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Legislação Extravagante Aula 01

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Leis Penais Extravagantes 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Crime de Lavagem de Dinheiro .............................................................................. 2 
1.1 Considerações Históricas .................................................................................. 2 
1.2 Conceito de Lavagem de Dinheiro .................................................................... 2 
1.3 Medidas Cautelares e Inversão do Ônus da Prova no Crime de Lavagem de 
Dinheiro.................. ................................................................................................................ 3 
1.4 Lei Penal no Tempo e Natureza do Crime de Lavagem .................................... 4 
1.5 Bem Jurídico Tutelado ...................................................................................... 5 
1.6 Sujeito Ativo ......................................................................................................... 6 
1.7 Sujeito Passivo ...................................................................................................... 6 
1.8 Elemento Subjetivo .............................................................................................. 6 
1.9 Autonomia do Crime de lavagem......................................................................... 7 
1.10 Competência ....................................................................................................... 7 
 
 
 
Leis Penais Extravagantes 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Crime de Lavagem de Dinheiro 
1.1 Considerações Históricas 
Historicamente, afirma a doutrina, que sempre se procurou punir aquele que se 
relacionava com os proveitos do crime (auxilium pós delectum). Contudo, atualmente há 
previsão de crime de proveito de um crime, o chamado crime de receptação, e constitui o 
crime mais próximo do crime de lavagem de dinheiro. 
No começo do século passado, o crime de lavagem de dinheiro ganhou mais 
repercussão do caso “Alcapone”, pois este se sustentava de renda ilícita comprando artigos 
de luxo, por sua vez sonegando o imposto de renda. 
Para uma corrente adotada pelo autor Zafaroni, não existe organização criminosa, no 
entanto, este entendimento não é o que prevalece. Notadamente, atualmente no Brasil 
existe tal instituto, e a gravidade que sonda o crime de organização criminosa é a 
concorrência com o Poder Público que este passa a exercer. E com tal gravidade, a 
Organização das Nações Unidas (ONU) começa a ter maior preocupação com o abalo às 
instituições que estas organizações vêm causando ao Estado democrático. E, a cada vez que 
o crime se torna mais organizado o Estado tem a capacidade diminuída para combatê-lo, 
pois há uma série de delitos que o rondam, como: homicídios, corrupção, entre outros. 
O surgimento de legislações de combate a lavagem é uma resposta dos Estados ao 
crescente poderio de organizações criminosas cuja interface com o Poder Público 
enfraquece a capacidade deste de atuar em prol da coletividade, isso levou a elaboração de 
uma série de legislações das quais a italiana de 1978 é a apontada como a pioneira, cujo 
objetivo era descapitalizar organizações criminosas e punir agentes envolvidos na reciclagem 
de capitais. No plano das convenções internacionais é a Convenção de Viena a primeira a 
fazer menção à punição da lavagem oriunda do tráfico de drogas, mas recentemente as 
Convenções de Palermo sobre o combate as organizações criminosas transnacionais e de 
Mérida de combate a corrupção reforçaram a necessidade de combate a lavagem de 
dinheiro. No Brasil, apenas com a lei 9.613 a conduta de lavagem de dinheiro passou a ser 
incriminada. 
Em suma, a ideia central do crime de lavagem de dinheiro é permear os crimes que 
geram ganhos econômicos, pois é isso que está por trás das organizações criminosas. 
 
1.2 Conceito de Lavagem de Dinheiro 
Lavagem de dinheiro é qualquer expediente utilizado para dar aparência lícita a 
proveitos ilícitos tornando-os inalcançáveis pelo Estado, especificamente com efeito da 
condenação por um delito antecedente. 
Leis Penais Extravagantes 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Em que pese a lavagem estar associada a organizações criminosas não há 
necessidade como já decidiu o STF, de que se esteja diante de requintada hipótese de 
engenharia financeira internacional para que se fale de lavagem, mesmo hipóteses simples 
justificam o crime de lavagem, como exemplo, receber um cheque de propina e depositá-lo 
em conta de pessoa jurídica, porém não sendo sócio. 
 
