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Fichamento - Teoria Constitucional e democracia participativa - Souza Neto

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O modelo substantivo de democracia deliberativa de Rawls
 O autor ao longo do texto trabalha a ideia de uma democracia deliberativa e deságua seus entendimentos para uma polêmica sobre o fato desta democracia deliberativa assumir um caráter substantivo ou um caráter procedimental. Deste modo ele passa a tratar do modelo de democracia deliberativa John Rawls.
Atesta que Rawls não se propôs à uma teoria democrática como fez habermas, mas sim uma teoria da justiça, todavia é a teoria da justiça que lança as bases iniciais de uma democracia deliberativa.
No modelo de Rawls observa-se a ideia de “razões públicas” que tem como objetivo tentar identificar quais são os argumentos que legitimamente podem realizar a justificação das decisões políticas. Para Rawls a razão pública não se circunscreve ao estabelecimento de regras de argumentação; abrange também princípios substantivos de Justiça. 
No modelo de Rawls a deliberação (da democracia deliberativa) busca determinar de que forma tais princípios serão aplicados.
A justificação dos princípios de Justiça.
O autor inicia este subcapítulo tratando da formulação Rawlseana de um modelo contrafático denominado “posição original”, onde há um resgate ao contratualismo como discurso de justificação em resposta ao utilitarismo que Rawls combatia, tendo como base a máxima Kantiana de que o homem é um fim em si mesmo e não pode ser usado como meio para alcançar o bem-estar da Comunidade. 
O autor demonstra que Rawls se vale da posição original como um artifício para simular um ambiente ideal de deliberação que permita a justificação de princípios de modo que todos e não apenas a maioria tenham boas razões para apoiar. nesta posição original as partes estão sob o “véu da ignorância”Quem pede os interesses mais imediatos dos indivíduos, decorrentes de suas condições reais de vida, interfiram na integridade do processo deliberativo e neste contexto ideal, as partes produziria a chamada “decisão maximin”, segundo a qual dentre diversas possibilidades de escolha, escolhe-se aquela em que os piores resultados são melhores do que os resultados decorrentes de outras opções. uma decisão, portanto, prudente.
Após a formulação dos princípios de Justiça decorrentes daquela posição original, eles devem passar pelo procedimento do “equilíbrio reflexivo”, entra em cena o ponto de vista de observadores externos(os filósofos), e não o ponto de vista de quem as formulou, ou seja, dos participantes da posição original. São, portanto, submetidos a “nossas convicções mais firmes e mais ponderadas” fazendo-se os ajustes necessários, cuja função é precipuamente solucionar eventual colisão de princípios.
Este procedimento entrega para Rawls dois princípios de justiça informadores da “estrutura básica da sociedade” que são:
Primeiro princípio: cada pessoa tem um direito igual ao sistema de liberdades básicas iguais para todos - autonomia privada e autonomia pública/política.
Segundo princípio: as desigualdade econômicas devem ser ordenadas de tal modo que ao mesmo tempo tragam maior benefício aos menos favorecidos, e sejam vinculadas a cargos e posições abertos a todos em condição de igualdade de oportunidades.
Além destes dois princípios existem regras de de prioridade para orientar a aplicação dos princípios:
Primeira regra de prioridade = a prioridade da liberdade - Os princípios de Justiça devem ser classificados em ordem lexical e, por consequência, as liberdades básicas só podem ser restringidas em favor de outras Liberdades. nesse sentido Somente poderia haver a redução de uma liberdade se isso decorresse de um incremento no sistema total das liberdades partilhados por todos; e somente poderia haver liberdades desiguais se aceitas pelos que detêm menos liberdades.
Segunda regra de prioridade = a prioridade da justiça sobre eficiência e sobre bem-estar - um desigualdade de oportunidades deve aumentar a oportunidade daqueles que têm menos oportunidades.
Tais princípios não são justificados a partir de uma racionalidade que lhes seja imanente, nem tão pouco, em função de sua correspondência com valores históricos, mas através de um processo de construção cuja racionalidade é garantida pelas normas procedimentais que o balizam. 
Em LP Rawls faz comparações entre o intuicionismo que pretende afastar de sua teoria e o construtivismo, todavia, mesmo assim recebe críticas de que sua teoria, apesar de construtivista e procedimental, não deixa de implicar uma fundamentação metafísica por conta da sua concepção de pessoa, do universalismo de seus princípios morais e abstração radical da posição original.
Porque devemos pressupor as partes da posição original como sujeitos morais, livres e iguais?
Ao longo da década de 80 Rawls vai procurar apresentar a “justiça como equidade” não como uma concepção de justiça verdadeira, mas como uma base para um acordo político informado e voluntário entre cidadãos vistos como pessoas livres e Iguais. Busca, portanto, a reconstrução dos seus argumentos atribuindo à filosofia política a incumbência de definir e tornar explícitas as noções e os princípios que compartilhamos e que estão latentes no senso comum.
A concepção do indivíduo como pessoa moral, livre e igual retratada em “uma teoria da justiça” mantém-se em “liberalismo político”, todavia, neste trabalho, a concepção do indivíduo moral, livre e igual é retratada como latente - no sentido de já inserida - nas instituições e nos valores das sociedades liberais e democráticas modernas. Por óbvio, uma sociedade liberal e democrática pressupõe a existência de pessoas morais, livres e Iguais.
Assim, não abandonando a ideia da posição original, Rawls estabelece uma estratégia para a justificação dos princípios denominada ”consenso sobreposto” e o faz porque reconheceu a existência de um “pluralismo razoável”, onde para ele, As sociedades modernas são compostas por diferentes “doutrinas abrangentes”, de caráter religioso, filosófico ou moral, que apesar de razoáveis, são incompatíveis entre si. 
Rawls busca entender como uma sociedade pode permanecer estável e justa e que se mantém ao longo do tempo, mesmo composta por indivíduos livres e iguais, mas, profundamente divididos por suas doutrinas religiosas, filosóficas e morais razoáveis embora incompatíveis. Para tanto o autor busca demonstrar que os princípios devem fornecer o conteúdo da “estrutura básica da sociedade” enfatizando que tais princípios são capazes de atribuir um fundamento razoável para a cooperação entre as inúmeras doutrinas abrangentes que convivem em comum, pois, em relação a elas, assumem uma posição de “imparcialidade” e formam um “consenso sobreposto”. Qualquer forma de organização que opte por uma doutrina em detrimento de outra não pode realizar as expectativas de justiça e estabilidade das relações sociais.
Tais princípios são considerados válidos não Só porque foram construídos de acordo com um processo racional de justificação - posição original -, mas também, e fundamentalmente, porque podem contar com a aprovação generalizada das doutrinas abrangentes razoáveis que convivem nas sociedades democráticas - consenso sobreposto -. 
