Buscar

Adulto intermediário - desenvolvimento psicossocial

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
CHRISTYNE OLIVEIRA
Desenvolvimento psicossocial na idade adulta intermediária
*
O estudo na vida adulta
Em termos psicossociais a idade adulta já foi considerada um período relativamente estável, mas hoje sabemos que ela é uma fase de grandes transformações.
Principais teorias:
*
Modelos de Crises normativas:
Dois teóricos do desenvolvimento:
Carl Gustav Jung: época de voltar-se para o interior
Erik Erikson: época de virada para o exterior
*
Carl Gustav Jung
Primeiro grande teórico do desenvolvimento adulto.
Sustentava que um desenvolvimento saudável na meia-idade exige individuação: 
A emergência do verdadeiro self através da equilibração ou da integração de partes conflitantes da personalidade, incluindo aquelas até então negligenciadas. Na meia-idade, as pessoas direcionam sua preocupação aos eus interiores, espirituais. Antes suas preocupações centravam-se mais nos objetivos externos, como trabalho, filhos, sociedade, família. 
*
Carl Gustav Jung
A individuação, conforme descrita por Jung, é um processo através do qual o ser humano evolui de um estado de identificação de olhar para o outro para um estado de maior diferenciação, o que implica uma ampliação da consciência. 
Através desse processo, o indivíduo identifica-se menos com as condutas e valores encorajados pelo meio no qual se encontra e mais com as orientações emanadas do si - mesmo, buscando a totalidade de sua personalidade individual. 
*
Carl Gustav Jung
Jung ressaltou que o processo de individuação não entra em conflito com a norma coletiva do meio no qual o indivíduo se encontra, uma vez que esse processo, no seu entendimento, tem como condição para ocorrer que o ser humano tenha conseguido adaptar-se e inserir-se com sucesso dentro de seu ambiente, tornando-se um membro ativo de sua comunidade. 
*
Carl Gustav Jung
Duas tarefas necessárias – mas difíceis – da meia-idade são:
1) Abrir mão da imagem de juventude e
2) reconhecer a mortalidade.
Reconhecer a mortalidade exige uma busca pelo significado no self: essa virada para o interior pode ser perturbadora, pois à medida que questionam seus comprometimentos, as pessoas podem temporariamente perder suas referências. 
Porém quem não o faz perde a chance de crescer psicologicamente. 
*
Erik Erikson
Geratividade X Estagnação (auto-absorção) (meia idade – 40 a 60 anos)
O estágio da geratividade caracteriza-se pela preocupação com o estabelecimento de orientações, de influências para as gerações que estão por vir.
O individuo está interessado em estabelecer e orientar a próxima geração e assegurar a continuidade de seu trabalho e do seu estilo de vida. 
Ou podem torna-se absortas em si mesmo, excessivamente entregues aos próprios prazeres ou estagnadas (inertes ou inativas, com falta de vigor)
*
Modelos de Crises normativas:
Vaillant: há uma redução da diferenciação de gênero na meia-idade e uma tendência nos homens a tornarem-se mais zelosos e expressivos.
Levinson: os homens de meia-idade tornam-se menos obcecados pela realização pessoal e mais interessados nos relacionamentos e demonstram geratividade tornando-se mentores de homens mais jovens. 
*
Modelo de ocorrência de eventos
O desenvolvimento depende menos da idade e mais dos acontecimentos de vida importantes.
Quando as pessoas morriam mais cedo, os sobreviventes de meia-idade sentiam-se velhos, hoje estes adultos se encontram mais ocupadas do que nunca – criando filhos ainda pequenos ou já adolescentes ou cuidadores dos pais idosos. 
*
Entretanto, ainda não encaramos com naturalidade uma mulher grávida aos 45 anos de idade e um homem desempregado morando com os pais aos 40 anos. 
*
O self na vida adulta: questões e temas
Quando eu completei 25 anos de casado, olhei para minha mulher e disse:
- Querida, 25 anos atrás nós tínhamos um fusquinha, um apartamento caindo aos pedaços, dormíamos em um sofá-cama e víamos televisão em uma TV preto e branco de 14 polegadas, mas todas as noites eu dormia com uma loira gostosa de 25 anos. Agora nós temos uma mansão, duas Mercedes, uma cama super King size e uma TV de plasma de 50 polegadas, mas eu estou dormindo com uma velha de 50 anos. Parece-me que você é a única que não está evoluindo.”
