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Artigo A ERA DOS DIREITOS FRANKLIN & JOÃO

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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE ITAITUBA – LTDA
 FACULDADE DE ITAITUBA – FAI 
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO
FRANKLIN DA COSTA SOUSA
JOÃO FEITOSA BARROS 
A ERA DOS DIREITOS: Norberto Bobbio
ITAITUBA - PA
2019
FRANKLIN DA COSTA SOUSA
JOÃO FEITOSA BARROS
A ERA DOS DIEREITOS: Norberto Bobbio
Artigo apresentado à Faculdade de Itaituba – FAI, para obtenção de nota na disciplina HISTÓRIA DO DIREITO do Curso de Bacharelado em Direito.
Docente: Ib Tapajós
ITAITUBA - PA
2019
A ERA DOS DIREITOS: Norberto Bobbio [1: Artigo apresentado como requisito para obtenção de nota na disciplina “História do Direito”, com o tema “A Era dos Direitos” de Norberto Bobbio, ministrada pelo Prof. Ib Tapajós, no Curso de Bacharelado em Direito, na Faculdade de Itaituba - FAI, em Itaituba - PA, 2019.]
Franklin Costa
João Barros
INTRODUÇÃO. 
	Bobbio tem em suas concepções, que a paz e a democracia são os principais responsáveis pela proteção do direito dos homens, afirma que é nessa proteção que todas as constituições estão baseadas, que tanto o direito à democracia e a paz tem metas semelhantes. O autor considera que os direitos naturais tem sua gênesis no período da era moderna, tornado assim indicadores do processo evolutivo histórico. É nessa cronologia que o estado deixa a figura de soberania, para passar a reconhecer o cidadão e seus direitos.
	Portanto o escritor defende a tese, de que o surgimento dos direitos do homem iniciou-se depois da inversão de pensamentos, de como era a relação do estado com as pessoas, essa relação passa a ser dada entre o estado e os cidadãos, não mais como opressor e oprimido, dado tal evolução a Declaração Universal dos Direitos do Homem chega pra universalizar e garantir a todos os homens no mundo os seus direitos.
	Norberto Bobbio faz uma classificação dos direitos do homem, os de primeira geração correspondem aos direitos (Civis e Políticos) como exemplo o direito a vida, os direitos de segunda geração equivalem aos direitos (Econômicos, Sociais e Culturais) um exemplo é o mínimo de dignidade aos trabalhadores e os de terceira geração desrespeitam aos direitos (Difusos) que podem ser individual e coletivos. 
	Conclui-se que os direitos e suas classificações tem seu surgimento de acordo com o processo técnico de cada sociedade, as progressões foram necessárias graças as necessidades de cada sociedade em evoluir. Tornando o direito um processo evolutivo histórico.
SOBRE OS FUNDAMENTOS DOS DIREITOS DO HOMEM.
	Norberto Bobbio, em sua obra “A Era dos Direitos”, explana sua visão sobre a problemática acerca do fundamento absoluto dos direito do homem, questionando se esse fundamento absoluto é possível e desejável. Levando em conta todas as transformações políticas e sociais que estavam presentes naquele período. 
	De acordo com Bobbio o homem é formado de direitos desejáveis materializados, e para esses desejos serem validos, precisam estar fundamentados, só assim os direitos do homem teriam um reconhecimento mais amplo, tornando-se mais aceitável pela maioria. Para o escritor existem duas formas de buscar esse fundamento para os direitos desejáveis do homem, o primeiro é dentro do próprio ordenamento jurídico e a segunda forma é deixando esse positivismo de lado e procurando num direito mais natural.
Partimos do pressuposto de que os direitos humanos são coisas desejáveis, isto é, fins que me recém ser perseguidos, e de que, apesar de sua desejabilidade, não foram ainda todos eles (por toda a parte e em igual medida) reconhecidos; e estamos convencidos de que lhes encontrar um fundamento, ou seja, aduzir motivos para justificar a escolha que fizemos e que gostaríamos fosse feita também pelos outros, é um meio adequado para obter para eles um mais amplo reconhecimento. (BOBBIO, 2004, p 12)
	Da mesma forma que Hobbes pensava sobre o poder absoluto, Bobbio faz reflexões sobre o fundamento absoluto, o autor diz que é ilusório, que se realmente acreditássemos nessa linha filosófica, nos tornaríamos ao ver da sociedade pessoas injustas e más. Esses pensamentos ilusórios foi muito comum entre os jusnaturalistas, que colocavam alguns direitos acima de qualquer questionamento.
	Por tanto Norberto Bobbio categorizou em quatro dificuldades as tentativas no uso do absolutismo dos direitos humanos. A primeira vem do entendimento de que o “Direito do Homem” é uma expressão devoluta, sendo difícil sua definição, e as definições encontradas são tautológicas, outras não falam a respeito do conteúdo e em outras definições que contenham o conteúdo existem termos avaliativos. Os termos relativos são a segunda dificuldade exposta por Bobbio, ele considera que os direitos do homem variam de classe em classe e em tempos distintos, por terceiro ele faz alusão a heterogeneidade das classes dos direitos, afirmando que seria impossível existir um fundamento único e por quarto e último a contradição nos direitos invocados pelos cidadãos.
	Portanto para Norberto Bobbio, o problema estaria em um caráter político, de proteção e um caráter filosófico, de justificativa, sendo assim impossível de existir um único fundamento, já que são inúmeras as peculiaridades. O autor afirma que o único meio seria a aceitação de diversos fundamentos, para diversos casos concretos.
É inegável que existe uma crise dos fundamentos. Deve-se reconhecê-la, mas não tentar superá-la buscando outro fundamento absoluto para servir como substituto para o que se perdeu. Nossa tarefa, hoje, é muito mais modesta, embora também mais difícil. Não se trata de encontrar o fundamento absoluto, empreendimento sublime, porém desesperado, mas de buscar, em cada caso concreto, os vários fundamentos possíveis. (Bobbio, 2004, p 16)
PRESENTE E FUTURO DOS DIREITOS DO HOMEM
O escritor abre esse tema com a seguinte afirmação “...que o problema grave do nosso tempo, com relação aos direitos do homem, não era mais o de fundamenta-los, e sim o de protege-los” (Bobbio, 2004). O problema agora não tem cunho filosófico, mas características jurídicas e morais, sendo dependente de uma evolução social em escala global.
Com efeito, o problema que temos diante de nós não é filosófico, mas jurídico e, num sentido mais amplo, político. Não se trata de saber quais e quantos são esses direitos, qual é sua natureza e seu fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é o modo mais seguro para garanti-los, para impedir que, apesar das solenes declarações, eles sejam continuamente violados. (Bobbio, 2004, p 17)
	Com a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro de 1848, a liberdade e os direitos são finalmente reconhecidos universalmente, já que o problema na busca pelo fundamento foi solucionada. Uma dúvida pertinente ao autor era se as garantias realmente seriam respeitadas e cumpridas por todos.
	Para Norberto Bobbio toda essa conquista e universalismo foi um processo demasiadamente lento, na valorização o autor divide em três fases, a primeira é a fase filosófica; com raízes no jusnaturalismo de John Locke, no qual se baseavam que o estado civil não passava de um artefato do homem, e que o estado natural era o verdadeiro estado do homem. A segunda fase é a passagem da teoria para a pratica; mesmo com a declaração universal dos direitos do homem esses direitos acabam sendo subordinados aos estados em que vivem, é até meio contraditório e hipócrita. E a terceira fase é o momento histórico em que a declaração passa a ser tanto universal como positivada. 
	O autor em seu livro faz a seguinte afirmação;
A Declaração Universal dos Direitos do Homem representa a manifestação da única prova através da qual um sistema de valores pode ser considerado humanamente fundado e, por tanto, reconhecido: e essa prova é o consenso geral acerca da sua validade. Os jusnaturalistas teriam falado de consensus omnium gentium ou humani generis. (Bobbio, 2004, p 17).
	Para NorbertoBobbio, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é o início de um longo processo de programar e garantir aos homens seus direitos, que serão moldados juntamente com a evolução da sociedade, portanto esses direitos tem um caráter histórico marcado por grandes transformações.
A ERA DOS DIREITOS
O Autor mostra que a preocupação com o futuro da humanidade não vem sendo de hoje, ele remete a um breve histórico da era moderna, em que ocorreu a divulgação das doutrinas jusnaturalistas, por conseguinte a inclusão das Declarações dos Direitos do Homem nas Constituições dos Estados liberais, a problemática da preocupação vai se ampliando para o mundo e com o pós Segunda Guerra Mundial veio a ter caráter internacional saindo da esfera nacional, incluindo todos os povos, ou seja, o que era um problema de uma nação foi passando a ser a de outras, até chegar ao nível internacional.
Para que ele pudesse avaliar esse processo da era do direito, usou a filosofia da história que busca saber algo que se passou, desta forma Bobbio faz menção a essa ferramenta de pesquisa dizendo que diante de um grande tema, como o dos direitos do homem, é difícil resistir à tentação de ir além da história meramente narrativa, ou seja, tem abranger a origem até a consumação.
	Quanto à disposição moral da humanidade na visão de Kant em que o autor menciona que a nação não pode ser tolida de avaliar e proporcionar qual a Constituição civil que seja ideal e esteja em consonância com os direitos naturais dos homens de modo que todos devem participar da criação da lei, para que possam ser aplicadas, isto é, não pode surgir uma lei apenas de uma autoridade.
A evolução da doutrina dos direitos do homem o qual Bobbio menciona foi desde seu primeiro aparecimento no pensamento político dos séculos XVII e XVIII, ocorreram grandes avanços apesar das contradições e algumas limitações, mas que são conquistas que não podem voltar atrás, pois já estão positivadas como um direito do homem, de uma sociedade livre e igual em direitos, deveres e obrigações, nesse processo de conversão em direito positivo e de internacionalização o autor chama de especificação conforme conceitua “ela consiste na passagem gradual, porém cada vez mais acentuada, para uma ulterior determinação dos sujeitos titulares de direitos”, posteriormente ele cita exemplos dos documentos aprovados nestes últimos anos pelos organismos internacionais para perceber a dimensão dessa evolução como à Declaração dos Direitos da Criança (1959), à Declaração sobre a Eliminação da Discriminação à Mulher (1967), à Declaração dos Direitos do Deficiente Mental (1971)
O retrospecto feito por Bobbio que ao fim faz sua análise quanto ao plano ideal ao plano real, o que vem a ser isso, não basta justificar os direitos do homem à medida que vão se renovando com argumentos persuasivos tem que garantir a sua aplicabilidade no caso concreto, ele faz também a seguinte consideração: “à medida que as pretensões aumentam, a satisfação delas torna-se cada vez mais difícil”(2004,p.32), visto que nem todos os direitos são cumpridos de forma unânime devido imobilidade da história repetitiva em dizer que sempre foi assim e assim será, causando empecilho para o progresso e isso gera uma preocupação com o futuro da humanidade, no entanto esses paradigmas assim como foram quebrados na revolução, não obstante serem vencidos atualmente, a fim de que assegure o progresso para o bem comum da humanidade.
A REVOLUÇÃO FRANCESA E AOS DIREITOS DO HOMEM
A segunda parte do livro de Norberto Bobbio traz um dos grandes avanços que marcou a humanidade através da Revolução Francesa, o qual nasceu a proteção dos direitos humanos internacionais chamada declaração dos direitos do homem e do cidadão que foi aprovada pela assembleia nacional, em 26 de agosto de 1789, nesta época surgiu como uma emancipação da sociedade do poder político em prol do liberalismo sendo que a Declaração surgiu como um atestado de óbito do antigo regime como afirma o autor através do historiador da Revolução, Alphonse Aulard, desta forma destituía-se a monarquia absolutista, a declaração precedeu a Constituição Francesa onde está veio a ser promulgada em 1791 constando em seu preâmbulo “não existe mais nobreza, nem pariato, nem distinções hereditárias, nem distinções de ordem ou de regime feudal; não há mais, para nenhuma parte da Nação e para nenhum indivíduo, nenhum privilégio ou exceção em face do direito comum de todos os franceses”. 
