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FACULDADE SATC JOÃO VITOR SEVERO SANTOS ASPECTOS DA GESTÃO DE DESIGN EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO DE CASO FACULDADE SATC Criciúma Dezembro – 2014 JOÃO VITOR SEVERO SANTOS ASPECTOS DA GESTÃO DE DESIGN EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO DE CASO FACULDADE SATC Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em design Gráfico da Faculdade SATC, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em design Gráfico. Orientador: Prof. Jan Raphael Reuter Braun, Me. Criciúma Dezembro – 2014 JOÃO VITOR SEVERO SANTOS ASPECTOS DA GESTÃO DE DESIGN EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR: ESTUDO DE CASO FACULDADE SATC Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em design Gráfico da Faculdade SATC, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em design Gráfico. Criciúma, 3 de dezembro de 2014. __________________________________________________ Prof. Jan Raphael Reuter Braun, Mestre. Faculdade SATC __________________________________________________ Prof. Diego Piovesan Medeiros, Mestre. Faculdade SATC __________________________________________________ Prof. Gutemberg Alves Geraldes, Doutor. Faculdade SATC Dedico este trabalho à minha família, à minha namorada e a todos os meus amigos. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha família, que sempre me apoiou em todas as minhas escolhas e que não mediram esforços para que eu pudesse concluir esse trabalho. Agradeço à Beatriz Albuquerque, minha namorada, amiga e parceira nesta importante etapa, por toda a ajuda, carinho, atenção e companheirismo. Aos meus colegas e amigos que fizeram parte dessa caminhada, por todos os momentos e experiências vividas. Em especial, agradeço aos meus amigos Caroline, Dionata, Felipe, Filipe, Naira, Welliton e Willian, por toda a vivência durante estes quatro anos. Ao meu professor e orientador, Jan Braun, pelo empenho, incentivo, confiança e paciência para o desenvolvimento deste trabalho. Agradeço ao corpo docente e colaboradores da Faculdade SATC pela oportunidade oferecida. Agradeço ao pessoal da agência Mattiz, Pedro e Dani, por todo o apoio e por todas as experiências trocadas. Enfim, gostaria de agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para a conclusão deste projeto. “Seu tempo é limitado, então não percam tempo vivendo a vida de outro. Não sejam aprisionados pelo dogma – que é viver com os resultados do pensamento de outras pessoas. Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior. E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar. Tudo o mais é secundário.” (Steve Jobs, 2005) RESUMO O presente trabalho tem como objetivo identificar como a gestão de design é compreendida em uma instituição de ensino superior, um estudo de caso da Faculdade SATC – Criciúma. Para tanto, foram estudados os temas de gestão e design, bem como a gestão de design. Além de estudar dois modelos de gestão de design, de Mozota (2011) e de Martins e Merino (2011) para servirem como referencial teórico para a análise dos resultados obtidos pelas entrevistas realizadas com os principais responsáveis pelas ações estratégicas, táticas e operacionais da faculdade. A partir dos resultados obtidos, foi possível analisá- los e discuti-los a fim de alcançar o objetivo proposto. Palavras-chave: gestão de design; design estratégico; planejamento estratégico. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Hierarquia da atividade da Gestão de design. ........ 25 Figura 2 – design Management Staircase. .............................. 29 Figura 3 - Linha do tempo do design. ...................................... 33 Figura 4 – Posicionamento de design, gestão e estratégia. .... 35 Figura 5 - Disco Integrador da gestão de design – aplicação estratégica. .............................................................................. 42 Figura 6 - Fachada da Instituição SATC. ................................. 57 Figura 7 - Campus da Instituição SATC .................................. 58 Figura 8 - Organograma da Instituição SATC .......................... 61 Figura 9 - Organograma Faculdade SATC. ............................. 62 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Os 3 níveis da gestão de design. ........................... 29 Tabela 2 - Processo criativo do design. .................................. 37 Tabela 3 - Níveis da gestão de design.................................... 39 Tabela 4 - O processo de estratégia. ...................................... 40 Tabela 5 - Níveis das ações de design como estratégia nas organizações. ......................................................................... 44 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 1.1 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES ............................. 12 1.2 ORGANIZAÇÃO .............................................................. 13 1.3 OBJETIVO GERAL .......................................................... 14 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................ 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15 2.1 DESIGN ........................................................................... 15 2.1.1 Conceitos ..................................................................... 15 2.2 GESTÃO .......................................................................... 18 2.2.1 Conceitos ..................................................................... 19 2.3 GESTÃO DE DESIGN ..................................................... 20 2.3.1 Histórico da Gestão de design ................................... 20 2.3.2 Conceitos e aplicações da gestão de design ........... 21 2.3.3 Níveis da gestão de design ........................................ 27 2.3.3.1 Nível estratégico da gestão de design ........................ 32 2.3.3.2 Nível tático da gestão de design ................................. 35 2.3.3.3 Nível operacional da gestão de design ....................... 36 2.3.4 Modelos de gestão de design .................................... 37 2.3.4.1 Modelo de Mozota ...................................................... 38 2.3.4.2 Modelo de Martins e Merino ........................................ 41 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 46 3.1 CLASSIFICAÇÃO ............................................................ 46 3.2 COLETA DE DADOS ....................................................... 48 3.2.1 Procedimentos para a coleta de dados ..................... 49 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 56 4.1 FACULDADE SATC ......................................................... 56 4.1.1 Histórico .......................................................................56 4.1.1 Missão, visão e valores ............................................... 59 4.1.2 Estrutura Organizacional ............................................ 60 4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................ 62 4.2.1 Nível estratégico .......................................................... 63 4.2.2 Nível tático ................................................................... 67 4.2.3 Nível operacional ......................................................... 68 4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................. 72 4.3.1 Nível estratégico .......................................................... 72 4.3.2 Nível tático ................................................................... 75 4.3.3 Nível operacional ......................................................... 78 5 CONCLUSÃO 82 REFERÊNCIAS 85 APÊNDICES 90 APÊNDICE A – ENTREVISTA REALIZADA COM O DIRETOR GERAL DA FACULDADE SATC 91 APÊNDICE B – ENTREVISTA REALIZADA COM O COORDENADOR DE ENSINO DA FACULDADE SATC 108 APÊNDICE C – ENTREVISTA REALIZADA COM A COORDENADORA ACADÊMICA DA FACULDADE SATC 119 APÊNDICE D – ENTREVISTA REALIZADA COM A COORDENADORA DE MARKETING DA FACULDADE SATC 131 APÊNDICE E – ENTREVISTA REALIZADA COM O ANALISTA WEB DO PORTAL DE NOTÍCIAS DA FACULDADE SATC 145 11 1 INTRODUÇÃO Diante de uma constante abertura econômica e um ambiente competitivo, as empresas sentem cada vez mais a necessidade de diferenciação perante aos seus concorrentes. Uma das formas de realizar esse objetivo se dá por meio da inovação, que quando bem alinhada e difundida no meio estrutural de uma empresa, pode aliar as estratégias administrativas e o design a fim de elevar o nível de competitividade e eficiência dos produtos e serviços oferecidos. Segundo Martins e Merino (2011), preço, qualidade e design inovador são importantes fatores para a conquista de novos mercados. Estratégia esta que está sendo incorporada por um número cada vez maior de empresas por meio da gestão de design. Dessa mesma maneira, instituições de ensino também participam de um competitivo mercado e necessitam da utilização do design como uma ferramenta que potencialize os resultados de todos os setores. Em contrapartida, observa-se que, na realidade, é cada vez mais comum deparar-se com instituições que não aplicam um processo de gestão e realizam apenas métodos tradicionais de administração. Conforme elucida Mozota (2011), a gestão de design é vista de uma perspectiva gerencial, que está diretamente relacionada ao processo de mudança de um modelo de administração taylorista, hierárquico, para um modelo organizacional plano e flexível, que apoia a iniciativa individual, a independência e a tomada de riscos. Diante deste contexto foi definida a questão norteadora desta pesquisa: como a gestão de design é compreendida na instituição de ensino superior Faculdade SATC? Para responder a indagação, este trabalho busca analisar a atual estrutura e gestão da faculdade por meio de 12 entrevistas realizadas com os principais colaboradores da instituição. A presente pesquisa poderá compreender e apontar características a respeito das estruturas organizacionais e a participação do design nesse meio, podendo assim, serem adaptadas ou melhoradas, a fim de proporcionar informações que auxiliem a pesquisa a alcançar o objetivo proposto. 