1.3 Medidas Cautelares e Inversão do Ônus da Prova no Crime de Lavagem de 
Dinheiro 
O art.4º, da lei 9.613/98 na nova redação (parte sublinhada abaixo) abre espaço para 
que as medidas cautelares alcancem não apenas aqueles objetos da lavagem, mas também 
outros proveitos dos crimes antecedentes que ainda não foram objeto da lavagem, 
reforçando a ideia de perda do proveito econômico do delito. 
Os indícios suficientes que embasam a decretação das medidas cautelares são, 
segundo Tigre Maia, aqueles que segundo a lei processual permite a conclusão em torno da 
ocorrência, ao menos em tese, da lavagem de dinheiro. 
Art. 4o O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante 
representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) 
horas, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas 
assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em 
nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes 
previstos nesta Lei ou das infrações penais antecedentes. (Redação dada pela Lei nº 
12.683, de 2012) 
§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre 
que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando 
houver dificuldade para sua manutenção. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
§ 2o O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores quando 
comprovada a licitude de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e 
valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações 
pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal. (Redação dada pela Lei nº 
12.683, de 2012) 
§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do 
acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz 
determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem 
prejuízo do disposto no § 1o. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
§ 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores 
para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta 
Leis Penais Extravagantes 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrináriose na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas. (Redação dada pela Lei 
nº 12.683, de 2012) 
A vedação a aplicação do art.366, do CPP aos crimes de lavagem está associada à 
obrigatoriedade de que o sujeito compareça pessoalmente e demonstre a licitude da origem 
dos bens apreendidos (inversão momentânea do ônus da prova, segundo Tigre Maia). Dessa 
forma o processo penal por lavagem pode ter curso possibilitando ao final o perdimento dos 
bens, cumprindo assim o objetivo da lei de lavagem de descapitalizar ou tornar inútil o crime 
antescedente. 
Art. 2º O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: 
§ 2o No processo por crime previsto nesta Lei, não se aplica o disposto no art. 366 do 
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), devendo o 
acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, 
prosseguindo o feito até o julgamento, com a nomeação de defensor dativo. (Redação 
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, 
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar 
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar 
prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, 
de 17.4.1996) (Vide Lei nº 11.719, de 2008) 
 
1.4 Lei Penal no Tempo e Natureza do Crime de Lavagem 
É controvertida na doutrina a natureza da conduta de lavagem, para autores como 
Pier Paolo Botini e Gustavo Badaró, a lavagem é um crime instantâneo que se consuma com 
a realização da operação econômico-financeira destinada a reciclar os proveitos, a eventual 
repetição de atos levará absorção do crime anterior, mas na da natureza permanente da 
conduta. Em sentido contrário, em posição adotada até aqui pelo STF, Tigre Maia sustenta 
que o verbo “ocultar” indica uma ação permanente, o que abre espaço, em tese, para prisão 
em flagrante a qualquer tempo. 
Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação 
ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de 
infração penal. (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.683, 
de 2012) 
Leis Penais Extravagantes 
 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, 
direitos ou valores provenientes de infração penal: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
I - os converte em ativos lícitos; 
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em 
depósito, movimenta ou transfere; 
III - importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros. 
§ 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de 
infração penal; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
II - participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade 
principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. 
§ 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo único do art. 14 do Código Penal. 
§ 4o A pena será aumentada de um a dois terços, se os crimes definidos nesta Lei forem 
cometidos de forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa. (Redação 
dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto 
ou semiaberto, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer 
tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar 
espontaneamente com as autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à 
apuração das infrações penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à 
localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação dada pela Lei nº 
12.683, de 2012) 
 
 
1.5 Bem Jurídico Tutelado 
Em doutrina são encontradas três orientações quanto ao bem jurídico no crime de 
lavagem. Para autores como Vicente Grecco Filho o bem jurídico é o mesmo do crime 
antecedente, tendo em vista o caráter acessório ou parasita da lavagem. Essa tese tem o 
inconveniente de impedir que o autor do crime antecedente responda por lavagem quando 
este é o principal interessado no procedimento de lavagem. A segunda orientação, que 
prevalece no STJ, entende que o bem jurídico na lavagem é a ordem econômico-financeira, 
isto é, a vedação a circulação na economia formal de valores ilícitos, que estariam em 
competição com valores lícitos. (Lilo Batista, André Luís Callegari e Marco Antônio de Barros) 
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E, por fim, a terceira orientação adotada por Tigre Maia, o bem jurídico é a 
administração da justiça. Segundo o autor, o que a lei de lavagem visa tutelar é a eficácia de 
uma decisão condenatória no sentido do alcance dos proveitos decorrentes daquele crime. 
O autor reconhece, porém, (no mesmo sentido José Baltasar Júnior) que o delito de lavagem 
é um crime pluriofensivo, isto é, atinge mais de um bem jurídico. 
 
