Buscar

O caso dos exploradores de Cavernas -

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

TRABALHO DE INTRODUÇÃO AO DIREITO 1 -
O CASO DOS EXPLORADORES – RESUMO DAS SENTENÇAS.
Exposição do Caso, Narrado por Truepenny, presidente da suprema corte de Newgarth.
 
5 espeleólogos ficaram presos numa caverna após um desabamento.
As tentativas de resgate dos 5 provocaram novo desabamento, 10 trabalhadores da equipe de resgate morreram.
Os 5 espeleólogos fizeram contato por rádio com exterior, ficaram sabendo que resgate iria 
atrasar além do tempo necessário para resgate do grupo inteiro com vida.
Um deles Roger Whetmore propôs um acordo e todos concordam, um deles seria morto e seu corpo 
serviria de alimento para os outros 4, Quem seria morto seria decidido pela sorte. (jogo de 
dados). 
Whetmore por rádio, fez contato com o exterior para tentar opinar sobre a decisão do grupo, 
junto a 1) Médicos 2)Juízes 3)Sacerdotes – mas não houve resposta dos primeiros ou não há 
Juízes ou Sacerdotes presentes que possam opinar sobre a decisão.
O rádio silenciou por 21 dias seguintes.
4 Espeleólogos foram resgatados com vida. Whetmore não estava entre eles.
Soube-se que Whetmore foi morto e seu corpo servido de alimento aos 4 sobreviventes.
Soube-se que Whetmore – que propôs o acordo - havia desistido do acordo logo depois, tomando 
consciência do "expediente tão terrível e odioso" (Palavras de Truepenny), e decidido esperar por mais 
uma semana pelo resgate. 
Porém os outros o acusaram de "violação do acordo" e decidiram levar acordo adiante.
Whetmore foi sorteado para ser morto no lançamento de dados.
Whetmore não reagiu, não há detalhes sobre como Whetmore foi morto.
obs. 1- Não há detalhes sobre qual dos 4 sobreviventes ou todos praticou/praticaram o ato.
obs. 2 - Não há qualquer distinção no veredicto e - aparentemente na lei de Newgarth - entre 
mandante e executor do crime, no que se refere ao caso específico.
Os 4 sobreviventes foram denunciados pelo assassinato de Whetmore
Na primeira instância, os 4 réus foram considerados culpados pelo tribunal do juri.
O Juri acolhe a prova dos fatos e com fundamento nestas consideram os réus culpados.
Um dos jurados, o que apresenta o veredicto, é um advogado.
O Juiz acolhe a prova dos fatos e com fundamento nestas dá a sentença condenando os réus a morte pela forca, 
conforme a lei penal de Newgarth.
Dissolvido o Juri, seus membros dirigem uma petição ao poder executivo para que a sentença de 
morte fosse comutada em prisão por seis meses. 
O Juiz de primeira instância faz petição semelhante também ao executivo.
O Executivo não se pronuncia.
O Processo por meio de recurso, vai à apreciação da Suprema Corte.
-------------------------------------------------
Presidente Truepenny – CULPADOS
É Truepenny, o presidente do Tribunal, quem expõe o caso com as informações acima relatadas.
Truepenny CONFIRMA A SENTENÇA DE CONDENAÇÃO. Considerando correta a interpretação literal da 
lei N.C.S.A (n.s.) §12A. "Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vida será punido com a 
morte". Truepenny diz que a letra da lei não admite exceções. 
Contudo Truepenny faz considerações solidarizando-se com "a trágica situação pela qual os 
condenados passaram" (Truepenny) que os levaram a cometer o crime.
Truepenny sugere que o tribunal também peticione o poder Executivo por pedido de clemência, e 
que se peça um novo julgamento dos réus na primeira instância, o que ensejaria novas 
investigações com nova produção de provas que eventualmente - sugere Truepenny - favoreçam os 
réus.
Reafirmando: Truepenny, como membro do tribunal, segue a letra da lei e CONDENA OS RÉUS. Apesar 
de sugerir ao tribunal peticionar o poder executivo por clemência aos condenados.
-------------------------------------------------------------------------
J.Foster - INOCENTES
Foster critica Truepenny por não ter coragem de proclamar os réus inocentes e apelar ao 
"capricho pessoal do chefe do Executivo" (Foster) para suspender uma eventual condenação da 
qual ele mesmo votou a favor. 
Foster afirma que seria possível proclamar os réus inocentes sem ferir a lei de Newgarth.
Foster argumenta que a lei de Newgarth não é aplicável ao caso pois dada a situação em que os 
espeleólogos se encontravam, o caso deveria ser regido pela "lei da natureza" (Foster) 
Foster argumenta que a coercibilidade do direito positivo desapareceria pois os espeleólogos se 
encontravam em uma situação em que a convivência em sociedade seria impossível. E somente a 
possibilidade de tal convivência seria pré requisito para aplicação do direito. (razão de ordem 
moral). Foster chega a sugerir que os espeleólogos não estavam em um "estado de sociedade civil" 
mas um "estado natural", mencionando 'autores do século XIX'/'entre 1600 a 1900' (duas traduções) para corroborar sua tese.
obs1 - Foster parece sugerir as teorias dos autores contratualistas.
Foster faz uma analogia tentando assemelhar o caso a uma situação hipotética como se os fatos 
tivessem ocorrido fora da jurisdição territorial de Newgarth, dado o isolamento dos 
espeleólogos do mundo exterior. (Razão de ordem geográfica)
obs2-sugere a narrativa que a lei de Newgarth não tem jurisdição sobre seus cidadãos fora do 
território de sua commonwealth.
