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Advogado da União 2016_Prova P3_Espelho

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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO 
ADVOGADO DA UNIÃO 
PROVA DISCURSIVA P3 – PEÇA JUDICIAL 
Aplicação: 1/5/2016 
PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO 
 
2.1 Contestação dirigida ao juiz. Art. 297 do CPC. 
 
 Deverá o candidato apresentar contestação dirigida ao juiz da causa. 
 
CPC 
 
Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa, 
contestação, exceção e reconvenção. 
 
(...) 
 
Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e 
de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. 
 
 
2.2 Não cabimento de antecipação da tutela 
 
 Deverá o candidato apontar que não há fundamento para o deferimento da antecipação de tutela, pois 
inexiste prova inequívoca e verossimilhança da alegação (art. 273 do CPC). De fato, a antecipação de tutela 
exige, além de prova inequívoca, que o juiz se convença da verossimilhança da alegação, o que não se vislumbra 
no caso. Além disso, a antecipação dos efeitos da tutela encontra óbice no 1° da Lei 9.494/97 e no artigo 1°, §§ 1° 
e 3° da Lei 8.437/92. 
 
CPC 
 
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela 
pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da 
alegação e (...) 
 
 
STF 
 
AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º DA LEI N 9.494, DE 10.09.1997, QUE 
DISCIPLINA A APLICAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. MEDIDA 
CAUTELAR: CABIMENTO E ESPÉCIE, NA A.D.C. REQUISITOS PARA SUA CONCESSÃO. 1. Dispõe o 
art. 1º da Lei nº 9.494, da 10.09.1997: "Art. 1º . Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts. 273 e 461 
do Código de Processo Civil, o disposto nos arts 5º e seu parágrafo único e art. 7º da Lei nº 4.348, de 26 
de junho de 1964, no art. 1º e seu § 4º da Lei nº 5.021, de 09 de junho de 1966, e nos arts. 1º , 3º e 4º da 
Lei nº 8.437, de 30 de junho de 1992." 2. Algumas instâncias ordinárias da Justiça Federal têm deferido 
tutela antecipada contra a Fazenda Pública, argumentando com a inconstitucionalidade de tal norma. 
Outras instâncias igualmente ordinárias e até uma Superior - o S.T.J. - a têm indeferido, reputando 
constitucional o dispositivo em questão. 3. Diante desse quadro, é admissível Ação Direta de 
Constitucionalidade, de que trata a 2ª parte do inciso I do art. 102 da C.F., para que o Supremo Tribunal 
Federal dirima a controvérsia sobre a questão prejudicial constitucional. Precedente: A.D.C. n 1. Art. 265, 
IV, do Código de Processo Civil. 4. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal 
Federal, nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzem 
eficácia contra todos e até efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao 
Poder Executivo, nos termos do art. 102, § 2º , da C.F. 5. Em Ação dessa natureza, pode a Corte 
conceder medida cautelar que assegure, temporariamente, tal força e eficácia à futura decisão de mérito. 
E assim é, mesmo sem expressa previsão constitucional de medida cautelar na A.D.C., pois o poder de 
acautelar é imanente ao de julgar. Precedente do S.T.F.: RTJ-76/342. 6. Há plausibilidade jurídica na 
argüição de constitucionalidade, constante da inicial ("fumus boni iuris"). Precedente: ADIMC - 1.576-1. 7. 
Está igualmente atendido o requisito do "periculum in mora", em face da alta conveniência da 
Administração Pública, pressionada por liminares que, apesar do disposto na norma impugnada, 
determinam a incorporação imediata de acréscimos de vencimentos, na folha de pagamento de grande 
número de servidores e até o pagamento imediato de diferenças atrasadas. E tudo sem o precatório 
exigido pelo art. 100 da Constituição Federal, e, ainda, sob as ameaças noticiadas na inicial e 
demonstradas com os documentos que a instruíram. 8. Medida cautelar deferida, em parte, por maioria de 
votos, para se suspender, "ex nunc", e com efeito vinculante, até o julgamento final da ação, a concessão 
de tutela antecipada contra a Fazenda Pública, que tenha por pressuposto a constitucionalidade ou 
inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9.494, de 10.09.97, sustando-se, igualmente "ex nunc", os efeitos 
futuros das decisões já proferidas, nesse sentido.(STF - ADC-MC: 4 DF, Relator: SYDNEY SANCHES, 
Data de Julgamento: 11/02/1998, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 21-05-1999). 
 
