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Os 11 mais belos poemas escritos por autoras brasileiras - Cultura Genial

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03/05/2019 Os 11 mais belos poemas escritos por autoras brasileiras - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poemas-autoras-brasileiras/ 1/15
Literatura Poesia/
Os 11 mais belos poemas escritos por autoras
brasileiras
Rebeca Fuks
Doutora em Estudos da Cultura
A literatura brasileira possui um farto manancial de lindíssimos poemas, muitos deles
escritos por mulheres.
Infelizmente o cânone costuma deixar de lado grandes escritoras que acabam passando
despercebidas pelo grande público.
Numa tentativa de mitigar essa grande falha, reunimos aqui alguns dos mais belos poemas
brasileiros de autoria feminina.
1. Retrato, de Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,Eu não tinha este rosto de hoje, 
Assim calmo, assim triste, assim magro,Assim calmo, assim triste, assim magro, 
Nem estes olhos tão vazios,Nem estes olhos tão vazios, 
Nem o lábio amargo.Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,Eu não tinha estas mãos sem força, 
Tão paradas e frias e mortas;Tão paradas e frias e mortas; 
Eu não tinha este coraçãoEu não tinha este coração 
Que nem se mostra.Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,Eu não dei por esta mudança, 
Tão simples, tão certa, tão fácil:Tão simples, tão certa, tão fácil: 
— Em que espelho ficou perdida— Em que espelho ficou perdida 
a minha face?a minha face?
Os versos acima são de autoria da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964). O poema
traça uma espécie de autorretrato, enfocando principalmente na questão da
transitoriedade da vida.
03/05/2019 Os 11 mais belos poemas escritos por autoras brasileiras - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poemas-autoras-brasileiras/ 2/15
A poética de Cecília se caracteriza por uma linguagem simples, marcada pela oralidade,
como se pode observar em "Retrato". Ao longo dos apenas doze versos podemos observar
como o presente é marcado pela solidão, pela tristeza, pela melancolia, pelo cansaço e pelas
marcas da passagem do tempo.
O mote da poesia parece ser o questionamento do que aconteceu no passado para justificar
a condição presente. Nos versos ecoam as duras perguntas: onde o percurso deu errado?
Quem sou eu agora?
"Retrato" é dos poemas mais celebrados da literatura brasileira e encontra-se recitado:
Descubra também os 10 poemas imperdíveis de Cecília Meireles.
2. Aninha e suas pedras, de Cora Coralina
Não te deixes destruir…Não te deixes destruir… 
Ajuntando novas pedrasAjuntando novas pedras 
e construindo novos poemas.e construindo novos poemas. 
Recria tua vida, sempre, sempre.Recria tua vida, sempre, sempre. 
03/05/2019 Os 11 mais belos poemas escritos por autoras brasileiras - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poemas-autoras-brasileiras/ 3/15
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. 
Faz de tua vida mesquinhaFaz de tua vida mesquinha 
um poema.um poema. 
E viverás no coração dos jovensE viverás no coração dos jovens 
e na memória das gerações que hão de vir.e na memória das gerações que hão de vir. 
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.Esta fonte é para uso de todos os sedentos. 
Toma a tua parte.Toma a tua parte. 
Vem a estas páginasVem a estas páginas 
e não entraves seu usoe não entraves seu uso 
aos que têm sede.aos que têm sede.
Cora Coralina (1889-1985) foi o pseudônimo escolhido pela autora goiana Anna Lins dos
Guimarães Peixoto Bretas ao ingressar no universo da literatura brasileira. Essa entrada
tardia - seu primeiro livro foi publicado aos 75 anos de idade - de nada compromete a sua
produção que foi prolixa, consistente e garantiu a autora um lugar entre os grandes escritores
do cânone.
