRANGEIRAS 
Sua atuação depende da autorização por parte do Poder 
Executivo. O Departamento de Registro Empresarial e Integração 
(DREI) é responsável pela tramitação. Elas devem acrescentar 
ao nome a expressão “do Brasil” ou “Brasileira”. Com a sua 
abertura, elas se sujeitam às leis nacionais e também poderão se 
naturalizar, mas devem trazer a sua sede para o Brasil. 
Atenção: Em relação aos requisitos e às exigências para a 
criação de sociedades em determinados setores, tem-se que 
estes possuem algum elemento ou característica que os 
distinguem dos demais e, por isso, necessitam de mais atenção 
do Estado, por parte do próprio Poder Executivo ou por meio de 
suas agências reguladoras, que estabelecem certos critérios e 
restrições a serem seguidos. 
Setores que possuem interesse estratégico, relacionados ao 
abastecimento e à segurança nacional, usualmente, são 
potenciais candidatos a apresentar requisitos específicos para a 
constituição de sociedades, pois eles se distinguem em grau de 
importância no desenvolvimento econômico e nacional de outros 
mercados, como, por exemplo, a comercialização de produtos 
alimentícios, de vestuários, entre outros bens que não são 
considerados estratégicos. 
Vejamos alguns desses setores: 
Sociedades ou instituições financeiras: Em razão da Lei 
n. 4.728/65, todas as sociedades que atuem no mercado 
financeiro, comercializem títulos financeiros, sejam corretoras, 
administrem fundos de títulos ou valores mobiliários devem 
receber autorização específica do Banco Central do Brasil para 
funcionar. 
Sociedades que comercializem seguro: As sociedades 
que comercializam resseguro, capitalização e previdência, de 
igual forma, necessitam de autorização para funcionamento, nos 
termos do Decreto-lei n° 73/66. 
Sociedade operadoras de planos de saúde: Por força da 
Lei n° 9.656/96, necessitam de autorização especial para 
funcionar. 
AQUISIÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA 
A personalidade jurídica é um atributo conferido às sociedades 
inscritas regularmente no Registro de Empresas Mercantis ou no 
Registro de Pessoas Jurídicas e fornece uma individualização, 
uma identificação da sociedade por meio da concessão de um 
CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica). 
A aquisição da personalidade jurídica ocorre por meio do registro 
público das sociedades. A Lei nº 8.934/94 dispõe sobre o registro 
público das empresas mercantis e o Decreto nº 1.800/96 a 
regulamenta. De acordo com esses diplomas, o serviço de 
registro público das empresas mercantis será exercido pelo 
Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM), 
composto pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio 
(DNRC) e pelas Juntas Comerciais. 
DNRC 
Possui função supletiva no campo administrativo, mas exerce, no 
campo técnico, função normativa, de supervisão, orientação e de 
coordenação, com competência nacional. 
 