2.3 Ausência de violação do contraditório e da ampla defesa 
 
 
 Deverá o candidato afirmar que não prospera a alegação de violação do direito ao contraditório e à ampla 
defesa, haja vista que, no processo de tomada de contas especial, o autor foi regularmente citado, tendo tomado 
conhecimento da instauração do processo e comparecido aos autos para apresentar suas alegações de defesa. 
Ademais, a sistemática de administração dos recursos federais não é fato que se prova por testemunhas, sendo 
matéria de direito. A administração de dinheiro público, por sua vez, é matéria a ser provada por documentos. 
 
2.4 Pessoa física responsável 
 
 Deverá o candidato afirmar que é assente na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal que o dever de 
prestar contas é da pessoa física responsável por bens e valores públicos, seja ele agente público ou não. 
Também é entendimento da Suprema Corte que quem gere dinheiro público ou administra bens ou interesses da 
comunidade deve contas ao órgão competente para a fiscalização, que, no caso presente, é o Tribunal de Contas 
da União, a teor do art. 71, incisos II e VI, da Constituição Federal. A esse respeito, dispõe o art. 70, parágrafo 
único, da Constituição: “Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica pública ou privada, que utilize, 
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou 
que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”. 
 
 
 
STF 
 
PREFEITO MUNICIPAL. CONVÊNIO COM GOVERNO FEDERAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. 
CONDENAÇÃO IMPOSTA PELO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. ALEGADA VIOLAÇÃO AOS 
ARTS. 5.º E 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A Corte de Contas, levando em consideração o montante 
das verbas federais repassadas ao Município de Aquidabã - SE durante a gestão do impetrante, concluiu 
por sua responsabilidade na administração de tais recursos, não havendo falar em contrariedade aos 
princípios da isonomia, legalidade, moralidade e impessoalidade pelo simples fato de o convênio em 
questão haver sido firmado pelo Prefeito antecessor. Mandado de segurança indeferido. 
(MS 24328, relator(a): min. Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em 24/10/2002, DJ 6/12/2002 PP-00053 
EMENT VOL-02094-02 PP-00307.) 
 
2.5 Título executivo. Art. 71, § 3.º, da CF. 
 
 Deverá o candidato afirmar que as decisões adotadas no julgamento das contas dos administradores e 
demais responsáveis têm eficácia de título executivo, também por expressa disposição constitucional (art. 71, 
§ 3.º, da CF). 
 
2.6 Atos administrativos. Presunção de legitimidade. Ônus da prova. 
 
 Deverá o candidato aduzir que os atos administrativos gozam de presunção de legitimidade, pelo que 
caberia ao autor provar que o acórdão do TCU padece de ilegalidade, assim como provar a correta aplicação dos 
recursos aos fins a que se destinavam, segundo o convênio celebrado, ônus do qual não se desincumbiu 
(CPC, art. 333, I). Além disso, a inicial não indicou as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos 
fatos alegados e deixou de ser instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação, em violação 
aos arts. 282, inciso VI, e 283 da Lei nº 5.869/73. 
 
CPC 
 
Art. 282. A petição inicial indicará: 
 
(...) 
 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
 
(...) 
 
 
Art. 283. A petição inicial será instruídacom os documentos indispensáveis à propositura da ação. 
 
(...) 
 
Art. 333. O ônus da prova incumbe: 
 
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; 
 
 
2.7 Decisão do TCU. Legalidade. 
 
 Deverá o candidato aduzir que não se verifica irregularidade formal ou manifesta ilegalidade na decisão do 
TCU discutida pelo autor. Por força de disposições constitucionais (arts. 70 e 71), o TCU é o órgão legitimado para 
a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, mediante controle externo. A tomada de contas é instrumento imprescindível para 
a apuração de irregularidades na gestão de dinheiro público, em obediência aos princípios constitucionais da 
legalidade e da moralidade na administração pública, e visa coibir o mau uso da verba pública. Dessa forma, 
tendo o julgamento decorrido com a observância das regularidades formais e estando a decisão proferida pelo 
TCU revestida de legalidade, não há de se falar em anulação. 
 
CF 
 
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das 
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação 
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle 
externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. 
 
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, 
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União 
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional n.º 19, de 1998.) 
 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de 
Contas da União, ao qual compete: 
 
 
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da 
administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder 
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que 
resulte prejuízo ao erário público; 
 
 
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste 
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município; 
 
 
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as 
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado 
ao erário; 
 
 
§ 3.º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título 
executivo. 
 
 
2.8 Conclusão 
 
 Deverá o candidato requerer que o juiz negue o pedido de antecipação de tutela e julgue improcedente 
(rejeite) o pedido do autor e que o processo seja extinto com resolução de mérito (art. 269 do CPC). 
 
 
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO 
ADVOGADO DA UNIÃO 
PROVA DISCURSIVA P3 – QUESTÃO 1 
Aplicação: 1/5/2016 
PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO 
 
 
1 O candidato deve responder que o repasse de verbas para a destinação pretendida deve ser realizado. 
 A transferência do tipo voluntária, de acordo com a LRF, se verifica pela entrega de recursos correntes ou 
de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorram 
de determinação constitucional ou legal nem sejam destinados ao Sistema Único de Saúde. 
2 A utilização do CADIN é constitucional para o controle e a fiscalização de repasse de verbas e de 
cumprimento de obrigações legais e contratuais referentes ao repasse. A utilização do CADIN para o controle interno 
de repasse é calcada nos princípios norteadores da administração pública — como, por exemplo, legalidade, 
moralidade e publicidade dos atos de gestão pública — e na LRF. 
3 Caso deixem de cumprir suas obrigações legais e contratuais e sejam, por isso, inscritos no CADIN, os 
entes ficam sujeitos a sanções, como, por exemplo, o impedimento temporário de receber os repasses de 
transferências voluntárias. No entanto, a LRF prevê que há exceções para a aplicação dessa sanção, permitindo 
repasses de transferências voluntárias para ações destinadas à educação, à saúde e à assistência social, em virtude 
da relevância social da aplicação de verbas públicas nessas áreas e do dever do Estado para com essas atividades, 
de acordo com a Constituição Federal. 
 Na situação apresentada, embora o estado esteja inscrito no CADIN, a transferência voluntária será 
destinada para ação vinculada a aplicação na educação, na medida em que os veículos escolares possibilitam que 
jovens das zonas rurais tenham como chegar às escolas e, portanto, a ação é promotora de inclusão desse público-
alvo na coletividade educação, sendo exceção ao impedimento do repasse previsto na LRF. 
 
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO 
ADVOGADO DA UNIÃO 
PROVA DISCURSIVA P3 – QUESTÃO 2 
Aplicação: 1/5/2016 
PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO 
 
 Espera-se que o candidato desenvolva sua resposta com base no que se apresenta a seguir. 
 
1 Para a compra e venda de bens imóveis, em regra, é necessária a realização de escritura pública (art. 108 
do Código Civil). No entanto, o negócio jurídico pode ser realizado por contrato particular, se o valor do bem imóvel 
alienado for inferior a trinta salários mínimos. É válido observar que o art. 108 do Código Civil apresenta a expressão 
valor do imóvel — critério utilizado nesse caso —, e não preço do negócio. De acordo com o Superior Tribunal de 
Justiça (STJ), caso ocorra disparidade entre o valor do imóvel e o preço pago, deve ser utilizado o critério do valor 
real do imóvel — calculado pelo fisco e baseado em critério objetivo e público. No caso em apreço, a utilização do 
instrumento público é essencial para a validade do negócio jurídico que requer, entre outros elementos, “a forma 
prescrita ou não defesa em lei” (art. 104 do Código Civil). O desrespeito à forma caracterizaria nulidade absoluta. 
(STJ. 4.ª Turma. REsp 1.099.480-MG, rel. min. Marco Buzzi, julgado em 2/12/2014 – Info 562.) 
 