Foster sugere que dada a situação em que os homens se encontravam (estado natural) eles 
firmaram o acordo de forma análoga à que se estabelece uma nova constituição (contrato social). 
E ressalta que tal acordo foi proposto pela própria vítima - Whetmore 
Foster dá uma explicação inspirada na história de Newgarth para justificar teorias 
contratualistas:
Segundo Foster, Newgarth existe desde o final de um período chamado 'Grande Espiral', ao qual 
se refere como 'Hecatombe', depois do qual se firmou uma "carta política" (constituição?) que 
vigora até os dias dos eventos narrados. (ano 4300). 
Foster dá essa explicação para tentar igualar o acordo estabelecido dos espeleólogos presos na 
caverna à constituição de Newgarth estabelecida após "A Grande Espiral" bem como tenta igualar 
o papel dos homens que mataram Whetmore a dos verdugos oficiais das sentenças de morte pelas 
leis de Newgarth. 
Foster ainda usa do episódio da morte dos 10 trabalhadores da equipe de resgate tentando salvar 
pessoas comparando-o com o ato de tirar 1 vida para salvar 4. Numa tentativa de relativizar - 
numericamente - o principio moral se opõe a sacrificar uma vida humana em qualquer 
circunstância. Assim como se utiliza de exemplos das vidas postas em risco (e mortes de fato) em 
grandes empreendimentos humanos, como grandes obras, comparando-o com o sacrifico de uma vida 
"na situação de desespero em que os réus e seu companheiro Whetmore foram colhidos"
Desconsiderando suas próprias proposições anteriores Foster invoca uma máxima jurídica que diz 
que "um homem pode infringir a letra da lei sem violar a própria lei". Foster cita casos 
anteriores, como o do homem que não consegue tirar o carro de um local proibido, um "não" 
erroneamente inserido na letra da lei pelos legisladores.
Foster levanta o propósito da lei penal de inibir o crime - mas afirma que tal propósito é inócuo face a iminência da própria morte. Assim Foster invoca a excludente da legítima defesa, que no direito de Newgarth, está presente na doutrina mas não na letra da lei e nunca foi aplicado [segundo Foster] e tenta aplicá-la ao caso, a favor dos réus.
Ao final FOSTER DECLARA OS RÉUS INOCENTES, e afirma que ao assim decidir, ainda segue as leis 
de Newgarath.
-------------------------------------------------------------------------
J.Tatting- abstenção
Tatting assume lhe faltarem recursos para distinguir os aspectos emocionais e intelectuais para 
decidir o caso. 
Tatting aponta falhas de raciocínio nas justificativas de Foster:
Em respeito as circunstâncias: A espessura da rocha, passarem fome, ou substituir a 
constituição de Newgarth por um lanço de dados 
Tatting questiona
também sobre a impossibilidade de se definir o momento no tempo em que os 
homens deixaram de ser regidos pelas leis de Newgarth e passaram a ser regidos sob a "lei da 
natureza" - se quando a caverna se fechou, se quando a fome se tornou intensa ou quando os 
dados foram jogados.
Tatting diz que as afirmações acima revelam a natureza fantasiosa do raciocínio de Foster.
Tatting questiona a própria legitimidade do tribunal para julgar "leis da Natureza" (conclui-se 
que logo não pode julgá-los inocentes como quer Foster, tanto quanto culpados.) 
Tatting repudia o contrato estabelecido, cujas normas regulatórias (decidir num lance de dados) 
serem mais importantes do que a materialidade (e gravidade) do crime de homicídio - além do novo contrato
 permitir ao individuo dispor a outros de se alimentarem de seu próprio corpo.
Tatting argumenta que Foster inverte a lógica da legítima defesa, levantando a hipótese de que se 
Whetmore se defendesse, matando seus agressores, estaria cometendo um crime já que seus 
assassinos estariam legitimados pelo 'novo contrato' que substituiu as leis de Newgarth.
Tatting não só rejeita que os homens estivessem regidos por "leis naturais" e nem aceita que 
estivessem a partir das 'novas regras' por eles mesmos criadas que Tatting chama de 'odiosas e 
desnaturadas'.
Tatting questiona Foster e diz que há diversos outros princípios na lei penal além da 
prevenção, como por exemplo a retribuição e a reabilitação, citando outros casos, e indaga 
sobre o que o tribunal deve fazer se todos os princípios nao expressos atribuídos a lei forem invocados?
Para afastar a tese da legítima defesa Tatting diz que a doutrina só aceita a legítima defesa 
quando ela a considera uma reação não intencional - ao contrário do homicídio que é um ato 
intencional. Que não se aplica ao caso já que os homens atuaram intencionalmente e depois de 
discutirem e tomarem uma decisão.
Por fim Tatting argumenta que em Newgarth, apesar de a legítima defesa constar da ciência 
jurídica ela nunca foi aplicada na prática. Com uma única exceção: Commonwealth vs Parry, que 
não se tornou referência para decisões subsequentes. [O caso parece ter sido esquecido por Foster] 
Tatting cita outro caso Commonwealth vs Valjean, em que o tribunal condenou o réu por furtar um 
pão - alimento natural - em estado de necessidade, passar fome, sendo o crime de furto de muito 
menos grave do que o de assassinato para praticar canibalismo. No entanto Tatting questiona se 
um homem deveria "morrer a míngua para evitar cometer um crime como roubar um pão".
 
