Buscar

chico

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A TEORIA DOS "IDOLOS". 
O conhecimento científico, para Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. A ciência antiga, de origem aristotélica, que se assemelha a um puro passatempo mental, é por ele criticada. A ciência deve restabelecer o império do homem sobre as coisas. 
No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos: 
A verdadeira filosofia não é, exclusivamente, a ciência das coisas divinas e humanas, não é a simples busca da verdade. É também algo de prático. Para se alcançar uma mentalidade científica, é necessário expurgar a mente de uma série de preconceitos ou ?ídolos?, de que enumera quatro classes: 
1) ÍDOLOS DA TRIBO, ou os inerentes à natureza humana, que se referem em particular ao hábito de esperar mais ordem nos fenómenos do que a que realmente pode ser encontrada; Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. São assim chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana. Astrologia, alquimia e cabala são exemplos dessas generalizações; 
2) ÍDOLOS DA CAVERNA, ou os preconceitos pessoais do próprio investigador; Resultam da própria educação e da pressão dos costumes. Há, obviamente, uma alusão à alegoria da caverna platónica; 
3) ÍDOLOS DA VIDA PÚBLICA, ou os que se relacionam à tirania das palavras e à influência dos hábitos verbais sobre a liberdade do espírito; Estes estão vinculados à linguagem e decorrem do mau uso que dela fazemos; 
4) ÍDOLOS DO TEATRO, ou os que dizem respeito ao pensamento tradicional e se referem sobretudo ao sistema aristotélico e à filosofia medieval. Decorrem da restrita subordinação à autoridade (por exemplo, a de Aristóteles). Os sistemas filosóficos careciam de demonstração, eram pura invenção como as peças de teatro. 
O MÉTODO 
O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os fenómenos naturais. Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico mas sim da observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos fenómenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenómenos. 
Para isso, no entanto, deve-se descrever de modo pormenorizado os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença (responsável pelo registo de presenças das formas que se investigam), a tábua de ausência (responsável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da comparação (responsável pelo registo das variações que as referidas formas manifestam). Com isso, seria possível eliminar causas que não se relacionam com o efeito ou com o fenómeno analisado e, pelo registo da presença e variações seria possível chegar à verdadeira causa de um fenómeno. Estas tábuas não apenas dão suporte ao método indutivo mas fazem uma distinção entre a experiência vaga (noções recolhidas ao acaso) e a experiência escriturada (observação metódica e passível de verificações empíricas). Mesmo que a indução fosse conhecida dos antigos, é com Bacon que ela ganha amplitude e eficácia. 
O método, no entanto, possui pelo menos duas falhas importantes. Em primeiro lugar, Bacon não dá muito valor à hipótese. De acordo com seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas três tábuas acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre. Em segundo lugar, Bacon não imaginou a importância da dedução matemática para o avanço das ciências. A origem para isso, talvez, foi o fato de ter estudado em Cambridge, reduto platónico que costumava ligar a matemática ao uso que dela fizera Platão. 
O método de Bacon visa a apresentar uma nova maneira de estudar os fenómenos. A descoberta de fatos verdadeiros não depende de esforços puramente mentais, mas sim da observação, da experimentação guiada pelo raciocínio indutivo. 
Pela concordância e concomitante variação dos fenómenos observados, pode-se chegar ao conhecimento da verdadeira causa que os determina. O filósofo aconselha para isso que, descritos os fatos, sejam colocados numa tábua os exemplos de ocorrência do fenómeno e, em outra, os de sua ausência. Por esse processo eliminam-se as várias causas que não se relacionam ao efeito ou fenómeno estudado. Numa terceira tábua regista-se a variação de sua intensidade. Seriam assim eliminadas as causas não pertinentes e se chegaria, pelo registo da presença e das variações, à verdadeira causa.
O método de Bacon
Se os filósofos antigos estavam certos em colocar a natureza como ponto central em suas preocupações teóricas, segundo Bacon, eles falharam por não terem aplicado um método adequado que os possibilitasse a construção de um conhecimento mais sólido do que o conhecimento que a mente humana, em suas palavras, “errática” e “desordenada”, era capaz de construir por si mesma. A mente humana só pode ser ordenada por um conjunto de regras e, apenas após essa ordenação, é que podemos obter conhecimento.
