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Temas Direito Empresarial e Consumidor

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DESCRIÇÃO
Elementos básicos do Direito Empresarial e os modelos de sociedades previstos no Código
Civil.
PROPÓSITO
Conhecer o Direito Empresarial é fundamental para o melhor desempenho da gestão da
atividade econômica, pois permite compreender a estrutura em que serão desempenhadas as
funções da empresa.
PREPARAÇÃO
Tenha em mãos o Código Civil, de modo a permitir uma consulta rápida aos artigos na ordem
sequencial em que são exibidos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer a atividade empresarial e as características do empresário
MÓDULO 2
Distinguir os tipos societários
MÓDULO 3
Identificar as regras de funcionamento das sociedades
INTRODUÇÃO
Neste tema, você encontrará informações sobre o Direito Empresarial no Brasil, os modelos
societários existentes e as regras para o funcionamento das sociedades empresariais.
A ideia é transmitir um conteúdo relevante para o gestor empresarial, por meio de uma leitura
leve e agradável. Todas as normas que serão trabalhadas aqui estão previstas no Código Civil
Brasileiro e são obrigatórias para empresários e sociedades empresárias em funcionamento no
Brasil. Discutiremos a importância das sociedades empresariais para a geração de riquezas e
para o desenvolvimento econômico e social do país.
MÓDULO 1
Reconhecer a atividade empresarial e as características do empresário
CONCEITOS
DO CAIXEIRO VIAJANTE AO EMPRESÁRIO:
UMA PARTE DO DIREITO COMERCIAL
O Direito é um conjunto de normas destinadas a regular a atuação dos indivíduos em
sociedade e, com suas leis, normas e seus códigos, são estabelecidos comportamentos
esperados por parte das pessoas. O Direito estipula as regras de como as atividades
produtivas devem ser desenvolvidas.
Considerando que a estrutura do sistema jurídico brasileiro está formatada para o modelo do
sistema capitalista de produção, existem normas dentro que promovem e incentivam o
desenvolvimento das atividades econômicas.
Essas normas buscam, de um modo equilibrado, proteger, ao mesmo tempo, as atividades
econômicas, as sociedades empresárias, os trabalhadores e consumidores, que estão
envolvidos no processo de geração de riqueza.
AS NORMAS DE DIREITO EMPRESARIAL TRATAM
EXATAMENTE SOBRE COMO DEVEM SE ORGANIZAR OS
ENTES QUE DESENVOLVEM ATIVIDADE ECONÔMICA. ESSA
ORGANIZAÇÃO É NECESSÁRIA, UMA VEZ QUE O EXERCÍCIO
DA ATIVIDADE EMPRESARIAL CONJUGA UMA SÉRIE DE
FATORES E ELEMENTOS PRODUTIVOS QUE DEPENDE DESSA
COORDENAÇÃO.
Mercado romano (A Roman Market) por Johannes Lingelbach. Fonte: Wikimedia
Você certamente deve ter lido ou estudado sobre o Império Romano, certo? Um dos motivos
que levaram à expansão do Império Romano foi a busca pela ampliação de mercados que
permitissem realizar a troca de excedentes produzidos.
Cerco holandês em Olinda por John Ogilby. Fonte: Wikimedia
Lembra-se da Companhia das Índias Ocidentais, que resultou na invasão holandesa ao Brasil?
Alguns autores chegam a configurá-la como uma sociedade anônima, em razão de sua
organização.
Inúmeros eventos históricos se relacionam com o exercício da atividade comercial pelo homem:
mercantilismo, Revolução Industrial, globalização. Todos foram motivados pelo exercício de
práticas comerciais e, para poder realizá-las com segurança, foi necessária a criação de regras
específicas para esse ramo de atividades.
Quais as mudanças realizadas para o exercício de práticas comerciais no Brasil?
Antes de 2002
Existia no Brasil o Código Comercial, elaborado em 1950, que trazia a regulamentação do
chamado “Direito Comercial” e era dividido em três partes: 1) Do Comércio em Geral; 2) Do
Comércio Marítimo; e 3) Das Quebras.
Após 2002
O Código Comercial foi substituído, em sua primeira parte, pelo Código Civil de 2002, que
alterou o Código Civil e incorporou toda a parte sobre o comércio em geral. Os processos que
regulam a falência e a recuperação judicial agora se encontram na Lei n° 11.101, de 2005.
O ANTIGO CÓDIGO COMERCIAL FOI TODO RECORTADO E
APENAS A PARTE RELACIONADA AO COMÉRCIO MARÍTIMO
AINDA PERMANECE EM VIGOR. ASSIM, QUANDO
ESTUDAMOS OS TEMAS REFERENTES AO DIREITO
EMPRESARIAL, PRECISAMOS TER EM MENTE QUE ESSE
CONTEÚDO SE ENCONTRA NO CÓDIGO CIVIL, NÃO MAIS NO
CÓDIGO COMERCIAL – QUE CONTINUA VALENDO APENAS
PARA REGULAR AS TRANSAÇÕES ECONÔMICAS QUE
ENVOLVEM O MAR COMO TRANSPORTE.
A mudança não foi apenas normativa: existiu toda uma reformulação teórica que acompanhou
a alteração dos conteúdos de Direito Empresarial para o Código Civil. O fundamento do antigo
Direito Comercial estava centralizado na figura do comerciante.
A razão do destaque para o elemento que executava os atos de comércio, ou seja, as trocas
comerciais, é muito simples: durante todo o desenvolvimento histórico da atividade comercial,
quem respondia pelas obrigações assumidas sempre foi a figura do comerciante.
COMERCIANTE
Os comerciantes eram mascates, feirantes, integrantes das Corporações de Ofício, os
mercadores. Você deve conhecer o livro O Mercador de Veneza, de William Shakespeare,
que retrata, sob o aspecto literário, as trocas e negociações de uma época que já não
encontra parâmetros com os dias atuais.
A antiga teoria dos atos de comércio servia para proteger o comerciante, ou seja, aquele que
realizava e praticava atos de comércios reconhecidos como tais. A mudança nesse raciocínio
veio com a construção da teoria da empresa, em oposição à teoria dos atos de comércio, que
identificava a empresa, não mais o comerciante, como fundamento do Direito Comercial.
RESUMINDO
A figura jurídica da empresa foi o elemento central a ser protegido e fomentado por meio do
conjunto de normas jurídicas, que passou a ser reconhecido como Direito Empresarial, não
mais Direito Comercial.
ELEMENTOS DO DIREITO EMPRESARIAL E
A TEORIA DA EMPRESA
Quando falamos de Direito Empresarial, estamos nos referindo não apenas à teoria da
empresa, mas, também, a normas que foram incorporadas pelo Código Civil e estão alinhadas
com o estudo contemporâneo de Direito Empresarial no mundo.
Os comercialistas não gostaram da mudança, porque consideram que o Direito Comercial foi
descaracterizado, em sua essência, em prol do destaque dado ao seu aspecto obrigacional.
Atualmente, existem projetos de leis tramitando no Congresso, com o objetivo de reativar e
atualizar o Código Comercial, e extrair o conteúdo do Direito Empresarial de dentro do Código
Civil.
DIREITO EMPRESARIAL
Esse é o termo correto e atualizado que passaremos a usar ao longo deste tema.
SAIBA MAIS
Curiosamente, tanto a teoria dos atos de comércio quanto a teoria da empresa nunca definiram
de modo claro e preciso quem deveria ser identificado como “comerciante” ou como
“empresário”. A razão é bem simples: o ato de comerciar ou empresariar não é taxativo. As
mudanças sujeitas aos mercados, a economia e a vida contemporânea não permitem realizar
uma categorização específica, sob pena de deixar de fora inovações que possam ocorrer.
Para não incorrer nesse risco, as normas tomam um caminho indireto: elas indicam quais são
as atividades empresariais e as que não são empresariais. Portanto, os empresários são os
que desenvolvem as atividades empresariais.
A PARTIR DA EDIÇÃO DO CÓDIGO CIVIL, DE 2002, COM A
INCORPORAÇÃO DA TEORIA DA EMPRESA, PRECISAMOS
TER EM MENTE ALGUMAS DEFINIÇÕES TÉCNICAS EM
RELAÇÃO AOS TERMOS “EMPRESA”, “EMPRESÁRIO” E
“SOCIEDADE”.
ATIVIDADES EMPRESARIAIS
Na doutrina, a expressão “empresa” deixou de ser utilizada para designar a entidade
organizada para exploração de fins econômicos e se tornou reconhecida como “atividade
econômica”. Ou seja, a empresa se tornou a ação, o processo e o ato. Empresa é a atividade
econômica organizada pelo empresário para a circulação de bens e serviços, visando à
obtenção de lucro.
A entidade organizada por essa atividade passou a ser reconhecida como “sociedade
empresária”, ou seja, aquela que realiza os atos de empresa. Empresário é o que organiza os
elementos de produção para efetivar o negócio.
Considerando aLei nº 10.406/02 (Código Civil), podemos distinguir:
EMPRESÁRIO
No artigo 966, empresário é “quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.”
NÃO EMPRESÁRIO
No parágrafo único do artigo 966, temos que “não se considera empresário quem exerce
profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de
auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Pela definição legal, os indivíduos que exercem profissionalmente atividades intelectuais não
podem ser considerados empresários.
Assim, se você é um escritor muito famoso, criador de uma grande saga, vende seus livros
“feito água”, comercializa seus direitos autorais e o filme vira um blockbuster, você não é
considerado empresário. Do mesmo modo, o grande cantor da música popular brasileira, com
uma sólida carreira artística, que emplacou músicas em aberturas de novelas, filmes e
seriados, e ficou milionário com a sua própria produção, não é considerado empresário.
Determinadas atividades profissionais que são desenvolvidas por meio do elemento
“intelectual” são excluídas do ato de empresariar. Qual a razão para isso? O regime jurídico
empresarial possui características específicas que não devem submeter os profissionais que
percorreram outros processos para alcançar suas atividades.