1.1 JUSTIFICATIVA E CONTRIBUIÇÕES A gestão de design é abordada de um ponto de vista gerencial que está diretamente relacionado ao modelo de administração de uma empresa, porém, essa visão ainda é relativamente nova em empresas brasileiras, o que torna o mercado regional defasado em questões competitivas. Conforme aponta o IMD World Competitiveness Yearbook 20141 o Brasil é o 54º colocado em crescimento competitivo, num ranking de 60 economias, tendo decaído três posições em relação ao ano anterior. Martins e Merino (2011) observam que algum dos indicadores deste ranking podem ser afetados pelo investimento em uma gestão focada em inovação competitiva por meio do design. Mozota (2011) afirma que este novo modelo está baseado em conceitos ligados à gestão orientada ao cliente, à gestão baseada em projetos e à gestão da qualidade total, sendo que todas lidam com o design, muito diferente do modelo tradicional utilizado por grande parte das empresas nacionais. Entretanto, Earl Powell (apud MOZOTA, 2011, p.92), presidente do design Management Institute Boston (DMI), 1 Disponível em: http://www.imd.org/uupload/IMD.WebSite/wcc/WCYResults/1/scoreboard _2014.pdf. Acesso em: 06 nov. 2014. 13 explica que a instituição vê um futuro em que a gestão de design será cada vez mais importante, à medida que as empresas entendam a importância do design na inovação e como poderoso recurso para construção de vantagens competitivas sustentáveis. Desse modo, o presente estudo revela-se importante para o meio acadêmico de design, auxiliando não só futuros trabalhos que venham abordar o tema de gestão de design, mas também a própria instituição de ensino, estudando seus aspectos organizacionais do ponto de vista da gestão de design, baseado em modelos desenvolvidos por autores consagrados. Assim, analisaram-se os pontos acerca da sua compreensão sobre a gestão de design. 1.2 ORGANIZAÇÃO Para uma melhor compreensão das características do processo de gestão de design, esta monografia foi dividida em 4 capítulos: Primeiro Capítulo: expõe uma introdução geral acerca do tema a ser estudado e os objetivos propostos. Segundo Capítulo: apresenta a fundamentação teórica referente aos temas de design, gestão e gestão de design. Ainda cita dois modelos de gestão de design de Mozota (2011) e Martins e Merino (2011) que serviram como base teórica para a realização da pesquisa. Terceiro Capítulo: os procedimentos metodológicos utilizados para nortear a proposta de pesquisa. Quarto Capítulo: apresenta as análises a respeito dos resultados obtidos com as entrevistas realizadas. Quinto Capítulo: apresenta conclusão da pesquisa e seus possíveis pontos de continuidade de pesquisa do projeto. 14 1.3 OBJETIVO GERAL Identificar como a gestão de design é compreendida na instituição de ensino superior Faculdade SATC. 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Estudar a gestão de design - Identificar e descrever modelos de gestão de design - Identificar os responsáveis pelas ações estratégicas, táticas e operacionais da Faculdade SATC e questioná-los quanto a gestão de design. - Apresentar os resultados encontrados nas entrevistas. - Analisar e discutir os resultados obtidos por meio das entrevistas e pesquisas. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo são apresentados conceitos acerca do tema desta pesquisa a fim de fundamentar os objetivos propostos. Para isso, buscou-se estudar design e gestão, e consequentemente suas relações por meio da gestão de design e ainda compreender a sua aplicação em instituições de ensino. 2.1 DESIGN Este tópico trata da fundamentação teórica do design, que se mostra essencial para a realização deste trabalho, tendo relação direta com seu objetivo. Portanto, faz-se necessário conceituá-lo e entender suas definições e aplicações. 2.1.1 Conceitos A palavra design possui uma grande variedade de significados, mas, para melhorentendimento, é preciso antes analisar sua etimologia. No sentido verbal, design deriva do latim designare, que pode ser entendido como designar ou desenhar. Mas dependendo do contexto em que está aplicado pode ter o sentido de planejar, designar, desenvolver, representar, projetar. Em inglês, a palavra manteve esse duplo significado, que é de onde vem a representação da atividade. Logo, pode-se entender a palavra design como: design = intenção + desenho. Essa equação associa o design tanto como uma intenção ou um plano, quanto um desenho ou esboço. No entanto, a maior parte das definições define o design como uma atividade que une esses dois níveis e que gera projetos. (CARDOSO, 2008; MOZOTA, 2011). Conforme apresenta Strunck (2007), sintetizar o significado real do design não é uma tarefa simples, haja vista 16 que a profissão tem como matéria-prima a informação e a capacidade de estar presente em diversos tipos de negócios e relações humanas. Até mesmo porque, apesar de o termo não ser traduzido de forma exata para o idioma português, o design possui a missão de se relacionar à concepção, à criação de conceitos que sirvam como facilitadores para a comunicação, sem esquecer do fator estético atrelado à função. Neste sentido, Bernardes e Kauling (2010) acrescentam que o design não deve ser reconhecido somente pela estética, pois alguns dos maiores benefícios do design têm sido vinculados à obtenção de melhores soluções para ambientes de trabalho ou produção, no atendimento a clientes, na melhoria do fluxo de pessoas e recursos, na sinalização eficiente de espaços, além de contribuir para o aperfeiçoamento da filosofia da empresa junto à redução de custos. Para Martins (2004), o design se apresenta como uma atividade voltada para a resolução de problemas, sendo que seu objetivo consiste em analisar a coerência do sistema de objetos, criando espaços, marcas e objetos para as necessidades específicas de cada projeto, seguindo, assim, um processo lógico, aliado ao equilíbrio entre fatores tecnológicos e ergonômicos, da produção e do mercado em que está inserido. Ainda, Ambrose e Harris (2011) defendem que o design é um processo que transforma uma solicitação em um produto pronto, sendo dividido por etapas, que exigem um pensamento criativo focado no usuário. Entretanto, embora a criatividade seja importante, o design pode atender tanto objetivos criativos, quanto econômicos, considerando que busca satisfazer todos os pontos de um problema, a partir da utilização de técnicas e mecanismos que estimulam a criatividade e a inovação. 17 Desta forma, percebe-se que o design está presente de forma tangível e intangível na vida das pessoas, nos serviços, produtos e processos cotidianos que fazem parte das relações interdisciplinares com a sociedade. Segundo a autora, o modo como as relações entre pessoas, equipes, processos e produtos são organizadas a fim de gerar uma experiência positiva faz parte da responsabilidade do design (BEST, 2012). O International Council of Communication Design - ICOGRADA2 define a profissão do design como uma atividade intelectual, técnica e criativa capaz de, além da produção de imagens, com análise e organização criar soluções visuais para problemas comunicacionais. Para a International Council of Societies of Industrial Design – ICSID3, conselho que reúne profissionais de design de todo o mundo, o design é uma atividade criativa que pretende consolidar as qualidades de um objeto, processo ou serviço. E que, consequentemente, se torna o fator principal na humanização e inovação das tecnologias, exercendo papel importante na mudança cultural e econômica. O ICSID ainda cita que o design tem como tarefa promover a sustentabilidade global e a proteção ambiental de forma ética, proporcionar liberdade à diversidade cultural ao redor do mundo e também fornecer produtos, serviços e sistemas de modo organizado e coerente. Escorel (2004) salienta, por fim, que se não podemos considerar design como ciência, nem como arte ou artesanato e nem como uma ferramenta de vendas, devemos considerá-lo como uma linguagem, cujo objetivo é multiplicar algo original, por meio da sua reprodução. E, assim, como toda linguagem, 2 Disponível em: http://www.icograda.org/about/about.htm. Acesso em: 01 set.2014 3 Disponível em: http://www.icsid.org/about/about/articles33.htm. Acesso em: 01 set. 2014. 