O método que Bacon elaborou partiu da crítica do método de indução “vulgar” que, segundo ele, fora desenvolvido por Aristóteles. Nessa forma de indução, também conhecida como indução enumerativa, uma conclusão era elaborada a partir de um exemplo particular e aplicada de forma geral a outros casos.
Embora entre o método indutivo de Bacon, ao qual ele se refere como “indução eliminativa”, e a indução enumerativa possa haver pontos em comum, as diferenças são mais relevantes — “infinitas”, em suas palavras.
A primeira diferença é que Bacon pretendia com seu método examinar as coisas a partir de muitos exemplos e considerando os casos em que a conclusão não comprovaria a hipótese.
A segunda diferença é que, pelo seu método, Bacon não passaria com tanta pressa do particular para o geral, buscando uma ordenação entre aquilo que formulou a partir dos dados dos sentidos. O progresso do particular ao geral seria metódico e seguro para não correr riscos de afirmar proposições que não poderiam ser consideradas válidas depois de um exame mais atento.
Por fim, a indução eliminativa procura por causas e, assim, por meio dela, pode-se demonstrar alguma teoria e descobrir novas. A indução enumerativa, não, justamente por tirar conclusões sem analisar os fatos de forma segura.
Classificando o conhecimento
Bacon dividia o conhecimento em duas categorias: o conhecimento divino e o conhecimento humano. Para ele, o conhecimento divino, seria a natureza a qual é a obra de Deus. Quanto ao conhecimento humano seria tudo aquilo que o ser humano compreende a partir de suas ações. A partir desta duas divisões, Bacon procurava construir uma história da evolução do conhecimento divino e humano em seu livro The Proficience and Advancement of Learning Divine and Humane (conhecido no Brasil em algumas edições, como O progresso do conhecimento). Nessa sua obra datada de 1605, perfaz uma ampliação do trabalho em Advancement of Learning. E nesse novo trabalho ele não só  procurou falar sobre o progresso do conhecimento, mas também explicar sua metodologia para se estudar as ciências. Como o livro e vasto, não irei me prender a muitos detalhes a cerca deste. Então irei extrairalguns pontos que achei importante.
"Bacon propôs (...) um método investigativo fundamentado em observação, descrição, classificação, comparação, eliminação e, só então, dedução das possíveis causas de um fenômeno. Em síntese, tratava-se do empirismo". (BBC, 2009, p. 72).
Basicamente a metodologia de Bacon se dividia na seguinte forma:
"A teoria daindução, tal como exposta no Novum Organum, distingue inicialmente experiência vagae experiência escriturada. A primeira compreende o conjunto de noções recolhidas pelo observador quando opera ao acaso. A segunda abrange o conjunto de noções acumuladas pelo investigador quando, tendo sido posto de sobreaviso por determinado motivo, observa metodicamente e faz experimentos e o ponto de partida para a constituição das tábuas da investigação, núcleo de todo método baconiano". (BACON; ANDRADE, 1999, p. 14).
Para explicar sua metodologia de pesquisa e análise, Bacon criou o conceito de tábuas da investigação, as quais consistem em parâmetros para guiar o pesquisador em suas eventuais pesquisas. Ele dividia este conceito em três tábuas: 
"A primeira tábua de investigação é a de presença ou afirmação. Nela são colocadas todas as instâncias de um fenômeno que concordem por apresentar as mesmas características. Se o problema investigado for, por exemplo, o calor, é necessário estudar os casos em que ele se apresenta, como a luz do sol, as labaredas do fogo, a temperatura do sangue humano, e assim por diante". (BACON; ANDRADE, 1999, p. 14).
"Para Bacon, a verificação das ocorrências positivas de um fenômeno não, é contudo, suficiente para fornecer seu perfeito conhecimento. Impõe-se verificar também aqueles casos em que o fenômeno não ocorre. Constrói-se, assim, a tábua das ausências ou da negação. Assim, em relação ao calor, seria necessário conhecer e atentar para fenômenos como o dos raios de luar ou o do sangue frio e animais mortos". (BACON; ANDRADE, 1999, p. 14).