 
1.6 Sujeito Ativo 
Na doutrina brasileira, autores como Roberto Podival sustenta, que a punição do 
autor do crime antecedente por lavagem representa um bis in idem pelo fato de que o 
agente com a lavagem visa apenas preservar os proveitos econômicos obtidos a partir de um 
delito. Não obstante tal entendimento, o que prevalece na própria jurisprudência é o 
entendimento de Tigre Mais que sustenta que o bem jurídico no crime de lavagem diferente 
do crime antecedente autoriza a punição do autor do crime antecedente, trata-se de uma 
exceção no contexto dos delitos de fusão que, como regra, não gera punição pelo segundo 
crime do autor do primeiro. 
Observação: Segundo o STJ, para que o agente responda pelo crime de lavagem sem 
participar do crime antecedente será necessária a ciência da origem criminosa daqueles 
valores, contudo desnecessária a ciência de qual infração penal especificamente. 
 
 
1.7 Sujeito Passivo 
Quanto ao sujeito passivo, no que desrespeito a ordem econômico-financeira é a 
coletividade. E com relação à administração da justiça é o Estado. Não se podendo ignorar 
que a lavagem, em alguns casos, fomenta a prática de outros delitos similares aos 
antecedentes, como exemplo, o tráfico de drogas. 
 
 
1.8 Elemento Subjetivo 
No Brasil, a lavagem é um crime estritamente doloso, isto é, não se cogitando como 
na Espanha e Argentina a lavagem culposa. Na redação original, a lei de lavagem não trazia 
para a conduta principal qualquer limitação quanto ao dolo, embora nos parágrafos fosse 
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encontradaa previsão de determinadas condutas nas quais a expressão “que sabe” (art1º, 
§2º, I, na redação original), indicava a necessidade do dolo direto. 
Em relação ao elemento subjetivo, embora com autores com Marco Antônio de 
Barros e André Luís Callegare sustentem que a lavagem só poderá ser cometida co dolo 
direto, o melhor entendimento é o de Tigre Maia que com base na exposição de motivos da 
lei, afirma ser possível o dolo eventual na lavagem quando o sujeito embora percebendo que 
se está a envolver com produtos ilícitos realiza conduta assumindo o risco de lavar dinheiro. 
É de se notar que a maioria da doutrina classifica o crime de lavagem como formal, 
dispensando-se o êxito da ocultação, o que torna mais fácil ainda o reconhecimento do 
crime de lavagem por se afigurar como um crime de perigo. 
Observação: A “cegueira deliberada” é a expressão utilizada para se referir ao dolo 
eventual nos Estados Unidos. No Brasil, utiliza-se a expressão “teoria do avestruz”. Assim 
como a utilização do termo “técnica de smurfin ou pitufeu” para a referência de 
fracionamentos de depósitos em contas bancárias com intuito de acobertar valores 
vultuosos, para evitar que o COAF perceba. 
A figura da cegueira deliberada do Direito norte americano que é reconhecida 
quando o agente diante do conhecimento que possui, verifica a alta probabilidade de estar 
realizando uma operação de lavagem e que apesar disso atua de modo indiferente a tal 
conhecimento respondendo, por isso, por lavagem se identificaria no Brasil com a figura do 
dolo eventual. Neste sentido, Sérgio Moro. 
 
 
1.9 Autonomia do Crime de lavagem 
Embora dependente do crime antecedente, o crime de lavagem é autônomo, razão 
pela qual não é atingido pela impunidade ou mesmo extinção da punibilidade do crime 
antecedente. No plano processual, o processo por lavagem não ficará na dependência do 
processo do crime antecedente, embora seja “desejável” um processo conjunto (Tigre 
Maia). 
 
