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HISTORIA DO BRASIL - CURSO r DIRETRIZ Em 5 de maio de 1888, o Papa Leão XIII, na enciclica In Plwimis, dirigida aos bispos do Brasil, pede-lhes apoio ao Imperador, e a sua filha, na luta que estão a travar pela abolição definitiva da escravidão. No dia 13 de maio, a Lei Áurea é assinada pela Princesa Isabel, extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil. A abolição da escravidão, apesar de garantir a liberdade, não alterou em nada as condições socioeconômicas dos ex-escravos, que continuaram a viver, de uma forma geral, na pobreza, sem escolaridade e sofrendo com a discriminação. Não impediu também que a superexploração de mão-de-obra em regime de escravidão e o tráfico de pessoas continuassem sendo praticados até os dias atuais. Convém ressaltar que, enquanto relação social de trabalho predominante no território brasileiro, a escravidão foi substituída pela mão-de-obra imigrante assalariada. *• EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO "Os senhores poucos, os escravos muitos; os senhores rompendo guias, os escravos despidos e nus, os senhores banqueteando, os escravos perecendo à /orne..." 36) Estas palavras, do padre Antônio Vieira, descrevem bem a situação da sociedade colonial à época do apogeu açucareiro. A respeito, considere as afirmativas: I - Os senhores eram os donos dos engenhos e da riqueza neles gerada; logo, podiam comer bem e vestir- se luxuosamente. II - Os escravos eram uma propriedade dos senhores, como qualquer outro objeto de sua lavoura e de seu engenho, não precisando de roupas e comendo apenas o mínimo necessário. III. A Igreja Católica, inclusive os padres da Companhia de Jesus, admitiu em geral a escravidão africana, embora tenha combatido com coragem e tenacidade a escravização do indígena. Assinale: a) Se somente as alternativas I e II estão corretas. b) Se somente as alternativas II e III estão corretas. c) Se todas as alternativas estão corretas. d) Se todas as alternativas estão erradas. 37) A medida que a empresa acucareira se expandia no Brasil, fez-se opção pela mão-de-obra escrava de origem africana, em substituição ao trabalho indígena. Esta opção pode ser explicada, por que: a. O uso de escravos africanos alimenta o tráfico negreiro, tornando-o um dos mais lucrativos setores do comércio colonial. b. Os indígenas eram selvagens e lutavam contra a escravidão, enquanto os negros eram dóceis e submissos. c. Os indígenas eram frágeis fisicamente e adoeciam com facilidade, já os negros tinham uma constituição física forte, propícia ao trabalho braçal. d. Os negros dominavam as técnicas do cultivo da cana, enquanto os indígenas não conheciam a agricultura, portanto, seu trabalho não era produtivo. e. Os africanos resistiram ao escravismo através dos quilombos e das revoltas, mas foram mantidos na agricultura, por que os índios desconheciam essa atividade. 38) As leis portuguesas do século XVI são dúbias com relação aos indígenas, proíbem a escravização do indígena, mas ao mesmo tempo abrem essa possibilidade em caso de wguerra justa". Para os portugueses "guerra justa" significava: a. A utilização da força para que esses povos pudessem participar do reino dos céus. b. Aquela no qual o indígena tomava a iniciativa de agressão contra o branco. c. O aprisionamento devido à necessidade vital de mão-de-obra. d. A ação missionária do jesuíta para ensinar os valores da sociedade branca. 39) Na época da moagem de cana, os escravos trabalhavam dia e noite nos engenhos, em turnos, proporcionando grandes lucros aos proprietários. Para os escravos esse ritmo de trabalho era massacrante e em geral sobreviviam cerca oito anos nesse regime. A partir do texto e de seus conhecimentos é correto: a. Durante a fase colonial, houve fugas de escravos dos engenhos e a formação, no sertão brasileiro, de mocambos que se transformaram em quilombos. b. Tal situação determinou a ação dos latifundiários, no sentido de organizar expedições para o aprimoramento de indígenas. c. O barateamento do preço de escravos, uma vez que a compra por parte dos latifundiários tendeu a aumentar. 27 HISTORIA DO BRASIL - CURSO 1a DIRETRIZ d. Essa situação somente ocorreu no período de ocupação holandesa, pois a necessidade de manter os lucros e os gastos militares sobrecarregava os escravos. e. Programou-se no Brasil Colônia um sistema produtivo semelhante ao existente nas indústrias européias, onde o operário é superexpl orado. 40) Sobre os fatores externos que motivaram a abolição da escravidão no Brasil, podemos apontar as quetões abaixo, exceto: a. A fim de evitar que a concorrência dos produtos brasileiros fosse desleal, devido a mão de obra deste pais ser escrava e não assalariada como na Inglaterra, os latifundiários ingleses passaram a pressionar o congresso Inglês para que escravidão fosse combatida de forma mais efetiva. b. Lei Bill Aberdeen - concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro. c. A Revolução Industrial. O processo de industrialização demandava a ampliação dos mercados consumidores a fim de se obter a venda da crescente produção. d. O Conflito entre portugueses e holandeses pelo controle do tráfico negreiro no Atlântico. 41) Correlacione corretamente: a. Lei Bill Aberdeen. b. Lei Eusébio de Queirós. c. Lei do Ventre Livre. d. Lei dos Sexagenários. e. Lei Áurea. D Em 1845 o congresso inglês concedia à Marinha Real Britânica poderes de apreensão de qualquer navio envolvido no tráfico negreiro em qualquer parte do mundo. O Em 1850, o tráfico negreiro é oficialmente extinto. G No dia 13 de maio, é assinada pela Princesa Isabel, extinguindo oficialmente a escravidão no Brasil. [ü Em 1871, é promulgada a lei, que garante a liberdade aos filhos de escravos. G Lei assinada em 1885, que liberta todos os escravos com mais de 60 anos de idade. 42) Marque Verdadeiro ou falso. UNa ocasião em que Pernambuco foi invadida pelos holandeses (1630), muitos dos senhores de engenho acabaram por abandonar suas terras. Este fato beneficiou a fuga de um grande número de escravos. Estes, após fugirem, buscaram abrigo no Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas. Esse fato propiciou o crescimento do Quilombo dos Palmares. D Tanto os índios quanto os africanos promoveram formas de resistência à escravidão, não sendo assim passivos a ela. D Os escravos domésticos - como indica o próprio nome trabalhavam nas casas de seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. D Os escravos de aluguel — escravos que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu proprietário G "Na realidade, os primeiros escravos do Brasil foram os índios, também chamados, na documentação oficial, de "negros da terra" ou gentios da terra". 43) A escravidão indígena, adotada no início da colonização do Brasil, foi progressivamente abamdonada e substituída pela africana, entre outros motivos, devido: a. Ao constante empenho do papado em favor dos índios contra a exploração colonial. b. A bem sucedida campanha dos jesuítas em favor dos índios. c. A completa incapacidade dos índios ao trabalho. d. Aos grandes lucros proporcionados pelo tráfico negreiro aos capitais particulares e da Coroa. e. A pressão da Inglaterra, interessada na utilização da mão-de-obra africana. 44) Os escravos negros foram retirados das seguintes regiões da África: a. Angola, Congo, Zaire e Moçambique. b. Congo, Guiné, Zaire e Angola, c. Moçambique, Guiné e Congo. d. Guiné, Congo, Angola e Moçambique. e. Egito, Congo, Zaire e Angola. Obs: Os escravos negros que eram trazidos para o Brasil eram retirados das seguintes regiões da África: Guiné, Congo, Angola e Moçambique, ou seja, das colônias portuguesas. IX - CICLO ECONÔMICO DO PAU-BRASIL . 28 HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ 45) No Brasil colonial, a escravidão caracterizou-se essencialmente: a. por sua vinculação exclusiva no sistema agrário exportador; b. pelo incentivo da igreja e da Coroa à escravidão de índios e negros; c. por estar amplamente distribuída entre a populaçãolivre, constituído a base da economia da sociedade; d. por destinar os trabalhos mais penosos aos negros e os mais leves aos índios; e. por ter sido introduzida somente durante o cilco da .mineração. Lembre-se: No Brasil, escravidão manifestou-se nas mais diversas atividades produtivas, tanto nas áreas rurais como urbanas. Além dos escravos, historicamente empregados nas atividades econômicas mais importantes, (cana-de- açúcar; mineração e café), temos: Os escravos domésticos - como indica o próprio nome trabalhavam nas casas de seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Os escravos de ganho - escravos que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu proprietário Os escravos de aluguel — eram alugados pelos seus senhores para desenvolver algum ofício (pedreiro, carpinteiro, cozinheiro, ama de leite) a um terceiro. 46) Com relação ao problema do índio durante a colonização lusitana no Brasil, é incorreto afirmar que: a. a metrópole queria fazer dele (o índio) um elemento participante da colonização, isto é, um povoador; b. os colonos queriam-no como um trabalhador, um escravo; c. o processo para sua aculturação manteve intacto o seu universo de valores; d. os jesuítas visavam a propagar a fé, converter o gentio e utiliza-lo economicamnte; O Ciclo Econômico do Pau-brasil no Brasil Colônia - início da pré-colonização do Brasil pelos portugueses. O ciclo econômico do pau-brasil começa com o descobrimento oficial do Brasil em 1500. Com a expedição de Gaspar de Lemos em 1501, os portugueses descobrem que a costa brasileira (mata atlântica) está repleta de pau-brasil. O pau-brasil é uma árvore da família Caesalpiniaceae também conhecida como ibirapitanga, pau-rosado, brasílico, entre outros. A madeira é dura, compacta e pesada. Muito resistente, a madeira do pau-brasil é utilizada para a confecção de arcos para violinos. Os portugueses extraiam um corante avermelhado para tingirem tecidos e fabricar tinta para escrever. Sua madeira era utilizada para a indústria naval. Os índios já utilizavam o pau-brasil para a produção de arcos e flechas. Extraiam o corante de seu cerne utilizado em suas pinturas. As técnicas indígenas foram aprimoradas pelos portugueses que lhes deram inúmeras outras utilidades. O pau-brasil foi o primeiro produto a ser explorado das terras brasileiras pelos portugueses. No período pré- colonial foi o produto que mais interessava à Coroa portuguesa das terras do Brasil. A exploração desta árvore gerou riqueza ao governo português. Seu nome originou o nome do nosso país: Brasil. Milhões de árvores de pau-brasil foram extraídos das matas do Brasil, quase exterminando esta valiosa árvore. Esta planta ocorre nos terrenos mais secos, em meio à florestas primárias densas. Muito utilizada para paisagismo. Com o objetivo da ocupação definitiva da colônia brasileira o território brasileiro até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas foi dividido em Capitanias Hereditárias que oportunizou a vinda dos primeiros colonos portugueses, começando um novo ciclo econômico no Brasil, a cana-de-açúcar. (1530-1710). 