2 O denominado bem de família convencional (voluntário) não se confunde com o bem de família legal 
(regimes coexistem em nosso ordenamento). O denominado bem de família convencional é regulado pelo 
Código Civil (arts. 1711–1722) e pode ser instituído pelos cônjuges, pela entidade familiar ou por terceiro. Para a 
instituição de bem de família, é exigida escritura pública ou testamento, qualquer que seja o valor do bem, desde 
que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido das pessoas que fizerem a instituição (art. 1.711 do Código Civil), 
que deverá ser averbada no Cartório de Registro de Imóveis. O Código Civil evidencia que o regime do bem de 
família convencional não se confunde com o legal (art. 1.711, parte final). Na Lei n.º 8.009/1990, estão estabelecidas 
as normas específicas relativas à proteção do bem de família legal, que, em regra, protege o imóvel utilizado para 
residência ou moradia permanente da entidade familiar. Portanto, é possível a instituição de bem de família fora das 
hipóteses previstas na Lei n.º 8.009/1990, observadas as normas previstas nos arts. 1.711–1.722 do Código Civil. 
No caso, o imóvel poderia ser instituído como bem de família voluntário se presentes os requisitos indicados no art. 
1.711 do Código Civil. 
O denominado bem de família legal, previsto na Lei 8.009/90, não se confunde com o regime do bem de 
família convencional (voluntário) regulamentado no Código Civil. 
Na Lei nº 8.009/90, estão estabelecidas as normas específicas relativas à proteção do bem de família legal, 
que tutela o imóvel utilizado para residência ou moradia permanente da entidade familiar, considerado 
como impenhorável.Nesse caso, ao contrário do regime convencional, a proteção dada o imóvel decorre 
diretamente da lei e somente incide nas estritas hipóteses indicadas na norma especial. 
Ainda de acordo com o art. 5º, caput, da lei especial: “Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata 
esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia 
permanente”. 
Portanto, como não estávamos diante de imóvel único, o bem adquirido não poderia ser tido como protegido 
pela Lei 8.009/90, devido ao fato de que Pedro e Maria já residiam e eram proprietários de outro imóvel. 
 
 
3 A fraude contra credores é um instituto de direito material com reflexos processuais, tratado pelo Código Civil 
como defeito do negócio jurídico (arts. 158–165 do Código Civil). São dois os requisitos indispensáveis para que 
uma alienação seja reconhecida como fraude contra credores: a alienação deve gerar uma situação de insolvência 
do devedor (eventus damni — requisito objetivo) e deve ser realizada com a intenção de fraudar (consilium fraudis 
— requisito subjetivo). No caso de existência de fraude contra credores, a invalidade ou a ineficácia — apesar de a 
lei prever anulabilidade do ato, parte da doutrina e parte da jurisprudência consideram o ato ineficaz — deve ser 
reconhecida em ação própria (ação pauliana ou revocatória), cabendo ao credor o ônus de demonstrar a intenção 
de fraudar (no caso, o preço vil pago pelo imóvel seria um indicativo de fraude). Cabe ressaltar que somente os 
credores que já o eram no momento da disposição fraudulenta poderão promover a referida ação pauliana (art. 158, 
§ 2.º, do Código Civil). Desse modo, diferentemente do que ocorre em outra situação de responsabilidade patrimonial 
denominada fraude à execução, a invalidade (ou ineficácia) não pode ser reconhecida na própria relação processual 
originária (execução de título extrajudicial). 
 
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO 
ADVOGADO DA UNIÃO 
PROVA DISCURSIVA P3 – QUESTÃO 3 
Aplicação: 1/5/2016 
PADRÃO DE RESPOSTA DEFINITIVO 
 
 Espera-se que o candidato desenvolva sua resposta com base no que se apresenta a seguir. 
 
1 Classificação dos tratados internacionais quanto ao seu procedimento de conclusão 
 Os tratados internacionais, quanto ao procedimento adotado para a sua conclusão, podem ser celebrados 
sob a forma solene, também denominada bifásica, ou pela forma simplificada, também denominada unifásica. 
 Os tratados solenes, usualmente denominados tratados em sentido estrito, dependem, para a sua 
conclusão, de duas fases de expressão do consentimento: a fase de assinatura e a fase de ratificação. 
A assinatura consiste no ato unilateral por meio do qual os negociadores põem fim às negociações, autenticam 
o texto no idioma original e manifestam a predisposição em celebrar o tratado. Já a ratificação corresponde ao 
ato unilateral por meio do qual o Estado indica seu consentimento definitivo e vinculante bem como assume o 
compromisso de cumprir o tratado no momento em que ele entrar em vigor. 
 Os tratados concluídos sob a forma simplificada são aqueles concluídos em uma única fase, ou seja, a fase 
de assinatura do acordo. Nesse momento, as partes já apõem seu consentimento definitivo em obrigar-se pelo 
pactuado, prescindindo da ratificação e, consequentemente, da intervenção formal do Poder Legislativo. A 
conclusão desse tipo de tratado se dá, na maioria das vezes, por meio de troca de notas, protocolos e memorandos 
de entendimento. 
 
