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CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 1 CPREM ÍNDICE – APOSTILA I ASSUNTO Pag CAPÍTULO I ....................................................................................................... 02 TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO .................................................. 02 FORMAÇÃO DE PORTUGAL ................................................................................................. 04 EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA ......................................................................................... 08 IDADE MODERNA .......................................................................................................................... 11 PACTO COLONIAL ........................................................................................................................ 12 REFORMA E CONTRARREFORMA ........................................................................................... 12 EXERCÍCIOS (PROVAS ANTERIORES) ................................................................................... 13 CAPÍTULO II ............................................................................................................................... 16 DESCOBRIMENTO DO BRASIL ........................................................................................... 16 PERÍODO PRÉ-COLONIAL ................................................................................................... 17 PERÍODO COLONIAL .................................................................................................................. 19 PERÍODO JOANINO ............................................................................................................... 60 REGÊNCIA DE D. PEDRO ............................................................................................................ 64 EXERCÍCIOS (PROVAS ANTERIORES) .................................................................................... 66 CAPÍTULO III .......................................................................................................................... 82 PRIMEIRO REINADO .................................................................................................................... 82 PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) ........................................................................................ 88 EXERCÍCIOS (PROVAS ANTERIORES) ................................................................................... 96 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................................................ 104 CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 2 CPREM CAPÍTULO I TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO O termo Idade Média é utilizado para englobar um período de aproximadamente mil anos (476 D.C. -1453 D.C.) no qual encontramos um conjunto de características políticas, econômicas e sociais que formaram o chamado feudalismo (economia agrária, amonetária e de subsistência com pouca atividade comercial; o poder político estava descentralizado, através do qual se observavam as relações de suserania e vassalagem. O poder político estavafragmentado nos feudos).Observa-se também que, na Idade Média, a Igreja Católica exercia um grande poder ideológico sobre as populações europeias e, por isso, a Idade Média é vulgarmente conhecida como “Noite de Mil Anos”. Durante a Baixa Idade Média (séc. XI ao XV) observam-se transformações na estrutura feudal que serão responsáveis pela transição do feudalismo para o capitalismo. A partir das Cruzadas (expedições cristãs, militares-religiosas, que partiram da Europa, para libertar a Terra Santa do domínio muçulmano) há a retomada do contato entre o Ocidente e o Oriente, através do Mar Mediterrâneo e esta retomada do contato fez com que produtos orientais (seda, marfim, perfumes, especiarias, etc.) voltassem a ser comercializados em diversas regiões do continente europeu nas feiras que surgiam em pontos de paradas de caravanas ou em regiões mais populosas. Este comércio feito a longas distâncias transformou a realidade feudal europeia e trouxe o Renascimento Comercial e Urbano para o Continente Europeu. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 3 CPREM Graças ao Renascimento Comercial e Urbano, que dinamizará a economia europeia, surgirá uma nova classe social, a burguesia, que irá fomentar não apenas as atividades econômicas, mas também as atividades artísticas e intelectuais questionando o poder do clero católico em vários aspectos. Estemovimento ficou conhecido como Renascimento Cultural. A Europa transformava-se e a atividade comercial, através do Mediterrâneo, intensificava-se e nesse contexto as cidades italianas, em especial Gênova e Veneza monopolizavam, juntamente com a cidade de Constantinopla (atual Istambul, na Turquia) o comércio de especiarias do Oriente encarecendo- as. Comerciantes e nobres lucravam com o comércio de especiarias. O século XIV trouxe uma grave crise que fez assinalar mais um golpe para a realidade feudal, tendo em vista que ao longo deste século haverá a temida peste negra (bubônica), a Guerra dos Cem Anos (França x Inglaterra), várias revoltas camponesas e a queda da produtividade agrícola. Nesse quadro de crise do século XIV Portugal se consolidou enquanto Estado Nacional e, de certa maneira, lucrou, pois, tendo em vista as dificuldades comerciais geradas pela “crise do século XIV”, o porto de Lisboa se tornou uma alternativa às rotas comerciais que levavam os produtos do Oriente para o norte da Europa. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 4 CPREM LINHA DO TEMPO IDADE ANTIGA IDADE MÉDIA 476 1453 FEUDALISMO CRUZADAS RENASCIMENTO COMERCIAL E URBANO GUERRA DE RECONQUISTA (732-1454) EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA FORMAÇÃO DE PORTUGAL RENASCIMENTO CULTURAL IDADE MÉDIA IDADE MODERNA 1453 - 1789 EXPANSÃO MARÍTIMA (GRANDES NAVEGAÇÕES) ABSOLTISMO / MERCANTILISMO RENSACIMENTO CULTURAL REFORMA E CONTRARREFORMA BRASIL COLÔNIA CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 5 CPREM FORMAÇÃO DE PORTUGAL Portugal, assim como o conhecemos na atualidade, começou a ser formado durante a Idade Média a partir da Reconquista (lutas dos cristãos para expulsar os muçulmanos–mouros, também chamados de sarracenos da Península Ibérica entre 732d.C. a 1454 d.C.). Durante estas lutas os vários reinos cristãos da Península Ibérica foram se estruturando e se consolidando politicamente. O Rei Afonso VI, do reino de Leão, cede o Condado Portucalense (Portucale) ao nobre Henrique de Borgonha. O filho de Henrique, Afonso Henrique de Borgonha, emancipa o Condado, em relação ao Reino de Leão, tornando-o um Reino independente. Nasce assim o reino de Portugal e sua primeira dinastia, a dinastia de Borgonha ou Afonsina (1139-1383). O último rei da dinastia de Borgonha foi D. Fernando, morto em 1383 semdeixar herdeiros homens, sua filha era casada com o Rei de Castela e tal fato abriu caminho para Castela tentar anexar Portugal; porém a nobreza lusitana, comandada por D. João de Avis, reage na chamada Revolução de Avis (1383-1385) derrotando os castelhanos na batalha de Aljubarrota mantendo assim a independência de Portugal e iniciando uma nova dinastia em Portugal a partir da coroação de D. João de Avis como o Rei D. João I, era o início da dinastia de Avis(1385-1580) que se encerrou em 1578 com a morte do Rei D. Sebastião. A morte de D. Sebastião sem que deixasse herdeiros, mergulhou Portugal numa grave crise na qual acontecerá a União Ibérica(1580-1640) onde Portugal passou a ser governado pelos reis espanhóis. Somente em 1640, Portugal retomará sua autonomia política-administrativa através de D. João de Bragança que se tornou o Rei D. João IV iniciando a dinastia de Bragança (1640-1910). CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 6 CPREM DINASTIAS DE PORTUGAL: Borgonha ou Afonsina – 1139 a 1383: Unificou Portugal e expandiu o território durante a Reconquista; Portugal iniciou a formação de seu Estado Nacional Moderno; Igreja Católica e Nobreza lusitana apoiaram a Dinastia de Borgonha, durante a Reconquista, isso facilitou a centralização política de Portugal; Afonso Henrique de Borgonha, o Conquistador,foi o primeiro Rei Da Dinastia de Borgonha e Dom Fernando, o Formoso foi o último. Avis – 1385 a 1580: D. João, Mestre de Avis, manteve a independência de Portugal (Revolução de Avis); Esta Dinastia consolidou o Estado nacional Português; O Infante D. Henrique (filho do Rei D. João I – João de Avis, também chamado de Henrique, o Navegador, fundou a Escola de Sagres (1417) inaugurando o Período Henriquino das navegações em Portugal o que ajudou a impulsionar a Expansão Marítima Lusitana; Essa Dinastia realizou a Expansão Marítima portuguesa, apoiada na Igreja Católica e na nobreza ligada aos interesses mercantis de Portugal; Dom Sebastião foi último Rei da Dinastia de Avis. União Ibérica – 1580 a 1640: Período conhecido como “Filipino” ou “Espanha dos Felipes”. Período no qual Portugal foi governado pelos Reis espanhóis; foi um período de forte decadência para Portugal. Bragança – 1640 a 1910: Iniciada após a “Restauração de Portugal,” teve em Dom João IV seu primeiro Rei; Decadência econômica de Portugal. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 7 CPREM FORMAÇÃO DE PORTUGAL CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 8 CPREM EXPANSÃO MARÍTIMA EUROPEIA Podemos definir Expansão Marítima ou Expansão Ultramarina Europeia como sendo a procura por uma rota alternativa para as Índias (Oriente) com o objetivo de romper o monopólio Mediterrâneo no comércio de especiarias. Nesse contexto Portugal foi o pioneiro no processo de Expansão Marítima devido a uma série de fatores que favoreciam Portugal: Portugal foi o primeiro Reino europeu a superar o feudalismo e tornar-se um Estado Moderno (Absolutismo); Posição geográfica favorável; Vocação marítima; Escola de Sagres fundada por Henrique, o Navegador; Comércio realizado com o norte europeu a partir da rota entre o Mediterrâneo (estreito de Gibraltar) e o Atlântico (Mar do Norte), passando pelo porto de Lisboa; Apoio da Igreja Católica (expandir o catolicismo); Espírito cruzadista; Nobreza mercantil (ligada às atividades comerciais); Avanço tecnológico (Escola de Sagres) – astrolábio, caravela,etc; Paz interna. EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA (PÉRIPLO AFRICANO – CICLO ORIENTAL DAS NAVEGAÇÕES ou CICLO SUL DAS NAVEGAÇÕES) Portugal contornou e fundou feitorias (pontos de apoio para novas expedições e polos de comércio) no litoral africano com objetivo de chegar às Índias para acessar o comércio de especiarias rompendo, dessa maneira, o monopólio Mediterrâneo exercido pelas cidades italianas e por Constantinopla. Em 1453 os Turcos Otomanos invadiram e ocuparam Constantinopla, encarecendo ainda mais o comércio de especiarias; esse fato fez com que Portugal acelerasse a conquista do litoral africano. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 9 CPREM PRINCIPAIS ETAPAS DA EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA 1415 – Conquista de Ceuta (estreito de Gibraltar) 1419 – Ilha da Madeira – Sistema de Capitanias Hereditárias neste território 1434 – Cabo Bojador – Gil Eanes 1441 – Início do tráfico negreiro nas ilhas atlânticas ocupadas por Portugal 1456 – Portugal chega a Cabo Verde 1488 – Cabo das Tormentas (Boa Esperança) – Bartolomeu Dias 1498 – Chegada à Calicute (Índias) – Vasco da Gama 1500 – Brasil – Pedro Álvares Cabral EXPANSÃO MARÍTIMA ESPANHOLA A Espanha iniciou sua expansão marítima após o término da Guerra de Reconquista em seu território, portanto sua primeira viagem de grandes navegações se deu em 1492, com o navegador genovês Cristóvão Colombo que visou atingir o oriente navegando para o ocidente (navegar para o oeste para se chegar ao leste) realizando o contorno no globo terrestre, porém Colombo desconhecia a existência de um verdadeiro continente entre a Europa e a Ásia, portanto, a primeira viagem espanhola de grande navegação descobre um novo continente: a América. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 10 CPREM A viagem de Colombo, e a consequente descoberta da América, tornou a Espanha uma grande potência europeia e a histórica rivalidade com Portugalse faz presente redundando na assinatura de Tratados entre os dois países: 1480 – TRATADO DE ALCAÇOVAS TOLEDO: Espanha reconhece a posse de Portugal sobre o litoral africano. 1493 – BULA INTER COETERA: tratado proposto pela Espanha e pelo Papa Alexandre VI com objetivo de dividir as terras descobertas e a serem descobertas entre Portugal e Espanha a partir de um meridiano que passasse a 100 léguas a oeste de Cabo Verde. Portugal recusa esse acordo. 1494 – TRATADO DE TORDESILHAS: tratado imposto por Portugal à Espanha no qual há a divisão das terras descobertas e a serem descobertas a partir de um meridiano que passasse a 370 léguas a oeste de Cabo Verde. 1529 – TRATADO DE SARAGOÇA: Portugal comprou as Ilhas Molucas da Espanha Entre 1519 e 1522 foi realizada a primeira viagem de circunavegação com os navegadores Fernão de Magalhães e Sebastião El Caño a mando da Coroa espanhola. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 11 CPREM IDADE MODERNA O Período compreendido entre 1453 e 1789 é conhecido por Idade Moderna e apresenta várias diferenças em relação à Idade Média. Do ponto de vista político a Idade Moderna se caracterizava pelo ABSOLUTISMO MONÁRQUICO, ou seja, o Poder Político estava centralizado na figura do Rei. Do ponto de vista econômico a Idade Moderna é marcada pelo MERCANTILISMO (Capitalismo Comercial ou Capitalismo Primitivo). O Mercantilismo visava fortalecer o Estado, não havia liberdade de comércio.Alivre iniciativa era limitada. As atividades econômicas eram controladas pelo Estado e o Estado era, em última análise, o próprio soberano (Rei). O Estado concedia privilégios comerciais a grupos específicos (Companhias de Comércio) e concedia privilégios e vantagens à nobreza e ao clero. Para enriquecer o Estado o Mercantilismo se valia de algumas práticas: Metalismo: Acúmulo de metais preciosos; na Espanha era chamado de Bulionismo Protecionismo: Taxas e barreiras alfandegárias aos produtos estrangeiros Balança Comercial Favorável: os Estados procuravam exportar mais e importar menos, gerando superávits e evitando os déficits na balança comercial Colonialismo: exploração de colônias através do pacto colonial Tráfico Negreiro: atividade altamente rentável Pacto Colonial ou Exclusivismo Metropolitano: desdobramento do colonialismo, prendia as colônias às suas metrópoles (monopólio) Corsários: piratas eram contratados por Estados europeus para pilharem navios ou colônias de países rivais CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 12 CPREM PACTO COLONIAL REFORMA E CONTRARREFORMA A Idade Moderna foi um período de transição entre o sistema feudal e o sistema capitalista.Durante essa transição observa-se a perda da hegemonia religiosa da Igreja católica no continente europeu. Tal fato se deve ao surgimento de novas religiões cristãs sem o domínio ou a influência do Papa; trata-se das religiões Protestantes (Reforma Protestante) que surgiram na Europa a partir de 1517 com o Monge Martinho Lutero (Luteranismo). Logo em seguida vieram João Calvino (Calvinismo), Henrique VIII (Anglicanismo), John Knox (Presbiterianismo), os Huguenotes na França, os Anabatistas na Alemanha (Sacro-Império), etc. Com o movimento Protestante a Igreja Católica perdia fieis, poder e influência. Reagindo com o movimento que ficou conhecido como Contrarreforma católica. A Contrarreforma consistiu, basicamente, numa tentativa de moralização do clero católica, decidida a partir do Concílio de Trento (1545) na Itália e no combate às ideias protestantes, consideradas heréticas. O Concílio de Trento estabeleceu a obrigatoriedade do clero de cursar seminários, proibiu a venda de indulgências e simonias, proibiu a venda de cargos eclesiásticos, criou o Index Librorun e reforçou o poder do Tribunal do Santo Ofício (Inquisição). A Igreja Católica se utilizou dos jesuítas (ordem religiosa católica criada por Inácio de Loyolla e por Francisco Xavier) no processo de catequese e educação nas colônias ibéricas. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 13 CPREM EXERCÍCIOS Capítulo 1 1. (EsAEx 1997) O movimento cristão para expulsar os árabes da Península Ibérica, que teve como consequência a doação de Portugal a D. Henrique de Borgonha, é chamado de: a) Noite Triste b) Levante c) Batalha d) Reconquista e) Tormentas 2. (EsAEx 2006) No século XV, Portugal e Espanha deram início à expansão marítima europeia, da qual resultaram grandes impérios coloniais, a exemplo do Brasil. As afirmativas abaixo dizem respeito às várias explicações acerca do expansionismo e dos descobrimentos portugueses dos séculos XV e XVI. Analise-as e, a seguir, assinale a alternativa correta: I – A busca por rotas comerciais alternativas na tentativa de escapar das altas taxas cobradas pelos turcos-otomanos, a partir do domínio estabelecido por eles no Mediterrâneo ocidental em 1453; II –O desenvolvimento de instrumentos tecnológicos para a navegação, a partir de estudos realizados por cartógrafos, astrônomos, matemáticos e navegadores na Escola de Sagres; III – A aliança entre portugueses, venezianos e genoveses para fortalecer o monopólio que mantinham sobre o Mediterrâneo, visando anular os prejuízos causados pela invasão árabe na Península Ibérica ocorrida naquele período; IV – As aspirações da burguesia mercantil que havia consolidado a sua relação com a Coroa durante a Revolução de Avis, entre 1383 e 1385, quando as forças de Castela foram expulsas de Portugal e Dom João I assumir o Trono. a) Somente I está correta b) Somente I e III estão corretas c) Somente I, II e IV estão corretas d) Somente I, III e IV estão corretas e) Somente II e IV estão corretas Olá futuros Oficiais do Quadro Complementar do Exército Brasileiro, resolvam, ESTUDANDO, as questões de provas anteriores para que os senhores(as) possam se adaptar à maneira como a EsFCEx aborda os temas do edital. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 14 CPREM 3. (EsAEx 2001) Sobre os fatos determinantes que levaram Portugal a se tornar uma grande potência colonial e descobrir o Brasil no final do século XV, analise as afirmativas abaixo: I – Portugal se transformou num país marítimo voltando-se para o oceano no alvorecer do século II – A Espanha serviu de exemplo para Portugal porque precedeu os portugueses no início da expansão marítima III – O comércio europeu continental se caracterizou por ter se desenvolvido de forma quase que unicamente marítima até o século XIV IV – As demais nações europeias só investiram na corrida colonial após o século XVII Assinale a opção correta: a) I b) II e III c) III e IV d) I, II e III e) Todas 4. (EsAEx 2005) Sobre as questões que motivaram o empreendimento marítimo dos portugueses, não é correto afirmar que: a) o papel pioneiro de Portugal na expansão ultramarina está relacionado com a intensificação da rota marítima comercial que contornava o continente europeu pelo estreito de Gibraltar para chegar ao Mar do Norte. b) o projeto econômico da Coroa lusitana de navegar em direção à Ásia contou com os recursos financeiros da nobreza tradicional e da burguesia, ambas unidas por uma aliança matrimonial para a consolidação precoce do Estado Português. c) a expansão marítima dos países da Europa deriva-se do desenvolvimento do comércio continental europeu e de um novo sistema de relações internas que integrava o Mar Mediterrâneo ao Mar do Norte, especialmente a partir da revolução na arte de navegar. d) os portugueses, buscando se livrar da concorrência no continente europeu e contando com suas vantagens geográficas empregaram seus esforços no comércio com a costa Ocidental da África. e) a riqueza das repúblicas italianas e dos mouros, originada do comércio com as Índias, levou Portugal a desenhar um plano de navegação para atingir o Oriente contornando a África. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 15 CPREM 05. (EsAEx 2002) Examinando-se a situação europeia à época das grandes navegações e dos grandes descobrimentos, pode-se corretamente afirmar que: a) acima dos Pirineus estavam os países responsáveis pelo início das grandes navegações. b) os Países Balcânicos viviam fechados na Europa. c) a Inglaterra vivia ensimesmada na sua ilha. d) a Rússia não se comunicava com outros mundos fora da Europa e) a Espanha e Portugal eram pontos de contato com a Europa. 06. (EsAEx 2003) Dentre as causas que determinaram o surto expansionista europeu que levou aos grandes descobrimentos encontramos o(a): a) renascimentodo comércio de escravos. b) ausência de atividade pesqueira em Portugal c) Marrocos como grande produtor de ouro e prata. d) desestímulo Papal aos empreendimentos portugueses. e) ausência de laços históricos com o Imperialismo europeu medieval. 7. (EsAEx 2000) O Brasil, neste ano 2000, completou 500 anos. A esquadra de Cabral, eu aqui chegou em 22 de abril de 1500, era basicamente uma: a) esquadra de tipo militar porque pretendia fundar uma feitoria na Índia. b) missão exploradora porque Portugal, oficialmente, já sabia da existência da terra do Brasil. c) esquadra de navios leves porque Portugal buscava maior mobilidade num provável combate com espanhóis. d) esquadra semelhante à empregada no costeio da África visando o intercâmbio comercial com os nativos. e) expedição inferior a de Vasco da Gama porque cabia a Cabral apenas completar a presença na Índia. GABARITO CAP I 1–Letra D; 2 – Letra C; 3 – Letra A; 4 – Letra B; 5 - Letra E; 6 – Letra; A 7 – Letra A CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 16 CPREM CAPÍTULO II DESCOBRIMENTO DO BRASIL O termo “Descoberta” foi utilizado por muito tempo, pela historiografia brasileira, para designar a chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral ao Brasil em 22 de abril de 1500. Atualmente existem várias visões e posições acerca dos primeiros contatos entre portugueses e silvícolas no Brasil; fala-se em conquista europeia e em extermínio das populações nativas com imposição dos valores europeus e dos reais interesses lusitanos em ocupar terras à oeste do Oceano Atlântico. A “descoberta” do Brasil, feita por obra do acaso, não é mais aceita pela atual historiografia brasileira. Vários documentos e fontes contestam e derrubam essa versão demonstrando a intencionalidade da chegada de uma esquadra portuguesa em terras americanas. O avistamento dos primeiros sinais de terra, feito pela esquadra de Cabral, com a posterior identificação de um monte em 21 de abril de 1500 (Monte Pascoal) e a entrada dos navios portugueses na Baía Cabrália (Santa Cruz Cabrália – em Porto Seguro - BA), no dia 22 de abril de 1500, fez parte dos planejamentos portugueses estabelecidos durante a sua expansão marítima para controlar os mares e expandir seus domínios.Pois, ao se estabelecerem ao longo do litoral brasileiro, os portugueses controlariam a rota pelo Atlântico Sul, pois já controlavam o litoral oeste da África, e o caminho para as Índias. Observemos os argumentos que defendiam a causalidade da chegada de Cabral e aqueles argumentos que derrubam essa tese. Destacam-se os seguintes argumentos (teses) da causalidade da chegada da esquadra de Cabral ao Brasil: A esquadra de Cabral fora armada com 13 navios para conquistar Calicute O objetivo da viagem de Cabral era as Índias Correntes marítimas teriam desviado a frota Afastamento em demasia do litoral africano (volta ao largo) para se evitar as calmarias nessa região (recomendação dada a Cabral dada pelo próprio Vasco da Gama) Calmarias teriam atrapalhado a viagem CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 17 CPREM Argumentos que demonstram a intencionalidade da chegada da esquadra de Cabral: Navegadores experientes na frota (Bartolomeu Dias) Não há relato de calmarias Carta de Pero Vaz de Caminha notificando o “achamento” da terra e sem demonstrar surpresas com a chegada ao Brasil, apenas faz um relatório das possibilidades que a terra oferece e sobre as populações nativas aqui encontradas Tratado de Tordesilhas (1494) Relatos de navegadores portugueses, anteriores a Cabral, sobre o litoral do Brasil (João Coelho da Cruz – 1493 – no atual Pernambuco, Duarte Pacheco Pereira – 1498, nos atuais Pará e Maranhão e o espanhol Pinzón – 1500, no atual Pernambuco). Com a chegada da esquadra de Cabral ao Brasil foi realizada a primeira missa no território brasileiro, pelo Frei Henrique Soares de Coimbra. Cabral batizou a nova terra de ILHA DE VERA CRUZ, posteriormente a terra passou a ser chamada de TERRA DE SANTA CRUZ, somente mais tarde, o território português na América, ficou conhecido como BRASIL. Os nativos da terra chamavam-na de PINDORAMA PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530) Os primeiros trinta anos, após a chegada de Cabral, não despertaram maiores interesses da Coroa Portuguesa em relação ao Brasil, tendo em vista que o comércio dos produtos do litoral africano e as mercadorias do Oriente se mostravam mais lucrativos para Portugal, além do fato de não se ter encontrado metais preciosos no litoral do Brasil. Observamos, durante o Período Pré-Colonial, a EXPLORAÇÃO DO PAU-BRASILfeita através da seguinte forma: Estanco Real – Monopólio Régio (todos os produtos pertenceriam ao Estado – Rei) Escambo com indígenas Fundação de feitorias no litoral Arrendatários do pau-brasil – comerciantes autorizados pelo Rei A exploração do pau-brasil foi uma atividade meramente extrativista, não havia o cultivo ou replantio da madeira e nem fixava o português à terra. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 18 CPREM O pau-brasil era utilizado, na Europa, para o tingimento de tecidos e para confecção de móveis utilizados pela nobreza, por isso era valorizado e por isso despertou a cobiça de outros países europeus que enviavam corsários ao litoral para contrabandear a madeira. Nota-se também a presença de piratas e corsários que vinham ao litoral brasileiro para também contrabandeá-la. Durante o período pré-colonial não houve a fundação de núcleos populacionais e sim de armazéns que serviam de depósitos e ponto de apoio para navios portugueses. Portugal enviou, nesse período, algumas expedições ao litoral brasileiro: EXPEDIÇÕES EXPLORADORAS: GASPAR DE LEMOS– 1501: Sua missão era fazer o levantamento do litoral brasileiro, mapeando-o e verificando as possibilidades de exploração.Chegou à praia dos Marcos (RN), onde foi fincado um marco de pedra, sinal da posse da terra. A partir de então, iniciou a sua missão exploradora navegando pela costa, em direção ao sul, onde avistou e denominou pontos litorâneos, conforme calendário religioso da época. Sua missão da teve como limite sul a região de Cananéia (SP). GONÇALO COELHO– 1503: Sua missão era iniciar a exploração do pau-brasil, fundou a primeira feitoria (Itamaracá) e realizou a primeira entrada para o interior (na região de Cabo Frio, com Américo Vespúcio). EXPEDIÇÃO GUARDA COSTAS: CRISTÓVÃO JACQUES – Entre 1516 e 1528: Sua missão era proteger o litoral do Brasil da presença de piratas e corsários, evitando o contrabando do pau-brasil. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 19 CPREM PERÍODO COLONIAL (1530-1815) BRASIL LIGADO AO ANTIGO SISTEMA COLONIAL (ASC) Ficou claro para a administração portuguesa a necessidade de iniciar o povoamento do Brasil, pois, caso contrário, Portugal poderia perder o domínio do território devido à ameaça estrangeira. Havia também a realidade da concorrência de outros países europeus em relação ao comércio das especiarias do Oriente, reduzindo, assim, os lucros que Portugal obtinha com as Índias. Portugal vai, portanto iniciara colonização do Brasil dentro da lógica do mercantilismo europeu, ou seja, o Brasil estaria ligado ao pacto colonial (exclusivismo metropolitano). A colonização se efetuou com o objetivo de atender os interesses de Portugalno sentido de se montar uma atividade, em terras brasileiras, que trouxesse lucros para Portugal e lucros rápidos sem que se preocupasse em tornar o território brasileiro autossuficiente e desenvolvido,mas sim dependente do mercado externo e preso às determinações de Portugal. A primeira expedição enviada para iniciar a colonização do Brasil foi comandada por MARTINAFONSO DE SOUSAem 1530, dando início ao Período Colonial. Esta expedição fundou a primeira Vila no Brasil: São Vicente, onde foi montado o primeiro engenho de açúcar (São Jorge). Chegaram, também com Martin Afonso de Sousa,as primeiras cabeças de gado e iniciou-se a lavoura canavieira. A expedição colonizadora de Martin Afonso explorou desde o litoral norte do Brasilaté a Bacia Platina (entre a atual Argentina e o atual Uruguai), ou seja, fora dos domínios portugueses determinados pelo Tratado de Tordesilhas. Para fixar os primeiros colonizadores no Brasil, e trazer lucros imediatos a Portugal, a atividade econômica escolhida foi a lavora canavieira, realizada através do sistema de plantation. O clima e o solo (massapê) eram favoráveis ao cultivo da cana de açúcar, além do fato de que Portugal já dominava o plantio da cana em suas ilhas atlânticas no litoral da África; iniciava-se, dessa forma,a agro manufatura açucareira no Brasil. A atividade açucareira no Brasil colônia estava associada ao capital holandês (batavos ou flamengos) no transporte e refino do açúcar na Europa. Portugal havia se associado aos holandeses por diversas razões, porém a lenta decadência econômica de Portugal foi fator preponderantepara essa associação. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 20 CPREM PLANTATION: Monocultura / Apenas uma pequena porção das terras era utilizada para a lavoura de subsistência Produção para o mercado externo Latifúndio (Grande propriedade agrícola) Mão de obra escrava A expedição de Martin Afonso iniciou o processo de colonização do Brasil, porém foi insuficiente para ocupar e proteger o vasto território português na América; o Estado português também não tinha recursos para proteger e ocupar as terras brasileiras, por esta realidade a Coroa Portuguesa resolve implantar no Brasil um sistema que já utilizara em suas ilhas Atlânticas, dessa forma instala-se no Brasil o sistema de Capitanias Hereditárias. CAPITANIAS HEREDITÁRIAS (1534-1759) O Brasil foi dividido em 15 lotes de terra, cada lote (Capitania Hereditária) era entregue a um particular, geralmente membros da pequena nobreza ou comerciantes, que deveria ocupar, povoar, proteger e desenvolver a Capitania com recursos próprios. A primeira Capitania hereditária no Brasil foi a Capitania da ilha de São João (atual Fernando de Noronha), criada ainda durante o Período Pré- Colonial. Os Capitães Donatários eram a maior autoridade na Capitania e sua ligação jurídica administrativa estava discriminada em dois documentos: CARTA DE DOAÇÃO– Documento de posse da terra, espécie de escritura. O Donatário tinha a posse da terrae a hereditariedade da Capitania lhe era assegurada, mas o Rei era o verdadeiro proprietário das Capitanias. FORAL– Documento onde estavam discriminados os direitos e deveres dos Capitães Donatários e os direitos da Coroa (Rei). Era uma espécie de regulamento que regia o sistema de Capitanias. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 21 CPREM Principais DIREITOS dos Donatários: Doar sesmarias (as sesmarias eram lotes de terra para a agricultura e deveriam produzir em um prazo de 5 anos, após 2 anos de real produção o sesmeiro tornar-se-ia dono da terra) Fundar vilas Cobrar impostos na Capitania Escravizar índios Receber a Vintenta (5% dos lucros da exploração do pau-brasil e sobre os pescados) Receber a Dízima (10% dos lucros enviados para Portugal) Principais DEVERES dos Donatários: Povoar, ocupar, proteger as terras com seus recursos próprios Manter a fé católica evitando o protestantismo e heresias Pagar impostos à Coroa Formar milícias para defender a terra Manter a ordem (Poder Judicial) na Capitania O sistema de Capitanias Hereditárias visava proteger e colonizar o Brasil utilizando o mínimo de recursos por parte do Estado português, porém o sistema não deu o resultado esperado tendo em vista os seguintes fatores: Falta de recursos dos Capitães Donatários Falta de interesse de Capitães Donatários Dificuldades de comunicações Distâncias Falta de efetivo para ocupar eficientemente a capitania Ataques indígenas Poucos e demorados lucros Insalubridade da terra Apesar dos fatores adversos o sistema de Capitanias vigorou no Brasil até o século XVIII sendo extinto somente em 1759 pelo Marquês de Pombal. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 22 CPREM Das quinze Capitanias iniciais duas prosperaram: Pernambuco e São Vicente. Mas lentamente, ao longo do tempo, as Capitanias foram desmembradas em lotes menores de terra. Paralelamente ao sistema de Capitanias Hereditárias foram estabelecidos no Brasil os primeiros núcleos populacionais, as primeiras vilas e cidades e nestes núcleos observamos a criação das CÂMARASMUNICIPAIS nas quais as elites locais (senhores de engenho) exerciam a sua dominação político-territorial. As Câmaras Municipais representavam a descentralização do poder, uma vez que estas surgiram da necessidade de um governo local que resolvesse os problemas com mais agilidade em relação à administração portuguesa. As Câmaras Municipais eram controladas pelos chamados homens bons da colônia que eram os senhores de engenho de açúcar, brancos, católicos e donos de escravos. A escolha para compor aqueles que iriam integrar as Câmaras era feita através de eleições direcionadas, ou seja, somente os homens bons votavam em outros homens bons os quais se tornavam Oficiais da Câmara onde criavam determinações locais e fiscalizavam o comércio da região. Nos primeiros anos do Período Colonial, as Câmaras Municipais tinham muita autonomia, chegavam até a convocar Governadores para dar explicações e tratar de assuntos públicos, decretavam CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 23 CPREM guerra a tribos de índios e criavam arraiais (pequenos povoados). A autonomia municipal era representada e materializada, simbolicamente, pela existência de um pelourinho na praça principal. Após a União Ibérica (1580-1640) Portugal busca ampliar o controle sobre o Brasil e a aumentar a exploração em sua colônia, será criado, em 1641, o Conselho Ultramarino, órgão fiscalizador das atividades coloniais, e vai limitar a atuação das Câmaras Municipais nomeando os juízes que presidiam as Câmaras Municipais, eram os chamados Juízes de Fora, que seriam vitalícios. As Câmaras Municipais e sua estrutura de funcionamento demonstram que o poder político no Brasil estava sendo estruturadocom base nos interesses da oligarquia rural que se estabeleceu ao longo do Período Colonial. GOVERNO GERAL (1548-1808) Com o objetivo prioritário de centralizar a administração colonial, subordinando as Capitanias Hereditárias para melhor controlá-las, a Coroa Portuguesa criou o sistema de Governo Geral através do Regimento Castanheira (Regimento Tomé de Souza ou Regimento Almerín). Uma das atribuições dadas ao Governador Geral, dentre tantas outras, era estimular a produção de açúcar no Brasil através da isenção de tributos, por certo tempo,incentivando aqueles que queriam montar os engenhos de açúcar. Para sede do Governo Geral foi escolhida a Capitania da Bahia de Todos os Santos devido à sua posição geográfica estratégica e pelo fato de seu Capitão Donatário (Francisco Coutinho) ter sido morto por ataque indígena. Além do Governador Geral, que representava o Rei em terras brasileiras, foram criados outros cargos administrativos para auxiliarem o Governador Geral: Capitão Mor – Oficial Superior encarregado da defesa do litoral brasileiro. Provedor Mor – Funcionário público encarregado da fiscalização tributária na colônia. Ouvidor Mor – Funcionário público encarregado dos assuntos judiciários na colônia. Alcaide Mor – Militar encarregado de formar milícias locais para defesa do território. Criou-se o Conselho de Vereança – Espécie de Câmara onde se reuniam os Homens Bons da colônia. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 24 CPREM Com a criação do sistema de Governo Geral os Capitães Donatários perderam autonomia (não cobrariam mais impostos e nem controlariam os estancos reais) e funções judiciais, além do fato das sesmarias, agora serem doadas pelos Governadores Gerais e não mais pelos Capitães Donatários. O sistema de Governo Geral existiu no Brasil por 260 anos e ao longo desse período houve vários Governadores, porém estudaremos os três primeiros Governadores e os fatos mais relevantes de seus governos: I. Tomé de Souza (1549-1553): .Em seu governo foi fundada a cidade de Salvador com a ajuda do náufrago Diogo Álvares Correa (Caramuru) e definida como sede do Governo Geral; .Chegaram os primeiros jesuítas chefiados pelo padre Manoel da Nóbrega; .Brasil foi elevado a Bispado (1551) – Bispo D. Pero Fernandes Sardinha; .Início da criação de gado no nordeste do Brasil; .Fundação do primeiro colégio no Brasil, em Salvador; .Dificuldade em impor sua autoridade perante os Capitães Donatários II. Duarte da Costa(1553-1558): .Chega o padre jesuíta José de Anchietaque funda, juntamente com Manoel da Nóbrega, o Colégio de São Paulo de Piratininga. Anchieta, por seus trabalhos, é conhecido como Apóstolo do Brasil; .Franceses ocupam a Baía de Guanabara em 1555 e fundam uma colônia (França Antártica); .Morte do Bispo D. Pero Fernandes Sardinha, no território do atual estado de Alagoas, pelos índios caetés; .Conflitos entre colonos portugueses (senhores de engenho) e padres jesuítas, devido à escravização de índios. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 25 CPREM III. Mem de Sá (1558-1572): .Bom relacionamento com a Igreja Católica; .Início do tráfico negreiro de forma sistematizada; .Favoreceu a criação de missões jesuítas na região de Paranapanema (São Paulo); .Franceses expulsos da Baía de Guanabara (Estácio de Sá e José de Anchieta); .Governou até a sua morte em 1572, seu substituto (Luís de Vasconcelos) morre em alto mar devido a ataque de corsários franceses). Após a morte de Mem de Sá, o Rei de Portugal (D. Sebastião) resolveu dividir o Brasil em dois Governos Gerais: Brasil do Norte, com capital em Salvador e Brasil do Sul, com capital no Rio de Janeiro. Tal divisão procurou estabelecer um melhor controle sobre o Brasil, melhor proteção para o litoral e para o Rio de Janeiro, incentivar e fiscalizar melhor a produção açucareira. Esse sistema de dois Governos durou pouco tempo (1572-1578), pois não demonstrou resultados práticos. O sistema foi reunificado em um Governo único, com sede em Salvador. Durante a União Ibérica (1580-1640), ou seja: quando Portugal passou a ser governado pela Espanha, houve uma nova divisão do Governo Geral. Foram criados o Estado do Maranhão (sede em São Luís) e o Estado do Brasil (sede em Salvador). Esta nova divisão existiu entre 1621 e 1774 e tinha os objetivos de proteger a região norte do Brasil e melhor aproveitar as correntes marítimas que favoreciam as comunicações com Portugal. A partir de 1720 o sistema de Governo Geral passou a se chamar de Vice Reino. A partir de 1763 a sede do Governo geral veio para a cidade do Rio de Janeiro, com objetivo de melhor controlar o ouro que era explorado em Minas Gerais. O sistema de Vice Reino (Governo Geral) foi extinto em 1808, devido à chegada da Corte Portuguesa ao Brasil. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 26 CPREM ECONOMIA – BRASIL COLÔNIA O Brasil estava inserido à lógica mercantilista europeia como colônia de exploração e, portanto, as atividades econômicas eram estruturadas no Brasil com vistas aos interesses metropolitanos portugueses (pacto colonial – Exclusivismo Metropolitano). A ocupação do território brasileiro se deu associada às atividades econômicas e se localizou ao longo faixa litorânea sendo, por isso, denominada de colonização caranguejo. Em relação à economia no Brasil, à época do período colonial, destacam-se: EXPLORAÇÃO DO PAU-BRASIL: . Desde o período pré-colonial e ao longo de todo o período colonial . Atividade extrativista (predatória) – Não havia o replantio . Voltada ao tingimento de tecidos e à fabricação de móveis na Europa . Escambo – Troca de produtos com indígenas . Arrendatários do pau-brasil – Comerciantes autorizados pelo Rei para explorar a madeira . Feitorias – Armazéns ao longo do litoral brasileiro AGRO-MANUFATURA DO AÇÚCAR: . A produção do açúcar no Brasil remonta às primeiras décadas do período colonial . Clima tropical, solo de massapê e experiência portuguesa no plantio foram essenciais para a instalação da grande lavoura canavieira no Brasil . Atividade açucareira era extremamente lucrativa no mercado europeu . Baseava-se no PLANTATION (grande propriedade agrícola – latifúndio, monocultura, mão de obra escrava, produção para o mercado externo) . Portugal associou-se ao CAPITAL HOLANDÊS (flamengos) com relação ao transporte e refino do açúcar na Europa; os grandes centros de importação e refino do açúcar estavam em Amsterdã, Londres, Hamburgo e Gênova . Rio de Janeiro e Nordeste (Pernambuco e Bahia) eram os principais centros produtores de açúcar . “COLONIZAÇÃO CARANGUEJO” – colonização realizada ao longo do litoral baseada na lavoura canavieira CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 27 CPREM . Engenho de Açúcar – Unidade produtora e local de domínio e opressão (Senhores de Engenho) . Os engenhos de açúcar movidos à água ficaram conhecidos como “Engenhos Reais”, pois eram maiores e possuíam maior produtividade. . Fazendas Obrigadas - Eram terras que os senhores de engenho cediam a um colono. Este tinha a obrigação de moer a sua cana no engenhodo senhor e deixar com ele mais da metade da sua produção. Nas Fazendas Obrigadas não havia o equipamento necessário para se moer a cana (Trapiche – Maquinário de moagem). . Engenhocas – Pequenos engenhos para produzir rapadura e cachaça. . O açúcar brasileiro era conhecido como açúcar “barreado”, pois se utilizava de barro para sua produção, havia no Brasil a figura do “banqueiro”, que era o escravo que auxiliava o mestre açucareiro na produção do açúcar, o açúcar era “purificado” nas casas de purgar . HOMENS BONS– Elite agrária (oligarquia rural) que se formava no Brasil ao longo período colonial (Senhores de Engenho) . Sociedade rural, patriarcal e estamental (estratificada - com pouca mobilidade social) TRÁFICO NEGREIRO: . Atividade extremamente lucrativa dentro da lógica mercantilista europeia . Solução para o “problema” da mão de obra a ser utilizada nas lavouras canavieiras que se estruturavam no Brasil PECUÁRIA: . Única atividade econômica voltada para o mercado interno . Introduzida no Brasil para subsidiar a atividade canavieira . Pecuária extensiva . Alvará de 1710 proibiu a pecuária extensiva a menos de 10 léguas (40 km) a partir do litoral – visava proteger a lavoura canavieira . Predominava a mão de obra livre (vaqueiros / caboclos) – Sistema de parceria . Um dos fatores responsáveis pela ocupação do interior do Nordeste (rio São Francisco – conhecido como “Rio dos Currais” e oRio Parnaíba) – Civilização do couroe da região sul (pampas) CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 28 CPREM . Tropas de mulas (rebanho muar) eram conduzidas pelos “tropeiros” – sua missão era abastecer os núcleos populacionais que se estabeleciam pelo interior do Brasil (transporte de mercadorias) . Feiras de Sorocaba – Era o maior ponto de comercialização de muares, até o século XIX. Era ponto de reunião de tropeiros que rumavam para as várias regiões do interior (RS, PR, SC, SP, MG, MT, RJ) . Produção de charque no RS para consumo interno brasileiro . Criação integrou as diferentes regiões do Brasil em relação às Minas Gerais à época da mineração (do RS para MG, passando por São Paulo e do NE para MG, através do Rio São Francisco) – mercado interno. TABACO: . Fumo . Utilizado como moeda de troca por escravos africanos . Produzido, principalmente, ao longo do litoral nordestino. DROGAS