Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CAPA 2 3 Código de Processo Penal - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 251 a 258; 261 a 267; 274; 351 a 372; 394 a 497; 531 a 538; 541 a 548; 574 a 667 ........................................... 1 Lei nº 9.099 de 26.09.1995 (artigos 60 a 83; 88 e 89)........................................................................... 64 Questões ................................................................................................................................................. 76 Respostas ............................................................................................................................................... 78 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1 Introdução O processo penal é ramo do direito público, englobando o “conjunto de princípios e normas que disciplinam a composição das lides penais, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo1”. É regulado pela Constituição Federal, pelo Código de Processo Penal (Decreto-lei nº 3.689/41) e por Leis Especiais, como, por exemplo, a Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas). Em outras palavras, quando uma infração penal é praticada, surge para o Estado o chamado “ius puniendi” (direito de punir). Todavia, para que tal direito possa ser exercido, sobrepondo-se, por consequência, ao direito de liberdade do infrator (“ius libertatis”), faz-se necessário o processo penal. Assim, enquanto o Direito Penal se ocupa de definir as infrações penais (crimes e contravenções), bem como as sanções aplicáveis aos infratores (penas e medidas de segurança), o Processo Penal, de forma instrumental, preocupa-se com o reconhecimento de tais infrações, possibilitando, dessa forma, a eventual condenação dos responsáveis. DO JUIZ, DO MINISTÉRIO PÚBLICO, DO ACUSADO E DEFENSOR, DOS ASSISTENTES E AUXILIARES DA JUSTIÇA. 1. DO JUIZ Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública. O juiz, sujeito do processo, deve atuar de forma imparcial, garantindo às partes (autor e réu) a igualdade de tratamento (isonomia ou paridade de armas), a ordem processual e a regularidade no curso do processo. Para tanto, o juiz dispõe do poder coercitivo, podendo requisitar força pública quando necessário. Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questão; IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. Impedimento do Juiz: Como já dito, o devido processo legal pressupõe a imparcialidade do juiz, ou seja, sua isenção. Para tanto, o magistrado deve manter igual distância (equidistância) das partes em litígio e de seus interesses. 1 CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 20ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 45. Código de Processo Penal - com as alterações vigentes até a publicação do Edital - artigos 251 a 258; 261 a 267; 274; 351 a 372; 394 a 497; 531 a 538; 541 a 548; 574 a 667. Prof. Me. José Luiz Mansur Júnior 2 Em alguns casos, o legislador presume objetivamente a parcialidade do juiz em razão da existência de relação prévia com o processo, afastando-o desde logo. Evita-se, assim, qualquer discussão acerca de sua isenção. São os casos de impedimento do magistrado, estampados no art. 252 do CPP. Presume-se, por exemplo, que o juiz que, no mesmo processo, tenha funcionado como advogado de uma das partes envolvidas não seja imparcial quanto aos seus interesses (art. 252, II). Assim, para que não haja qualquer risco, o juiz é proibido de atuar em tais feitos, evitando-se, dessa forma, o posterior reconhecimento da inexistência dos atos por ele praticados. Notas: 1. Parentes consanguíneos são os de sangue. Podem ser em linha reta ascendente (pais, avós, bisavós, etc.), linha reta descendente (filhos, netos, bisnetos, etc.), ou em linha colateral (irmãos, tios, sobrinhos etc.). Os parentes afins, por seu turno, são aqueles adquiridos em razão do casamento (sogros, cunhados, enteados, etc.). O impedimento do juiz surge em razão do vínculo com seus parentes em linha reta (consanguíneos ou afins), independemente do grau, e do vínculo com seus parentes colaterais até o 3º grau, ou seja, os irmãos, os tios e os sobrinhos (parentes consanguíneos), bem como os cunhados, os tios do cônjuge e os sobrinhos do cônjuge (parentes por afinidade). IMPORTANTE: os chamados vulgarmente “primos de 1º grau” são, em verdade, parentes colaterais em 4º grau, não se aplicando a eles o impedimento. 2. Os juízes que já atuaram no processo, pronunciando-se, são impedidos de atuar novamente em grau de recurso. A proibição é lógica, pois o que normalmente se pretende com o recurso é uma reanálise do caso por outros magistrados. Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. Nos órgãos jurisdicionais de segunda instância (Tribunais ou Colégios Recursais), o julgamento é coletivo (Turmas, Câmaras ou Grupos). Nesses casos, um magistrado é proibido de servir no mesmo processo em que também funcione como juiz um parente (consanguíneo ou afim), em linha retal ou em linha colateral até o terceiro grau. Mais uma vez o Código de Processo Penal presume a falta de isenção, impondo a proibição. Exemplo: pai e filho juízes são proibidos de julgar o mesmo recurso. Nota: o art. 253 não menciona o cônjuge. Há, todavia, entendimento no sentido de que este também deve ser incluído. Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo. Suspeição do Juiz: Além dos impedimentos(arts. 252 e 253), existem outros casos nos quais a parcialidade do magistrado pode ser presumida em razão da existência de outros vínculos ou interesses que possam comprometer seu espírito julgador. São as hipóteses de suspeição, elencadas no art. 254 do CPP. Podem ser reconhecidas pelo próprio juiz que, voluntariamente, afasta-se do processo, de ofício, ou, ainda, podem ser arguidas pelas próprias partes, através da chamada “exceção de suspeição” (art. 95, I, do CPP). Na precisa lição de Eugênio Pacelli, “(...) em relação aos casos de suspeição, os fatos e/ou circunstâncias objetivas que poderão influenciar o ânimo do julgador são encontrados externamente ao processo2”. 2 PACELLI, Eugênio. Curso de Processo Penal, 16ª ed., Editora Atlas, 2012, p. 443. 3 Conclui-se, portanto, que a diferença básica entre as hipóteses de impedimento e as de suspeição reside no vínculo. Se relativo ao próprio processo, trata-se de impedimento. Se externo, suspeição. Finalmente, nos termos do art. 564, I, do Código de Processo Penal, a suspeição do juiz é causa de nulidade do processo. Nota: segundo Guilherme de Souza Nucci, “amizade íntima é o forte e seguro vínculo de fidelidade e afeição nascido entre pessoas”. Relações de coleguismo profissional não constituiriam, assim, amizade íntima. Por sua vez, “inimizade capital é a aversão contundente e inequívoca entre duas pessoas3”. Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no processo. Em relação ao parentesco por afinidade (adquirido com o casamento), o impedimento ou a suspeição do juiz cessará com o divórcio, anulação ou morte do cônjuge (a separação judicial não extingue o vínculo). O impedimento e a suspeição, todavia, permanecerá se existirem descendentes (filhos). Nos termos do disposto, mesmo dissolvido o casamento, não poderá funcionar como juiz do processo o sogro, padrasto, cunhado, genro ou enteado de quem for parte. A razão é simples. Por vezes, a dissolução do vínculo matrimonial deixa resquícios: amizades ou inimizades que poderiam comprometer a isenção do juiz. Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. O objetivo do dispositivo legal é claro. Visa evitar que a parte, agindo de má-fé, provoque a suspeição com o intuito de afastar o juiz do processo. 2. DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 257. Ao Ministério Público cabe: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e II - fiscalizar a execução da lei. A maioria das infrações penais (crimes ou contravenções) não atinge somente a vítima (sujeito passivo imediato), mas também toda a sociedade (sujeito passivo mediato). O roubo, por exemplo, gera uma sensação de insegurança que excede os limites individuais (gera insegurança social). O mesmo pode ser dito de crimes como o homicídio, o estupro, e tantos outros. Toda sociedade se sente ameaçada. Natural, portanto, que um órgão público seja investido de legitimidade para processar os infratores em nome da sociedade, propondo a chamada ação penal pública. Este órgão legitimado é o Ministério Público. Nos termos do art. 127 da Constituição Federal de 1988, “o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”. Nota-se, portanto, que a atual Constituição Federal ampliou sensivelmente as funções institucionais do Ministério Público para muito além daquelas previstas no art. 257 do Código de Processo Penal. Hoje, incumbe ao Ministério Público, entre outras funções, promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; a ação de inconstitucionalidade; a defesa judicial dos interesses das populações indígenas; o exercício do controle externo da atividade policial (art. 129 da CF/88). Em relação ao processo penal, todavia, suas funções principais continuam sendo a propositura privativa da ação penal pública e a fiscalização da execução da lei, hipótese na qual o representante do Ministério Público age como custos legis (fiscal da lei). Notas: 1. Ação Penal Pública é iniciada através da propositura de uma “denúncia” pelo representante do Ministério Público. Tal ação pode ser pública incondicionada ou pública condicionada à representação 3 NUCCI, Guilherme. Código de Processo Penal Comentado, 11ª ed., Revista dos Tribunais, 2012, p. 578. 4 do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça. Dentre as espécies de ação penal pública condicionada, destaca-se a primeira, na qual o Promotor de Justiça depende de uma manifestação de vontade da vítima (representação) para oferecer denúncia contra o infrator. 2. Em alguns casos, o legislador optou por transferir a legitimidade para a propositura da ação penal ao ofendido ou ao seu representante legal. Isso ocorre em razão da natureza dos interesses em jogo, como, por exemplo, a intimidade ou a honra da vítima. São os casos de ação penal privada, nos quais a ação é iniciada através da propositura de uma “queixa-crime” ao juiz. Para tanto, é necessária a constituição de um advogado com poderes especiais. 3. Nos crimes de ação penal privada o Ministério Público atua tão somente como custos legis. Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. Por uma questão de isenção funcional, os representantes do Ministério Público (Promotores de Justiça e Procuradores de Justiça ou da República) também estarão impedidos de funcionar em processos nos quais o cônjuge ou parentes em linha reta ou colateral até o 3º grau, por consanguinidade ou afinidade, for o juiz ou parte, estendendo-se, no que lhes for aplicável, as demais hipóteses de impedimentos e suspeições previstas para o magistrado (arts. 252 a 254). Nota: nos termos da Súmula 234 do Superior Tribunal de Justiça (STJ): “A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”. Assim, se um Promotor acompanhou o inquérito policial, procedimento investigativo que em regra antecede a ação penal, não estará proibido de oferecer denúncia, ou seja, de formalizar a acusação contra o suspeito. 3. DO ACUSADO E SEU DEFENSOR Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor. Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada. A defesa técnica é imprescindível para a defesa do acusado, pois só um profissional capacitado e devidamente habilitado tem a noção exata das complexidades que cercam um processo judicial, bem como condições de orientar seu cliente, inclusive, quanto às vantagens de determinados institutos, como, por exemplo, a transação penal e a suspensão condicional do processo (vide comentários à Lei nº 9.099/95). Tanto que, nos termos do art. 133 da CF/88,“o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. O mesmo se diga em relação à Defensoria Pública, considerada, pela Constituição Federal, como instituição essencial à função jurisdicional, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados (art. 134, CF/88). Notas: 1. Além do advogado contratado pelo próprio acusado e constituído através de procuração, existem os defensores públicos, nomeados pelo Estado para a defesa dos necessitados, e os defensores dativos, nomeados pelo Juiz na ausência de advogado constituído ou de defensor público. 2. A falta de defensor constitui causa de nulidade do processo (art. 564, III, “c” do CPP). 3. Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas sua deficiência só anula o processo se houver prova de prejuízo para o réu”. 4. Nos termos do parágrafo único do art. 261, o defensor público e o dativo têm a obrigação de fundamentar suas manifestações, evitando-se, assim, defesas deficientes. Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador. 5 Com o advento do Código Civil de 2002 (Lei nº 10.406/2002), a maioridade civil, que antes se dava aos 21 anos, foi equiparada à penal, aos 18 anos. Assim, não há mais sentido em se nomear curador para o menor de 21 anos, posto que, nos termos do novo código, este é totalmente capaz para todos os atos. Nota: O Código de Processo Penal não está se referindo aos menores de 18 anos, pois estes, nos termos do art. 27 do Código Penal, são inimputáveis. Não estão, dessa forma, sujeitos às sanções da legislação penal, mas sim, às disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente. Em suma, os menores de 18 anos não podem figurar como réus no processo penal. Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação. Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. Como já afirmado acima, na ausência de defensor constituído pelo próprio acusado, ser-lhe-á nomeado defensor pelo magistrado. O Código ressalva, todavia, a possibilidade do acusado constituir defensor a todo tempo ou mesmo de se autodefender, desde que habilitado como advogado pela Ordem dos Advogados do Brasil. Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz. O artigo está em parte desatualizado, Primeiro, porque não mais existe a figura do solicitador, substituída pelo estagiário. Segundo, porque a multa de cem a quinhentos mil-réis não foi atualizada pelo legislador. Por outro lado, o Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94) preceitua que a recusa do advogado em prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em virtude da impossibilidade da Defensoria Pública, constitui infração disciplinar. Por óbvio, nos casos de nomeação, o advogado será remunerado pelo próprio réu, desde que possua condições financeiras ou pelo Estado. Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. § 1º A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder comparecer. § 2º Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que provisoriamente ou só para o efeito do ato. Apesar do disposto no art. 265, “caput”, o defensor não é, em verdade, proibido de abandonar o processo, podendo fazê-lo até mesmo por convicção íntima. Basta que cumpra o disposto no art. 5º, §3º, do Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94), a saber: “O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo”. Nota: em audiência, ausente o defensor constituído sem motivo justificado, o juiz nomeará, ainda que somente para o ato, defensor substituto. É o chamado “Defensor Ad Hoc”, que nada mais é do que o Defensor Dativo. Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório. Em regra, os defensores contratados pelo acusado são constituídos através de Procuração “ad judicia” juntada aos autos do processo (a procuração é o instrumento do mandato). O CPP, todavia, permite que o acusado constitua seu defensor por “termo nos autos”, indicando-o ao juiz durante a audiência. Trata-se de procuração “apud acta” (nos autos). Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os parentes do juiz. 6 Da mesma forma que o juiz está impedido de exercer jurisdição nos processos em que seu cônjuge ou parentes próximos tenham desempenhado a função de defensor (art. 252, I), os defensores estão impedidos de funcionar em processos em que o juiz seja seu parente. Mais uma vez a intenção do legislador foi de assegurar a imparcialidade do julgamento. 4. DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos serventuários e funcionários da justiça, no que lhes for aplicável. Hoje os termos “serventuário” e “funcionário” da justiça são praticamente sinônimos. Na Justiça Estadual, funcionários da justiça são os escrivães-diretores, os escreventes-chefes, os escreventes técnicos judiciários e os oficiais de justiça, dentre outros. Na Justiça Federal, por sua vez, são, em regra, os Analistas e Técnicos. A preocupação do legislador é justificada, pois, apesar de não praticarem, em tese, atos decisórios, e de estarem sujeitos às Corregedorias, acabam, muitas vezes, tendo acesso privilegiado ao processo, podendo, inclusive, dificultar seu andamento. DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES 1. DAS CITAÇÕES Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado. A citação, na lição de GUILHERME DE SOUZA NUCCI, “é o chamamento do réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento da ação, imputando-lhe a prática de uma infração penal, bem como lhe oferecendo a oportunidade de se defender pessoalmente e através de defesa técnica” (Código de Processo Penal Comentado, 11ª ed., Revista dos Tribunais, 2012, p. 700). Em suma, é ato processual através do qual o acusado é chamado inicialmente ao processo, tomando conhecimento da acusação e tendo a oportunidade de se defender. Divide-se em: a) Citação Pessoal ou Real: por mandado, carta precatória, carta rogatória ou carta de ordem. b) Citação Ficta: por edital e por hora certa O art. 351 faz menção à primeira modalidade de citação pessoal, ou seja, a citação por mandado, cumprida na mesma Comarca, através de oficial de justiça. Nessa hipótese corriqueira, o oficial de justiça procurará o acusado e, encontrando-o, lhe dará ciência dos termos da acusação, entregando- lhe, ainda, uma via do mandado citatório (contrafé), acompanhada normalmente de uma cópia da denúncia ou da queixa-crime. Após o cumprimento do mandado, será lavrada, pelo oficial de justiça, uma certidão dando conta de que o acusado foi regularmente citado. Nota: citação por hora certa foi incorporada ao processo penal após o advento da Lei nº 11.719/2008 (vide comentários ao artigo 362 do CPP). Art.352. O mandado de citação indicará: I - o nome do juiz; II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais característicos; IV - a residência do réu, se for conhecida; V - o fim para que é feita a citação; VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz. Notas: 1. Querelante é o ofendido nos crimes de Ação Penal Privada (aqueles que se procedem mediante queixa-crime). Como já dito anteriormente, em alguns crimes o legislador optou por transferir à própria vítima, ou ao seu representante legal, a legitimidade para diretamente propor ação penal contra o suposto criminoso. 7 2. Com as alterações trazidas pelas Leis nº 11.689/2008 e 11.719/2008, no mandado de citação não mais constará o dia e a hora em que o réu deverá comparecer, pois nos novos procedimentos o réu será o último a ser ouvido (interrogado), e isso só ocorrerá ao final do processo. Por consequência, no mandado deverá constar o prazo de 10 (dez) dias para que o acusado responda por escrito à acusação (defesa prévia), conforme art. 396 do CPP. 3. O escrivão é responsável pela conferência do mandado, razão pela qual deve subscrevê-lo (assiná-lo). O juiz, por sua vez, apenas o rubrica, confirmando, assim, que ele foi expedido a seu mando (daí o nome “mandado”). Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz processante, será citado mediante precatória. As citações pessoais em outras comarcas serão realizadas através da expedição de Carta Precatória, que nada mais é do que uma solicitação feita pelo juiz do processo para outro de comarca distinta, onde se encontra o réu. Exemplo: o acusado está sendo processado na 1ª Vara Criminal da Comarca de Marília/SP. No entanto, por residir em Lins/SP, o juiz de Marília determina a expedição de Carta Precatória, solicitando ao juiz daquela comarca (Lins) que mande citar o réu. Art. 354. A precatória indicará: I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; II - a sede da jurisdição de um e de outro; III - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações; IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer. Enquanto o juiz deprecante é aquele responsável pela expedição da Carta Precatória, o juiz deprecado é o magistrado que a recebe, determinando seu cumprimento na respectiva comarca, através de oficial de justiça. Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por mandado do juiz deprecado. Cumprida a precatória, ela será devolvida ao juízo deprecante, independentemente de traslado, ou seja, não haverá extração de cópias para permanência no juízo deprecado. Nota: Muitas vezes, o juiz deprecado, em razão da urgência, opõe o seu “cumpra-se” no próprio corpo da Carta Precatória, não expedindo mandado em sua comarca, o que normalmente seria de praxe. § 1º Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação. Precatória itinerante: constatando que o réu encontra-se em outra comarca e que ainda há tempo hábil para a citação, o juiz deprecado não devolverá a precatória ao juiz deprecante, mas a remeterá ao novo juízo para que não se perca tempo. Exemplo: a precatória foi expedida em Marília/SP e encaminhada para o juízo de Lins/SP, Todavia, em Lins, verificou-se que o réu havia se mudado par a comarca de Ribeirão Preto/SP. Assim, ao invés de o Juiz de Lins devolver a precatória para Marília, ele a remeterá para Ribeirão Preto. § 2º Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto no art. 362. O §2º do art. 355 perdeu o sentido após a edição da Lei nº 11.719/08, pois, se verificado que o réu está se ocultando, o oficial de justiça deverá proceder à citação por hora certa, evitando, assim, a devolução da precatória. Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida por via telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a estação expedidora mencionará. 8 A urgência possibilita não só a citação por telegrama, como também por fax. Em qualquer caso, é indispensável que o juízo deprecado se certifique de sua origem. Art. 357. São requisitos da citação por mandado: I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação; II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa. No que se refere à citação, o Código de Processo Penal não impõe limitações em termos de dias ou horários para que a mesma possa ser efetivada, ao contrário do que faz o Código de Processo Civil. A inviolabilidade do domicílio, todavia, prevista no art. 5º, XI, da Constituição Federal, deve ser respeitada. Nada impede, por exemplo, que o oficial de justiça encontre o réu durante a noite, em um bar, e providencie sua citação. Nota: 1. O réu será dado por citado ainda que se negue a assinar o mandado. Daí a importância da certidão lavrada pelo oficial de justiça, dando conta do ocorrido. 2. O oficial de justiça goza de “fé pública”, ou seja, presumem-se verdadeiras as informações constantes de suas certidões. Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do respectivo serviço. O militar, ao contrário dos funcionários públicos civis, é citado através de seu superior hierárquico, resguardando-se, assim, a disciplina e a inviolabilidade da base militar. Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição. O funcionário público é citado pessoalmente, como todas as demais pessoas cuja localização é conhecida. Como diferencial, o Código de Processo Penal exige apenas a notificação do seu superior hierárquico, a fim de que a eventual ausência do subalterno não cause prejuízo à administração pública. Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. O réu preso está sob a custódia do Poder Público. Assim sendo, não há razão plausível para que ele seja citado por edital, haja vista que sua localização é conhecida. Nota: nos termos da Súmula 351 do STF: “É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da Federação em que o Juiz exerce a sua jurisdição”. Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias. A citação por edital é modalidade de citação ficta, ou seja, presumida, efetivando-se através da publicação do referido edital em jornal de grande circulação e de sua afixação no átrio (entrada) do fórum. Há uma presunção legal de que, através do edital, o acusado tomou conhecimento da citação. Na prática, é como se o legislador presumisse que todos leem diariamente os editais de citação publicados pela imprensa ou afixados no átrio do fórum. Por outro lado, a citação por edital somente é possível se esgotados todos os meios de localização para a citação pessoal. Nota: O prazo do edital é de 15 (quinze) dias. Isso significa que o acusado somente é considerado citado 15 (quinze) dias após a data da publicação. Após a citação, o réu terá 10 (dez) dias para apresentação de resposta escrita. Tal prazo, todavia, somente começará a fluir a partir de seu comparecimento pessoal ou da constituição de defensor. Assim: 9 Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado,o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. A citação por hora certa (outra modalidade de citação ficta) é uma inovação trazida ao processo penal pela Lei nº 11.719, de 20 de julho de 2008, tendo por finalidade a citação do réu que se esconde do oficial de justiça para não ser pessoalmente citado. Uma vez efetivada, dispensa a citação por edital. Tal modalidade de citação segue a forma estabelecida pelos artigos 227 a 229 do Código de Processo Civil, a saber: 1. Tendo o réu sido procurado, por três vezes, em seu domicílio ou residência, sem ser encontrado, e, havendo a suspeita de que ele está se ocultando, o oficial intimará qualquer pessoa da família, ou em sua falta, qualquer vizinho, advertindo-o de que, no dia imediato (seguinte), voltará para efetivar a citação em determinada hora (daí o nome “citação por hora certa”). 2. No dia e hora marcados, o oficial comparecerá ao domicílio ou residência do acusado para a realização da citação. 3. Se o acusado estiver presente, será citado pessoalmente (citação real). Caso não esteja presente, o oficial, procurando se informar das razões de sua ausência, dará o acusado por citado, ainda que o mesmo esteja se ocultando em outra comarca. 4. O oficial deixará, ainda, contrafé (cópia) da certidão da ocorrência com pessoa da família ou com qualquer vizinho, declarando-lhe o nome. 5. Feita a citação por hora certa, o escrivão responsável pelo cartório do juízo perante o qual o réu esta sendo processado, enviará carta, telegrama ou radiograma ao acusando, dando-lhe ciência do ocorrido. Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado. I - (revogado); II - (revogado). § 1º Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital. § 2º (Vetado) § 3º (Vetado) § 4º Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código. Todo processo encerra uma relação entre o autor da ação (Ministério Público ou Querelante), o Juiz e o acusado (Réu ou Querelado). Essa relação processual começa a se formar com o recebimento da denúncia (peça inicial da ação penal pública) ou da queixa-crime (peça inicial da ação penal privada) pelo Juiz, aperfeiçoando-se com a citação válida do acusado. Relação processual: 10 Nota: comparecendo o réu citado por edital, o processo retomará sua marcha normal, seguindo-se a fase instrução (produção de provas), alegações finais (debates orais ou memoriais escritos) e, finalmente, sentença. Art. 364. No caso do artigo anterior, nº I, o prazo será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias, e, no caso de nº II, o prazo será de 30 (trinta) dias. A norma perdeu a eficácia, pois a Lei nº 11.719/08 revogou o disposto nos incisos I e II do artigo 363. Referia-se às hipóteses de acusado em lugar inacessível, em virtude de epidemia, guerra ou por outro motivo de força maior (prazo do edital entre 15 e 90 dias), bem como quando incerta a pessoa a ser citada (prazo de 30 dias). Art. 365. O edital de citação indicará: I - o nome do juiz que a determinar; II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do processo; III - o fim para que é feita a citação; IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer; V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na imprensa, se houver, ou da sua afixação. Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste a página do jornal com a data da publicação. Atualmente, com as inovações trazidas pela Lei nº 11.719/08, não constará mais do edital o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer, pois seu interrogatório não é mais o primeiro ato realizado após a citação. Em substituição do edital, deverá constar o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de resposta à acusação (ou, como alguns preferem, defesa prévia), nos termos do arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal. Como dito anteriormente, o edital será publicado em jornal de grande circulação, onde houver, além de ser afixado no átrio (entrada) do fórum. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. Não existe mais a possibilidade de o réu, citado por edital, desde que ausente e sem constituir defensor, ser processado à sua revelia, com a nomeação de um defensor público ou dativo. O processo, nesses casos, ficará suspenso (paralisado) até que o acusado seja encontrado ou compareça. Junto com o processo, também ficará suspenso o prazo de prescrição do crime, evitando-se, assim, a impunidade do infrator. Como existem certas provas cujo objeto pode perecer com o tempo, como, por exemplo, as perícias sobre vestígios deixados pelo crime, previu-se a possibilidade do juiz determinar sua produção antecipada. Por fim, o juiz ainda pode determinar a prisão preventiva do acusado (modalidade de prisão durante o processo), caso presentes seus pressupostos (provas da existência do crime e indícios de autoria) e um de seus fundamentos (garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal), conforme art. 312 do CPP. Nota: a prescrição consiste na extinção do direito de punir do Estado pelo decurso do tempo. Seu prazo varia de acordo com a pena do crime. Ex.: Um crime cuja pena é inferior a 01 (um) ano, prescreve em 03 (três) anos. 11 Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo. A hipótese prevista no art. 367 difere da anterior (art. 366), pois, aqui o réu foi efetivamente citado ou intimado para qualquer ato do processo e, sem motivo justificado, deixou de comparecer ou de comunicar a mudança de seu endereço. Nesse caso, o acusado será processado à revelia, não sendo mais intimado para os próximos atos do processo, com exceção da sentença final. Seu advogado, todavia, continuará sendo intimado. Importante: no processo penal, a revelia (ausência) do acusado não gera a presunção de veracidade ou confissão dos fatos alegados pela acusação. Vige, em relação ao processo penal, o “princípio da verdade real”, pelo qual a verdade dos fatos deve ser descortinada, ainda que o réu seja revel ou não tenha contestado os argumentos apresentados pela acusação. Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. A citação por carta rogatória é outra modalidade de citação pessoal (real), ocorrendo nas hipóteses de réu no estrangeiro e desde que o lugar seja conhecido. É cumprida através dos meios diplomáticos, solicitando-se a um juiz estrangeiro que ordene o cumprimento da citação. Como normalmente o cumprimentode uma carta rogatória é demorado, suspende-se o prazo de prescrição até o seu cumprimento. Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. Legações estrangeiras: são as embaixadas e os consulados de outros países no Brasil. Apesar de localizadas em território brasileiro, tais legações são invioláveis, limitando-se, assim, o acesso do oficial de justiça para a citação de alguém que ali se encontre. Por esse motivo, o Código de Processo Penal determina a citação por carta rogatória, o que acaba por evitar incidentes diplomáticos. Citação por Carta de Ordem: ocorre nas hipóteses de acusado com foro privilegiado (foro por prerrogativa de função). Nesses casos, o réu, em razão de seu cargo, é originariamente processado por um Tribunal e não por um juiz de primeira instância. Para facilitar, o Tribunal competente para julgar expede uma “carta de ordem” ao juiz da comarca onde o acusado tem seu domicílio ou residência, determinando que a citação seja ali realizada. Cumprida a diligência, o juiz providencia a devolução da carta de ordem ao Tribunal que a expediu. Trata-se de mais uma hipótese de citação pessoal (real). 2. DAS INTIMAÇÕES Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior. § 1º A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome do acusado. § 2º Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. § 3º A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a que alude o § 1º. § 4º A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal. Enquanto a citação é o ato inicial de chamamento do acusado ao processo, dando-lhe não só o conhecimento dos termos da acusação, como também a oportunidade para se defender, a intimação é o ato processual por intermédio do qual o acusado toma conhecimento de outros atos do processo, pretéritos ou futuros. A título de exemplo, usa-se de intimação para comunicar a data de uma audiência vindoura, convocar testemunhas a depor em juízo e dar conhecimento dos termos da sentença. Para tanto, são adotados os mesmos meios previstos para a citação, ou seja, mandado, carta precatória, carta rogatória, carta de ordem, edital e hora certa. 12 Os advogados, por outro lado, são intimados pela imprensa oficial (diário oficial do Estado ou da União). Inclui-se nesse rol não só o defensor constituído pelo réu, como também o advogado do querelante (ação penal privada) e o assistente de acusação (advogado nomeado pela vítima para acompanhar o processo nos crimes de ação penal pública). O defensor nomeado, por outro lado, será intimado pessoalmente, assim como o representante do Ministério Público. Excepcionalmente, não havendo imprensa oficial, os advogados poderão ser intimados por mandado. Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que for requerida, observado o disposto no art. 357. Em casos de necessidade, é possível que a intimação urgente de uma determinada pessoa, como por exemplo, uma testemunha, seja deferida por despacho no corpo da própria petição que a requereu. E mais, é possível, ainda, que a petição despachada seja usada como se fosse um mandado, observando-se, todavia, as cautelas do art. 357, a saber: leitura e entrega de contrafé (cópia) ao intimado, bem como declaração por certidão de sua aceitação ou recusa em recebê-la. Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. Caso haja a redesignação de uma audiência em razão, por exemplo, da ausência de uma das testemunhas arroladas, as partes sairão intimadas da nova data e horário, evitando-se, assim, a expedição de mandado. De tudo será lavrado termo nos autos, constando os motivos da redesignação e a intimação das partes. Nota: lavrar “termo nos autos” significa reduzir a escrito o ocorrido. Em caso de redesignação, o termo constará da ata da audiência, que será assinada por todos. DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE 1. DO PROCESSO COMUM I - Da instrução criminal Art. 394. O procedimento será comum ou especial. O procedimento é a forma pela qual o processo se desenvolve. Em termos práticos, nada mais é do que a sequência de atos processuais a ser seguida. Tal sequência, todavia, varia de acordo com a gravidade ou a natureza do crime, motivo pelo qual existem diferentes espécies de procedimentos (comum ou especial). Enquanto o procedimento comum é a regra para a maioria dos crimes, existem certas especificidades que levaram o legislador a adotar rito diferenciado, ou seja, especial. É o que ocorre, por exemplo, em relação aos crimes abrangidos pela Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06). § 1º O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo: I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. O procedimento comum subdivide-se em ordinário, sumário e sumaríssimo. Enquanto os dois primeiros são regulados pelo próprio Código de Processo Penal, o sumaríssimo é tratado pela Lei nº 9.099, de 19 de setembro de 1995, que cuida das chamadas “infrações de menor potencial ofensivo” (contravenções penais e crimes com pena máxima não superior a 02 anos). De se observar que o procedimento comum varia de acordo com a pena máxima prevista para o crime. Assim, a título de exemplo, destacamos o furto simples, previsto no art. 155, “caput”, do Código 13 Penal, cuja pena é de reclusão, de 01 a 04 anos, e multa. O procedimento, nos termos do art. 394, §1º, I, do CPP, será o ordinário, cabível para os crimes com pena máxima igual ou superior a quatro anos. Da análise do disposto no art. 394, §1º, I a III, do CPP, bem como no art. 61, da Lei nº 9.099/95, é possível concluir: Procedimento Pena máxima: Ordinário Maior ou igual a 04 anos Sumário Maior que 02 e menor que 04 anos. Sumaríssimo Menor ou igual a 02 anos. Nota: a Lei Maria da Penha exclui expressamente a aplicação do procedimento sumaríssimo aos crimes por ela abrangidos (art. 41 da Lei 11.340/06). Assim, nos crimes que envolvem violência doméstica contra a mulher, o procedimento será o ordinário (pena máxima igual ou superior a quatro anos) ou o sumário (pena máxima inferior a quatro anos). § 2º Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em contrário deste Código ou de lei especial. Como já dito acima, a regra é o procedimento comum. Os procedimentos especiais são exceções. § 3º Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. O rito do Tribunal do Júri tem suas próprias regras, razão pela qual o procedimento pode ser considerado especial. § 4º As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. O dispositivo refere-se às hipóteses de rejeição da denúncia ou da queixa-crime (art.395), bem como, alternativamente, ao seu recebimento e citação do acusado para apresentação de resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias (arts. 396 e 396-A). Por fim, alude aos casos de absolvição sumária (art. 397). Todos os artigos citados serão oportunamente apreciados. Nos termos do §4º, tais disposições serão aplicadas a todos os procedimentos de primeira instância (comuns ou especiais), incluindo-se, ainda, aqueles regulados em lei própria, como, por exemplo, o procedimento da Lei de Drogas (Lei nº. 11.343/06). Notas: 1. O art. 398 foi revogado pela Lei nº 11.719/08). 2. As disposições do art. 395 a 397 não se aplicam ao procedimento do Tribunal do Júri, e, segundo alguns autores, não se aplicam também ao procedimento sumaríssimo. § 5º Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário. O procedimento ordinário é o mais completo, permitindo ao acusado uma defesa mais ampla. Por tal motivo, suas disposições servem aos procedimentos sumário e sumaríssimo de forma subsidiária (complementar). Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. Parágrafo único. (Revogado). A propositura de uma ação penal (pública ou privada) pressupõe a satisfação de certas exigências sem as quais a denúncia ou a queixa-crime deve ser rejeitada. Nos termos do art. 41 do CPP, a denúncia ou a queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. A inépcia da denúncia ou da queixa é verificada quando ausentes tais requisitos. Por outro lado, há pressupostos e condições para o exercício da ação penal, como, por exemplo, juiz não impedido e competente para a apreciação da causa; a propositura da ação por parte legítima 14 (Ministério Público, nos crimes de ação penal pública, e o Querelante, nos crimes de ação penal privada), a existência de interesse de agir (provas do crime e indícios suficientes de autoria), bem como a formulação de pedido juridicamente possível. A ausência de tais pressupostos e condições da ação também é causa de rejeição da denúncia ou da queixa-crime. Finalmente, o inciso III faz referência à falta de justa causa para o exercício da ação penal, o que implicaria genericamente na inobservância de qualquer outra exigência legal. Alguns autores entendem, todavia, que este inciso englobaria todos os casos de rejeição, englobando as hipóteses dos incisos I e II. Nota: contra a decisão que rejeita a denúncia ou a queixa-crime cabe Recurso em Sentido Estrito (art. 581, I, do CPP). No procedimento sumaríssimo, por outro lado, cabe Apelação (art. 82 da Lei 9.099/95). Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído. O recebimento da denúncia ou da queixa marca o início real do processo, interrompendo, inclusive, a contagem do prazo de prescrição do crime. A denúncia ou queixa será recebida por despacho do juiz que, entre outras coisas, determinará a citação do acusado para apresentar resposta à acusação (defesa prévia) no prazo de 10 (dez) dias. Como já visto, caso o réu seja citado por edital, não comparecendo ou constituindo defensor, o processo ficará suspenso (vide comentários ao art. 366). Nesse caso, o prazo para apresentação da resposta somente começará a contar a partir da data do seu comparecimento posterior ou da nomeação de defensor constituído. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. A resposta à acusação (defesa prévia) é de fundamental importância para a defesa, pois nessa oportunidade primeira de manifestação serão indicadas as provas que pretende produzir durante o processo, com especial atenção ao rol de testemunhas. Notas: 1. Preliminares são questões processuais que impedem a análise do mérito da causa enquanto não resolvidas. Ex.: o réu alega preliminarmente a ausência de uma das condições para o exercício da ação penal. Enquanto está questão não for resolvida, o juiz não pode julgá-lo. 2. O acusado perderá o direito inicial de arrolar testemunhas se não o fizer na resposta à acusação. Em termos jurídicos, diz-se que houve a preclusão do direito. § 1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. Existem modalidades de defesa indireta que, uma vez acatadas, podem levar à procrastinação do processo (retardamento) ou mesmo à sua extinção. São as “exceções”. No primeiro caso, temos as “exceções peremptórias” de litispendência (existência de ação idêntica em andamento) e coisa julgada (existência de ação idêntica definitivamente julgada). No segundo caso, temos as “exceções dilatórias” de suspeição do juiz, incompetência, e ilegitimidade de parte. O que interessa destacar no momento, todavia, é que tais exceções serão processadas em autos apartados (separados), somente sendo apensadas ao processo principal em momento posterior. § 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. O réu não pode ser processado sem defesa. Assim, caso não constitua defensor ou não apresente resposta à acusação, ser-lhe-á nomeado defensor para fazê-lo. Esta disposição não se aplica ao réu citado por edital que não compareceu ao processo ou não nomeou defensor, pois, em relação a este, o processo será suspenso (art. 366). 15 Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente. A Lei nº 11.719/08 trouxe ao processo penal a possibilidade de julgamento antecipado da causa, com a absolvição sumária do acusado. Caso verificada uma das hipóteses do art. 397, o juiz absolverá desde logo o acusado, dispensando, assim, a fase de produção de provas (instrução do processo). As hipóteses são de situações extremas, a saber: 1. A existência manifesta de causa excludente de ilicitude, como a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito. 2. A existência manifesta de causa excludente de culpabilidade, como a falta de potencial consciência da ilicitude, a obediência à ordem não manifestamente ilegal ou a coação moral irresistível. Exclui-se a hipótese de inimputabilidade do réu, pois, se reconhecida, poderá levar a decretação de uma medida de segurança, como, por exemplo, a internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. 3. Que o fato narrado evidentemente não constitua crime. 4. A existência de causa de extinção da punibilidade do agente, como, por exemplo, a prescrição do crime. Art.399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente. § 1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, devendo o poder público providenciar sua apresentação. § 2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. Não sendo o réu absolvido sumariamente, o que na prática dificilmente ocorre, o juiz designará audiência de instrução, debates e julgamento, determinando a intimação das partes. Estando o réu preso, haverá a necessidade de requisição prévia ao diretor da unidade prisional em que o mesmo se encontra recolhido para apresentação no dia da audiência, haja vista que é direito do acusado acompanhar todos os atos do processo. Por fim, a Lei nº 11.719/08 inovou mais uma vez, trazendo ao processo penal o princípio da identidade física do juiz, pelo qual, segundo o qual, o magistrado que presidiu a instrução (produção das provas), fica vinculado ao julgamento, devendo proferir sentença. Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado. § 1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. § 2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes. O prazo máximo de 60 (sessenta) dias para a realização da audiência é contado a partir da apreciação judicial da resposta à acusação, afastada, é claro, a possibilidade de absolvição sumária. A instrução seguirá a seguinte sequência: (1º) Declarações do ofendido (vítima); (2º) Oitiva das testemunhas de acusação; (3º) Oitiva das testemunhas de defesa; (4º) Esclarecimentos dos peritos (5º) Acareações (6º) Reconhecimento de pessoas e coisas 16 (7º) Interrogatório do réu Nota: as testemunhas de acusação deverão ser ouvidas antes das testemunhas de defesa, sob pena de nulidade (inversão tumultuária da ordem do processo). A regra, todavia, não se aplica em relação às testemunhas a serem ouvidas por Carta Precatória (art. 222). Assim, a rigor, uma Carta Precatória expedida para a oitiva de uma testemunha de defesa poder ser cumprida antes da oitiva de uma testemunha de acusação. Em obediência ao princípio da concentração, as provas serão produzidas em audiência única. Admite-se, entretanto, o desmembramento da audiência quando necessário. É o que ocorre quando uma das testemunhas arroladas pela acusação não comparece para depor. Havendo a insistência em ouvi-la, o juiz redesignará nova audiência em continuidade. Por fim, o juiz pode indeferir provas consideradas irrelevantes (desnecessárias para o julgamento da causa), impertinentes (alheias ao assunto, inoportunas) ou, ainda, protelatórias (cujo objetivo é retardar o processo). Art. 401. Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) pela defesa. § 1º Nesse número não se compreendem as que não prestem compromisso e as referidas. § 2º A parte poderá desistir da inquirição de qualquer das testemunhas arroladas, ressalvado o disposto no art. 209 deste Código. No procedimento comum ordinário, o número de testemunhas que cada uma das partes pode arrolar é limitado a 08 (oito). Nesse número, todavia, não se incluem as testemunhas que não prestam compromisso de dizer a verdade, como, por exemplo, os doentes mentais, os menores de 14 (quatorze) anos, o cônjuge, os pais, os avós e irmãos (art. 208). Também não se incluem as testemunhas que, em audiência, forem indicadas (referidas) por outras. Ademais, ainda que a parte desista da oitiva de uma testemunha, o juiz poderá ouvi-la como “testemunha do juízo”, em homenagem ao princípio da verdade real (art. 209). Nota: Havendo mais de um acusado, cada um poderá arrolar até 08 (oito) testemunhas. Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. A necessidade de outras provas poderá surgir em razão daquelas produzidas em audiência, com, por exemplo, a oitiva de uma testemunha referida por outra, motivo pelo qual o magistrado deve conceder às partes oportunidade para requerê-las. Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. § 1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual. § 2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. § 3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. Encerrada a fase de instrução (produção de provas), tem início a fase subsequente, de alegações finais. Nessa oportunidade, em vista de todas as provas produzidas durante a instrução do processo, as partes manifestar-se-ão de forma derradeira (final). A regra é que as alegações finais sejam orais (debates), concedendo-se a cada uma das partes (primeiro a acusação e depois a defesa), 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez) minutos. Excepcionalmente, no entanto, em razão da complexidade do caso ou do elevado número de acusados, o juiz poderá deferir prazo sucessivo de 05 (cinco) dias para apresentação de memoriais escritos. A sentença será proferida em audiência. Excepcionalmente, caso concedido prazo sucessivo de 05 (cinco) dias para que as partes apresentem seus memoriais escritos, o juiz terá 10 (dez) dias para proferir sentença. 17 Nota: nos crimes de ação penal pública existe a figura do assistente de acusação. Trata-se de advogado nomeado pelo ofendido ou por sua família para acompanhar a acusação. Havendo assistente, este terá 10 (dez) minutos para se manifestar contados do término do prazo do representante do Ministério Público. Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais. Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença. Como já verificado, a instrução, os debates e o julgamento devem ser concentrados em uma única audiência. Todavia, tal concentração pode não ser possível à vista de outras diligências que se afigurarem necessárias ao término da fase de produção de provas, como, por exemplo, uma perícia. Nessa hipótese, a audiência será encerrada sem as alegações finais orais, concedendo-se, posteriormente, prazo para memoriais escritos (cinco dias para cada parte), seguindo-se a sentença em 10 (dez) dias. Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela ocorridos. § 1º Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado,indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações. § 2º No caso de registro por meio audiovisual, será encaminhado às partes cópia do registro original, sem necessidade de transcrição. Um resumo do ocorrido em audiência, bem como suas principais intercorrências, deve ser registrado em livro próprio, assinado pelo juiz e pelas partes. Na verdade, lavra-se uma “Ata da Audiência” que é posteriormente juntada ao processo. Independentemente da forma, o registro é de extrema importância, pois a impugnação de muitas nulidades depende de sua arguição oportuna, o que, muitas vezes, deve ocorrer em audiência, evitando-se, assim, a preclusão. Nota: estenotipia é um método utilizado para o registro de informações através de códigos. Sua utilização permite o registro escrito de um depoimento verbal em tempo real. Ao lado de outras formas de registro, como a gravação magnética, digital e audiovisual, tem por finalidade manter a integridade do depoimento. 2. DO PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO JÚRI O Tribunal do Júri é competente para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, a saber: homicídio doloso, participação em suicídio, infanticídio e aborto. Seu procedimento tem como ápice o julgamento do acusado por populares sorteados entre cidadãos de bem, garantindo-se, ainda, nos termos do art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal, a plenitude da defesa, o sigilo das votações e a soberania dos veredictos (decisão dos jurados). Em linhas gerais, o procedimento do Tribunal do Júri é dividido em duas fases. Na primeira, conhecida como “judicium accusationis” (fase de formação da culpa), um juiz de direito analisa a presença de provas da materialidade (existência) do crime e de indícios suficientes de sua autoria, a fim de pronunciar o acusado a Júri, ou seja, mandá-lo a julgamento popular. Já na segunda fase, da “judicium causae”, o acusado é efetivamente julgamento perante o Tribunal do Júri. Seção I Da Acusação e da Instrução Preliminar Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 18 § 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. § 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa. § 3º Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. À semelhança do que acontece no procedimento comum ordinário, na primeira fase do júri, o réu, após o recebimento da denúncia ou da queixa-crime, será citado para a apresentação de resposta à acusação no prazo de 10 (dez) dias, contados da efetivação do mandado (citação real) ou de seu comparecimento em juízo, pessoalmente ou através de seu defensor constituído (citação por edital). O número de testemunhas na primeira fase do procedimento (judicium accusationis) também é o mesmo do procedimento ordinário, ou seja, 08 (oito) testemunhas para cada uma das partes. Art. 407. As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. As exceções de incompetência, suspeição, ilegitimidade de parte, litispendência e coisa julgada também serão processadas em apartado (autos próprios), sendo posteriormente apensadas aos autos principais. Art. 408. Não apresentada a resposta no prazo legal, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em até 10 (dez) dias, concedendo-lhe vista dos autos. Para que não haja violação ao princípio constitucional da ampla defesa, será nomeado defensor para o réu que não apresentar resposta à acusação. Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias. Aqui temos a primeira diferença entre a fase inicial do júri e o procedimento ordinário. Após a defesa prévia, não haverá manifestação do juiz quanto à possibilidade de absolvição sumária, mas sim prazo de 05 (cinco) dias para que a acusação (MP ou Querelante) se manifeste sobre as questões preliminares arguidas pela defesa, bem como sobre os documentos juntados. Art. 410. O juiz determinará a inquirição das testemunhas e a realização das diligências requeridas pelas partes, no prazo máximo de 10 (dez) dias. Na sequência, será designada audiência de instrução e outras diligências requeridas pelas partes. Enquanto no procedimento ordinário o prazo para realização da audiência é de 60 (sessenta) dias, no Júri, pela necessidade de celeridade (rapidez), é de apenas 10 (dez) dias, pois todo procedimento inicial (primeira fase) deverá ser encerrado no prazo máximo de 90 (noventa) dias. Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e procedendo-se o debate. § 1º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento e de deferimento pelo juiz. § 2º As provas serão produzidas em uma só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. § 3º Encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto no art. 384 deste Código. § 4º As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez). § 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será individual. § 6º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. 