Segundo o próprio Rawls “No primeiro estágio do Consenso constitucional, os princípios liberais de Justiça, inicialmente aceitos com resistência como um modus vivendi e adotados numa Constituição, tendem a alterar as doutrinas abrangentes dos cidadãos, de modo que estes aceitem pelo menos os princípios de uma constituição liberal. Esses princípios garantem certas liberdades e direitos políticos fundamentais, e estabelecem procedimentos Democráticos para moderar a rivalidade política e para resolver as questões de política social. Nessa medida, as visões abrangentes dos cidadãos são razoáveis, se não o eram antes: o simples pluralismo passa a ser um pluralismo razoável e assim se alcança o consenso constitucional”. Por seu turno, essa adesão ao consenso constitucional “ leva as pessoas a agirem com intenção evidente de acordo com os arranjos constitucionais,desde que tenham uma garantia razoável ( baseada na experiência passada) de que as outras pessoas farão o mesmo. Gradualmente, à medida que o sucesso da cooperação política se mantém, os cidadãos ganham uma confiança cada vez maior uns com os outros”. O consenso sobreposto vai, então, pouco a pouco sendo alcançado. 
A razão pública e a versão substantiva de deliberação
Para Rawls a razão pública é aquela que caracteriza a argumentação política que tem lugar em uma democracia constitucional “bem ordenada” e o seu objeto é o “bem público” entendido como o que se pode legitimamente esperar da “estrutura básica da sociedade”.
Rawls Faça uma distinção entre razões públicas e razões não públicas onde estas seriam as razões internas de uma dada associação, congregação religiosa, Clube ou grupos profissionais. A razão pública, por tanto, deve prevalecer quando os cidadãos atuam na argumentação política e quando votam em eleições nas quais “elementos constitucionais essenciais” e ”questões de Justiça básica” estão em jogo. A razão pública se limita a uma concepção política de Justiça, que abrange tão somente a “estrutura básica da sociedade”, como por exemplo, as principais instituições políticas, sociais e econômicas, as quais formam um “sistema unificado de cooperação social”.
Esta concepção política de Justiça que circunscreve a razão pública, pode ser apresentada independente de quaisquer doutrinas abrangentes e corresponde a cultura política e pública de uma sociedade democrática. Pelo fato desta razão pública abranger apenas os elementos constitucionais essenciais e os princípios de Justiça básica não dá conta de resolver problemas não atinentes a esta estrutura básica, e neste sentido Rawls entende que os cidadãos e legisladores podem votar de acordo com suas convicções mais abrangentes (suas convicções pessoais) quando os elementos constitucionais e a justiça básica não estiverem em jogo, Isso porque a razão pública não critica nenhuma convicção mais abrangente em particular, exceto quando esta convicção seja incompatível com elementos essenciais da Razão pública e de uma sociedade política democrática. Respeitando-se portanto os “elementos constitucionais essenciais” e os “princípios básicos de Justiça”, tal deliberação não põe em risco a continuidade da cooperação entre cidadãos livres e iguais e sequer é desautorizada pela razão pública.
 como Rawls defende a ideia que no debate envolvendo “ elementos constitucionais essenciais” e os “ princípios básicos de Justiça”, fiquem proibidos os apelos à filosofias e doutrinas religiosas abrangentes, há uma atribuição forte à noção de “razoabilidade” e “reciprocidade” que são próprios de uma pessoa “moral”. Enquanto a razoabilidade está ligada ao senso de justiça, a racionalidade é relativa à capacidade de adotar uma concepção particular acerca do bem e de selecionar os meios para realizá-la. Os princípios de Justiça, portanto, são elaborados com razoabilidade tendo em vista a perspectiva do outro. O razoável limita e condiciona o racional e,como tal, atribui a prevalência dos princípios de justiça sobre as doutrinas abrangentes; do razoável sobre o racional; do justo sobre o bem, e se traduzem, na perspectiva Rawlsiana, na a noção de ”sociedade bem ordenada” e não mais na adesão generalizada à determinada concepção particular de sociedade.
É, justamente, a razoabilidade que permite a cooperação social, isso porque, os cidadãos têm um senso de justiça que os orienta no processo de estabelecimento dos princípios que informam a estrutura básica da sociedade. É esse senso de justiça que faz com que as diversas doutrinas abrangentes possam consentir no tocante a questões políticas básicas e é, justamente, essa concordância sobre questões políticas básicas, este ‘consentido generalizado’ que é denominado de ‘consenso sobreposto’.
A reciprocidade neste sentido assume a posição de que os que deliberam devem estabelecer termos equitativos para a cooperação social precisamente por que esperam também a adesão dos demais como seres racionais. Reciprocidade leva, portanto, ao entendimento de que a relação política no âmbito democrático constitucional é uma relação de “amizade cívica”, um dever de civilidade e implica justamente o diálogo sobre questões políticas fundamentais tendo em vista o emo comum e não a mera agregação de interesses privados própria de uma racionalidade meramente instrumental. Eis a razão pela qual doutrinas abrangentes não participam da deliberação pública, pois não tem o potencial de serem aceitas pelos que professam outras doutrinas. Em sociedades plurais as decisões estatais quando dizem respeito a questões constitucionais essenciais, só se justificam diante de todos se tal justificação se restringir ao campo político, como prescreve a razão pública (O exercício do poder político somente se justifica quando é exercido de acordo com uma constituição cujos elementos essenciais se pode razoavelmente esperar que todos os cidadãos endossem, à luz de princípios e ideais aceitáveis por eles, enquanto razoáveis e Racionais).
Rawls Entendi e a função da Razão pública é aplicar princípio de Justiça previamente justificados, de acordo com os quais se pode aferir se o resultado de tal processo pode ser considerado justo. 
As questões constitucionais essenciais e os limites da deliberação pública
O autor entende que a transposição da razão pública para o plano constitucional é um pouco mais complicada. No início repete a construção feita por Rawls alegando que as deliberações têm lugar em fóruns especiais e que tanto os parlamentares quanto o executivo quando justificam suas políticas publicamente devem-se guiar pelo ideal da razão pública e que esta restrição ela só é obrigatória quando se trata de ‘elementos constitucionais essenciais’ e os ‘princípios de Justiça’, e que em outras deliberações que não se tratem destas duas situações estariam aberto para pudessem decidir conforme determinada doutrina abrangente e não de acordo com a razão pública. 
a legitimação da jurisdição constitucional não comporta essa abertura, não há espaço para o juiz decidir conforme convicções/moralidades pessoais, Não podem justificar suas decisões segundo visões religiosas ou filosóficas. O fundamento das decisões deve se limitar aos valores políticos que os magistrados julgam fazer parte do entendimento mais razoável da concepção pública e seus valores políticos de justiça e razão pública. tais valores são aqueles que o magistrado pode esperar que os cidadãos razoáveis e racionais endossem.
A corte constitucional, portanto, harmoniza-se com a ideia de democracia constitucional dualista, pois, ao aplicar a razão pública, o tribunal evita que a lei seja corrida pela legislação de maiorias transitórias ou, Mas provavelmente, por interesses restritos, organizados e bem posicionados, muito hábeis na obtenção do que querem. 
A partir desta premissa é fácil concluir que se a razão pública tem como conteúdo os princípios de Justiça, toda vez que o legislador violasse traz princípios, sua decisão poderia ser anulada, todavia não foi essa a conclusão obtida por Rawls.
