Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A Teoria da Firma e os Custos de Produção Prof. MSc. Darcy Pedro Thomaz 1. INTRODUÇÃO Bem-vindos à unidade teoria da firma, aspectos relacionados à produção, custos de produção e nível ótimo de produção. Neste segmento do curso, você estudará conceitos básicos de economia relacionados a aspectos específicos de produção. 1. TEORIA DA FIRMA 1.1 Introdução Não podemos negar que as empresas participam de maneira ativa no bem-estar da sociedade, pois são agentes produtores de bens e serviços em quantidades cada vez maiores. Basta observar o nível de vida atual em relação a alguns anos passados. Além disso, a própria diferença de conforto das pessoas entre as nações do mundo causado pelos bens e serviços disponibilizados para o uso. Nos países onde os trabalhadores produzem grande quantidade de produtos por hora de trabalho, grande parte dos cidadãos consegue desfrutar de um padrão de vida elevado. Para ARBAGE (2003), a teoria da empresa tem como objetivo proporcionar as condições fundamentais para o entendimento dos aspectos relacionados à produção de bens e serviços produzidos demandados em uma sociedade. Dentro desse objetivo, seu foco principal estará voltado aos princípios alocativos relacionados à produção no curto prazo, isto é, um período de tempo em que apenas alguns fatores de produção podem ser alterados, tais como mão-obra e insumos. Já o longo prazo se caracteriza pelo tempo suficiente para que todos os fatores sejam modificados. Portanto, no longo prazo, todos os fatores de produção são alteráveis. Nesse enfoque, podemos dizer que os processos de produção ocorrem no curto prazo, embora também utilizem recursos de produção do longo prazo para produzir. 02 Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight 1.2 Conceitos básicos da teoria da produção 1.2.1 Produção Segundo VASCONCELLOS (2009), produção é o processo de transformação dos fatores de produção em bens e serviços para venda no mercado, através da atividade econômica. A produção não se refere apenas aos bens materiais, mas também a serviços, como transportes, atividades financeiras, comércio e outras atividades. Portanto, num processo de produção, os recursos de produção são combinados de maneira a produzir bens e serviços de uso intermediário ou final. Segundo Vasconcellos (2009), o ato de combinar os recursos de produção é denominado de método de produção, que podem ser intensivos no uso de cada recurso de produção, independentemente, ou em conjunto. “Se, a partir da combinação de fatores, for possível produzir um único produto (ou output), teremos um processo de produção simples; se for possível produzir mais de um produto, teremos um processo de produção múltiplo, ou produção múltipla”, (VASCONCELLOS, 2009, p 70). O objetivo é destacar a eficiência no emprego de recursos de produção, que se baseia nos princípios de maximização de rendimentos e/ou minimização de custos. 1.2.2 Função de produção Um produtor de bens e serviços, ao iniciar qualquer atividade geradora de produtos, usa como base as informações do mercado consumidor, que são efetivamente a fonte indicadora para o uso correto dos recursos de produção, para fornecer ao mercado a quantidade de bens e serviços adequados. “A função de produção é a relação que mostra a quantidade física obtida de um produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção, em determinado período de tempo”, (VASCONCELLOS, 2009). Indica o máximo de um produto que se pode produzir a partir da utilização de uma determinada quantidade de um fator de produção variável. Portanto, afirma VASCONCELLOS (2009) que a função de produção admite sempre que o empresário esteja utilizando a forma mais eficiente de combinar os fatores de produção e, assim, obter a maior quantidade produzida Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight do produto. A função de produção representa a materialização da eficiência técnica no processo produtivo de um produto. É a representação da tecnologia utilizada para produção, no universo das tecnologias produtivas disponíveis, que as empresas empregam. Para TROSTER (1999), empresa é uma unidade de produção que combina os fatores de produção para produzir bens e serviços. Essa unidade de produção, que atua racionalmente, procura maximizar os resultados em termos de produção e lucro. Função de produção significa identificar formas de solução de problemas técnicos de produção pela combinação dos fatores de produção utilizados para o desenvolvimento do processo produtivo. Portanto, com base em VASCONCELLOS (2009), é a relação que mostra a quantidade obtida de produto, a partir da quantidade utilizada dos fatores de produção representada por: q = f(x, xx, xxx, xn) Em que: A letra “q” representa a quantidade produzida de bens e serviços em determinado período, x, xx, xxx, xn identificam as quantidades utilizadas de fatores de produção e “f” indica que “q” é a função da quantidade de insumos utilizados. É importante lembrar que a escolha do processo produtivo define a utilização da maior ou menor intensivamente um fator de produção em detrimento dos demais. Assim, escolhido o processo de produção, o resultado das possíveis combinações dos fatores de produção variáveis e fixos são expressos pela referida função de produção. 1.2.3 Fatores de produção fixos e variáveis “Fatores de Produção fixos são os que não variam quando a quantidade do produto varia como, por exemplo, as instalações de uma empresa e a tecnologia”, (VASCONCELLOS, 2009). Esses fatores de produção só se alteram no longo prazo. Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Os fatores de produção variáveis são aqueles cujas quantidades utilizadas variam quando o volume de produção varia. Como exemplo: quando a empresa aumenta a produção, são necessários mais trabalhadores e maior quantidade de matéria–prima. Essa produção é de curto prazo. 1.2.3.1 Produção de curto prazo: Segundo VASCONCELLOS, (2009), na análise de produção no curto prazo, imaginemos uma função de produção simplificada, com apenas dois fatores: um fixo e uma variável. Assim temos: q = f(Na, K) Onde: q= quantidade, Na = Mão de obra, (fator variável) e K = capital (fator fixo). Nesse caso, a quantidade produzida depende somente da modificação da quantidade do fator variável, que é a mão-de-obra. Assim, a função de produção é: q = f(Na). 1.2.3.2 Produção Total Segundo VASCONCELLOS (2009), pode-se conceituar produção como o processo em que uma empresa transforma os fatores de produção em bens e serviços para a venda no mercado. O produto é a quantidade produzida do produto “q” que obtemos do fator variável, mantendo fixos os demais fatores. 1.2.3.3 Produtividade média É o resultado do quociente da quantidade total produzida pela quantidade utilizada desse fator. Teremos então: Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight1.2.3.4 Produtividade Marginal É a relação entre as variações do produto total e as variações da quantidade utilizada do fator de produção, isto é, a variação do produto total, quando ocorre uma variação no fator de produção: 1.2.4 Lei dos Rendimentos decrescentes Na teoria da produção, entendemos a lei dos rendimentos decrescentes como a condição em que, se elevamos a quantidade do fator variável e permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produção inicialmente aumenta em taxas crescentes. A seguir, depois de certa quantidade utilizada do referido fator, a variável continuará a crescer, mas a taxas decrescentes. Se continuarmos aumentando a utilização do fator variável, a produção total chegará a um nível máximo, para depois decrescer. Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Tabela 6.1 Produção e produtividade média e marginal de um favor variável (Vasconcellos, 2009) Terra (fator fixo) (alqueires) (1) Mão-de-Obra (fator variável) (em milhares de trabalhadores) (2) Produto Total (toneladas) (3) Produtividade Média da mão-de-obra (toneladas) (4) = (3) : (2) Produtividade Marginal da mão-de- obra (toneladas) (5) = variação em (3) / Variação em (2) 10 1 6 6,0 6 10 2 14 7,0 8 10 3 24 8,0 10 10 4 32 8,0 8 10 5 38 7,6 6 10 6 42 7,0 4 10 7 44 6,3 2 10 8 44 5,5 0 10 9 42 4,7 -2 Figura 1 – Produto Total (Vasconcellos, 2005) Figura 2 – Produtividade média e marginal (Vasconcellos, 2005) A figura 1 ilustra a teoria dos rendimentos decrescentes, à medida que o produto inicialmente sobe a taxas crescentes, depois a taxas decrescentes, até atingir o limite máximo, para decrescer, em seguida. A figura 2 mostra as curvas de produtividade média e marginal, que foram construídas com as informações do produto total e seu formato mostra a lei dos rendimentos decrescentes. 1.2.5. Fatores de produção no longo prazo Para VASCONCELLOS (2009), os fatores de produção no longo prazo representam a condição de que todos os fatores são varáveis em períodos mais elásticos. Nesse caso, se considerarmos a função de produção com a participação de 2 fatores de produção teremos: q = f(Na, K) Essa hipótese de variação de todos os fatores de produção, inclusive o tamanho da empresa, dá origem aos conceitos de economias ou deseconomias de escala. Nas economias de escala os rendimentos de escala representam a resposta da quantidade produzida a uma variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção. Isso acontece quando a empresa aumenta seu tamanho, ou capacidade de produção. Para VASCONCELLOS, (2009) os rendimentos de escala podem ser: a) rendimentos crescentes de escala, que acontecem quando a variação na quantidade de produto total é mais do que proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. Portanto os rendimentos crescentes de escala ocorrem quando a variação da quantidade do produto total é mais do que o proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. Como exemplo: o aumento de 10% da utilização dos fatores de produção cresce o produto em 20%. Assim, podemos dizer que os rendimentos crescentes de escala são resultados de: maior especialização no trabalho, quando a empresa cresce; a existência de indivisibilidade entre os fatores de produção. Como exemplo: uma siderúrgica que passa de um forno para 2 fornos, pois não há meio forno. E, por conseqüência, ocorre um aumento grande na produção; Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight b) os rendimentos constantes de escala ocorrem quando a variação do produto total é proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. Assim: o aumento em 20% nos fatores de produção utilizados provocará um aumento no produto em 20%; c) os rendimentos decrescentes de escala ocorrem quando a variação do produto é menor do que o proporcional à da utilização dos fatores de produção. Como exemplo: Um aumento na utilização dos fatores de produção em 15% gera um crescimento no produto de 12%. Essa situação ocorre por que o poder de decisão e a capacidade gerencial e administrativa são indivisíveis e incapazes de aumentar, portanto pode ocorrer uma descentralização nas decisões que faça com que o aumento de produção obtido não compense o investimento feito na ampliação da empresa. “A causa geradora dos rendimentos decrescentes de escala reside no fato de o poder de decisão e a capacidade gerencial e administrativa serem “indivisíveis e incapazes de aumentar”; ou seja, pode ocorrer uma descentralização nas decisões que faça com que o aumento de produção obtido não compense o investimento feito na ampliação da empresa, (VASCONCELLOS, 2009, p 78). 2. CUSTOS DE PRODUÇÃO Sabe-se que para produzir é necessário usar recursos de produção que geram custos. Os custos são determinados pelo valor dos fatores de produção que as empresas utilizam para produzir bens e serviços. Assim, entendemos que os custos dependerão de como os fatores produtivos empregados na produção são remunerados. “Custo é um sacrifício necessário para produzir um bem ou serviço”, (MÜLLER, 2004). Dentre as ferramentas usadas para verificar a rentabilidade econômica das empresas e propriedades rurais está análise de custos. O correto controle dos custos de produção permite uma visão mais clara da rentabilidade da atividade produtiva desenvolvida e facilita um diagnóstico mais preciso da verdadeira condição econômica da empresa rural, frente às diversas atividades Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight de culturas e explorações desenvolvidas, pois os custos correspondem ao desembolso de recursos financeiros aplicados à produção de produtos. Os principais objetivos do estudo da teoria dos custos são: 1. Proporcionar o conhecimento dos princípios teóricos que podem auxiliar na administração das empresas e propriedades agrícolas, 2. Fornecer instrumentos importantes para a elaboração de políticas para as empresas e o setor agrícola, ARBAGE (2003), afirma que estudo dos custos é um referencial teórico importante que deve ser abordado de maneira conjunta ao estudo do sistema produtivo em que a empresa ou propriedade agrícola está inserida, por que é uma ferramenta importante no diagnóstico e determinação do sistema de produção de uma organização, como suporte para a visão completa de uma unidade de produção, principalmente voltada para a agricultura. Com certeza, é difícil administrar qualquer empresa sem uma estimativa ou conhecimento dos custos de produção da organização, bem como dos rendimentos de todo sistema envolvido na referida produção. Portanto, o conhecimento dos custos de produção fornece aos produtores um indicativo para a escolha dos métodos de produção mais adequados em relação às características estruturais da atividade econômica. Segundo MÜLLER (2004), os custos afetam de diferentes formas os processos produtivos e, inclusive, não se traduzem em desembolsos imediatos para as organizações de produção. Eles são os chamados custos sociais, tais como a poluição sonora, a poluição dos rios e demais mananciais hídricos e da atmosfera, as dificuldades causadas por um maior tráfego de veículos,ocupação e freqüência desordenada de locais públicos, exploração desregrada das margens dos mananciais hídricos causando assoreamentos. Ivan Passos Highlight Existem também os custos que representam o sacrifício que a empresa faz para produzir um bem ao usar os recursos de produção, deixando de produzir com eles outro bem ou serviço, que geraria alguma receita alternativa. Conforme MENDES (2004), a esses desembolsos denomina-se custo de oportunidade, ou econômico. São estimados pela receita líquida que uma empresa deixa de auferir na segunda atividade possivelmente mais rendosa. Porém, sabemos que os custos que aparecem com mais facilidade são aqueles que se traduzem em desembolsos e compõem as planilhas de custos dos produtos gerados pelas empresas. Como já vimos no conteúdo que trata mais especificamente da produção, o objetivo básico das empresas é a maximização de resultados pela realização da atividade produtiva, por isso, as unidades de produção procurarão sempre obter a máxima produção possível através da combinação dos fatores de produção com o objetivo de buscar os melhores resultados, que, para VASCONCELLOS (2009), poderão ser alcançados quando uma unidade de produção: a) Maximiza a produção para um dado custo total, b) Minimiza o custo total para um dado nível de produção, ou c) Consegue executar, excepcionalmente até as duas condições. 2.1 Custos totais de produção Diz ainda VASCONCELLOS (2009), que conhecidos os preços dos fatores de produção, podemos determinar o custo total de produção ótimo para cada nível de produção. Assim, podemos dizer que custo total de produção é o total dos gastos realizados pela unidade de produção com a utilização da combinação mais econômica dos fatores de produção, obtendo-se assim, com esse desembolso, determinada quantidade de bens e serviços. Os custos totais de produção (CT) se dividem em custos variáveis totais (CVT) e custos fixos totais (CFT): CT= CVT + CFT Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Por custos fixos totais entendemos os custos de uma empresa que independem da produção, no curto prazo. São os gastos com fatores fixos de produção, tais como aluguéis, seguros, encomendas, administração, etc. Esses custos também são os chamados custos indiretos. Com os programas de redução de gastos das empresas, esses custos são os mais visados, pois, neles é que geralmente, aparecem as maiores gorduras. Os custos variáveis totais são os custos ligados à produção e se alteram proporcionalmente com a quantidade, ou volume de produção. Representam os desembolsos com os fatores variáveis de produção, como a folha de pagamento dos empregados da fábrica, os gastos com a compra de matéria- prima. Na prática, representam uma proporção fixa dos custos finais dos produtos. São os chamados custos diretos. Figura 3 – Função de Custo Total, Custo Fixo e Custo Variável, segundo a ótica da economista (Müller, 2004) Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Do ponto de vista teórico, os custos de produção são definidos como a soma dos valores de todos os recursos utilizados no processo produtivo de uma atividade econômica agrícola ou industrial, em certo período de tempo. Como na teoria da produção, a análise dos custos de produção pode ser no curto e longo prazo. Portanto, a estimativa do custo de produção está ligada à gestão da tecnologia empregada, que denominamos de alocação eficiente dos fatores de produção. 2.1.1. Custos de produção de curto prazo: No caso da agricultura, o curto prazo é uma safra, que corresponde ao período gasto para produção de certa atividade agrícola. O curto prazo é o tempo mínimo para completar o ciclo de produção. É o período entre a aplicação dos recursos e a resposta dos mesmos recursos em forma de produto. Portanto, é um período de tempo tão curto que o produtor não poderá alterar as quantidades dos fatores de produção fixos, como benfeitorias, equipamentos e terras. Vimos que as empresas realizam a produção usando fatores fixos e variáveis. É sensato, também imaginar, que as organizações necessitam obter receitas que, ao menos, cubram todos os gastos referentes à produção de bens e serviços. Agora, imaginemos uma empresa qualquer que atua no mercado com apenas um fator de produção fixo e um fator de produção variável representado pela mão-de-obra. Assim, essa empresa só poderá aumentar ou diminuir a produção pela utilização do fator de produção mão-de-obra já que, no período de curto prazo, sua capacidade produtiva não aumentará e nem diminuirá de tamanho. Como o custo fixo total fica inalterado, o custo total de curto prazo variará apenas em decorrência de modificações no custo variável total. 2.1.1. Custos fixos Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Denominamos de custos fixos, aqueles desembolsos que no curto prazo não são alteráveis, ou têm duração superior ao tempo estabelecido e são considerados como fixos mesmo que o volume de produção oscile. Em termos práticos, são os recursos que o produtor rural não precisa repor no curto prazo, pois o seu desgaste acontece no longo prazo. No curto prazo, a empresa deverá repor apenas a parcela relativa à sua vida útil para que a propriedade não se descapitalize. Para exemplificar, imaginemos que um produtor rural arrenda uma determinada área de terra para trabalhar e estabelece por contrato que o arrendamento custará um valor fixo de reais por ano, independente da produção. Portanto, durante este período ele arcará com o arrendamento, qualquer que seja o seu nível produtivo e terá uma disponibilidade fixa das instalações da propriedade. Os custos fixos, em geral, são computados na forma de depreciação, imposto territorial rural, salários dos empregados permanentes da fazenda. Os custos fixos determinam o tamanho do empreendimento, pois são eles que limitam o volume de produção. Assim, podemos considerar custos fixos aqueles correspondentes aos recursos que: a) Não são assimilados totalmente pelo produto no curto prazo, portanto, consideramos apenas a parcela de sua vida útil, por meio da depreciação, b) No caso da depreciação, do ponto de vista do fluxo de caixa, estes custos serão reembolsados no longo prazo. No caso, do curto prazo, só será considerada a depreciação do período de uso, [ c) Não são facilmente alteráveis no curto prazo e seu conjunto determina a capacidade de produção, também denominada de escala de produção. Depreciação é a perda do valor de um ativo ao longo de sua vida útil. Incide sobre os ativos que permanecem por mais de um ciclo produtivo numa propriedade como as terras, instalações físicas, benfeitorias, implementos agrícolas, máquinas, equipamentos, árvores frutíferas, calagem, lavouras, cercas, matrizes, reprodutores, obras de irrigação e drenagem e outras. No agronegócio a depreciação dos bens relacionados no parágrafo anterior, se enquadra como custos fixos. E o procedimento usualmente recomendado é de que sejam calculados os valores de depreciação destes ativos e rateados por critérios relacionados às diferentes explorações Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight econômicas desenvolvidas na fazenda. Estes critérios podem ser de proporcionalidade no uso do ativo relativamente ao percentual de área ocupada na propriedade, ou de acordo com a proporcionalidadede rendimento das atividades produtivas. 2.1.2 Custos variáveis Os custos variáveis referem-se às obrigações ou desembolsos de recursos que determinam ou participam diretamente da produção. Portanto, os custos variáveis são custos que variam diretamente com a magnitude do processo produtivo. E, em relação ao agronegócio, mais especificamente dentro da porteira, são os custos das aquisições de herbicidas, fertilizantes, defensivos, alimentação, medicamentos, manutenção, sementes, óleo diesel, mão-de-obra temporária, ou eventual, entre outros. Portanto, podemos definir os custos variáveis como: a) Aqueles custos que se referem aos gastos com insumos que se incorporam totalmente aos produtos no curto prazo e não são aproveitados ou claramente aproveitados para outra safra, b) Aqueles custos que são alteráveis no curto prazo, isto é, durante a safra podem ser modificados, c) Aqueles recursos de produção que exigem desembolsos para o custeio durante a safra. Uma fazenda precisa conseguir receitas que cubram ao menos todos os gastos referentes aos custos variáveis no curto prazo. Caso contrário, a propriedade terá que cobrir o prejuízo da atividade com outras fontes de recursos. Situação que não pode acontecer por períodos longos, pois pode haver uma inviabilizarão total da propriedade. Portanto, toda atividade deverá cobrir os custos variáveis, no curto prazo, para que seja viável a produção. 