2 Condições para o acordo em questão entrar em vigor nos âmbitos interno e internacional 
Na situação hipotética em questão, o acordo firmado entre a República Federativa do Brasil e determinado 
Estado integrante do MERCOSUL tem por objeto a prestação de assistência e de cooperação mútua para investigar 
e esclarecer as graves violações aos direitos humanos praticadas durante as ditaduras que assolaram os dois países 
em passado recente, limitando-se ao compartilhamento de documentação. 
 
Caso o acordo internacional em questão acarrete encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio 
nacional, ele será classificado como acordo solene e, por consequência, após sua assinatura, deverá ser submetido 
à apreciação do Congresso Nacional para a autorização de ratificação, conforme o art. 49, I, da CF. Sendo 
autorizada, a ratificação deverá ser feita no plano internacional. 
 
No que tange à entrada em vigor do acordo em questão no âmbito internacional, importa destacar que os 
acordos entram em vigor na forma e na data neles prevista ou conforme pactuado pelos Estados negociadores. 
Vejam-se os parágrafos 1 e 2 do art. 24 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados: “Entrada em vigor: 1. 
Um tratado entra em vigor na forma e na data previstas no tratado ou acordadas pelos Estados negociadores. 2. Na 
ausência de tal disposição ou acordo, um tratado entra em vigor tão logo o consentimento em obrigar-se pelo tratado 
seja manifestado por todos os Estados negociadores.” 
 
É, portanto, no momento da ratificação e da posterior entrada em vigor que o acordo internacional adquire 
validade internacional, mas não a sua validade nacional. A promulgação do acordo no âmbito interno, no Brasil, é 
ato de competência do Presidente da República, formalizado por meio de Decreto, fundamentado no art. 84, IV, da 
Constituição, que determina a execução do acordo no âmbito nacional e sua publicação no Diário Oficial da União, 
conferindo-lhe força obrigatória dentro do território nacional. 
 
Do contrário, se o acordo em questão não acarretar encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio 
nacional, ele será classificado como acordo simplificado, dispensando-se a submissão de seu texto à apreciação do 
Congresso Nacional prevista no inciso I do art. 49. Para que esse tipo de acordo entre em vigor, tanto no âmbito 
internacional como no âmbito interno, é necessário que ele seja assinado, o que, nessa hipótese, simboliza o fim 
das negociações e a formalização do acordo. 
 
 
 
O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado por meio de assinatura encontra previsão no 
art. 12, § 1.º, da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969: 
 
O consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado manifesta-se pela assinatura do representante 
desse Estado: a) quando o tratado dispõe que a assinatura terá esse efeito; b) quando se estabeleça, de 
outra forma, que os Estados negociadores acordaram em dar à assinatura esse efeito; ou c) quando a 
intenção do Estado interessado em dar esse efeito à assinatura decorra dos plenos poderes de seu 
representante ou tenha sido manifestada durante a negociação. 
 
 
 
3 Legitimidade dos ministros para assinar o acordo em questão 
 Na situação hipotética em apreço, o acordo deverá ser assinado pelos ministros das Relações Exteriores 
de ambos os Estados signatários. Nesse caso, como condição de validade dos tratados, exige-se a capacidade das 
partes para celebrar tratados, denominada treaty making power, expressão que abrange também a habilitação de 
agentes para celebrar tratados. De acordo com a CF, art. 84, inciso VIII, é competência privativa do presidente da 
República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. Essa 
atribuição do presidente da República não pode ser delegada, por disposição do parágrafo único do referido artigo. 
 Por outro lado, o art. 7.º da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (1969), que trata da capacidade 
dos Estados para concluir tratados, prevê, em seu § 2.º, alínea a, que, em virtude de suas funções e 
independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do Estado os chefes de 
Estado, os chefes de governo e os ministros das Relações Exteriores, no que diz respeito à realização de todos os 
atos relativos à conclusão de um tratado. 
 Assim,tendo em vista que, no art. 7.º da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, está previsto que 
o ministro das Relações Exteriores pode, como representante do Estado por presunção absoluta, celebrar tratados, 
o ministro das Relações Exteriores brasileiro tem legitimidade para celebrar o acordo na situação hipotética em tela.