A Constituição reforçou a Declaração efetivando os direitos para os cidadãos desfazendo a classe estamental, sobretudo esses direitos também serviram para combater os abusos de poder, Bobbio explica através do autor Tocquevílie que essa reforma o qual a França estava passando foi uma regeneração um clamor público acendendo uma paixão que nem mesmo revoluções políticas marcadas por violência podiam produzir de tamanha insatisfação que o povo estava sentindo, cuja revolução “parecia ter como objetivo, mais do que a reforma da França, a regeneração de todo o gênero humano”
Portanto, a Declaração continua sendo um marco de proteção para humanidade onde o Estado deve ter limites em suas ações que estão em desacordo com os Direitos do Homem, os avanços conquistados no decorrer da história como a liberdade, a vida, a igualdade, a propriedade, a segurança, o qual o autor afirma que foram firmadas nas Constituições dos Estados particulares são reconhecidos perante a comunidade internacional.
A HERANÇA DA GRANDE REVOLUÇÃO
O autor menciona as duas datas que faz referência ao momento histórico da revolução francesa: 4 de agosto de 1789, marcada pela renúncia dos nobres aos seus privilégios dando fim ao regime feudal e a classe estamental e 26 de agosto a confirmação da libertação e o avanço das conquistas da emancipação com a aprovação da Declaração dos Direitos do Homem marca o princípio de uma nova era. Esse reconhecimento dos direitos originários, foi de grande importância para a época, pois a desigualdade era exacerbada.
Para que os governados pudessem se proteger dos governantes quando estes violassem os direitos primários daqueles poderiam invocar o direito de resistência conforme Bobbio (2004, p. 53) “O indivíduo recorre ao direito de resistência como extrema ratio, em última instância, para se proteger contra a falta de proteção dos direitos primários; portanto, ele não pode, por sua vez, ser tutelado, mas deve ser exercido com riscos e perigos para quem o reivindica”. Esse direito é secundário que se apresenta somente quando os direitos primários conquistados são violados.
Os princípios da Declaração de 1789 serviram por muito tempo como inspiração para os povos que buscavam as suas liberdades, cujo lema da Revolução foi Liberdade, Igualdade e Fraternidade, Bobbio recorre ao autor Tocquevílle, em que este fala sobre a fase da Revolução da seguinte forma: “O tempo em que foi concebida a Declaração foi o tempo de juvenil entusiasmo, de orgulho, de paixões generosas e sinceras, tempo do qual, apesar de todos os erros, os homens iriam conservar eterna memória e que, por muito tempo ainda, perturbará o sono dos que querem subjugar ou corromper os homens” (2004, p.56).
A Declaração acompanha a humanidade por séculos influenciando as criações das constituições das nações, o qual após a Segunda Guerra Mundial transcendeu os limites dos Estados particulares para um patamar internacional, para que todos os homens da Terra pudessem proclamar o direito internacional adquirindo uma cidadania mundial, como o autor se refere neste paragrafo de sua obra: 
Três anos depois, foi solenemente aprovada a Declaração Universal dos Direitos do Homem, através da qual todos os homens da Terra, tornando-se idealmente sujeitos do direito internacional, adquiriram uma nova cidadania, a cidadania mundial, e, enquanto tais, tornaram-se potencialmente titulares do direito de exigir o respeito aos direitos fundamentais contra o seu próprio Estado. (Bobbio, 2004, p 55)
A partir desse reconhecimento internacional, a Declaração alcançouseu grau máximo que foi sair de um limite territorial para alcançar proporção mundial, essas conquistas são reflexos da herança da grande Revolução Francesa que se cristaliza com a Declaração Universal fazendo com que a humanidade passe a ter uma consciência histórica dos valores fundamentais dos Direitos Humanos. 
REFERÊNCIAS
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos, tradução Carlos Nelson Coutinho, Nova ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004

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