18 também possui maneiras de articulação, sendo associado aos aspectos formais e simbólicos do produto. Neste ambiente teórico, observa-se o design como parâmetro estratégico, que também detém como foco o desempenho, e não somente o estilo e a estética. Portanto, sendo diretamente ligado à gestão e reorganização da cadeia de informações essenciais para uma empresa, além de projetar novos rumos, aperfeiçoar produtos e serviços inovadores e otimizar as atividades que apoiam funcionários e parceiros a trabalhar em constante evolução. (NEUMEIER, 2008). 2.2 GESTÃO Nos últimos tempos, as organizações empresariais enfrentaram um acelerado processo de concorrência a níveis nacionais e internacionais, causado pelos investimentos em aquisições de empresas, fusões e incorporações. Nesse contexto, as empresas têm-se deparado com uma necessidade de reformulação das estruturas e práticas institucionais, de modo que essa mudança auxilie na inserção, na fixação e na competividade no mercado (ROCHA-PINTO et al., 2007). Costa et al. (2006)”. Segundo os autores (2006), isso tem afetado a postura afirmam que a partir da década de 90 as empresas “[...]têm experimentado uma evolução em termos de modelos estruturais e tecnológicos, trazendo como novos paradigmas as mudanças e o conhecimento gerencial utilizada pelas empresas e exigido uma nova realidade que seja capaz de atender o crescente consumo especializado da sociedade. Faculdades Bom Jesus (2002) afirma que essa realidade tem sido amplificada pelos avanços tecnológicos, pelo surgimento de novos modelos de gestão e clientes com perfis cada vez mais diversificados. Estes enfoques têm tornado 19 necessário entender as mudanças na gestão empresarial. O autor acentua também que hoje é preciso gerir em uma gama muito mais abrangente do que no passado, para isso o gestor precisa ter habilidades de perceber, refletir, decidir e agir em condições diferentes das de antigamente. 2.2.1 Conceitos Segundo Ferreira (2010) menciona no Dicionário Aurélio, a palavra gestão tem origem no latim gestione e tem como significado o ato de gerir; gerência, administração. Maximiano (2000) define a gestão como o processo de tomada de decisão sobre os objetivos da empresa e a utilização de seus recursos visando garantir a eficiência e a eficácia de seu sistema organizacional. Nobrega (2004) acrescenta que gestão é a disciplina que transforma os conhecimentos de diversos campos e áreas produtivos, e afirma: É por meio dela que as outras inovações produzem seus efeitos. Gestão começa com uma forma de mentalizar o mundo. Sempre que temos de tomar iniciativas para gerar um resultado precisamos de gestão. [...] A “mentalidade-gestão” é decisiva numa multiplicidade de circunstâncias. Tudo o que implica organizar para alcançar um propósito precisa de gestão – uma disciplina revolucionária porque está ligada ao espetacular salto na produção de riqueza, no aumento de produtividade e na qualidade de vida de um século para cá (NOBREGA, 2004, p. 15). ParaMartins e Merino (2011, p. 92), gestão “é a condução racional das atividades de uma organização, sendo imprescindível para sua existência, sobrevivência ou sucesso”. Por se tratar de um fenômeno universal nos dias modernos, a gestão empresarial vem sendo utilizada para auxiliar na tomada de decisões das organizações e ainda coordenar múltiplas atividades e pessoas e ainda avaliar o 20 desempenho para alcançar os objetivos determinados pela estratégia da empresa (MARTINS E MERINO, 2011). Sendo assim, o próximo tópico tem como objetivo explicar a relação entre as áreas de gestão empresarial e design do ponto de vista da gestão de design. 2.3 GESTÃO DE DESIGN Esta seção tem como objetivo abordar os conceitos estudados para a realização desta pesquisa, apresentando aspectos acerca da contribuição do design para a gestão de uma empresa. Serão apresentados os tópicos sobre design e suas definições, sobre gestão de design, seu histórico, conceitos e aplicações e por fim, modelos de gestão de design. 2.3.1 Histórico da Gestão de design As discussões acerca da gestão de design iniciaram- se na Grã-Bretanha, na década de 1960, cujo termo representava o gerenciamento da relação das agências de design com seus clientes, sendo executada por um gestor de design. Função esta que foi observada por Michael Farr, em 1966, em que seu objetivo era garantir a comunicação entre as agências de design e seus clientes. Esse papel poderia ser desempenhado por um profissional da agência ou por um gerente da empresa cliente, que mantivesse o objetivo de criar uma comunicação aberta e efetiva entre as organizações. (MOZOTA, 2011). A partir dessas discussões compreendeu-se, segundo Hetzel (1993 apud MOZOTA, 2011, p. 92), a consciência de que o designer poderia ter um papel crucial na indústria e na economia. Este pensamento se deu 21 primeiramente por meio da união de esforços do London’s Royal College of Arts e do Departamento de gestão de design da London Business School. Posteriormente, em 1975, Bill Hannon e a Massachusetts College of Arts fundam o Design Management Institute - DMI, que se tornou uma das maiores referências em gestão de design, que tem como objetivo melhorar as organizações por meio de uma gestão de design eficaz que contribua para o crescimento econômico. (MOZOTA, 2011; MARTINS E MERINO, 2011). Assim, na década de 1980 o tema começou a ter um importante impulso, conforme explica Burdek (2006), quando empresários e administradores passaram a reconhecer o design não ligado somente a fatores estéticos, mas em especial sua participação em questões econômicas. E com sua popularização o termo gestão começou a se desenvolver primeiramente na economia, nas áreas de planejamento estratégico, gerenciamento, logística e marketing, a fim de gerar soluções flexíveis e eficientes para empresas que estavam passando por um período com muitas incertezas e complexidades. (AVENDAÑO, 2010). Atualmente, segundo o DMI, a gestão busca relacionar o design, a inovação, tecnologia e gestão para produzir vantagens competitivas em níveis econômicos, sociais e ambientais. Esta definição orienta o próximo tópico a ser estudado, que trata dos conceitos e aplicações da gestão de design. 2.3.2 Conceitos e aplicações da gestão de design Em meio à evolução do mercado e da competitividade, as empresas necessitam cada vez mais de elementos e estruturas que auxiliem na construção de uma 22 estratégia lucrativa sustentável. Contudo, segundo Neumeier (2010), as empresas estão descobrindo que a essência dos negócios não é mecânica, mas humana. Que produtos e marcas sem significado não são desejados e que empresas sem ética não são sustentáveis. Em soma, Avendaño (2010) cita que as empresas, em virtude do avanço das comunicações e das exigências dos consumidores, devem desenvolver novas posturas, construindo novas estratégias organizacionais, visando não só ao lucro, mas também atendendo as necessidades das pessoas, os reais consumidores. Este movimento ainda exigirá uma mudança e uma evolução nas atividades dos designers, que irá aumentar seu leque de competências e ampliará seu papel transformador na sociedade, por meio da participação como gestor estratégico dentro das empresas. Essa disseminação do design aliado à gestão corrobora para que seja possível perceber como a gestão de design pode tornar as organizações mais competitivas, tornando-se fundamental para uma estratégia de sucesso. (BERNARDES E KAULING, 2010). O Centro Português de Design (1997) explica que para as atividades de uma empresa manterem-se eficazes é necessário que sejam renovadas e que, sobretudo, exista um fio condutor que ligue a inovação à cultura da empresa. “Nesse cenário, se a inovação conduz à diferenciação, o que é que motiva a inovação? A resposta a esta pergunta, invisível à visão simplificadora, é o design” (NEUMEIER, 2010, p. 6). Tendo isso em vista, a gestão de design aborda justamente a aplicação do design e suas metodologias em meio às estruturas organizacionais de empresas e instituições que pretendem expandir seu mercado e a qualidade de seus produtos ou serviços, afastando a ideia de que o design é 23 apenas o aspecto formal e estético dos produtos. Essa interpretação confere à empresa a habilidade de mobilizar um leque mais amplo de soluções para os problemas capciosos com que se depara uma empresa. (MOZOTA, 2011; NEUMEIER, 2010). Sobre a conceituação de gestão de design, Avendaño afirma que: Se propuséssemos uma definição de gestão de design em termos atuais, poderíamos afirmar, em grande parte, [...] ser o conjunto de atividades de diagnóstico, coordenação, negociação e design que, levada a cabo tanto na atividade de consultoria externa como no âmbito da organização empresarial, interagindo com os setores responsáveis da produção, da programação econômico-financeira e da comercialização, com a finalidade de permitir uma participação ativa do design nas decisões dos produtos. (AVENDAÑO, 2005, p. 7). Costa e Scaletsky (2010) salientam que, com a preocupação em contextualizar o design dentro das organizações, nas últimas décadas a gestão de design passou a ser uma forma de ligar essas duas realidades muito distintas, porém com interfaces cada vez mais representativas. Essa aproximação é citada por Best (2012) quando explica que a gestão de design é o gerenciamento bem-sucedido de pessoas, projetos, processos e procedimentos que estão por trás da criação dos produtos, serviços, ambientes e experiências que fazem parte da nossa vida diária. E por conta disso, afirma que a gestão de design vem se tornando a cada dia mais importante para o crescimento das empresas. O Centro Português de Design (1997) ainda reforça que a gestão de design se responsabilizará em gerir os recursos humanos e materiais, do nascimento ao lançamento de um produto no mercado. E, no nível empresarial, a gestão de design organizará o nascimento de novos produtos, proporcionando- lhes condições e meios adequados. 