1. Estanco. É o monopólio sobre um produto de forma legal. Portugal arrendou o direito de exploração do pau-brasil a um consórcio de mercadores de Lisboa, o qual era liderado por Fernão de Noronha, os quais assumiram também o compromisso de patrulhar o litoral objetivando evitar invasões estrangeiras. - obra capaz de suprir a demanda. Neste contexto, 29 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ 2. Escambo O esquema montado para a extração do pau-brasil contava, essencialmente, com a importante participação do indígena. Só as tripulações dos navios não dariam conta, a não ser de forma muito limitada, da árdua tarefa de cortar árvores de grande porte como o pau-brasil, que alcança um metro de diâmetro na base do tronco e 10 a 15m de altura. A princípio, o trabalho do índio era conseguido "amigavelmente" com o escambo. Este consistia, basicamente, em derrubar as grandes árvores, cortá-las em pequenas toras, transportá-las até a praia e, daí, aos locais onde estavam ancorados os navios. Importante: Escambo - troca de bens e serviços sem a intermediação do dinheiro. Logo após a chegada dos portugueses no Brasil, o escambo foi intensamente empregado nas relações entre europeus e ameríndios para carregamento do pau-brasil. Os índios cortavam a madeira e a deixavam na praia, para ser colocada nos navios, em troca recebiam facas, espelhos e bugigangas de fabricação européia. Feitorias - estruturas comerciais, em geral fortificadas e situados no litoral, que serviam de entrepostos com o interior da colônias. 3. O índio como mão-de-obra escrava. Embora possamos dizer que durante o período pré- colonial a relação do português com os nativos tenha sido relativamente pacifica, principalmente ao compararmos esta relação com a vivenciada no período da colonização propriamente dita, à medida que o interesse pela extração do pau-brasil aumentava na Europa aumentava também a necessidade de mão de somente a prática do escambo não seria suficiente, uma vez que o índio, culturalmente inserido na prática de subsistência, não entendia a relação de trabalho do homem branco. A partir desta necessidade, inicia-se a escravidão indígena. Primeiro, através da prática do resgate e depois através da Guerra Justa. Lembre-se: • Guerra Justa - operações militares organizadas pelos colonos ou pela coroa contra tribos "agressoras". • Resgate - Com a chegada dos portugueses os índios aliados passam a vender muitos dos seus prisioneiros em troca de mercadorias. X - PRIMEIRA INVASÃO FRANCESA - RIO DE JANEIRO (1555 -1567) A Invasão. Não tendo sido colonizado pelos portugueses, em virtude da hostilidade dos indígenas estabelecidos neste litoral, entre 1555 e 1567, a baía de Guanabara foi ocupada por um grupo de colonos franceses, sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon, que aqui pretendiam instalar uma colônia de povoamento, a chamada " França Antártica". Pretendiam garantir a exploração do pau-brasil no litoral sul e conseguir um espaço onde os protestantes franceses pudessem exercer livremente sua religião. Fizeram amizade com os índios Tupinambás que, junto com outras nações indígenas, guerreavam com os portugueses contra sua escravização. A união das tribos indígenas contra os portugueses ficou conhecida como a Confederação dos Tamoios. • M em de Sá O terceiro Governador Geral, cujo governo durou 15 anos, veio para o Brasil com três metas bem definidas: pacificar a administração, atenuando os conflitos entre indígenas e colonos; restabelecer as relações com o Bispado, estremecidas durante o governo anterior, (Duarte da Costa), e expulsar os franceses do Rio de Janeiro. Em um breve espaço de tempo atingiu as duas primeiras metas. A expulsão dos franceses só se efetivou em 1567. 30 Período de permanência dos franceses: HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ • A primeira expedição. A primeira expedição organizada por Mem de Sá contra os franceses ocorreu em 1560. Com a destruição do forte de Coligny, foram expulsos temporariamente da baía de Guanabara. • Estácio de Sá. Em 1563 a Metrópole enviou reforços para o governador, consubstanciados na expedição de Estácio de Sá, seu sobrinho. Em 1° de março de 1565, Estácio de Sá fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que serviria inicialmente de base na luta contra os franceses e seus aliados indígenas. • Expulsão dos Franceses. A luta com os franceses prosseguiu até 1567, quando Estácio de Sá recebeu reforços militares e ajuda de índios, chefiados por Araribóia, adversário dos tamoios e aliado dos portugueses. Por seu lado, os jesuítas, liderados por Manuel da Nóbrega e José de Anchieía, pacificaram os índios tamoios de São Vicente fazendo com que retirassem seu apoio aos franceses, em troca da promessa de não serem mais atacados e nem escravizados. Sem esse apoio os franceses não conseguiram resistir, sendo definitivamente expulsos do Rio de Janeiro. Estácio deSá, vítima de uma flechada no decorrer da luta, morreria algum tempo depois. © Vamos memorizar: Objetivo dos franceses: • Garantir a exploração do pau-brasil. • Fundar uma colônia de povoamento, A França Antártica. • Conseguir um espaço onde os protestantes franceses pudessem exercer livremente sua religião. Liderança da Invasão: • Nicolas Durand de Villegagnon. FortificacÕes levantadas pelos franceses. • Forte de Coliginy Aliados dos franceses: • Confederação dos Tamoios. (índios tupinambás). • 1555 a 1567 O Governador Geral: • Mem de Sá - 3° Governador Geral do Brasil. Objetivos de Mem de Sá: • Pacificar a administração, atenuando os conflitos entre indígenas e colonos; • Restabelecer as relações com o Bispado, estremecidas durante o governo anterior, (Duarte da Costa); • Expulsar os franceses do Rio de Janeiro. Aliados de Mem de Sá. • Estácio de Sá (seu sobrinho e fundador da cidade do Rio de Janeiro). • Araribóia - foi cacique da tribo dos temiminós, inimigos dos tupinambás. • Os jesuítas, liderados por Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Conseqüências da Primeira Invasão Francesa: • Fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro em 1° de março de 1565. Obs: Após a derrota dos Tamoios, como recompensa pelos seus feitos, Araribóia recebeu da Coroa Portuguesa a sesmaria de Niterói (em língua tupi, "água escondida"). Converteu-se ao cristianismo e adotou o nome de Marfim Afonso, em homenagem a Martim Afonso de Sousa. > EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 47) Não tendo sido colonizado pelos portugueses, em virtude da hostilidade dos indígenas estabelecidos neste litoral, entre 1555 e 1567, a baía de Guanabara foi ocupada por um grupo de colonos franceses. Qual o nome do líder dessa ocupação. a. Gaston Lavosier b. Villegagnon 52) A principal importância do pau-brasil para a metrópole portuguesa consistia na sua utilização: 31 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ c. Francois Du Clerc d. Duguay-Troin e. Coliginy 48) Como ficou conhecido o povoamento estabelecido pelos franceses no litoral do Rio de Janeiro entre 1555 e 1567 a. Nova-França b. França Equinocial c. França brasileira d. França Antártica e. França Setemtrional 49) Desde início da colonizaçã os índios Tupis do litoral do Rio de Janeiro guerreavam com os portugueses contra sua escravizaçâo. A união das tribos indígenas contra os portugueses durante a primeira invasão francesa ficou conhecida como: a. Confederação do Equador b. Confederação da Cisplatina c. Confederação dos Tupinanbas d. Pacto Andino e. Confederação dos Tamaios 50) Mem de Sá, terceiro Governador Geral, cujo governo durou 15 anos, veio para o Brasil com três metas bem definidas: a. Atenuar os conflitos entre indígenas e colonos; restabelecer as relações com o Bispado e expulsar os franceses do Rio de Janeiro. b. Construir uma fortificação na cidade, transferir a capitania de São Vicente e expulsar os franceses do Rio de Janeiro. c. Estabelecer relações com os franceses, negociar a rendição dos Tamaios e construir fortificações. d. Formar um exército para expulsar os franceses, transferir a cidade para o morro do Pão de Açúcar e apazigua os índios Tamoios. e. Explorar, construir e governar. 51) A instalação dos franceses na Bahia de Guanabara e a construção do Forte Coligny deram- se: a. Antes da instalação do governo geral; b. Durante o governo de Tome de Sousa; c. Durante o governo de Duarte da Costa; d. Durante o Governo de Mem de Sá; e. Durante o governo de Martim Afonso de Sousa. a. na industria de móveis coloniais, portas e janelas; b. no desenvolvimento da industria naval; c. como corantes de tecidos e papel; d. como combustível natura; e. na industria de armamentos. 53) Como ficou conhecido o monopólio real exercido sobre a exploração do pau-brasil: 6. Estanco. 7. Escambo 8. Resgate 9. Regimento 10. Carta de Doação. 54) Portugal arrendou o direito de exploração do pau-brasil a um consórcio de mercadores de Lisboa, o qual era liderado por : a. Cristóvão Jacques. b. Duarte Coelho. c. Gonçalo Coelho. d. Diogo Leite. e. Fernando de Noronha. 