Os meios de atuação de um empresário e de um profissional liberal são muito distintos, a
começar pelo seu acesso: a criação de uma sociedade empresária é livre (ou seja, para você
abrir um CNPJ, você não precisa de um diploma de curso superior); para se tornar um
profissional liberal é necessário o ingresso em uma faculdade e a conclusão do curso, com a
expedição de um diploma. O profissional liberal pode exercer individualmente sua profissão,
enquanto a sociedade empresária depende de uma série encadeada de processos de
produção em massa para ser reconhecida como tal.
A ATIVIDADE EMPRESÁRIA
Voltemos ao exemplo do famoso escritor, utilizado anteriormente:
Se o escritor, por meio de seus atributos intelectuais, conseguiu desenvolver uma grande obra
literária e obteve lucro por meio dela, não pode ser considerado empresário. Mas, se em vez de
vender seus direitos autorais para uma editora, ele mesmo criar uma editora, articular o
processo produtivo editorial (com contratos de distribuição do livro para livrarias, de produção
com gráficas, de distribuição online da obra) e organizar esses fatores produtivos, então, ele
poderá ser considerado empresário. Não pela atividade de criação de uma obra literária
(atividade intelectual), mas, pelo exercício dos atos empresariais de gestão, desempenhados
como empresário.
Contadores, advogados, médicos, dentistas, veterinários, fisioterapeutas, economistas,
matemáticos, físicos, farmacêuticos, químicos, botânicos, arquitetos, engenheiros e todos os
demais artistas e profissionais autônomos, ao realizarem suas profissões, não exercem
atividades empresárias. Consequentemente, as regras relativas às empresas não se aplicam a
esses profissionais – como, por exemplo, a falência.
Isso não significa que esses profissionais não possam criar uma sociedade empresária para
explorar atividades econômicas com o intuito de obter lucros, como é o caso, por exemplo, de
um engenheiro que cria uma sociedade empresária no ramo da construção civil. Todavia, são
atividades diversas: as atividades de engenheiro precisam ser desempenhadas por quem
possui diploma e registro (no caso, o CREA). Para abrir uma sociedade empresária que
ofereça serviços de engenharia não é necessário ser engenheiro – pode ser economista,
contador, administrador –, nem ter curso superior, porque a gestão dos atos empresariais não
pressupõe o elemento “intelectual” para ser desempenhada.
DIFERENÇAS ENTRE ATIVIDADE EMPRESÁRIA E
ATIVIDADE NÃO EMPRESÁRIA
Para distinguir uma atividade empresária de uma atividade não empresária, além do elemento
intelectual que se exclui da primeira, é necessário observar:
Se a atividade está sendo desenvolvida de modo organizado, demonstrando uma lógica
nas etapas de produção.
Se a atividade está sendo desenvolvida com profissionalidade e habitualidade, não sendo
algo esporádico.
Se existe o objetivo de lucro, de gerar renda por meio do desempenho daquela atividade.
AS ATIVIDADES RELACIONADAS À AGROPECUÁRIA
Outro setor que é responsável por grande parte das trocas comerciais internacionais do Brasil e
pela própria balança comercial, não é reputada como atividade empresária: falamos das
atividades relacionadas à agropecuária. Trata-se de uma compreensão atrasada e talvez
bastante burguesa de que o trabalho desenvolvido no campo não se reveste dos elementos
mercantis essenciais para caracterizar uma atividade como empresária.
Pode ser que há muito tempo, essa realidade ainda estivesse presente, mas, nos dias atuais,
em que existe uma ampla gama de produtos, serviços e tecnologia de ponta presentes na
produção agropecuária do país, é difícil acreditar que, para um empresário rural ser
considerado “empresário”, ele precise de registro específico.
O produtor rural só é considerado empresário caso realize o registro da sua atividade no
Registro Público de Empresas Mercantis. Sendo assim, um produtor rural não é um empresário
enquanto não realizar o registro. Isso é possível em função da facultatividade da escolha do
local do registro dos atos constitutivos da empresa.
CONFORME PÔDE SER OBSERVADO, NÃO HÁ IMPEDIMENTOS
PARA A CRIAÇÃO DE UMA SOCIEDADE EMPRESÁRIA E PARA
SE TORNAR EMPRESÁRIO, CORRETO? ERRADO! EXISTEM
SITUAÇÕES ESPECÍFICAS QUE NÃO PERMITEM A ATUAÇÃO
COMO EMPRESÁRIO, NEM A CONSTRUÇÃO DE UMA
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. SÃO AQUELES CASOS DE
INDIVÍDUOS IMPEDIDOS DE EMPRESARIAR POR
DETERMINAÇÃO LEGAL.
No vídeo a seguir, o professor, mestre em direito, Cláudio Miranda, aborda o tema das
atividades empresariais e explica como identificá-las.
IMPEDIMENTOS LEGAIS
Essa determinação está prevista no artigo 972 do Código Civil que diz que:
PODEM EXERCER A ATIVIDADE DE EMPRESÁRIO
OS QUE ESTIVEREM EM PLENO GOZO DA
CAPACIDADE CIVIL E NÃO FOREM LEGALMENTE
IMPEDIDOS.
A restrição relacionada à capacidade civil deve-se ao fato de que menores não podem ser
empresários. Isso significa dizer que eles não podem ser sócios? Não!
ATENÇÃO
Os menores incapazes ou relativamente capazes podem figurar como sócios em sociedades
empresárias, representados pelos pais ou assistidos por eles, sendo impedidos, todavia, de
exercer a administração delas pela falta de capacidade civil.
A regra sobre a capacidade civil vale para todos. Há ainda algumas regras específicas que
proíbem o exercício da atividade empresarial por parte de alguns profissionais. Tal proibição se
reveste de uma preocupação de não causar prejuízo à sociedade, aos consumidores, ou ainda,
à livre concorrência.
PROIBIÇÕES ESPECÍFICAS
Os militares da ativa, integrantes das Forças Militares nacionais.
Os servidores públicos civis, de todas as esferas da administração (Federal, Estadual e
Nacional).
Os juízes, em razão da incompatibilidade ética com o desempenho de suas atribuições e
funções.
Os médicos, em relação às farmácias, drogarias, óticas ou laboratórios de análises
clínicas, por uma questão de concorrência desleal.
Os corretores e os leiloeiros, em razão de vedação legal.
Os empresários que já faliram e ainda não foram reabilitados.
Os estrangeiros que não tenham residência no Brasil, sendo, ainda, vedados: o exercício
da atividade empresarial dedicada à pesquisa e à lavra de recursos minerais e ao
aproveitamento do potencial de energia hidráulica (por determinação constitucional, em
razão da natureza estratégica de tais mercados); o estrangeiro não naturalizado e o
naturalizado há menos de dez anos, para explorar empresa jornalística, de radiodifusão
sonora e de sons e imagens.
Agentes políticos: existe uma limitação em razão de não poderem participarde
sociedades que tenham negócios com o Estado, por uma questão de conflito de
interesses.
TIPOS DE EMPRESÁRIOS
Para todos os demais que podem atuar como empresários existem dois caminhos para seguir:
o individual e o coletivo. Entre as atuais possibilidades, temos os seguintes tipos de
empresários individuais:
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Quem exerce atividades de empresa organizando insumos, matéria-prima, fatores de
produção, de modo profissional e com habitualidade, com objetivo de promover a circulação de
riqueza com bens ou serviços economicamente valoráveis. Esse empresário individual
responde com todos os seus bens perante as obrigações assumidas em decorrência de suas
atividades empresariais.
MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI)
Pode ser reputado como um tipo de empresário, com uma limitação em razão das atividades
autorizadas para exploração. Essas atividades estão descritas no Portal do Empreendedor, site
governamental que orienta a criação dos MEI. Além disso, existe uma limitação de faturamento
anual de 81 mil reais por exercício fiscal. Vale fazer uma observação de que muitos desses MEI
“escondem uma pejotização” disfarçada; isso ocorre quando o empregador, para não assumir
as obrigações trabalhistas, obriga o empregado a constituir CNPJ para reduzir os gastos
indiretos com o trabalhador.
EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE
LIMITADA (EIRELI)
A partir da Lei n° 12.441/2011, é possível a criação de uma empresa individual constituída por
cotas, cuja responsabilidade fica restrita ao valor do capital social integralizado de, no mínimo,
cem vezes o salário mínimo vigente no país.
SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL (SLU)
Para essa modalidade, também chamada de LTDA Unipessoal, não há exigência de capital
social mínimo. A partir da edição da Lei de Liberdade Econômica (LLE, Lei nº 13.874/19), foi
oficializada, no Brasil, a existência de uma “sociedade de um”. Isso significa que não é mais
necessário para o empresário buscar um sócio pro forma, apenas no papel, para abrir uma
sociedade. Ele pode, a partir da edição dessa lei, criar uma sociedade limitada ao capital social
que for indicado e atuar por meio dela, sem precisar de terceiros.
A exploração de atividade empresarial por meio coletivo corresponde à constituição das
sociedades e suas distintas categorias, conforme estudaremos no próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NO SISTEMA JURÍDICO NACIONAL, NÃO EXISTE UMA
CONCEITUAÇÃO DIRETA PARA A IDENTIFICAÇÃO DA FIGURA DO
EMPRESÁRIO. ESSA CONCEITUAÇÃO É FEITA POR MEIO DAS
ATIVIDADES QUE ELE PRATICA. NESSE SENTIDO, PODEMOS DIZER QUE
EMPRESÁRIO É AQUELE QUE OBTÉM LUCRO COM O
DESENVOLVIMENTO DE SUA ATIVIDADE PROFISSIONAL?
A) Sim, porque o que diferencia a atuação do empresário é a obtenção de lucros, em oposição
às atividades sem fins lucrativos, que não são empresárias.
B) Não, porque existem atividades profissionais que também geram lucro, mas que não podem
ser consideradas como atividades empresárias, por determinação legal.
C) Sim, porque a geração do lucro é o elemento central na definição de sociedade empresária.
D) Não, porque é necessário o elemento habitualidade no desempenho da atividade
profissional para que se caracterize como atividade empresária.
2. A FAMÍLIA DOREMI PASSOU OS ÚLTIMOS DOIS ANOS COM
PROBLEMAS FINANCEIROS, EM DECORRÊNCIA DA DEMISSÃO DO
MARIDO E DA CHEGADA DE MAIS UM IRMÃO PARA OS TRÊS FILHOS
QUE JÁ TINHAM EM CASA. PENSANDO EM ALTERNATIVAS PARA SAIR
DA CRISE, A MÃE COMEÇOU A FABRICAR BOLOS E DOCES PARA
VENDER NA VIZINHANÇA E NA FEIRA QUE ERA REALIZADA TODO
DOMINGO. SEUS DOCES COMEÇARAM A FAZER MUITO SUCESSO E SE
TORNARAM A PRINCIPAL FONTE DE RENDA DA FAMÍLIA. A SRA.
DOREMI DECIDIU FORMALIZAR A SUA ATIVIDADE PARA EMITIR NOTA
FISCAL E VENDER SEUS PRODUTOS PARA RESTAURANTES. MARQUE A
OPÇÃO CORRETA:
A) A sra. Doremi não pode abrir uma sociedade porque cozinhar não é uma atividade
empresária, já que requer conhecimentos técnicos específicos, no sentido de conhecer boas
receitas e saber fazer comidas deliciosas.
B) A sra. Doremi pode oferecer os seus serviços de doceira na esquina, no Restaurante “Di
Casa”, que já existe há cerca de cinco anos e não possui doces no seu cardápio e, com isso,
poderá emitir notas fiscais próprias.
C) A sra. Doremi pode abrir uma sociedade limitada unipessoal para vender seus produtos,
uma vez que ela exerce com habitualidade, organiza as etapas de sua produção e possuiu o
objetivo de lucro.
D) A sra. Doremi só pode abrir um MEI para emitir as suas notas fiscais, visto que a atividade
de confeiteira independente está listada como uma das atividades permitidas para a criação de
um CNPJ de microempresário individual.
GABARITO
1. No sistema jurídico nacional, não existe uma conceituação direta para a identificação
da figura do empresário. Essa conceituação é feita por meio das atividades que ele
pratica. Nesse sentido, podemos dizer que empresário é aquele que obtém lucro com o
desenvolvimento de sua atividade profissional?
A alternativa "B " está correta.
Existem atividades que não são consideradas empresárias pela legislação brasileira e, com
isso, não podemos reputar como empresários os indivíduos que exploram economicamente a
atividade intelectual.
2. A família Doremi passou os últimos dois anos com problemas financeiros, em
decorrência da demissão do marido e da chegada de mais um irmão para os três filhos
que já tinham em casa. Pensando em alternativas para sair da crise, a mãe começou a
fabricar bolos e doces para vender na vizinhança e na feira que era realizada todo
domingo. Seus doces começaram a fazer muito sucesso e se tornaram a principal fonte
de renda da família. A sra. Doremi decidiu formalizar a sua atividade para emitir nota
fiscal e vender seus produtos para restaurantes. Marque a opção correta:
A alternativa "C " está correta.
A atividade de confeiteira pode ser uma atividade empresária, dependendo do modo como o
empresário organize o seu funcionamento. E de acordo com a sua estratégia, existem diversas
opções de modelos que ele pode utilizar para explorar o seu negócio: sociedade limitada
unipessoal, MEI, EIRELI, empresário individual e até mesmo uma sociedade empresária.
MÓDULO 2
Distinguir os tipos societários
TIPOS SOCIETÁRIOS
AS DIFERENTES ESPÉCIES SOCIETÁRIAS
E SUAS CARACTERÍSTICAS
De acordo com o artigo 981, do Código Civil, a sociedade é constituída por pessoas (físicas ou
jurídicas), que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício
de atividade econômica e a partilhar entre si os resultados, sendo reconhecida como sujeito de
direitos e obrigações pelo nosso ordenamento jurídico.
Vejamos as características, levando em consideração as diferentes espécies societárias:
A COMPOSIÇÃO
OS RISCOS
OS SÓCIOS
A ORDEM JURÍDICA
A PERSONALIDADE JURÍDICA
A COMPOSIÇÃO
As sociedades são entidades criadas para a exploração de uma atividade econômica com mais
de um empresário em sua composição. No caso do empresário individual ou da própria EIRELI,
todo o risco do negócio está centralizado apenas em um indivíduo, que responderá, conforme
for o caso, com a integralidade de seu patrimônio ou parte dele.
OS RISCOS
A ideia da sociedade consiste em repartir esses riscos com terceiros. Mas, não com quaisquer
terceiros: com um sócio (que integra uma sociedade limitada) ou acionista (que integra uma
sociedade anônima). Existem alguns requisitos para a constituição dessa parceria comercial.
Um deles é a chamada affectio societatis, ou seja, o desejo, a intenção de se manter
associado, de manter o vínculo constitutivo da sociedade.
OS SÓCIOS
A característica mais importante, que motiva a criação e a existência da sociedade, é orientada
pelo comportamento dos sócios, com o intuito de conjugar esforços para que juntos possam
atingir seu objetivo e o fim social previsto, dispondo-se a enfrentar riscos que possam surgir, e
a assumir os resultados do desempenho da atividade, sendo eles positivosou negativos.
A ORDEM JURÍDICA
Diz-se que as sociedades são uma “criação jurídica”, uma vez que sua existência ocorre por
meio de um reconhecimento da ordem jurídica. Isso porque, a partir do registro na Junta
Comercial, a sociedade torna-se uma “pessoa jurídica” distinta das demais pessoas que a
constituíram.
A PERSONALIDADE JURÍDICA
O ordenamento jurídico atribui à sociedade uma “personalidade jurídica”, que passa a existir no
mundo das obrigações, com nome empresarial, objeto social a ser desenvolvido, patrimônio
próprio (distinto do patrimônio dos sócios) e obrigações específicas.
CLASSIFICAÇÕES DE SOCIEDADES
A Lei nº 10.406/02 (Código Civil) adota a Teoria da Empresa, ao mesmo tempo em que alarga a
abrangência do Direito Comercial, fazendo com que seu estudo não se restrinja às sociedades
empresárias, ou seja, àquelas que exercem atividade própria de empresário, mas, também,
abarcando o estudo das sociedades não empresárias, conhecidas como sociedades simples.
QUAL A DIFERENÇA ENTRE SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS E NÃO EMPRESÁRIAS?
O que diferencia uma da outra é o fato de o sistema jurídico reconhecer a possibilidade
de reunião ou agrupamento de indivíduos para a exploração de atividade econômica que
não seja caracterizada como atividade “empresária”. Isso significa dizer, por exemplo,
que um grupo de advogados pode se reunir e abrir uma sociedade para desenvolver sua
atividade profissional, com habitualidade, economicidade e com o objetivo de lucro, sem
que essa sociedade seja reconhecida como empresária. No caso, aqueles que
desenvolvem atividade econômica não empresária não estão impedidos de se associar,
mas tão somente de empresariar.
Nesses casos, a sociedade recebe a classificação de uma sociedade simples, em
oposição às sociedades empresárias. As sociedades empresárias são aquelas que são
formadas por meio de um contrato firmado entre duas ou mais pessoas físicas ou
jurídicas, que organizarão os fatores produtivos para a exploração de atividade
econômica com objetivo de produzir lucro.
É POSSÍVEL FORMAR UMA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA A PARTIR DE OUTRA SOCIEDADE
EMPRESÁRIA?
SIM NÃO
PARABÉNS, VOCÊ ACERTOU!
As sociedades podem ser compostas por indivíduos ou por outras sociedades
empresárias e essa situação é extremamente comum. Os grupos que são formados por
outras empresas também são chamados de grupos empresariais.
OPA! ALGO NÃO DEU CERTO.
A resposta correta é sim. As sociedades podem ser compostas por indivíduos ou por
outras sociedades empresárias e essa situação é extremamente comum. Os grupos que
são formados por outras empresas são também chamados de grupos empresariais.
Voltando ao estudo da sociedade, dizemos que ela é uma pessoa jurídica de direito privado
para diferenciá-la das pessoas naturais (ou pessoas físicas) e das pessoas jurídicas de direito
público (que seria o caso das pessoas estatais, isto é, União, Estados, Municípios e Distrito
Federal).
De acordo com o nosso Código Civil, as sociedades podem ser divididas, em razão de seu
registro, do seguinte modo:
No vídeo a seguir, o professor, mestre em direito, Cláudio Miranda, aborda as espécies de
sociedades empresárias e como identificá-las.
SOCIEDADES PERSONIFICADAS
Dizer que uma sociedade é personificada significa dizer que ela possui personalidade jurídica,
ou seja, que está inscrita no Registro Público das Empresas Mercantis ou no Registro Civil das
Pessoas Jurídicas.
SOCIEDADES SIMPLES
São as sociedades organizadas para o desenvolvimento de atividades econômicas que não
são reconhecidas por lei como atividades empresárias. Entre os exemplos mais recorrentes
temos os escritórios de advocacia, os consultórios médicos e dentistas, e outros que exercem
atividades intelectuais de modo organizado, mas que não são considerados empresários.
SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
As sociedades empresárias são as que praticam atos de empresa, ou seja, possuem como
finalidade a exploração de atividades empresárias. As sociedades empresárias também podem
assumir formas distintas, conforme a classificação a seguir:
Sociedade em nome coletivo
Sociedade em comandita simples
Sociedade limitada
Sociedade anônima
Sociedade em comandita por ações
Existe ainda uma nova modalidade de sociedade que foi incluída pela recente Lei de Liberdade
Econômica (Lei nº 13.874/19), que instituiu oficialmente no Brasil a possibilidade de sociedade
limitada unipessoal (SLU), conforme apresentado no item sobre o exercício da função de
empresário.
ANTES DA LEI DE
LIBERDADE ECONÔMICA
Não era possível formar uma sociedade com menos de dois participantes, o que criava uma
anomalia porque, para exercer uma atividade empresarial, as sociedades precisavam de, no
mínimo, duas pessoas. Na prática, existia um percentual elevado de sociedades com sócios
que possuíam entre 1 e 0,1% do capital social – ou seja, um papel totalmente irrelevante.