 
1.10 Competência 
A competência no crime de lavagem se regula pelo delito antecedente, com uma 
única ressalva, se o delito antecedente for contra a ordem econômico-financeira a lavagem 
será de competência federal. 
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Para o STJ, sempre que a lavagem ocorrer no exterior a competência será federal. 
Neste caso, haveria uma afetação do sistema financeiro nacional pela possível ocorrência de 
evasão de divisas. 
Observação: No caso de prescrição do crime antecedente, é possível a comprovação 
do crime de lavagem mesmo estando aquele prescrito. 
Observação: O Conselho de atividades financeiras (COAF) trata-se de uma atividade 
de inteligência financeira brasileira que tem atribuição de receber dados de operações 
suspeitas e filtrá-los para remessa aos órgãos da persecução, bem como de sancionar 
administrativamente aquelas pessoas a comunicar e faltem com esse dever. (art.9º, da lei 
9.613/98) 
Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas 
que tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, 
cumulativamente ou não: (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda 
nacional ou estrangeira; 
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou 
instrumento cambial; 
III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou 
administração de títulos ou valores mobiliários. 
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações: 
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação 
do mercado de balcão organizado; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência 
complementar ou de capitalização; 
III - as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como 
as administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços; 
IV - as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio 
eletrônico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos; 
V - as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial 
(factoring); 
VI - as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, 
imóveis, mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, 
mediante sorteio ou método assemelhado; 
VII - as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer 
das atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual; 
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VIII - as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão 
regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros; 
IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como 
agentes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem 
interesses de ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo; 
X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou 
compra e venda de imóveis; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
XI - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem jóias, pedras e metais preciosos, 
objetos de arte e antigüidades. 
XII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, 
intermedeiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande 
volume de recursos em espécie; (Redação dada pela Lei nº 12.683, de 2012) 
XIII - as juntas comerciais e os registros públicos; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) 
XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de 
assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de 
qualquer natureza, em operações: (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) 
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou 
participações societárias de qualquer natureza; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012) 
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos; (Incluída pela Lei nº 12.683, 
de 2012) 
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores 
mobiliários; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012) 
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, 
fundos fiduciários ou estruturas análogas; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012) 
e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012) 
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades 
desportivas ou artísticas profissionais; (Incluída pela Lei nº 12.683, de 2012) 
XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, 
comercialização, agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, 
artistas ou feiras, exposições ou eventos similares; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 2012) 
XVI - as empresas de transporte e guarda de valores; (Incluído pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valorde origem rural 
ou animal ou intermedeiem a sua comercialização; e (Incluído pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
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XVIII - as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de 
sua matriz no Brasil, relativamente a residentes no País. (Incluído pela Lei nº 12.683, de 
2012) 
Observação: No caso de honorários pagos a advogados com dinheiro proveniente de 
atividade ilícita estaria configurado o chamado “honorários maculados”. Há uma discussão 
quanto ao enquadramento dos “honorários maculados” no crime de lavagem. Não obstante, 
caso o advogado receba honorários pagos de atividade ilícita não quer dizer que estaria 
lavando dinheiro. Mas seria lavagem, se através do pagamento tentasse “escamotear” o 
dinheiro proveniente do crime. 
E há discussão se os “honorários maculados” poderia se enquadrar em outro crime. 
Para o autor Mirabette, poderá ser configurado o crime de receptação, ou seja, recebimento 
de uma coisa produto de crime com intuito de lucro. Estando a problemática quando o 
produto for dinheiro tornando difícil a comprovação do crime por causa da natureza fungível 
do mesmo. 
Em suma, a lavagem de dinheiro visa dar aparência lícita para provenientes ilícitos, e 
não se confunde com a receptação, pois neste o sujeito possui ânimo de lucro. E, também 
não se confunde com favorecimento pessoal, no qual o sujeito torna seguro o objeto do 
crime. 
 
	1. Crime de Lavagem de Dinheiro
	1.1 Considerações Históricas
	1.2 Conceito de Lavagem de Dinheiro
	1.3 Medidas Cautelares e Inversão do Ônus da Prova no Crime de Lavagem de Dinheiro
	1.4 Lei Penal no Tempo e Natureza do Crime de Lavagem
	1.5 Bem Jurídico Tutelado
	1.6 Sujeito Ativo
	1.7 Sujeito Passivo
	1.8 Elemento Subjetivo
	1.9 Autonomia do Crime de lavagem
	1.10 Competência

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