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Planejamento EstratégicoPlanejamento Estratégico AUTORIA Giancarlo Lucca Bem vindo(a)! O Professor Doutor Giancarlo Lucca é professor universitário há mais de treze anos. Coordenador de cursos de graduação e pós-graduação em Administração em instituições diversas no estado do Paraná. Graduado em Administração e também em Ciências Contábeis, com especialização em Ciência da Computação. Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas com enfoque na qualidade e produtividade. Doutorado em Engenharia de Produção na área de concentração de estratégia e organizações. Neste material apresentamos um conjunto essencial de conhecimentos teóricos e práticos sobre planejamento estratégico. Esta obra está dividida em três unidades que caminham em uma ordem lógica pela apresentação inicial dos conceitos básicos e evoluindo para os conceitos e aplicações mais avançadas. A Unidade I apresentará os conceitos essenciais básicos de planejamento estratégico. Estes conceitos garantem o suporte ao entendimento da Unidade II, que tratará das áreas estratégicas funcionais: estratégia �nanceira, estratégia mercadológica, estratégia operacional e estratégia de recursos humanos. A Unidade III conduzirá a praticidade do planejamento estratégico pela exposição das técnicas de orientação, diagnóstico, medição de desempenho e de�nição de planos de ação estratégicos. O estudo do planejamento estratégico começa com a organização deste material. O estudante irá perceber que ao longo das unidades aparecerão seções do tipo: “Fique por dentro”, “Re�ita” e “Atividades de autoestudo”. Estas seções serão destacadas a �m de garantir o aprendizado necessário e desejado por você, aluno. Divirta-se! Muito obrigado e bom estudo! Professor Doutor Giancarlo Lucca Sumário Essa disciplina é composta por 3 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 Os Conceitos Essenciais de Planejamento Estratégico Unidade 2 O Planejamento Estratégico Versus Gestão Estratégica Unidade 3 A Estratégia na Prática Unidade 1 Os Conceitos Essenciais de Planejamento Estratégico AUTORIA Giancarlo Lucca Introdução Nesta Unidade estudaremos os aspectos básicos essenciais do planejamento estratégico, de forma a constituir um conjunto de conhecimentos de suporte ao entendimento das ferramentas e técnicas que permitirão a implantação de um projeto prático de gestão estratégica em uma organização empresarial real. Devemos entender as diretrizes estratégicas que de�nem uma orientação estratégica com base no estabelecimento das declarações de missão, visão e valores. As diretrizes estratégicas funcionam como um mapa que irá conduzir todo o processo de gestão estratégica, por isso o seu entendimento é fundamental. Estudaremos nesta Unidade o detalhamento da missão estratégica, enfatizando a importância da comunicação da razão de existir da empresa aos stakeholders (interessados na organização, como clientes, fornecedores, acionistas, colaboradores, etc.). Da mesma forma, detalharemos o conceito de visão, estabelecendo técnicas de criação da visão empresarial, para re�etir sobre o macro-objetivo de longo prazo da organização. Estudaremos também os valores estratégicos que atuam como balizadores das práticas empresariais e direcionadores para o alcance da visão empresarial. Após o entendimento do processo de orientação estratégica, partiremos para o estudo histórico do planejamento estratégico, de forma a compreendermos sua evolução, suas práticas, técnicas e metodologias ao longo dos anos. Conheceremos os principais mentores e gurus do planejamento estratégico, autores de metodologias consagradas até os dias atuais, como a famosa Matriz de Análise SWOT, criada na década de 1960 por Albert Humphrey; a Matriz BCG, criada pelo Boston Consulting Group na década de 1970; e também o estudo das Cinco Forças de Porter, proposto por Michael Porter na década de 1980. Finalmente, nesta unidade, estudaremos as diferenças entre os termos planejamento estratégico e gestão estratégica, para que possamos compreender como a cultura estratégica das organizações se adaptou às mudanças do ambiente competitivo dos dias atuais. Bons estudos! Plano de Estudo As diretrizes estratégicas. A missão, visão e valores organizacionais. O processo evolutivo do planejamento estratégico. As contribuições dos principais gurus do planejamento estratégico. Objetivos de Aprendizagem Conhecer o processo de orientação estratégica e a de�nição de diretrizes para a garantia da competitividade empresarial. Desenvolver a habilidade de alinhar as declarações de missão, visão e valores organizacionais à realidade das empresas. Entender o processo evolutivo do planejamento estratégico para que se possa compreender as adaptações necessárias das práticas estratégicas nos dias atuais. As Diretrizes Estratégicas AUTORIA Giancarlo Lucca As diretrizes estratégicas são as de�nições iniciais necessárias para balizar o comportamento e desenvolvimento das atividades empresariais. Vamos fazer uma analogia com o planejamento de uma viagem de férias. É claro que é possível simplesmente pôr o pé na estrada sem que nenhum planejamento seja realizado, mas aí vem a pergunta: qual é a probabilidade de ocorrerem problemas que comprometam a viagem? Problemas de ordem diversa podem ocorrer, desde a falta de dinheiro para realizar determinadas atividades até a impossibilidade de realizar atividades de lazer devido ao clima. Sim, claro, se formos mapear a possibilidade de problemas, estaremos criando cenários do que possa acontecer durante a viagem e neste momento estaremos exercendo um certo tipo de planejamento. Sendo assim, vamos pensar na nossa viagem, começando pelas diretrizes estratégicas: 1. Qual é o objetivo da viagem? 2. Qual é o destino da viagem? 3. Quem irá viajar? 4. Quando a viagem deverá ocorrer? 5. Quanto tempo a viagem irá durar? 6. Como será a viagem? Qual será o meio de transporte? Hospedagem? 7. Qual é o custo estimado da viagem? Com o simples fato de elaborar estas questões podemos a�rmar que estamos de�nindo as diretrizes estratégicas para a viagem. A resposta a estes questionamentos pode dar origem a um plano estratégico. A documentação das diretrizes estratégicas é o limite entre o plano das ideias e o plano das ações, sendo assim, a formalização das diretrizes estratégicas é o primeiro passo da construção de um planejamento estratégico. No âmbito empresarial as diretrizes estratégicas devem re�etir a razão de existir do empreendimento (missão); seu objetivo macro de longo prazo (visão); e os padrões de comportamento ético e moral compartilhado com os participantes da organização (valores). Em resumo, o pensamento estratégico nas organizações precisa de diretrizes balizadoras, a formalização das diretrizes por meio de declaração formal dá início ao que chamamos planejamento estratégico. Portanto, as diretrizes estratégicas essenciais são a declaração formal da missão, visão e valores. A Missão, Visão e Valores Organizacionais AUTORIA Giancarlo Lucca A missão estratégica é um conceito militar que remete à realização de um conjunto de objetivos e metas determinado por o�ciais aos níveis mais operacionais do exército. Os generais estrategistas criavam declarações de missão para inspirar os soldados a realizarem as tarefas designadas com total empenho. Durante a Revolução Industrial, em meio à transformação do processo produtivo padrão de artesanato para manufatura, com o surgimento das primeiras organizações empresariais, muitos conceitos, técnicas e ferramentas foram importados do sistema de organização militar. As guerras vividas pela humanidade produziram muita tecnologia utilizada nas mais diversas áreas do conhecimento humano, e a área empresarial recebeu muita contribuição da área militar. Pode-se dizer que assim como na área militar, a declaração de missão empresarial deve inspirar os colaboradores da organização,de forma a obter o máximo comprometimento dos seus esforços e manter o empreendimento competitivo. Portanto, podemos de�nir a missão empresarial da seguinte forma: a missão empresarial é a razão de existir do empreendimento e deve balizar o desenvolvimento das atividades empresariais no ambiente competitivo, inspirando as pessoas a cumprirem os objetivos determinados com comprometimento e respeito aos valores organizacionais. Com base no que foi discutido, vamos avaliar alguns exemplos de missão empresarial. A missão da Microsoft, segundo o Portal IBC: Na Microsoft, a nossa função é ajudar as pessoas e empresas em todo o mundo a concretizarem todo o seu potencial. Esta é a nossa missão. Onde tudo o que fazemos re�ete-se nesta missão e nos valores que a tornam possível. (2018). A missão da Arcor, segundo o Portal IBC: Dar, às pessoas de todo o mundo, a oportunidade de adquirir produtos de qualidade a um preço justo, criando valor para nossos acionistas, colaboradores, clientes, comunidade, fornecedores e meio ambiente, mediante uma gestão baseada em processos sustentáveis. (2018). A missão da Natura, segundo o Portal IBC: Para ser percebida como uma empresa social e ambientalmente responsável e atuante, a Natura parte da premissa de que os impactos ambientais de sua atividade decorrem de uma cadeia de transformações, da qual representa somente uma parte. Por isso, acredita que, para ter e�cácia, as ações ambientais precisam: considerar cada cadeia produtiva de maneira integral. (2018). A missão da Fiat, segundo o Portal IBC é desenvolver, produzir e comercializar carros e serviços que as pessoas pre�ram comprar e tenham orgulho de possuir, garantindo a criação de valor e a sustentabilidade do negócio. (2018). A missão da Nestlé, segundo o Portal IBC: É oferecer ao consumidor brasileiro produtos reconhecidamente líderes em qualidade e valor nutricional, que contribuam para uma alimentação equilibrada, gerando sempre oportunidades de negócios para a empresa e valor compartilhado com a sociedade brasileira”. (2018). A missão da Central Globo de Televisão, segundo o Portal IBC: criar, produzir e distribuir conteúdos de qualidade que informem, eduquem e divirtam, construindo relações que tornem melhor a vida dos indivíduos e das comunidades. (2018) A missão da Petrobrás, segundo o Portal IBC: Atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nas atividades da indústria de óleo, gás e energia nos mercados nacionais e internacionais, fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades dos seus clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua (2018). Podemos observar que praticamente todas as organizações têm uma missão. Um empreendedor inicia um negócio esperando cumprir uma missão, e mesmo que não seja declarada ela existe. O detalhe é que a não declaração da missão pode di�cultar a comunicação da razão de existir da empresa para os colaboradores, clientes, fornecedores, governo etc. O principal objetivo da declaração de missão é a evidenciação do propósito da organização, devendo: orientar as ações da organização, explicitar seu objetivo geral, proporcionar um senso de direção e orientar as tomadas de decisão. A criação da declaração da missão pode ser apoiada por técnicas, como o brainstorming, mapas mentais, diagramas de a�nidades etc. Uma boa forma de criar uma declaração de missão consistente e representativa é utilizar os 5W2H (What, Why, Where, When, Who, How e How Much). É claro que neste caso não é necessário utilizar todos os Ws ou Hs, mas a técnica auxilia muito dando um norte para a criação da missão. O quadro 1.1 ilustra a aplicação dos 5W2H para declaração da missão. Lucca (2013) apresenta um exemplo interessante da aplicação dos 5W2H na criação da missão. Vamos imaginar: uma organização que fabrica calçados infantis (what); que comercializa seus produtos para revendedores atacadistas e varejistas (who); acredita no diferencial de qualidade dos seus produtos principalmente em relação ao conforto (why); pretende oferecer seus produtos para todo o Brasil e também para outros países da América do Sul (where); está no mercado há mais de dez anos Quadro 1.1: O Uso dos 5W2H para Declaração da Missão Sigla Questão WHAT Qual é o negócio ou segmento da empresa? WHO Quem são os interessados no negócio? WHY Por que atuar neste negócio? WHERE Onde atuar? Qual é a amplitude de atuação da empresa? WHEN Quando atuar ou há quanto tempo a empresa atua nestesegmento? HOW Como atuar de forma efetiva neste negócio? HOW MUCH Qual é a viabilidade de atuar neste negócio? Fonte: Elaborado pelo autor. (when); pratica a melhoria contínua de seus processos e preza pela satisfação dos clientes internos e externos (how); oferece produtos de alto valor agregado e de excelente custo-benefício (how much). Com base neste exemplo poderemos construir a missão da empresa, mesmo que não usando todos os Ws e Hs, mas sim selecionando os aspectos que mais representam a organização. Exemplo: “Oferecer conforto e qualidade aos pés infantis fabricando calçados com tecnologia inovadora e garantindo um alto valor agregado aos clientes e respeito aos colaboradores”. Neste exemplo utilizamos: What – Qual é o negócio ou segmento da empresa? “Oferecer conforto e qualidade aos pés infantis fabricando calçados”. How – Como atuar de forma efetiva neste negócio? “[...] com tecnologia inovadora [...] e respeito aos colaboradores”. How much – Qual é a viabilidade de atuar neste negócio? “[...] um alto valor agregado aos clientes [...]”. Para melhor esclarecer esta técnica vamos agora examinar algumas das missões apresentadas anteriormente. O quadro 1.2 mostra o desdobramento da missão da empresa Fiat, conforme a estrutura 5W2H: Seguindo o mesmo padrão, vamos analisar a missão da empresa Nestlé, conforme o Quadro 1.3. Quadro 1.2: O Desdobramento da Missão da Fiat Missão Fiat – “Desenvolver, produzir e comercializar carros e serviços que as pessoas pre�ram comprar e tenham orgulho de possuir, garantindo a criação de valor e a sustentabilidade do negócio”. WHAT Carros e serviços. WHO Pessoas (consumidor). WHY Fazer com que as pessoas tenham orgulho da marca. WHERE Não especi�cou. WHEN Não especi�cou. HOW Garantindo a preferência dos consumidores. HOW MUCH Valor agregado e sustentabilidade do negócio. Fonte: Elaborado pelo autor. Com base no que foi discutido, percebe-se que a missão deve ser mais que um slogan disposto no hall de entrada das organizações. A missão deve re�etir a identidade da empresa, justi�car suas práticas; caso contrário, a missão pode cair no ridículo e produzir um efeito contrário à sua proposta. Por meio da missão é possível comunicar aos stakeholders (todos os interessados na empresa: proprietários, investidores, colaboradores, clientes, fornecedores, governo, sociedade etc.) sua proposta de vida, seus valores e seu diferencial competitivo. A Visão Estratégica Assim como a missão, a visão é uma diretriz estratégica essencial. É o estabelecimento da visão que abre a mente dos gestores para uma re�exão acerca do futuro da organização. Sem uma visão clara e de�nida não se pensa no futuro e, consequentemente, não se criam as condições ideais no presente, pois qualquer caminho serve para quem não sabe aonde quer chegar. Quadro 1.3: O Desdobramento da Missão da Nestlé Missão Nestlé – “é oferecer ao consumidor brasileiro produtos reconhecidamente líderes em qualidade e valor nutricional, que contribuam para uma alimentação equilibrada, gerando sempre oportunidades de negócios para a empresa e valor compartilhado com a sociedade brasileira”. WHAT Produtos reconhecidamente líderes em qualidade e valornutricional. WHO Consumidor brasileiro. WHY Para uma alimentação equilibrada. WHERE A sociedade brasileira. WHEN Não especi�cou. HOW Gerando sempre oportunidades de negócios para a empresa evalor compartilhado com a sociedade brasileira. HOW MUCH Valor compartilhado. Fonte: Elaborado pelo autor.A visão da Microsoft, segundo o Portal IBC, é “ser em um futuro próximo uma empresa que irá oferecer produtos de software aptos a capacitar pessoas a qualquer hora, em qualquer lugar e a partir de qualquer dispositivo” (2018). A visão da Arcor, segundo o Portal IBC é “ser a empresa nº1 de guloseimas e biscoitos da América Latina e consolidar a participação no mercado internacional” (2018). A visão da Natura, segundo o Portal IBC: A Natura, por seu comportamento empresarial, pela qualidade das relações que estabelece e por seus produtos e serviços, será uma marca de expressão mundial, identi�cada com a comunidade das pessoas que se comprometem com a construção de um mundo melhor por meio da melhor relação consigo mesmas, com o outro, com a natureza da qual fazem parte e com o todo (2018). A visão da Fiat, segundo o Portal IBC, é “estar entre os principais players do mercado e ser referência de excelência em produtos e serviços automobilísticos” (2018). A visão da Nestlé, segundo o Portal IBC: Ser o parceiro que ajuda você a crescer por meio de soluções criativas em alimentos e bebidas, respaldadas por marcas reconhecidas, que permitam inovar e satisfazer seus clientes. Como empresa líder mundial em nutrição, saúde e bem-estar, a equipe Nestlé pro�ssional tem verdadeira paixão pelo que faz e está sempre comprometida com a tarefa de oferecer fórmulas criativas, personalizadas e comercialmente viáveis. (2018). A visão da Central Globo de Televisão, segundo o Portal IBC: Queremos ser o ambiente onde todos se encontram. Entendemos mídia como instrumento de uma organização social que viabilize a felicidade. Trabalhamos juntos para a criação de um ambiente estimulante, desa�ador, produtivo e divertido, onde ideias inovadoras são realizadas a cada dia, cativando telespectadores e anunciantes e gerando resultados crescentes e permanentes (2018). A visão da Petrobrás, segundo o Portal IBC, “seremos uma das cinco maiores empresas integradas de energia do mundo e a preferida pelos nossos públicos de interesse” (2018). Um questionário para conduzir o processo de criação da visão estratégica foi desenvolvido pelo renomado consultor e professor universitário americano Warren Bennis (1996). Sua grande contribuição acadêmica repousa na área de liderança, e suas pesquisas o levaram à criação de um modelo denominado SIQ (Strategic Intention Quotient). O modelo SIQ deve ser aplicado aos colaboradores ligados à área estratégica da organização individualmente. Deve-se pedir que os gestores das áreas estratégicas respondam às perguntas sozinhos, o mais sinceramente possível e não as discutam com ninguém. O modelo SIQ de Warren Bennis, conforme Lucca (2013), foi adaptado para este material e é composto das seguintes questões: 1. A organização tem um objetivo futuro de�nido? ( ) Sim ( ) Não tenho certeza ( ) Não 2. Em que medida este objetivo futuro está claro para os colaboradores da organização? ( ) Todos os colaboradores têm conhecimento. ( ) Alguns colaboradores têm conhecimento. ( ) Poucos colaboradores têm conhecimento. ( ) Nenhum colaborador tem conhecimento. 3. A organização tem uma declaração de visão compreensível? ( ) Sim ( ) Não 4. Você é capaz de escrevê-la em uma ou duas frases? ( ) Sim ( ) Não 5. Os colaboradores que desempenham um papel estratégico na organização compreendem essa visão estratégica? ( ) Sim ( ) Não 6. Considerando que a visão declarada da organização não esteja diante dos olhos dos colaboradores, eles conseguiriam escrevê-la em uma ou duas frases sem que também não pudessem consultar uns aos outros? ( ) Apenas um colaborador conseguiria. ( ) Alguns colaboradores conseguiriam. ( ) Nenhum colaborador conseguiria. ( ) Todos conseguiriam. 