Tatting põe em dúvida se a condenação dos espeleólogos não geraria nenhum efeito preventivo. (matar ou morrer de fome) comparando-o com o caso com o do roubo do pão, mas distinguindo-os apenas em termos de "grau". (potencial ofensivo). Tatting ainda alega que os homens teriam esperado mais "se soubessem" que seu ato seria considerado homicídio pela lei.
Tatting contesta Foster a respeito de Whetmore não ter sido o autor do 'contrato' do lance de dados. Se se opusesse a este desde o inicio ou se não houvesse 'contrato' algum, mas apenas os assassinos tivessem conspirado para matá-lo, por estar mais debilitado, ou se utilizassem de outros critérios, como por exemplo crença religiosa, para escolhê-lo como vítima para servir de alimento aos demais.
Ainda que acredite que caso nas mesmas circunstâncias jamais ocorrerá novamente, Tatting faz questionamentos sobre a ambiguidade dos princípios que eles venham a aplicar para decidir o caso e nos efeitos que a decisão que eles tomarem terá em casos posteriores. 
Tatting observa que para todas as considerações levantadas no sentido de decidir de uma determinada forma surgem outras no sentido de decidir de forma oposta. 
Tatting critica os argumentos de Foster por serem "infundados e abstratos" mas faz as mesmas considerações de Foster quanto ao episódio dos 10 trabalhadores mortos tentando salvar a vida dos homens que eles condenarão à morte.
Tatting resolve se abster de participar da decisão.
-------------------------------------------------------------------------
J.Keen - culpados
Keen começa seu voto reprovando as recomendações de Truepenny - que Keen chama de "instruções" 
- ao Chefe do Poder Executivo pedindo por clemência aos réus se condenados. Alegando que tal 
atitude não é da competência do tribunal. Ainda assim emite sua própria opinião - como cidadão, 
 não como juiz - dizendo que se fosse ele chefe do executivo daria perdão total aos réus. Mas 
separa sua opinião pessoal de suas funções como juiz, que deve se guiar pela lei.
Keen se prende ao direito positivo, desconsiderando questões morais ("bem","mal","justo" ou 
"injusto") entendendo que tais questões não fazem parte do direito do país. 
Keen confirma as críticas de Tatting às teorias de Foster, às quais chama de "fantasia".
Keen se prende meramente a indagar se os fatos do caso em questão se encaixam na norma jurídica penal do país 
N.C.S.A (n.s.) § 12A - (subsunção).
Keen afirma que as dificuldades do caso se resumem a separar questões morais de legais.
Keen acusa Foster de tentar fazer o Tribunal desrespeitar a lei escrita alegando um "propósito" 
da lei (não expresso) para justificar o resultado desejado pelo tribunal, mesmo que contra a 
literalidade da lei.
Keen faz uma explanação histórica sobre "o direito e o governo em geral". 
Keen conta que houve uma época em que não era clara a separação de poderes, o legislativo tinha 
baixa representatividade e o presidente do tribunal era bastante popular, O judiciário 
legislava através de sentenças, era em que reinava "a incerteza", segundo Keen, o que resultou 
numa "breve guerra civil" entre o judiciário contra o executivo e o legislativo.
O conflito foi solucionado definindo-se a supremacia do poder legislativo. Ou seja, bastava ao 
judiciário somente aplicar as leis e não legislar.
Segundo Keen: "Não me cabe indagar se o princípio que proíbe a revisão judicial das leis é 
certo ou errado, desejado ou indesejado; observo simplesmente que este princípio tonou-se uma 
premissa tácita subjacente a toda ordem jurídica que irei aplicar"
 