JUNTAS COMERCIAIS 
Elas têm sede nas capitais dos estados e jurisdição estadual, são 
subordinadas administrativamente a cada estado-membro onde 
estão localizadas e, tecnicamente, ao DNRC. Há uma JC em 
cada unidade federativa, com as funções de executar os serviços 
de registro, como a matrícula e seu cancelamento, o 
arquivamento dos atos constitutivos e a autenticação de 
documentos de empresários e profissionais sujeitos à matrícula, 
como os leiloeiros. 
O registro e arquivamento do ato constitutivo do empresário ‒ o 
requerimento de empresário para o empresário individual, ou o 
contrato social ou estatuto para a sociedade empresária ‒ 
conferem a eles a personalidade jurídica, fornecendo-lhes, neste 
ato, pela Junta Comercial, o Número de Identificação de Registro 
de Empresa (NIRE). 
Mais do que um simples número, a criação de uma pessoa 
jurídica traz aos seus integrantes uma garantia: de que eles não 
terão seu patrimônio pessoal afetado em caso de insucesso. A 
ideia de separar o patrimônio dos sócios ou acionistas das 
sociedades é um reconhecimento por parte da legislação de que 
os riscos inerentes aos negócios não devem penalizar, a priori, 
aqueles que exploram comercialmente uma atividade econômica. 
Atenção: Enquanto a sociedade não tem registro, não significa 
que ela “não existe”. O Direito reconhece o seu funcionamento, 
com todas as suas obrigações, porém, ela será reputada como 
sociedade comum, em que os sócios respondem integralmente 
com os seus respectivos patrimônios pelas dívidas contraídas em 
nome da sociedade. 
Na tensão existente entre o sucesso e o fracasso empresarial, 
estão inseridas muitas variáveis que devem ser consideradas, 
como a participação da sociedade na economia nacional, regional 
e local, a oferta de empregos, o recolhimento de tributos, enfim, 
uma série de elementos que fazem das sociedades empresárias 
um ponto vital para o nosso modelo econômico. A seguir, veja 
quais são as vantagens e as desvantagens da personalidade 
jurídica: 
VANTAGENS: Em virtude de todos os encargos, estabeleceu-se 
que, com a constituição de uma personalidade jurídica, aquela 
sociedade se diferenciaria patrimonialmente dos indivíduos que a 
constituíram e de seus respectivos patrimônios. Essa é uma 
vantagem, pois permite um mínimo de tranquilidade por parte dos 
empresários de que o seu patrimônio não será afetado em caso 
de quebra. 
DESVANTAGENS: Pode ser uma “brecha” para a utilização 
deturpada do patrimônio da sociedade, em prol de seus sócios ou 
acionistas, com uma desvirtuação da finalidade da sociedade. 
Não são raros os casosem que a sociedade quebra e os sócios 
saem do processo sem o menor prejuízo. 
TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
No vídeo a seguir, o professor, mestre em direito, Cláudio 
Miranda, fala sobre a teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica. (Vídeo Sia Web Aula) 
Por causa das ocorrências que implicam uma confusão 
patrimonial ou um abuso da personalidade jurídica, criou-se uma 
teoria chamada de desconsideração da personalidade 
jurídica, que foi abraçada pela legislação brasileira para permitir 
que, em casos muito específicos, a personalidade jurídica da 
sociedade seja desconsiderada e se possa alcançar o patrimônio 
de seus sócios ou acionistas. 
Obs: confusão patrimonial: A situação de confusão patrimonial se 
enquadra quando não há separação dos patrimônios da sociedade 
e dos sócios, como o caso, por exemplo, de cumprimento repetitivo 
pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador, quando 
se observa transferência de ativos ou de passivos sem efetivas 
contraprestações, bem como se verificam atos de descumprimento 
da autonomia patrimonial. 
Obs: desconsideração da personalidade jurídica: A 
desconsideração da personalidade jurídica só pode ser decretada 
por meio de sentença judicial, respeitando o devido processo legal, 
com o direito de resposta dos sócios acusados. Mas, a decretação 
da desconsideração da personalidade jurídica não extingue com a 
sociedade. Trata-se apenas de um processo para buscar satisfazer 
os credores, sem a desconstituição da sociedade.. 
TEORIA REVERSA DA DESCONSIDERAÇÃO DA 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
A jurisprudência também tem trabalhado com a teoria reversa da 
desconsideração da personalidade jurídica, ou seja, quando, em 
função de dívidas pessoais do sócio, ele utiliza a sociedade para 
encobrir o seu patrimônio e não arcar com as suas obrigações 
perante os seus credores pessoais. Nesse contexto, também 
deve estar presente a figura da confusão patrimonial entre a 
sociedade e o sócio. Ocorre que, inicialmente, a legislação não 
conceituou o que seria o abuso da personalidade jurídica, ou 
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mesmo a situação de confusão patrimonial, deixando uma larga 
margem de discricionariedade para o juiz decidir. 
 
Com a edição da lei de liberdade econômica, estabeleceram-se 
parâmetros mais específicos para a aplicação da teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica. A alteração feita pela 
LLE, no artigo 50 do Código Civil, trouxe outros elementos para 
identificar tais comportamentos inadequados por parte dos sócios 
ou acionistas. Essa alteração permite que seja possível identificar 
os sócios ou acionistas que foram beneficiados pelo uso abusivo 
da pessoa jurídica e que somente eles tenham seu patrimônio 
afetado. 
Obs: artigo 50 do Código Civil: A LLE incluiu no artigo 50, do 
Código Civil, as definições do que devem ser considerados tais 
atos. A lei define que o desvio de finalidade ocorre quando a pessoa 
jurídica é utilizada com o objetivo de lesar credores e cometer atos 
ilícitos por meio da sociedade. 
A personalidade jurídica é uma grande conquista para o modelo 
econômico estabelecido, mas não pode ser utilizada pelos 
indivíduos para desvirtuar a atuação das sociedades. O correto 
funcionamento das sociedades é vital para a manutenção do 
sistema produtivo por meio da criação de postos de emprego, da 
arrecadação de tributos, das inovações que oferecem. A função 
social das sociedades está atrelada ao respeito às suas normas 
de funcionamento. 
Quando se reconhece que as sociedades empresárias 
possuem uma função social, significa que há uma tarefa e um 
compromisso para além de seus sócios e de seus acionistas: 
existem interesses de toda a comunidade pelo correto e bem-
sucedido funcionamento dela. Desde seus empregados, 
consumidores, fornecedores e até mesmo o governo que 
receberá o pagamento de seus tributos. 
 
As sociedades empresárias integram um elo produtivo, um círculo 
virtuoso que produz e distribui riquezas na sociedade, e a 
sociedade espera delas um funcionamento ético e correto no 
exercício de suas atividades. 
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VERIFICANDO O APRENDIZADO 
1. A empresa Fraudes e Fakes Ltda. foi processada por 
seus credores, que obtiveram a desconsideração da 
personalidade jurídica decretada por sentença. Os 
sócios Joselito das Neves e José Pereira foram 
condenados pelo desvio de finalidade do objeto social 
da sociedade. Marque a alternativa correta sobre o 
destino da sociedade Fraudes e Fakes Ltda.: 
 
A empresa deverá recorrer da sentença, uma vez que a 
decretação da desconsideração da personalidade jurídica violou 
o princípio da autonomia patrimonial da sociedade empresária. 
Com a sentença extinguindo a personalidade jurídica da 
sociedade Fraudes e Fakes Ltda., ela será liquidada. 
Diante da sentença decretando a desconsideração da 
personalidade jurídica da sociedade Fraudes e Fakes Ltda., ela 
terá, na sequência, a decretação da sua falência e deixará de 
existir. 
Com a decretação da desconsideração da personalidade 
jurídica, a autonomia patrimonial da sociedade será 
momentaneamente suspensa para atingir os bens pessoais dos 
sócios e satisfazer a dívida dos credores, com a manutenção da 
sociedade no mercado. 
 
Parabéns! A alternativa "D" está correta. A desconsideração da 
personalidade jurídica não é instrumento para o encerramento 
das atividades empresárias da sociedade, sendo apenas uma 
ferramenta para corrigir o uso desvirtuado da pessoa jurídica em 
casos de confusão patrimonial e abuso. 
 
2. Joselito das Neves pretendia iniciar um negócio, mas 
sem assumir os ônus trabalhistas de seus funcionários. 
Com isso, realizou um contrato social com seu 
cunhado, criando a sociedade Spertos Ltda., na 
modalidade sociedade empresária por cotas de 
responsabilidade limitada, e não a registrou na Junta 
Comercial, prevendo que, em casos de ações 
trabalhistas, não iriam localizar o registro da sociedade 
e, assim, escaparia desses débitos. Assinale a resposta 
correta para o caso em questão: 
 
A sociedade empresária só se constitui a partir do registro de 
seu contrato social na Junta Comercial e a ausência dele implica 
a inexistência para fins jurídicos da mesma. 
A sociedade empresária, independentemente de seu registro, 
é válida, uma vez que a sua existência ocorre com o exercício 
dos atos empresariais, limitando as responsabilidades dos sócios 
aos valores de suas cotas. 
A sociedade que pratica atos empresariais sem ter o contrato 
social registrado na Junta Comercial é reputada como sociedade 
comum e os sócios respondem ilimitadamente com seu 
patrimônio pelas dívidas contraídas por ela. 
A sociedade que pratica atos empresariais está em vigor e a 
responsabilidade dos sócios está limitada às suas cotas, 
respondendo subsidiariamente cada um deles pelos débitos 
trabalhistas. 
 
Parabéns! A alternativa "C" está correta. A sociedade que 
pratica atos empresariais e não está registrada é reputada como 
sociedade comum, uma das hipóteses das sociedades não 
personificadas, e implica a responsabilidade ilimitada dos sócios 
quanto às dívidas contraídas pela mesma. 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Com a leitura deste tema, você compreendeu o papel das 
sociedades no modelo econômico produtivo que o Brasil se 
insere, identificando as atividades que são empresárias e as que 
não se revestem dessa qualidade. Também destacamos a função 
do empresário e de suas atribuições perante às sociedades. 
Verificamos a classificação das sociedades, seus modos de 
constituição, seus instrumentos contratuais e a importância da 
sua personalidade jurídica, além das situações que ensejam a 
desconsideração da personalidade jurídica para alcançar aqueles 
sócios ou acionistas que deturparam a utilização correta da 
sociedade.

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