55) Durante o ciclo econômico do pau-brasil algumas feitorias, bantante rudimentares, eram erguidas para armazenagem da madeira. A primeira feitoria do Brasil colônia foi fundada por: a. Américo Vespúcio, em Cabo Frio (1504). b. Martim Afonso de Souza, em Salvador (1532). c. Pedro Alvares cabral, em Salvador (l 500). d. Cristóvão Jacques, Rio de Janeiro (l 565). e. Estácio de Sá, Rio de Janeiro (l 565). XI - CICLO ECONÔMICO DO AÇÚCAR Martim Afonso de Souza trouxe as primeiras mudas de cana-de-açúcar da ilha da Madeira e instalou o primeiro engenho da colônia em São Vicente, no ano de 1533. Inaugurava-se assim, a base econômica da colonização portuguesa no Brasil. Os engenhos multiplicaram-se rapidamente pela costa brasileira, chegando a 400 em 1610. 32 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ A produção do açúcar voltava-se exclusivamente para a exportação e, por gerar elevados lucros, comandava a economia colonial. Outras lavouras desenvolvem-se na colônia, mas geralmente apresentavam um caráter complementar e secundário, como destacaremos mais a frente. À produção canavieira destinavam-se as melhores terras, grandes investimentos de capital e a maioria da mão-de-obra. O responsável pela produção - o senhor de engenho - usufruía de enorme prestígio social. Sobre um latifúndio monocultor, escravista e exportador, um padrão de exploração agrícola denominado Pia n tá tio n, assentava-se a agricultura brasileira no início da colonização de nosso território. A Região Nordeste, destacadamente o litoral de Pernambuco e Bahia, concentrou a maior produção de açúcar da colônia. 1. Engenhos. As unidades açucareiras agroexportadoras, conhecidas como Engenhos, eram compostas de grandes propriedades de terra, obtidas com as doações de sesmarias pelos donatários e representantes da Coroa (governadores-gerais) a quem se interessasse pelos empreendimentos. A grande extensão dessas propriedades impediu a formação de uma classe camponesa e o desenvolvimento significativo de atividades comerciais e artesanais que pudessem dinamizar um mercado interno, como ocorria em algumas regiões coloniais da América do Norte. •Características do Engenho • População poderia chegar perto de cinco mil pessoas. • Era construído em áreas florestais fornecedoras de madeira. • Monocultura da cana-de-açúcar. •Construções do engenho: • Casa Grande - Residência do proprietário, sua famíla, agregados e funcionava como sede administrativa. • Capela - pequenas cerimonias religiosas • Senzala - Alojamentos dos escravos • Moenda • Casa das caldeiras (junto a casa de purgar formavam a fábrica do açúcar). • Casa de Purgar. Engenho Moenda Casa de caldeiras. 2. A Sociedade do Açúcar. No topo da sociedade açucareira estavam os senhores de engenho, proprietários das unidades agorexportadoras; em seguida, os senhores de obrigados ou lavradores de cana. Estes eram fazendeiros que não possuíam as instalações de fabricação de açúcar e eram obrigados a moer a cana no engenho mais próximo. A SOCIEDADE DO AÇÚCAR HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ Os Senhores de obrigados eram geralmente homens brancos, de ascendência lusitana, que possuíam algum capital e haviam recebidos terras como recompensa por serviços prestados à Coroa, o que lhes garantia prestígio social e influência política. O poder desta aristocracia expandia-se pelas vilas, dominando as câmaras municipais (eram chamados de homens bons) e quase toda a vida colonial. Refletia-se também no âmbito privado, já que os senhores eram temidos como chefes incontestáveis. As mulheres administravam as casas, onde deveriam permanecer recolhidas, e controlavam o trabalho dos escravos domésticos. Era tipicamente uma sociedade patriarcal. • Mobilidade Social. A mobilidade social não era explicitamente vedada, mas era muito pouco provável: devido à concentração de terras, renda e escravos, era praticamente impossível que um branco livre e pobre chegasse à condiçãode senhor de engenho. • Pessoas Livres. As pessoas livres, como feitores, capatazes, padres, militares, comerciantes e artesãos, dedicavam-se a atividades complementares no engenho e nos poucos núcleos urbanos dessa época • Escravos. Os escravos formavam a base da economia da sociedade e eram resposáveis por quase todo trabalho realizado na colônia, fosse realizando serviços domésticos na cas- grande, fosse trabalhando de sol a sol nas lavouras e na produção de açúcar, sob vigilância de um feitor e constantes castigos físicos. Escravos de ganho • ; Observe a fabricação do açúcar. ' " Andai nas para encaixar as fôrmas Perfuração das fôrmas para a drenagem do acücar Purga do açúcar raa andam as Batimento do açúcar na parte de dma das. fôrma* Aplicação do barro Aplicação de água sobre o barro Cristaliza çao do açúcar Retirada dos pães (Ias fôrma a Separação dos pães do açúcar Separação das "caras" Batimento do açúcar para encalx oiamento As etapas da produção do açúcar *• EXERCÍCIOS 56) O primeiro engenho de açúcar do Brasil, o São Jorge, foi construído rui cidade de: a. b. c. d. e. São Luis. Olinda. Parati. São Vicente. Pernambuco. "O primeiro engenho de açúcar instalado no Brasil, conhecido por Engenho São Jorge dos Erasmos ou do Armador, foi instalado na Vila de São Vicente, por Marfim Afonso de Sousa ". 57) A expressão "homens bons", usada no Brasil colonial, refere-se a: a. Jesuítas encarregados de catequese. b. Bandeirantes apressadores de índios; c. Mineradores que exploravam o ouro; d. Proprietários de terras que cumpunham as Câmaras Municipais. e. Grandes produtores de borracha do norte do Brasil. 34 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ 58) A economia brasileira baseou-se nos séculos XVI e XVII na: a. Produção açucareira. b. Exportação do pau-brasil. c. Exportação do café. d. Mineração. e. Mineração e pau-brasil. 59) A empresa açucareira que se montou no Brasil, a parítr do século XVI, se caracterizou por: a. Grande propriedade latifundiária, trabalho assalariado, produção voltada para o mercado externo. b. Pequena e média propriedade, mão de obra escrava, produção voltada para o mercado interno. c. Grande propriedade latifundiária, mão de obra escrava e produção voltada para o mercado externo. d. Grande propriedade latifundiária, mão de obra livre e produção voltada para a metrópole e. Desenvolver o estanco Real sobre o pau-brasil. 60) O transporte e a distribuição da produção açucareira do Brasil no mercado europeu era de interesse da: a. França. b. Espanha. c. Holanda. d. Inglaterra. e. Portugal. 61) A participação ativa dos holandeses nas atividades relativas aos primeiros anos da economia açucareira do Brasil colonial se traduziu principalmente: a. Na adoção do sistema de lavoura extensiva. b. Na introdução do escravo negro como mão-de-obra. c. Nas operações de refino e distribuição do açúcar no mercado europeu. d. Na introdução de trabalhadores flamengos para a lavoura da cana. e. Na compra do açúcar refinado no Brasil 62) "Sobre um latifúndio monocultor, escravista e exportador, um padrão de exploração agrícola denominado Plantation, assentava-se a agricultura brasileira no início da colonização de nosso território". O texto acima trata do início de um período de grande riqueza para a colônia, o ciclo econômico do açúcar. Neste contexto responda em quais regiões brasileiras ficou concentrada a maior parte da produção do açúcar? a. Litoral do Rio de Janeiro e Pernambuco. b. Litoral de Pernambuco e Litoral da Bahia. c. São Paulo e o Litoral da Bahia d. Litoral da Bahia e Litoral do Rio de Janeiro e. Litoral da Bahia e Litoral de São Paulo. 63) Sobre a mobilidade social na sociedade açucareira, podemos afirmar: a. A ascensão social para os homens livres, era relativamente comum, graças a grande oferta de terras produtivas. b. A mobilidade social não era explicitamente vedada, mas era muito pouco provável: devido à concentração de terras, renda e escravos. c. A mobilidade social era vedada pela igreja, mantendo a sociedade dividida entre os que rezavam os que trabalhavam e os que tinham uma origem nobre. d. A sociedade permanecia em constante mudança social, principalmente em função dos altos investimentos no açúcar e. Não se pode afirmar que existia uma divisão social devido à falta de documentos que a comprovem. 64) As unidades açucareiras agroexportadoras, conhecidas como Engenhos, eram compostas de grandes propriedades de terra, obtidas com as doações de: a. Sesmarias. b. Capitanias. c. Lotes d. Estancos e. Casas de Purgar 65) No topo da sociedade açucareira estavam os senhores de engenho, proprietários das unidades agroexportadoras; em seguida, os senhores de obrigados ou lavradores de cana que eram: a. Distribuidores de açúcar refinado na Europa. b. Fazendeiros que não possuíam as instalações de fabricação de açúcar. c. Fazendeiros portugueses. d. Comerciantes holandeses. e. Homens livres que prestavam seu serviço em troca participação no comérciodo açúcar. Obs. Os senhores de engenho permitiam a utilização das instalações de fabricação do açúcar em troca de 50%%. 