OBS1 - No sistema jurídico de Newgarth os três poderes não são equivalentes , mas é expressa a 
supremacia do legislativo ante o judiciário.
OBS2 - Tal guerra parece ter acontecido 300 anos antes, pois Keen compara Foster a um juiz do 
século 40 "a sua maneira de lidar com as leis".
Keen faz considerações sobre a impossibilidade de se definir "o propósito" das leis "vontade do 
legislador" ou o preenchimento, por conta própria do juiz, de supostas lacunas na lei. 
Keen afirma que a interpretação da lei que condena o assassinato é proveniente "antes de mais 
nada" de "uma convicção humana profundamente arraigada segundo o qual o assassinato é injusto" 
(direito natural?).
Keen ironiza sobre quaisquer outros propósitos da lei além deste. -"há quem 
pretenda que o óbvio deve ser explicado" - afirma Keen.
Keen faz referencia a repulsa do colega Tatting ao canibalismo.
 
Keen cita os antropólogos: "O temor sentido em relação a um ato proibitivo pode crescer quando 
as condições de vida tribal criam tentações especiais a sua pratica", daí o rigor das normas proibitivas.
Keen cita o período chamado de Grande Espiral (já citado, aparentemente um período de colapso da civilização ou 
barbárie) onde talvez a antropofagia fosse mais tentadora. 
Mesmo dando suas próprias hipóteses (com base na história e na antropologia) sobre qual seria o 
propósito da lei que condena matar alguém, Keen alega a impossibilidade, tanto sua própria quanto a de 
Foster, de conhecer "o propósito" das leis.
Para excluir a hipótese de legítima defesa, Keen alega que Whetmore não ameaçava a vida dos 
outros homens que vieram a matá-lo. E que a intenção ou não de matar no caso da legítima defesa sugerida na doutrina, é irrelevante, pois os acadêmicos que
a conceberam não são os legisladores eleitos.
Keen reforça os perigos implícitos, a longo prazo, de se criar exceções a lei e CONFIRMA A 
SENTENÇA CONDENATÓRIA
-------------------------------------------------------------------------
J.Handy - inocentes
Handy faz um resumo dos argumentos já apresentado pelos colegas.
Handy levanta a questão da natureza jurídica do contrato. Se unilateral ou bilateral.
Handy enfatiza que o próprio Whetmore "revogou sua anuência ao contrato antes que tivesse atuado com fundamento nela."
Handy propõe analisar o caso não a partir de "teorias abstratas" mas de "realidades humanas"
Handy afirma que "governo é assunto humano". Que "os homens são melhor governados quando seus governos compreendem as concepções do povo" 
Handy diz que o judiciário como "função de governo" (Para Handy) tem que entender os sentimentos daqueles que se estãos submetidos a sua autoridade.
OBS1. Handy não trata Governo e Jurisdição" como coisas distintas, cada um inerente a um poder, mas entende jurisdição como função de governo.
Handy diz que não são aplicáveis a "lei da natureza" de Foster (Direito Natural) ou a "lei escrita" segundo Keen (direito positivo) se estas não atendem aos sentimentos dos governados.
Handy diz deve haver uma "harmonia razoável" entre o judiciário e a opinião pública. E isso inclui todos os 'funcionários públicos' incluíndo os juizes. Dizendo que "governos soçobram e causam mais miséria humana" quando o sentimento do povo é ignorado.
Handy cita a repercussão na imprensa e as pesquisas de opinião em que 90% da população votam pela abslovição.
Para afastar críticas a influência da opinião pública - tida por caprichosa e que muda constantemente - na decisao. Handy enumera situações, dentro do sistema do ordenamento jurídico em que um homem pode escapar da punição, em virtude de sentimentos e não da verdade dos fatos a aplicação da lei.(subsunção). São estes:
 O não oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.
 Uma absolvição por juri popular - (que não observaria somente as provas e a lei).
 O perdão do pode executivo.
Handy adverte que contar com a clemência do Executivo é arriscado pois o Chefe do executivo tende a decidir de forma contrária a opinião pública.
Handy pede pela absolvição dos réus.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando