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III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 O ACESSÓRIO-FERRAMENTA COMO INSTRUMENTO PARA AMPLIAÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO PARA PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA FÍSICA Gisele Carvalho Sandres (IVIG/COPPETEC) - sanders.gisele@globo.com Helder de Souza Tavares (UFF) - profheldertavares@bol.com.br RESUMO As empresas têm encontrado na responsabilidade social soluções para problemas complexos, tais como: competitividade no mercado global, iniqüidade social e impacto ambiental. Desta forma, a responsabilidade social tornou-se estratégia empresarial amplamente reconhecida, gerando valor para todos, inclusive na questão da inserção das pessoas portadoras de deficiências (PPDs) no mercado de trabalho. O presente trabalho é uma análise crítica do programa “Cidadão Capaz” levado a cabo pelos postos de serviços BR. Neste programa são empregados como força de trabalho em tarefas de frentistas Pessoas Portadoras de Deficiências (PPDs), especificamente cadeirantes, pessoas que de uma forma ou outra perderam a capacidade de utilização dos membros inferiores, seja de forma parcial ou total. Aborda a questão da ampliação do mercado de trabalho para as PPDs, introduzindo um novo conceito de acessório-ferramenta, onde o acessório que é utilizado como meio de transporte pela PPD é transformado em ferramenta, auxiliando-a na execução das tarefas rotineiras no seu ambiente de trabalho, como também proporcionando conforto e segurança. As tarefas executadas por estes indivíduos, são realizadas sob cadeira de rodas, tanto sua condição pessoal quanto sua ferramenta de trabalho (a cadeira de rodas) são fatores limitantes nessas tarefas. O objetivo do artigo foi realizar o levantamento dessas tarefas de forma a criar um quadro crítico-analítico da ação dos PPDs como força de trabalho nos postos de serviços automotivos, através de um enfoque ergonométrico/operacional dessas tarefas, bem como apresentar uma nova ferramenta específica de trabalho (acessório-ferramenta) que viesse a auxiliar o desempenho desses indivíduos na execução de suas tarefas diárias de trabalho. Os resultados obtidos demonstram que os PPDs apresentam limitações relativas e absolutas em suas tarefas de trabalho com a cadeira de rodas padrão, passavam a apresentar uma maior capacidade de execução das tarefas após o uso do acessório-ferramenta. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Palavras-chave: necessidades especiais, inserção no mercado, ergonomia, reengenharia. ABSTRACT The companies have been finding in the responsibility social solutions for complex problems, such as: competitiveness in the global market, social iniquity and environmental impact. This way, the social responsibility became thoroughly managerial strategy recognized, generating value for all, besides in the subject of the people's bearers of deficiencies insert (PPDs) in the job market. The present work is a critical analysis of the program " Capable Citizen" to cable for the positions of services BR. In this program they are used as manpower in tasks of frentistas People Bearers of Deficiencies (PPDs), specifically wheel chair user, people that in a way or another lost the capacity of use of the inferior members, be in way partial or total. It approaches the subject of the amplification of the job market for PPDs, introducing a new accessory-tool concept, where the accessory that is used as means of transportation by PPD it is transformed in tool, aiding her in the execution of the routine tasks in your work environment, as well as providing comfort and safety. The tasks executed by these individuals, they are accomplished under wheel chair, so much your personal condition as your work tool (the wheel chair) they are factors limitantes in those tasks. The objective of the article was to accomplish the rising of those form tasks to create a critical-analytic picture of the action of PPDs as manpower in the positions of services automotivos, through a focus ergonomics/operacional of those tasks, as well as to present a new specific tool of work (accessory-tool) that came to aid those individuals' acting in the execution of your