2.1.3 Custos médios e Marginais O custo total médio é obtido por meio do quociente entre o custo total e a quantidade produzida. O custo total médio é o custo por unidade produzida de um produto. O custo total médio aparece assim: CTMe ou Cme. Portanto: Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight O custo variável médio é o quociente entre o custo variável total e a quantidade produzida. O custo total médio aparece assim: CVMe. Portanto: O custo fixo médio é o quociente entre o custo fixo total e a quantidade produzida. O custo fixo total é representado assim: CFMe. Portanto: O custo marginal é fornecido pela variação do custo total em resposta a uma variação da quantidade produzida. O custo marginal é representado pela sigla: CMg. Assim: Como o custo fixo total não se modifica com a variação da produção, no curto prazo, o custo marginal é determinado pela variação do CVT. Tabela 2 - Custos de Produção (Vasconcellos, 2009) Produção total (Q/dia) (1) Custo fixo total (CFT) R$ (2) Custo variável total (CVT) R$ (3) Custo total (CT) R$ (4) = (2) + (3) Custo fixo médio (CFMe) R$ (5) = (2) : (1) Custo variável médio (CVMe) R$ (6) = (3) : (1) Custo médio (Cme) R$ (7) = (4) : (1) Custo marginal (CMg) R$ variação em (4) / variação em (1) 0 10,00 0 10,00 - - - - 1 10,00 5,00 15,00 10,00 5,00 15,00 5,00 2 10,00 8,00 18,00 5,00 4,00 9,00 3,00 3 10,00 10,00 20,00 3,33 3,33 6,67 2,00 4 10,00 11,00 21,00 2,50 2,75 5,25 1,00 5 10,00 13,00 23,00 2,00 2,60 4,60 2,00 6 10,00 16,00 26,00 1,67 2,67 4,33 3,00 7 10,00 20,00 30,00 1,43 2,86 4,28 4,00 8 10,00 25,00 35,00 1,25 3,13 4,38 5,00 9 10,00 31,00 41,00 1,11 3,44 4,56 6,00 10 10,00 38,00 48,00 1,00 3,80 4,80 7,00 11 10,00 46,00 56,00 0,91 4,18 5,09 8,00 Figura 4 – Curvas de custos totais (Vasconcellos, 2005) Figura 5 – Curvas de custos médios e marginais (Vasconcellos, 2005) CT CT = CFT + CVT CFT CVT CTMe = CT / q Ou CTMe = CFMe + CVMe CFMe = CFT / q CFMe = CT / q Ou CFMe + CVMe = CTMe CopT CopT = CopFT + CopVT CopFT CopVT Figura 6 – Representação esquemática dos custos de produção (Reis, 2004) Figura 7 – Representação gráfica dos custos médios de produção (Reis, 2004) Podemos observar pelas figuras que mostram as curvas de custos que, com o aumento das quantidades produzidas, os custos totais crescem, com exceção dos custos fixos. E os custos médios e marginais, porém podem ser decrescentes em certa etapa do processo produtivo. As curvas que mostram o custo variável médio, o custo total médio e o custo marginal têm o formato em U e primeiro decrescem, para depois crescerem. Isso acontece porque, no início do processo de produção, as empresas trabalham com capacidade ociosa de capital. Assim o custo total cresce menos que a produção, fazendo com que os custos médios e marginais decresçam. Porém, após certo nível de produto o custo total passa a crescer mais que o aumento de produção e os custos médios e marginais passam a ser crescentes. Como o custo fixo médio tende a zero, quando aumenta o volume de produção, o custo total médio tende, no limite, a se igualar ao custo variável. Porém, a curva do custo marginal corta as curvas do custo médio e variável no ponto mínimo dessas duas. É a lei dos custos crescentes, que na teoria da produção representa a lei dos rendimentos decrescentes. 2.1.4 Custos totais de longo prazo: Conforme ARBAGE, (2003) o longo prazo é o período de tempo em que o empresário pode alterar todos os fatores de produção, modificando assim o tamanho do empreendimento. Portanto, como já estudamos, no longo prazo todos os fatores de produção tornam-se variáveis, favorecendo possibilidades de planejamento da produção. Esse é o momento para se adotar medidas de correção das falhas cometidas no processo produtivo e buscar novos rumos para a definição das quantidades ótimas dos fatores a serem utilizados, das quantidades e níveis de diversificação de produtos a serem produzidos. Como na produção, os custos são formados unicamente por custos variáveis, isto é, no longo prazo, não existem custos fixos. Portanto, os custos totais correspondem aos custos variáveis. É importante lembrarmos que o comportamento do custo total e do custo médio de longo prazo está relacionado ao tamanho da planta escolhida para operar. No longo prazo, o custo médio é o mais estudado, pois fornece ao empresário uma visão de produção do ponto de vista de escala, levando-se em conta suas possibilidades econômicas, capacidade de financiamento, mercado para seus produtos e a produção esperada. A curva de custo médio de longo prazo terá formato em U, como no custo médio de curto prazo, devido à existência de rendimentos ou economias de escala, pois o tamanho da empresa está variando a cada ponto da curva. A curva do custo médio de longo prazo é formada pelo somatório dos pontos mínimos das curvas de custo médio de curto prazo, que são formadas por uma quantidade fixa de um fator de produção. Figura 8 – Representação gráfica da curva de custo médio de longo prazo denominada de curva envoltória. Esta denominação surge da constatação de que a CmeLP é formada pelos pontos de menor CmeCP. (ARBAGE, 2003) Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Essa condição dos custos médios indica que inicialmente os custos caem e, a partir do aumento do tamanho da planta, atingem um mínimo para depois aumentarem. Esse é o comportamento típico da chamada economia de escala. As razões que proporcionam as economias de escala são: a) A divisão e a especialização do trabalho que proporcionam maior racionalidade produtiva e, por conseqüência, um aumento na produtividade do fator de produção trabalho. b) As indivisibilidadestecnológicas que estão contidas em equipamentos, ou máquinas, como, por exemplo, um trator. Existe um tamanho mínimo de uma propriedade para que este equipamento seja utilizado para que proporcione a maximização dos rendimentos econômicos. A subutilização proporcionará uma diminuição na eficiência técnica em relação ao custo benefício e a fazenda trabalhará com custos médios maiores. c) A diluição do risco de produção com o aumento da produção que tende a reduzir a incerteza de mercado, bastante significativa, em pequenos empreendimentos. d) Economias nas compras de insumos e na venda dos produtos, que com maiores volumes de compras e vendas propiciam um maior poder de negociação com os agentes envolvidos. Porém, a partir do menor custo médio a função de custos de longo prazo tende a se elevar, devido às chamadas deseconomias de escala. Isso acontece por causa de maiores gastos administrativos, maior burocracia e uma maior tendência de dependência do setor fornecedor de insumos. Assim, recomenda- se que o produtor escolha os investimentos alternativos com relação ao tamanho do investimento, levando em conta: a) A expectativa de lucros de curto e médio prazo a serem auferidos, b) Mercado para o produto, c) Disponibilidade de recursos para investir, d) Possibilidades de médio e longo prazo para a produção, e e) Mercado fornecedor de insumos. Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight É importante saber que os produtores, ao dimensionarem o tamanho da planta, planejam trabalhar com uma capacidade de reserva, pois esta capacidade produtiva pode lhes permitir alternativas de mercado importantes, principalmente em um cenário de competição, mais acirrada, como a atual. 4.3 Diferenças entre uma visão econômica e uma visão contábil dos custos de produção Para VASCONCELLOS (2009), em linhas gerais, podemos dizer que a visão econômica é mais genérica, vendo mais o mercado, enquanto na visão contábil a preocupação centra-se mais no detalhamento dos gastos da empresa específica. As principais diferenças decorrentes da diferente visão podem ser assim vistas: custos de oportunidade e custos contábeis; externalidades; custos e despesas. 4.3.1 Custos econômicos ou de oportunidade São os que representam o retorno que o capital utilizado na atividade estaria proporcionando se fosse aplicado em alternativas de produção. São os custos implícitos, referentes, por exemplo, aos insumos que pertencem à empresa e que não envolvem um dispêndio monetário. Portanto, permite verificar se é viável, do ponto de vista econômico, e empreendimento em questão, desde que seu retorno financeiro seja igual ou superior às alternativas de uso do capital, como taxas de juros, aluguéis, rentabilidade de outras atividades. No caso da agricultura, o custo de oportunidade representa a remuneração normal do capital e do trabalho alocados na atividade agrícola. Para VASCONCELLOS (2009), os custos de oportunidade representam: Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight a) O capital que permanece parado no caixa da empresa e corresponde aquilo que a empresa poderia ganhar se aplicasse esse capital no mercado financeiro, b) Quando a empresa está instalada em prédio próprio, ela deve imputar um custo de oportunidade correspondente ao que ganharia se alugasse o imóvel e usasse o valor correspondente ao do prédio em outra aplicação financeira, c) Quanto os produtores ganhariam se aplicassem os recursos em outras atividades, (custo de oportunidade do capital). d) Também indica quanto a empresa deve pagar aos assalariados para mantê- los empregados, que seria o salário potencial em outra atividade, (custo de oportunidade da mão-de-obra). Portanto, a visão econômica de custos considera além dos custos contábeis, os custos de oportunidade, pois assim estariam refletindo os custos de todos os fatores de produção envolvidos numa atividade econômica, inclusive a capacidade empresarial. 4.3.2 Custos contábeis VASCONCELLOS, (2005), escreveu que os custos contábeis são os custos normalmente conhecidos na contabilidade das empresas. São os custos explícitos que sempre envolvem um dispêndio monetário. É o gasto que realmente aconteceu para que ocorresse uma atividade econômica. Para REIS (2004), Custos contábeis são todos os custos que exigem desembolsos monetários para a execução de atividades produtivas, para sua reposição, como gastos com a compra de insumos, pagamento de aluguéis, pagamentos de salários dos empregados, manutenção, despesas gerais, como as depreciações dos recursos fixos segurança e outros. O custo contábil também é denominado de custo operacional que, como já vimos, é dividido em custo fixo, composto pelas depreciações e o custo operacional variável, constituído pelos gastos efetivos. Estes custos fornecem ferramentas de análise para a tomada de decisão, em casos em que os retornos financeiros sejam inferiores aos custos de alternativas econômicas, representadas pelos custos de oportunidade. Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight 4.3.3 As externalidades ou economias externas “As externalidades podem ser definidas como as alterações de custos e benefícios para a sociedade derivadas da produção das empresas urbanas e rurais. Propiciam alterações de custos e receitas das empresas por causa de fatores externos”, (VASCONCELLOS, 2009). As externalidades podem ser positivas e negativas. 4.3.3.1 Externalidades positivas Segundo VASCONCELLOS (2009), ocorrem quando uma unidade econômica cria benefícios para outras, sem receber pagamento por isso, ou seja, uma empresa treina mão-de-obra, que após o treinamento acaba se transferindo para a outra empresa, a beleza do jardim do vizinho, que valoriza sua casa, a urbanização de uma determinada região da cidade executada por uma loteadora, que valoriza o se terreno, uma nova estrada vicinal, uma recomposição ambiental, um reflorestamento... 4.3.3.2 Externalidades negativas Para VASCONCELLOS (2009), as externalidades negativas acontecem quando uma unidade econômica gera custos para outras empresas, sem pagar por isso. Por exemplo, a poluição e o congestionamento causados por automóveis, caminhões e ônibus em certas regiões urbanas, por causa de uma universidade, clube, ou estádio de futebol. O lançamento de resíduos ou lixo causados por uma indústria que polui um rio e impõe custos à atividade pesqueira, ou tratamento de água, a construção de uma barragem. O escorrimento direto para os rios ou mananciais de dejetos sem tratamento por causa da produção de suínos nas fazendas. As externalidades implicam em custos privados e custos sociais e devem ser levados em conta na avaliação social e a avaliação privada dos investimentos. Para exemplificar, imaginemos a construção de uma estrada, ou ponte, onde para a construtora importam os custos efetivos, como mão-de-obra Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight e materiais. Já na ótica social devemos avaliar as externalidades provocadas pelo empreendimento, que podem ser positivas, como o aumento de postos de trabalho e o comércio da região, ou negativas, pela poluição do meio ambiente, ou assoreamento do rio. 4.3.3.3 Custos versus despesas Para um maior entendimento, é importante diferenciar custos de despesas,embora nos conceitos microeconômicos não se faça uma distinção profunda sobre o assunto. Para VASCONCELLOS, (2009), na visão contábil, custos são os gastos associados ao processo de fabricação de bens e serviços. Assim, os custos se classificam em custos diretos fixos ou indiretos e custos variáveis ou diretos. Os custos fixos referem-se, por exemplo, aos salários da administração, aluguéis de instalações da administração, depreciação dos equipamentos e das instalações, retorno sobre o capital fixo e proposição para riscos. Os custos variáveis são, por exemplo, o salário d mão-de-obra direta, custos sobre insumos e componentes, gastos correntes com estoque de capital, como energia, manutenção e reparação. As despesas estão ligadas ao exercício social e alocadas para o resultado geral do período. Para facilitar o entendimento, as despesas seriam relacionadas a gastos financeiros, comerciais e administrativos. 4.4 Ganhos da firma Com o processo de produção de bens e serviços (BS), as firmas almejam uma compensação para as atividades criadoras de riquezas. Portanto, a compensação significa o ganho pelo esforço da empresa para realizar a produção. Neste caso, entendemos como o esforço os custos despendidos para produzir bens e serviços. O resultado obtido ou advindo do esforço que gera a produção, denominamos de rendimento ou receita recebidos pela venda da produção no mercado. Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight A receita total se calcula pela multiplicação do preço unitário de um produto e a quantidade do referido produto. Assim: RT = qp x pu Onde: RT = receita total de vendas do produto, qp = quantidade do produto, pu = preço unitário do produto. Tomando como base a teoria marginalista, entendemos que as empresas têm como objetivo primordial a maximização de lucros. Definimos como lucro total a diferença entre as receitas de vendas de uma empresa e seus custos totais de produção. Assim: U = RT - CT Onde: U = lucro total, RT = receita total de vendas, CT = custo total de produção. Assim, segundo VASCONCELLOS (2005), entende-se que a empresa, desejando maximizar os lucros, escolherá o nível de produção onde a diferença positiva entre a receita total e o custo total seja a maior possível. É importante também conhecermos a receita marginal, que corresponde ao acréscimo da receita total de uma empresa, quando essa unidade de produção vende uma unidade adicional de seu produto. A receita marginal é vista como RMg. Também como já vimos, o custo marginal (CMg) é o acréscimo do custo total de produção de uma empresa, quando essa organização produz uma unidade adicional de seu produto. Para melhor entendermos os mecanismos de ganhos das empresas podemos usar algumas ferramentas que nos auxiliam, como a receita média (RMe) e a receita marginal (RMg). A receita média podemos representar assim: Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight A receita marginal, representamos pela fórmula: 4.5 Maximização dos lucros Em VASCONCELLOS (2005), encontramos que a teoria neoclássica tem como ponto fundamental o entendimento de que as empresas têm como objetivo central a maximização de lucros representados, pela diferença entre as receitas das vendas das empresas e os custos totais da produção, como já vimos anteriormente. Assim: U= RT-CT É razoável que uma empresa, desejando maximizar os lucros, escolherá o nível de produção onde ocorra a maior diferença positiva entre a receita total (RT) e o custo total de produção (CT), que somente acontece quando a RMg – CMg = 0, ou seja, RMg = CMg. Entendemos, então que a maximização dos lucros ocorrerá no nível de produção quando a receita marginal da última unidade produzida seja igual ao custo marginal desta última unidade produzida: RMg = CMg O princípio da maximização supõe que a empresa esteja num ponto de produção em que a receita marginal supera o custo marginal (RMg > CMg), por que nesse ponto, o empresário desejará aumentar a produção, pois cada unidade adicional produzida aumenta o lucro, já que a receita marginal é maior do que o custo marginal. Suponhamos agora uma outra situação de produção: RMg < CMg. Nesse caso, a empresa terá interesse em diminuir a produção, pois cada unidade adicional que deixa de ser fabricada aumenta seu lucro, pois seu custo marginal (CMg) é maior do que a receita marginal (RMg). Assim, o empresário fabricará a quantidade de seu produto no ponto em que RMg = CMg, pois desse modo seu lucro total será maior. Ivan Passos Highlight Ivan Passos Highlight Tabela 3 – Maximização do lucro total* (Vasconcellos, 2009) Produção e vendas (por dia) (1) Custo total (CT) R$ (2) Preço unitário de mercado (P) R$(3) Receita Total (RT) R$ (4) = (3) x (1) Lucro total (LT) = RT – CT R$ (5) = (4) – (2) Custo Marginal (CMg) R$ (6) = variação em (2)/ variação em (1) Receita Marginal (RMg) R$ (7) = variação em (4) / variação em (1) 0 10,00 5,00 0 -10,00 - - 1 15,00 5,00 5,00 -10,00 5,00 5,00 2 18,00 5,00 10,00 -8,00 3,00 5,00 3 20,00 5,00 15,00 -5,00 2,00 5,00 4 21,00 5,00 20,00 -1,00 1,00 5,00 5 23,00 5,00 25,00 12,00 2,00 5,00 6 26,00 5,00 30,00 14,00 3,00 5,00 7 30,00 5,00 35,00 15,00 4,00 5,00 8 35,00 5,00 40,00 15,00 5,00 5,00 9 41,00 5,00 45,00 14,00 6,00 5,00 10 48,00 5,00 50,00 12,00 7,00 5,00 11 56,00 5,00 55,00 -1,00 8,00 5,00 * Supondo uma firma em mercado de concorrência perfeita. Para concluirmos o raciocínio, é razoável supormos a RT > CT, no ponto do lucro máximo, o que significa que a empresa não leva prejuízo em toda sua escala de produção. Portanto, podemos verificar no gráfico abaixo que o lucro máximo ocorre no ponto onde a inclinação da curva de custo total, que é o CMg, tem a mesma inclinação da curva da receita total, dada pela RMg. Isso ocorre onde Q = Qo, que mostra a diferença entre a receita total e o custo total máxima: RT – CT = AB. Nesse ponto a declividade da curva de custos e de receita total é a mesma, pois a reta que tange a curva de custos (t) é paralela a reta de receita total (RT). Figura 9 – Receita, Custo e Lucro Máximo (Müller, 2004) Resumo Nesta unidade, da teoria da firma e dos custos de produção, aprendemos as condições fundamentais para o entendimento da produção dos bens e serviços produzidos e demandados em uma sociedade. Para tanto estudamos a produção no curto prazo e no longo prazo, a função de produção, os fatores de produção fixos e variáveis, as ferramentas que dão suporte para uma análise de resultados de produção, como a produtividade média, a produtividade marginal, a lei dos rendimentos decrescentes. Os custos de produção que fornecem ferramentas para verificar e analisar a rentabilidade econômica e o ganho das empresas e propriedades rurais. Para tanto, propiciam o conhecimento dos princípios que podem auxiliar na administração das referidas organizações, bem como, disponibilizam instrumentos para a elaboração de políticas de apoio aos sistemas produtivos, mostrando aos produtores um indicativo sobre os métodos de produção mais adequados, pois afetam de diferentes maneiras os processos produtivos. Há custos que não se traduzem em desembolsos imediatos.São os custos sociais. Outras vezes, as empresas realmente realizam desembolsos para produzir produtos, mas com a necessidade de escolha na produção de um produto “A” ou produto “B”. São os custos de oportunidade. Porém, os custos que aparecem com mais facilidade são aqueles desembolsos que compõem as planilhas de custos dos produtos gerados pelas empresas. O grande objetivo das empresas, no geral, é maximizar lucros. Para tanto precisam maximizar a produção para um dado custo total, minimizar custo total para um dado nível de produção, ou, até as duas alternativas conjuntas. Os desembolsos das empresas correspondem aos gastos fixos e variáveis, realizados para produzir bens e serviços no curto e no longo prazo. Os custos merecem um acompanhamento especial e permanente, como ferramenta de análise de resultados das organizações, em geral, mas, com maior severidade, as empresas rurais que possuem características específicas de produção. REFERÊNCIAS ARBAGE, Alessandro Porporatti. Economia Rural, Chapecó, 2003, Argos MENDES, Judas Tadeu Grassi. Economia Fundamentos e Aplicações. São Paulo: PEARSON (Prentice Hall), 2004. SILVA, Fábio Gomes; TÍMACO, Fauzi. Economia aplicada à Administração. São Paulo: Futura, 1999. MÜLLER, Antônio. Manual de Economia Básica. Petropolis: Vozes, 2004. VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manoel E. Fundamentos de Economia. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. VASCONCELLOS, Marco Antônio S.; GARCIA, Manoel E. Fundamentos de Economia. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MOCHÓN, Francisco, Princípios de Economia. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2006. PINHO, Diva Benevides, VASCONCELLOS, Marco A. S. de, org. MANUAL DE INTRODUÇÃO À ECONOMIA, São Paulo, Saraiva, 2006.
Compartilhar