"A terceira tábua é das graduações ou comparações, que consiste na anotação dos diferentes graus de variação ocorridos no fenômeno em questão, a fim de se descobrirem possíveis correlações entre as modificações". (BACON; ANDRADE, 1999, p. 14).
Em essência o Empirismo foca a experimentação dos fenômenos como forma de comprová-los. Algo diferente da filosofia de Aristóteles, na qual Bacon dizia focar a contemplação, e não se importar muito em se analisar aquele fato mediante a experiências. Isso é um dos motivos no qual ele diz que os antigos não faziam ciência. Todavia, Bacon não criou o Empirismo, o mesmo já era concebido por alguns filósofos gregos na Antiguidade, no entanto, fora ele que criou a metodologia de estudo que respaldava o Empirismo. 
"O principal mérito do método empírico é o de assinalar com vigor a importância da experiência na origem dos nossos conhecimentos. Os empiristas de um modo geral têm razão ao afirmar que não existem ideias inatas, e de que antes da experiência não há e nem pode haver conhecimento algum sobre o mundo exterior". (OLIVEIRA, 1997, p. 53).
Mas se por um lado, Bacon visava a experimentação em sua metodologia da ciência, como forma de se provar os fatos, os fenômenos, ele chegou ao ponto de se tornar controverso aos cientistas de hoje. Como eu havia dito anteriormente, ele classificava o conhecimento em divino e humano, e sobre tal ideia se perfaz uma forte influência religiosa em sua vida e em seu trabalho.
"Quando Bacon propôs o Novum Organum, ele teve que enfrentar dois problemas fundamentais herdados da tradição. Por um lado, entender como o homem pôde reconquistar o domínio sobre a interdição que pesa sobre o conhecimento da natureza". (ZATERKA, 2004, p. 94).
Para ele, o homem quando caiu no Pecado Original, tentou se aproximar de Deus, mediante ao descobrir o conhecimento do bem e do mal, e por isso fora punido por sua curiosidade. Entretanto, Bacon dizia que mesmo tendo saído do "paraíso" os homens deveriam buscar a ciência, o conhecimento como forma de se reaproximarem de Deus. Algo que ele defendia ser como o principal objetivo da ciência. Em tese, Francis Bacon procurava uma união entre religião e ciência, não as separando como costumamos ver, mas como ambas sendo caminhos diferentes para se chegar ao "conhecimento divino", a Deus.
"O verdadeiro fim do conhecimento é a restituição e a restauração (em grande parte) do homem à soberania e ao poder que ele tinha no primeiro estágio da criação (porque quando ele for capaz de chamar as criaturas pelos seus verdadeiros nomes, poderá novamente comandá-las). Para falar com clareza e simplicidade, esse fim consiste na descoberta de todas as operações e possibilidades de operação: desde a imortalidade (se é possível) até a mais desprezada arte mecânica". (citação de F. Bacon de seu livro Advancement of Learning, p. 222) (ZATERKA, 2004, p. 98).
Nas obras de Bacon é recorrente a utilização de citações bíblicas, além da figura de algumas personagens bíblicas em seus trabalhos, servindo como exemplos a suas ideias. Porém se para ele o conhecimento humano era imperfeito e deveria ser corrigido para se chegar o mais perto possível do conhecimento divino, o autor se questionava o porque dessa dificuldade de se chegar a tal expectativa. Sendo assim, nas citações a seguir, o autor dera algumas ideias a respeito dessa dificuldade de se conseguir alcançar o conhecimento pleno.
"A primeira, que não situemos nossa felicidade no conhecimento a ponto de esquecer nossa mortalidade. A segunda, que apliquemos nosso conhecimento de modo que nos dê repouso e contentamento, e não inquietude ou insatisfação. A terceira, que não tenhamos a presunção de, pela contemplação da natureza, alcançar os mistérios de Deus". (BACON, 2007, p. 22).