24 Assim sendo, a gestão de design está diretamente preocupada com a posição que o design ocupa em uma organização, em sua relevância dentro de disciplinas específicas, assim como questões de gestão e treinamento de gerentes para o uso eficiente do design. Envolve mais do que a execução de simples tarefas administrativas. A gestão de design, além de ter parte da responsabilidade de administrar os recursos humanos e financeiros, entre outrosprocedimentos administrativos, tem como característica principal identificar formas e meios em que o design possa contribuir para o valor estratégico de uma empresa (MOZOTA, 2011). Martins e Merino (2011) acrescentam que a necessidade do emprego do design tem sido muito evidenciada pelo mercado mundial e este tem deixado de ser visto apenas como um fator estético, mas sim como uma forma concreta de desenvolver projetos envolvendo toda sua complexidade. Os autores ainda explicam que o potencial do design só é realmente usado quando está incorporado em todo o processo de produção, desde a concepção da ideia à sua fase de desenvolvimento, estratégia esta que tem sido utilizada com maior frequência pelas empresas. Segundo Martins e Merino (2011, p.21-22): O design atua como ferramenta competitiva e estratégica, pois insere elementos estéticos, de qualidade e valor; concretiza identidade e fortalece marcas; materializa culturas corporativas e pode atuar na redução de complexidade, tempo e custo de produção. É uma atividade articuladora e multidisciplinar que atua nos planos estratégicos e operacionais de acordo com a visão e missão da empresa, desenvolvendo produtos de acordo com as tendências vigentes, prazos e custos propostos, e transmite a imagem adequada aos seus públicos. Neste contexto, Minuzzi, Merino e Pereira (2003) explicam que o design, quando integrado à cultura da empresa, 25 por ser uma atividade multidisciplinar, acaba afetando todos os departamentos, influenciando decisões e relações funcionais dentro da organização. Neumeier (2010) também comenta que para manter uma empresa organizada é necessário que se desenvolva esse pensamento focado no design, e que isso pode criar um amplo leque de soluções para os problemas com os quais uma empresa ou um setor se deparam. Martins e Merino (2011) citam que utilizando destes conceitos pode-se criar uma hierarquia que auxilia a organização e o entendimento da gestão. Essa estrutura permite uma nova abordagem possível de aplicação tanto em empresas gerenciadas por projetos quanto as tradicionais, divididas por departamentos, como mostra a Figura 1. Figura 1 – Hierarquia da atividade da Gestão de design. 26 Fonte: adaptado de Martins e Merino (2011). Mozota (2011) ressalta que essa mudança na abordagem à gestão criou uma demanda dentro das empresas por gestão de design. A autora explica que essa nova abordagem implica dois aspectos. O primeiro é a necessidade da gestão de design ser integrada a uma empresa em três níveis: o operacional (prática), o tático (função) e estratégico (missão). O segundo aspecto defende a criação de um sistema próprio de gestão de design, visando gerar o seu próprio esquema organizacional focado nas necessidades e problemas da empresa. Kootstra (2009) também cita que existem alguns aspectos da gestão de design que podem influenciar a maneira como o design é integrado e gerenciado em uma companhia. E para facilitar a explicação e entendimento desses aspectos criou um modelo esquemático chamado DM Staircase, que divide a gestão em quatro níveis: o nível sem atividade de design, a gestão de design como projeto, a gestão de design como função e por último, a gestão de design como cultura. De modo que se possa compreender a gestão de uma maneira mais específica e detalhada (KOOTSTRA, 2009). 27 Estes níveis citados por Mozota (2011) e Kootstra (2009) definem o caminho em que a gestão de design será estruturada dentro de uma organização e para melhor entendimento, serão explicados na próxima seção. 2.3.3 Níveis da gestão de design Existem várias maneiras de se adotar a gestão de design em uma empresa, e, segundo Merino (2011), isso nem sempre acontece de maneira controlada, podendo ocasionar uma disparidade entre a imagem que a empresa transmite e a que ela pretende transmitir. Segundo o autor, a gestão de design tem como principais objetivos: definir os valores institucionais baseados em sua missão, incluir os objetivos de design nessa estrutura, desenvolver uma estratégia baseada na missão e ainda a execução e organização da empresa. Mozota (2011), ao observar a gestão de design sob o ponto de vista prático, afirma que ela pode ser dividida em três níveis, operacional, tático e estratégico, que possuem suas próprias funções e tarefas. Segundo a autora (2011), no nível operacional a gestão de design tem a responsabilidade de: - organizar internamente as atividades de design; - administrar o relacionamento e seleção dos membros da equipe; - realizar, avaliar e implementar os projetos desenvolvidos; - desenvolver produtos tangíveis de design, serviços e experiências. No nível tático, a gestão de design se ocupa de: - coordenar todas as atividades de design, por meio de avaliação e análise em prol da estratégia definida; - relacionar sistemas e unidades específicas da empresa com o design; 28 - definir os recursos, humanos e físicos, internos e externos para utilização do design. E por fim, no nível estratégico, a gestão de design: - gerencia e desenvolve a estratégia da empresa; - define a missão e as políticas globais a serem seguidas; - diagnostica a situação atual e os principais problemas; - cria uma relação entre o design e a cultura da empresa; - controla a qualidade das atividades de design; - insere o pensamento de design como estratégia. Conceitos esses que podem ser resumidos na Tabela 1. 29 Tabela 1 - Os 3 níveis da gestão de design. Fonte: adaptado de Best (2006) e Mozota (2002). Kootstra (2009) também descreve a gestão de design em níveis, porém, ele cita a existência de quatro, cada um representado por um degrau de uma escada, conforme Figura 2. Figura 2 – Design Management Staircase. 30 Fonte: Kootstra (2009 p.12). No primeiro nível, o autor explica que há pouca ou nenhuma atividade de design e que esse nível não se aplica necessariamente em todos os casos. No segundo nível, Kootstra (2009) considera a gestão de design como projeto, sendo o setor em que a empresa utiliza o design como criador de produtos, exclusivamente formal e estético, pouco integrado com o processo geral da empresa. Ainda, o segundo nível é formado por equipes menores que realizam pequenos projetos esporádicos. Já no terceiro nível o autor explica a participação da gestão de design integrado com outros processos, desenvolvendo uma função importante na estrutura organizacional, criando uma ligação do design com a inovação e o desenvolvimento de produtos e serviços. Aqui a gestão foca na qualidade dos projetos de design, necessitando do envolvimento de diversas equipes e profissionais multidisciplinares para a realização dos projetos. Por fim, no quarto nível, Kootstra (2009) considera a gestão de design como estratégia principal, utilizando do design 31 para aperfeiçoar a comunicação, a diferenciação e a inovação dentro de uma empresa. Nesse nível, a estratégia tem como objetivo difundir o design e sua importância para os funcionários, de modo que eles tomem a cultura da empresa como própria, a fim de impulsionar a produtividade e qualidade dos serviços e produtos desenvolvidos. O Manual de gestãode design (1997) não divide a gestão de design em três níveis e diz importante se concentrar apenas em dois, sendo um operacional e outro estratégico. Segundo o Manual, em nível estratégico a gestão de design tem a função de diagnosticar a situação da empresa, seus produtos, tecnologias e concorrentes; decidir em quais campos a empresa irá atuar; definir pontos fortes e fracos; integrar o marketing, produção, engenharia de produto, finanças, design industrial ao desenvolvimento de produtos e instaurar o design como parte da cultura empresarial. A nível operacional, a gestão de design assume a responsabilidade de implementar novas ideias, reunindo informações de diferentes colaboradores e equipes, podendo ser agentes internos ou externos. Em um segundo aspecto, pode administrar um projeto determinado, realizando a avaliação dos objetivos da empresa, escolhendo os profissionais apropriados, para garantir o fluxo de informação entre toda a equipe. Nesse contexto, Martins e Merino (2011) explicam que essas divisões por níveis englobam o design como processo de concepção e desenho. Sendo o primeiro processo, relacionado aos planejamentos da empresa e aos paradigmas da gestão, ou seja, fatores totalmente intangíveis do design. O aspecto de desenho, confere ao design, a habilidade de realização e criação, que torna-o parte do sistema de formas presentes na sociedade e o coloca como aspecto tangível e material. 32 2.3.3.1 Nível estratégico da gestão de design Desde os anos 1990, é visto que o design tem assumido papéis importantes no desenvolvimento de produtos e que os designers assumiram tarefas cada vez mais corporativas. Em consequência disso, é exigida dos profissionais uma competência que seja capaz de visualizar o contexto em que uma empresa se encontra, dos pontos de vista estratégico e criativo. Portanto, quando o design passa a assumir responsabilidades corporativas e definir estratégias acaba abrangendo diversos aspectos que não condizem apenas com questões estéticas, mas que incluem o processo inteiro de desenvolvimento de produtos, desde a análise de mercado à fase de comunicação e introdução no mercado (BÜRDEK, 2006). Perez (2007) explica que no caso da gestão de design Estratégico essa relação entre design e gestão existe na criação de atividades em que o design tenha interação com a estratégia e a identidade da empresa. O controle do design na companhia e a percepção das necessidades e potencialidades a longo prazo passam a ser responsabilidade dessa gestão. Assim, a gestão estratégica é capaz de encontrar elementos que solucionem deficiências e garantir um diferencial competitivo para a inserção no mercado. O autor (2007) ainda cita o objetivo da gestão de design estratégica como dar suporte às estratégias corporativas por meio do design integrado à cultura da empresa, da mesma forma que controla a consistência da identidade da empresa perceptível ao público externo e interno. Martins e Merino (2011) resumem essa evolução do design relacionada ao avanço da qualidade, chegando ao design estratégico na Figura 3. 33 Figura 3 - Linha do tempo do design. Fonte: adaptado de Martins e Merino (2011). Segundo Magalhães (1997 apud MARTINS; MERINO, 2011, p. 154), o design estratégico acontece quando o design age focado no gerenciamento de empresas, seus produtos e sua imagem. Tudo que a empresa faz é analisado de modo que seja coerente com os objetivos definidos na estratégia. Desta maneira, o design se torna o organizador, catalisador, sintetizador e materializador de todo o processo. Pode-se observar então que, mais do que a criação de novos produtos, o design não está atrelado somente a fatores técnicos, mas também aos de planejamento, para a resolução de problemas que tendem a impedir novas oportunidades de negócios. Sendo assim, Demarchi, Fornasier e Martins (2011) acentuam que o design estratégico caracteriza uma forma de pensar o design como uma ferramenta estratégica voltada para a integração profissional da cultura de design nas empresas (DEMARCHI; FORNASIER; MARTINS, 2011). 34 Para Mozota (2011), a gestão de design em nível estratégico deve criar uma relação entre design, estratégia e a cultura da empresa, de modo que faça o controle das atividades de design para cumprir tal objetivo. Segundo a autora, nesse nível, a gestão de design tem quatro papéis essenciais: - Visualizar a estratégia corporativa; - procurar o foco central; - coletar informações de mercado; - criar novos processos de gerenciamento. Portanto, o design estratégico se torna importante para uma empresa quando o objetivo é desenvolver a solução correta baseada nos valores da empresa. Solução esta que deve ser desenvolvida por um processo eficaz de design e não somente por um desenvolvimento correto de design (MARTINS; MERINO, 2011). A Figura 4 representa os conceitos de gestão de design e design estratégico, que segundo os autores se correlacionam para dar origem ao termo gestão estratégica de design, ou seja, o gerenciamento de projetos de design com planejamento estratégico em nível institucional para sustentar as atividades táticas e operacionais. 35 Figura 4 – Posicionamento de design, gestão e estratégia. Fonte: adaptado de Martins e Merino (2011). 2.3.3.2 Nível tático da gestão de design Nesse nível, Mozota (2011) explica que o design muda de natureza, ele não é mais um produto ou objeto, ele torna-se uma função ou um departamento independente dentro da organização. Consequentemente, a partir do momento que a empresa adquire experiência adequada em design após a realização de diversos projetos de design, é muito importante que as decisões internas tenham apoio da alta administração para fortalecer o desenvolvimento da estratégia (MOZOTA, 2011). A autora ainda afirma que a gestão de design nesse nível possui três objetivos claros: a) definir a estratégia de design baseada na estratégia do negócio; 36 b) direcionar a estratégia de design em conjunto com a de marketing, a de inovação e a de comunicação; c) agregar a estratégia de design à estratégia administrativa. Para Teixeira, Schoenardie e Merino (2011), o nível tático se encontra entre o estratégico e o operacional, e que esse, consiste basicamente na tradução e interpretação das decisões feitas pela alta administração no nível estratégico. Demarchi, Fornasier e Martins (2011) ainda citam que em nível tático é responsabilidade do gestor de design conferir e assegurar todo processo de design, tanto seus procedimentos quanto suas funções, e por meio de uma equipe definir o percurso do projeto dentro da unidade organizacional. 2.3.3.3 Nível operacional da gestão de design Segundo Magalhães (1997 apud MARTINS; MERINO, 2011, p. 157) o design operacional é voltado para o processo de design, sendo realizado de “dentro para fora”. O autor ainda afirma que esse nível não é integrado com outros setores da empresa e seus projetos têm ênfase em funções prático-operacionais. Para Kauling (2011), quando se trata do nível operacional da gestão de design o projeto deve estar relacionado à realização de procedimentos e planejamentos; organização e controle de recursos humanos, financeiros, materiais e de tempo, para que possa ser possível atingir os objetivos propostos pela estratégia. Martins e Merino (2011) afirmam que nessa fase os produtosde design se manifestam de maneira física e tangível. 37 “São projetos e processos em operações do cotidiano, implementadas.” (MARTINS E MERINO, 2011, p. 157). Toda empresa é um sistema de formas, conforme afirma Mozota (2011), e cada forma pode ser classificada segundo alguma disciplina de design: design de ambiente, design de produto, design de embalagem e design gráfico. A autora (2011) ainda descreve todas as etapas relacionadas ao processo operacional de desenvolvimento de um produto e o modo que o design deve conduzi-lo. Este processo se dá em três etapas: analítica, sintética e seleção da solução, conforme ilustra a tabela 2. Tabela 2 - Processo criativo do design. Fonte: Mozota (2002, p.14) 2.3.4 Modelos de gestão de design Neste tópico serão apresentados dois modelos de gestão de design que foram utilizados como referencial teórico para a realização da análise desta pesquisa. Segundo Montmollin (1990 apud MARTINS; MERINO, 2011, p. 179), um modelo representa uma versão simplificada da realidade e serve para nortear observações, 38 definir perguntas apropriadas e interpretar as respostas, que permite evitar erros. Um modelo é constituído de forma que trate a realidade como uma representação de ideias e conceitos relativos a um fenômeno e pode servir como orientação para possíveis aplicações de estratégia e pesquisa (MARTINS E MERINO, 2011). Para isso serão citados dois modelos a seguir: o modelo de Mozota (2011) e o modelo de Martins e Merino (2011). 2.3.4.1 Modelo de Mozota Em seu modelo Mozota (2011) sugere como um gestor de design pode ampliar a criação de valor de uma empresa por meio da diferenciação em estética e percepção, e pela qualidade em design. Ideais esses, segundo a autora, vão ao encontro dos conceitos de gestão, tais como coordenação, visão estratégica, mudança e vantagem competitiva. Mozota (2011) destaca que seu modelo é baseado em níveis de valor e de tomadas de decisão, sendo composto por três partes e que pode ser aplicado a qualquer tipo de negócio. Essa visão determina a gestão de design como responsável pela integração entre a cultura, a estratégia e a identidade da organização, portanto é necessário que exista uma divisão da gestão de design em seus respectivos níveis: operacional (ação), tático (função) e estratégico (visão). Para a compreensão desse modelo, a autora apresenta um resumo que pode ser visto Tabela 3. 39 Tabela 3 - Níveis da gestão de design. Fonte: adaptado de Mozota (2011). A organização desse modelo em três níveis representa as três forças estratégicas que reforçam a ideia da qualidade total defendida por Mozota. O design e a administração com fatores em comum, unificados por meio do campo da gestão de design, abre uma porta para a administração com uma cultura de design. Porém, a estratégia parte de uma análise do contexto em que a empresa se encontra. Para isso, ela deve definir sua posição referente ao seu setor, baseada nas características de seu mercado, que pode envolver desde a rivalidade dos 40 concorrentes até ameaças externas de novos produtos ou potenciais produtos substitutos. A empresa deve ainda construir sua cadeia de valor para desenvolver sua verdadeira vantagem em relação aos concorrentes, adequar a estratégia a todos os níveis e atividades, pois nesse caso o sucesso depende da integração entre todos os fatores (MOZOTA, 2011). A implantação da estratégia deve acontecer em três fases, que se resumem na tabela 4: Tabela 4 - O processo de estratégia. Fonte: Mozota (2011). Segundo a autora (2011), na primeira fase é feita a análise do cenário e o posicionamento a ser seguido, a fim de buscar oportunidades e ameaças do ambiente em que está inserida. Após a análise e captação desses dados, é feita a avaliação interna e externa da capacidade estratégica da empresa e a criação de possíveis cenários para a aplicação da estratégia. A segunda fase inicia com a decisão da estratégia, que sustentará e articulará a posição perante o mercado, seja ela orientada para o custo, para a imagem ou para o mercado. A terceira e última fase é responsável pela implementação da estratégia escolhida, e também a execução dessa estratégia, que segundo a autora é a parte mais fundamental dessa fase. Para realizar essas tarefas, Mozota 41 (2011) afirma que é preciso criar maneiras para desenvolver a estratégia integrada à estrutura organizacional. Com este modelo implantado, a empresa pode garantir a relação dos níveis da gestão de design estratégico, tático e operacional com a ação, a função e a visão do design (MOZOTA, 2011). 2.3.4.2 Modelo de Martins e Merino O modelo desenvolvido por Martins e Merino (2011) é baseado na “Roda da Estratégia competitiva”, de Michael Porter, autor consagrado na área de estratégia e planejamento, e também pela teoria de Mintzberg e Quinn, cujo nome é “Formulação e implementação da estratégia”. Segundo os autores, o modelo desenvolvido por eles não pode ser definido como uma adaptação porque a obra de Porter tem o objetivo de guiar a criação de estratégias e o modelo aqui tratado propõe uma estratégia que coloca o cliente interno no centro. O modelo foi desenvolvido sob duas perspectivas: design estratégico e design operacional. Para tanto, os autores utilizaram da relação das habilitações do design e seus principais aspectos para interagir com as unidades de negócios por meio da gestão de design. Porém, Martins e Merino (2011) afirmam que deve haver a distinção entre a idealização da estratégia e sua implementação na prática (agir), que deve ser mais visível. A estrutura deve seguir a rota estratégica de forma que as ações operacionais atendam às necessidades estratégicas. A Figura 5 ilustra a visão macro do modelo proposto pelos autores. 42 Figura 5 - Disco Integrador da gestão de design – aplicação estratégica. Fonte: Martins e Merino (2011). O modelo desenvolvido, segundo os autores, é um aperfeiçoamento do modelo de Porter, pois coloca o cliente interno no centro do disco, de modo que o foco seja a qualidade total ao decorrer de diversos projetos e operações 43 desenvolvidos pelos segmentos do design até chegar a etapa final da percepção da imagem da empresa pelo cliente externo. Para tanto, os autores escolheram a forma do disco pela sua conotação mais básica, girar e integrar, sendo capaz de relacionar as variáveis externas e internas à empresa. Martins e Merino (2011) explicam que as variáveis externas são fatores como economia, ambiente sociocultural, ambiente demográfico, concorrentes, fornecedores, setor de atuação, tendências, expectativas da sociedade, meio ambiente, política governamental e “incidem sobre a atuação do design junto aos setores da organização voltada ao cliente externo, que percebe esse conjunto de atuações na imagem global da empresa” (MARTINS E MERINO, 2011, p. 190). Já as variáveis internas são aquelas que dizem respeito à organização da estrutura empresarial, o estilo da gestão, os pontos fortes e fracos, a gestão da qualidade, o ambiente físico e tecnológico, os sistemas de comunicação e informação, as políticas operacionais dos setores e os valores pessoais que se relacionam ao design junto aos setores da empresa que trabalham focados nos clientes internos (funcionários) que, segundoos autores, também possuem percepção sobre a imagem da empresa e se envolvem e auxiliam na construção da mesma. As ações operacionais têm o objetivo de atender as estratégias traçadas para suprir as necessidades do cliente externo, que realiza sua percepção da imagem da empresa por meio de alguns aspectos como: a qualidade da identidade visual da empresa; a facilidade de serviço pela internet por meio de uma boa navegabilidade; a coerência da identidade visual em pontos de venda e sinalização; a qualidade da embalagem do produto; identificação da frota de transporte da empresa, que auxilia na fixação da imagem da organização, e outros fatores resultantes dos segmentos do design, como web design, design gráfico e design de embalagem. (MARTINS E MERINO, 2011). 44 Nesse contexto, Martins e Merino (2011) afirmam que existem também os fatores decisivos para a avaliação da qualidade pelo cliente interno, que por meio da logística, integrada a dois segmentos do design (web design e design de interiores), resulta em aspectos que influenciam a percepção dos funcionários sobre a imagem da empresa, como por exemplo os seguintes fatores: - qualidade das informações técnicas do produto, estatísticas e outras informações importantes para o desenvolvimento de funções; - facilidade de troca de informações por meio de sistemas internos como intranet ou extranet; - a ergonomia do ambiente de trabalho, bem como a padronização exigida pelo programa de qualidade ISO 9001/2000; - aquisição de novos equipamentos e máquinas adequadas para a produção e a boa circulação dos operadores no ambiente de trabalho. Martins e Merino (2011) definem a gestão de design como a estratégia, ou seja, como a visão do negócio (design estratégico), porém as habilitações do design formam o conjunto de função e ação (tático e operacional), pois suas atividades são os meios para concretizar os objetivos propostos. Esse pensamento pode ser esclarecido na tabela 5. Tabela 5 - Níveis das ações de design como estratégia nas organizações. 45 Fonte: Martins e Merino (2011) Com esse modelo uma vez estabelecido, Martins e Merino (2011) afirmam esperar que as empresas reconheçam uma estratégia competitiva no design, como um novo processo, capaz de integrar as atividades de cada unidade organizacional e gerar por meio dessa integração diferenciação para sustentar a estratégia central e sua posição de valor, tendo uma melhora nas decisões estratégicas e operacionais relativas a produtos, qualidade, distribuição, identidade e imagem corporativa que aumentem sua lucratividade. (MARTINS E MERINO, 2011). 46 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo serão abordadas as questões a respeito da metodologia de pesquisa escolhida para a realização do estudo em questão, que possui como objetivo compreender a gestão de design em uma instituição de ensino, baseando-se em modelos de gestão de design, por meio de um estudo de caso, cujo objeto é a instituição de ensino Faculdade SATC, em Criciúma, Santa Catarina. 