Lembremos que em Rawls os “elementos constitucionais essenciais” englobam apenas as liberdades básicas protegidas pelo primeiro princípio de justiça e que, portanto, devem ser concretizados em nível constitucional. apenas o segundo princípio é que deve ser concretizado em nível legislativo, assim somente se o legislador violar a autonomia privada ou a autonomia pública a lei será passível de controle. o Princípio da diferença não está incluído.[0: Primeiro princípio: cada pessoa tem um direito igual ao sistema de liberdades básicas iguais para todos - autonomia privada e autonomia pública/política.][1: Segundo princípio: as desigualdade econômicas devem ser ordenadas de tal modo que ao mesmo tempo tragam maior benefício aos menos favorecidos, e sejam vinculadas a cargos e posições abertos a todos em condição de igualdade de oportunidades.][2: o princípio da diferença autorizava/reconhececomo justa a desigualdade econômica entre as pessoas, desde que as regras estabelecidas favoreça os menos desfavorecidos.]
Essa distinção entre o plano constitucional e o legislativo é coerente com aquela primeira regra de prioridade que regula a aplicação dos princípios de Justiça, e que segundo a qual, as liberdades básicas só podem ser limitadas em favor de outras liberdades básicas, razão pela qual, como os direitos políticos estão incluídos nesta categoria de liberdades básicas, seria contraditório limitá-los em favor do princípio da diferença.
Claro que razão pública tem como conteúdo os dois princípios de Justiça mas, somente haveria controle judicial em relação ao primeiro, ou seja, haveria controle dos atos produzidos se violassem ou não os elementos constitucionais essenciais. A garantia do segundo princípio deve se dar, argumentativamente, através do próprio uso público da razão. 
Refazendo a sistemática do consenso social, devemos recordar que primeiramente temos o modus vivendi que se aprimora como um “consenso constitucional” e se realiza finalmente como um “consenso sobreposto”. O modelo de igualdade social é concretizado apenas na terceira fase, mas a Jurisdição constitucional deve proteger apenas a segunda fase, ou seja, apenas um consenso constitucional. 
Em “uma teoria da justiça” Rawls entendia que o governo deveria garantir para todos um “mínimo social”, no entanto esse mínimo social era definido a partir do “princípio da diferença”, e por conta disso, sua concretização deveria ocorrer no plano legislativo e não no plano constitucional. No livro liberalismo político, Rawls altera o seu pensamento compreendendo agora que o “mínimo social” deve ser considerado como um “elemento constitucional essencial” e portanto decidido no plano do “consenso constitucional” e não do “consenso sobreposto”. O “mínimo social” passa a abarcar as “necessidades básicas” dos cidadãos, deixando de se identificar com o “princípio da diferença” que é “muito mais exigente”. Mas enquanto elemento constitucional essencial já não estaria previsto este mínimo existencial ao cidadão? Qual seria o conteúdo jurídico desse mínimo social? Então enquanto mínimo social não estou falando de direitos liberdade de pensamento e liberdade de expressão, mas sim de alimento, moradia, lazer, etc? ISSO - não podemos confundir direitos básicos (liberdade e direitos políticos) com mínimo social (vida digna).
Além do mínimo social Rawls sustenta a possibilidade de se incluir no consenso constitucional garantias materiais para que os direitos políticos tenham para todos o mesmo valor, ou seja, o autor queria afastar a influência do poder econômico sobre a política. Mas, limita-se em introduzir essas garantias materiais no “consenso constitucional”, apenas em relação aos direitos políticos, procurando obter uma “igualdade equitativa de oportunidades” (que antes - em uma teoria da justiça - estavam adstritas ao processo democrático) que não se relaciona com outras liberdades exclusivamente restritas ao âmbito privado, como é o caso da liberdade religiosa, tanto que Rawls critica o suporte público para a construção de templos suntuosos. Por esta razão o autor conclui que o poder judiciário detém prerrogativa para concretizar, inclusive contra a vontade legislativa, as “necessidades básicas” e a “igualdade equitativa” de oportunidades políticas. Ao fazê-lo não estaria violando os direitos abarcados no primeiro princípio mas sim efetivando-os e concretizando-os - tal conclusão não é expressamente afirmada por Rawls. 
Nesse ponto o autor sustenta que Rawls é ambíguo porque ao mesmo tempo que passa a incluir as necessidades básicas no âmbito dos “elementos constitucionais essenciais” não é claro sobre a dependência de uma ação Legislativa para implementá-las.
O autor também faz menção ao fato de que no modelo Rawlsiano a deliberação está restrita aos princípios substantivos e que estas restrições não se operam da mesma maneira em relação ao primeiro e ao segundo princípio, pois, em relação ao segundo, vigoram apenas limites internos à própria deliberação, assim, os padrões de Justiça Econômica abarcadas pelo segundo princípio contam, tão somente, como diretrizes para a deliberação pública e sua observância fica ao cargo da própria administração pública. se a maioria os Contrariar o judiciário Não tem qualquer progressiva para anular tal decisão.
O modelo procedimental de democracia deliberativa de Habermas
Enquanto Rawls formulou um modelo substantivo de democracia deliberativa, por entender que a função da deliberação é aplicar princípios previamente identificados, Habermas elabora um modelo procedimental, por sustentar que a deliberação deve estar aberta quanto aos seus resultados: a justificação de princípios, para o autor, deve-se dar no curso do próprio processo deliberativo concreto. Por isso, a maioria só está impedida de tomar decisões que impliquem na corrosão das condições procedimentais da própria democracia as quais foram historicamente sintetizadas pelo Estado Democrático de Direito. 
Soberania popular e estado de direito no modelo procedimental da democracia deliberativa
 Habermas ao elaborar seu modelo democracia deliberativa procura conciliar a soberania Popular ao estado de direito. A democracia depende de um contexto de liberdade e igualdade cuja a institucionalização é promovida pelo estado de direito. O estado de direito, e nele compreendido a garantia aos direitos fundamentais, desempenha papel importantíssimo não só em compatibilidade com a democracia, mas, como condição necessária e garantidora da própria integridade democrática. O estado de direito é o modelo garantidor do embate democrático entre argumentos e contra-argumentos. Sem liberdade e sem igualdade, não há diálogo verdadeiro e a deliberação perde o seu potencial legitimador e racionalizador. Se a censura por exemplo a crítica fica limitada e os interesses particulares eventualmente ocultos não podem ser adequadamente trazidos à luz. Da mesma maneira, se há um grande desequilíbrio entre os participantes do debate público, não há como afirmar que a formação discursiva da vontade coletiva prevaleceu, mas sim a manipulação da opinião pública por minorias privilegiadas. O estado democrático de direito é, portanto, o modelo pelo qual se promove a institucionalização do processo inclusivo de formação pública da opinião e dá vontade. 