"E pelo contrário, quase não há exemplo que contradiga o princípio de que nunca houve governo desastroso que estivesse em mãos de governantes doutos". (BACON, 2007, p. 28).
Na citação acima, expele a clássica visão do empirismo. Os governantes doutos que não souberam governar bem, é porque por mais que possuíssem o conhecimento, não souberam utilizá-lo de forma adequada. Eles ficaram na contemplação e não puseram em prática seus saberes.
"E quanto à ideia de que o saber inclina os homens ao ócio e ao retiro, e os torna preguiçosos, seria estranho que aquilo que acostuma a mente a movimento e agitação perpétuos induzisse á preguiça; enquanto, ao contrário, pode-se afirmar sem faltar à verdade que nenhum tipo de homem ama a atividade por si mesma, a não ser os doutos; pois os outros a amam por lucro, como o empregado que ama o trabalho pelo salário". (BACON, 2007, p. 31).
"O ócio é um pecado, temos que trabalhar para produzir obras úteis à sociedade humana e, assim, controlar a natureza. Este poder sobre a natureza não pode ser desprovido, no interior do ethosprotestante, de valores morais. Bacon não propõe o poder pelo poder e sim um poder que tem como guia as verdades da religião". (ZATERKA, 2004, p. 98).
Para Bacon, os sentimentos eram uma faca de dois gumes. Por um lado eles poderiam despertar o interesse dos homens pelo conhecimento, mas por outro eles poderiam subtrair este interesse, ou levá-lo motivado por certas ambições. Ele dizia que quando se segue o caminho da ciência, você só pode se tornar duas coisas: ou você se faz um ateu por descrer dos feitos de Deus, ou você se faz um crente ainda mais convencido, por ver que a ciência revela os mistérios de Deus. (isso seria um bom tema para um debate a cerca de religião x ciência. Quem estiver com interesse, sugiro estudar mais a ideologia baconiana na filosofia e na ciência).
Se pelo relato acima já se deu para entender um pouco da visão filosófica de Bacon, agora irei me reter mais a sua visão de ciência, a qual sofre grande influência do que já fora visto anteriormente.
A divisão científica do conhecimento
"[Bacon] não abordava temas sobre os quais já se sabia, mas sim aquilo que não era suficiente conhecido". (SERJEANTSON, 2009, p. 73).
Antes de eu começar a falar da visão de ciência para Bacon, devo deixar claro que para ele a ciência fazia parte da filosofia, pois em sua época, o conceito de filosofia era bem mais abrangente do que costumamos usar hoje em dia. De fato, a ciência, as artes, a história e outros saberes, eram encarados como parte da filosofia. Porém Bacon, via a filosofia de três formas distintas: Divina,Naturale Humana. Sendo que a ciência, a qual ele chama de Ciência Natural ou Teoria Natural, pertencia a categoria da Filosofia Natural. Não obstante, mais a frente, também falarei da classificação da História.
"Em Filosofia, pode ocorrer que a contemplação do homem esteja dirigida a Deus, ou se estenda sobre a Natureza, ou se reflita e se volte sobre o próprio Homem. A partir de diversas indagações, emergem três conhecimentos: filosofia Divina, filosofia Natural e filosofia Humana ou Humanidade. Pois todas as coisas estão marcadas e estampadas com este caráter tríplice: o poder de Deus, a diferença da natureza e a utilidade do homem". (BACON, 2007, p. 136).
Deste ponto, Bacon define o objeto de estudo de cada filosofia como sendo:
Filosofia Divina ou Teologia Natural: Visa compreender a essência de Deus e sua obra no mundo.
Filosofia Natural: Procura entender os mistérios da natureza física e metafísica.
Filosofia Humana: Estuda a natureza do homem e seu espírito.
Definido os interesses de cada uma das três classificações da filosofia dada por Bacon, irei me restringir a falar um pouco da filosofia Natural. Bacon dividia a filosofia Natural e duas partes: Inquisição de Causas e a Produção de efeitos, ou Especulativo e Operativo, ou Ciência Natural e Providência Natural (uma das dificuldades de se estudar o trabalho de Bacon, é que ele utilizava muitas nomenclaturas para se referir a conceitos iguais).