Minha mulher, que é muito sensata, disse-me então para sair de casa e achar uma loira de 25 anos de idade que quisesse ficar comigo, e que, se isso acontecesse, ela com o maior prazer faria com que, novamente, eu vivesse em um apartamento caindo aos pedaços, dormisse em um sofá-cama e não dirigisse nada mais que um fusquinha.
*
O self na vida adulta: questões e temas
Existe uma crise de meia-idade? 
A chamada crise da meia-idade, conhecida popularmente como “crise dos 40 anos”, é caracterizada por um período de transição da idade adulta para uma fase de avaliação e reafirmação da vida profissional e emocional. 
A crise de meia-idade foi conceitualizada como uma crise de identidade (segunda adolescência) sendo suscitada pela consciência da mortalidade.
Muitas pessoas nessa época percebem que não serão capazes de realizar os sonhos da juventude ou que a realização de seus sonhos não trouxe a satisfação que esperavam. E se quiserem mudar de direção precisam agir com rapidez. 
*
O termo “crise de meia-idade” foi criado há 40 anos atrás pelo psicólogo Elliot Jaques. Para ele, quando as pessoas chegavam aos 35 anos (a expectativa de vida da época era 70 anos) a qualidade de sua vida diminuía e isso causava reações extremas.
*
O self na vida adulta: questões e temas
Mas será que é somente nesta fase que há crises de identidade?
Adulto jovem: casamento, inicio de carreira, ter ou não ter filhos... Sempre há preocupações e introspecções...
A meia-idade é apenas uma das transições da vida, transição que tipicamente envolve um exame introspectivo e uma reavaliação de valores e de prioridades – balanço de meia-idade
*
O self na vida adulta: questões e temas
Esse balanço de meia-idade pode ser um ponto de virada psicológico, um período de balanço que produz novos entendimentos de nós mesmos e que estimula correções a meio do caminho no plano e na trajetória de nossa vida.
Se a transição irá se transformar em crise pode depender menos da idade do que das circunstância individuais e dos recursos pessoais. Pessoas com ego resiliente podem se adaptar de modo mais flexível e engenhosa até diante de fatos negativos. 
*
O self na vida adulta: questões e temas
Mas, atualmente, uma pesquisa que entrevistou 1500 “quarentões” mostrou que eles estão satisfeitos e se sentem mais felizes e realizados do que há 20 anos atrás..
De acordo com os pesquisadores, a idéia de “meia-idade” vem do passado, quando a expectativa de vida era menor, a educação precária e a sensação de perda que acontecia nessa idade maior. Agora os quarentões estão mais felizes, se conhecem melhor e gostam do mundo no qual vivem. Na verdade, os especialistas aconselham que é uma ótima hora de realizar novos projetos. 
*
O self na vida adulta: questões e temas
As pessoas começam a viver vidas mais longas e mais completa, temos de deixar de lado esse estereótipo e começar a pensar em termos de “transição da meia-idade” em vez de “crise de meia-idade”.
*
Desenvolvimento da identidade
Embora a formação da identidade tipicamente esteja relacionada com a preocupação da adolescência, Erikson observou que a identidade continua se desenvolvendo. 
Para ele a identidade está muito relacionada aos papéis e aos compromissos sociais (sou mãe, sou professor, sou cidadão). Uma vez que a meia-idade é uma época de balanço em relação aos papéis e aos relacionamentos pode trazer à tona questões de identidade não resolvidas. 
*
Identidade de Gênero
Mas e hoje? Como estão os papéis? Estão muito definidos, diferenciados? 
Em uma época em que a maioria das mulheres jovens dividem-se entre o emprego e a criação dos filhos, quando muitos homens assumem um papel ativo na criação
dos filhos e quando esta nem acontece até a meia-idade, a permutação de gênero na meia-idade parece menos provável. 
*
Identidade de Gênero
Ou seja, para se analisar as diferenças de gênero e seus papeis é preciso levar em consideração as influências do grupo, da cultura e do ciclo de vida individual do adulto. 
*
Mudanças nos relacionamentos na idade adulta
*
Relacionamentos na vida adulta
A meia-idade além de ser um período longo – 40 aos 65 anos – abarca uma multiplicidade de trajetórias de vida mais ampla do que nunca: uma pessoa de 45 anos de idade pode estar casada e com filhos, outra pode estar pensando em se casar e outra em divórcio; uma pessoa de 60 anos pode ter uma enorme rede social e outro ter somente parentes e amigos íntimos.
Nesta fase assim como nas outras os relacionamentos são importantes, mas talvez de um modo diferentes das anteriores da vida. 
*
Relacionamento e qualidade de vida
A maioria dos adultos de MI e mais velhos são otimistas em relação à qualidade de vida à medida em que envelhecem.
Apesar de considerarem que relacionamentos sexuais satisfatórios sejam importantes para a QV os relacionamentos sociais são ainda mais. (parceiros & amigos).
Entretanto estes podem ser tanto positivos quanto não (depressão) o que importa é a qualidade de um relacionamento e seu impacto sobre o bem-estar. 
*
Relações consensuais
Casamento: tornam-se mais felizes ou infelizes?
Muito diferente de antes (40 anos juntos era raro, tinham muitos filhos que saiam de casa para se casar) mas e a qualidade?
Queda da satisfação durante os anos de educação dos filhos, associado à responsabilidades conjugais e profissionais maiores 
Melhora depois que os filhos saem de casa, ingressam na aposentadoria e as preocupações financeiras diminuem. 
*
Divórcio
 Todo casamento tem conflitos que
podem culminar em divórcio 
principalmente nos primeiros 10 anos, 
momento de consolidação financeira e emocional. 
Na MI quando se acredita que a vida está estabelecida, pode ser mais traumático;
Tem crescido nesta fase e deve-se sobretudo à independência feminina + partida dos filhos
Porém permanece incomum – acúmulo de capital conjugal (beneficios financeiros e emocionais dificeis de abrir mão = perda maior quanto maior capital);
*
Síndrome do ninho vazio
Transição que ocorre quando o filho mais jovem sai de casa
Depende da qualidade e da duração do casamento (quanto menos tempo, maior a probabilidade)
Significados: possibilidade de segunda lua-de-mel x falta de motivo para continuar a união
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
Ninho cheio – e quando os filhos não saem?
A clássica idéia que tem perpassado várias gerações de famílias de que “os filhos a gente cria para o mundo” tem sofrido matizes na contemporaneidade.
Aspectos relativos à realidade social, política e econômica têm tornado a saída dos filhos da casa paterna cada vez mais difícil. 
A chamada “fase do ninho vazio” tem sido cada vez mais retardada.
*
Divórcio
Aumento de o divórcio pode representar uma ameaça menor ao bem-estar quando não acontece já na vida adulta tardia do que no jovem adulto, pois a maturidade e a habilidade para lidar com os problemas da vida pode lhes dar mais garantia de adaptabilidade
Mulheres de meia idade – reações melhores: menos depressão e mais seguras de si. 
*
Relacionamentos homossexuais
Os homossexuais de MI cresceram na época em que era doença mental e tendiam ao isolamento.
Atualmente podem estar se relacionamento pela primeira vez abertamente, muitos ainda vivem conflitos com os pais, parceiros e ate escondem sua orientação sexual
*
Relacionamentos homossexuais
Os que não assumem até a MI costumam passar por uma longa busca de identidade, marcada pela culpa, sigilo, casamento heterossexual e por relacionamentos conflituosos
Quando há apoio dos pais e família o relacionamento é validado e a qualidade da relalão tende a ser maisn alta; 
Tendência a serem mais igualitários na busca aos parceiros
Problemas em equilibrar os compromissos familiares e profissionais (mudança de emprego e de cidade)
*
Amizades
Há poucas pesquisas
Nesta fase as pessoas investem menos tempo e energia nos amigos, estando mais ocupadas com a família, o trabalho e o futuro (garantir segurança na aposentadoria)
Mesmo assim persistem e são fonte de apoio e bem-estar emocional e orientação prática (giram em torno do trabalho e criação dos filhos)
*
Amizades
Qualidade X quantidade: há respeito mutuo e uma busca de auxilio em caso de crise.
Os conflitos costumam centrar-se em diferenças de valores, de crenças e de estilos de vida, mas geralmente esses conflitos são resolvidos conversando e ao mesmo tempo mantendo a dignidade e o respeito
As amizades costumam ter mais importância para os homossexuais, os heterossexuais costumam ter mais apoio da família. 
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
Filhos adolescentes
A fase de adolescência e independência dos filhos chega durante a meia-idade dos pais e os laços entre pais e filhos geralmente alteram e alternam sua importância. 
Além disso, enquanto os pais lidam com suas próprias preocupações precisam lidar diariamente com os jovens que estão sofrendo mudanças físicas, emocionais e sociais – crise de adolescência & crise de meia-idade. 
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
Há uma perda de controle sobre a vida de seus filhos
Alguma rejeição da autoridade parental é necessária para o jovem em amadurecimento e uma tarefa importante para ao pais é aceitar os filhos como eles são e não como os pais esperavam que eles fossem
O trabalho pode ser uma boa válvula de escape neste momento e apoiar a auto-estima dos pais. Pode ser fonte de orgulho para os pais. 