Assim como o Rawls Habermas constata que as sociedades contemporâneas são plurais e, portanto, inviável justificar as normas jurídicas através de decisões estatais com base numa ética globalmente aceita e compartilhada - em termos Rawlsianos, através de determinada doutrina abrangente. Habermas, todavia, entende que numa sociedade plural qualquer modelo que dependa de uma concepção material de legitimidade é incapaz de dar conta das expectativas normativas inseridas na esfera pública pelos diferentes grupos que compõem a sociedade. O pluralismo, portanto, faz com que ”a fonte de toda a legitimidade” repouse no “processo de legiferação”, capaz de garantir condições iguais de inclusão na deliberação pública. Há, portanto, um “consenso procedimental” derivado do respeito ao sistema de direitos fundamentais que autoriza a deliberação atribuir qualquer conteúdo às decisões políticas, desde que se respeite o procedimento, mantendo-se aberta quanto aos resultados, ou seja, como a adesão de todos à alguma deliberação, numa sociedade plural, não é alcançado, em tais situações é imposto à maioria a responsabilidade da decisão, mas que deverá fazê-la Justificando sua decisão de modo a ser aceita, ao menos potencialmente, por todos os atingidos.
Para Habermas um modelo substantivo de democracia é incapaz de levar a efeito o propósito de ser um todo coerente, pois reduz excessivamente a abrangência da deliberação democrática, na medida em que legitima o conteúdo fundamental da ordem jurídica por meio de artifícios pé-políticos (Para Rawls a posição original garante os princípios de justiça - sistemade liberdade e diferenças - com conteúdo liberal prefixado pre-político que não decorre de deliberação, logo este conteúdo rawlsiano fica fora da arena deliberativa) e não por meios concretos de legiferação[Schier]). Portanto, a vertente liberal de Rawls que decorre da posição original, frustra qualquer expectativa de se produzirem normas com a participação popular vinculadas com a democracia.
Habermas elabora uma versão procedimental de legitimidade democrática que só justifica limites à deliberação se estes forem imanentes. A deliberação só pode ser limitada em favor da garantia da continuidade e integridade da própria deliberação.
A proposta de Habermas não se confunde com a perspectiva comunitária e republicana. Parece das perspectivas do cidadão está enraizado na cultura política de sua comunidade, participando da vida pública de modo a realizar os valores comunitários, com isso, há um “estreitamento ética do discurso”, Tornando-se Refém Da predisposição Popular generalizada para a participação e para a cooperação comunitárias, o que se mostra viável apenas em comunidades com um consenso normativo já anteriormente assegurado por tradições e etos(costumes), pressuposto que raramente se verifica em uma sociedade plural.
No modelo procedimental de habermas, diferentemente do que ocorre nos modelos liberal e republicano, “a razão prática passa dos Direitos Humanos universais ou da eticidade concreta de uma determinada comunidade, Para as regras do discurso e as formas de argumentação, que extraem seu conteúdo normativo da base de validade do agir orientado pela entendimento e, em última instância, na estrutura da comunicação linguística e na ordem insubstituível na sociedade comunicativo”.[3: (Como a vontade conjunto dos cidadãos só pode manifestar-se na forma de leis Gerais e abstratas, ela acaba por ser constrangido a manifestar-se de modo a excluir todo o interesse que não possa ser generalizado, sendo admitidas somente regulamentações que estabeleçam enviar então liberdades iguais para todos, e é neste exercício se asseguram os direitos humanos)]
O que é fundamental para habermas não é engajamento do cidadão na política, motivado por suas virtudes republicanas, mas sim, que ao participarem do processo deliberativo democrático possam fazê-lo em condições de liberdade e igualdade. Neste modelo procedimental é o potencial racionalizador decorrente decorrente da deliberação normativamente balizada que pode provocar a convergência das decisões públicas com o bem comum, e não a Adesão generalizada a ética predominante na Comunidade como pressupõe a perspectiva comunitária.
Em que Pese habermas criticar o estreitamento ética do discurso do modelo Republicano e comunitarismo, devemos ter em mente que ele não desconsidera que a democracia possui determinados pressupostos culturais. O modelo de democracia deliberativa de Habermas não pode ser entendido fora do contexto do Estado democrático de direito como configuração histórica. Habermas entende que a soberania Popular processada em termos discursivos depende da “ retaguarda de uma cultura política que lhe sirva de apoio”, compartilhada por uma “ população habituada à liberdade política”. para o autor a “formação racional da vontade política” só é possível em um “ mundo de vida racionalizado”.
No modelo de habermas continua persistindo a existência de certas virtudes políticas: em especial, o modelo requer que os cidadãos se predisponham aceitar as restrições a ação que a justificação pública implica, engajado se em diálogos de justificação não só para conquistar adesões, mas mas também para procurar razões justificadoras. Esta capacidade possibilita instituir um contexto de cooperação social capaz de contar com a Adesão não só dá “razão”, mas também da “vontade” dos cidadãos. 
Razão comunicativa e democracia deliberativa
A democracia deliberativa de habermas pode ser caracterizada como uma “ teoria do discurso do direito e da democracia”. A “ética do discurso” é formulada a partir da “Razão comunicativa” como alternativa a “razão centrada no sujeito” própria do visão solipsista da filosofia moderna. [4: Solipsismo é a concepção filosófica de que, além de nós, só existem as nossas experiências.]
Habermas crítica as relações de poder subjacentes à razão centrada no sujeito, ou seja, se a razão está centrada no sujeito e não objeto é o sujeito que passa a gozar de autoridade e não a força do melhor argumento característica de um contexto comunicativo. Há um deslocamento do sujeito para o processo comunicativo, onde a razão agora advinda de uma auto-reflexão crítica vocacionada a neutralizar os influxos repressivos do modelo solipsista. É a crítica racional dos agentes envolvidos na comunicação que permite a exposição dos interesses legítimos, dos preconceitos, das pretensões autoritárias e muitas vezes são subjacentes às afirmações feitas pelo sujeito. Há, portanto, uma “ação dirigida ao entendimento” oposta à ideia de “ação instrumental ou estratégica” que se volta para a concretização de finalidades subjetivamente projetadas.
Somente as razões motivadas pela pretensão de entendimento são capazes de superar o teste do Diálogo que tem lugar em contextos comunicativos. 
o resultado da “teoria do discurso” de Habermas irá produzir o “princípio da universalização”: U
Toda Norma válida tem que preencher a condição de que as consequências e efeitos colaterais que previsivelmente resultem de sua observância Universal, possam ser aceitos sem coação por todos os envolvidos. O princípio “U” exclui da argumentação moral prática “todos os conteúdos não passíveis de universalização e todas as orientações axiológicas” tornando-se um procedimento de aferição dos argumentos admissíveis
A pretensão de habermas em sua ética do discurso é a formação de uma sociedade do ponto de vista moral, imparcial em relação às diversas orientações axiológicas que habitam as sociedades contemporâneas.
O teste dos argumentos deve ser feito pelos próprios envolvidos no processo comunicativo verificando-se o princípio ”U” está sendo respeitado. 
Mas o princípio “U” somente decorrerá de condições adequadas à Livre troca de argumentos e contra-argumentos, denominado por Habermas de ”princípio da ética do discurso” ou simplesmente princípio “D”.