7. A visão declarada é um guia e�caz para as decisões que os colaboradores tomam com relação aos negócios da organização? ( ) Totalmente e�caz. ( ) Moderadamente e�caz. ( ) Regularmente e�caz. ( ) Totalmente ine�caz. 8. As escolhas estratégicas da organização são balizadas na visão declarada? Após a conclusão dos questionários, os estrategistas devem se reunir para discutir e comparar suas percepções e opiniões sobre a visão estratégica da organização. Durante este processo haverá, com certeza, divergências sobre a visão organizacional, que deverão ser superadas pela obtenção de um consenso. Quando o consenso for obtido, os gestores deverão ser capazes de escrever uma declaração da visão organizacional bem mais coerente com a realidade da organização. Conforme Lucca (2013), para que uma visão estratégica seja efetiva e clara, ela precisa responder aos seguintes questionamentos: 1. O que diferencia nossa organização dos demais concorrentes? 2. Quais objetivos e metas são prioritários para o próximo exercício? 3. Quais os fatores críticos para estabelecer um compromisso com esta visão durante os próximos cinco ou dez anos? 4. O que o mundo deseja que a nossa empresa forneça? 5. O que a organização tem que mudar para que eu me comprometa, esteja alinhado e orgulhoso dela? ( ) Totalmente balizadas. ( ) Moderadamente balizadas. ( ) Regularmente balizadas. ( ) Totalmente não balizadas. 9. Existem ou já existiram reuniões estratégicas para de�nição de uma direção futura consensual para a organização? ( ) Sim ( ) Não 10. Existe um consenso ou ainda há diferentes versões para o direcionamento futuro da organização? ( ) Consenso total. ( ) Consenso parcial. ( ) Pouco consenso. ( ) Não existe consenso. 11. Você consegue visualizar claramente o objetivo macro futuro da organização e os processos necessários para realizá-lo? ( ) Sim ( ) Não 12. Escreva em uma ou duas frases sua própria visão estratégica da organização. Os Valores Estratégicos Após a de�nição da missão e visão da organização, cabe agora entender os valores que norteiam o comportamento da empresa no desempenho de suas atividades. Quando se fala em valores, automaticamente se pensa em cultura, e não é possível dissociá-los. Nossa de�nição para os valores repousa no aspecto de que: “os valores são o conjunto de crenças e sentimentos que constroem a cultura e as ações da empresa”. É comum os valores estarem atrelados à missão, como princípios morais ou políticas organizacionais. Os valores representam um conjunto de crenças essenciais que regem as pessoas em relação aos seus comportamentos na organização. Empresas multinacionais, ou que fabricam e distribuem produtos para países ou estados com diferenças culturais signi�cativas, têm que se adaptar e respeitar os costumes dos seus stakeholders. Vamos avaliar umas das empresas de tecnologia mais in�uentes e de sucesso no mundo: o Google. A empresa divulga sua cultura e valores em seu site da seguinte forma, de acordo com o Quadro 1.4 – Google Quem Somos. Quadro 1.4 - As Diretrizes Estratégicas do Google As Diretrizes Estratégicas do Google Missão A missão do Google é organizar as informações do mundo etorná-las mundialmente acessíveis e úteis”. Nossa Cultura São realmente as pessoas que fazem do Google o tipo de empresa que ele é. Contratamos pessoas que são inteligentes e determinadas, e preferimos a capacidade em vez da experiência. Embora os Googlers compartilhem da mesma visão e objetivos da empresa, viemos de todos os caminhos da vida e falamos dezenas de línguas, re�etindo a audiência global à qual servimos. E quando não estão no trabalho, os Googlers têm interesses que vão da bicicleta à apicultura, do frisbee ao foxtrot. Esforçamo-nos para manter a cultura livre, muito parecida com startups, onde todos são colaboradores participativos e sentem-se confortáveis para trocar ideias e opiniões. Em nossas reuniões gerais semanais ("TGIF"), sem falar nos e-mails ou nos cafés, os Googlers fazem perguntas diretamente para Larry, Sergey e outros executivos sobre qualquer tipo de problema da empresa. Nossos escritórios e cafés são projetadospara incentivar as interações entre os Googlers dentro e entre as equipes, e para estimular conversas sobre o trabalho e brincadeiras”. Valores Concentre-se no usuário e tudo mais virá. É melhor fazer algo realmente bem. Rápido é melhor que devagar. A democracia funciona na web. Você não precisa estar em sua escrivaninha para precisar de uma resposta. É possível fazer dinheiro sem fazer o mal. Sempre haverá mais informações. A busca por informações cruza todas as fronteiras. É possível ser sério sem usar terno. Excelente ainda não é o bastante. Fonte: Google (2013). Dentro das organizações, os valores devem guiar as atividades e comportamentos das pessoas diariamente, para que possam realizar a missão e alcançar a visão organizacional. Cabe aos líderes o exemplo e a busca de mecanismos e�cientes para internalizar os valores para os grupos que representam. A declaração dos valores organizacionais, da mesma forma que a missão e visão, deverá ser feita pelos gestores das áreas estratégicas por meio de reuniões de Brainstorming. Estas reuniões poderão ter como tema: “quais são os valores organizacionais que devemos transmitir aos nossos stakeholders?”. Ao reunir o conjunto de valores-chave, o grupo deverá chegar ao consenso de quais valores irão auxiliar a realização da missão e o alcance da visão. O próximo passo será publicar estes valores juntamente com a missão e a visão nos meios de comunicação da organização e promover a “internalização” destas diretrizes aos demais colaboradores. Os Quadros a seguir ilustram a declaração das diretrizes organizacionais. O Quadro 1.5 traz o exemplo da Gerdau S/A. Como professor universitário e também consultor empresarial presenciei muitas missões empresariais mal-formuladas. A análise proposta neste tópico deverá auxiliar os pro�ssionais de estratégia a formularem declarações de missão coerentes. Além do exemplo muito bem claro e de�nido da Gerdau, segue o exemplo da empresa de aviação brasileira Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A, conforme ilustra o Quadro 1.6. Quadro 1.5: Diretrizes Estratégicas da Gerdau S/A Diretrizes Estratégicas da Gerdau S/A Missão “Gerar valor para nossos clientes, acionistas, equipes e asociedade, atuando na indústria do aço de forma sustentável”. Visão “Ser global e referência nos negócios em que atua”. Valores “Ter a preferência do cliente; Segurança das pessoas acima de tudo; Pessoas respeitadas, comprometidas e realizadas; Excelência com simplicidade; Foco em resultados; Integridade com todos os públicos; Sustentabilidade econômica, social e ambiental.” Fonte: Portal IBC (2018). Muito bem, caro estudante, agora que conhecemos o conceito de diretrizes estratégicas e sua importância, bem como vimos de forma prática o seu uso, vamos estudar o processo evolutivo do planejamento estratégico. Quadro 1.6: Diretrizes Estratégicas da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A Diretrizes Estratégicas Da Gol Linhas Aéreas Inteligentes S/A Missão “Aproximar pessoas com segurança e inteligência”. Visão “Ser a melhor companhia aérea para viajar, trabalhar e investir”. Valores Segurança; Inovação; Foco do cliente; Orientação para resultados;Sustentabilidade. Fonte: Elaborado pelo autor. O Processo Evolutivo do Planejamento Estratégico AUTORIA Giancarlo Lucca O pensamento estratégico é tão velho quanto o próprio homem. Desde os primórdios nas cavernas, os primeiros seres humanos tinham preocupações estratégicas em relação à sobrevivência e à continuidade da espécie. Registros em pinturas e utensílios em pedra descobertos pela ciência historiadora há milhares de anos já revelam uma preocupação organizacional dos homens das cavernas. Um certo tipo de contabilidade da caça e da pesca mostra os primórdios da evolução do pensamento estratégico. Existem relatos, não comprovados cienti�camente, da existência de um general chinês conhecido como Sun Tzu há cerca de 2.300 anos. Este líder militar teria criado um tratado estratégico para alcançar sucesso em suas batalhas: “A Arte da Guerra”. Este tratado, que a partir do século XX passou a ser difundido no meio empresarial, faz uma analogia entre as táticas de guerra dos antigos guerreiros chineses e o atual ambiente competitivo. Autores diversos da literatura sobre estratégias empresariais a�rmam que “A Arte da Guerra” é um livro de cabeceira dos grandes executivos e gestores em todo o mundo. O termo “Planejamento Estratégico” vem sendo utilizado amplamente na literatura estratégica a partir da década de 1950. O sucesso do Japão no pós-guerra instituindo o controle da qualidade total (CQT) e o gerenciamento da qualidade total (GQT) trouxe muita contribuição aos estudos empresariais. Neste período a competitividade empresarial se consolidou a nível global, e muitos métodos, técnicas e ferramentas foram desenvolvidas para suportar as necessidades de sucesso das organizações. O cenário de guerra empresarial que se apresentava neste período era exponencialmente dinâmico e competitivo. A Década de 1960 A década de 1960 foi primordial para a expansão mundial dos conceitos de Planejamento Estratégico. No início, tais conceitos consistiam apenas em analisar as oportunidades, ameaças e pontos fortes e fracos de uma organização, e partir dessa análise elaborar uma estratégia que conseguisse um bom desempenho da organização. Neste período surgiram duas preocupações básicas do planejamento estratégico: o conteúdo estratégico e o processo de implantação da estratégia. Muitos autores contribuíram com estas duas questões importantes, conteúdo e forma. Entre eles, o guru do planejamento estratégico, Igor Ansoff, e o criador da matriz de análise SWOT, Albert Humphrey. Igor Ansoff De acordo com Lucca (2013), um dos grandes responsáveis pela disseminação do planejamento estratégico no mundo foi um professor e consultor norte-americano chamado Igor Ansoff, sendo uma de suas principais contribuições a Matriz Ansoff de planejamento estratégico, baseada na expansão e diversi�cação empresarial por meio de uma sequência de decisões, conforme a Figura 1.1. Figura 1.1: Matriz de Planejamento de Igor Ansoff Fonte: Elaborada pelo autor. Essa matriz representa algumas variáveis que Ansoff dizia poder aprimorar o desempenho competitivo das organizações. A matriz apresenta quatro estratégias distintas: penetração de mercado, desenvolvimento de mercado, desenvolvimento de produto e diversi�cação. Observa-se na Figura 1.1 que a matriz tem duas dimensões, produtos e mercados; e sobre essas duas dimensões, quatro estratégias podem ser formadas, conforme Lucca (2013): Penetração de mercado: a organização direciona seus esforços para a captação e �delização dos clientes. Desenvolvimento de mercado: a organização busca introduzir novos produtos e fortalecer os existentes em novos mercados. Desenvolvimento de produtos: a organização dedica recursos e esforços para pesquisa e desenvolvimento, e investe na inovação para competir em mercados existentes. Diversi�cação: sendo esta uma estratégia de maior risco, devido às incertezas dos novos produtos em novos mercados, tendo a certeza de que esta ação estratégica possa trazer resultados satisfatórios. Conforme já citado, o pós-guerra foi um marco para os estudos sobre o planejamento estratégico. As organizações passaram a se preocupar realmente com o ambiente competitivo no qual estavam inseridas. Enquanto os pioneiros da administração empresarial clássica (Taylor, Fayol, Mayo, entre outros gurus) tinham foco à parte interna das organizações, para Ansoff o ambiente externo se tornava cada vez mais dinâmico e in�uente no desempenho das empresas. Essa preocupação ambiental foi fortemente apresentada por Sun Tzu em “A Arte da Guerra”, há 2.000 anos, conforme apresentamos na seção anterior, mas foi identi�cada e salientada pelos estudiosos modernos de administração em obras do chamado planejamento estratégico. Albert Humphrey O conteúdo estratégico diz respeito ao objeto de análise, a quais variáveis devem ser controladas pelos gestores a �m de levaremsuas organizações para uma situação futura desejada. Muitas contribuições surgiram em relação a esta preocupação, e uma delas é a famosa análise SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities, and Threats), que em português signi�ca respectivamente forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Esta técnica foi desenvolvida pelo engenheiro químico e consultor empresarial Albert Humphrey (1926-2005), especializado em gestão organizacional e em mudanças culturais nas organizações. Humphrey nasceu nos Estados Unidos e desenvolveu a análise SWOT enquanto trabalhou no Instituto Stanford de Pesquisa, no início da década de 1960. Esta técnica está fortemente relacionada à preocupação com o conteúdo estratégico. Neste caso, o conteúdo da estratégia está de�nido como: conhecer as forças e estabelecer estratégias de maximização; reconhecer as fraquezas e criar estratégias de minimização; identi�car as oportunidades e desenvolver estratégias de aproveitamento; e identi�car as ameaças e criar mecanismos de neutralização. A Figura 1.2 ilustra a Matriz SWOT de Humphrey. Figura 1.2 - Matriz SWOT de Albert Humphrey Fonte: Elaborada pelo autor. A matriz SWOT, conforme a Figura 1.2, está distribuída em duas dimensões quanto ao alcance dos objetivos: favorável (forças e oportunidades) e prejudicial (fraquezas e ameaças). E classi�cada quanto ao ambiente empresarial, como: ambiente interno (forças e fraquezas) e ambiente externo (oportunidades e ameaças). A aplicação da matriz SWOT superou as fronteiras temporais e permanece como uma grande ferramenta de diagnóstico estratégico. Com certeza esta técnica merece um destaque especial nesta obra e terá sua aplicação detalhada na Unidade III. A Década de 1970 A década de 1970 é também conhecida como a “década de ouro” do Planejamento Estratégico. Nesta época o crescimento dos mercados era inferior à expectativa de crescimentos das organizações da época, e isto impulsionava a competitividade. As organizações da época focavam seus esforços no desenvolvimento de produtos que pudessem atender às necessidades e expectativas dos clientes. O Japão intensi�cou os estudos sobre técnicas de desenvolvimento de produtos de acordo com as necessidades do mercado e desenvolveu métodos, como o desdobramento da função qualidade QFD (Quality Function Deployment). Nos Estados Unidos, as empresas de consultoria tiveram muito trabalho para auxiliar as organizações a competirem e se destacarem no atual ambiente competitivo. Nessa época o BCG (Boston Consulting Group) propôs a matriz BCG. Boston Consulting Group O BCG (Boston Consulting Group) é uma empresa de consultoria empresarial especializada em estratégias empresariais. Foi fundada pelo americano Bruce Henderson em 1963. Sua principal contribuição foi a criação da Matriz BCG, uma ferramenta estratégica para diagnóstico de produtos ou de unidades de negócio baseada no conceito de ciclo de vida de produto. A Figura 1.3 ilustra a Matriz BCG. Figura 1.3 - A Matriz BCG Fonte: Adaptada de Kotler (2000, p. 91). Conforme a Figura 1.3, a matriz tem duas dimensões: taxa de crescimento de mercado e participação relativa de mercado (que é a participação da empresa em relação à participação de seu maior concorrente). Estas dimensões são avaliadas como altas ou baixas, e essa combinação gera os quadrantes de avaliação do portfólio da empresa, gerando uma ideia clara do posicionamento do produto em seu ciclo de vida. Esta matriz auxilia na decisão de fortalecer ou não os investimentos em cada um dos produtos do seu portfólio. De acordo com Lucca (2013), os produtos são inseridos na matriz BCG e classi�cados de acordo com o seu respectivo quadrante: O quadrante questionamento: também conhecido como "ponto de interrogação" ou "criança-problemática", tem uma situação delicada quanto ao retorno sobre o investimento. Produtos neste quadrante precisam receber investimentos para aumentarem sua participação em mercado promissor e crescente, e neste caso tornarem-se um produto “estrela”. Por outro lado, caso a decisão seja não investir no produto para mudar sua participação de mercado, o tempo de ciclo do mercado poderá expirar, e o produto terá absorvido um grande investimento, tornando-se um "abacaxi". O quadrante estrela: os produtos “estrela” são referências no mercado e possuem uma alta participação em um mercado promissor e crescente. São lucrativos, embora exijam grandes investimentos e tenham taxas de crescimento potencialmente elevadas. A melhor decisão estratégica é garantir os investimentos para que o produto não perca sua participação no mercado, pois, quando a potencialidade de crescimento do mercado perder sua força com o tempo, ele pode se tornar uma "vaca leiteira". O quadrante vaca leiteira: neste quadrante estão os produtos mais lucrativos da empresa. Com o baixo crescimento do mercado, estes produtos não exigem grandes investimentos e já detêm uma alta taxa de participação no mercado. Geralmente são estes produtos que sustentam o desempenho atual da organização. O quadrante abacaxi: também conhecido como "cão", "vira-lata" ou "animal de estimação", deve ser evitado e minimizado nas empresas. São produtos que não são lucrativos, pois têm baixa participação no mercado e não possuem expectativa de crescimento. Quando não houver mais rentabilidade, a melhor decisão estratégica será abandonar o produto. Esta ferramenta é também muito importante para o diagnóstico estratégico e, assim como a análise SWOT, também terá sua aplicação detalhada na Unidade III. Michael Porter Outro grande estudioso dos conceitos e aplicações de estratégia empresarial e competitividade é Michael Eugene Porter. Formou-se inicialmente em engenharia mecânica e aeroespacial, em seguida obteve um MBA e doutorado em Economia empresarial na Harvard Business School, onde se tornou professor, com apenas 26 anos de idade. Atuou como consultor de estratégia de muitas empresas norte-americanas, e seu trabalho teve in�uência em muitas organizações públicas e privadas, e até governos internacionais. Uma de suas contribuições foi o estudo das três fontes genéricas de vantagem competitiva: diferenciação, baixo custo e focalização estratégica em mercados especí�cos. Sua principal contribuição ocorreu em 1979, com a concepção de um modelo de diagnóstico estratégico em torno de cinco forças competitivas conhecidas como as cinco forças de Porter. Conforme Lucca (2013), a análise das cinco forças de Porter consiste no diagnóstico estratégico em relação a: competição acirrada entre os atuais concorrentes, poder de negociação dos clientes, poder de negociação dos fornecedores, ameaça da entrada de novos competidores e ameaça de produtos substitutos. A Figura 1.4 ilustra o modelo das cinco forças de Porter. Figura 1.4 - O Modelo das Cinco Forças de Porter Fonte: Elaborada pelo autor. Da mesma forma que a matriz SWOT e a matriz BCG, o modelo das cinco forças de Porter permanece como uma grande ferramenta de diagnóstico estratégico e terá sua aplicação detalhada futuramente. O Planejamento Estratégico na General Eletric Na década de 1970, muitas contribuições acadêmicas surgiram em prol da consolidação do Planejamento Estratégico como ferramenta indispensável para a sobrevivência das organizações no ambiente competitivo. Mas foi com o exemplo da General Eletric (GE) que o Planejamento Estratégico se posicionou formalmente dentro das organizações. Segundo Lucca (2013), houve a criação do conceito de unidades estratégicas de negócios, que funcionavam como organismos descentralizados com capacidade de decisão própria para defnição de ações estratégicas. O exemplo da GE passou a ser seguido por grandes organizações empresariais do mundo todo. Um dos grandes estrategistas da GE foi o consultor Jack Welch, que iniciou sua carreira na empresa no início dos anos 1960. Em 1981, tornou-se o presidente da companhia e realizou grandes feitos. Nos seus 20 anos como presidente da GE, desburocratizou e aplicou diversas inovações gerenciais. A partir da gestão de Jack Welch, o PlanejamentoEstratégico da Companhia tomou novos rumos. Welch eliminou o departamento de Planejamento Estratégico da GE, pois acreditava que a repartição havia se convertido em um elefante