35 HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO l1 DIRETRIZ Obs. "A empresa açucareira no Brasil foi montada graças ao financiamento holandês, na obtenção de engenhos e na aquisição de mão-de-obra. Em troca do financiamento, a Holanda ficava com o direito de refinar, transportar e distribuir o açúcar brasileiro". XII - SEGUNDA INVASÃO FRANCESA - (1612 A 1615) Os franceses ocu Dam o Maranhão no inicio do século XVII Em 1612, aguçados pelo sucesso da atividade acucareira, comerciantes e nobres franceses se associaram em um empreendimento comercial. Contando com o incentivo do rei, tentaram organizar uma colônia no Brasil, a França Equinocial, em um vasto território ainda não ocupado pelos portugueses - o atual estado do Maranhão. A expedição francesa, comandada por Daniel de La Touche, fundou o Forte de São Luís, em homenagem ao rei da França, e que deu origem à cidade de São Luís, hoje capital do Maranhão. Ante a ameaça de perderem parte da sua Colônia, portugueses e espanhóis, (União Ibérica), se uniram para enfrentar os invasores. Após inúmeros combates os franceses renderam-se, desistindo do Maranhão (1615). Entretanto, conseguiram uma indenização que compensava as perdas que entendiam ter tido. Lembre-se: Durante a União Ibérica, ocorreram vários acontecimentos que acabaram por provocar transformações significativas no Brasil dentre eles: • A anulação do Tratado de Tordesílhas; • Início de um significativo processo de expansão; • Ampliação dos quilombos; "afrouxamento" • Investidas de inimigos da Espanha nas colônias portuguesas, inclusive o Brasil. • Invasões francesas e holandesas no nordeste. XIII - INVASÕES HOLANDESAS (1624 -1654). a. Contexto Histórico Nove anos após a expulsão dos franceses, o território colonial brasileiro sofreu uma invasão holandesa, em 1624. Os motivos que traziam os holandeses ao Brasil eram muito diferentes. Para compreendê-los, é necessário fazer algumas considerações sobre o período em que Portugal (União Ibérica) esteve sob o domínio espanhol, bem como sobre as relações internacionais da Espanha. Após ter emergido como potência européia, a Espanha perseguiu o objetivo de unificar toda a península ibérica, incorporando Portugal ao seu território. Os portugueses resistiram enquanto puderam. Mas, no século 16, alguns acontecimentos contribuíram para a Espanha concretizar seus objetivos. Em 1578, o rei dom Sebastião, último monarca da dinastia de Avis, morreu e não deixou herdeiros. Então, o cardeal dom Henrique, único sobrevivente masculino da linhagem de Avis, assumiu a regência. Com sua morte, em 1580, o rei da Espanha, Felipe 2°; da mesma linhagem familiar, achou-se no direito de ocupar o trono português e invadiu Portugal. O domínio espanhol sobre Portugal duraria 60 anos, até 1640. •Espanha e Holanda Contudo, antes disso, Portugal já havia estabelecido relações comerciais com os ricos negociantes holandeses, que passarama financiar a produção acucareira no Brasil e a controlar toda a sua comercialização no mercado europeu. Por outro lado, no mesmo período, a Espanha pretendia dominar todo o território dos Países Baixos, na qual a Holanda estava situada, pois a circulação de mercadorias naquela região contribuía significativamente para abastecer os cofres do tesouro espanhol. Não obstante, em 1581, sete províncias do Norte dos Países Baixos, incluindo a Holanda, criaram a República das Províncias Unidas e passaram a lutar por sua autonomia em relação aos espanhóis. Ao incorporar Portugal, aproveitando-se do seu controle sobre o Brasil, a Espanha planejou impedir que os holandeses continuassem a comercializar o açúcar brasileiro. Era uma tentativa de sufocar economicamente a Holanda e impedir sua independência. 36 HISTÓRIA ttO fíRASlL - CURSO l" DIRETRIZ 2. A Criação da Companhia das índias Ocidentais. Os holandeses reagiram rapidamente, concentrando seus esforços no controle das fontes dos produtos que negociavam. Surgiu assim, em 1602, a Companhia das índias Orientais. Essa empresa, de porte enorme, se apossou dos domínios coloniais portugueses no Oriente. Em decorrência dos êxitos desse empreendimento, os holandeses criaram, em 1621, a Companhia das índias Ocidentais. Esta ficou encarregada de recuperar o controle do açúcar brasileiro e monopolizar o seu comércio nos mercados europeus. Para controlar a produção e comercialização do açúcar era necessário ocupar e se apoderar de partes do território colonial brasileiro onde ele era produzido. Desse modo, contando com uma frota composta de 26 navios e 500 canhões, os holandeses iniciaram sua primeira invasão do Brasil em 1624. Atacou a cidade de Salvador, na época o centro administrativo da colônia. Mas, um ano após terem chegado, foram expulsos, sem grandes dificuldades. 3. Primeira Invasão - Salvador (1624 - 1625) Cientes da vulnerabilidade das povoações portuguesas no litoral Nordeste brasileiro, os administradores da Companhia Neerlandesa das índias Ocidentais (W.I.C.) decidiram pelo ataque à então capital do Estado do Brasil, a cidade do Salvador, na capitania da Bahia. Desse modo, uma armada da W.I.C. transportando um efetivo de cerca de 1.700 homens sob o comando do almirante Jacob Willekens, em 10 de Maio de 1624, atacou e conquistou a capital. Em pânico, os habitantes retiraram-se para o interior. O governador-geral, Diogo de Mendonça Furtado (1621-1624), entrincheirou-se no palácio, mas tanto ele como o filho e alguns oficiais foram aprisionados e enviados para os Países Baixos. O governo da cidade passou a ser exercido pelo fidalgo holandês Johan Van Dorth. • A Jornada dos Vassalos Em 1625 a Espanha enviou, como reforço, uma poderosa armada de cinqüenta e dois navios, sob o comando de D. Fadrique de Toledo Osório, marquês de Villanueva de Valduesa, a maior então enviada aos mares do Sul: a famosa Jornada dos Vassalos, com quase quatorze mil homens. Essa expedição derrotou e expulsou os invasores holandeses a l de maio desse mesmo ano. 4. Segunda Invasão Holandesa - Olinda e Recife (1630 -1654) O enorme gasto com a fracassada invasão às terras da Bahia foi recuperado quatro anos mais tarde, num audacioso ato de corso quando, no mar do Caribe, o Almirante Piet Heyn, a serviço da W.I.C., interceptou e saqueou a frota espanhola que transportava o carregamento anual de prata extraída nas colônias americanas. De posse desses recursos, os neerlandeses armaram nova expedição, desta vez contra um alvo menos defendido, mas também lucrativo, na região Nordeste do Brasil. O seu objetivo declarado era o de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha. Uma nova esquadra, com 64 navios e 3.800 homens, investirá agora sobre a capitania de Pernambuco onde, em Fevereiro de 1630, conquistam Olinda e depois Recife. Com a vitória, as forças neerlandesas foram reforçadas por um efetivo de mais 6.000 homens, enviado da Europa para assegurar a posse da conquista. Ifè&r- Cerco a Olinda - 1630 1630 • A resistência Mapa de Olinda em Liderada por Matias de Albuquerque, concentrou-se no Arraial do Bom Jesus, nos arredores do Recife. Através de táticas indígenas de combate (campanha de guerrilhas), confinou o invasor às fortificações no perímetro urbano de Olinda e seu porto, Recife. Os inúmeros navios holandeses, chagando a Recife. 37 HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO l" DIRETRIZ As chamadas "companhias de emboscada" eram pequenos grupos de dez a quarenta homens, com alta mobilidade, que atacavam de surpresa os neerlandeses e se retiravam em velocidade, reagrupando-se para novos combates. Os tabocais, planta nativa da região (figura) serviam de escudo às emboscadas desprendidas contra o invasor holandês. Entretanto, com o tempo, alguns senhores de engenho de cana-de-açúcar aceitaram a administração da Companhia das índias Ocidentais por entenderem que uma injeção de capital e uma administração mais liberal auxiliariam o desenvolvimento dos seus negócios. O seu melhor representante foi Domingos Fernandes Calabar,considerado historiograficamente como um traidor ao apoiar as forças de ocupação e a administração neerlandesa. Por razões de ser um herói brasileiro e ambicioso que só queria causar problemas, ele muda de lado, em abril de 1632. Por ambição, desejo de alguma recompensa entre os invasores, convicção de que estes seriam vitoriosos ao final, ou ainda mesmo por supor que aqueles colonizadores trariam maiores progressos à terra que os portugueses - o fato foi que Calabar traiu seus antigos aliados. CALABAR Destacaram-se nesta fase de resistência luso-brasileira líderes militares como Martim Soares Moreno, Antônio Felipe Camarão, Henrique Dias e Francisco Rebelo (o Rebelinho). Com a queda da Paraíba (1634), do Arraial do Bom Jesus e do cabo de Santo Agostinho (1635), as forças comandadas por Matias de Albuquerque entraram em colapso e se viram forçadas a recuar na direção do rio São Francisco. 5. A administração de Maurício de Nassau A Companhia das índias Ocidentais nomeou um governador para administrar o domínio recém conquistado, que ficou conhecido como o Brasil - holandês. Para o cargo de governador, foi nomeado o conde João Maurício de Nassau, que chegou ao Recife em janeiro de 1637. No período em que governou o Brasil - holandês, entre 1637 a 1644, Nassau procurou estabelecer uma administração eficiente e um bom relacionamento com os senhores de engenho da região. Desse modo, foram colocados a disposição dos proprietários de engenho recursos financeiros, para serem utilizados na compra de escravos e de maquinário para o fabrico do açúcar. A administração de Nassau destacou-se pelas realizações urbanísticas e culturais, saneando e modernizando Recife, que se converteu num centro urbano repleto de notáveis obras arquitetônicas, passando a chamar-se Mauritztadt ou Cidade Maurícia. Foram convidados cientistas europeus para realizarem estudos sobre a flora da região. Embora adeptos do Calvinismo, os holandeses implantaram a liberdade de credo, para evitar possíveis atritos com os luso-brasileiros. Estenderam-na a Judeus e católicos, só não atingindo os jesuítas, que representavam a principal força contra-reformista na luta contra o pró testa n tis mo. • Câmaras dos Escabinos Eram órgãos de representação municipal, a fim de estimular a participação política da população nas decisões de interesse local. Durante o governo de Nassau, as vilas de Recife e Olinda passaram por um intenso processo de urbanização e melhoramentos que mudaram completamente a paisagem local. • O afastamento de Nassau Devido aos elevados custos das guerras européias, a Companhia das índias Ocidentais adotara nova política financeira e administrativa para região nordestina. A nova estratégia impunha crescentes restrições aos gastos e cobranças dos empréstimos feitos aos senhores de engenho, o que contrariava o caminho escolhido por Nassau. Seu descontentamento levou-o a ser destituído do cargo e a regressar ao seu país em 1644. Os últimosanos da administração de Nassau, foi retomado o confronto com a Companhia das índias Ocidentais. 