Quanto a Ciência Natural ou Teoria Natural, Bacon a dividia em duas categorias: Física e Metafisica, como já fora apontado anteriormente. Entretanto ele dizia que o sentido de metafísica dele não era igual ao que geralmente concebia-se em seu tempo.
"A Física (entendida esta palavra segundo sua etimologia e não como nome que damos à Medicina) se situa num termo ou distância média entre História Natural e Metafísica. Pois a História Natural descreve a variedade das coisas, a Física, as causas fixas e constantes". (BACON, 2007, p. 146).
Nesse ponto dá para se ver que a física procura responder as causas, a analisar, experimentar os fatos e se chegar a conclusões. Sobre isso, Bacon diz o seguinte:
"A Física tem três partes, das quais duas se referem à natureza unida ou recolhida e a terceira estuda a natureza difusa ou distribuída. [...]. De modo que a primeira doutrina é relativa à Contextura ou Configuração das coisas: de mundo, de universitate retrum [sobre o mundo, sobre a totalidade das coisas]. A segunda é a doutrina referente aos Principios ou Origens das coisas. A terceira é a doutrina referente a toda Variedade e Particularidade das coisas, quer se trate de suas diferentes substâncias, ou de suas diferentes qualidades e naturezas". (BACON, 2007, p. 147).
Visto isso creio quem fica claro o que seria física para a Ciência Natural de Bacon. Agora passemos para a descrição da metafisica.
"Quanto à Metafísica, lhe atribuímos a indagação das Causas Formal e Final". (Bacon, 2007, p. 147).
Causa Formal: Procura compreender as formas dos elementos da natureza. Nesse ponto o sentido de forma que Bacon dá é bem subjetivo. Ele não procura somente entender a forma física, mas, sim compreender o significado daquela forma. Como exemplo, ele dá o exemplo da brancura da neve, a qual ele se questiona porque a neve é branca? São estes tipos de pergunta que ele atribui sendo a Causa Formal.
Causa Final: A causa final seria a questão do porque serve as coisas, e qual é o seu propósito. Então ele se perguntava, porque existe as nuvens? Será que elas servem somente para fazer chover? Ou que as folhas das árvores sirvam só para proteger os frutos? Ou porque a terra seja sólida para poder sustentar o que se encontra acima desta? São tais perguntas que para nós podem parecer banais, mas, ele dizia que desde a Antiguidade os homens procuravam tais respostas.
"A inseparabilidade entre a forma e o corpo aproxima Bacon de Aristóteles, na medida em que toda forma é forma de uma matéria. Todavia, a forma baconiana é também a lei interna e a organização interna de um corpo. Assim, a forma baconiana é um arranjo invisível que explica as propriedades fundamentais ou naturezas de um fenômeno, que somente pode ser alcançada pela verdadeira indução baconiana". (ZATERKA, 2003, p. 111).
Sendo assim, Bacon definia os objetivos da metafísica. Entretanto devo ressalvar que existe outros objetivos, mas, estes são bem mais complexos de se entender, e não irei falar destes aqui. No entanto antes de concluir esta parte sobre a concepção de ciência dele, devo dizer que para ele a Matemática estaria ligada não a física, mas sim a metafísica. Já que para ele a Matemática visava a quantidade, então isso é algo que ele concebe como sendo próprio da metafísica, quantificar. Porém, ele não descartava o uso da matemática em outras ciências, como geografia, arquitetura, engenharia, astronomia, etc.
Quanto a questão da Prudência Natural, a qual perfaz a segunda parte da Filosofia Natural, irei deixá-la de fora, devido a esta ter um enfoque mais filosófico no sentido da palavra mesmo. Porém para encerrar este longo artigo irei falar um pouco da visão de História de Bacon, e para encerrar falarei de algumas pessoas que foram influenciadas por suas ideias.
A classificação da História
Além da divisão do conhecimento já vista anteriormente, ele também possui a outra forma de conceber esta divisão:
História - Memória
Poesia - Imaginação
Filosofia - Razão
Sendo assim, a História não seria uma arte, como ele dizia e também não seria uma ciência, ela seria a representação da memória, nesse sentido, relatar os fatos. Já a poesia e as demais artes, fariam parte da imaginação. E por fim a filosofia seria a personificação da razão, por isso da ciência esta munida da filosofia.
Quanto a classificação da História ele a definia desta forma:
História Natural: Estuda a natureza e as artes. Sendo classificada em: História das Criaturas (natureza), das Maravilhas (lendas e mitos) e das Artes.
História Civil: Estuda a história dos homens. Sendo classificada em: Memoriais (comentários, registros. História inacabada), Histórias Completas e Antiguidades(vestígios do passado).
História Eclesiástica: Estuda a história sacra. Sendo dividida em: História da Igreja, dasProfecias e da Providência.
História Literária: Por mas que se utilize a narração para relatar a história, Bacon não considera muito esta quarta classificação.
Além destas três principais classificações, já que a quarta ele não considera tanto, existe uma gama de outras divisões. Porém não irei entrar nessas divisões, já que o objetivo não é esse.
Como fora visto inicialmente, a grande contribuição de Bacon para a ciência fora a criação de seu método científico que visava a experimentação. Tal método influenciou, homens tais como: Galileu Galilei, Isaac Newton, Robert Boyle, Giambattista Vico, John Locke, Thomas Hobbes, David Hume, Denis Diderot, etc. Mas, além da sua contribuição do método empírico, Bacon também contribuiu no campo da filosofia, com a sua teoria da matéria, das formas, do espírito e da natureza. Além da suas ideias de se romper com a filosofia e a ciência antiga, já que para ele estas estavam fadadas a alguns enganos, de fato, a grande obra de Giambattista Vico fora Scienza Nuova (Ciência Nova), em referência a tentar explicar essa nova ideia que se tinha acerca da "ciência moderna". 
PRINCIPAIS OBRAS FILOSÓFICAS 
As obras filosóficas mais importantes de Bacon são Instauratio magna (Grande restauração) e Novum organum. Nesta última, Bacon apresenta e descreve seu método para as ciências. Este novo método deverá substituir o Organon aristotélico. 
Seus escritos no âmbito filosófico podem ser agrupados do seguinte modo: 
1) Escritos que faziam parte da Instauratio magna e que foram ou superados ou postos de lado, como: De interpretatione naturae (Da interpretação da natureza), Inquisitio de motu (Pesquisas sobre o movimento), Historia naturalis (História natural), onde tenta aplicar seu método pela primeira vez; 
2) Escritosrelacionados com a Instauratio magna, mas não incluídos em seu plano original. O escrito mais importante é New Atlantis (Nova Atlântida), onde Bacon apresenta uma concepção do Estado ideal regulado por idéias de caráter científico. Além deste, destacam-se Cogitationes de natura rerum (Reflexões sobre a natureza das coisas) e De fluxu et refluxu (Das marés); 
3) Instauratio magna, onde Bacon procura desenvolver o seu pensamento filosófico-científico e que consta de seis partes: (a) Partitiones scientiarum (Classificação das ciências), sistematização do conjunto do saber humano, de acordo com as faculdades que o produzem; (b) Novum organum sive Indicia de interpretatione naturae (Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza), exposição do método indutivo, trabalho esse que reformula e repete o Novum organum; (c) Phaenomena universi sive Historia naturalis et experimentalis ad condendam philosophiam (Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia), versa sobre a coleta de dados empíricos; (d) Scala intellectus, sive Filum labyrinthi (Escala do entendimento ou O Fio do labirinto), contém exemplos de investigação conduzida de acordo com o novo método; (e) Prodromi sive Antecipationes philosophiae secundae (Introdução ou Antecipações à filosofia segunda), onde faz considerações à margem do novo método, visando mostrar o avanço por ele permitido; (f) Philosophia secunda, sive Scientia activa (Filosofia segunda ou Ciência ativa), seria o resultado final, oragnizado em um sistema de axiomas.

Continue navegando