Encontramos ao longo dos versos e contos de Cora Coralina um tom da linguagem do
interior, uma escrita marcada pela oralidade e pela informalidade. É como se o eu-lírico (ou
narrador) se aproximasse do leitor e contasse um segredo ao pé do ouvido. Via de regra, as
palavras giram em torno de eventos banais, do cotidiano doméstico e de sentimentos
vulgares.
"Aninha e suas pedras" se dirige ao leitor com a oferta de um conselho de como se deve
conduzir a vida. É como se alguém, repleto de experiência, se voltasse para os mais jovens e
confessasse aquilo que realmente tem valor.
É sublinhado, ao longo dos versos, a necessidade de recriar a vida e de manter-se
permanentemente em estado de profunda reflexão e aprendizado.
O título do poema faz da pedra uma metáfora para as dificuldades da vida, a escolha
certamente alude ao famoso poema No meio do caminho, de autoria de Carlos Drummond
de Andrade, publicado anos antes.
Confira "Aninha e suas pedras" recitado:
03/05/2019 Os 11 mais belos poemas escritos por autoras brasileiras - Cultura Genial
https://www.culturagenial.com/poemas-autoras-brasileiras/ 4/15
3. Casamento, de Adélia Prado
Há mulheres que dizem:Há mulheres que dizem: 
Meu marido, se quiser pescar, pesque,Meu marido, se quiser pescar, pesque, 
mas que limpe os peixes.mas que limpe os peixes. 
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, 
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. 
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, 
de vez em quando os cotovelos se esbarram,de vez em quando os cotovelos se esbarram, 
ele fala coisas como “este foi difícil”ele fala coisas como “este foi difícil” 
“prateou no ar dando rabanadas”“prateou no ar dando rabanadas” 
e faz o gesto com a mão.e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vezO silêncio de quando nos vimos a primeira vez 
atravessa a cozinha como um rio profundo.atravessa a cozinha como um rio profundo. 
Por fim, os peixes na travessa,Por fim, os peixes na travessa, 
vamos dormir.vamos dormir. 
Coisas prateadas espocam:Coisas prateadas espocam: 
somos noivo e noiva.somos noivo e noiva.
A mineira Adélia Prado (nascida em 1935), é outro grande nome da literatura brasileira. O
poema acima, um dos seus mais consagrados, foi publicado pela primeira vez no ano de
1981, no livro Terra de Santa Cruz.
Os versos transbordam extrema cumplicidade entre os dois protagonistas da história:
marido e mulher. O título ("Casamento") nos faz crer que se trata de uma relação antiga e
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estável.
A beleza é que vemos, ao longo dos versos, como se constrói efetivamente um casamento,
com base na partilha dos pequenos momentos e dos sacrifícios a dois. Quando o marido
chega em casa depois da pescaria, a mulher se levanta - por mais tarde que seja - para estar
ao seu lado e ouvir as suas histórias.
Depois dos afazeres ficarem concluídos, os dois voltam, juntos, para a cama. Os últimos
versos se configuram quase como uma viagem no tempo: eles voltam ao princípio do
casamento, a juventude, e revivem a sensação de união.
Descubra também 9 poemas encantadores de Adélia Prado.
4. Poemas aos homens do nosso tempo, de Hilda Hilst
Enquanto faço o verso, tu decerto vives.Enquanto faço o verso, tu decerto vives. 
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue. 
Dirás que sangue é o não teres teu ouroDirás que sangue é o não teres teu ouro 
E o poeta te diz: compra o teu tempo.E o poeta te diz: compra o teu tempo.
Contempla o teu viver que corre, escutaContempla o teu viver que corre, escuta 
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo. 
Enquanto faço o verso, tu que não me lêsEnquanto faço o verso, tu que não me lês 
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento,desconversas:O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas: 
“Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas”.“Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas”. 
Irmão do meu momento: quando eu morrerIrmão do meu momento: quando eu morrer 
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo: 
MORRE O AMOR DE UM POETA.MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,E isso é tanto, que o teu ouro não compra, 
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vastoE tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto 
Não cabe no meu canto.Não cabe no meu canto.
