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O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA

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UNIFACEAR CENTRO UNIVERSITÁRIO
CURSO DE DIREITO 
CLEYTON RAI BARANOSKI 
O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA
FAZENDA RIO GRANDE 
2021
UNIFACEAR CENTRO UNIVERSITÁRIO
CURSO DE DIREITO
CLEYTON RAI BARANOSKI 
O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA
Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina de Teoria Geral Do Direito Civil.
Professor: Eduardo Schamne
	
FAZENDA RIO GRANDE
2021
INTRODUÇÃO
 A obra apresenta um caso que se passa na data fictícia de 4300, e nos relata a história de 05 membros de uma “Sociedade Espeleológica” que decidem explorar uma caverna, advém que já estando lá dentro e bem afastados da entrada ocorre um desmoronamento e os deixam presos por mais de 30 dias até que a equipe de socorro conseguisse resgatá-los, no decorrer do caso nos deparamos com as dificuldades encontradas por eles e dos meios utilizados para sobreviver à luz do ordenamento jurídico.
RESUMO
Os acusados são membros da Sociedade Espeleológica, que se dedica a exploração amadora de cavernas. No ano de 4299 os quatros, na companhia de Roger Wheatmore, também membro desta sociedade, adentraram em uma caverna de rocha calcária. Houve, porém, um desmoronamento nesta caverna ao ponto que os exploradores, já distantes da entrada, se encontraram presos. Estes então decidiram permanecer próximos a entrada para esperar um eventual resgate.
Quando foi percebida a ausência por demasiado longa de Wheatmore e companhia iniciou-se um esforço para localizá-los. Na sede da Sociedade Espeleológica foram encontradas indicações que revelavam onde estavam presentes os exploradores. Uma equipe de socorro foi prontamente enviada.
O resgate se mostrou extremamente difícil. A equipe original teve que ser suplantada por homens e máquinas, cujo transporte para a isolada região tinha um custo elevado. Um enorme campo temporário de trabalhadores, repleto dos mais diversos especialistas, foi estabelecido, e novos deslizamentos se mostraram um empecilho ao resgate, inclusive matando dez operários. Os fundos da Sociedade Espeleológica rapidamente se exauriram. Foram necessários trinta e dois dias para finalmente libertá-los.
Durante o resgate foi constatado que os recursos alimentícios dos exploradores eram insuficientes e que não haviam vegetais ou animais que pudessem vir a servir de sustento para estes. Temia-se então que os exploradores não sobrevivessem até a conclusão do resgate. No vigésimo dia descobriu-se que os exploradores haviam levado um rádio, com a instalação de semelhante equipamento no campo de trabalhadores foi possível a comunicação com estes. Os exploradores, ao receberem a notícia de que seriam necessários mais dez dias para seu resgate, requisitaram um médico para informar-lhes se conseguiriam sobreviver este período sem suprimentos. O presidente da comissão respondeu que a chance era escassa. Roger Wheatmore então, falando em seu nome e em de seus colegas, indagou aos médicos se estes poderiam sobreviver por tal período de tempo se quatro deles se alimentassem da carne de um dos demais. O presidente da comissão respondeu, a contragosto, que sim. Wheatmore indagou, se, seria justo decidir por sorteio sobre quem deveria ser sacrificado, porém, nenhum dos médicos se atreveu a responder tal questão. Wheatmore pediu por juízes, autoridades governamentais e até por sacerdotes para auxiliar na decisão, porém, ninguém se mostrou disposto a tanto. O rádio, então, se silenciou pelo que se constatou, posteriormente comprovado que de forma errônea, por falta de baterias. Quando os exploradores finalmente foram resgatados descobriu-se que Wheatmore havia sido morto e servido de alimento aos seus colegas.
Os exploradores afirmaram que fora Wheatmore que primeiramente sugeriu o sacrifício de um deles para alimentar os outros, e fora ele que teve a ideia de usar de sorteio. Os outros exploradores alegaram que haviam se mostrados adversos a proposição, porém foram convencidos eventualmente. Fora decidido que eles tirariam a sorte nos dados. Porém, antes do lançamento, Wheatmore mudou de ideia e propôs que esperassem por mais uma semana. Os outros exploradores acusaram-lhe de quebrar o acordo e lançaram os dados em seu lugar. Ao perguntarem para Wheatmore se este tinha alguma objeção quanto à forma de lançamento dos dados, este respondeu negativamente. Sua sorte foi adversa e Wheamore foi morto. Depois de serem levados à um hospital para serem tratados por desnutrição os exploradores foram acusados do homicídio de Roger Wheatmore. Os exploradores foram considerados pelo juiz de primeira instância culpados, e foram condenados a execução pela forca. O júri do caso enviou para o Poder Executivo um pedido de que a sentença fosse comutada para seis meses de prisão. O Poder Executivo não se manifestou até o ponto do julgamento do recurso pela segunda instância. E depois de haver um empate nos votos dados pelos juízes de segunda instância, a sentença inicial foi mantida e os acusados foram condenados à forca.
RESUMO DOS VOTOS 
· PRESIDENTE TRUEPENNY
O Presidente Truepenny possui uma posição favorável à condenação dos réus. Baseia sua decisão na lei escrita e somente nesta a qual diz que, “qualquer um que, de própria vontade, retira a vida de outrem, deverá ser punido com a morte”. Portanto, na sua visão, esta aplica-se aos quatro exploradores resgatados, que mataram seu companheiro, Whetmore. Não fazendo diferença por se tratar de um caso extraordinário, pois só há uma única opção a ser tomada e o estatuto não permite exceção aplicável a este caso. Por fim, para Truepenny, a justiça só será feita se a letra da lei for respeitada.
· FOSTER
Em um primeiro argumento o juiz afirma que o direito positivo de sua sociedade é incapaz de julgar este caso e que, por conseguinte, deveria o tribunal valer-se do direito natural, pois o direito pressupõe a possibilidade de convivência em sociedade, o que não se aplica à realidade do caso. Foster compara a situação com caso de extraterritorialidade, onde, fora da área jurisprudencial, os acusados, hipoteticamente, não seriam julgados. Ele afirma que os exploradores estavam separados da jurisprudência do Commonwealth por razões morais, que seriam tão válidas quanto as geográficas. O juiz também aponta o fato de que a princípio Roger Wheatmore havia concordado com o sacrifício e, portanto, havia formado um contrato com os demais exploradores.
Foster também afirma que é errado tomar a vida humana como um valor absoluto, apontando tal concepção como ilusória. Para comprovar este ponto o juiz remete aos dez trabalhadores que morreram no processo de resgate dos exploradores, indagando o porquê da validade de tal sacrifício e não o de Wheatmore.
O juiz Foster usa a jurisprudência e o jusnaturalismo como base de fundamento para decretar seu voto. Foster defende a ideia de que os exploradores estavam em um estado de natureza, e havia um acordo firmado entre eles, por conta disso, a legislação do Estado deveria mitigar os rigores da lei em favor dos acusados e consequentemente inocentá-los de tal acusação.
De acordo com os argumentos apontados J. Foster vota que os acusados são inocentes.
· TATTING
O juiz Tatting deixa claro que não conseguiu se privar do seu lado emocional ao julgar este caso, dando a entender que o mesmo não conseguiu chegar a uma conclusão concreta sobre seu voto, logo, foi incapaz de decretar seu voto, preferiu recusar-se a participar da decisão deste caso e absteve-se da votação.
O juiz, então, procede a criticar o julgamento de Foster e discorda de seu colega, o qual o antecedeu nos votos, embasado no fato de que a autoridade do tribunal em que ministram vem da lei, e não de uma suposta “lei da natureza”, e que se o uso dessa “naturalidade” inviabilizar o direito positivo no presente julgamento, o tribunal não teria autoridade de julgar o caso.
De acordo com os argumentos apresentados J. Tatting se absteve da votação.
· KEEN
Keen começa seu voto esclarecendo duas questões que acredita não ser relevantes para otribunal. A primeira é a decisão do Poder Executivo em relação ao pedido de clemência. O juiz critica o Presidente do Tribunal por ter instruído o chefe do Executivo nesta matéria. Ele também explica que se fosse ele o Presidente daria clemência total aos acusados, mas, como juiz, seu julgamento será baseado na lei. A segunda é a matéria moral do caso, do qual o juiz decide se abster, uma vez que acredita que sua função seja aplicar o direito de seu país. Ele, assim como Tatting, critica Foster de maneira incisiva.
O juiz então explica como a lei de Commonwealth diz que "Aquele que intencionalmente prive outrem à vida deve ser punido com a morte" e segundo a lei, os acusados deveriam ser condenados, porque conforme ele, a função de um juiz é aplicar a letra da lei independente de seus valores pessoais. Embora seu lado pessoal tenha optado pela clemência, o juiz mantém sua posição em relação à sua função perante a lei.
De acordo com os argumentos apresentados J. Keen vota a favor da condenação.
· HANDY
O juiz Handy inicia seu voto com críticas a postura de seus anteriores, afirmando que eles se prenderam muito a legalismos. Ele começa sua explicação afirmando sua concepção de que o Governo não é feito de leis ou conceitos abstratos, mas sim de pessoas, e que o Judiciário tem potencial maior de se distanciar do cidadão comum.
Como juiz, sendo funcionário público, Handy defende um método de aproximação entre o poder e a população (o famoso senso comum), o que para ele é essencial para a manutenção da legitimidade e da ordem mais do que o direito natural de Foster ou o positivismo de Keen.
Para encerrar seu voto, o juiz relembra o primeiro caso em que julgou, onde ainda jovem foi incapaz de encontrar na lei algo que o ajudasse na solução daquele caso, portanto, decidiu partir para o senso comum. Usando este exemplo, Handy afirma que a situação em que lhe envolveu no caso atual é semelhante. Por fim, o juiz conclui que os acusados são inocentes e que a sentença deveria ser reformada.
Entretanto, o J. Handy opta por não participar da votação. 
PERGUNTAS:
1- Eles estavam em estado de natureza ou em estado social?
Devido a complexa situação em que se encontravam creio que o direito natural deverá ser usado nessa situação anômala, portanto no presente caso a máxima (cessante ratione legis, cessat et ipsa lex) deveras ser usada, logo, eles se encontravam em um estado de natureza.
2- Havia um contrato válido entre as partes?
 Segundo a lei, para um contrato verbal ter validade deve possuir agente capaz; objeto lícito e possível, determinado ou determinável. Se tratando de que um crime tenha sido a cláusula desse contrato, segundo a lei, o mesmo não era válido, porém, devido ao estado de natureza em que se encontravam, este contrato se tornara válido.
3- O direito de desistência poderia ser exercido?
Sim, para que um contrato verbal seja rescindido, basta seguir a mesma forma como foi firmado, ou seja, a forma verbal, bastando que uma das partes comunique a outra, verbalmente, a respeito de sua vontade de rescindir o contrato.
4- É possível ser imparcial ao julgar este caso?
A luz da lei sim, ser imparcial seria a maneira mais fácil de julgar o caso pois basta somente aplicar a lei ao fato. Porém a imparcialidade inibe a interpretação da lei, o que traria injustiça ao caso.
5- A sentença foi justa? 
Não, pois ao analisar os votos fica evidente que todos os juízes almejavam inocentar os acusados, o que só não ocorreu porque houve imparcialidade.
6- Eles formaram uma sociedade a parte?
Devido a situação em que se encontravam, eles foram forçados a formar uma sociedade a parte, o que, automaticamente os obrigou a formarem suas próprias leis.
7- Qual sua sentença?
Com base no Direito Brasileiro, presume-se que tais indivíduos conheciam o teor da lei e, ainda que não o conhecesse, a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro é expressa no sentido de que ninguém poderá alegar o desconhecimento do texto legal com o objetivo de escusar-se de seu cumprimento: "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece" - artigo 3.º. Mas, tratando-se de uma situação complexa e atípica restou-me analisar o caso em outra perspectiva, portanto, com alguns resquícios de jusnaturalismo apresentado pelo juiz Foster e pendendo para o senso comum utilizado pelo juiz Handy quero pontuar duas questões que impulsionaram meu voto.
Primeiramente, os exploradores jamais poderiam imaginar que tal situação lhes ocorreria e que teriam que tomar tal atitude afim de salvarem suas vidas, concordo portanto com o que disse Foster: “a conservação da vida apenas tornou-se possível pela privação da vida”, além da morte de um explorador, dez trabalhadores que trabalhavam na retirada dos destroços causados pelo desabamento das rochas morreram devido a um novo desmoronamento, sendo assim, se é justo que a vida de dez homens tenham sido sacrificados para salvar as cinco dos exploradores, não seria injusto o sacrifício de um explorador em prol da vida de outros quatro. Além disso, houve uma espécie de contrato firmado entre as partes sugerido pelo próprio Roger Wheatmore, consequentemente, a vítima deste caso. Os direitos naturais são inatos ao homem, portanto, ao serem sujeitados a tal situação os instintos mais profundos do homem vieram à tona, e matar um dos companheiros para salvar os outros foi necessário. Quando os exploradores perceberam que a situação em que viviam os levariam a morte certa, buscaram pela melhor solução, onde os danos seriam minimizados. A sorte foi lançada e poderia cair sobre qualquer um dos cinco ali presentes, portanto atino que foi um contrato válido. Com isso concluo o primeiro fundamento do meu voto.
O segundo vai mais além, este caso despertou um enorme interesse público dentro do país e no exterior, revistas e jornais publicaram artigos a seu respeito, uma pesquisa social foi feita onde apontam que noventa por cento da população defendem a ideia de que os acusados devem ser inocentados, portanto acho válido o senso comum se tratando de um caso atípico que dificilmente calhara novamente. O presente caso se enquadra na excludente de ilicitude que, segundo articula o Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). Os exploradores se encontravam em estado de necessidade, que segundo o Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
É evidente que os mesmos não praticaram tal ato por vontade própria, embora tenham selado um contrato verbal entre eles, foram impelidos por força maior a fim de se salvarem de perigo atual.
Nestas condições concluo que, os réus são inocentes do crime de homicídio contra Roger Whetmore.
REFERÊNCIAS
https://prccouto.jusbrasil.com.br/artigos/346307234/resumo-e-interpretacao-do-caso-do-exploradores-da-caverna
DEL2848compilado (planalto.gov.br)
O Caso dos Exploradores de Cavernas – Lon L. Fuller (jusbrasil.com.br)
FULLER, Lon. O Caso dos Exploradores de Cavernas. Tradução de Plauto Faraco de Azevedo. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 1993.

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