6. A Insurreição Pernambucana • Antecedentes. Contando com o apoio econômico e militar dos Países Baixos e da Inglaterra na luta pela recuperação de sua - 38 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ - autonomia frente à Espanha, Portugal buscou reforçar suas alianças na Europa. Em 1641 assinou a trégua dos Dez Anos com os Países Baixos, que garantia aos holandeses a manutenção do seu domínio sobre o nordeste brasileiro. Em 1668, após intenso desgaste dos reinos ibéricos e de suas colônias, Portugal e Espanha assinaram um tratado de paz. Com o fim do domínio espanhol sob Portugal, em 1640; o novo rei português, D. João IV, decidiu recuperar o Nordeste brasileiro retirando-o do domínio holandês. Esse período coincidiu com o descontentamento dos senhores de engenho do Nordeste brasileiro diante dos holandeses. Nassau já havia partido e, para explorar ao máximo a produção do açúcar brasileiro, a Holanda adotou inúmeras medidas impopular, em especial o aumento dos impostos, o que contrariava os interesses dos proprietários de engenho. Nota: No nordeste do Brasil, os engenhos de cana-de- açúcar viviam dificuldades num ano de pragas e seca, pressionados pela Companhia das índias Ocidentais, que sem considerar o testamento político de Nassau, passou a cobrar a liquidação das dívidas aos inadimplentes. Essa conjuntura levou à eclosão da Insurreição pernambucana, que culminou com a extinção do domínio neerlandês (holandês) no Brasil. Importante: Constitui fatores antecedentes a Insurreição Pernambucana: • A Restauração Portuguesa • O Afastamento de Maurício de Nassau • A Assinatura do tratado de trégua entre Portugal e Holanda. • Líderes: A insurreição pernambucana, também referida como Guerra da Luz Divina, registrou-se no contexto da segunda das Invasões holandesas do Brasil, culminando com a expulsão dos neerlandeses da região Nordeste do Brasil. Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. O movimento integrou forças lideradas pelos senhores de engenho André Vida l de Negreiros e João Fernandes Vieira, pelo africano Henrique Dias e pelo indígena Felipe Camarão • André Vidal de Negreiros - Senhor de Engenho, Militar por formação e governador colonial português, Mestre-de-campo nas batalhas de Guararapes. • João Fernandes Vieira - Senhor de Engenho e Militar. • Henrique Dias - Filho de escravos africanos libertos. Foi Mestre de campo e cavaleiro da Ordem de Cristo. • Antônio Dias Cardoso - Militar português teve participação decisiva no contexto da Insurreição Pernambucana. Conhecedor das técnicas de combate indígena organizou várias emboscadas contra o invasor holandês, por isso mesmo ficou conhecido como "O mestre das emboscadas". • Felipe Camarão - foi um indígena brasileiro da tribo potiguar. À frente dos guerreiros de sua tribo organizou ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos invasores. • Principais Batalhas. A Holanda não respeita a trégua; ao contrário, amplia seus domínios, conquistando inclusive Sergipe e o Maranhão (l641). E é no Maranhão que se inicia a reação, após 27 meses de ocupação holandesa, o suficiente para deixarem a cidade destruída, igrejas saqueadas e fazendas incendiadas. A própria população toma a iniciativa e escorraça as forças batavas de São Luís. —» Batalha do Monte das Tabocas - 1645 O êxito dos patriotas maranhenses, animam os pernambucanos, E em 3 de agosto de 1645, travou-se a batalha de Monte das Tabocas, que consagrou a viabilidade militar de vitória dos brasileiros contra os holandeses. 1.200 civis pernambucanos armados apenas de chuços e paus tostados e 250 armas de fogo, infligem fragorosa derrota ao Tenente Coronel Hendrick Van Hans, que comandava 1.900 homens todos muito bem armados. 39 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l* DIRETRIZ Esboço da Batalha do Monte das Tabocas ffli ftgo i£-í5) ERal) Batalha da Casa Forte em 1645. —» Construção do Arraial Novo 1646. Em junho de 1646, os brasileiros cercam Recife. --* Holanda Exige o cumprimento do tratado de paz. "A 12 de agosto de 1647, a Holanda exige que Portugal puna os rebeldes brasileiros, então, D. João IV decidiu mandar restituir o que os patriotas haviam tomado no Brasil". É quando André Vidal de Negreiros em resposta diz:" Combateremos até o fim, e somente após expulsar o invasor, iremos a Portugal receber o castigo pela nossa desobediência.". --> Reforço holandês A 18 de março, poderosa esquadra holandesa da Companhia das índias Ocidentais aportou em Recife, sendo composta por 41 barcos, transportando víveres e 6.000 soldados. Com este poderio, o invasor decidiu romper o cerco do Recife e marchar na direção sul, zona de retaguarda patriota, para conquistar o Cabo e adjacências. Manobra com a finalidade de controlar bases de suprimentos próximas e, cortar, nesta região, o apoio externo aos patriotas bem como criar condições de prosseguimento, por terra, para conquista da Bahia. Ao executar esse ambicioso plano ocorreu a primeira batalha dos Guararapes. Primeira Batalha de Guararapes. ...-HÍ-A i jr INRIOBA lí.vriMf*. c-.t Jr^tí.lJí I<-! ;M ítrtfu., !.<•» l, .. vi.r •_ : Em 19 de abril de 1648, no cume dos montes Guararapes se defrontou as forças holandesas compostas por 6.300 homens contra 2.200 brasileiros. Obtendo os brasileiros maiúscula vitória sobre as forças batavas. Ao final entre mortos e feridos foram 1.038 holandeses, e 480 brasileiros. Segunda Batalha de Guararapes A 17 de fevereiro de 1649, 3.650 holandeses ao comando do coronel Brinck decidiram deixar Recife e ocupar os Mortes Guararapes. Dali esperava atrair os brasileiros, com seus 2.640 homens, para uma batalha decisiva. Após uma marcha forçada, estacionaram nos Guararapes, numa cópia da manobra usada pelos patriotas na primeira batalha. Mais uma vez os patriotas, inferiores em número, derrotaram esmagadoramente os soldados de um dos melhores exércitos da Europa. Dessa vez são mortos 1.095 inimigos, dos quais 173 oficiais e suboficiais. Netscher, historiador holandês dirá - Poucas batalhas terão sido tão mortíferas. No dia 26 de janeiro de 1654, na Campina do Taborda, fronteira ao Forte de Cinco Pontas, os holandeses assinaram a rendição de todas as suas forças no Brasil, 7.Conseqüências da Expulsão dos Holandeses do Brasil Com a expulsão dos holandeses do Brasil, a economia açucareira nordestina entrou em uma fase de progressiva decadência, pois os holandeses haviam levado mudos de cana de açúcar do Brasil passando a cultivá-los nas Antilhas. 40 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l" DIRETRIZ Em pouco tempo, a produção açucareira holandesa passou a competir com a produção brasileira, provocando queda no preço e nas exportações. *> EXERCÍCIOS 66) A participação ativa dos holandeses nas atividades relativas aos primeiros anos da economia açucareira do Brasil colonial se traduziu principalmente: a. Na adoção do sistema de lavoura extensiva; b. Na introdução do escravo negro como mão de obra; c. Nas operações de refino e distribuição do açúcar no mercado europeu; d. Na introdução de trabalhadores flamengos para a lavoura da cana; e. Na importação de moendas da Inglaterra. 67) A invasão holandesa durante o período do Brasil colônia: a. Ocorreu no Rio Grande do Norte por ser o principal centro açucareiro do Brasil. b. Foi de início prontamente rebatido pelos brasileiros, não conseguindo estabelecer nenhum domínio. c. Ocorreu em Pernambuco por ser o principal centro açucareiro do Brasil colônia. d. Ocorreu em Minas Gerias face sua grande produção de ouro e outros metais preciosos. e. Ocorre na capitania de São Vicente, principal pólo do açúcar brasileiro. 68) Marque a opção errada. a. As invasões holandesas ocorreram na Bahia (1624 - 1625) e Pernambuco (1630- 1654), principais centros açucareiros da colônia. b. Os holandeses dominaram o Nordeste brasileirode 1624 a 1654, portanto, um período de 30 anos. c. Os holandeses foram expulsos em 1625 da Bahia, por uma esquadra luso-espanhola. d. Os holandeses, após terem sido expulsos de Pernambuco, levam as mudas de cana de açúcar para Holanda onde recomeçam a exploração do produto. e. Durante a administração de Nassau, a cidade de Recife experimentou grande avanço urbanístico. 69) No movimento denominado insurreição pernambucana, ocorrido em 1645, contra a opressão holandesa, um índio e um negro aderiram ao movimento. Eram eles, respectivamente: a. Felipe camarão (Poti) e Henrique Dias. b. Caramuru e Maurício de Nassau. c. Henrique Dias e Caramuru. d. André Vidal de Negreiros e Felipe Camarão e. Felipe Camarão e Dias Cardoso 70) Durante a 1° tentativa de invasão holandesa, ocorrida na Bahia (Salvador) em 1624, A defesa ficou a cargo do Bispo D. Marcos Teixeira, que criou uma companhia de emboscadas que ficou conhecida como: a. Milícia dos Descalços. b. Milícia dos Mascates c. Revolta dos Baianos d. Revolta dos Males. e. Revolta dos Potiguar. 71) No ano de 1637 chegou a Pernambuco, designado pela Companhia das índias - empresa instituída pela Holanda para avalizar a comercialização do açúcar brasileiro - o conde Maurício de Nassau, militar de nacionalidade alemã que para ali fora designado no intuito de consolidar o domínio holandês. Sua primeira ação prática consistiu em ampliar a área já subjugada instituindo um fidedigno Brasil holandês. Como ficou conhecida a região conquistada pelos holandeses no Brasil colônia? a. Guiana Holandesa b. Nova Holanda c. Penedo d. Mauricéia e. São Leopoldo 72) "Também Divina, foi neerlandeses do Brasil: conhecida como Guerra da Luz o movimento que expulsou os a. Revolta dos Felipes dos Santos b. Inssurreição Pernanbucana c. Conjuração Baiana d. Guerra dos Mascates e. Revolta de Backmam. Obs. Formalmente, a rendição foi assinada em 26 de Janeiro de 1654, na campina do Taborda, mas só provocou efeitos plenos, em 6 de agosto de 1661, com a assinatura da Paz de Haia, onde Portugal concordou - 41 HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ - em pagar aos Países Baixos oito milhões de Florins, equivalente a sessenta e três toneladas de ouro. Este valor foi pago aos Países Baixos, em prestações, ao longo de quarenta anos e sob a ameaça de invasão da Marinha de Guerra. De acordo com uma corrente historiográfica tradicional em História Militar do Brasil, o movimento assinalou ainda o germen do nacionalismo brasileiro, pois os brancos, africanos e indígenas fundiram seus interesses na expulsão do invasor. 73) Analise as afirmativas abaixo sobre as Invasões Holandesas no Brasil: I. Enquanto Portugal teve soberania, foi bom parceiro comercial da Holanda. II. Além do açúcar do Brasil, a Companhia das índias Ocidentais visava, também, as minas de prata do México e do Peru. III. A tática das guerrilhas no Brasil se iniciou na Bahia, IV. Com a Insureição Pernambucana os brasileiros não conseguiram expulsar os holandeses. Com base na análise, assinale a alternativa correta: a. I b. II e IV c. III e IV d. IJIelII e. todas 74) Analise as afirmativas abaixo sobre a defesa do teritório brasileiro durante o período colonial, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de uma afirmativa verdadeira ou a letra F quando se tratar de uma afirmativa falsa. D Com a unificação das Coroas ibéricas os holandeses passaram a ameaçar o Brasil. U A Companhia das índias Ocidentais foi criada exclusivamente para conquistar as Capitanias do Brasil. DA resistência inicial aos holandeses na Bahia foi organizada pelo Bispo D. Marcos Teixeira. a. Somente a I está correta. b. Somente a I e II estão corretas. c. Somente a II esta correta. d. Somente a III esta correta e. Todas as alternativas estão corretas. 75) Inegavelmente, fatores políticos europeus influenciaram a História do Brasil ao longo dos tempos. Em particular, a Invasão Holandesa ao nordeste brasileiro durante o século XVII está relacionada: a. A Guerra dos Cem Anos, que colocou as terras flamengas sob a égide britânica, obrigando os holandeses a buscar novas terras para alocar a população perseguida. b. As Guerras de Reconquista contra os Mouros que deixou os portugueses à mercê do controle financeiro dos banqueiros holandeses. c. Ao confronto entre lusitanos e castelhanos na região de fronteira de Portugal. Este conflito fragilizou as defesas da metrópole ibérica permitindo a ação holandesa no Brasil. d. Aos atos de navegação estabelecidos pelo governo Inglês. Esta medida atrapalhou enormemente os interesses marítimos holandeses deixando a nação flamenga com a única opção de ocupar as regiões produtoras de açúcar. e. Á União Ibérica que atrapalhou os interesses holandeses no comércio do açúcar levando o governo da Holanda a optar pela ocupação das zonas produtoras no nordeste. 76) Analise as proposições sobre as Invasões Holandesas no Brasil e assinale a alternativa correta. I. II. III. As invasões se relacionam com as desavenças entre holandeses e espanhóis, acirradas durante o processo de independência das províncias do Norte, entre as quais a Holanda que, juntamente com outras províncias dos Países Baixos, foi dominada durante algum tempo pela Espanha. A invasão holandesa á cidade de Salvador,em 1624, ocorreu após a derrota dos holandeses em Pernambuco, onde o Governador Matias de Albuquerque, junto de seus colonos, derrotou a Companhia das índias Ocidentais. A política de Maurício de Nassau, que instalou um sistema administrativo, inspirado no modelo holandês, com grande ênfase na economia açucareira, sobre a qual tomaram todo o controle, impossibilitando que os colonos exercessem suas atividades. I III b. II e III c. I e III d. I, II e III 42 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l1 DIRETRIZ XIV - ATIVIDADES COMPLEMENTARES A ECONOMIA COLONIAL Apesar da importância da empresa açucareira para a política colonizadora portuguesa, eram realizadas outras atividades que atendiam às necessidades da população colonial, chamadas de atividades secundárias ou acessórias, ou ainda complementar es, destinadas à exportação quanto a subsistência dos colonos, como os cultivos de mandioca, tabaco, algodão e a produção de aguardente e rapadura. •A mandioca está na base da alimentação, especialmente dos escravos, e sua produção chegou a ser imposta aos Senhores de Engenho a fim de evitar crises alimentares, que poderiam afetar a população e comprometer o projeto colonizador. •O fumo, produzido, sobretudo na Bahia, era importante moeda de troca no comércio de escravos nas regiões africanas. Chegou a representar a segunda maior receita de exportação agrícola da colônia. Sua importância econômica e o fato de exigir menos terra e menos mão de obra para seu plantio atraiu muitos lavradores. •Aguardente e rapadura, embora reduzida, também era muito importante na troca por escravos africanos, sendo realizada principalmente no litoral de São Vicente. •Algodão, era cultivo mais intensamente no Maranhão, estava ligado inicialmente à confecção das roupas dos escravos, já que os senhores e suas famílias usavam tecidos vindos da Europa. Porém, logo se transformou em produto de exportação. •A pecuária e a extração das drogas do sertão, atividades ditas secundárias, foram, juntamente com as expedições militares contra invasores estrangeiros e em busca de metais preciosos e índios, decisivas para a ocupação do interior brasileiro e a ampliação das fronteiras da colônia. Drogas do Sertão _O— CAMINHO DOS CURRAIS DO R10 DAS VELHAS XV - EXPANSÃO TERRITORIAL DA COLÔNIA 1. A Ocupação do Nordeste e da Região Amazônica. •A criação de gado nasceu junto aos engenhos, como uma atividade complementar da rica empresa açucareira, e deixou pouco a pouco o litoral para transformar num importante elemento de ocupação do interior das capitanias do Nordeste. Embora sua importância econômica fosse muito menor do que a do açúcar, a pecuária oferecia a força motriz do engenho, um meio de transporte, alimento e couro, usado na confecção de roupas,calçados, móveis e outros utensílios tanto para os moradores dos engenhos, como para as populações das vilas. A criação extensiva do gado, solto nas terras, necessitava sempre de novas pastagens, o que favoreceu seu avanço pelo sertão. Já no século XVII a atividade dos vaqueiros alcançava as capitanias do Ceará e Maranhão, ao Norte, e as , Margens do rio São Francisco, ao Sul, regiões onde surgiram importantes fazendas de gado, chamadas currais. Obs. Foram os currais que garantiram a ocupação do interior nordestino. A atividade pecuarista utilizava principalmente trabalhadores livres, como mestiços de indígenas e negros. As dificuldades geradas pela crise do açúcar atraíram muitos colonos de extratos sociais inferiores para a pecuária. Assim, em contrate com a sociedade do açúcar, essa atividade permitia mobilidade social. •O Combate a Presença Estrangeira, especialmente durante a União Ibérica, também contribuiu para a ocupação do interior do Nordeste e da região amazônica. As fortifi cações construídas pelas expedições militares, organizadas para combater as invasões, transformaram-se, com o tempo, em importantes cidades da região, como a Fortaleza de Filipéia de Nossa Senhora das Neves, que se transformou na atual João Pessoa, e o Forte dos Reis Magos, embrião da atual cidade de Natal. Na Região amazônica, o governo da União Ibérica 43 HISTORIA DO BRASIL - CURSO 1a DIRETRIZ decidiu pela criação do estado do Maranhão e do Grão- Pará, em 1621 fazendo de Belém a base para repelir as investidas estrangeiras. • Apresadores de índios e Jesuítas. A ocupação do Amazonas contou ainda com apresadores de índios e jesuítas, fundadores de dezenas de aldeias de catequese. • Drogas do Sertão Contudo, a principal base econômica para a ocupação da Amazônia foi a coleta de recursos florestais, as chamadas Drogas do Sertão, como cacau, baunilha, guaraná e ervas medicinais e aromáticas. 2. A Expansão Paulista (Bandeirantes) A pobreza da inicialmente próspera Capitania de São Vicente, frente ao sucesso do empreendimento açucareiro no Nordeste, levou à organização de Bandeiras, expedições cujo objetivo era procurar riquezas no interior da colônia e apresamento de nativos, além de ataques contratados a quilombos, como ocorreram posteriormente. • Apresamento de índios. Diante da ocupação de Pernambuco e da região africana de Angola pelos holandeses, as demais capitanias não tinham acesso a carregamentos de escravos. Assim, embora as primeiras bandeiras de apresamento de índios visassem obter mão de obra para a pequena lavoura paulista ou a venda para regiões próximas, progressivamente passaram também a sanar as dificuldades dos Senhores de Engenho do Nordeste, onde se localizava a maior produção agrícola baseada em mão de obra escrava. Muitas bandeiras atacaram as missões jesuíticas do Oeste e Sul da colônia, capturando dezenas de milhares de nativos e cobrando um valor mais alto pelos aculturados por estarem mais adaptados ao trabalho agrícola. A atividade apresadora de índios entrou em decadência, com o fim do domínio espanhol e a retomada do comércio de africanos pelos portugueses, normalizando o abastecimento de escravos para a colônia. • Bandeiras de Contrato. Os paulistas, organizados em bandeiras, dedicaram-se, então, a atacar aldeamentos de nativos insubmissos e de negros fugidos que viviam em quilombos. Essas expedições, a serviço dos fazendeiros ou da administração colonial, eram chamadas de bandeiras de contrato, destacando-se a de Domingos Jorge Velho, que venceu a resistência dos cariris e janduis e destruiu o Quilombo dos Palmares, em fins do século XVII "Na segunda metade do século XVII, os bandeirantes passaram a servir aos grandes proprietários rurais do Nordeste e apropria coroa portuguesa, fazendo a guerra aos- índios hostis e destruindo os quilombos, onde se concentravam escravos foragidos. Nessa medida, a atividade bandeirisía implicava um contrato e uma forma de remuneração ou compensação, revestindo-se, além disso, de um caráter essencialmente militar " "Nesse ciclo, situam-se as guerras justas contra