DO SERTÃO: . Produtos típicos da região amazônica . Atividade extrativista . Coordenada pelos Jesuítas . Responsável pela ocupação da bacia amazônica a partir do século XVII . Período da União Ibérica favorece a ocupação da região amazônica – O Capitão português Pedro Teixeira, a partir de 1616 navegou e tomou posse da bacia do Amazonas.Pedro Teixeira chegou a combater ingleses que também estavam se instalando na região norte (Guiana Inglesa). . Tentativa de acessar as minas de prata de Potosí (Peru e Bolívia) e proteger a região da presença estrangeira (principalmente franceses). . Essa atividade entrou em declínio após a expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759 CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 29 CPREM MINERAÇÃO: . Ouro descoberto ao final do século XVII na região de Minas Gerais (Vale do Rio da Mortes e Vale do Rio Doce) pelos bandeirantes oriundos de São Paulo e São Vicente. . Explorado por todo o século XVIII. . Gerou desabastecimento de gêneros no litoral (fome). . Portugal passou a regular, com maior rigor,o fluxo de produtos na região das Minas Gerais (mercadorias vindas de Portugal e comércio de escravos entre a Bahia e as Minas Gerais). . Guerra dos Emboabas – Conflito entre bandeirantes e forasteiros (principalmente portugueses), chamados de emboabas – Capão da Traição (massacre de bandeirantes em São João del Rey – O conflito aumentou em proporções por isso passou a atrapalhar a exploração aurífera. O Rei de Portugal interveio e determinou a expulsão dos bandeirantes de Minas Gerais que, por conta disso,interiorizaram-se (Mato Grosso, Goiás, Paraná). . INTENDÊNCIA DAS MINAS– Órgão administrativo português, ligado diretamente ao Rei de Portugal, criado para controlar as regiões mineradoras encarregada de ceder Datas (lotes de terra para a produção aurífera) e cobrar o Quinto (imposto referente a 20% do peso de todo o ouro encontrado). . LAVRAS – Grandes áreas de exploração aurífera. . CAPITAÇÃO – imposto anual cobrado por quantidade de escravos nas regiões mineradoras (17 gramas de ouro por escravo). . CASAS DE FUNDIÇÃO – Órgão público criado por Portugal em 1720 para quintar (cobrar o quinto) e fundir o ouro. O objetivo era evitar o contrabando de ouro. Há também a proibição da circulação de ouro em pó no Brasil. . Revolta de Vila Rica (Felipe dos Santos) – Revolta na região das Minas Gerais, em 1720, liderada por Felipe dos Santos contra a criação das Casas de Fundição. A revolta fracassa e Felipe dos Santos foi condenado à morte. . FINTA–Imposto anual cobrado por região minerado (30@ anuais, depois há uma elevação para 100@ anuais). . DERRAMA – Cobrança compulsória e violenta das fintas atrasadas. . Inconfidência Mineira (1789) – Movimento emancipacionista em Minas gerais, motivado, dentre outras razões, pelo aumento da opressão metropolitana. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 30 CPREM . Diamantes – explorados na região de Diamantina (Arraial do Tijuco) – Contratador de Diamantes (Funcionários nomeado pelo Rei, encarregado do controle da exploração de diamantes) – Real Extração de Diamantes(órgão responsável por controlar as regiões produtoras de diamantes em substituição à figura do Contratador). Brasil se tornou o segundo maior produtor mundial de diamantes, o que fez a Inglaterra pressionar Portugal a desestimular a exploração de diamantes no Brasil, com isso Portugal estabeleceu a cobrança da Capitação na região de exploração de diamantes. . Atração e aumento populacional – milhares de portugueses (calcula-se que vieram entre 500 mil a 800 mil portugueses) vieram para o Brasil durante o ciclo do ouro, essa migração maciça fez com que a Coroa de Portugal passasse a restringir a emigração de Portugueses e criar normas para que estes viessem para o Brasil em busca de ouro provocandoo despovoamento de Portugal. Uma destas restrições foia proibição da entrada de frades na região mineradora . Aumentou do tráfico negreiro. . Expansão territorial. . Movimentos artístico-culturais (Barroco – Aleijadinho, Mestre Ataíde e Mestre Valentin e Arcadismo – Literatura). . Urbanização (Surgimento de várias cidades na rota do ouro ou em função do ouro) . Rio de Janeiro se tornou a capital em 1763 para maior controle do ouro. . Centro Sul do Brasil ganha mais importância política e econômica em relação ao nordeste . Maior mobilidade social. . Diversificam-se os setores médios urbanos. . TRATADO DE METHUEN(1703) – Tratado assinado entre Portugal e Inglaterra, também conhecido como Tratado de Panos e Vinhos. Portugal comprava manufaturas da Inglaterra e a Inglaterra comprava vinhos de Portugal. Tratado vantajoso à Inglaterra (Superávit na balança comercial inglesa). Por conta deste tratado parte do ouro do Brasil foi para a Inglaterra. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 31 CPREM ALGODÃO: . De início as primeiras plantações de algodão eram voltadas para o mercado interno, principalmente para as camadas mais baixas da sociedade colonial; . No século XVIII houve um incremento da produção algodoeira; . Suprir a necessidade de algodão para abastecer as indústrias têxteis da Inglaterra (I Revolução Industrial) tendo em vista que as Treze Colônias Inglesas (atual EUA) estavam lutando pela sua independência; . Maranhão se tornou o principal polo produtor de algodão no século XVIII. Companhias DE COMÉRCIO: . Eram companhias privilegiadas de comércio, criadas com objetivo de exercer o monopólio comercial sobre determinada região do Brasil. . Cia de Comércio do Brasil – 1647 . Cia de Comércio do Maranhão – 1682 . Cia de Comércio do Grão Pará e Maranhão – 1755 . Cia de Comércio de Pernambuco e Paraíba – 1759 FORMAÇÃO ÉTNICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA Ao longo do período colonial, paralelamente à ocupação territorial, foi-se estruturando a população brasileira e suas características culturais e raciais. Houve um processo de miscigenação (mistura racial) e sincretismo religioso e cultural. No processo de miscigenação observamos: Caboclos ou Mamelucos – Brancos e Índios Mulatos – Brancos e negros Cafuzos ou Caburés – Negros e índios O ELEMENTO BRANCO – O colonizador europeu foi o responsável pela imposição dos valores culturais e religiosos. Sua presença no Brasil estava associada ao domínio político e econômico. Em sua maioria, vinham para o Brasil com intuito de fazer negócios (especular), enriquecer, explorar as riquezas naturais do Brasil ou estabelecer estruturas que permitissem a exploração CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 32 CPREM de algum produto que lhe desse lucros. O colonizador branco português via o trabalho braçal como coisa de inferiores e formou a elite no Brasil Colônia. Ao analisar a formação de Portugal observa-se que os portugueses formam um povo miscigenado (Península Ibérica fora povoada por Fenícios, Celtas, Iberos, Romanos, Muçulmanos, alguns destes mulatos oriundos do norte da África). Durante o período colonial, fez parte da política de ocupação portuguesa o incentivo à miscigenação, pelo fato de Portugal não ter um contingente populacional elevado para ocupar e proteger todo o território brasileiro. Do elemento branco colonizador herdamos a religião, a cultura europeia, o vestuário, o idioma português e a organização familiar. O ELEMENTO INDÍGENA – Eram as populações nativas do Brasil (autóctones). Habitavam ao longo de todo o território brasileiro e eram povos caçadores-coletores (nômades ou seminômades) não dominando técnicas agrícolas sofisticadas. Havia pouca diferenciação social dentro das populações indígenas, as divisões de tarefas eram feitas por sexo e idade, os homens eram guerreiros e caçadores e às mulheres cabiam tarefas domésticas, o cultivo de uma pequena horta familiar coletiva e a criação das crianças (curumins). As tribos eram comunidades independentes entre si, praticavam a poligamia, eram politeístas e a maioria das populações indígenas era antropófaga. O grupo indígena mais numeroso no Brasil era do tronco Tupi-Guarani, mas havia vários outros, tais quais os Jês, Caraíbas, Aruaques, etc. Calcula-se que havia, aproximadamente, cerca de 6 milhões de indígenas no Brasil à época da chegada dos portugueses. Essa população foi dizimada ao longo do processo de colonização. Tal extermínio se deve a vários fatores, tais quais: epidemias, guerras, escravização, imposição de valores religiosos e culturais europeus e suicídios. Em 1570 surgiu a primeira Lei que protegia os indígenas em relação à escravidão, ela estabelecia que só se poderia capturar e escravizar índios em caso de “Guerra Justa” (quando as tribos indígenas se mostravam avessas à catequese e à aculturação resistindo às mesmas). Os Aimorés, também chamados de Botocudos, que habitavam do Espírito Santo ao sul da Bahia, não foram contemplados por esta Lei por serem arredios e agressivos ao extremo. Em 1755 o Marquês de Pombal editou uma Lei que deu plenas garantias (garantia de herança) aos filhos de brancos e índios, com vistas a estimular os casamentos inter-raciais, e em 1757 foi criada a chamada “Lei Áurea dos Índios”, também feita pelo Marquês de Pombal, que proibiu, definitivamente, a escravização de indígenas. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 33 CPREM Porém foi somente na primeira metade século XX, durante o governo do Presidente Afonso Pena, é que foi fundado o Serviço Nacional de Proteção ao Índio (SNPI), com o objetivo de proteger as populações indígenas e preservar sua cultura. A chefia do SNPI foi entregue ao Marechal Cândido Mariano Rondon que trouxe a seguinte diretriz no trato com as populações indígenas: “morrer se preciso for, matar jamais”. Em 1967 foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Apesar do extermínio das populações indígenas brasileiras seu legado está presente até os dias atuais nos hábitos e na cultura do povo brasileiro. Podemos observar como contribuições indígenas: o vocabulário (Pindamonhangaba, Itaperuna, Jacaré, etc.). Os alimentos: tapioca, mandioca, guaraná, milho, palmito, etc. Práticas: dormir em rede, fumo (tabaco), banhos diários, coivara, etc. O ELEMENTO NEGRO: A população de origem africana foi trazida para o Brasil na condição de escravos para suprir as necessidades de mão de obra para as lavouras de exportação (plantation) e, posteriormente, na mineração. A opção pelo uso da mão de obra escrava africana se explica por diversos fatores, porém o fator mais importante e que leva à compreensão do escravismo eram os enormes lucros obtidos pelo tráficonegreiro. A prática do escravismo, na Idade Moderna, remonta ao processo de Expansão Marítima. Portugal já se utilizava da mão de obra escrava para suas ilhas atlânticas (Açores, Cabo Verde, Madeira) antes mesmo de Cabral ter chegado ao território brasileiro, com isso a atividade do tráfico negreiro foi se incorporando à lógica mercantilista de enriquecer o Estado. Traficar africanos trazia lucros para diversos segmentos: grupos tribais africanos, que capturavam outros africanos; enriquecia os traficantes europeus, a Igreja Católica, que ganhava um dízimo sobre a venda dos escravos, a Coroa (o Estado), através da cobrança de impostos e, por último, enriquecia o comprador final, uma vez que este teria um trabalhador para toda a vida sem ter maiores despesas com a manutenção deste trabalhador. Outros fatores ajudam a entender a preferência pelo trabalho escravo africano em relação ao do indígena: as populações indígenas brasileiras não entendiam o trabalho na agricultura como sendo coisa de guerreiros, além do fato da Igreja Católica se opor à escravização dos indígenas, exceto em caso de Guerra Justa. As doenças exterminaram um grande número de índios ocasionando dificuldade de reposição de mão de obra. A partir do terceiro Governador Geral (Mem de Sá) observamos o início do tráfico negreiro para o Brasil, de forma sistematizada, ou seja, contínua e com objetivo claro de suprir as necessidades da lavoura de cana de açúcar. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 34 CPREM Os africanos eram trazidospara o Brasil nos navios negreiros (tumbeiros) onde o nível de mortalidade era altíssimo, havia também o banzo (depressão a qual vários escravos eram acometidos e que, muitas vezes, levava a morte). Mas mesmo com esse índice de mortalidade elevado, o comércio de escravos era, financeiramente, extremamente compensador. Ao chegarem aos portos brasileiros eram direcionados a “lugares de engorda” e depois eram vendidos nos mercados de escravos. Os africanos eram “classificados” como: boçais – africanos recém-chegados ao Brasil e que desconheciam o idioma e os e os costumes dos portugueses, os ladinos – africanos que já conheciam, de alguma forma, algo sobre o idioma e alguns costumes portugueses e os crioulos – escravos já nascidos no Brasil. A maioria dos africanos que vieram para o Brasil provinha de Angola, Guiné e Moçambique e as regiões que mais receberam escravos foram os portos do nordeste (Pernambuco e Salvador) e a cidade do Rio de Janeiro. A grande parte da população africana, que foi trazida para o Brasil nos navios negreiros (tumbeiros), pertencia aos seguintes grupos: Bantos – Angola e Moçambique sendo levados, principalmente para Pernambuco e Rio de Janeiro e os Sudaneses – Guiné, Nigéria e Daomé, sendo levados, principalmente, para Bahia. O tráfico negreiro para o Brasil só foi extinto em 1850, através da Lei Eusébio de Queirós e a escravidão só foi definitivamente abolida em 1888, através da Lei Áurea. Ao longo destes mais de 350 anos de escravidão houve várias maneiras de se utilizar a mão de obra dos africanos e seus descendentes, estes eram utilizados como escravos nas lavouras, na mineração, no comércio (escravo de ganho), na limpeza pública, nos afazeres domésticos e, até mesmo, como reprodutores. Como forma de ajudar a aliviar as pressões sobre os escravos eram comuns certas concessões, tais quais a brecha camponesa (de origem medieval, era a permissão concedida aos escravos trabalharem em pequenas lavouras para o seu próprio consumo), a permissão de participar em festas populares (entrudos) com danças trazidas da África. Durante todo o período Colonial e ao longo de todo o período Monárquico calcula-se que 1/5 de todos os escravos que vieram para a América foram direcionados para o Brasil e utilizados em diversos tipos de trabalho: lavoura, serviços domésticos, mineração, comércio (escravos ao ganho), limpeza pública, etc. Apesar das atrocidades cometidas pela escravidão os africanos resistiram a ela. Houve, durante todo o período em que a mão de obra escrava era Legal no Brasil, tentativas de fugas, criação de quilombos (o mais famoso foi o quilombo dos Palmares em Alagoas, na Serra da Barriga cujas CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 35 CPREM principais lideranças foram Ganga Zumba e Zumbi), através de suicídios, infanticídios, automutilações e do sincretismo religioso. A presença negra no Brasil foi responsável pela formação cultural e racial do povo brasileiro. Como contribuições culturais podemos observar: vários ritmos musicais (samba, jongo, lundus, congadas), religiosidade (candomblé, umbanda), vocabulário (cachimbo, batuque, moleque, banzo, cacimba, etc.), folclore e lendas (negrinho do pastoreio), alimentos (cocada, feijoada, pé de moleque, acarajé, malagueta, jiló, quiabo, etc.). AMEAÇAS ESTRANGEIRAS AO TERRITÓRIO BRASILEIRO Países europeus jamais aceitaram a divisão do Mundo feita por Portugal e Espanha através dos Tratados de Toledo (1480) e Tordesilhas (1494) e com isso se utilizavam de corsários, para pilhar navios e contrabandear produtos das colônias ibéricas ou mesmo fundando suas colônias nos territórios de Portugal e Espanha. Em relação ao território brasileiro, observamos a presença estrangeira nas seguintes situações: Corsários e piratas franceses, ingleses e holandeses – contrabando de pau-brasil, das drogas do sertão, de açúcar, do tabaco e de ouro. França Antártica: Entre 1555 e 1567 os franceses se estabeleceram na Baía de Guanabara. Vieram para o Brasil no contexto da Reforma Protestante na Europa.A maioria dos franceses que se instalou na Baía de Guanabara era huguenote (calvinistas franceses) orientados pelo Almirante Colligny (líder huguenote francês). Os franceses que se estabeleceram na baía de Guanabara eram chefiados pelo Almirante francês Nicolau Durand Villegaignon fundando a França Antártica através de um núcleo populacional que seria a base da futura cidade de Henryville, na ilha de Sergipe, atual ilha de Villegaignon com apoio dos índios Tamoios, (Confederação dos Tamoios) do chefe guerreiro Cunhambebe. Para se protegerem os franceses construíram o Forte Colligny na entrada da baía de Guanabara. Os franceses desejavam possuir uma colônia na América do Sul e explorar oextrativismo do pau-brasil(Guerra do pau-brasil). CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 36 CPREM Mem de Sá (Governador Geral) enviou seu sobrinho, Estácio de Sá, para expulsar os franceses. Estácio de Sá se aliou aos índios Teminimós, cujo chefe guerreiro era Arari- boia, fundando a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1 de março de1565 na Fortaleza de São João. Estácio de Sá teve o apoio do padre jesuíta José de Anchieta, que conseguiupacificar parte dos índios Tamoios através do Armistício de Iperoig. Após algumas batalhas (Uruçu- Mirine Canoas são as mais famosas)os franceses são expulsos. Estácio de Sá morreu durante as lutas Expulsos do Rio de Janeiro em 1567 os franceses não abandonaram o nosso litoral: praticavam ações de corsoe pirataria, o que indicava a clara possibilidade da tentativa de instalação de um novo núcleo populacional em algum ponto doextenso litoral brasileiro, isso levou a Coroa Portuguesa a construir várias fortalezas militares ao longo do litoral: Filipeia de Nossa Senhora das Neves (João Pessoa), Forte dos Reis Magos (Natal), Forte de Nossa Senhora do Amparo (Fortaleza), Forte do Presépio (Belém do Pará) que deram origem a várias cidades brasileiras. França Equinocial (1612-1615): Franceses tentam fundar uma nova colônia no Brasil, desta vez no Maranhão no Contexto da União Ibérica (1580-1640). O comandante francês foi Daniel de La Touche (Sr de La Ravardiere) que fundou o Forte São Luís. Jerônimo Albuquerque deu combate aos franceses. Os interesses econômicos dos franceses, nessa invasão, eram acessar a bacia amazônica com vistas às drogas do sertão e tentar chegar às minas de prata que a Espanha explorava nas minas de Potosí (Peru e Bolívia). Após acerto diplomático feito entre a Espanha e a França (casamento da filha do Rei espanhol – Ana de Áustria com o Rei Francês – Luís XIII) os franceses abandonaram o Maranhão e se instalaram na Guiana Francesa. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 37 CPREM Invasões Holandesas: Contexto da União Ibérica (1580-1640) /Guerra do Açúcar ou Guerra Brasílica Após as mortes do Rei de Portugal - D. Sebastião, o Desejado - em Alcácer-Quibir e do Cardeal D. Henrique (tio do Rei D. Sebastião), o Rei da Espanha Felipe II assumiu o Trono de Portugal através do Juramento de Tomar pelo qual Felipe II se compromete, dentre outras concessões, a manter a administraçãoportuguesa e o idioma português nas colônias de Portugal. Inicia-se, dessa maneira,a União Ibérica ou Período Filipino (Espanha dos Felipes). Do ponto de vista administrativo, pouca coisa mudou em relação ao Brasil, ressalta-se, a divisão do Brasil em dois Governos Gerais: Estado do Brasil e o Estado do Maranhão (essa divisão vigorou entre 1621 e 1674). A Espanha decretou o embargo Espanhol à Holanda em relação ao comércio de açúcar do Brasil, pois a Holanda (Províncias Unidas dos Países Baixos) lutava pela sua autonomia política contra a Espanha. A Holanda criou a Cia de Comércio das Índias Ocidentais (West IndischeCompaigne - WIC) com objetivo de controlar o comércio de açúcar e o tráfico negreiro português. 1ª Invasão Holandesa: 1624-1625: . Salvador (Sede do Governo Geral do Estado do Brasil e um dos principais produtores de açúcar) . Holandeses ocupam Salvador e prendem o Governador Geral (Diogo Mendonça Furtado) Brasileiros reagrupam e formam a resistência no interior através do Arraial do Rio Vermelho, sob a liderança do Bispo D. Marcos Teixeira (Bispo Soldado)utilizando as milícias dos descalços(guerrilha) . Esquadra luso-espanhola (Jornada dos Vassalos), comandada por Dom Fradique de Toledo Osório, é enviada da Europa e cerca os holandeses na Baía de Todos os Santos. . Holandeses são derrotados e expulsos da Bahia em 1625. Piet Hein, corsário holandês a serviço da WIC, saqueia uma frota de navios espanhóis que transportava prata das colônias espanholas no Caribe para financiar uma segunda invasão holandesa ao Brasil. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 38 CPREM 2ª Invasão Holandesa: 1630-1654: . Pernambuco . Holandeses ocupam Recife e Olinda e brasileiros retraem-se organizando a resistência no Arraial do Bom Jesus, sob a liderança de Matias de Albuquerque praticando ações de guerrilha. . Domingos Fernandes Calabar, um contrabandista e pequeno senhor de engenho, entrega as posições brasileiras aos holandeses facilitando a vitória dos holandeses sobre os brasileiros. . Matias de Albuquerque retira-se para Alagoas e depois se instala em Salvador mantendo a luta contra os holandeses, os holandeses passam a controlar Pernambuco. . Holandeses expandem-se pelo nordeste estabelecendo vários núcleosestabelecendo, dessa maneira, a Nova Holanda (colônia holandesa no nordeste). . Maurício de Nassau, nobre holandês, passou a administrar a Nova Holanda fazendo uma “boa administração”: pacificou as relações com os senhores de engenho, concedeu empréstimos a baixos juros, vendeu escravos a baixos preços e com juros menores (os holandeses da WIC haviam ocupado Luanda, Benguela e São Tomé), concedeu liberdade religiosa na Nova Holanda (inclusive para judeus – a primeira Sinagoga das Américas foi construída em Recife), manteve o funcionamento das Câmaras Municipais (denominadas agora de Assembleias dos Escabinos) com relativa autonomia, modernizou e remodelou a cidade de Recife (Cidade de Maurícia), contratou pintores e artistas europeus (Frans Post, Albert Eckhout, etc.) e os manteve na Nova Holanda subsidiando seus gastos. . Nassau tentou ocupar a Bahia (Salvador), sem obter sucesso. . Apesar do aumento da produção de açúcar e dos lucros obtidos, a WIC estava insatisfeita com Nassau devido aos gastos por ele realizados. . Nassau foi demitido em 1644 após 7 anos à frente da administração da Nova Holanda. . Após a saída de Nassau novos administradores foram enviados à Nova Holanda e aumentaram a exploração na região e restringiram a liberdade religiosa. . A partir do aumento da exploração exercida pela WIC, os senhores de engenho se organizaram e fizeram a Insurreição Pernambucana (1645-1654), que foram as lutas para expulsar os holandeses do nordeste. A liderança da Insurreição coube a João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros (ambos senhores de engenho), ao negro Henrique Dias, ao índio CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 39 CPREM potiguar Felipe Camarão e ao português Francisco Barreto de Menezes, que era General. Estes foram nomeados, posteriormente, Patriarcas do Exército Brasileiro. . A Insurreição Pernambucana não contou com apoio militar de Portugal, uma vez que Portugal havia assinado com a Holanda, em 1641, com o término da União Ibérica, a Trégua dos Dez Anos (1641-1651). . Os brasileiros dividiram suas forças em 4Terços (Unidade Militar à época da Idade Moderna) e cada Terço era comandado por um dos Patriarcas do Exército, Francisco Barreto de Menezes exercia a liderança sobre todas as tropas . Os holandeses instalados no Brasil, não puderam receber reforços da Holanda, uma vez que esta estava envolvida em guerras na Europa (Guerra dos Trinta Anos – 1618 a 1648, uma guerra com motivos políticos e religiosos que envolveu católicos contra protestantes e a família Habsburgo contra a família Bourbon) e as Guerras de Navegação contra a Inglaterra – 1652 a 1654, esta provocada pela edição, por meio do governante inglês Oliver Cromwell, dos Atos de Navegação que prejudicavam os interesses comerciais holandeses) . Uma expedição comandada por Salvador Correa de Sá e Benevides saiu do Rio de Janeiro e reconquistou Angola, São Tomé e Príncipe. . Após ações de guerrilha e batalhas campais (batalha de Guararapes – 19 de abril de 1648, batalha de Guararapes – 19 de fevereiro de 1649 e batalha da Campina do Taborda em 26 de janeiro de 1654 – esta foi a última grande batalha da Insurreição Pernambucana) os holandeses renderam-se. . A Insurreição Pernambucana e, em especial a batalha dos Guararapes, representam, simbolicamente, a formação do Exército Brasileiro. . Portugal e Holanda assinaram, posteriormente, um tratado de paz final que ficou conhecido como a Paz de Haia através do qual a Holanda reconhece a perda do litoral nordestino e das possessões que haviam sido ocupadas na África e em troca Portugal indeniza financeiramente a Holanda (a WIC) por conta dos melhoramentos feitos nas áreas portuguesas ocupadas, além dessa indenização financeira Portugal cede para a Holanda colônias: Ceilão (Sri Lanka), Málacas (Malásia) e Molucas (Indonésia). . Após a União Ibérica, Portugal estava extremamente decadente e vai aumentar a exploração sobre o Brasil. . Após a saída do Brasil, os holandeses instalaram-se no Suriname (Guiana Francesa) e no Caribe, onde irão produzir açúcar para concorrer com o produzido no Brasil. CURSO PREPARATÓRIO ÀS ESCOLAS MILITARES HISTÓRIA DO BRASIL – VOLUME 1 - 2017 Prof Luiz Augusto Salles 40 CPREM . A concorrência holandesa, e de demais países europeus no Caribe (Antilhas - América Central), ao açúcar brasileiro levou à crise da produção açucareira no Brasil. A partir da expulsão dos holandeses do território brasileiro em 1654, os portugueses puderam retomar o avanço e a ocupação do interior do nordeste, expandindo as fazendas de gado e com isso destruíram os diferentes grupos indígenas da região. Porém a resistência de várias etnias indígenas, que tinham sido aliadas dos holandeses, foi um elemento- surpresa para os portugueses e colonos brasileiros. Os portugueses ampliaram o efetivo militar, utilizando-se, inclusive de bandeirantes paulistas como Domingos Jorge Velho. Já os grupos indígenas tapuias do interior nordestino, como os janduís, paiacus, caripus, icós, caratiús e cariris, uniram-se em aliança e enfrentaram os
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