O princípio “D” determina um procedimento cuja função é garantir a imparcialidade da razão/raciocínio/juízo. 
Percebe-se que tanto a democracia deliberativa quanto a ética do discurso são procedimentais e é, justamente, o respeito aos procedimentos que garantirá a racionalidade dos resultados obtidos pela comunicação.
Alexy a partir do princípio “D” estabelece as regras do discurso prático:
1 - todo falante pode participar do discurso
2a -todos podem questionar de qualquer proposição.
2b - todos podem introduzir qualquer proposição no discurso.
2c - todos podem expressar suas opiniões, desejos e necessidades.
3 - nenhum falante pode ser impedido através da coação dentro ou fora do discurso de exercer os direitos estabelecidos em 1 e 2.
Estabelecidas estas regras, todos os argumentos e informações relevantes sobre o tema, disponíveis na época, viriam à tona. Lembrando que as condições de liberdade e igualdade dos sujeitos do diálogo correspondem às expectativas dos participantes da comunicação concreta de serem ouvidos e respeitados, razão pela qual se admite que a ética do discurso é reconstrutiva.
A ética do discurso refuta aquela Concepção onde a razão estava centrada no sujeito passando por tanto a centrar-se no procedimento. racionalidade das proposições não é garantida pelo sujeito na posição original e coberto pelo véu da ignorância mas sim pela capacidade de superar as críticas formuladas pelos demais participantes da comunicação. a razão comunicativa evidencia o valor epistêmico deliberação democrática: a troca de argumentos e contra-argumentos se processa no espaço público leva a racionalização das propostas políticas.
A interação por meio da comunicação, própria da Democraciadeliberativa, não se confunde com a agregação de interesses privados de sujeitos que agem estrategicamente, próprios de uma perspectiva agregativa e elitista.
As vantagens de uma concepção dialógica está, justamente, no fato de que a busca do bem comum não depende unicamente de uma ética compartilhada pelos membros da Comunidade, o modelo de democracia deliberativa defendido por Habermas não pressupõe a ideia de pessoas que moldam suas condutas à uma ética dominante, ms é o próprio diálogo, ou seja, a exposição dos argumentos à crítica pública que garante a correção dos resultados e não o compromisso ético dos sujeitos. 
A partir desta condição procedimental, onde o cerne da ética do discurso pauta-se pela liberdade, igualdade e abertura, Habermas reconstrói o sistema de DF estabelecendo tais direitos da seguinte forma:
1 - Direitos fundamentais que resultam da configuração politicamente autônoma do direito a maior medida possível de iguais liberdades subjetivas de ação.
2 - direitos fundamentais que resultam da configuração politicamente autônoma do status de membro numa Associação voluntária de parceiros de direito.
3 - direitos fundamentais que resultam imediatamente da possibilidade de postulação judicial de direitos e da configuração politicamente autônoma da proteção jurídica individual.
4 - direitos fundamentais a participação, em igualdade de chances, em processos de formação da opinião e dá vontade, Nos quais os civis exercitam sua autonomia política e através dos quais eles criam direito legítimo.
5 - direitos fundamentais a condições de vida garantida social, técnica e ecologicamente, na medida em que isso for necessário para um aproveitamento, em igualdade de chances, dos direitos elencados de 1 a 4.
Tais direitos funcionam como limites a própria deliberação , por isso em um modelo procedimental, a deliberação não é simples aplicação de princípios previamente justificados, ao contrário, a deliberação é aberta quanto ao conteúdo, o que se pode prever, no entanto, é que este conteúdo tende a ser racional se a deliberação se der num contexto onde sejam respeitadas as condições procedimentais. 
Deste modo o modelo procedimental pode ser definido como “ governo das razões”, e não como “Governo dos princípios” próprio do liberalismo, ou como “ Governo dos valores” próprio do comunitarismo.
Democracia deliberativa, teoria do discurso e espaço público
A democracia deliberativa proposta por habermas enfatiza a importância da esfera pública como instituição fundamental da Democracia deliberativa contudo, a deliberação não se processa apenas em locais oficiais como nos” fóruns” romanos ou na “ágora” grega através de uma democracia direta. Tampouco se restringe ao âmbito governamental, mas se estrutura na forma de um diálogo entre governantes e governados num espaço muito mais deliberativo e informal com a valorização da “comunicação sem sujeito” que se processa nas “redes” compostas pelas “associações da sociedade civil”. Com a noção contemporânea que espaço público passa-se a compreender que a Participação Popular também ocorre no âmbito social e cultural através do debate permanente Acerca das questões de interesse público e não apenas no estrito domínio dos “fóruns oficiais”. 
Para a teoria do discurso as decisões públicas serão alcançadas através do intercâmbio entre” a formação constitucionalmente instituída da vontade política” e o “ fluxo espontâneo de comunicação não subvertida pelo poder”. O modelo de habermas portanto implica numa divisão de trabalho entre públicos fracos e públicos fortes. Os públicos fracos seriam os espaços públicos, e os públicos fortes seriam as instituições políticas formalmente organizadas, ou seja, o parlamento. 
O que se observa é que as expectativas normativas produzidos nos espaços públicos deve informar, influenciar permanentemente a deliberação que se dá nos fóruns oficiais, pois é no âmbito dos fóruns oficiais que as decisões políticas são finalmente tomadas.
A relação entre espaço público e fóruns oficiais fica Clara quando o autor apresenta a sua “teoria dos sistemas sociais”. Para habermas a modernização formou um quadro social chamado de “sociedade global” que é formada por “ sub sistemas sociais” (economia e mercado) e o “ mundo da vida” (esfera privada e esfera pública). A multiplicidade de possibilidades decorrente da complexidade social e o profundo desacordo acerca dessas possibilidades por conta, justamente, do pluralismo força uma coordenação pela integração social cada vez mais dependente de uma justificação mútua permanente ao mesmo tempo em que o próprio risco do fracasso desta coordenação se intensifica.
Os sub sistemas sociais surgem para diminuir o risco operando como um redutor da complexidade social através da seleção de algumas das possibilidades de ação disponíveis no mundo da vida, através da imposição de Recompensas e castigos como meio de adequar as condutas concretas àquelas possibilidades selecionadas. 
Essa seleção de possibilidades se vale, sobretudo, do mecanismo da abstração: os fatos reais são paulatinamente convertidos em categorias abstratas e essas categorias abstratas, impostas através da regulação sistêmica, são códigos não linguísticos, ou seja, códigos que desobrigam as ações sociais de ficarem se justificando argumentativamente o tempo todo. O problema identificado neste sistema de subsistemas sociais é que a sua utilização excessiva acabou retirando do âmbito do debate situações que não poderiam ser tiradas desta esfera comunicativa.
 Esses excessos dão causa ao que habermas denominou de “colonização do mundo da vida” pelos “subsistema sociais”. Com isso o mundo da vida que nasceu socializado de forma comunicativa acabou se adequando aos códigos abstratos dos subsistemas sociais e, portanto, a esfera da vida pública foi burocratizada e a esfera da vida privada monetarizada.
Essa tendência acaba por restringir a autonomia tanto da vida pública quanto da privada no esfera pública a participação política se reduz no papel abstrato do eleitor que consegue lealdade política dos momentos eleitorais, e do cliente que obtém benefícios das burocracias administrativos. esse processo de colonização do mundo da vida acaba por retirar o cidadão de interferir verdadeiramente na formulação dos padrões e devem governar sua conduta uma vez que as decisões públicas são tomadas Independente de qualquer problematização discursiva pelo aparato burocrático-administrativo. As ações, portanto, deixam de se orientar pelo melhor argumento e Passam a se orientar segundo padrões instrumentais do sistema. 
A importância do espaço público é justamente para fazer frente à esta heteronomização aqui leva a colonização do mundo da vida, pois procura restabelecer os canais comunicativos de legitimação entre estado e sociedade. Não devemos nos esquecer que é justamente através do processo de argumentação e contra-argumentação que as intenções escamoteados e os aspectos éticos de determinadas ações do mercado ou do Estado podem se tornar explícitas limitadas através data liberação. a deliberação tem a capacidade de adequar o conteúdo das decisões estatais à vontade popular construída de forma dialógica e intersubjetiva.
Habermas constrói a ideia de um espaço público independente e autônomo em relação ao aparato burocrático estatal, pois, é somente em espaços autónomos que há a formação democrática da vontade coletiva (A manipulação das massas pela mídia, por exemplo, pode ser criticada sobre o ponto de vista de um modelo autônomo e igualitário de espaço público). É inegável que para o melhor argumento se impor e obter o Consenso pela sua generalização, é indispensável que todos os argumentos tenham uma igual oportunidade de serem apreciados pelo público e pelos governantes.
Assim o conceito de “espaço público autônomo” mantém uma relação necessária com o conceito de “ situação ideal de diálogo” e com a proposta de reconstrução do sistema de direitos fundamentais, com contar a premente necessidadede uma atribuição formal de direitos políticos e da garantia do estado de direito (duas premissas sem as quais inexiste espaço público autônomo).
Habermas demonstrando a importância dos espaços públicos não quer com isso retirar a importância das instituições legais (fóruns oficiais), especialmente à constituição e à jurisdição constitucional. Neste contexto a Constituição legitima o estado de direito e a jurisdição constitucional o protege garantindo-o. O tribunal constitucional passa a ser O Guardião da democracia deliberativa onde a proteção aos direitos fundamentais passa a ser condição necessária como garantidora do processo democrático onde nem mesmo a vontade da maioria pode violar a luz. nesse sentido o tribunal constitucional, mesmo restringindo o princípio majoritário, atua como defensora da soberania popular garantindo que os pressupostos da comunicação próprios de uma democracia deliberativa sejam preservados. 
Desta forma podemos observar que o modelo proposto por habermas revela a necessidade de dois fatores coordenadas:
1- controle jurídico do sistema legislativo ( processo de legislação), se produzido de acordo com procedimentos institucionalizados. 
2 - abertura do sistema estatal advindos aos fluxos comunicativos da população advindos dos espaços públicos.
Democracia deliberativa, procedimento e substância: o modelo cooperativo
Modelo cooperativo de democracia deliberativa e as condições para a cooperação na deliberação democrática
O autor inicia o tópico dizendo que tanto Ralws quanto Habermas comungam de dois aspectos fundamentais da proposta democrático deliberativa: A reconstrução teórica da normatividade quem forma o estado democrático de direito ( democracia e liberalismo político); e o compromisso com a justificação argumentativa das decisões públicas. todavia esses autores divergem em pontos importantes acerca da teoria da democracia deliberativa, Sendo a principal diferença o caráter substantivo ou procedimental da legitimação democrática. 
O caráter substantivo e portanto focado na pessoa proposto por Rousseau definir um processo monológico informação de princípios de Justiça, ou seja, aquele véu da ignorância é capaz de colocar todas as pessoas numa só pois, uma vez que, desconsiderados todas as características da singularidade do sujeito, a pluralidade se torna um, e portanto tudo o que é produzido é bom, é justo e é universal. O caráter procedimental, por sua vez, entende que a deliberação deve ser aberta quanto ao conteúdo dos resultados e único limite admissível seriam as próprias condições procedimentais que a torna justa.
A lógica democrático administrativa se esvai caso haja a defesa de que decisões majoritárias possam ser limitadas por razões não democráticas; e que restrições substantivas à soberania popular se assentem em regra sobre argumentos liberais ou comunitários não necessariamente democráticos. A crítica portanto incide sobre o modo de justificação e não necessariamente sobre o conteúdo. 
O desafio da Democracia deliberativa é fornecer uma justificação que se restrinja efetivamente ao “campo da política democrática” e a estratégia para isso passa pela justificação procedimental e contratualista.
Quais são as condições para que uma deliberação concreta possa ser considerada justa?
O conceito de cooperação deve abarcar os requisitos para tornar possíveis a cooperação social e portanto Devemos compreender que a ideia é de uma interação comunicativa que surge quando os participantes coordenam seus planos de ação com o objetivo de se entenderem sobre algo no mundo sobre o que corresponde o bem comum. essa interação comunicativa só ocorre na prática seus participantes da comunicação se autocompreenderem dignos de tal respeito e consideração e se a comunidade política assim os trata, demonstrando deferência por todos os projetos pessoais de vida, por todas as doutrinas abrangentes razoáveis e por todas as identidades coletivas. No contexto do pluralismo, somente uma sociedade que respeite e possibilite a realização com liberdade o projeto de vida pessoal pode generalizar o sentimento de que há um “nós”, um sentimento de pertencimento à uma mesma comunidade política, que é fundada para a cooperação democrática, sem isso, não há interação comunicativa, não há deliberação com vistas à realização do bem comum, mas mera agregação ou conflito de interesses.
A liberdade como condição para a cooperação na deliberação democrática
Como vimos a liberdade é condição fundamental o efetivo exercício da soberania popular pois sem Liberdade Não é possível uma esfera pública autônoma. a racionalização e legitimação de qualquer decisão política depende de uma argumentação e contra-argumentação livre e igualitária. 
O X da questão entre liberdade e democracia em relação àquelas liberdades que não se ligam diretamente ao sistema democrático como por exemplo a liberdade religiosa. Perceba-se que a cooperação decorrem do sentimento de pertencimento, daquele ”nós” e se a comunidade política não reconhece como digna de igual respeito a opção do Cidadão, este não tem motivos para se perceber como um participante cooperativo dessa comunidade. Por isso, mesmo aquelas liberdades que não exerçam função imediata no processo democrático, devem ser respeitados, sob pena do perecimento do modelo democrático deliberativo.
Todavia mesmo liberdades mais relacionadas ao processo democrático podem efetivamente não serem Plenamente asseguradas através de um sistema puramente procedimental. Um exemplo disso é a liberdade de expressão que possui duas justificações tradicionais uma instrumental e outra construtiva. a justificação instrumental indica é liberdade de expressão é valiosa Por que implementar a racionalidade das decisões públicas justifica-se por consequência em seus resultados positivos. Representa, portanto, a “liberdade dos antigos” E como tal assumir um sentimento político, procedimental e instrumental.