indígenas, inclusive do Norte do Brasil, e a guerra dos bárbaros que culminou com a destruição da Confederação dos Cariris, no Ceará e Rio Grande do Norte. A ocorrên ia mais importante, contudo, foi a destruição do quilombo dos Palmares (1695), situado no território alagoano e um dos mais importantes movimentos da resistência negra à escravidão. O responsável pelo aniquilamento do reduto quilombola foi Domingos Jorge Velho, um dos mais importantes bandeirantes do bandeirismo de contrato ". Cláudio Vicentino. Gianpaolo Dorígo - História Geral e do Brasil. • Bandeiras e o ciclo da mineração. As mais importantes bandeiras foram, contudo, as destinadas à procura de metais preciosos, incentivadas pela metrópole devido ao declínio da economia açucareíra nordestina na segunda metade do Século XVII. O financiamento das expedições paulistas trouxe a descoberta de ouro na região de Minas Gerais - como Vila Rica, atual Ouro Preto, e Sabará - depois Mato Grosso e Goiás, dando início à atividade econômica mineradora na colônia. Há que considerar ainda o Portugueses, estrangeiros e colonos de outras áreas, apelidados pelos paulistas de Emboabas (forasteiro), foram atraídos para o local das Minas. • MonsÕes As Monções eram expedições fluviais paulistas que partiam de Porto Feliz, às margens do Rio Tietê, com destino às áreas de mineração em Mato Grosso, com a finalidade de abastece-las. 44 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l" DIRETRIZ As canoas levavam mantimentos, ferramentas, armas, munições, tecidos, instrumentos agrícolas e escravos negros, entre outras mercadorias para serem comercializados nos povoados, arraiais e vilas do interior. Na volta, traziam principalmente ouro e peles. Obs. Principais diferenças entre Entradas e Bandeiras Foi â partir do século 17 que as terras do interior do Brasil passaram a ser rotineiramente exploradas. O desbravamento e povoação dessas terras foram iniciados por expedições pioneiras chamadas de Entradas e Bandeiras. As Entradas geralmente eram expedições oficiais, ou seja, foram organizadas pelo governo da autoridade colonial. Já as Bandeiras tinham motivação particular, isto é, eram organizadas por colonos que se estabeleceram nos povoados. As Entradas declinaram no início do século XVII. As Bandeiras surgiram no início desse mesmo século e se estenderam por todo o século seguinte. Foi na vila de São Vicente que surgiram as primeiras Bandeiras. Enquanto as Entradas respeitavam os limites territoriais fixado pelo Tratado das Tordesilhas, que dividia as terras do continente americano entre Portugal e Espanha, as Bandeiras geralmente ultrapassavam essa fronteira, em direção às regiões Sul, Norte e Centro Oeste. Entre 1580 e 1640, Portugal ficou sob domínio Espanhol. Durante esse período, também conhecido como a união das Coroas ibéricas, a Espanha governou Portugal e todos os seus domínios. Nessa época, os bandeirantes não encontraram resistências quanto a ultrapassar Tordesilhas. Quando Portugal se libertou do jugo espanhol o território colonial brasileiro havia se ampliado significativamente Obs. Apesar de terem dizimado e submetidos à escravidão muitos grupos indígenas, é inegável a contribuição das bandeiras para a ocupação e povoamento do interior do Brasil, fundando povoados, criando vilas, dando à exploração mineradora e, sobretudo, ampliando as fronteiras da colônia além dos limites estabelecidos pelo tratado de Tordesilhas. • íBimQ* MÍa-lo * inn..4>ici* ird'fl«r Principais Bandeirantes Paulistas • Fernando Dias pais; • Antônio Raposo Tavares; • Francisco Dias Velho; • Domingos Jorge velho; • Manuel Borba Gato • Bartolomeu Bueno da Silva • Principais Conseqüências: • Ampliação das fronteiras da colônia para além da linha imaginária de Tordesilhas; • Povoamento do interior; • Dizimação e escravização de milhares de índios; • Descobertas de metais preciosos. 3. A Expansão do Sul O domínio português estendeu-se sobre o Sul da colôniacom a destruição das missões jesuíticas pelas bandeiras de apresamento de indígenas e a fundação, próximo à cidade de Buenos Aires, da colônia do Sacramento, em 1680. Constituída a fim de garantir o limite mais meridional de sua colonização e a posse sobre o estuário do rio da prata, rivalizava com a presença espanhola que escoava por ali sua produção mineradora de Potosí. O sucesso inicial da presença lusa no extremo sul contou também com o apoio da Inglaterra, interessada no comércio da região. Para sustentar a dominação lusa sobre a região Sul, criaram-se as estâncias, grandes fazendas de gado, cujo êxito foi favorecido pelas condições naturais dos pampas, uma planície forrada de excelente pastagem, e pelo mercado consumidor da região das minas. A pecuária sulista desenvolveu a produção do charque, carne seca mais durável e fácil de transportar e utilizar. Esse produto superou o predomínio anterior da produção de couro e tornou-se, progressivamente, a base da economia da região, cujo controle, feito pelos portugueses, efetivou-se plenamente no final do século XVIII. 4. Vamos Recordar? • Resumo da Expansão. • A anulação do Tratado de Tordesilhas ocorrido durante a União Ibérica (1580 - 1640). • Norte - procura pelas drogas do sertão As missões fundadas pelos jesuítas. 45 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ Nordeste - a prática da pecuária no Vale de São Francisco; O sertanismo de contrato; expedições bandeirantes. Centro-Oeste - expedições bandeirantes em busca das minas de ouro e metais preciosos (ciclo do ouro); missões Jesuíticas. Sudeste - expedições bandeirantes de caça ao índio e procura de metais preciosos; (ciclo do ouro). 5. A Oficialização das Tratados de Limites. Fronteiras Lusas: Os Apôs a anulação dos limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas e do expancionismo luso realizado durante a União Ibérica, foram estabelecidos novos tratados para resolver as contínuas disputas entre espanhóis e portugueses no Sul da colônia. • Tratado de Madri Assinado em 1750 dizia que " um território deveria pertencer a quem o tivesse efetivamente colonizado " - era o principio de "utipossidetis ". Esse princípio jurídico invocado por Alexandre de Gusmão, representante português nas negociações, promovia uma descontinuidade territorial, intercalando domínios portugueses e espanhóis. Foi acrescentada, então, uma cláusula ao acordo, prevendo a entrega da Colônia de Sacramento à Espanha e dos Sete povos das Missões, situada no território do atual Rio Grande do Sul, a Portugal. • Guerras Guaraníticas. A Guerra Guaranítica destruiu populações indígenas e o trabalho de quase dois séculos de missões jesuítas. Quando os portugueses tentaram ocupar a região, entretanto encontraram a resistência dos padres jesuítas espanhóis de Sete Povos das Missões, que para defender seu território, havia armados os gauranis - vítimas da ação escravizadora dos bandeirantes. Iniciou-se, então, a Guerra Guaranítica, que teve como conseqüência a morte de cerca de 30 mil índios que viviam na região e a recusa de Portugal en entregar a colônia de Sacramento à Espanha. A Guerra dos Sete Anos (1756 - 1763) entre Inglaterra - apoiada pó TJ Portugal - e França - apoiada pela Espanha- acirrou as disputas entre as nações ibéricas na América. Aproveitando-se do conflito, a Espanha invadiu e dominou a colônia de Sacramento, o Sul do Rio Grande do Sul e a Ilha de Santa Catarina. • Tratado de santo Ildefonso (1777) Por este tratado a Espanha obteve a região do Sacramento e de Sete Povos das Missões e devolveu o Rio Grande do Sul e a Ilha de Santa Catarina a Portugal. Portugal, porém, sentiu-se prejudicado com a partilha, e as rivalidades territoriais se resolveram definitivamente em 1801, quando ambos os países assinaram o Tratdo de Badajós. • Tratado de Badojós (1801) Estabelecia que Portugal recuperaria a região de Sete Povos das Missões, e a Espanha, a colônia de Sacramento - ratificavam-se assim as decisões do Tratado de Madri. 46 HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ Descreva o esuqema resumo acrescentando novos elementos: ^ EXERCÍCIOS 77) O movimento de bandeiras pode ser considerado tipicamente paulista, e o seu núcleo irradiador foi: a. Santos b. São Paulo c. Rio de janeiro d. São Vicente e. Cabo Frio 78) O Bandeirismo Apresador tinba como principais objetivos: a. Combater os índios Guaranis que habitavam no Sul do pais b. Caçar os índios para torná-los escravos c. Combater os índios fugitivos d. Resgatar os índios aprisionados pelos caçadores de índios. e. Combater os corsários ingleses. 79) As monções eram expedições destinadas a: a. Procurar ouro e pedras preciosas partindo por terra. b. Explorar e conquistar o interior do Brasil, partindo por terra. c. Explorar e conquistar o interior do Brasil, partindo pelos rios. d. Expedições que visavam à captura de índios. e. Entradas ao interior do Brasil, em busca de metais preciosos. 80) As bandeiras tinham como objetivo: a. Descobrir riquezas minerais e aprisionar os índios. b. Expandir o território do Brasil. c. Povoar o interior evitando o ataque dos índios d. Descobrir terras mais férteis para a agricultura. e. Expulsar os corsários franceses da Bahia de Cabo Frio 81). O fato que motivou o movimento do bandeirismo paulista foi: a. O desejo de conhecer o interior do Brasil. b. A necessidade de grande volume de mão de obra na capitania de São Vicente. c. A busca de novas fontes de riquezas. d. O auxílio dos jesuítas na pacificação dos índios. e. O ímpeto desbravador do bandeirante paulista. 82). As bandeiras do século XVII eram expedições formadas por colonos pobres e índios. Quais os tipos de bandeiras que existiam? a. De caça ao índio, de contrato e de mineração. b. De caça ao escravo, de posse da terra e de manutenção do território. c. De caça ao índio, de caça ao escravo e de caça a portugueses criminosos. d. De busca de pedras preciosas, de manutenção de território e de expansão do território. e. De defesa do litoral, de caça ao índio e de contrato. 