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Resenha Nascimento da medicina social

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1. Identificação
Nome:Jussara Carvalho dos Santos
Profissão: Enfermeira
Vinculo com EEUSP: mestranda do PPGE
E-mail: scjussara@gmail.com
2. Data e local: São Paulo, 18 de março de 2011
3. Título: Foucault M O nascimento da medicina social. In: Foucault M Microfísica dopoder. 20ª edição. Rio de Janeiro: Graal; 1979. p.79-98.
4. Unitermos: medicina social, corpo, poder, estado social, capitalismo.
5. Corpo da resenha
5.1 Resumo da obra
No século XVIII surge a medicina moderna, científica, cujas bases estavam fundadas
na anatomia patológica. Esta nova medicina surge num contexto em que o conceito de
estado, conforme é conhecido atualmente, estava se formando e que o mundo capitalista
estava emergindo como nova ordem social.
 Assim cria-se a hipótese que o capitalismo não srcinou a medicina individualista e simuma medicina social, voltada ao objeto: o corpo enquanto força de trabalho/produção.
 A sociedade capitalista investiu não em ideologias e sim no corpo como meio de
dominação, por este ser uma realidade bio-política e, desta forma, a medicina surge como
estratégia bio-política de dominação deste corpo.
Porém, não foi desde o princípio que o corpo como força de trabalho/produção foi
objeto de intervenção do poder médico. Isto se dará somente na 2ª metade do século XIX.
Para que o corpo como forma de trabalho/produção passasse a ser o principal objeto
de estudo da medicina social, esta teve, conforme o foco da época e da sociedade, algumas
transformações, ou melhor, três etapas.
 A primeira destas etapas ocorreu na Alemanha, mais precisamente no início do século
XVIII, onde vimos a ciência de estado surgir e sobressair: tendo o Estado (funcionamento
político, recursos naturais e população) como objeto de conhecimento e como instrumento e
lugar de conhecimentos específ icos. A especial idade desta visão foram os inquéritos sobreos recursos e funcionamento dos Estados.
Outro motivo de ter iniciados a ciência de estado na Alemanha foi o não
desenvolvimento econômico ou estagn ação deste, devido a guerra dos 30 anos e ao
embargo que o tratado entre França e Áustria resultou. Deste modo cria-se um “pacto” entre
burguesia e soberanos, dando inicio a organização de estado que conhecemos atualme nte.
Ou seja, o estado moderno tal qual conhecemos hoje nasceu onde não havia potencia
econômica e política. E por causa disso que é na Alemanha onde srcina-se a medicina de
estado.
 A medicina de estado surgida na Alemanha desenvolverá uma intervenção
organizada visando a melhoria do nível da saúde da população do Estado, ou seja, do corpo
que compõe o Estado. Esta entrará em vigor no final do século XVIII e início do século XIX e
consiste em:
1. sistema mais completo de observação de morbidade: contabilidade feita por médicose hospitais da época nas diversas cidades e regiões e registros dos diferentes
 
fenômenos epidêmicos ou endêmicos;
2. normalização do saber e da prática do médico;
3. organização administrativa para cont rolar as práticas e intervenções dos médicos
alemães;
4. “funcionalismo público” formado por médicos, sendo estes nomeados pelo governo e
responsabilizados por uma região, seu domínio de poder ou exercício de autoridade
de seu saber.
Observa-se, no entanto, que antes da medicina clínica que terá seu advento no séculoXIX, tivemos uma medicina estatizada ao máximo e socializada.
Na segunda etapa do desenrolar da medicina social, temos a França encabeçando
uma nova visão, que se desenvolverá no meio urbano. Denominada como medicina urbana.
Esta não tem suporte do estado como na Alemanha e sim na urbanização, que
aparece nas grandes cidades francesas com a intenção de demarcar os prováveis locais
com possibilidades de revoltas e o próprio medo urbano (medo do novo modo de produção
que se instaura – capitalismo/mercantilismo, das próprias cidades e das doenças que surgem
através das aglomerações). Foi baseada no modelo médico-político da quarentena, o qual
resume-se em isolar, individualizar, vigiar e constatar estado de saúde e mortalidade,
gerando um registro completo de todos os fenômenos daquela sociedade.
Verifica-se que esta lógica tem como alicerces a revista militar, a qual sofistica o
modelo de quarentena dantes desenvolvido (esquadrinhar, analisar e reduzir o perigo).Portanto, a medicina urbana não passa de um aperfeiçoamento da quarentena. E esta tem
três objetivos:
1) analisar os lugares de acúm ulo e aglomerações de tudo e que pode tran smitir 
doenças, por exemplo transferência de cemitérios para periferia das cidades;
2) controle da circulação dos eleme ntos, principalmente o da água e do ar, pois
acreditava-se nesta época na teoria da abiogênese (teoria dos miasmas);
3) organizar os diferentes elementos necessários a vida nas cidades: distribuição
e sequências destes elementos.
Esta medicalização da cidade foi importante porque intermediou a prática médica e as
ciências não médicas, foi voltada para o ambiente e suas condições para uma melhora da
“qualidade de vida” da época e, por último trouxe consigo a noção de salubridade para
assegurar a melhor saúde possível dos indivíduos. E o mais interessante é que a moradiaprivada e os pobres não foram alvos da medicina urbana.
 A terceira etapa percorrida pela medicina social é a medicina da força de trabalho que
ocorre juntamente com o advento da Revolução Industrial Inglesa, a qual começa a ver a
classe pobre como perigo a saúde da sociedade da época, isso a partir do segundo terço do
século XIX, devido às razões a seguir:
1° razão política: os pobres se tornaram uma força capaz de participar de revoltas;
2° criação de estabelecimentos (sistema postal e de carregadores) que dispensaram,
em partes, os serviços da população pobre que faziam estes serviços na época e por 
consequência limitaram os meios de sobrevivência deles;
3° a cólera, doença que põe em evidência a população pobre como disseminador de
doenças. Surgindo assim a divisão do espaço urbano entre ricos e pobres (momento que o
direito a propriedade privada é atingido). A lei dos pobres entra em vigor no reinado de Elizabeth I em 1601. Este é o inicio da
 
transformação da lógica da medicina inglesa voltando o objetivo desta para as classes mais
pobres. Esta legislação dava à medicina poder sobre o pobre, controlando a assistência
através de uma intervenção que visava satisfazer as necessidades de saúde dos pobres
impedindo-lhes que estes fizessem por si só. Este controle foi a forma encontrada pela
burguesia ou pelos seus representantes no governo de evitar as revoltas e as doenças entre
os mais ricos.
Esta medicina autoritária tinha como intervenção health service e o health officers :
controle de vacinação ( todos são obrigados a se vacinarem), organização dos registros
sobre epidemias ou doenças capazes de se tornarem uma (todos são obrigados àdeclaração de doenças perigosas) e localização da insalubridade e seus focos.
Surge vários movimentos de resistência contra o modelo instaurado de medicina
autoritária, como por exemplo as peregrinações a santuários.
Na verdade a medicina social que ocorre na Inglaterra teve uma continuidade diferente
das demais medicinas francesa e alemã. É uma medicina que foi criada para controlar a
saúde e o corpo das classes mais pobres e por sua vez, tornar os pobres mais aptos para
desenvolver o trabalho e ofertando consequentemente menos perigo de doenças aos mais
ricos.
Foi esta fórmula de medicina que sobreviveu durante séculos, pois foi o único modelo
que conseguiu interliga r a medicina assistencial, administrativa e privada. São setores bem
delimitados com diferentes formas de poder, mas que contribuía e muito para o
esquadrinhamento completo sobre o setor de saúde.
5.2 Comentários:
O texto de Michel Foucault sobre a história da medicina social ampliou o
conhecimento e a crítica sobre a mesma, sua lógica e papel no controle de corpos e como
relaçãode poder. Acredito que é de fundamental importância para a minha formação, para o
desenvolvimento de minha dissertação e para o campo de saúde coletiva.
 A princípio considerei que a lógica da medicina social é perversa, partindo do princípio
que a medicina social somente foi desenvolvida para proteger de revoltas o novo sistema
instaurado e para proteger a classe dominante/rica (burguesia) das doenças provenientes
das grandes aglomerações que ocorriam entre os mais pobres, bem como proteger seus
bens de futuras perdas de capital.
Porém, observa-se que a medicina social também trouxe consigo conceitos positivos,
como: noção de insalubridade, doença, melhoria na saúde, esquadrinhamentos de possíveisfoco de epidemias etc.
O texto em discussão expõe muito bem a vertente filosófica do Materialismo Histórico
Dialético, quando evidência o medo da classe rica em relação a revoltas da classe pobre e
por isso tenta-se inibir os futuros rebelados através de uma estratégia bio-política (medicina
social), bem como a não aceitação da medicina autoritária que foi implantada na época, ou
seja, a resistência contra as imposições da classe dominante através das romarias.
Percebe-se que todo o conceito de medicina social se desenvolveu no plano de fundo
de um novo modelo de controle dos corpos (força de produção/trabalho) e de manutenção do
novo sistema – o capitalismo.
6. Intertextos para ampliação:
6.1 Cite duas obras anteriormente lidas que auxiliaram no entendimento do texto:
 
a) Egry EY Saúde Coletiva: construindo um novo método em enfermagem. São Paulo,
Ícone, 1996.
b) Salum MJL, Bertolozzi MR, Oliveira MAC. O coletivo como objeto da enfermagem:
continuidade e descontinuidades da história. In: Organización Panamericana de salud. La
enfermaria em las Americas. Washington, DC, 1999, v.571, p.101-18.
c) SCLIAR, Moacyr. História do conceito de saúde. Physis [online]. 2007, vol.17, n.1
[cited 2011-03-10], p.29-41. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312007000100003&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0103-7331. doi:
10.1590/S0103-73312007000100003.
6.2 Cite duas obras que pretende ler para aprofundar seus conhecimentos sobre o
tema do texto:
a) Bertollozzi MR, Greco RM As políticas de saúde no Brasil: reconstrução histórica e
perspectivas atuais. Rev. esc. enferm. USP . 1996, vol.30, n.3, pp. 380-398.
b) Rosen G. Uma história da saúde pública. São Paulo, Hucitec/Abrasco, 1994.
7. Apreciação Geral:
O texto possui 19 laudas , deixando bem evidente suas criticas, o objetivo de suaanálise, a qual foi bem fundamentada, e seus ideais. Apresenta-se de modo denso, mediana
a alta dificuldade de compreensão, pois exige conhecimento prévio do leitor sobre história da
medicina social e sobre a vertente filosófica do materialismo histórico dialético, mesmo
depois de dar uma breve introdução sobre o assunto analisado.

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