19 § 7º Nenhum ato será adiado, salvo quando imprescindível à prova faltante, determinando o juiz a condução coercitiva de quem deva comparecer. § 8º A testemunha que comparecer será inquirida, independentemente da suspensão da audiência, observada em qualquer caso a ordem estabelecida no caput deste artigo. § 9º Encerrados os debates, o juiz proferirá a sua decisão, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos. A audiência de instrução segue basicamente a mesma ordem do art. 400, a saber: (1º) Declarações do ofendido (vítima), se possível; (2º) Oitiva das testemunhas de acusação; (3º) Oitiva das testemunhas de defesa; (4º) Esclarecimentos dos peritos; (5º) Acareações; (6º) Reconhecimento de pessoas e coisas; (7º) Interrogatório do réu. Encerrada a instrução, iniciam-se os debates (20 minutos para cada parte, prorrogáveis por mais 10 minutos), seguidos da decisão do juiz (em audiência ou no prazo de 10 dias). Nota: o §3º preceitua que encerrada a instrução probatória, observar-se-á, se for o caso, o disposto no art. 384 do CPP. Assim, se surgirem novas provas durante a instrução, evidenciando a prática de crime diverso daquele narrado na denúncia ou na queixa-crime, o representante do Ministério Público terá a oportunidade para “aditar” (complementar/corrigir) a peça acusatória, seguindo-se a manifestação da defesa. Tal possibilidade é conhecida como “mutatio libelli”. Art.412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias. Com o intuito de acelerar a primeira fase do procedimento do Júri, o legislador fixou um prazo máximo de 90 (noventa) dias para sua conclusão. Nesse interregno, a denúncia ou queixa deverá ser recebida e o réu citado; deverá ser apresentada resposta à acusação e ser dada oportunidade para manifestação; deverá, ainda, ser realizada toda a instrução, seguida dos debates; e, por fim, o juiz deverá decidir quanto a mandar ou não o acusado a julgamento popular. Seção II Da Pronúncia, da Impronúncia e da Absolvição Sumária: A primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri termina com uma decisão na qual o juiz deve optar entre: a) pronunciar o réu, mandando-o a julgamento perante o Tribunal do Júri; b) impronunciar, o que equivale a um arquivamento por falta de provas ou indícios suficientes; c) absolver sumariamente o acusado, nas hipóteses do art. 415; e, finalmente, d) desclassificar o crime para infração que não seja da competência do Tribunal do Júri, remetendo os autos ao juiz competente para julgá-lo (art. 419). Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação. § 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. § 2º Se o crime for afiançável, o juiz arbitrará o valor da fiança para a concessão ou manutenção da liberdade provisória. § 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. A decisão de pronúncia nada mais é do que um juízo de admissibilidade da acusação. O juiz, convencido da existência do crime (materialidade) e diante de indícios suficientes de sua autoria, julga admissível a acusação, mandando o réu a julgamento perante o Tribunal do Júri. Não significa, assim, que o acusado seja culpado. Por se tratar de um juízo de admissibilidade, a pronúncia deve se limitar a indicação das provas da materialidade do crime, dos indícios suficientes de autoria e da classificação do crime (indicação do 20 dispositivo legal em que julgar incurso o acusado, bem como das circunstâncias que possam influir no aumento ou diminuição da pena). Não deve conter, assim, prejulgamentos. Na mesma oportunidade, o juiz deverá se manifestar quanto à concessão de liberdade provisória ao acusado, com ou sem fiança, ou sobre a prisão do réu solto. Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova. A segunda possibilidade é a impronúncia do acusado por falta de provas da materialidade do crime ou de indícios suficiente de autoria. Nesse caso, a denúncia ou queixa é julgada improcedente e o processo extinto e arquivado. Nada impede, todavia, que, diante de novas provas, seja oferecida nova denúncia ou queixa. Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I – provada a inexistência do fato; II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal; IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva. A absolvição sumária aqui tratada difere daquela prevista no art. 397 do CPP, aplicável aos demais procedimentos de primeiro grau, muito embora parecidas. As hipóteses de absolvição sumária no procedimento do Tribunal do Júri são: a) Prova de inexistência do fato: durante a instrução restou provado que o crime não existiu. Ex.: a vítima, que se supunha morta, foi encontrada viva, não tendo sofrido qualquer tipo de agressão. b) Prova do réu não ter sido autor ou partícipe do crime. Autor é quem executa o crime, enquanto que partícipe é aquele que, de forma acessória, auxilia, induz ou instiga ou autor. c) Atipicidade: o fato não constitui crime. Ex: aborto espontâneo. d) Isenção de pena ou exclusão do crime: após a instrução restou demonstrada, por exemplo, uma excludente de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, etc.). Nota: inimputável é aquele que, na data do fato, era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de se autodeterminar de acordo com esse entendimento (Ex: doente mental). Caso a única tese de defesa seja a inimputabilidade do réu (insanidade mental), o juiz, convencido disso à luz das provas produzidas durante a instrução, deverá absolver o réu, impondo-lhe, se necessário, medida de segurança (internação em hospital psiquiátrico ou tratamento ambulatorial). Por outro lado, se a inimputabilidade for apenas uma das teses da defesa, o juiz não deve absolver sumariamente o réu, mandando-o ao Tribunal do Júri para apreciação de todas as teses. Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação. O procedimento do júri foi alterado pela Lei nº 11.689/08. Antes da novel legislação, contra as sentenças de impronúncia e absolvição sumária cabia Recurso em Sentido Estrito (art. 581 do CPP). Atualmente, todavia, o recurso é a Apelação, haja vista que são decisões terminativas, ou seja, que põem fim ao processo. Nos casos de sentença de pronúncia e de desclassificação o meio de impugnação correto continua sendo o Recurso em Sentido Estrito. Art. 417. Se houver indícios de autoria ou de participação de outras pessoas não incluídas na acusação, o juiz, ao pronunciar ou impronunciar o acusado, determinará o retorno dos autos ao Ministério Público, por 15 (quinze) dias, aplicável, no que couber, o art. 80 deste Código. Caso surjam indícios do envolvimento de outras pessoas na prática do crime (coautores ou partícipes), o juiz determinará o retorno dos autos ao Ministério Público, no prazo de 15 (quinze) dias, para aditamento (complementação da acusação). A medida, todavia, não impede a imediata pronúncia 21 ou impronúncia do acusado, sendo aplicável, em relação aos novos corréus, a separação do processo (art. 80). Art. 418. O juiz poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o acusado fique sujeito a pena mais grave. O juiz pode não concordar com a classificação jurídica inicial dada ao fato pela acusação, tanto na denúncia quanto na queixa-crime. Exemplo: o réu foi denunciado pelo Ministério Público pela prática de homicídio qualificado por motivo fútil. O juiz, no entanto, ao analisar o caso, conclui que o crime narrado pela acusação constituiria, em verdade, homicídio simples. Nesse caso, o réu será pronunciado por homicídio simples e não por qualificado. Trata-se de hipótese conhecida como “Emendatio libelli”. Nota: enquanto na “mutatio libelli” (art. 411, §3º) há o surgimento de novas provas durante o processo, dando conta de que, na verdade, o crime praticado foi outro, na “emendatio libelli” há apenas uma discordância do juiz quanto à classificação dos fatos dada pela acusação. Art.
Compartilhar