APÓS A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI DE LIBERDADE ECONÔMICA
Foi legalmente instituída a opção de criação de uma sociedade empresária de responsabilidade
limitada com apenas um sócio e, o que é o seu diferencial, sem o patrimônio mínimo (que é
uma exigência e um entrave que surgiu com a criação da EIRELI).
Os demais modelos de sociedade praticamente não funcionam mais, atualmente, porque os
empresários optam pelo modelo que garante mais proteção patrimonial (sociedade limitada) ou
mais acesso ao financiamento do negócio (sociedade anônima). Analisaremos cada uma delas,
após mencionarmos as sociedades não personalizadas.
SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS
São aquelas que não possuem uma personalidade jurídica constituída. Ou seja, não possuem
patrimônio jurídico próprio, nem nome, mas são reconhecidas pelo Direito em razão de suas
obrigações e seus deveres constituídos por meio de um contrato. Isso significa que elas são
válidas entre os contratantes, mas não produzem efeitos perante terceiros.
AS SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS EM COMUM
São aquelas que exercem atividade econômica empresária, mas que, por alguma razão, não
foram regularmente inscritas no registro de empresas mercantis. Também podem ser
chamadas de sociedade de fato ou sociedade irregular. A grande questão que esse tipo
societário traz é a de que não é o registro que torna a sociedade presente no mundo, uma vez
que, mesmo sem o registro, a sociedade pode ser juridicamente considerada uma sociedade.
Isso significa que compromissos e responsabilidades assumidos perante terceiros deverão ser
respeitados mesmo que aquela sociedade seja uma sociedade irregular. A consequência dessa
situação é que, em decorrência de sua ilegalidade, a responsabilidade dos sócios torna-se
ilimitada, podendo alcançar todos os seus bens.
É uma forma de a legislação punir aquele que não está adequado às formas regulares
existentes. É também um caminho para não deixar que terceiros de boa-fé sejam prejudicados
por problemas alheios ao seu conhecimento.
AS SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS EM CONTA
DE PARTICIPAÇÃO
São totalmente diferentes das sociedades não personificadas comuns. Isso porque existe uma
escolha, uma manifestação de vontade entre os sócios de não as registrar. Esse tipo de
sociedade também é chamado de sociedade oculta e só tem valor entre as partes.
Muitas vezes, essa sociedade é firmada quando uma das partes busca investimento com a
outra parte e não há interesse em divulgar ao mercado nem a parceria nem o produto. Existem
alguns casos de startups que recebem seus financiamentos por meio de sociedade em conta
de participação.
Com esse modelo, é possível garantir direitos e prever deveres entre os participantes. Nele,
duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas se associam, sem a criação de um nome empresarial
e sem a constituição de um CNPJ, mas com o objetivo de compartilhar o lucro.
A atuação da sociedade em conta de participação pode se restringir a uma operação ou
atividade parcial ou integral; os acordos ali previstos só valem entre os sócios. Apesar de não
ter registro, ela não é uma sociedadeirregular. O seu contrato pode ser registrado em cartório
de títulos e documentos.
Além da classificação entre sociedades personificadas e não personificadas, existem outras
formas possíveis de classificação entre as sociedades, como, por exemplo, em razão da
responsabilidade dos sócios, da nacionalidade da sociedade, da sociedade de pessoas e da
sociedade de capital, mas que são mais relacionadas a aspectos teóricos acerca da
constituição e do funcionamento das sociedades.
Em função do critério de objetividade deste tema, serão enfocadas as modalidades de
sociedades que são mais utilizadas: a sociedade de responsabilidade limitada por cotas e a
sociedade anônima.
SOCIEDADE LIMITADA
A sociedade limitada é composta por apenas uma categoria de sócios, denominados de
cotistas. O capital social desse tipo de sociedade é constituído com a soma dos valores das
cotas sociais, ou seja, é formado pelo aporte que cada sócio faz, retirando de seu patrimônio
pessoal para integrar o patrimônio social. Pode ser em dinheiro ou em bens, conferindo direitos
e deveres a cada um, especialmente de participar de seu resultado, sendo positivo ou negativo.
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Uma das maiores características dessa sociedade, que se tornou o modelo mais utilizado no
país, é a limitação da responsabilidade de cada sócio ao que cada um tenha de cotas na
sociedade, ainda que todos respondam solidariamente pela integralização do capital social ‒
por isso, também é chamada de sociedade por cotas de responsabilidade limitada.
SAIBA MAIS
A integralização das cotas é uma etapa muito relevante no processo de construção da
sociedade porque, caso as cotas não sejam integralizadas, os sócios respondem pela
integralização.
O sócio poderá deixar a sociedade, cedendo ou vendendo suas cotas a quem queira, sendo
sócio ou não, mesmo sem a anuência dos demais sócios, caso o contrato social seja omisso
quanto a essa possibilidade ou não disponha o contrário; isso pode não ocorrer caso os
titulares (mais de um quarto do capital social) se oponham formalmente.
ADMINISTRAÇÃO
A administração da sociedade limitada poderá ser feita por mais de uma pessoa, sócios ou
terceiros, não necessariamente designadas no contrato social, podendo ser por ato separado.
O terceiro que for nomeado administrador só poderá ser investido como tal após a lavratura do
termo de posse no livro de atas da administração.
O contrato social poderá estipular que todos os sócios exercerão a administração da
sociedade, mas, no caso da entrada de um novo sócio, essa atribuição não será automática,
devendo constar formalmente no instrumento de alteração do quadro societário, sob pena do
novo sócio não poder exercer a administração da sociedade.
DELIBERAÇÕES
De acordo com o art. 1.010 do Código Civil, a regra é que as deliberações da sociedade
aconteçam por maioria de votos, consoante o valor das cotas de cada sócio; a maioria absoluta
é o equivalente a mais da metade do capital e, nos casos de empate, prevalecerá a decisão do
maior número de sócios; se o empate persistir, a decisão ficará a cargo do juiz.
As deliberações são tomadas em reunião ou assembleia, convocada pelos administradores nos
casos previstos em lei ou contrato (art. 1.172 CC).
Será por meio de assembleia sempre e obrigatoriamente quando o número de sócios for
superior a dez, mas as formalidades de convocação poderão ser dispensadas, se todos os
sócios comparecerem diretamente ou declararem, com antecedência e formalmente,
conhecerem local, data, hora e ordem do dia. Quando todos os sócios decidirem por escrito a
matéria objeto, tanto a reunião quanto a assembleia poderão ser dispensadas.
Em algumas situações, a assembleia deve ser realizada pelo menos uma vez por ano, para
aprovar o balanço patrimonial, para a designação de administradores e em casos de prestação
de contas pelos administradores, devendo acontecer nos primeiros quatro meses após o
término do exercício social estipulado no contrato social.
SOCIEDADE ANÔNIMA
A sociedade anônima (SA) é aquela pessoa jurídica de direito privado de natureza mercantil
que possui o seu patrimônio dividido em ações, limitando a responsabilidade dos acionistas ao
preço de emissão de ações subscritas ou adquiridas. A SA está regulamentada pela Lei nº
6.404/76.
São possíveis duas espécies de sociedades anônimas:
AÇÕES SUBSCRITAS
Subscrição de ações é o compromisso firmado pelo interessado na compra da ação.
Trata-se de um processo preliminar à aquisição de ações que é efetivamente a compra de
ações, por terceiro interessado.
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ABERTAS
São aquelas que registram seus valores mobiliários na Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
e os negociam no mercado de valores mobiliários.
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FECHADAS
Não possuem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e os valores mobiliários são
negociados diretamente por seus fundadores na constituição, e pelos diretores após a
constituição.
A respeito da sociedade anônima, é importante saber:
VALORES MOBILIÁRIOS
A Lei nº 6.385/76 disciplina o mercado de valores mobiliários e apresenta um rol em seu art. 2º
do que considera como valores mobiliários, trazendo, entre outros, as ações, as partes
beneficiárias, os debêntures e os bônus de subscrição, que são os títulos que podem ser
emitidos e negociados pelas sociedades anônimas, com o objetivo de captar recurso financeiro
no mercado.
A ação, diferentemente dos demais valores mobiliários, confere ao seu possuidor a qualidade
de sócio, podendo participar da vida da sociedade e, dependendo da espécie de ação que
possua, ter privilégios e vantagens em relação aos demais.
Outros modelos de valores mobiliários correspondem a investimentos financeiros que estão
atrelados a mecanismos específicos de remuneração.
ADMINISTRAÇÃO
A Lei nº. 6.404/76 determina que a administração da sociedade anônima deve ser organizada
no sentido da distribuição entre as entidades que a compõem, como a assembleia geral, o
conselho de administração, a diretoria e o conselho fiscal.
Apesar do compartilhamento de decisões, um elemento de grande valor na SA é o acionista
controlador. De acordo com o artigo 116 da Lei das SA, o acionista controlador é a pessoa,
física ou jurídica, ou o grupo de pessoas que possui a titularidade de direitos que assegurem a
maioria dos votos nas reuniões da assembleia geral e, com isso, detém o poder de eleger os
administradores da companhia. Além disso, o acionista controlador também pode utilizar o
controle que detém para dirigir as atividades da sociedade e orientar o funcionamento de seus
órgãos.
O parágrafo único do referido artigo destaca, no entanto, que todo o desempenho do acionista
controlador deve ser pautado com a finalidade de cumprir o objeto social da companhia,
respeitar a sua função social e observar os deveres e as responsabilidades para com os
demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua.
SOCIEDADE SIMPLES
São sociedades que desenvolvem atividades não empresariais formadas por duas ou mais
pessoas, visando ao lucro, mas sem a existência do elemento empresa, isto é, a atividade
econômica organizada, pois cada um dos sócios participa diretamente com seu intelecto, de
natureza científica, literária ou artística, para que os resultados possam aparecer, como as
sociedades de médicos, odontólogos, contadores etc.
Além das sociedades não empresárias, também as cooperativas devem ser criadas como
sociedades simples. O Código Civil, a partir do seu artigo 997, confere todas as características
da sociedade simples que servem subsidiariamente a todas as demais sociedades, no que não
lhes houver determinado particularidades.
RESSALTAMOS QUE A SOCIEDADE SIMPLES DEVE SE
LIMITAR À ATIVIDADE ESPECÍFICA PARA A QUAL FOI CRIADA,
OU SEJA, À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS VINCULADOS À
HABILIDADE TÉCNICA E INTELECTUAL DOS SÓCIOS, NÃO
DEVENDO CONTER OUTROSSERVIÇOS ESTRANHOS, CASO
EM QUE PODERÁ CONFIGURAR O ELEMENTO DE EMPRESA
QUE, NESSE CONTEXTO, SE TRANSFORMARÁ EM UMA
SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
Diante de tantas possibilidades e de tantas opções, poderíamos indagar: qual o melhor modelo
de sociedade? E a resposta será: Depende! (Como a maioria das respostas jurídicas é).
Depende do quê? Do modelo de negócios que o criador da empresa tenha em mente. Depende
do objetivo que se pretende alcançar com a criação daquela sociedade. A finalidade, a ideia do
comércio e a oportunidade vêm antes de se definir qual o tipo de sociedade deve ser escolhido.
Agora, complete as frases com as palavras do quadro, relacionando os modelos de
sociedade e respectivas finalidades às situações apresentadas.
alavancar
investimentos
arrecadar valores
responsabilidade
limitada.
sociedade anônima
sociedade de cotas
Caso queira desenvolver um
produto a ser comercializado
em massa, como, por exemplo,
uma vacina que terá distribuição
mundial, a pode ser
uma boa opção, pois
permitirá e
nos produtos que se pretende
desenvolver.
Se a opção for mais modesta,
como, por exemplo, a criação
de uma linha de acessórios
infantis, ou de uma marca de
roupas homewear do tipo
“pijamas chiques”, com
distribuição e mercado
regionais, ou ainda para
participar de feiras, pode ser
que a melhor opção seja
uma por
RESPOSTA
A sequência correta é:
Caso queira desenvolver um produto a ser comercializado em massa, como, por exemplo, uma
vacina que terá distribuição mundial, a sociedade anônima pode ser uma boa opção, pois
permitirá arrecadar valores e alavancar investimentos nos produtos que se pretende
desenvolver.
Se a opção for mais modesta, como, por exemplo, a criação de uma linha de acessórios
infantis, ou de uma marca de roupas homewear do tipo “pijamas chiques”, com distribuição e
mercado regionais, ou ainda para participar de feiras, pode ser que a melhor opção seja uma
sociedade de cotas por responsabilidade limitada.
A grande aposta da Lei de Liberdade Econômica, com a criação da sociedade unipessoal de
responsabilidade limitada, é a de que a sociedade limitada unipessoal (SLU) será o modelo de
sociedade mais utilizado futuramente por causa de suas facilidades.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EXISTEM DIVERSOS TIPOS SOCIETÁRIOS PREVISTOS EM NOSSA
LEGISLAÇÃO. SOBRE ESSE ASSUNTO, CLASSIFIQUE EM VERDADEIRAS
(V) OU FALSAS (F) AS ASSERTIVAS ABAIXO E, DEPOIS, MARQUE A
ALTERNATIVA CERTA.
( ) AS SOCIEDADES SIMPLES EXERCEM ATIVIDADE EMPRESÁRIA.
( ) NÃO É ADMISSÍVEL A SOCIEDADE LIMITADA COMPOSTA POR
APENAS UM SÓCIO.
( ) SOCIEDADES EMPRESÁRIAS EM COMUM EXERCEM ATIVIDADE
ECONÔMICA EMPRESARIAL, MAS NÃO ESTÃO REGULARMENTE
INSCRITAS JUNTO AO REGISTRO DE SOCIEDADES MERCANTIS.
( ) AS SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO SÃO UMA DAS
ESPÉCIES DE SOCIEDADES PERSONIFICADAS.
A) V – V – F - V
B) F – F – V - F
C) F – V – F - V
D) F – F – V - V
2. ANTÔNIO E PEDRO FORMARAM-SE NO CURSO DE ENGENHARIA
QUÍMICA E, AO LONGO DO ESTÁGIO QUE REALIZARAM JUNTOS,
DESCOBRIRAM UMA FÓRMULA QUE PERMITIA TRANSFORMAR A COR
DO CAFÉ, SEM ALTERAR O SEU SABOR. DEPOIS DE TEREM
PATENTEADO A INVENÇÃO, ESTRUTURARAM UM PLANO DE NEGÓCIOS
PARA VIABILIZAR A COMERCIALIZAÇÃO DE SEU PRODUTO. ENTRE AS
OPÇÕES POSSÍVEIS PARA A FORMALIZAÇÃO DO PLANO DE NEGÓCIOS
DOS AMIGOS, ASSINALE AS ASSERTIVAS VERDADEIRAS E FALSAS E,
DEPOIS, MARQUE A ALTERNATIVA CERTA.
( ) COMO A ATIVIDADE EMPRESÁRIA SERÁ DESEMPENHADA PELOS
DOIS AMIGOS, E O PLANO DE NEGÓCIOS DELES PREVÊ A
COMERCIALIZAÇÃO DO PRODUTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL OPTAR PELA
SOCIEDADE EM COMANDITA.
( ) COMO O PRODUTO FOI DESCOBERTO PELOS DOIS, EM PARCERIA,
E ELES INTEGRARÃO A SOCIEDADE PARA LEVAR O PRODUTO À
COMERCIALIZAÇÃO, NÃO PODE SER FEITO POR MEIO DE UMA
SOCIEDADE LIMITADA UNIPESSOAL.
( ) ELES PODERÃO ABRIR UM MEI, UMA VEZ QUE A ATIVIDADE ESTÁ
LISTADA COMO PERMITIDA PARA A ATUAÇÃO EMPRESÁRIA.
A) F – F – V
B) V – F - V
C) F- V – F
D) V – V – F
GABARITO
1. Existem diversos tipos societários previstos em nossa legislação. Sobre esse
assunto, classifique em verdadeiras (V) ou falsas (F) as assertivas abaixo e, depois,
marque a alternativa certa.
( ) As sociedades simples exercem atividade empresária.
( ) Não é admissível a sociedade limitada composta por apenas um sócio.
( ) Sociedades empresárias em comum exercem atividade econômica empresarial, mas
não estão regularmente inscritas junto ao registro de sociedades mercantis.
( ) As sociedades em conta de participação são uma das espécies de sociedades
personificadas.
A alternativa "B " está correta.
As sociedades simples são sociedades que não exercem atividade econômica empresária,
configurando sociedades civis. Quanto à segunda assertiva, cabe lembrar que é admitida a
sociedade limitada unipessoal. A terceira afirmativa é verdadeira, pois as sociedades
empresárias em comum não se encontram devidamente registradas. Finalmente, as
sociedades em conta de participação não são personificadas, configurando um acordo entre as
partes.
2. Antônio e Pedro formaram-se no curso de Engenharia Química e, ao longo do estágio
que realizaram juntos, descobriram uma fórmula que permitia transformar a cor do café,
sem alterar o seu sabor. Depois de terem patenteado a invenção, estruturaram um plano
de negócios para viabilizar a comercialização de seu produto. Entre as opções possíveis
para a formalização do plano de negócios dos amigos, assinale as assertivas
verdadeiras e falsas e, depois, marque a alternativa certa.
( ) Como a atividade empresária será desempenhada pelos dois amigos, e o plano de
negócios deles prevê a comercialização do produto, não será possível optar pela
sociedade em comandita.
( ) Como o produto foi descoberto pelos dois, em parceria, e eles integrarão a
sociedade para levar o produto à comercialização, não pode ser feito por meio de uma
sociedade limitada unipessoal.
( ) Eles poderão abrir um MEI, uma vez que a atividade está listada como permitida para
a atuação empresária.
A alternativa "D " está correta.
De acordo com o caso apresentado, a única hipótese incorreta é a terceira, uma vez que o
pressuposto do MEI é que seja apenas um indivíduo e não uma dupla. O MEI não pode ser
formado por mais de uma pessoa.
MÓDULO 3
Identificar as regras de funcionamento das sociedades
ATOS CONSTITUTIVOS E ELEMENTOS DOS
CONTRATOS
Quais são os documentos que efetivamente criam as sociedades? Todos nós, como pessoas
naturais (ou pessoas físicas), temos a nossa certidão de nascimento, certo? Nela, constam os
nossos principais dados: nome, filiação, características físicas e, até mesmo, a nossa
nacionalidade.
As sociedades, como pessoas jurídicas que são, possuem um documento similar chamado de
“contrato social” (no caso das sociedades empresárias limitadas por cotas) ou o “estatuto
social” (no caso das sociedades anônimas). Esse documento traz elementos constitutivos
fundamentais sobre as características de cada sociedade, e é a partir dele que inferimos
questões relacionadas ao tipo de sociedade a que cada uma delas pertence.
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Fonte: Viktoria Kurpas | Shutterstock
Existem alguns elementos padrões nos contratos ou estatutos, ou seja, que aparecem em
todos eles. São elementos que definem minimamente a sociedade. Vamos conhecê-los:
QUALIFICAÇÃO DOS SÓCIOS
É fundamental para a identificação daqueles que são os responsáveis pela atuação da
sociedade, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas. Devem constar, nesta parte, nome
completo, CPF ou CNPJ, residência, nacionalidade e todos os demais elementos que
individualizem seus integrantes.
DENOMINAÇÃO SOCIAL
É o nome pelo qual será inscrita a sociedade nos registros competentes. Não precisa exprimir
nenhuma ideia, pode ser os sobrenomes dos sócios ou a abreviação de seus nomes. A
exigência é que não tenha sido registrado nenhum nome igual, anteriormente.
A denominação social é diferente do nome fantasia, que, em geral,é o nome pelo qual é
popularmente conhecida a sociedade. O nome fantasia é, por exemplo, o nome constante no
letreiro da loja ou do ponto empresarial. A expressão nome fantasia decorre do fato de que,
usualmente, o nome empresarial não é o mesmo que consta como título do estabelecimento.
Você, provavelmente, já deve ter feito compras no cartão de crédito e ficado em dúvida quanto
ao valor gasto em determinada loja por não conseguir fazer uma conexão entre o nome
constante no registro de pagamento e o nome do estabelecimento, certo? O nome que aparece
na fatura do cartão de crédito é a denominação social da sociedade.
OBJETO SOCIAL
O objeto social é a descrição das atividades que serão desenvolvidas pela sociedade
empresária. As atividades desenvolvidas por uma sociedade empresária podem ser variadas,
com atuação em diversos setores, mas é necessário estar descrito em seu objeto social quais
são tais atividades.
Em algumas situações, como, por exemplo, para participar de certas licitações, é exigido, a fim
de qualificar a sociedade para tal, que ela desenvolva determinado tipo de atividade.
Vejamos um exemplo:
Para participar de uma licitação para concessão de um bloco petrolífero ou gasífero, precisa
constar no objeto social da empresa que ela é uma empresa produtora de petróleo e gás
natural. Não adianta uma empresa que tenha como objeto social o fornecimento de serviços de
enfermagem concorrer. Essa sociedade empresária do setor de enfermagem poderá concorrer
à licitação desde que promova uma alteração em seu objeto social e seja, a partir de então,
uma sociedade empresária do setor de enfermagem e produtora de petróleo.
O Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), realizado pelo IBGE, é uma boa fonte
de consulta de quais são os objetos sociais que as sociedades podem desenvolver.
FORMAS DE INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL
A integralização de cada parte subscrita pelo sócio pode ser de uma só vez e de imediato,
como pode ser em parcelas, desde que aceita pela sociedade. Como a responsabilidade dos
sócios em relação à integralização do capital é solidária, nos casos em que o sócio deixar de
adimplir com essa obrigação, a sociedade poderá tomar algumas medidas em relação a ele:
pode denominá-lo sócio remisso, e tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo-o da
sociedade e restituindo-lhe aquilo que ele já tenha pagado.
Todas essas possibilidades devem estar descritas no contrato social: tanto a descrição mais
geral como a mais específica.
SEDE DA SOCIEDADE
O local de desenvolvimento de suas atividades. A sociedade pode ter mais de uma sede, mas
elas precisam estar descritas no contrato social. É o modo de localização geográfica da
sociedade, mesmo que desenvolva serviços virtualmente.
Não vale a indicação de site na internet como sede da sociedade empresária de provedor de
serviços! Mesmo a Amazon e o Facebook têm uma sede física específica e mais ainda: para
funcionar no Brasil, também é preciso indicar uma sede. No caso do Facebook, pelo seu
cadastro do CNPJ, a sede fica em São Paulo, na Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior,
700, 5º Andar, no bairro Itaim Bibi.
RESPONSABILIDADES DOS SÓCIOS
Este item do contrato social vai depender da modalidade de sociedade adotada. Cerca de 90%
das companhias abertas no Brasil adotam o modelo das sociedades por cotas de
responsabilidade limitada, por isso, podemos utilizá-lo como exemplo. Aqui será identificada a
responsabilidade de cada sócio.
ADMINISTRAÇÃO DA SOCIEDADE
Deve constar no contrato social qual sócio irá responder judicial e extrajudicialmente pela
administração da sociedade, ou seja, aquele que efetivamente atuará em nome da sociedade.
Essa função intitulada de “administrador” pode ser desempenhada por um dos sócios, desde
que não haja impedimentos para tanto, e poderá também constar no documento o valor do pró-
labore a ser recebido por ele.
DIREITOS E OBRIGAÇÕES DE CADA UM DOS SÓCIOS
Podem ser descritos também neste documento o que se espera no desempenho da atividade
de cada sócio e o que estará impedido de ser realizado. Um exemplo pode ser a cláusula de
não concorrência, ou a cláusula de não competitividade, que impede que um sócio de
determinada sociedade seja também sócio em outra concorrente.
CLÁUSULA DE ENCERRAMENTO DO EXERCÍCIO
SOCIAL
O exercício social é o calendário da sociedade. Ele marca quando balanço patrimonial,
inventário e resultados econômicos precisam apresentados, podendo corresponder ou não ao
ano fiscal.
CLÁUSULA DE ELEIÇÃO DE FORO CONTRATUAL
Por meio desta cláusula será indicado qual o local onde serão resolvidas as disputas
decorrentes do contrato. Em geral, o foro é o mesmo local em que a sociedade possui a sede
ou onde desenvolve suas atividades. Também é possível aqui optar pelo recurso à arbitragem
comercial, indicando qual seria o tribunal arbitral e as regras aplicáveis às disputas envolvendo
o contrato social.
No caso das arbitragens comerciais, não é incomum que o tribunal escolhido pelas partes seja
um tribunal estrangeiro, uma vez que, para determinados temas e setores, existem tribunais e
câmaras internacionais arbitrais altamente especializados. Se for o caso da opção pela
arbitragem, também é o momento de indicar como serão repartidas as custas do procedimento
arbitral, visto que são bem mais caras que as custas judiciais, por exemplo.
ATENÇÃO
Não basta a elaboração de um excelente contrato social se este não for devidamente
registrado na Junta Comercial! Enquanto os atos constitutivos não forem registrados, a
sociedade será regida pelas regras de uma sociedade comum, ou seja, os sócios responderão
integralmente com seus respectivos patrimônios pelas dívidas da sociedade.
RESTRIÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
SOCIETÁRIA
Apesar de toda a liberdade existente para a constituição de uma sociedade, existem certas
restrições de constituição societária, em razão da qualidade de um dos sócios ou por causa de
setores específicos da economia que possuem certos requisitos para estabelecer um
empreendimento.
RELAÇÃO MARITAL, COM REGIME DE COMUNHÃO
UNIVERSAL DE BENS
Nesses casos, prevalece a proteção do patrimônio da família. No entanto, essa restrição
ocorreu após a edição do Código Civil, que é de 2002, sendo possível existirem ainda
sociedades com esse tipo de configuração.
SOCIEDADES ESTRANGEIRAS
Sua atuação depende da autorização por parte do Poder Executivo. O Departamento de
Registro Empresarial e Integração (DREI) é responsável pela tramitação. Elas devem
acrescentar ao nome a expressão “do Brasil” ou “Brasileira”. Com a sua abertura, elas se
sujeitam às leis nacionais e também poderão se naturalizar, mas devem trazer a sua sede para
o Brasil.
ATENÇÃO
Em relação aos requisitos e às exigências para a criação de sociedades em determinados
setores, tem-se que estes possuem algum elemento ou característica que os distinguem dos
demais e, por isso, necessitam de mais atenção do Estado, por parte do próprio Poder
Executivo ou por meio de suas agências reguladoras, que estabelecem certos critérios e
restrições a serem seguidos.
Setores que possuem interesse estratégico, relacionados ao abastecimento e à segurança
nacional, usualmente, são potenciais candidatos a apresentar requisitos específicos para a
constituição de sociedades, pois eles se distinguem em grau de importância no
desenvolvimento econômico e nacional de outros mercados, como, por exemplo, a
comercialização de produtos alimentícios, de vestuários, entre outros bens que não são
considerados estratégicos.
Vejamos alguns desses setores:
SOCIEDADES OU INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
SOCIEDADES QUE COMERCIALIZEM SEGURO
SOCIEDADE OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE
SOCIEDADES OU INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS
Em razão da Lei n. 4.728/65, todas as sociedades que atuem no mercado financeiro,
comercializem títulos financeiros, sejam corretoras, administrem fundos de títulos ou valores
mobiliários devem receber autorização específica do Banco Central do Brasil parafuncionar.
SOCIEDADES QUE COMERCIALIZEM SEGURO
As sociedades que comercializam resseguro, capitalização e previdência, de igual forma,
necessitam de autorização para funcionamento, nos termos do Decreto-lei n° 73/66.
SOCIEDADE OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE
Por força da Lei n° 9.656/96, necessitam de autorização especial para funcionar.
AQUISIÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA
A personalidade jurídica é um atributo conferido às sociedades inscritas regularmente no
Registro de Empresas Mercantis ou no Registro de Pessoas Jurídicas e fornece uma
individualização, uma identificação da sociedade por meio da concessão de um CNPJ
(Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica).
A aquisição da personalidade jurídica ocorre por meio do registro público das sociedades. A Lei
nº 8.934/94 dispõe sobre o registro público das empresas mercantis e o Decreto nº 1.800/96 a
regulamenta. De acordo com esses diplomas, o serviço de registro público das empresas
mercantis será exercido pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (SINREM),
composto pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) e pelas Juntas
Comerciais.
DNRC
Possui função supletiva no campo administrativo, mas exerce, no campo técnico, função
normativa, de supervisão, orientação e de coordenação, com competência nacional.
JUNTAS COMERCIAIS
Elas têm sede nas capitais dos estados e jurisdição estadual, são subordinadas
administrativamente a cada estado-membro onde estão localizadas e, tecnicamente, ao DNRC.
Há uma JC em cada unidade federativa, com as funções de executar os serviços de registro,
como a matrícula e seu cancelamento, o arquivamento dos atos constitutivos e a autenticação
de documentos de empresários e profissionais sujeitos à matrícula, como os leiloeiros.
O registro e arquivamento do ato constitutivo do empresário ‒ o requerimento de empresário
para o empresário individual, ou o contrato social ou estatuto para a sociedade empresária ‒
conferem a eles a personalidade jurídica, fornecendo-lhes, neste ato, pela Junta Comercial, o
Número de Identificação de Registro de Empresa (NIRE).
Mais do que um simples número, a criação de uma pessoa jurídica traz aos seus integrantes
uma garantia: de que eles não terão seu patrimônio pessoal afetado em caso de insucesso. A
ideia de separar o patrimônio dos sócios ou acionistas das sociedades é um reconhecimento
por parte da legislação de que os riscos inerentes aos negócios não devem penalizar, a priori,
aqueles que exploram comercialmente uma atividade econômica.
ATENÇÃO
Enquanto a sociedade não tem registro, não significa que ela “não existe”. O Direito reconhece
o seu funcionamento, com todas as suas obrigações, porém, ela será reputada como
sociedade comum, em que os sócios respondem integralmente com os seus respectivos
patrimônios pelas dívidas contraídas em nome da sociedade.
Na tensão existente entre o sucesso e o fracasso empresarial, estão inseridas muitas variáveis
que devem ser consideradas, como a participação da sociedade na economia nacional,
regional e local, a oferta de empregos, o recolhimento de tributos, enfim, uma série de
elementos que fazem das sociedades empresárias um ponto vital para o nosso modelo
econômico. A seguir, veja quais são as vantagens e as desvantagens da personalidade
jurídica:
VANTAGENS
Em virtude de todos os encargos, estabeleceu-se que, com a constituição de uma
personalidade jurídica, aquela sociedade se diferenciaria patrimonialmente dos indivíduos que
a constituíram e de seus respectivos patrimônios. Essa é uma vantagem, pois permite um
mínimo de tranquilidade por parte dos empresários de que o seu patrimônio não será afetado
em caso de quebra.
DESVANTAGENS
Pode ser uma “brecha” para a utilização deturpada do patrimônio da sociedade, em prol de
seus sócios ou acionistas, com uma desvirtuação da finalidade da sociedade. Não são raros os
casos em que a sociedade quebra e os sócios saem do processo sem o menor prejuízo.
TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
No vídeo a seguir, o professor, mestre em direito, Cláudio Miranda, fala sobre a teoria da
desconsideração da personalidade jurídica.
Por causa das ocorrências que implicam uma confusão patrimonial ou um abuso da
personalidade jurídica, criou-se uma teoria chamada de desconsideração da personalidade
jurídica, que foi abraçada pela legislação brasileira para permitir que, em casos muito
específicos, a personalidade jurídica da sociedade seja desconsiderada e se possa alcançar
o patrimônio de seus sócios ou acionistas.
CONFUSÃO PATRIMONIAL
A situação de confusão patrimonial se enquadra quando não há separação dos
patrimônios da sociedade e dos sócios, como o caso, por exemplo, de cumprimento
repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador, quando se observa
transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, bem como se
verificam atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
A desconsideração da personalidade jurídica só pode ser decretada por meio de
sentença judicial, respeitando o devido processo legal, com o direito de resposta dos
sócios acusados. Mas, a decretação da desconsideração da personalidade jurídica não
extingue com a sociedade. Trata-se apenas de um processo para buscar satisfazer os
credores, sem a desconstituição da sociedade.
TEORIA REVERSA DA DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
A jurisprudência também tem trabalhado com a teoria reversa da desconsideração da
personalidade jurídica, ou seja, quando, em função de dívidas pessoais do sócio, ele utiliza a
sociedade para encobrir o seu patrimônio e não arcar com as suas obrigações perante os seus
credores pessoais. Nesse contexto, também deve estar presente a figura da confusão
patrimonial entre a sociedade e o sócio.
Ocorre que, inicialmente, a legislação não conceituou o que seria o abuso da personalidade
jurídica, ou mesmo a situação de confusão patrimonial, deixando uma larga margem de
discricionariedade para o juiz decidir.
Com a edição da lei de liberdade econômica, estabeleceram-se parâmetros mais específicos
para a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica. A alteração feita pela
LLE, no artigo 50 do Código Civil, trouxe outros elementos para identificar tais
comportamentos inadequados por parte dos sócios ou acionistas. Essa alteração permite que
seja possível identificar os sócios ou acionistas que foram beneficiados pelo uso abusivo da
pessoa jurídica e que somente eles tenham seu patrimônio afetado.
ARTIGO 50 DO CÓDIGO CIVIL
A LLE incluiu no artigo 50, do Código Civil, as definições do que devem ser considerados
tais atos. A lei define que o desvio de finalidade ocorre quando a pessoa jurídica é
utilizada com o objetivo de lesar credores e cometer atos ilícitos por meio da sociedade.
A personalidade jurídica é uma grande conquista para o modelo econômico estabelecido, mas
não pode ser utilizada pelos indivíduos para desvirtuar a atuação das sociedades. O correto
funcionamento das sociedades é vital para a manutenção do sistema produtivo por meio da
criação de postos de emprego, da arrecadação de tributos, das inovações que oferecem. A
função social das sociedades está atrelada ao respeito às suas normas de funcionamento.
FUNÇÃO SOCIAL
A função social da empresa é uma construção teórica especializada e derivada do
princípio constitucional da “função social da propriedade”. A expressão “função social”
remete à ideia de que existe uma finalidade comum a todos, mesmo que determinada
coisa ou bem tenha um dono. Remete à ideia de que aquele patrimônio tem uma
destinação final esperada dele, que não deve ser desvirtuada.
QUANDO SE RECONHECE QUE AS SOCIEDADES
EMPRESÁRIAS POSSUEM UMA FUNÇÃO SOCIAL, SIGNIFICA
QUE HÁ UMA TAREFA E UM COMPROMISSO PARA ALÉM DE
SEUS SÓCIOS E DE SEUS ACIONISTAS: EXISTEM
INTERESSES DE TODA A COMUNIDADE PELO CORRETO E
BEM-SUCEDIDO FUNCIONAMENTO DELA. DESDE SEUSEMPREGADOS, CONSUMIDORES, FORNECEDORES E ATÉ
MESMO O GOVERNO QUE RECEBERÁ O PAGAMENTO DE
SEUS TRIBUTOS.
As sociedades empresárias integram um elo produtivo, um círculo virtuoso que produz e
distribui riquezas na sociedade, e a sociedade espera delas um funcionamento ético e correto
no exercício de suas atividades.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A EMPRESA FRAUDES E FAKES LTDA. FOI PROCESSADA POR SEUS
CREDORES, QUE OBTIVERAM A DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA DECRETADA POR SENTENÇA. OS SÓCIOS
JOSELITO DAS NEVES E JOSÉ PEREIRA FORAM CONDENADOS PELO
DESVIO DE FINALIDADE DO OBJETO SOCIAL DA SOCIEDADE. MARQUE
A ALTERNATIVA CORRETA SOBRE O DESTINO DA SOCIEDADE
FRAUDES E FAKES LTDA.:
A) A empresa deverá recorrer da sentença, uma vez que a decretação da desconsideração da
personalidade jurídica violou o princípio da autonomia patrimonial da sociedade empresária.
B) Com a sentença extinguindo a personalidade jurídica da sociedade Fraudes e Fakes Ltda.,
ela será liquidada.
C) Diante da sentença decretando a desconsideração da personalidade jurídica da sociedade
Fraudes e Fakes Ltda., ela terá, na sequência, a decretação da sua falência e deixará de
existir.
D) Com a decretação da desconsideração da personalidade jurídica, a autonomia patrimonial
da sociedade será momentaneamente suspensa para atingir os bens pessoais dos sócios e
satisfazer a dívida dos credores, com a manutenção da sociedade no mercado.
2. JOSELITO DAS NEVES PRETENDIA INICIAR UM NEGÓCIO, MAS SEM
ASSUMIR OS ÔNUS TRABALHISTAS DE SEUS FUNCIONÁRIOS. COM
ISSO, REALIZOU UM CONTRATO SOCIAL COM SEU CUNHADO, CRIANDO
A SOCIEDADE SPERTOS LTDA., NA MODALIDADE SOCIEDADE
EMPRESÁRIA POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, E NÃO A
REGISTROU NA JUNTA COMERCIAL, PREVENDO QUE, EM CASOS DE
AÇÕES TRABALHISTAS, NÃO IRIAM LOCALIZAR O REGISTRO DA
SOCIEDADE E, ASSIM, ESCAPARIA DESSES DÉBITOS. ASSINALE A
RESPOSTA CORRETA PARA O CASO EM QUESTÃO:
A) A sociedade empresária só se constitui a partir do registro de seu contrato social na Junta
Comercial e a ausência dele implica a inexistência para fins jurídicos da mesma.
B) A sociedade empresária, independentemente de seu registro, é válida, uma vez que a sua
existência ocorre com o exercício dos atos empresariais, limitando as responsabilidades dos
sócios aos valores de suas cotas.
C) A sociedade que pratica atos empresariais sem ter o contrato social registrado na Junta
Comercial é reputada como sociedade comum e os sócios respondem ilimitadamente com seu
patrimônio pelas dívidas contraídas por ela.
D) A sociedade que pratica atos empresariais está em vigor e a responsabilidade dos sócios
está limitada às suas cotas, respondendo subsidiariamente cada um deles pelos débitos
trabalhistas.
GABARITO
1. A empresa Fraudes e Fakes Ltda. foi processada por seus credores, que obtiveram a
desconsideração da personalidade jurídica decretada por sentença. Os sócios Joselito
das Neves e José Pereira foram condenados pelo desvio de finalidade do objeto social
da sociedade. Marque a alternativa correta sobre o destino da sociedade Fraudes e
Fakes Ltda.:
A alternativa "D " está correta.
A desconsideração da personalidade jurídica não é instrumento para o encerramento das
atividades empresárias da sociedade, sendo apenas uma ferramenta para corrigir o uso
desvirtuado da pessoa jurídica em casos de confusão patrimonial e abuso.
2. Joselito das Neves pretendia iniciar um negócio, mas sem assumir os ônus
trabalhistas de seus funcionários. Com isso, realizou um contrato social com seu
cunhado, criando a sociedade Spertos Ltda., na modalidade sociedade empresária por
cotas de responsabilidade limitada, e não a registrou na Junta Comercial, prevendo que,
em casos de ações trabalhistas, não iriam localizar o registro da sociedade e, assim,
escaparia desses débitos. Assinale a resposta correta para o caso em questão:
A alternativa "C " está correta.
A sociedade que pratica atos empresariais e não está registrada é reputada como sociedade
comum, uma das hipóteses das sociedades não personificadas, e implica a responsabilidade
ilimitada dos sócios quanto às dívidas contraídas pela mesma.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a leitura deste tema, você compreendeu o papel das sociedades no modelo econômico
produtivo que o Brasil se insere, identificando as atividades que são empresárias e as que não
se revestem dessa qualidade. Também destacamos a função do empresário e de suas
atribuições perante às sociedades.
Verificamos a classificação das sociedades, seus modos de constituição, seus instrumentos
contratuais e a importância da sua personalidade jurídica, além das situações que ensejam a
desconsideração da personalidade jurídica para alcançar aqueles sócios ou acionistas que
deturparam a utilização correta da sociedade.
REFERÊNCIAS
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Paulo: RT, 2013.
BORBA, J. E. T. Direito Societário.,/ São Paulo: Atlas, 2015
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capitais e estabelece medidas para o seu desenvolvimento. Brasília, 1965.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as
Sociedades por Ações. Brasília, 1976.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o
mercado de valores mobiliários e cria a Comissão de Valores Mobiliários. Brasília, 1976.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 8.934, de 18 de novembro de 1994. Dispõe sobre o
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências.
Brasília, 1994.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 9.656, de 3 de junho de 1998. Dispõe sobre os planos e
seguros privados de assistência à saúde. Brasília, 1998.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Brasília, 2002.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro de 2005. Regula a recuperação
judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Brasília,
2005.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 12.441, de 11 de julho de 2011. Altera a Lei n. 10.406, de
10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para permitir a constituição de empresa individual
de responsabilidade limitada. Brasília, 2011.
BRASIL. Casa Civil. Lei n. 13.874, de 20 de setembro de 2019. Institui a Declaração
de Direitos de Liberdade Econômica. Brasília, 2019.
COELHO, F. U. Manual de direito comercial. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
EIZIRIK, N. A Lei das S/A Comentada. São Paulo: Quartier Latin, 2011.
FORGIONI, P. A. A Evolução do Direito Comercial Brasileiro: Da mercancia ao
mercado. São Paulo: RT, 2009.
FRANÇA, E. V. A. N. (coord.). Direito Societário Contemporâneo. São Paulo: Quartier
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LAMY FILHO, A.; PEDREIRA, J. L. B. Direito das Companhias. Rio de Janeiro:
Forense, 2017.
MARTINS, F. Curso de direito comercial: empresa comercial, empresários
individuais, microempresas, sociedades empresárias, fundo de comércio. Rio de
Janeiro: Forense, 2010.
NEGRÃO, R. Curso de Direito Comercial e Empresa. Vol I, 14. ed. São Paulo:
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NETO, A. A. G. Direito de empresa. 4. ed. São Paulo: RT, 2012.
PARGENDLER, M. Cinco mitos sobre a história das sociedades anônimas no
Brasil. In: KUYVEN, L. F. M. (Coord.). Temas Essenciais de Direito Empresarial: Estudos
em Homenagem a Modesto Carvalhosa. São Paulo: Saraiva, 2012.
TOMAZETTE, M. Curso de direito empresarial: Teoria geral e direito societário, v. 1, 8.
ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2017.
EXPLORE+
O conteúdo legislativo trabalhado pode ser encontrado no texto da Constituição
Federal do Brasil de 1988 e no Código Civil.
Conheça mais sobre os Microempreendedores Individuais no site oficial do
governo, o Portal do Empreendedor.
No site da Receita Federal, você encontra as descrições das classificações de
atividades econômicas que podem ser desenvolvidas pelas sociedades
empresárias.Existem muitos filmes que exploram a temática das sociedades, mas, caso você
tenha tempo e interesse, assista ao documentário A Corporação, que explica o
funcionamento das sociedades e sua importância no mundo atual, bem como a
necessidade de estabelecermos regras para o seu bom funcionamento.
CONTEUDISTA
Evandro Pereira Guimarães Ferreira Gomes
CURRÍCULO LATTES
DESCRIÇÃO
Apresentação das noções fundamentais de sociedades limitada e anônima, tipos societários da
maior relevância na atividade empresarial.
PROPÓSITO
Compreender as principais características das sociedades limitada e anônima, de modo a
aplicá-las na prática, conhecendo a legislação de cada tipo societário em seus aspectos
fundantes.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos o Código Civil (Lei nº 10.406/2002),
que é a principal fonte legislativa para a compreensão e o estudo do conteúdo da sociedade
limitada; e a Lei nº 6404, de 1976, que trata da sociedade anônima.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar o conceito e a legislação aplicável à sociedade limitada, bem como a
responsabilidade dos sócios, seus direitos e deveres e as regras de formação do capital social
MÓDULO 2
Reconhecer o conceito e a classificação de sociedade anônima, por meio das regras para a
formação do capital social e a importância dos valores mobiliários emitidos pelas companhias
MÓDULO 1
Identificar o conceito e a legislação aplicável à sociedade limitada,
bem como a responsabilidade dos sócios, seus direitos e deveres e as regras
de formação do capital social
INTRODUÇÃO
Fonte: SmartPhotoLab / Shutterstock
Neste primeiro módulo, temos como propósito primordial apresentar o conceito, a legislação e a
aplicação subsidiária da legislação sobre as sociedades limitadas, assim como a
responsabilidade dos sócios, seus direitos e deveres e as regras para a formação do capital
social.
Vamos estudar a sociedade limitada, o tipo mais utilizado no Brasil pelos empreendedores, o
que é facilmente explicável em razão de sua fácil constituição e administração.
O modelo possui regras bem simples de aplicação pelos sócios, a possibilidade de
enquadramento como microempresa e empresa de pequeno porte, além de possibilitar a opção
pelo sistema de tributação conhecido como Simples Nacional, o que é vedado para as
sociedades anônimas.
VOCÊ SABIA
A sociedade limitada não é uma criação do legislador brasileiro, sendo importada do direito
alemão por meio do direito português. Isso porque a sociedade limitada surge, em 1892, na
Alemanha com o nome de “sociedade com responsabilidade limitada”, referindo-se à
responsabilidade dos sócios. O exemplo da Alemanha foi seguido por Portugal que, em 1901,
introduziu este tipo em sua legislação e a denominou “sociedade por quotas de
responsabilidade limitada”.
Inspirado na legislação portuguesa, inclusive quanto à adoção do mesmo nome, o Brasil
incorporou tal tipo societário somente em 1919, por meio do Decreto nº 3.708. E, na época, não
alterou o Código Comercial de 1850, que continuou contemplando outros tipos mais antigos de
sociedades até o advento do Código Civil.
Fonte: Daniel Jedzura / Shutterstock
Com a promulgação do Código Civil pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o Decreto nº
3.708 deixou de vigorar. Afinal, o referido Código disciplinou a sociedade entre os artigos 1052
a 1087, operando a revogação tácita da legislação anterior. Com isso, pela primeira vez, a
sociedade limitada passou a ser tratada em um código.
REVOGAÇÃO TÁCITA
Aquela resultante da incompatibilidade com a nova norma, ocorre implicitamente.
O Código Civil revogou toda a Parte Primeira do Código Comercial, que contemplava as
sociedades comerciais. E, assim, não somente a sociedade limitada passou a ser disciplinada
por ele, como também os tipos clássicos regulados no Código Comercial. Podemos incluir
nesse contexto a sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e sociedade
em cota de participação.
O CONCEITO DE SOCIEDADE LIMITADA E A
IMPRECISÃO TÉCNICA DO SEU NOME
Fonte: Preechar Bowonkitwanchai / Shutterstock
A sociedade limitada é um dos cinco tipos de sociedade empresária, de acordo com a
disposição do artigo 981 do Código Civil. É este dispositivo que relaciona os tipos de
sociedades empresárias que podem ser constituídos.
Também, em razão do mesmo artigo, a sociedade simples (aquela que explora atividade
econômica própria de não empresário ou empresa rural) pode adotar o tipo limitada.
A princípio, o nome adotado no Brasil — sociedade por quotas de responsabilidade limitada —
embora fosse extenso, era correto, pois indicava que nessa sociedade o capital é dividido em
quotas e essas são o referencial para a responsabilidade dos sócios.
COMENTÁRIO
O nome atual — sociedade limitada — é equivocado e tecnicamente incorreto. Ocorre que
limitada é a responsabilidade dos sócios, como se verá no decorrer deste módulo, e não a da
sociedade, que tem sempre responsabilidade ilimitada pelas suas obrigações.
O CONTRATO SOCIAL E A LEGISLAÇÃO
APLICÁVEL À SOCIEDADE LIMITADA
Fonte: thodonal88 / Shutterstock
Como já informado, a sociedade limitada é regrada pelo Código Civil, que revogou tacitamente
o Decreto nº 3708, de 1919, primeiro diploma legal a tratar da sociedade.
O contrato social é a principal fonte da sociedade limitada e, nele, os sócios podem dispor
livremente das cláusulas que desejam para disciplinar a sociedade. No entanto, existem
algumas que são obrigatórias e devem ser observadas em razão da determinação do artigo
1054 do Código Civil.
Tal artigo remete ao artigo 997 do mesmo Código, que enumera as cláusulas do contrato da
sociedade simples, outro tipo societário.
SOCIETÁRIO: ART. 997.
A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de
cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas
naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e
atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
ATENÇÃO
O contrato precisa ser escrito, pois a sociedade limitada é um tipo de sociedade personificada.
Sem a forma escrita, não há como esta adquirir personalidade jurídica . Não há necessidade
de se confeccionar uma escritura pública lavrada por tabelião de notas, podendo ser utilizado
um documento particular.
PERSONALIDADE JURÍDICA
Confira a respeito o artigo 985 do Código Civil Art. 985. A sociedade adquire
personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus
atos constitutivos (artigos 45 e 1.150).
O Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI) fornece um modelo de contrato,
com cláusulas obrigatórias e opcionais, mas que pode perfeitamente ser ampliado ou
modificado pelos sócios.
O CONTRATO SOCIAL E SUAS CLÁUSULAS
OBRIGATÓRIAS
Examinaremos, objetivamente, as cláusulas obrigatórias do contrato de sociedade limitada,
previstas no artigo 997 do Código Civil.
I- QUALIFICAÇÃO DE TODOS OS SÓCIOS
A sociedade limitada pode ser constituída por uma ou mais pessoas, seja física ou jurídica. No
caso de haver apenas 1 (um) sócio ela é denominada “unipessoal” (artigo 1052, parágrafo 2º,
do Código Civil).
Mesmo não havendo contrato no caso de sociedade unipessoal e, sim, um ato unilateral escrito
do sócio único, a lei determina que esse documento de constituição deve observar, no que
couber,

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