3.1 CLASSIFICAÇÃO Para Silvia e Menezes (2005), o projeto de pesquisa e o seu desenvolvimento necessitam de um planejamento cuidadoso e reflexões sólidas, baseadas em conhecimentos já existentes, para que assim o trabalho tenha um resultado satisfatório. Segundo Gil (2010), uma pesquisa pode ser entendida como um processo racional e sistemático, cujo objetivo é encontrar respostas a problemas propostos. Ainda sobre a pesquisa, Marconi e Lakatos (2005), apontam que esta é um procedimento formal, que adota de um pensamento reflexivo, requerendo, assim, um tratamento científico, com o intuito de conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Para a condução do presente estudo, por ser uma compreensão da gestão de design em uma instituição de ensino superior, foi utilizada uma pesquisa de natureza básica, que, segundo Souza, Fialho e Otani (2007), pode ser classificada 47 como aquela que tem o objetivo de gerar novos conhecimentos para o avanço da ciência, sem uma futura aplicação prevista. Com relação à abordagem, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, que, conforme afirmam Souza, Fialho e Otani (2007), é de caráter descritivo, não se utiliza de técnicas estatísticas, sendo a coleta de dados feita diretamente no ambiente natural de estudo. Nela, a análise dos dados é feita pelo pesquisador de forma indutiva, de forma que tenha foco no processo e seu significado. Quanto aos objetivos, o presente estudo se classifica como exploratório, o qual “consiste em explorar o tema buscando criar familiaridade em relação a um fato ou fenômeno, geralmente feita por meio de um levantamento bibliográfico” (SOUZA, FIALHO E OTANI, 2007, p.38). De acordo com Gil (2010), a pesquisa exploratória tem o objetivo de criar hipóteses para um problema, por meio de referencial bibliográfico, entrevistas e/ou análises de exemplos. E, na maioria dos casos, é aplicada em estudos de caso e pesquisas bibliográficas. Por outro lado, quanto ao método de investigação a pesquisa pode ser definida, com relação ao procedimento, como um estudo de caso, que, segundo Leonel e Motta (2007) pode ser entendido como um “estudo exaustivo, profundo e extenso de uma ou de poucas unidades, empiricamente verificáveis, de maneira que permita seu conhecimento amplo e detalhado” (LEONEL E MOTTA, 2007, p.131). Ademais, a pesquisa em questão também pode ser classificada como uma pesquisa bibliográfica, uma vez que esta constitui-se a partir de materiais já publicados, como livros e artigos de periódicos. Salienta-se que este tipo de pesquisa tem como objetivo principal situar o pesquisador, que se encontra em contato direto com os materiais já existentes, acerca de determinado assunto, a fim de que os utilize (MARCONI E LAKATOS, 2005). 48 Por fim, quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa classifica-se, ainda, como de levantamento, tendo em vista que, segundo Gil (2010), sua característica principal é a interrogação direta das pessoas, cujo comportamento será estudado por meio da solicitação de informações a grupos significativos de pessoas acerca do problema encontrado, o que se dá no trabalho em questão. 3.2 COLETA DE DADOS Segundo Gil (2010), a coleta de dados em estudos de caso acontece por meio de diversos procedimentos, sendo os mais comuns: a observação, a análise de documentos, a entrevista e a história de vida. Para o desenvolvimento do estudo de caso realizou- se antes da entrevista, uma pesquisa bibliográfica baseada em documentos e materiais disponíveis para auxiliar o estudo e construir um cenário geral sobre a empresa. A etapa da entrevista, conforme afirmam Marconi e Lakatos (2005), se dá pelo encontro de duas pessoas, a fim de obter informações a respeito de determinado assunto, por meio de uma conversa profissional. É um procedimento que pode oferecer diversas vantagens, como a flexibilidade de repetir ou esclarecer perguntas, avaliar atitudes ou condutas do entrevistado, obter dados que não se encontram em documentos oficiais e a possibilidade de conseguir informações mais precisas. Para este trabalho, foram realizadas entrevistas com profissionais específicos, os quais atuam na instituição de ensino superior em estudo e ocupam cargos relacionados com níveis da gestão de design apresentados na fundamentação. 49No tocante ao presente estudo, a entrevista foi realizada de forma estruturada, a qual, de acordo com Marconi e Lakatos (2005, p.199), é aquela “em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são predeterminadas”. Pode, ainda, seguir um formulário direcionado a um grupo de pessoas selecionadas, de acordo com o objetivo da pesquisa. 3.2.1 Procedimentos para a coleta de dados A entrevista é um dos importantes instrumentos para a realização de um estudo de caso, a fim de que a investigação sobre o problema abordado seja realizada de forma eficaz. Esta técnica se fez necessária por ser capaz de obter informações sobre o que as pessoas envolvidas conhecem, sentem, desejam ou creem em relação ao objeto de estudo. (GIL, 2010). Para a formação desta, perguntas foram baseadas no questionário desenvolvido para a avaliação da modalidade de gestão de design nas empresas desenvolvido para o Prêmio da Confederação Nacional da Indústria (CNI) por Kistmann e Casela em 2005. Questionário esse, escolhido por ser dividido em três níveis (estratégico, tático e operacional) como nas referências utilizadas para a fundamentação teórica. Além de contar com questões prévias sobre a missão, visão e valores da empresa. Segundo Pinheiro (2011), toda pesquisa deve exigir cuidados no recrutamento dos entrevistados, pelo fato de eles não estarem submetidos a regras de amostragem, a escolha deve ser feita de modo cauteloso. O perfil do público a ser entrevistado deve ser considerado como parâmetro, bem como sua capacidade de responder as perguntas que serão realizadas. 50 Para esta pesquisa, que possui como objeto de estudo a compreensão sobre a gestão de design, a entrevista deveria ser realizada com um gestor de design, que segundo Mozota (2011), é o profissional capaz de transmitir claramente as instruções sobre design para toda a equipe. Além de gerenciar a integração do design e seu desdobramento na estrutura corporativa nos níveis operacional, tático e estratégico. Porém, pelo fato da instituição não possuir um cargo específico para a gestão de design, foram entrevistados profissionais atuantes na área administrativa da Faculdade SATC, incluindo o diretor geral acadêmico, bem como a coordenadora acadêmica, a assessora e coordenadora de marketing, o coordenador de ensino e o analista web. Na presente pesquisa, todos os entrevistados responderam as mesmas questões, do tipo aberta, para que tivessem maior liberdade. Como ferramenta de registro, foi utilizado o recurso de gravador portátil. A seguir encontra-se o roteiro da entrevista utilizado e suas respectivas divisões. Visão/Missão/Valores Para a construção da estratégia, segundo Martins e Merino (2011) é importante definir uma missão corporativa, estabelecendo a missão, visão e valores da organização. Sua missão deve ser a razão pela qual a empresa existe e o que ela sempre fará. A visão, é a declaração que corresponde o que a empresa quer se tornar, onde pretende chegar no futuro. Além de indicar o rumo que uma organização deve seguir, por meio da projeção de expectativas em um determinado tempo. 51 A Faculdade SATC tem uma cultura estabelecida para orientar a empresa? Quais os valores que ela privilegia? A faculdade conhece as necessidades do seu mercado e os métodos para satisfazê-los? A faculdade vive ativamente seu sistema de valores? A vantagem competitiva se apoia nos valores praticados pela faculdade? A faculdade tem claramente definida a sua competência central? Ela relaciona esta competência aos seus investimentos em design? Qual a posição no mercado em relação aos concorrentes? Qual a posição almejada? Quais são os valores importantes para a cultura empresarial? Como estes valores são comunicados aos colaboradores? Nível estratégico: cenários, objetivos e estratégias competitivas As questões acerca do nível estratégico, que segundo Martins e Merino (2011) é onde o design atua sobre a empresa e seu ambiente empresarial, tendo como função transformar e unificar a visão da empresa. Sendo assim, foram realizadas questões a respeito da relação entre design, estratégia e a identidade e cultura da empresa a fim de levantar informações sobre o nível de envolvimento entre a atividade de design e a organização em questão. O que você entende por design? O que você entende por gestão de design? 52 Ela faz parte da estratégia da empresa? Como? Existem ofertas de novos negócios e produtos, relacionados às novas demandas de consumidores? A ênfase estratégica está centrada no consumidor? O que você entende por inovação? A inovação é estimulada dentro da empresa? Pesquisas de mercado orientam a inovação? Pesquisas tecnológicas fundamentam a inovação? A empresa dá prioridade a essa atividade? Quais os objetivos estratégicos da empresa? Quem decide sobre os objetivos? Os designers estão envolvidos nas decisões estratégicas? Quais os departamentos envolvidos no desenvolvimento estratégico (pesquisa e desenvolvimento, técnico, processos, marketing, relações públicas)? Que fatores que influenciam o desenvolvimento estratégico? Existe uma política de marca e estratégia de marca para a empresa? Quais as oportunidades de negócio objetivadas? Quais as ameaças de negócio encontradas? Nível Tático As perguntas sobre o nível tático dizem respeito da estratégia e sua coordenação junto ao design, marketing e comunicação da empresa. Segundo Mozota (2002) no nível tático, a estratégia da empresa deve ser difundida pelo setor de design interno por todos os setores da empresa. Assim, criando uma função de design na empresa. 