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
Adultescentes – Fatores associados 
Geração Canguru – dependência (em alguma medida) dos pais
Relações passageiras
Indefinição das fronteiras entre adolescência e fase adulta
Maior dificuldade da elaboração de luto para os pais
Alto grau de investimento dos pais nos filhos
Alto investimento na vida profissional
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
Dificuldade de inserção no mercado de trabalho
Pouco valor dado a independência pessoal
Padrão da família de origem
Maior diálogo – menos conflitos
Aceitação do adiamento do casamento
Permissão para fazer sexo na casa dos pais
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
Quando os filhos retornam
Síndrome da porta giratória: a volta dos filhos (faculdade, divórcio, crise financeira) esta situação pode levar à tensão e gerar sérios conflitos principalmente quando o filho está desempregado ou economicamente dependente, ou quando este trás junto seus próprios filhos. 
Experiência “não-normativa”? E na atualidade?
É mais amena quando os pais percebem encaminhamento do filho rumo à autonomia. 
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
As discórdias entre pais e filhos podem centrar-se nas responsabilidades domésticas e no estilo de vida do filho. Pode haver conflitos em relação à intimidade de ambos e de responsabilidade com a casa. 
O bom retorno se estabelece quando os pais negociam os papéis e responsabilidade de cada um, reconhecendo a condição adulta do filho e o direito à privacidade dos pais. 
*
Relacionamento com os filhos em amadurecimento
Cuidando dos filhos crescidos e dos pais 
A geração sanduíche: acompanhar os filhos adultos e os pais que se tornam idosos. 
Gera conflitos entre suas necessidades diárias e seus recursos de tempo, dinheiro e energia. 
Dificuldade de aceitar que os filhos cresceram e estes em aceitar que os pais continuam se preocupando com eles.
Mas a maioria expressa satisfação com seus papeis. 
*
Outros laços de parentesco
Relacionamentos com pais idosos
Existe um forte vínculo de afeto: contato mais freqüente e troca de afeto e mutuo
auxílio (vivem perto ou juntos).
Muitos pais tornam-se dependentes de seus filhos de meia-idade – (apóio financeiro, tomar decisões diárias)
A necessidade de cuidar dos pais idosos é um fenômeno relativamente recente: A chance de se tornar um cuidador dos pais aumenta a cada ano: vida mais longa significa mais risco de doenças e deficiências crônicas; as famílias são menores do que antes para dividir os cuidados = taxa de suporte parental (pessoas de 85 anos para cada 100 com 50-64)
*
Outros laços de parentesco
Prestação de assistência = pode ser fonte de estresse = geração sanduíche ou oportunidade de crescimento pela solidariedade familiar. 
*
Esgotamento do cuidador: exaustão física, emocional e mental que afetam muitos adultos cuidadores. 
25% dos casos pais vão para asilo: estresse diminui mas não cessa (boa instituição, relacionamento com os funcionários, monitorar a assistência...)
Manutenção do contato com irmãos = fonte de bem-estar e há uma tendência a aproximação quando pais doentes. 
*
Ser avô
Com o prolongamento do ciclo da 
vida da atualidade, muitos adultos 
desfrutam várias décadas como 
avós e se tornam bisavós. 
Diferenças: 
5 -6 netos para 12 ou 15;
Mais avós divorciados ou no segundo casamento (avó(ô)drasto/a);
Avós ainda trabalham (menos disponíveis);
Possuem pais vivos e precisam dividir a atenção;
Numero crescente assumem a responsabilidade básica com os netos em algum momento. 
*
Ser avó
Há uma ênfase no papel desempenhado – ainda se sentem responsáveis pela criação dos filhos e decisões nas famílias – são fonte de influência para desenvolvimento dos netos. 
A relação entre avós e netos sofre influências do divórcio (avós separados dos netos – maternos mais contato) e do segundo casamento (avós “emprestados” ou mudança de cidade)
*
Ser avó
Assistência por parentesco: assistência a crianças que vivem sem os pais no lar de avós ou de outros parentes, com ou sem uma alteração da custódia legal. 
Pode ser fonte de estresse ser pai ou mãe substituto para os adultos de meia-idade: abandonar seus empregos, reduzir suas atividades de lazer e de vida social e pôr sua saúde em risco (paciência, energia e resistência menores do que antes) e a diferença de geração pode aumentar as diferenças expectativas de papéis. 
*

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando