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Prisão em Flagrante - Direito Processual Penal II

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Canela, junho de 2019
PRISÃO EM FLAGRANTE
“Prisão em flagrante”
Vamos partir do princípio para entender.
O que é uma prisão em flagrante?
A prisão em flagrante é uma das três espécies de prisão provisória previstas na legislação brasileira, ao lado da prisão preventiva e da temporária.[1: Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva. ]
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
 Toda prisão em flagrante deve ser analisada pelo juiz, que pode relaxar a prisão em caso de ilegalidade, convertê-la em prisão preventiva ou possibilitar que o acusado responda ao processo em liberdade.
DISTINÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES DA PRISÃO CAUTELAR NA ESPERA PROCESSO PENAL
O Código de Processo Penal Brasileiro admite como espécies de prisão provisória; a prisão em flagrante; a prisão resultante de pronúncia; a prisão resultante de sentença condenatória que não faculta recurso em liberdade; a prisão temporária, e a prisão preventiva stricto sensu.
Prisão em flagrante é a prisão provisória efetuada quando a infração penal está ocorrendo ou acaba de ocorrer, quando o delito está flamado, queimado (é estado de flagrância). E vai muito além da “voz de prisão”. Trata-se de forma de cerceamento momentâneo da liberdade de quem é encontrado praticando um crime (por isso, se chama “prisão”). O seu objetivo, dentre outros, é evitar a consumação ou o exaurimento do crime, a fuga do possível culpado, garantir a colheita de elementos informativos e assegurar a integridade física do autor do crime e da vítima.[2: A prisão só pode ser efetuada no interior de residência durante o dia em razão de flagrante ou mediante apresentação de mandado de segurança judicial, durante a noite, apenas no caso de flagrante delito no interior da residência.][3: São assegurados ao preso provisório especial: alojamento condigno, alimentação, uso de vestuário próprio, assistência a advogado, assistência médica, visitas de parentes e amigos em horários previamente determinados.]
Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
2.2	PRAZO DA PRISÃO EM FLAGRANTE: A Lei 12.403, que entrou em vigor no dia 4 de julho de 2011, trouxe algumas mudanças quanto à prisão em flagrante. O artigo 306 determina que “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”. O parágrafo 1º, do dispositivo, determina que o auto de prisão em flagrante seja encaminhado ao juiz competente em até 24 horas após a realização da prisão. Por mais que não se fale em contraditório nesta fase, esta comunicação permite que, em hipótese de ilegalidade da prisão, o defensor público possa atuar em prol do autuado.
Dentro da prisão em flagrante ainda temos três tipos de situações de flagrantes que autorizam a prisão: 
3.1	FLAGRANTE PRÓPRIA: Quando o agente está cometendo a infração ou acaba de cometê-la. (artigo 302, I e II CPP). É o caso do agente surpreendido praticando o homicídio ou visto saindo da cena do crime carregando o corpo da vítima, com a faca suja de sangue na cinta.
3.2	FLAGRANTE IMPRÓPRIO: (OU QUASE FLAGRANTE), ocorre quando o agente é perseguido logo após o ilícito, em que faça presumir ser ele o autor da infração (artigo 302, III). Entende-se que logo após significado o tempo necessário para a comunicação do crime, uma rápida investigação sobre a autoria e a imediata perseguição. Embora a lei não indique a duração do logo após a melhor doutrina considera que o estado de flagrância continua enquanto continuar a perseguição (RT639/390), conforme exemplo citado abaixo no link [4: Os termos logo após e logo depois, que são sinônimos, há muito têm atormentado os juristas, que tentam definir o tempo contido em tais expressões. No flagrante impróprio (logo após) é necessário que a perseguição ao agente seja iniciada quase que imediatamente. O Art, 302, III, deixa bem claro que não há limite para a duração da perseguição iniciada logo após. Enquanto o agente for perseguido, pendurará a situação de flagrante.]
3.3	FLAGRANTE PRESUMIDO: (OU FICTA), é aquela em que o agente é encontrado logo depois, com instrumento, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor da infração (artigo 302, IV). O tempo contido na expressão logo depois também não é delimitado pela lei. Mas exige-se que “O encontro se dê em ato sucessivo ao delito, logo depois da prática do crime.[5: No flagrante impróprio (logo depois) neste caso, o tempo para a prisão deve ser curto, horas. Assim tem-se como legitimo o flagrante, atendida a flexibilidade cronológica da expressão “logo depois”, de homicídio que estava sendo procurado e foi encontrado 13 horas após o crime, ainda com o veículo e a arma utilizados por ele utilizados.]
Antes da reforma processual, a prisão era cautelar por excelência no processo penal Brasileiro. 
do doutrinador “prisão é a Conforme lição privação de liberdade de locomoção determinada por ordem escrita da autoridade competente ou EM CASO DE FLAGRANTE DELITO, a prisão é um "castigo" imposto pelo Estado ao condenado pela prática de infração penal, para que este possa se reabilitar visando restabelecer a ordem jurídica violada”.[6: Fernando Capez]
4	Para um dos tipos de prisão provisória – A PRISÃO EM FLAGRANTE, buscando identificar o perfil das pessoas presas e os crimes supostamente cometidos por elas e, com isso, aportar subsídios para uma discussão sobre o funcionamento do sistema e o que poderia ser feito para melhorá-lo. Além disso, como se verá adiante, a prisão em flagrante ocupa lugar relevante nos debates sobre os sistemas de segurança pública e de justiça criminal, já que responde pela maioria das prisões efetuadas em contraposição àquelas realizadas por mandado, precedidas de um trabalho investigativo. Portanto, observar as prisões em flagrante possibilita uma análise crítica e propositiva sobre as apostas e investimentos que vêm sendo feitos.
A prisão em flagrante é a responsável pela maioria das prisões efetuadas no Estado de São Paulo e na capital, como demonstra a Tabela 1 produzida a partir dos dados trimestrais divulgados pela Secretaria de Segurança Pública.
4.1	Nota-se que, na capital, de modo ainda mais prevalecente do que no Estado, as prisões em flagrante respondem pela maioria das prisões realizadas, correspondendo a 78% do total. Em todo o Estado, sua representatividade, também predominante, gira em torno de 65%. Diante desse volume, é possível inferir que as prisões em flagrante originaram a maior parte dos casos de prisão provisória registrados no Estado. Esse é o primeiro motivo que nos levou a analisar esse universo, que revela informações importantes sobre o uso da prisão provisória em São Paulo.
CASO DE FLAGRANTE:
Caso de uma Mãe que mesmo com filho menor de 12 anos, pega em flagrante, não foi concebido HC. Embora seja mãe de criança menor de 12 anos, tem passagem criminal pela prática do mesmo delito de tráfico de drogas, equiparado a hediondo, além dos crimes de furto qualificado e homicídio qualificado, conforme consta na folha de antecedentes criminais. Ademais, como ressaltou o Magistrado de primeiro grau, a paciente revelou que possui uma filha maior que mora consigo, o que demonstra expressamente que não há qualquer prejuízo à neta ou mesmo às filhas, já que estarão amparadas por uma pessoa maior, do próprio seio familiar. 
HC.463572/SP
HABEAS.CORPUS2018/0202190-6
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/613691073/habeas-corpus-hc-463572-sp-2018-0202190-6?ref=juris-tabs
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/613691073/habeas-corpus-hc-463572-sp-2018-0202190-6?ref=juris-tabs
Referências:
Processo Penal Esquematizado, 3° edição, Noberto Avena
Processo Penal, 12° edição RT, Marco Antônio Araújo JR.
Resumo de Processo Penal 12° edição – coleção 6 – Maximilianus Cláudio Américo Fuher
Vade Mecum
http://www.soudapaz.org/upload/pdf/justica_prisoesflagrante_pesquisa_web.pdf
https://www.jusbrasil.com.br/topicos/1287075/solucao-de-continuidade-na-perseguicao

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