 A justificação construtiva entendi liberdade de expressão como uma dimensão essencial de uma sociedade justa, representa, portanto, a liberdade dos modernos de valor substancial, de conteúdo, uma forma de exteriorização da personalidade humana. 
As afirmações Contudo não indicam a existência de direitos absolutos, nem impossibilita serem objeto de restrições em um sistema democrático. imaginemos uma igreja que para atrair fiéis promova a atos desrespeitosos contra outra religião, ou promova a erosão das instituições republicanas com a ideia de fusão entre igreja e estado, o mesmo de um editor que promove o preconceito racial. Tais liberdades devem ser analisadas sobre um contexto de razoabilidade, no sentido Rawlsinao de compatibilidade com a estrutura básica das democracias constitucionais.
Tais problemas também se resolvem através do princípio da proporcionalidade, pois qualquer restrição à liberdade só se justifica quando adequada necessária e quando resultar na realização concomitante de outro princípio ( ideia de limites imanentes à a própria concepção democrática).
Importante frisarmos também que a ideia de liberdade sem o fornecimento de condições materiais de igualdade e na verdade é na verdade negá-la na prática. Em um contexto de escassez de recursos um projeto de vida ou seja a liberdade para que cada pessoa possa escolher e levar ao cabo aquilo que considera bom para si como por exemplo tornar-se médico, vai depender da distribuição igualitária de oportunidades. se existe Liberdade, Mas não igualdade, os graus de liberdade são totalmente diferentes: algumas pessoas são mais livres que outras, Por esta razão é que liberais igualitários defendem uma variação da igualdade de recursos ou de oportunidades e esta forma de igualdade seria capaz de se harmonizar com a liberdade - Lembremo-nos das ideias de Dworkin Para quem o ser humano possui importância igual, é digno de igual respeito, cabendo, portanto, ao estado atuar com imparcialidade e objetividade em relação a todos. todavia o autor pressupõe tambémque as pessoas devem ser consideradas responsáveis por suas decisões e escolhas daí a adequação da “igualdade de recursos”. Estas ideias de Dworkin diferencia-se do ideário dos igualitários tradicionais que embora afirmem que a comunidade possui responsabilidade coletiva de tratar todos de maneira igual, ignoram a responsabilidade dos indivíduos por suas próprias escolhas. E em outro sentido, do ponto de vista dos liberais conservadores que enfatizam a responsabilidade pessoal, mas, deixam de reconhecer a responsabilidade coletiva. 
Uma sociedade plural que não permite que todos realizem seus projetos de vida não é capaz de criar aprendiz posição de todos à cooperação democrática.
A igualdade como condição para a cooperação na deliberação democrática
 além da dimensão de garantia da Liberdade como vimos acima existem outras dimensões no modelo democrático deliberativo. quer liberdade é um dos pilares da estrutura institucional de qualquer democracia constitucional Isto é inegável, o que se questiona é a restrição aos aspectos formais que a liberdade vem adquirindo no contexto da democracia liberal, onde limita-se às “regras do jogo”.
Quais são os critérios para determinar os padrões de igualdade material requeridos pela democracia?
Procedimentalismo e substancialismo estabelecem dois critérios a fim de compreendermos qual é o conteúdo material da igualdade numa sociedade democrática e, portanto, tratam das ideias de “ acesso” e “imbrica na ideia do acesso como “ capacidade de exercer influência” na vida política, vinculado à ideia de “capacidade igual de funcionar publicamente”. A igualdade de possibilidades de participação torna-se efetiva se, de fato, existir igualdade de capacidades. Essa ausência de capacidade de funcionar politicamente pode ser caracterizada pelo conceito de “pobreza política”.
Os excluídos porque não podem participar do processo deliberativo não tem expectativas reais de afetar as decisões, razão pela qual não possuem razões para cooperar.
 A inclusão, além dos aspectos econômicos, demanda também uma dimensão cultural, por esta razão é que as políticas públicas inclusivas englobam não só a redistribuição de recursos mas também o reconhecimento das Diferenças. Somente com a conjugação da redistribuição ao reconhecimento é que se instaura um contexto de “igualdade de capacidades” para atuar em público.
A democracia deliberativa envolve, portanto, mudas culturais a fim de trazer um tratamento igualitário para aqueles tradicionalmente discriminados, mas que não implicam numa tendência de homogeneização cultural. neste sentido alguns autores vão tratar da ideia de que a democracia deliberativa exige apenas um mínimo de adesão à estrutura básica, Para que a cooperação possa prosperar em um contexto de pluralismo. O “consenso sobreposto” de Rawls é um exemplo disto. abrimos por sua vez substitui a força do nacionalismo por um patriotismo constitucional. No núcleo dessa adesão moral está o reconhecimento das diferenças. O que é incompatível com a democracia cooperativa e a imposição dos padrões de uma cultura particular ainda que dominante. De igual forma a manifestação das diferenças não pode ser compreendida com uma luta, um combate, uma guerra, senão enquanto “reivindicações públicas defensivas” contra pretensões homogeneizadoras de outros particulares. A cooperação social prescinde o reconhecimento e a construção de “ acordos para discordar” hábeis em proporcionar o “ viver e deixar viver”.
Esse concordar para discordar, todavia, não se trata de mera tolerância, pois os princípios que permitem a manifestação mural das Diferenças possui fundamento moral e podem progressivamente contar com a adesão de um “ consenso sobreposto” e conformar um “ patriotismo constitucional”.
Não se nega e a política real envolva tanto aquela “razão calma” própria do modelo deliberativo, quanto aquelas mais radicais, combativas e beligerantes, todavia O modelo democrático de direito restringe a legitimidade da radicalização do conflito político às “reivindicações públicas” que caracterizam as políticas de inclusão. 
As Instituições da democracia deliberativa e o lugar da Razão pública: a relação entre espaço público, Constituição e jurisdição constitucional
A possibilidade de um amplo debate público pressuposto de uma democracia deliberativa prescinde de certas instituições. a + deliberativa é a esfera pública autônoma todavia outras instituições desempenha funções fundamentais. nesse sentido o estado de direito através de um arranjo institucional enfeixa as condições para a cooperação sobretudo a liberdade e a igualdade. Neste contexto a jurisdição condicional desempenha um papel de grande importância pois exerce o controle sobre violações ou omissões da maioria quanto àquelas condições (liberdade e igualdade). Todavia para que a corte constitucional contramajoritária não assuma um viés elitista ela deve assumir uma função subsidiária em relação às deliberações públicas, pois o ideal seria confiar à deliberação pública a justificação das decisões políticas por motivos tanto de legitimação quanto de racionalização. 
O autor defende que a definição das condições para a cooperação na deliberação democrática” não estamos fechados ao potencial racionalizador do debate público, de modo que até mesmo as decisões advindas da jurisdição constitucional tendentes a garantir estas condições devem se justificar perante a crítica pública, Razão pela qual não devemos considerar que os direitos fundamentais estão fora do debate público. como estes direitos estão em constante mutação a recepção dessa mutação pelo as cortes constitucionais deve se dar discursivamente.