83) Na época do Brasil - Colônia, as chamadas monções tinham relação com: a. A instalação de conventos jesuítas no Nordeste. b. Expedições fluviais de abastecimento c. Expedições terrestres visando à captura de índios para posterior catequese. d. A instalação de conventos jesuítas em São Vicente. 47 HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO 1a DIRETRIZ e. expedições de caça ao índio e venda de ourona bacia do prata. 84) Qual alternativa é a correta? dea. As Entradas e Bandeiras respeitavam a Linha Tordesilhas. b. As Entradas e Bandeiras não respeitavam a Linha de Tordesilhas. c. As Entradas não respeitavam e as Bandeiras respeitavam a Linha de Tordesilhas. d. As Entradas respeitavam e as Bandeiras não respeitavam a Linha de Tordesilhas. e. As Entradas e as Bandeiras são movimentos imunes a quaisquer tratados, por se tratarem de iniciativas não autorizadas pela Coroa portuguesa. O primeiro Tratado de Utrecht entre Portugal e França (1713) estabeleceu as fronteiras portuguesas do norte do Brasil: o rio Oiapoque foi reconhecido como limite natural entre a Guiana e a Capitania do Cabo do Norte. A Franca reconhece o direito de Portugal à bacia do Amazonas. * O segundo Tratado de Utrecht entre Portugal e Espanha (1715) tratou da segunda devolução da Colônia de Sacramento a Portugal. 85) Analise as alternativas abaixo sobre os tratados que fixaram as fronteiras das coloniais na América, colocando entre parênteses a letra V, quando se tratar de uma afirmação verdadeira e a letra F, quando se tratar de uma afirmativa falsa. A seguir marque a alternativa que corresponder a seuqencia correta. D O Tratado de Utrecht (1713), assinado entre representantes de Portugal e da França, estabelecia que o rio Oiapoque, no extremo norte da colônia, seria o limite de fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa. DTratado de Badojós (1801) estabelecia que a região dos Sete Povos das Missões ficaria com os portugueses, assim como a colônia do Sacramento. D O Tratado de Madri (1750) determinavaque a Potugal e Espanha caberia a posse das terras que ocupavam. O descontetamento entre índios e Jesuítas dos aldeamentos dos Sete Povos das Missões gerou luta violente que ficou conhecida como Guerra Guaranítica. do Tratado de Santo Ildefonso (1777) estabelecia que a colônia de Sacrameneto e a região dos Sete Povos da Missões ficariam com Portugal que cederia à Espanha terras que haviam sido anexados ao Rio Grande do Sul. (a).V;V;F;F (b) V;F;V;F (c) F;F;V;V (d) F;F;V;V (e) V;F;F;F XVI - CICLO ECONÔMICO DO OURO Chama-se ciclo do ouro, ou ciclo da mineração o período da história do Brasil em que a extração e exportação do ouro dominava a dinâmica econômica da colônia. As primeiras descobertas de ouro estão ligadas à expansão bandeirante e datam do final do século XVII, quando a produção e a comercialização do açúcar enfrentavam uma séria crise. As notícias (tão esperadas desde 1500) da descoberta de ouro e diamantes na colônia atraíram milhares de portugueses e colonos de outras regiões brasileiras, sobretudo do Nordeste. A população colonial passou de cerca de 300 mil habitantes no final do século XVII para 3300000 no final do XVIII. 1. Mudança do Eixo Econômico. A ocupação e o povoamento da região mineradora, como o atual estado de Minas Gerais e, em seguida, Goiás e Mato Grosso, alteraram a caráter predominantemente rural da colonização, com o surgimento de diversas vilas e cidades. O desenvolvimento de um novo eixo econômico, deslocando as atividades principais da costa litorânea nordestina para a região Centro-Sul, determinou a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763. A abertura de estradas e caminhos que ligassem a região das minas ao porto do Rio de Janeiro propiciou a intensificação do comércio, visando, sobretudo, ao abastecimento de região mineradora. O mercado consumidor foi ampliado e aquecido pelo crescimento populacional e pela riqueza obtida com o ouro, os estímulos à importação de artigos manufaturados, à produção interna de alimentos e a criação de gado. 48 HISTÓRIA DO BRASIL - CURSO l" DIRETRIZ • Tropas de Mulas. A integração econômica das várias regiões e a consolidação do crescente mercado interno foram favorecidas pelo transporte de mercadorias feito por tropas de mulas que cruzavam o território colonial em direção às Minas Gerais e ao Rio de Janeiro. • Mobilidade Social O caráter urbano da população dedicada à atividade mineradora provocou mudanças significativas na estrutura social da colônia. A rigidez com que era dividida a sociedade açucareira, basicamente entre escravos e senhores de engenho, foi sendo substituída por alguma mobiliade social, com o surgimento de um número muito maior de artesãos, comerciantes, pequenos proprietários, intelectuais, padres e funcionários públicos. Isso possibilitou a relativa distribuição de riquezas entre ricos e a classe média produtiva, composta de homens livres. •Composição da sociedade mineradora • Topo - altos funcionários reais e grandes mineradores; • Meio - médios e pequenos mineradores, religiosos, militares, tropeiros, comerciantes e artesãos; • Base - grande maioria de escravos • O Início da Mineração Ao contrário do que até então se verificava na colônia, a atidade mineradora tinha um caráter menos elitista, visto que, diante da menor necessidade de investimentos, quase todos podiam participar da extração aurífera e diamaníífera. As técnicas de Fã i se a cã o e Garimpagem utilizadas no início da mineração, ou seja, a retirada do ouro de lavagem encontrado nos rios e barrancos, exigiam poucos investimentos e mão de obra. Mais tarde, quando se consolidou a exploração mineradora, estruturaram-se grandes unidades exploradoras, as Lavras, exigindo maiores investimentos para as escavações e grande número de escravos. • Formas de extração do ouro • Faiscações - ouro acumulado nas margens dos rios e riachos. • Lavras - jazidas minerais de onde o ouro era extraído das rochas •Escravos Apesar da presença de homens livres ou escravos forros, a mineração era realizada majoritariamente, como a agricultura canavieira, por meio de negros escravos. Na mina, os escravos que trabalhavam por conta própria eram obrigados a entregar determinadas quantidades de ouro aos seus senhores e alguns chegavam a ser alforriados, como recompensa. O número de negros forrosaumentou na segunda metade do século XVIII, sobretudo devido ao declínio da atividade mineradora, o que dificultava o sustento de grande escravaria por parte dos senhores. 2.Administração das Minas • Intendência das Minas Para administrar a região mineradora, a metrópole criou em 1702, a Intendência das Minas, órgão presente em cada uma das capitanias onde se extraia o ouro. Visando controlar de perto a exploração aurífera, tornado-a mais eficiente e lucrativa para a metrópole, era constituída por um Guarda-Mor e auxiliares submetidos diretamente à Coroa. A Intendência era responsável pela distribuição de datas (segundo o número de escravos que o minerador possuía), e pela cobrança do quinto, imposto de 20% sobre o ouro encontrado na colônia. A distribuição das Datas (Lotes auríferos) • Primeiro Lote - era destinado ao descobridor • Segundo Lote - era destinado a Coroa portuguesa • Terceiro Lote - era distribuído aos mineradores mediante sorteio. (Participavam dos sorteios mineradores que possuíssem no mínimo 12 escravos) • Casas de Fundição. O contrabando, porém, permanecia intenso e, para coibi-lo, a Coroa criou, em 1720, as casas de fundição, evitando a circulação do ouro em pó e em pepitas, formas mais difíceis de controlar. A partir de então, todo o ouro encontrado nas minas ou nos garimpos tinha de ser entregue neses locais, onde era derretido e tranformado em barras, após ter sido extraído o quinto pertencente à Coroa. 49 HISTORIA DO BRASIL - CURSO l' DIRETRIZ • Derrama Aos primeiros sinais de esgotamento da produção aurífera, a partir da década de 1771, o governo português , fixou em 100 arrobas de ouro( 1468,9 Kg) anuais o mínimo a ser arrecadado em cada município como pagamento do quinto. O recolhimento do tributo, seria garantido por meio da "derrama", cobrança compulsória dos impostos feita pelos Dragões, soldados metropolitanos autorizados a invadir casas e tomar tudo o que tivesse valor, a fim de completar as 100 arrobas devidas a metrópole. 3. A Descoberta de Diamantes Em 1729, foi descoberto um veio de diamante no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina, em Minas Gerais. Dada a dificuldade em se quintar as pedras (não se podia fundi-las), a metrópole determinou a expulsão dos mineiros da região e arrendou a exploração a co n t rã do rés, indivíduos que antecipavam parte dos lucros à Coroa e recebiam o direito de explorar com exclusividade os filões de diamantes. Diante de desvios e denúncias de perda de controle, em 1771, o governo português assumiu a exploração diamantífera. Em 1938, Diamantina comemorou seus 100 anos de elevação à categoria de cidade, recebendo do IPHAN o título de Patrimônio Histórico Nacional. E, no ano de 1999, foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. 4. Crise e decadência do Ciclo do Ouro. O esgotamento das jazidas de ouro e o uso de técnicas rudimentares, impedindo prospecções mais profundas do subsolo, levarm à decadência da produção do ouro na colônia. A partir da década de 1770, verificou-se o declínio da atividade, diferentemente do que aconteceu com a economia açucareira, que mesmo depois da crise da segunda Metade do século XVII, nunca deixou de ser uma atividade econômica significativa, fosse na produção, fosse na pauta das exportações. A diminuição na produção aurífera fez com que a metrópole aumenta-se a pressão fiscal sobre os colonos brasileiros a fim de manter suas rendas gerando - • descontentamento e atos de rebeldia entre eles, culminando na Inconfidência Mineira, assunto que veremos quando falarmos das revoltas nativistas e separatistas. •Transformações ocorridas na Colônia com a mineração. • Transferência da Capital da Colônia de Salvador
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