53 Existem associações com outras empresas, instituições de pesquisa? Existem pesquisas de mercado? Qualidade é um objetivo presente nas ações da empresa? A estrutura da empresa é simples e flexível? A empresa utiliza formas de comunicação impressa? A empresa utiliza Intranet? Os empregados são considerados agentes importantes na empresa? A empresa dá treinamento, promove a ida a feiras e exposições? Existem publicações que circulam na empresa que abordam a questão do design? O design faz parte da cultura da empresa? Em que medida a empresa está envolvida com o processo de design? A empresa está aberta a mudanças? Quem decide sobre a posição do design dentro da empresa? Qual a posição do design dentro da empresa? Como o design está integrado nas estratégias de desenvolvimento e métodos de gestão? Como a empresa aborda as questões sociais e ambientais? A sustentabilidade é uma das preocupações da empresa? Ela possui programas de responsabilidade social? Nível operacional A nível operacional deve-se avaliar os métodos para a integração do processo de design na empresa. Segundo 54 Martins (2004), deve-se dar um sentido aos discursos e aos objetos desenvolvidos, por meio da ação diferenciadora do design. Para Mozota (2011), a nível operacional a empresa deve criar uma demanda para o design e definir uma política de design nas estratégias de produtos e comunicação. Além de gerenciar as competências do design relacionados à estrutura, planejamento e recursos humanos e físicos. Desse modo as questões a seguir são relacionadas principalmente ao setor operacional do design na faculdade, responsável pela parte projetual e metodológica. Quemdesenvolve os projetos e materiais de design? O que você entende por metodologia projetual de design? Utilizam a metodologia projetual? A empresa utiliza técnicas de análise de seus produtos? A empresa entende as tendências? São analisadas? Existe relação entre os setores estratégicos e tático? A empresa relaciona a comunicação externa à sua competência central? Utiliza formas organizadas de comunicação, tais como relatórios anuais, páginas de internet, folhetos, feiras, etc? Relaciona-se com instituições de pesquisa? Utiliza a identidade visual de forma consistente? Possui uma marca que é vinculada de modo sistemático? Prevê a sua utilização em diversas mídias? A empresa considera o comércio-eletrônico como um elemento de comunicação externa? Como está organizado o departamento de design? 55 Quais as atribuições delegadas ao designer (design de produtos, prospectos, brochuras, campanhas, identidade corporativa, estandes de feiras, comunicação interna, website, embalagem, meio ambiente, serviços, processos internos, construção de identidade, organização interna, preparo para a produção)? O processo de design está subdividido em fases? Estas fases são avaliadas e controladas? Como o processo de design se integra com a estratégia da empresa? Quem decide sobre o desenvolvimento futuro do processo de design e a execução dos desenvolvimentos? Como a empresa comunica sua identidade externamente e internamente? 56 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo serão abordados aspectos acerca da pesquisa bibliográfica referente ao estudo de caso realizado, as análises e discussões dos resultados obtidos por meio das metodologias utilizadas. 4.1 FACULDADE SATC Para melhor compreensão, inicialmente foram levantadas informações de materiais referentes à instituição de ensino superior em questão, seu histórico, sua visão, missão e valores, bem como sua estrutura organizacional. 4.1.1 Histórico Nos anos 50, a cidade de Criciúma encontrava-se em uma situação bastante grave. A exploração das minas de carvão, sua principal fonte de renda na época, estava em declínio, decorrente da falta de conscientização, mão-de-obra qualificada e apoio do governo. As empresas produtoras de carvão, preocupadas com a situação, realizaram um acordo e fundaram um espaço para qualificar a mão de obra, enfrentar o cenário decadente e combater os problemas políticos sociais decorrentes da crise. Assim, no dia 02 de maio de 1959, foi fundada a SATC, Sociedade de Assistência aos Trabalhadores do Carvão, uma iniciativa da Indústria Carbonífera de Santa Catarina, que tinha como objetivo preparar e qualificar a mão-de-obra especializada. 57 Em abril de 1963 inaugurou a Escola Industrial em parceria com o SENAI, oferecendo cursos de aprendizagem industrial. Em 1969, cria a Escola Técnica General Osvaldo Pinto da Veiga, para oferecer cursos técnicos focados em suprir as demandas do mercado de Santa Catarina e por todo o país. A SATC, agora chamada de Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina comporta-se como uma parceira da atividade carbonífera criciumense, pois é uma entidade sem fins lucrativos e pertence ao segmento comunitário. De modo que o campus de educação e tecnologia continua sendo mantido por meio da contribuição das empresas carboníferas da região, além das mensalidades pagas pelos alunos. Figura 6 - Fachada da Instituição SATC. Fonte: <http://portalsatc.com/site/interna_institucional.php?i_grupo=143> No dia 26 de Novembro de 2003 nasce a Faculdade SATC, credenciada pelo Ministro da Educação da época, Cristóvão Buarque. Junto com sua fundação, veio o curso de bacharelado de Engenharia, com habilitação em Engenharia Elétrica. 58 Atuando no ensino superior com cursos de Graduação e Pós-graduação, tem seu principal foco nas áreas tecnológicas. E tem como objetivo central promover uma formação que forneça qualidade em questões técnicas e humanas para contribuir significativamente para a missão da SATC por meio do ensino e da pesquisa. Com aproximadamente mil e duzentos acadêmicos, a faculdade oferece formação completa nos cursos de graduação em Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações, Tecnologia em Manutenção Industrial, Tecnologia em Automação Industrial, design Gráfico, Engenharia da Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Jornalismo, Publicidade e Propaganda. O campus da instituição (Figura 7) possui uma área total de 550.000 m2, sendo 33.000 m2 de área construída. Equipada com sessenta laboratórios tecnológicos avançados, e oitenta e três salas de aula, além de biblioteca com trinta mil títulos, complexo esportivo com dois ginásios cobertos, dois campos de futebol e pista de atletismo. Atualmente possui cerca de sete mil alunos e 650 colaboradores. Figura 7 - Campus da Instituição SATC 59 Fonte: <http://portalsatc.com/site/interna_institucional.php?i_grupo=143> 4.1.1 Missão, visão e valores A Faculdade SATC por pertencer à instituição SATC e estar diretamente conectada a esta, dificulta a mensuração de seus valores específicos, pois acaba mesclando seus próprios valores com os da instituição. Portanto, de modo único pode-se constatar a visão, a missão e os valores da Faculdade e Instituição SATC. Como missão, pretende transformar pessoas e organizações por meio da educação e de tecnologias inovadoras de qualidade, contribuindo para o crescimento sustentável. Sua visão consiste em tornar-se referência em educação e tecnologia para a sociedade da região sul do Brasil e mantenedoras, adotando-se os princípios do desenvolvimento sustentável. Possui também um Sistema de gestão Integrada na que atua em prol do crescimento sustentável, considerando os objetivos e princípios: - Eficácia e melhoria contínua do desempenho do Sistema de gestão Integrado, atuando nos processos, visando à sustentabilidade ambiental e a satisfação das partes interessadas; - Cumprimento dos requisitos legais aplicáveis ao meio ambiente e ao nosso negócio; - Prevenção da poluição e empenho no controle e redução dos impactos ambientais significativos no solo, no ar, na fauna, na flora e em recursos humanos, reconhecendo como os principais impactos gerados - Impactos negativos: desperdício de agua e energia e geração de resíduos 60 - Impactos positivos: Educação ambiental; - Comunicar de forma transparente essa política, os objetivos e desempenho do Sistema de gestão Integrada a todos que atuam na instituição. Ainda, conta com um sistema de valores que guiam a conduta corporativa, tendo como princípios fundamentais: - Educação: oportunizar o crescimento contínuo das pessoas; - Inovação: busca constante da inovação por meio de novas tecnologias; - Gestão: inovadora, participativa e comprometida com as partes interessadas com foco na sustentabilidade econômica, com princípios filantrópicos, buscando a qualidade e o aprimoramento contínuo; - Responsabilidade Social e Ambiental: compromisso de agregar valor para as partes interessadas visando o Desenvolvimento Sustentável; - Transparência e postura: agir de forma ética em todas as relações com as partes interessadas, com informação ampla, acessível e exata. 4.1.2 Estrutura Organizacional A SATC, é organizada em três grandes
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