A ideia é de que a democracia, para seu funcionamento, depende do respeito às ideias centradas em liberdade e igualdade e que estes pressupostos devem ser institucionalizados através do estado de direito e garantidos contra o ataque majoritário, deste modo, o que não se permite é uma corte constitucional autônoma em relação à soberania popular a ponto de estar desobrigada de justificar suas decisões.
Note-se que há presunção de constitucionalidade das leis de modo que se a corte constitucional pretende invalidá-las necessariamente precisa justificar, ou seja, trazer boas razões para isso e ainda mais fortes do que se exige nos fóruns de deliberação oficial como é o caso do Parlamento.
Nesse sentido a corte constitucional funciona adstrita à idéia de “neutralidade política”, pois, com a pretensão de dar continuidade à ideia de cooperação democrática, já que naquele ponto específico a unanimidade não é possível. Todavia,se tomar sua decisão contramajoritária com base ou, apartir, de uma doutrina abrangente particular, incorre na violação de uma das dimensões fundamentais da democracia, que é a atribuição à maioria do poder decisório. e se assim o faz, atua contra a sua função justificadora de decidir contramajoritariamente que á a manutenção da cooperação, haja vista que uma decisão baseada em uma doutrina abrangente irá desestimular a cooperação dos prejudicados pela decisão.
 Assim o problema não é saber qual é a principal Instituição da democracia deliberativa, mas sim Quais são as diferenças que a deliberação deve assumir quando processada em fóruns oficiais ou nos espaços públicos ( nos públicos fortes ou nos públicos fracos).
Para o enfrentamento dessa questão o autor trabalha a crítica dirigida por Iris Young contra as teorias acima.
Altura crítica a democracia desenvolvida por habermas alegando que restringir a deliberação à argumentação racional, a qual previne “formais”, “frios” e “desapaixonados”. E ao fazê-lo produziriam padrões culturais que privilegiam o homem branco de classe média. Aí ela dá uma dramatizada dizendo que o discurso das mulheres e minorias radicais é mais agitado, personificado, valoriza a expressão, a emoção e etc.. por conta disso propõe que a comunicação democrática devo a seguir outros modelos de discurso como a ”saudação”, a ”retórica” e a ”narração”. Pretendecom isso reformular a teoria da democracia deliberativa de modo a torná-la mais inclusiva sobre o Prisma cultural e permitir a manifestação das Diferenças. 
Com isso o autor vai fazer uma relação entre a crítica feminista de Yang e o arranjo institucional da democracia deliberativa. para o autor a deliberação que se dá nos espaços públicos e aquecida nos fóruns oficiais e aqui especialmente nas cortes constitucionais, não deve respeitar os mesmos princípios de argumentação. admite que limitar a deliberação que tem lugar nos espaços públicos aos argumentos correspondentes aos princípios de universalização e razoabilidade é excluir grupos tradicionalmente discriminados e desconsiderar o potencial enriquecedor das Diferenças. De fato no espaço público a característica da comunicação é a retórica, onde emoção e linguagem figurada são utilizados, bem como apresenta-se o ponto de vista social daquela situação social e é fonte de valores, cultura e significado.
A Crítica de Yang, contudo, perde força quando estamos no fórum oficial, ainda que não é medo do Parlamento existe a possibilidade de uma argumentação retórica com certos temperamentos fato é que nem uma argumentação hábil em produzir uma decisão que viole a ideia de cooperação democrática ficará ilesa ao controle da jurisdição constitucional.
 A crítica de Yang, pela necessidade de debates não frios , formais e desapaixonados que superem os argumentos correspondentes aos princípios da universalidade e razoabilidade, especificamente no fórum oficial da corte constitucional não vale. Diferentemente do que ocorre nos espaços públicos e em certa medida no fórum oficial do Parlamento, as cortes constitucionais devem necessariamente se restringir a argumentos que possam fazer jus aos princípios da razoabilidade e da universalidade, pois se o papel da jurisdição condicionada é garantir as condições de cooperação na deliberação democrática, está necessariamente circunscrita aos princípios imparciais que compreendem Tais condições. Neste ponto vemos uma aproximação das ideias habermas a Rawls , uma vez que este autor restringe a obrigatoriedade do uso da razão pública ao debate nos fóruns oficiais sobre questões atinentes a estrutura básica da sociedade as quais sustentam a estabilidade social em contextos de pluralismo.
Para Rawls, quando as questões básicas da sociedade não estão em jogo A maioria pode decidir de acordo com alguma doutrina abrangente.
 A jurisdição constitucional por sua vez deve se limitar aos argumentos de razoabilidade e universalidade próprios da Razão pública, pois sua atuação restringe-se à estrutura básica da sociedade. 
Assim, no modelo democrático deliberativo acordo de constitucional não desempenha a unicamente o papel de guardião do procedimento deliberativo democrático, mas também na ideia de que deve respeitar as restrições argumentativas decorrentes da razoabilidade e da universalidade em suas decisões. 
Motor traz o exemplo do aborto alegando que podem ser cortados no âmbito da corte constitucional princípios como a vida do feto e autonomia privada da mãe dentre outros, no entanto que existem formas de argumentar estes princípios que podem satisfazer a razão pública ou não. Percebe-se que argumentos de ordem religiosa ( o dom divino da vida) em argumentos feministas ( a integridade física da mãe) demonstram naturalmente argumentos não razoáveis - no sentido daquela razoabilidade de Rawls - são contrários aos padrões de neutralidade política exigida da corte constitucional.
Argumentos de ordem religiosa ou feminista podem ser, como de fato o são, levados ao debate na esfera pública, Todavia se o magistrado não fundamenta a inconstitucionalidade de uma lei que autoriza o aborto em uma concepção Bíblica do direito à Vida não está aumentando de acordo com a razão pública, mas sim com uma doutrina abrangente, a sua por exemplo.
Mas perceba-se que a autonomia privada e o direito à vida são evidentemente princípios políticos que compõem a estrutura básica de qualquer sociedade democrática, razão pela qual os adeptos de determinada doutrina abrangente se quiserem influenciar as cortes constitucionais devem traduzir seus valores para os termos adequados à razão pública, como por exemplo, traduzi-los numa linguagem da democracia, dos direitos humanos e das teorias científicas incontroversas, pois, essa tradução leva à redução considerável do conflito, senão até mesmo neutralizá-lo. 
O autor não acredita que a tradução seja capaz de afastar todas as colisões advindas das diversas modalidades de aborto por exemplo. ele acredita que em algumas modalidades há um desacordo moral que não se harmoniza, mas que em relação a outros tipos de aborto a tradução dos seus fundamento à razão pública seria capaz de fomentar a colisão. para isso ele traz o caso da interrupção da gestação de feto anencefálico, pois se o feto é apreciado sobre o prisma das ciências incontroversas e não sobre o Prisma da religião a colisão se esvai.

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