daily tasks of work. The obtained results demonstrate that PPDs presents relative and absolute limitations in your work tasks with the wheel chair pattern, they started to present a larger capacity of execution of the tasks after the use of the accessory-tool. Word-key: special needs, insert in the market, ergonomics, reengenharia. INTRODUÇÃO III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 A prática da responsabilidade social nas empresas é uma força emergente. Essa nova força pode ser considerada como conseqüência das transformações deste final de século e, ao mesmo tempo, como parte integrante das soluções dos complexos problemas que estão sendo gerados por essas transformações. Temas como a competitividade no mercado global, a iniqüidade social e o impacto ambiental demandam soluções de alta complexidade. A responsabilidade social das empresas pode ser crucial para essas questões. Por esses motivos, a responsabilidade social torna-se estratégia empresarial amplamente reconhecida, gerando valor para todos. A atuação da empresa socialmente responsável pode-se dar em três dimensões. A primeira é a dimensão organizacional, praticando políticas de valorização da força de trabalho traduzida por sistemas de avaliação de desempenho justos e honestos, por sistemas de premiação e reconhecimento e por programas permanentes de educação e treinamento, na área do bem estar de seus funcionários, através de sistemas de segurança e saúde do trabalho. Os resultados tangíveis nessa primeira dimensão se refletem na qualidade, produtividade e competitividade da empresa. O debate sobre deficiência tem ocupado cada vez mais espaço nas políticas públicas do mundo inteiro. Segundo a Resolução da ONU n° 2.542, que declara os direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências (PPDs), elaborada por sua Assembléia Geral em 1975 (BRASIL,1975), a PPD é um indivíduo que devido a seus “déficits” físicos ou mentais, não está em pleno gozo da capacidade de satisfazer, por si mesmo, de forma total ou parcial, suas necessidades vitais e sociais, como faria um ser humano normal. Porém, segundo Amaral (2004), esse conceito está ultrapassado, por não enfocar as aptidões que a PPD também possui. Ainda segundo Amaral (2004), são consideradas PPDs os indivíduos que apresentam problemas ortopédicos que incidam sobre a possibilidade de motricidade voluntária, impedindo-os total ou parcialmente, dentro dos padrões considerados normais para a espécie humana. No Brasil, segundo dados oficiais do IBGE publicados recentemente, tem-se aproximadamente 24,5 milhões de PPDs, dessas, 6 milhões encontram-se em idade economicamente ativa, porém apenas 158 mil trabalham regularmente, ou seja, com carteira de trabalho assinada, benefícios, e garantias trabalhistas (RIBAS, 2003). O momento é decisivo para a população de PPDs brasileira, devido a regulamentação da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, conhecida como Lei das Cotas. Segundo o artigo 93 da Lei n° 8.213/91, as empresas com 100 ou mais empregados devem reservar de 2 a 5% dos seus cargos a III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 portadores de necessidades especiais. Empresas com até 200 empregados devem cumprir uma cota de 2%, de 201 a 500 empregados a cota é de 3%, até 1000 empregados, 4%, e acima de 1000, 5%. Apesar da Lei das Cotas ter sido criada há dez anos, esta começou a ser respeitada apenas a partir de 1999, sendo inicialmente recebida comouma iniciativa filantrópica. Porém, atualmente, tornou-se um desafio a mais, e positivo, na reestruturação de empresas que querem crescer com o máximo de aproveitamento de cada funcionário contratado. Já que são obrigadas a empregar PPDs, perceberam que podem tirar bom proveito disso (OLIVEIRA, 2002). Dessa forma o presente artigo se justifica na ampla necessidade da inserção dos PPDs em novas áreas de trabalho, porém com um foco crítico das tarefas as quais eles são submetidos de forma a que estas possam ser realizadas de maneira profícua. Dessa maneira é objetivo principal desse trabalho é evidenciar o grau de ajuste das tarefas realizadas pelos cadeirantes frentistas, empregados nos postos de serviços automotivos BR, com referência a sua principal ferramenta de trabalho a cadeira de rodas. É nesse contexto que a ciência hoje cria um novo conceito no mercado direcionado as PPDs. Esse conceito seria de incorporar ao “design” dos acessórios utilizados como meios de locomoção por PPDs, ergonomia, multi-função e agilidade, transformando-os em acessórios-ferramenta, com o objetivo de melhorar a qualidade e segurança do trabalho das PPDs, e conseqüentemente, ampliar o mercado de trabalho para elas. REVISÃO DA LITERATURA A ergonomia enquanto ciência tem como objetivo específico a tentativa de adequação do ambiente de trabalho as possibilidades humanas (SINGLETON, 1982; ABRAHÃO, 2000). Dessa maneira a ergonomia tem cada vez mais utilizada em processos analíticos no trabalho para a caracterização da atividade e observação do grau de adequação das ferramentas de trabalho. Leppart (apud ABRAHÃO, 2002) define que os métodos de evolução da análise do trabalho é realizada não apenas pela da transformação do próprio trabalho, mas sim também, e de forma implícita, pelo desenvolvimento dos métodos que estão vinculados aos novos postos de trabalho. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 A entrada no mercado de trabalho de PPDs, vem requerendo um constante reajuste de métodos e ferramentas, de forma a propiciar a essas pessoas uma total integração ao seu ambiente de trabalho, para que possam realizar suas tarefas com um grau de proficiência pelo menos compatível a das pessoas normais. Segundo Freitas (2005), o Brasil possui uma das maiores populações de PPDs do mundo e uma das menores taxas de participação no mercado de trabalho. Cabe a cada um de nós contribuir para a inclusão dos PPDs na sociedade onde vivem, ajudando assim a construir um mundo mais justo e humano para todos. Porém, seja por força da lei, seja pelo empenho de entidades públicas, privadas e assistenciais, este quadro começa a mudar. Muitos empresários já estão percebendo que a capacidade de trabalho e necessidades especiais não constituem, necessariamente, termos excludentes. Ao contrário, quando PPDs ganham uma chance, têm se mostrado tão ou até mesmo mais produtivas que pessoas consideradas normais, desde que colocadas em funções que respeitem o seu limite. Pode-se afirmar que o crescente interesse dos empresários em se aproximar desse público é causado, também, em função da importância que as empresas têm dado às questões de responsabilidade social. Como exemplos, podemos citar a AVON, que segundo seu coordenador de serviços médicos, contrata PPDs desde 1972 e dos seus 3.600 empregados, 270 são PPDs (Revista Veja, 2001); a Natura, que no ano de 2001, o número de PPDs contratados saltou de 15 para 60 (TORRES, 2001). MATERIAIS E MÉTODOS A BR Distribuidora também tem investido na contratação de PPDs com a implementação do Projeto Cidadão Capaz, que consiste em viabilizar o trabalho de PPDs (cadeirantes) como frentistas nos seus postos de serviço. Para cumprir com suas próprias diretrizes de SMS na cláusula 84, artigos 4º e 5º, dentre os quais a empresa se compromete em implementar melhorias nos procedimentos ocupacionais e nas ações de saúde das empresas contratadas para dar suporte técnico à atividade. A empresa contratou um grupo de pesquisa da COPPE / UFRJ para desenvolver uma avaliação do ambiente de trabalho. O presente artigo relata as avaliações antropométrica, ergonômica, e de III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 índices selecionados de saúde e cinesiológica dos PPDs inseridos no ambiente de trabalho de posto de serviço. As análises foram realizadas sobre dois cadeirantes engajados no Projeto Cidadão Capaz no posto de serviços “Bravo” localizado na Avenida Ayrton Senna na Barra da Tijuca. Para a realização deste trabalho, utilizou-se como metodologia os seguintes parâmetros: Entrevistas com os dois cadeirantes; Entrevista com o gerente do posto de serviço; Análise da estrutura do posto, focando as condições de trabalho do cadeirante no exercício de sua função e a sua locomoção; Observação dos dois cadeirantes, nos seus distintos turnos de serviço, durante o exercício de sua função; Avaliação antropométrica dos indivíduos; Avaliação ergonômica e cinesiológica das tarefas realizadas pelos cadeirantes; Durante as entrevistas, tanto com o gerente, como com os frentistas, e durante a observação dos cadeirantes executando suas funções, os seguintes itens foram avaliados: Abastecimento Verificação / Troca de fluidos: radiador, freios, óleo de motor, óleo diferencial, óleo da caixa de câmbio, direção, embreagem; Verificação da água do radiador e do reservatório do esguicho do limpador; Calibragem dos pneus; Limpeza de vidros; ENTREVISTAS As entrevistas foram realizadas para contextualizar o fluxo e tipo de atendimento aos quais os cadeirantes estavam expostos na estação de trabalho, sendo os resultados apresentados no quadro 1. Questionamento Informação Fluxo de movimento do posto O posto não possui um horário de pico, porém o turno da manhã é declarado como III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 de maior movimento o da tarde e noite. Tipos de veículos mais abastecidos no posto Motocicletas, veículos de passeio de pequeno e médio porte (apenas pickups e jipes), raramente abastece-se um veículo de serviço, que seria apenas um caminhão-baú. Locomoção dos cadeirantes As mangueiras das bombas no chão da pista dificultam a locomoção dos cadeirantes durante o abastecimento Serviço de troca de óleo Os cadeirantes não executam nenhum serviço que utilize o elevador de carros (ex.: troca de óleo, verificação e/ou troca de óleo diferencial, de óleo da caixa de câmbio e de óleo da embreagem) por falta de ferramentas adequadas. Serviços realizados em veículos grandes (pickups, jeeps,caminhões) Somente abastecimento, pois o cadeirante não tem acesso ao motor devido a altura do mesmo. Lavagem dos vidros Os cadeirantes conseguem lavar apenas os vidros laterais dos carros, sendo que em carros “hatch”, ainda conseguem lavar os vidros traseiros. Os vidros dianteiros não são lavados por cadeirantes. Utilização de extintores de incêndio Os cadeirantes não sabem utilizar o extintor, e também a altura de fixação dos mesmos entre as bombas impossibilita o acesso aos cadeirantes. Quadro 1 – Informações organizacionais e de fluxo do atendimento do posto de trabalho. O resultado das entrevistas pôde ajudar na criação dos quadros das análises das tarefas apresentados no próximo tópico. Fonte: Sandres & Tavares, 2005. Não publicado. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 ANÁLISE PRELIMINAR DAS TAREFAS A análise preliminar das tarefas foi realizada com as cadeiras convencionaisque ainda estão sendo utilizadas nos postos de serviço, numa tentativa de identificar o nível de esforço e de conforto dos frentistas ao realizar um conjunto básico de tarefas de serviços. Estas cadeiras possuem apenas um diferencial que é um suporte para o bico da mangueira de abastecimento (figura 1). Essa análise foi realizada através de observação dos frentistas cadeirantes na execução de suas manobras de trabalho, que consistiam suas tarefas. Essa observação gerou dois quadros analíticos distintos. O primeiro quadro apresenta as categorias de viabilidade da tarefa e os tipos de veículos atendidos pelos frentistas (quadro 2). Enquanto o segundo apresentava as tarefas de trabalho com suas análises comparativas com as categorias de viabilidade apresentadas no quadro 2 (quadro 3). Figura 1 – Cadeira de rodas padrão com a adaptação do III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Viabilidade de Tarefa Tipos de Veículos A- Realizável com segurança 1- Veículo de passeio pequeno B- Realizável com preparação prévia 2- Veículo de passeio grande C- Não adequada 3- Veículo de serviço 4- Motocicleta Quadro 2 – Classificação da viabilidade de Tarefas. N O V E Í C U L O Tarefa Veículo Análise Viabili . Recomendações Abasteciment o 1, 2, 3 e 4 Mesmo com a variação do posicionamento do tanque dos veículos devido a sua marca e/ou o posicionamento do próprio carro em relação a bomba, a tarefa é realizada com facilidade. A dificuldade ocorre na locomoção do cadeirante no espaço entre a bomba e o veículo, devido pelo fato das mangueiras das bombas serem dispostas no chão, no espaço reservado para o cadeirante se locomover. A -Conscientizar o cadeirante que a gasolina é composta de constituintes nocivos a saúde, e treiná-lo para ao abastecer o carro, manter uma distância de segurança do tanque para evitar a aspiração direta do produto (entre o,80 e 1m). Implantar mangueiras suspensas por molas. Abrir o capô 1,2 e 3 O cadeirante não consegue realizar essa tarefa por não possuir altura para manter o capô no alto até utilizar o B -Fornecer ferramenta adequada para sustentar o capô no alto até o ferro de III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 ferro de sustentação. sustentação do carro ser aplicado Verificar e completar fluidos (motor) 1 As tarefas são realizadas com facilidade desde que os fluidos em questão sejam verificados no motor (veículo no chão). A Ferramenta de suporte ajudaria no caso da vareta do nível de óleo no motor. Verificar e completar fluidos (motor) 2 e 3 O cadeirante não consegue realizar as tarefas, pois não tem altura suficiente. C Posição das peças quentes do sistema de arrefecimento podem ferir o braço. Demanda de ferramenta especial. Verificação / Troca de fluidos 1, 2 e 3 O cadeirante não consegue realizar a tarefa de verificação de fluidos quando esta é feita na parte inferior do veículo, pois a tarefa exige muito esforço para manipular a ferramenta de desaparafusamento. C -Fornecer ferramenta com braço de alavanca maior para diminuir o esforço de execução da tarefa e o cadeirante consiga executá-la Verificar e completar água 1 O cadeirante executa as tarefas com facilidade, tanto para a água do radiador como para a do reservatório do esguicho do vidro A Para veículos que operam sem pressão no recipiente do radiador. Verificar água 2 e 3 O cadeirante não consegue realizar a tarefa, pois não tem altura suficiente. C Tarefa Veículo Análise Viabili . Recomendações III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Calibragem de pneus 1 ,2, 3 e 4 O cadeirante executa a tarefa com facilidade independente da localização do bico do pneu. A dificuldade observada ocorre quando a calota está colocada de maneira incorreta, escondendo o bico do pneu, e necessita ser removida. Nesse caso, é necessário um grande esforço por parte do cadeirante para remover a calota devido a localização da mesma e a postura que o cadeirante tem que assumir para executar a função. A Suporte de tronco para permitir que o cadeirante realiza a tarefa com maior comodidade e menor incidência de estresse isométrico nos músculos eretores da coluna. Lavagem de vidros laterais 1 O cadeirante consegue executar a tarefa sem problemas A Mangueira de pressão para minimizar o esforço da região escapular e do cotovelo na manipulação do regador de água. Lavagem de vidro traseiro 1 O cadeirante consegue executar a tarefa apenas em carros do modelo hatch, quando o carro é do modelo sedan o cadeirante não executa a tarefa B -Fornecer equipamento com cabo alongado Lavagem de vidro dianteiro 1 O cadeirante não consegue executar a tarefa B -Fornecer equipamento com cabo alongado Lavagem de vidros laterais 2 e 3 O cadeirante não consegue executar a tarefa B -Fornecer equipamento com cabo alongado III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Lavagem de vidro traseiro 2 e 3 O cadeirante não consegue executar a tarefa B -Fornecer equipamento com cabo alongado Lavagem de vidro dianteiro 2 e 3 O cadeirante não consegue executar a tarefa B -Fornecer equipamento com cabo alongado Quadro 3 – Análise de Tarefas. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 ANÁLISE DO RISCO DE DISTÚRBIO NEUROMUSCULAR NO AMBIENTE DE TRABALHO (RULA). O ambiente de trabalho num posto de serviços apresenta tarefas intrínsecas de manipulação de instrumentos e ferramental específicos. No caso dos frentistas esse ferramental pode ser traduzido nas mangueiras de abastecimento de combustível, regadores, baldes, esponjas, rodos e mangueira de ar comprimido. Essas ferramentas são manipuladas em diversas tarefas que exigem do frentista proficiência motora para sua utilização. Indivíduos com necessidades especiais, especificamente cadeirantes apresentam limitações posturais e manipulativas inerentes a sua condição; porém as tarefas são as mesmas que os indivíduos normais e devem ser realizadas. Dessa forma o cadeirante é obrigado a realizar adaptações posturais para poder realizar suas tarefas de trabalho. Um conjunto básico de posturas adotadas no trabalho foi utilizado para se verificar a incidência e a prevalência de DORT identificado como RULA (Rapid Upper Limb Assessment), para membros superiores (MCATAMNEY & CORLLET, 1993). Os dados são então comparados com escores tabelados que, ao final, apresentam um índice de risco relativo de lesão para o ambiente de trabalho. Esse estudo tem caráter apenas exploratório para decidir aonde os maiores esforços para a monitorização e intervenção deverão ser direcionados (tabela 1). Tabela 1 – Índice RULA de risco de DORT em ambiente de trabalho.. Índice. Fator de risco. 1 ou 2 Aceitável 3 ou 4 Investigar futuramente 5 ou 6 Investigar para mudanças o mais breve possível 7 Investigar e mudar imediatamente Fonte: McAtamney & Corllet, 1993. ANÁLISE CINESIOLÓGICA DAS ATIVIDADES ENVOLVIDAS NO TRABALHO DE FRENTISTA PARA CADEIRANTES. Os frentistas cadeirantes no desenvolvimento do seu trabalho realizam diversas tarefas inerentes aos objetivos econômicos de um posto de serviços.Os cadeirantes ao III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 serem questionados quanto a exeqüibilidade dessas tarefas apresentaram o seguinte quadro classificatório (quadro 4). No quadro anterior pode-se observar que de um universo de 18 tarefas de trabalho, o frentista cadeirante com a cadeira de rodas convencional pode realizar 12, ou seja 66,7% do total das tarefas dos serviços de abastecimento automotivo. A análise cinesiológica ajuda a determinar o complexo osteo-mio-articular (ossos, músculos e articulações) envolvidas nos movimentos que compõem as tarefas. Essa análise descreve os grupamentos musculares primariamente envolvidos na tarefa e aqueles responsáveis pela manutenção da postura, dessa forma sinalizando para as tarefas cujos movimentos ou posturas adotadas possam ser potencialmente geradores de DORT (SINGLETON, 1982). As tarefas discriminadas no quadro 3 foram acompanhadas em dois dias consecutivos para os dois cadeirantes que constituíam a amostra. Estas tarefas foram filmadas com uma câmera Digital Intel CS330, com capacidade de 1,3 mega pixel em 30 quadros/segundo, permitindo, dessa forma, a separação em quadros toda a tarefa realizada (DURWARD et. al., 2001). Foram escolhidos para análise os quadros em que constavam as posições consideradas críticas ou extremas de cada tarefa sendo essa posição avaliada cinesiológicamente e determinados os pontos de tensão muscular, bem como uma análise RULA de cada movimento. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 RESULTADOS E CONCLUSÕES No que se refere ao estresse ortomuscular nas tarefas de frentista o presente estudo pôde observar que 100% do ambiente de trabalho apresenta fatores de risco de lesão. Sendo a região cervical a com maior incidência de risco (tabela 2). Tabela 2 – Tabela de distribuição dos fatores de risco nos membros superiores e coluna vertebral. Regiões corporais Índice parcial Braço. 3 Antebraço. 3 Punho. 3 Cervical. 5 Lombar. 3 Fonte: Tavares & Sandres, 2005. Não publicado. O escore final da análise através de questionário de posturas (figura 1) foi de 7 (sete) indica a necessidade de uma investigação mais profunda para adequação do ambiente de trabalho para os indivíduos cadeirantes, o mais breve possível, bem como a modificação de processos e materiais para a melhoria desse quadro. Sendo as DORT de maior incidência nestes músculos a síndrome do impacto do supraespinhoso, tendinite do tendão da porção longa do bíceps, com formação de osteófito acromial, em último grau podendo levar a limitação dos movimentos de abdução (afastamento lateral do braço da linha nédia do tronco) e a flexão (NIGG, 1988). De forma análoga ao se analisar as análises de RULA de cada quadro pôde-se verificar os seguintes percentuais de prevalência de risco (tabela 3): Tabela 3 – Prevalência de risco nas tarefas levantadas. Índice. Fator de risco. % de prevalência. 1 ou 2 Aceitável - 3 ou 4 Investigar futuramente - 5 ou 6 Investigar para mudanças o mais breve possível 57,1% III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 7 Investigar e mudar imediatamente 42,9% Total - 100% Fonte: Tavares & Sandres não publicado. A diferença nos índices finais das entrevistas e da avaliação cinemática das tarefas demonstra ainda uma dicotomia perceptiva dos cadeirantes em relação às posturas assumidas na realização das suas tarefas de trabalho. Após essas considerações foi realizada a confecção do acessório -ferramenta que foi apresentado aos cadeirantes para a realização do mesmo conjunto de tarefas anteriormente observados. Na concepção desse protótipo, adotou-se a cadeira de rodas como “Acessório Ferramenta” no exercício das atividades das PPDs, como frentistas, atendendo veículos, em Postos de Serviço. Essa “Cadeira-Ferramenta” apresenta os seguintes recursos: Sistema de rodas extras para passar sobre valas e canaletas de drenagem. Suporte para o bico de abastecimento. Caixa para ferramentas e materiais de trabalho, como frasco de sabão líquido. Suporte inferior frontal móvel, para extintores de incêndios. Cinto de segurança para manter a estabilidade e minimizar a sobrecarga da musculatura do tronco em esforços laterais fora do centro de gravidade do conjunto. Reservatório de água com pressurizador manual e esguicho. Equipamentos de suporte em posição de “espada de samurai”: Espelho com haste flexível para observação das partes inferiores dos veículos. Gancho para remoção de medidores de nível do óleo. Haste com ponta de velcro e adesivos, para apanhar moedas e pequenos objetos no piso. Rodo e esponja com haste alongada. Bandeirola, luz e tiras reflexivas de sinalização. Sistema de freio para travamento das rodas traseiras principais. As figuras 2(a) e 2(b), a seguir, mostram a “Cadeira-Ferramenta” que foi desenvolvida e utilizada pelos frentistas (PPDs). III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Um protótipo foi montado e apresentado aos frentistas PPDs, e foram realizadas o mesmo conjunto de tarefas (figura 3a, 3b, e 3c). Quadros comparativos das tarefas e das análises cinesiológica e ergonômica foram montados em comparação com a análise anterior. Em relação as análises processuais das tarefas foi possível notar uma migração de tarefas que eram realizadas com preparação prévia, a realizadas com segurança e de algumas tarefas que não eram adequadas para realizáveis com preparação prévia. Com relação à análise cinesiológica foi observado uma diminuição das tarefas com dificuldades absolutas, com a migração dessas tarefas para o grupo de dificuldades relativas (quadro 5). Figura 2 – Apresentação do protótipo do acessório-ferramenta dos frentistas PPDs, para a facilitação das tarefas de atendimento automotivo. Figura 3a Figura 3b Figura 3c. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Em comparação com o quadro 4, onde os frentistas apresentavam um índice de exeqüibilidade de 66,7% das tarefas de serviços automotivos, no quadro 5 se pode observar que houve um aumento para 83,3% das tarefas que podem ser realizadas, isso significa que o acessório-ferramenta apresentou um aumento de 19,9% da capacidade de realização de tarefas. Na análise do risco de LER/DORT feito através da RULA, foi observado um diminuição dos índices de risco relativos as articulações (tabela 4), bem como dos escores finais gerais (tabela 5). Tabela 4 – Tabela de distribuição dos fatores de risco nos membros superiores e coluna vertebral. Regiões corporais Índice parcial Braço. 2 Antebraço. 2 Punho. 3 Cervical. 3 Lombar. 2 Fonte: Tavares & Sandres não publicado. III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Tabela 3 – Prevalência de risco nas tarefas levantadas. Índice. Fator de risco. % de prevalência. 1 ou 2 Aceitável 12,3% 3 ou 4 Investigar futuramente 19,4% 5 ou 6 Investigar para mudanças o mais breve possível 25,4% 7 Investigar e mudar imediatamente 42,9% Total - 100% Fonte: Tavares & Sandres não publicado. Os resultados acima confirmam que a inclusão social, pode e deve ser realizada, porém com responsabilidade, procurando fomentar a reengenharia dos processos e ferramentas utilizadas pelos indivíduos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAHÃO, Júlia Issy & PINHO, Diana Lúcia Moura. As transformações do trabalho edesafios teóricos-metodológicos da ergonomia. Estudos de pscologia. 2002, 7 (número especial), p 45-52. AMARAL, L.A. Deficiência Física. Disponível em: <http://www.saci.org.br>. Acesso em: 01 de Fevereiro, 2005. BRASIL. Organização das Nações Unidas. Resolução ONU n° 2.542, 1975. 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