branco burocrático onde reinava o comodismo. Este departamento era constituído por cerca de 200 pro�ssionais. Há relatos de que nessa época os relatórios de planejamento estratégico da empresa ultrapassavam os 3 metros de comprimento. A Década de 1980 Após a idade de ouro do Planejamento Estratégico, observou-se uma nova ênfase do pensamento estratégico, com um novo olhar preocupado com a surpresa, mudança ou antevisão de problemas de recursos ou quaisquer outros aspectos que pudessem ter impacto na organização. O início dos anos 1980 foi um período de recessão e muitas críticas ao Planejamento Estratégico, que surgiram devido a diversos erros cometidos por muitas empresas, gerando muitos prejuízos. Pensadores como Henry Mintzberg reforçavam que um processo de planejamento estratégico rígido e in�exível trazia prejuízos ao pensamento criativo e à inovação. Para Mintzberg (2005), a estratégia deveria ser administrada, e não apenas planejada. Surge então o conceito de “Gestão Estratégica” em contraponto ao “Planejamento Estratégico”. Henry Mintzberg Henry Mintzberg nasceu em 1939 em Montreal no Canadá e atualmente é professor na McGill University, no Quebec, Canadá, onde leciona desde 1968, após ter concluído seu Mestrado e Doutorado em Gerência no MIT (Massachusetts Institute of Technology) nos Estados Unidos. Mintzberg é um grande colaborador dos estudos de estratégia empresarial, com mais de treze livros e 140 artigos publicados. Uma de suas principais obras é o livro “A Ascensão e a Queda do Planejamento Estratégico”, que é considerada uma leitura obrigatória para os tomadores de decisão. Nesta publicação, Mintzberg (2005) critica algumas das práticas do planejamento estratégico tradicional e propõe um processo mais consistente, dinâmico e contínuo de administração estratégica. Segundo Henry Mintzberg (2005), as organizações são constituídas por seis componentes básicos com funções especí�cas: Vértice Estratégico: é constituído pelos gestores de alto escalão (conselhos de administração, conselhos gerenciais, etc.) e pelo pessoal de assessoria (staff). Núcleo Operacional: é constituído pelos funcionários que executam as atividades básicas da empresa. Linha Hierárquica Média: é constituída pelos gestores intermediários e diretores funcionais, que fazem a ligação entre o vértice estratégico e o núcleo operacional. Tecnoestrutura: é constituída pelos analistas, engenheiros, contabilistas etc., responsáveis pela organização, sistemas e métodos. En�m, é a equipe de pro�ssionais que desenha os sistemas de trabalho da empresa. Logística: é constituída pelo pessoal que tem a seu cargo as funções de apoio, como: serviços jurídicos, relações públicas, pesquisa e desenvolvimento etc. Ideologia ou Cultura: inclui os valores, as crenças e as tradições, ou seja, a personalidade da organização que a distingue de todas as outras. Tais valores funcionam como impulsionadores ou limitadores de ações estratégicas. Para Mintzberg (2005), a combinação destes seis elementos apresentados possibilita compreender as arquiteturas corporativas e assim formular hipóteses estratégicas mais pautadas na realidade organizacional. Outra grande contribuição de Henry Mintzberg juntamente com Bruce Ahlsltrand e Joseph Lampel foi o livro “Safári de Estratégia”. Escrito em 1998 e editado em Porto Alegre pela Bookman em 2000, nesta obra o autor retrata a estratégia empresarial em dez Escolas Estratégicas por meio do estudo das práticas observadas ao longo dos anos. As escolas estratégicas do Safári de Estratégia são: Escola de design: criada pelos autores Selznick apud Mintzberg (2005) e Andrews apud Mintzberg (2005), visualiza a estratégia como um modelo mental do estrategista, geralmente o CEO (Chief Executive Of�cer) ou presidente da empresa. O estrategista, como um general, desenha as oportunidades e ameaças do ambiente externo com base nas suas potencialidades e fraquezas. Escola do Planejamento: liderada pelas ideias de Igor Ansolf, caracteriza-se por uma visão extremamente estruturada e formal da estratégia. A �gura do estrategista máximo tomador de decisões já não é o foco como na escola anterior, mas sim a formação de uma equipe estratégica que deverá formalizar planos acerca dos recursos disponíveis e possibilidades oferecidas pelo mercado. Escola do Posicionamento: é mais evidente nos anos 1970 e 1980, liderada por Schendel, Cooper, Hatten e principalmente Porter. Esta escola enfatiza o conteúdo estratégico, com base nas variáveis que de�nem o posicionamento da organização nos mercados econômicos. Escola Empreendedora: baseada na visão, na intuição e na capacidade de empreender dos estrategistas. Seus fundadores foram Shumpeter (1954) e Cole (1959), além de outros economistas da época. Escola cognitiva: baseada no espírito empreendedor, porém buscando ferramentas da psicologia cognitiva para penetrar na mente do estrategista concorrente. REFLITA O Declínio do Planejamento Estratégico Em um mundo dinâmico, de mudanças rápidas e necessidade de alta �exibilidade, o quanto é válido para a organização a prática do planejamento estratégico? Qual é a viabilidade de investir tempo e recursos planejando os próximos anos, se pequenas variações nas condições atuais podem ocasionar grandes variações nos resultados previstos? Fonte: Elaborado pelo autor. Escola do Aprendizado: nesta escola a estratégia tem um ponto de partida, mas ela não se apresenta como um plano de�nitivo e formal. O tempo vai auxiliar na construção de um padrão estratégico ideal com base nos erros e acertos da empresa ao longo do tempo. Escola do Poder: os pensadores desta escola enfatizem as questões políticas e o processo de negociação dentro e fora da organização. Escola da Cultura Empresarial: teve início nos �ns dos anos 1960 e foi impulsionada por Rhenman e Normann, na Suécia. Para estes autores, a estratégia está enraizada na cultura da empresa, visando à coletividade e à cooperação na organização. Escola do ambiente: também foi criada no �nal dos anos 1960, propondo que os processos de criação de estratégias fossem baseados na reação da empresa com o contexto em que está inserida, ou seja, seu ambiente. Escola da con�guração: foi criada e defendida por Mintzberg nos anos 90 como a principal forma de sobreviver no atual ambiente competitivo, buscando ideias de todas as outras escolas e adaptando os conceitos de forma contingente às necessidades e situações empresariais. Nesta unidade foi possível compreender as bases teóricas necessárias para o entendimento do planejamento estratégico na prática. Inicialmente foram discutidas as diretrizes estratégicas: missão, visão e valores. Estas diretrizes foram apresentadas como o primeiro passo para um planejamento estratégico de excelência. Também foi possível entender o processo evolutivo do planejamento estratégico. Este entendimento é muito importante, pois possibilita aos novos gestores a compreensão de técnicas e ferramentas desenvolvidas ao longo da história, suas aplicações, seus sucessos e seus fracassos. Muitas das ferramentas e metodologias desenvolvidas no passado permanecem vivas e são de importante aplicação nos dias atuais. Foi possível investigar estes métodos desde a década de 1960, com os estudos de Igor Ansoff, passando pelas matrizes SWOT, desenvolvida por Albert Humphrey, e a BCG, do Boston Consulting Group, até as forças de Porter, no �nal dos anos 1970. A próxima unidade irá discutir o próximo passo do planejamento estratégico em sua trajetória de sucessos e fracassos, o declínio do termo planejamento estratégico e a ascensão dos processos de gestão estratégica. Conclusão - Unidade 1 Livro Unidade 2 O Planejamento Estratégico Versus Gestão Estratégica AUTORIA Giancarlo Lucca Introdução Nesta unidade estudaremos os aspectos que levaram a uma quebra de paradigma em relaçãoà visão estratégica empresarial moderna. Uma nova terminologia passou a ser empregada de forma a representar mais �elmente a realidade das práticas estratégicas nas organizações contemporâneas: a gestão estratégica. Uma nova visão de sucesso empresarial se instalou a partir da década de 1990, e metodologias que exploram as estratégias funcionais – �nanças, marketing, produção e recursos humanos – tomaram conta do cenário estratégico a nível mundial. Com isso, apresentaremos, além dos aspectos que justi�cam essa quebra de paradigma, o conceito e a sistemática do sistema Balanced Scorecard, sendo este o principal modelo de gestão estratégica contemporâneo. Bons estudos! Plano de Estudo Conceito de gestão estratégica. A nova visão de sucesso empresarial. As estratégias funcionais e sua inter-relação. O Balanced Scorecard e sua sistemática. Objetivos de Aprendizagem Entender a transição do planejamento estratégico para a gestão estratégica. Conhecer os aspectos que levaram a quebra do paradigma da avaliação empresarial puramente �nanceira. Estudar a relação de causa e efeito entre as estratégias funcionais: estratégia �nanceira; estratégia mercadológica; estratégia operacional e estratégia de pessoas. Compreender o modelo Balanced Scorecard e sua sistemática. A Gestão Estratégica AUTORIA Giancarlo Lucca O termo “Gestão Estratégica” vem sendo utilizado na literatura estratégica desde a década de 1980, pelo entendimento de que o termo “Planejamento Estratégico” está superado. Alguns autores de livros publicados recentemente com o título “Planejamento Estratégico” a�rmam que esta mudança de terminologia não representa grandes mudanças substanciais, mas, a meu ver, esta é uma análise super�cial do estudo estratégico. Existem diferenças substanciais sim, e esta diferença está nos termos, nas práticas e na motivação para exercer a estratégia nas organizações. Com relação à terminologia “Planejamento”, apresentamos aqui nossa própria de�nição: planejar é o esforço de descrever amplamente as decisões que poderão conduzir a organização para uma situação futura desejada, criar metas, de�nir políticas, identi�car os vetores de desempenho e conhecer os fatores críticos de sucesso. Ao longo dos anos o termo “Planejamento” incorporou e se associou a outros termos, como “Previsão”, “Projeção” e “Plano”. A previsão diz respeito ao esforço de se conhecer o que poderá ocorrer no futuro com base no registro de uma série de probabilidades. A projeção corresponde à situação em que o futuro tende a ser igual ao passado. Grá�cos de projeção são muito úteis para evidenciar o comportamento das vendas, das �nanças, da produtividade etc. O plano é o limite da formalização do planejamento, é o momento em que o planejamento se torna um documento o�cial da organização e também é neste momento que o planejamento se torna estático. O fazer planos exige investimento da organização, sendo assim, é necessário avaliar a relação de custos e benefícios. Já a terminologia “Gestão”, ou “Administração”, tem um sentido mais amplo e, quando aplicada ao pensamento estratégico, in�uencia a forma de se lidar com o conteúdo e o processo de implantação da estratégia na empresa. Administrar é um processo dinâmico e cíclico que implica planejar, organizar, dirigir e controlar uma organização. A Figura 2.1 ilustra este conceito. Figura 2.1 - Conceito de Administração Fonte: Elaborada pelo autor. Portanto, não se propõe abandonar o “Planejamento” da organização, mas sim inseri- lo em um conceito mais efetivo das práticas estratégicas atuais: a “Administração ou Gestão Estratégica”. A gestão estratégica é muito mais dinâmica, conforme o Quadro 2.1, a seguir. Portanto, observa-se que no atual cenário competitivo, vigente a partir da década de 1980, o conceito de planejamento estratégico passou a ser substituído pelo conceito de gestão estratégica. A atual arena de negócios necessita de maior dinamicidade nas decisões, práticas e ações contínuas e ininterruptas, e também um constante �uxo de formação e aperfeiçoamento da estratégia. Quadro 2.1 - Os Processos da Gestão Estratégica Os Processos da Gestão Estratégica Planejamento De�nir as diretrizes organizacionais (missão, visão e valores). Realizar o diagnóstico estratégico (análise SWOT, matriz BCG, forças de Porter etc.). Identi�car a direção estratégica (objetivos estratégicos e metas). Organização Relacionar os fatores críticos de sucesso para o alcance dos objetivos estratégicos e metas planejadas. Reunir os recursos materiais, humanos e �nanceiros para garantir o alcance das metas estratégicas. Direção De�nir as ações estratégicas para alcance dos objetivos estratégicos, com base na observação dos fatores críticos de sucesso. Redigir o plano de ação baseado nos 5W2H e dessa forma transformar a estratégia em ações concretas. Controle De�nir os indicadores de desempenho para medir o progresso do alcance das metas, e consequente realização da visão. Avaliar os resultados da medição e reavaliar o planejamento. Reiniciar o processo cíclico. Fonte: Elaborado pelo autor. A Nova Visão de Sucesso Empresarial AUTORIA Giancarlo Lucca A década de 1990 marcou as crescentes críticas aos sistemas de medição de desempenho tradicionais com enfoque puramente em indicadores �nanceiros. A grande motivação para estas críticas tem sido as mudanças ambientais ocorridas principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Observa-se que na maior parte do século XX os sistemas de medição de desempenho tradicionais funcionavam em um ambiente estável de produtos maduros e poucas mudanças tecnológicas. O desenvolvimento dos sistemas de medição tradicionais ocorreu até cerca de 1925, quando os procedimentos de contabilidade utilizados até então faziam parte do orçamento das organizações, como: custos padronizados, preços de transferência, modelo de retorno sobre o investimento DuPont etc. Após a Segunda Guerra Mundial, o avanço tecnológico e o crescimento e desenvolvimento industrial tornaram as organizações mais complexas. O novo cenário competitivo e a complexidade organizacional criaram novas demandas aos sistemas de medição de desempenho tradicionais. As medidas �nanceiras re�etiam os resultados de decisões já tomadas, mas deixavam a desejar ao fornecer uma orientação adequada para o desenvolvimento estratégico de longo prazo. Dessa forma, pesquisadores organizacionais desenvolveram metodologias e ferramentas para um melhor gerenciamento das organizações, como: movimentos da qualidade (Total Quality Control – TQC e Total Quality Management – TQM); o modelo Kaizen de melhoria contínua; a �loso�a JIT (Just in Time) de produção enxuta; a reengenharia de processos etc. A utilização de ferramentas de gestão organizacional baseadas na melhoria contínua raramente tiveram iniciativa nos departamentos de contabilidade ou de gerenciamento �nanceiro, e isto ocorreu principalmente devido às características conceituais divergentes de cada modelo de gestão. Os modelos baseados na gestão de desempenho tradicional geralmente têm uma visão de curto prazo, ao contrário das ferramentas de gestão baseadas na melhoria contínua. Por isso, a possibilidade de con�ito entre os objetivos dos novos instrumentos de gestão com os sistemas de medição de desempenho tradicionais é considerável. A estratégia de uma organização focada na satisfação dos clientes por meio da melhoria dos processos não é consistente com o pensamento de curto prazo, que, facilmente, resulta do enfoque sobre medidas �nanceiras isoladas. Existe um grande número de empresas que ainda possuem sistemas de avaliação tradicionais – o problema é que os indicadores puramente �nanceiros apresentam algumas limitações, principalmente por não contemplarem, de forma balanceada, o suporte aos objetivos estratégicos das empresas. Estes indicadores não têm a capacidade de agregar à necessidade de integração das áreas estratégicas da organização, por serem focados em processos de controles isolados. Isto promove uma visão restrita da organização,acarretando sistemas de custeio que produzem informações baseadas simplesmente em dados históricos e que não re�etem o ambiente altamente dinâmico e competitivo. As principais críticas aos sistemas de avaliação tradicionais são: Enfatizam os resultados imediatos. Não consideram algumas medidas, já que os relatórios �nanceiros são usualmente encerrados mensalmente, à medida que surgem decisões que precisam ser tomadas com urgência. Os resultados �nanceiros na maioria da vezes não chegam a tempo. Consideram apenas a medida de valores �nanceiros para quanti�car desempenho. Geralmente são pré-formatados, deixando o registro das informações de forma in�exível, ignorando o fato de que cada processo organizacional tem características especí�cias. Não consideram as informações relativas à qualidade, con�abilidade e �exibilidade, não contemplando o foco estratégico. Enfatizam apenas otimizações locais, por exemplo: manter estoques para ter produtividade nas máquinas e operadores. Não dão ênfase às inovações. Não possibilitam a tradução de métricas sobre o olhar para o cliente e também para o desempenho da concorrência. Quando se diz que as medidas �nanceiras não são su�cientes para medir o resultado organizacional por completo não signi�ca que devemos descartá-las, pelo contrário, acredita-se que essas medidas precisam ser combinadas com métricas que revelem o desempenho das ações produzir resultados. O conjunto de mudanças ambientais que presente na década de 1990 é uma jornada que iniciou na era industrial a caminho da era da informação, impactando na competitividade e fazendo com que os novos estrategistas abandonassem os velhos princípios de gestão, utilizados na era industrial, para criarem novas abordagens focadas na era da informação. Para Kaplan e Norton (1997), o avanço das tecnologias de informação para suportar os negócios organizacionais possibilitou o que os autores denominam “Novo Ambiente Operacional”, de�nido por algumas características conforme os itens a seguir: Processos integrados: processos organizacionais interligados que envolvem todas as funções tradicionais, gerando e�ciência e precisão na execução dos processos. Integração entre clientes e fornecedores: a tecnologia da informação e comunicação permite que tenhamos uma produção puxada pelo mercado e não mais empurrada. Mercado segmentado: o uso cada vez maior de sistemas de relacionamento com o cliente (CRM - Customer Relationship Management) direciona as organizações para a segmentação e personalização dos produtos. Globalização do mercado: com a eliminação das barreiras globais e expressivo uso dos mercados online, as organizações precisam adaptar seu per�l estratégico a esta nova realidade. Rápida inovação tecnológica: o avanço exponencial das tecnologias faz com que o ciclo de vida dos produtos seja cada dia menor. Exploração do conhecimento dos funcionários: o velho paradigma de separar a classe intelectual dos pro�ssionais operacionais deve �car no passado. O conhecimento de todos os colaboradores tem muito valor para as organizações. Um estudo realizado em 2003 sobre os condutores de valor para as organizações no segmento �nanceiro de ações demonstrou a incapacidade de os gestores atuarem proativamente em relação à comunicação de suas métricas “não �nanceiras” aos analistas de mercado de ações. Consequentemente, em relação aos investidores, houve uma di�culdade no entendimento correto das estratégias, métricas de desempenho e previsão futura de eventos da organização. O estudo também revelou que as falhas na comunicação entre administradores, analistas de mercado e acionistas proporcionaram relevantes mudanças no compartilhamento de informações “não �nanceiras” nas avaliações de desempenho, como: Observou um crescimento signi�cativo no impacto das informações não �nanceiras utilizadas pelos analistas em suas medições e recomendações de compra e venda. Os analistas se mostraram interessados nos fatores relacionados com a execução estratégica. Observou que a variação das métricas ocorreu conforme a indústria, e não segundo uma estratégia em especí�ca. Detectou que os analistas que utilizam mais expressivamente as informações “não �nanceiras” apresentam projeções mais corretas. Percebeu que um terço das informações usadas pelos acionistas institucionais foi útil na justi�cativa de seus novos investimentos. Enfatizou a existência de uma relação entre as mudanças nas informações e o valor das ações. Dessa, percebemos que os investidores querem conhecer, de forma mais profunda, o modelo de negócio das organizações, através da visão dos principais índices de desempenho, relativos às perspectivas não �nanceiras, utilizando-os para impulsionar a decisão de investimento, evidenciando a in�uência de tais índices no valor das ações das empresas. Estas características do novo ambiente competitivo têm impulsionado a busca por sistemas de avaliação de desempenho que possam oferecer parâmetros mais coerentes, em relação ao passado, presente e principalmente futuro da organização. O Balanced Scorecard O conceito de gestão estratégica balanceada surgiu no início da década de 1990, com os estudos de Robert Kaplan e David Norton, ambos professores da Harvard Business School. Os autores acreditavam que a visão puramente contábil e �nanceira de avaliação do desempenho, em prática até então, já não re�etia a realidade estratégica das organizações. Com isso, propuseram um sistema de medição de desempenho denominado por eles Balanced Scorecard. O termo “balanceado” foi utilizado pelos autores por entenderem que a visão estratégica deveria ser desdobrada em quatro áreas estratégicas-chave das organizações: área �nanceira, área do mercado, área dos processos e área do desenvolvimento humano. Este sistema de medição de desempenho teve uma repercussão mundial, sendo utilizado em empresas de diversos segmentos e portes, com a obtenção de excelentes resultados. Melhorias neste sistema ao longo dos anos o transformaram no principal modelo de gestão estratégica disponível na década de 1990 e que continua forte na primeira década deste novo milênio. Com isso, optamos por utilizar também e explorar as contribuições do Balanced Scorecard de Kaplan e Norton neste livro. Buscamos desenvolver aqui uma abordagem prática e adaptada, de forma a utilizar outras ferramentas muito importantes já citadas nos tópicos anteriores. O Balanced Scorecard, também conhecido pela sigla BSC, foi desenvolvido por David Norton e Robert Kaplan na década de 1990 com o título original Measuring Performance in the Organization of the Future. No início, este estudo foi desenvolvido pela crença de que os sistemas de medição de desempenho convencionais estavam se tornando utrapassados por utilizarem apenas métricas que contemplavam os ativos tangíveis da empresa e os índices contábeis e �nanceiros. De acordo com Kaplan e Norton (1997), os ativos intangíveis precisam ser considerados tão relevantes quanto os ativos tangíveis, por possibilitarem os seguintes aspectos: 1. Criar relações que mantenham a �delidade dos clientes. 2. Relações que possibilitam a expansão do segmento de clientes. 3. Que permitam o lançamento de produtos inovadores de acordo com as necessidades e expectativas dos clientes-alvo. 4. Elaborem produtos de alta qualidade a preços acessíveis e com ciclos de vida mais curtos. 5. Possibilitem valorizar e impulsionar as habilidades dos funcionários para a melhoria contínua dos processos. 6. Atribuam maior valor a informação e ao conhecimento por meio do uso efetivo da tecnologia de informação e sistemas. Com o intuito de desenvolver um novo modelo para se adaptar ao novo ambiente operacional, Kaplan e Norton (1997) organizaram seminários bimestrais com representantes de dezenas de empresas industriais e do segmento de serviços, desde a manufatura pesada até a indústria de alta tecnologia, sendo que em um desses seminários um dos membros participantes demonstrou um scorecard corporativo contendo, além das métricas �nanceirastradicionais, outros indicadores de desempenho relacionados a prazos de entrega, qualidade e produtividade, bem como a efetividade no desenvolvimento de novos bens e serviços. Os resultados dos estudos realizados por David Norton e Robert Kaplan, e seu grupo de pro�ssionais e estudantes, foram resumidos por Kaplan e Norton (1992) no artigo “The Balanced Scorecard – Measures that drives performance”. Em seguida originou-se o modelo balanceado de avaliação de desempenho – o Balanced Scorecard (BSC). As Estratégias Funcionais e sua Inter-relação AUTORIA Giancarlo Lucca O balanceamento da estratégia partiu da ideia de um sistema de avaliação de desempenho (scorecard) de múltiplas dimensões, que incorporasse índices �nanceiros e não �nanceiros, medidas de ocorrência e de tendência, visando aos desempenhos interno e externo da empresa. O principal intuito foi oferecer um sistema de avaliação de desempenho apto a medir o desempenho organizacional sob quatro perspectivas: perspectiva de �nanças, perspectiva do cliente, perspectiva dos processos internos e perspectiva do aprendizado e crescimento. O método básico apresentado por Kaplan e Norton (1997) é baseado nos seguintes questionamentos: 1. Para obtermos sucesso �nanceiramente, como nós devemos aparecer para nossos investidores? 2. Para alcançar nossa visão, como devemos ser vistos pelos clientes? 3. Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em quais processos devemos nos sobressair? 4. Para alcançar nossa visão, como sustentar a habilidade de mudar e progredir? Kaplan e Norton (1997) apresentaram este primeiro enfoque considerando a necessidade de um sistema de avaliação de desempenho com a capacidade de relacionar o controle operacional de curto prazo à visão estratégica de longo prazo, levando em conta que os modelos de medição de desempenho, até então existentes, eram baseados apenas em indicadores contábeis e �nanceiros, oq ue di�cultava a demonstração das potencialidades de geração de resultados futuros. A primeira versão do Balanced Scorecard como sistema de avaliação de desempenho assume o conceito explícito de estratégia e visão estratégica, estabelecendo a base das quatro perspectivas, considerando que para cada uma delas é preciso formular objetivos estratégicos, índices de desempenho, metas especí�cas e planos de ação, conforme mostra a Figura 2.2: Figura 2.2 - Modelo Básico do BSC de Kaplan e Norton Fonte: Adaptada de Kanplan e Norton (1997, p. 10). As dimensões propostas pelo modelo inicial de Kaplan e Norton – perspectiva �nanceira, dos clientes, dos processos internos do negócio e do aprendizado e crescimento – foram demonstradas como a estrutura fundamental do Balanced Scorecard, por solucionarem o problema de avaliação de desempenho da grande maioria das empresas, entretanto, os autores chamam a atenção para o fato de que elas devem ser consideradas apenas um modelo, e não uma “camisa de força”. O que é importante frisar é a relação de sinergia que deve existir entre tais perspectivas. Existe uma relação de causa e efeito entre as perspectivas básicas do BSC, uma sinergia natural que faz com que os resultados obtidos em uma conduzam o desempenho da outra. Por exemplo: considere os índices de faturamento de uma organização (perspectiva �nanceira), que poderá aumentar ou diminuir dependendo do índice de captação, retenção e satisfação dos clientes (perspectiva do cliente). Um cliente insatisfeito não retornará à empresa, e isso in�uenciará diretamente a área �nanceira, da mesma forma que o índice de qualidade, produtividade e con�abilidade dos processos (perspectiva dos processos internos do negócio) condicionam a satisfação dos clientes e determinam a imagem da organização no mercado. Agora, imagine como os índices de competência, motivação e satisfação dos colaboradores (perspectiva das pessoas) podem in�uenciar na qualidade, produtividade e con�abilidade dos processos (perspectiva dos processos). Esta relação sinérgica determina a essência do “balanceamento” da estratégia e fortalece o entendimento do conceito de gestão estratégica balanceada. A Figura 2.3 ilustra este conceito. Figura 2.3 - Relação Sinérgica Balanceada Fonte: Elaborada pelo autor. Na �gura podemos observar um vetor de desempenho (seta) que indica um caminho estratégico sinérgico: o sucesso �nanceiro está condicionado ao desempenho obtido no mercado, que depende do desempenho dos processos e que, por sua vez, depende do desempenho das pessoas. A Estratégia Financeira O surgimento do modelo BSC teve como principal motivação a obsolescência dos sistemas convencionais de avaliação de desempenho com ênfase puramente em métricas contábeis e �nanceiras, considerando a sua incapacidade de direcionar o desempenho da empresa para os objetivos estratégicos, pois tais métricas somente podem demonstrar o resultado de decisões do passado. Entretanto, o BSC não descarta as medidas �nanceiras, pelo contrário, Kaplan e Norton (1997) advertem que desenvolver um BSC é um incentivo para as unidades de negócio relacionarem seus objetivos �nanceiros à visão estratégica da organização. Com isso, as métricas �nanceiras são evidenciadas dentro da perspectiva �nanceira do BSC, servindo como meta principal para os objetivos e métricas das outras perspectivas, que poderão conduzir o desempenho da empresa. Temos que ter em mente que a perspectiva �nanceira deve apresentar os resultados das escolhas estratégicas feitas em outras perspectivas, enquanto, paralelamene, estabelece vários dos objetivos de longo prazo, que serão as regras e diretrizes básicas para as demais perspectivas. Dessa forma, percebe-se que a seleção de uma métrica de desempenho �nanceiro implica a avaliação de sua relevância na cadeia de relações de causa e efeito que geram a melhoria do desempenho �nanceiro da organização. A Estratégia Mercadológica Enquanto os objetivos e as metas da perspectiva de �nanças são conduzidas à geração de valor para os investidores e mantenedores, a estratégia de marketing (referida como perspectiva dos clientes no BSC) dá ênfase à satisfação das necessidades e expectativas dos clientes. Esta perspectiva apresenta as formas pelas quais o valor agregado dos bens e serviços deve ser criado para os clientes, mediante o entendimento de como a demanda do cliente por este valor deve ser satisfeita e o motivo pelo qual o cliente irá pagar por ele. Para Kaplan e Norton (1997), esta perspectiva objetiva incorporar os segmentos de clientes e mercados nos quais a empresa poderá competir, sendo que estes segmentos serão responsáveis pela produção de receitas necessárias para o alcance dos objetivos �nanceiros traçados a partir da visão estratégica da empresa. As principais métricas de resultado relacionadas aos clientes são: satisfação, �delidade, retenção, captação e lucratividade. Os processos internos e os esforços de desenvolvimento devem ser orientados pela estratégia de marketing. Pode-se a�rmar que esta perspectiva é o coração da estratégia balanceada, pois, se a empresa falhar no atendimento ao cliente, mesmo que satisfazendo as suas necessidades de custo com efetividade, a não retenção do cliente poderá causar a não geração de renda futura, tanto a longo como a curto prazo. Com isso, a sobrevivência da empresa poderá ser comprometida. Kaplan e Norton (1997) de�nem um conjunto de métricas essenciais para a perspectiva dos clientes, que podem ser agrupadas em uma relação de causa e efeito conforme a Figura 2.4. Figura 2.4 - Medidas Essenciais da Estratégia Mercadológica Fonte: Adaptada de Kaplan e Norton (1997). Participação de mercado: esta métrica é muito importante, pois demonstra a posição e a proporção da organização em determinado mercado (volume de vendas, clientes etc.). Retenção de clientes: o objetivo desta métrica é controlar a intensidade da continuidade das relações do cliente com a organização ou unidade de negócio. Captação de clientes: além de manter os clientes atuais, as organizações devem se esforçar para aumentar a sua base de clientes.Satisfação de clientes: esta métrica se relaciona ao nível de satisfação dos clientes de acordo com critérios especí�cos dentro da proposta de valor. Lucratividade: o objetivo desta métrica é identi�car o lucro líquido de cada cliente ou segmento, depois de deduzidos os custos necessários para manter estes clientes. A Estratégia Operacional Conforme com a relação de causa e efeito estabelecida entre as dimensões do Balanced Scorecard, observa-se que a dimensão �nanceira preocupa-se com o alcance das expectativas dos investidores e mantenedores; e a dimensão do cliente enfoca a satisfação, retenção, captação e lucratividade dos clientes, responsáveis pelo desempenho �nanceiro da organização; com isso percebe-se que a dimensão dos processos internos é responsável por constituir a base que irá suportar o alcance dos objetivos das dimensões do cliente e �nanceira. A estratégia operacional (tratada como dimensão dos processos internos no Balanced Scorecard) defende a ideia de que os gestores devem mapear os processos internos críticos nos quais a organização deve alcançar a excelência, de forma a atender os objetivos dos clientes e dos investidores e mantenedores. O ideal é que a formulação dos objetivos e indicadores para os processos internos ocorra após a de�nição das dimensões �nanceira e do cliente. Com a dimensão dos processos internos, dois aspectos fundamentais que diferenciam o Balanced Scorecard dos sistemas de avaliação convencionais �cam evidentes: As abordagens convencionais objetivam acompanhar e efetivar os processos atuais, principalmente por meio de medidas relativas ao tempo e qualidade. Na abordagem do Balanced Scorecard, além do monitoramento e melhoria dos processos atuais, novos processos podem ser criados para atender aos objetivos �nanceiros e dos clientes. Na busca pela melhoria dos processos internos atuais, os autores sugerem que os gestores de�nam uma cadeia de valor que tenha início com o processo de inovação, seguindo com os processos de operações e terminando com o serviço de pós-venda. Os sistemas de avaliação convencionais enfocam os processos atuais de entrega de produtos e serviços aos clientes atuais, com o objetivo de controlar e melhorar a operação já estabelecida. Entretanto, existem alguns condutores de desempenho �nanceiro de longo prazo, como a necessidade de desenvolvimento de novos produtos que atendam às expectativas emergentes de clientes atuais e futuros. O processo de inovação visa identi�car as necessidades atuais e futuras dos clientes- alvo, para que se possa desenvolver os processos que irão resultar nos bens e serviços que deverão satisfazer tais necessidades e expectativas. No processo de operações é que se deve preparar os recursos para disponibilizar os bens e serviços desenvolvidos durante o processo de inovação. Pode-se dizer que esta etapa tem início com o recebimento de um pedido e termina com a entrega do produto. O processo de serviços de pós-venda deve ser composto por uma série de serviços ao cliente após a efetivação da compra. Nesta etapa, con�gura-se a imagem e a reputação da organização na cadeia de valor do cliente. Estes serviços geralmente incluem treinamentos, garantias, consertos, devoluções e processamento de pagamentos. A Estratégia de Pessoas A estratégia de pessoas (referida como dimensão do aprendizado e crescimento no Balanced Scorecard) tem por objetivo conservar as competências e capacidades da organização, e garantir a sua renovação ao longo do tempo. Nesta dimensão, a empresa deve, além de considerar as ações necessárias para manter e desenvolver o know-how necessário para a produção focada nas necessidades e expectativas dos clientes, desenvolver as competências necessárias para garantir a efetividade dos processos críticos que criam valor para os clientes. Para Kaplan e Norton (1997), esta dimensão sustenta a infraestrutura necessária para que a empresa possa gerar crescimento e melhoria em longo prazo, por meio de três fontes principais: pessoas, sistemas de informação e procedimentos organizacionais. Para o alcance dos objetivos estratégicos desejados no futuro, as empresas devem investir em treinamento de colaboradores, aperfeiçoamento dos sistemas/tecnologias de informação e alinhamento entre os procedimentos e rotinas organizacionais. Com os grandes empreendimentos industriais iniciados em meados do século XX e com as in�uências da administração cientí�ca, as organizações encaravam seus recursos humanos como empregados contratados para uma ação especí�ca e “compartimentalizada”, de forma a �car evidente a distinção entre a classe intelectual e a classe operacional da companhia. A classe intelectual formada por engenheiros e gerentes era responsável pela atribuição de tarefas e rotinas repetitivas aos colaboradores da classe operacional, e também pelos sistemas de monitoramento capazes de garantir a conformidade do desempenho dessas tarefas por parte dos trabalhadores. A proposta do Balanced Scorecard em relação à dimensão do aprendizado e crescimento considera que atualmente as operações e rotinas repetitivas foram substituídas por rotinas automatizadas por computadores que desempenham o trabalho com maior e�ciência. Dessa forma, as ideias que permitem a melhoria contínua dos processos voltados para o atendimento das necessidades dos clientes provém cada vez mais dos colaboradores da linha de frente, e com isso surge a necessidade de capacitação dos colaboradores para a criatividade e motivação estratégica para os objetivos da organização. Kaplan e Norton (1997) apresentam uma base comum de três medidas de resultados essenciais para a gestão do desempenho da dimensão do aprendizado e crescimento em relação às pessoas: satisfação dos colaboradores, retenção de colaboradores e produtividade dos colaboradores. A Figura 2.5 demonstra o relacionamento entre tais medidas e os vetores que podem conduzir ao desempenho organizacional nesta dimensão. Figura 2.5 - Vetores de Desempenho para a Estratégia de Pessoas Fonte: Adaptada de Kaplan e Norton (1997, p. 72). Os sistemas de informação atuais devem cumprir três exigências principais: 1. Apresentar uma nova arquitetura da informação, de forma a oferecer novas linguagens, categoria e metáforas para identi�car e medir as competências da companhia. 2. Dispor de uma nova arquitetura técnica que seja mais social e de melhor interação com o usuário �nal, que demonstre respeito pelo indivíduo e que estimule o usuário a mudar e desenvolver-se. 3. Suportar uma nova arquitetura da aplicação que enfatize a apresentação e solução dos problemas, mais do que os resultados e os procedimentos de uso. Mesmo colaboradores capacitados e com excelentes informações disponíveis poderão não contribuir signi�cativamente para o sucesso organizacional se não forem motivados a esta �nalidade, ou se não tiverem liberdade para decidir ou agir neste sentido. Dessa forma, é importante, além de garantir a aptidão dos colaboradores, dar autonomia e motivação a eles, no sentido de direcionar as mudanças e os resultados organizacionais esperados. O resultado de colaboradores motivados, com liberdade para agir e tomar decisões (emporwerment), pode ser medido de várias maneiras, por exemplo, “o número de sugestões por colaboradores”. Esse índice pode re�etir a participação contínua dos colaboradores na melhoria dos processos e pode ser reforçado por um índice complementar “o número de sugestões implantadas”, que evidencia a qualidade das sugestões apresentadas. Da mesma forma que as demais, esta perspectiva visa dar suporte para o sucesso das outras por intermédio de um encadeamento lógico de causa e efeito. Esta relação de causa e efeito pode ser de�nida como uma sequência de hipóteses estratégicas interdependentes ao longo das perspectivas do BSC, considerando que a perspectiva �nanceira está ligada principalmente aos resultados (efeitos) e as demais perspectivas aos condutores de resultado (causas). CONECTE-SE Conhecendo mais sobre o Balanced Scorecard É incrível pensar
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