A polêmica autora paulista Hilda Hilst (1930-2004) ficou famosa pelos seus versos eróticos e
apaixonados. O poema escolhido acima, no entanto, não é um exemplar da lírica amorosa.
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Publicado em 1974 no livro Jubilo Memória Noviciado da Paixão, num período de plena
ditadura militar, "Poemas aos homens do nosso tempo" se debruça sobre o próprio ofício da
escrita e sobre a condição do poeta.
Os versos se constroem com a oposição entre aquele que se dedica à literatura e aquele que
escolheu ter uma vida não dedicada às palavras.
Os dois dialogam sobre as dores e as delícias de cada opção até que, num gesto de touche
finale, o eu-lírico exprime que a sua condição o faz eterno, ao avesso dos outros, que
colecionam coisas compráveis e perecíveis.
Aproveite para conhecer também Os 10 melhores poemas de Hilda Hilst.
5. Fagulha, de Ana Cristina César
Abri curiosaAbri curiosa 
o céu.o céu. 
Assim, afastando de leve as cortinas.Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,Eu queria entrar, 
coração ante coração,coração ante coração, 
inteiriçainteiriça 
ou pelo menos mover-me um pouco,ou pelo menos mover-me um pouco, 
com aquela parcimônia que caracterizavacom aquela parcimônia que caracterizava 
as agitações me chamandoas agitações me chamando
Eu queria até mesmoEu queria até mesmo 
saber ver,saber ver, 
e num movimento redondoe num movimento redondo 
como as ondascomo as ondas 
que me circundavam, invisíveis,que me circundavam, invisíveis, 
abraçar com as retinasabraçar com as retinas 
cada pedacinho de matéria viva.cada pedacinho de matéria viva.
Eu queriaEu queria 
(só)(só) 
perceber o invislumbrávelperceber o invislumbrável 
no levíssimo que sobrevoava.no levíssimo que sobrevoava.
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Eu queriaEu queria 
apanhar uma braçadaapanhar uma braçada 
do infinito em luz que a mim se misturava.do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queriaEu queria 
captar o impercebidocaptar o impercebido 
nos momentos mínimos do espaçonos momentos mínimos do espaço 
nu e cheionu e cheio
Eu queriaEu queria 
ao menos manter descerradas as cortinasao menos manter descerradas as cortinas 
na impossibilidade de tangê-lasna impossibilidade de tangê-las
Eu não sabiaEu não sabia 
que virar pelo avessoque virar pelo avesso 
era uma experiência mortal.era uma experiência mortal.
Ana Cristina César (1952-1983) foi uma das grandes promessas da literatura brasileira que
partiu do mundo precocemente, aos apenas trinta e um anos de idade, cometendo suicídio
após um longo histórico depressivo. A jovem autora carioca, no entanto, deixou um
riquíssimo legado que desde então jamais foi esquecido.
O poema "Fagulha" foi publicado pela primeira vez no livro em A teus pés, lançado em 1982.
Sua lírica é marcada pela intensidade, pela originalidade e pela paixão. Profundamente
poético, "Fagulha" se inicia com uma imagem fortíssima: é como se o eu-lírico fosse capaz de
ver - e quem sabe entrar - no céu.
A curiosidade e o desejo de descoberta daquilo que está além faz com que o eu-lírico
perceba que há um custo alto a ser cobrado.
6. Amanhecimento, de Elisa Lucinda
De tanta noite que dormi contigoDe tanta noite que dormi contigo 
no sono acordado dos amoresno sono acordado dos amores 
de tudo que desembocamos em amanhecimentode tudo que desembocamos em amanhecimento 
a aurora acabou por virar processo.a aurora acabou por virar processo. 
Mesmo agoraMesmo agora 
quando nossos poentes se acumulamquando nossos poentes se acumulam 
quando nossos destinos se torturamquando nossos destinos se torturam 
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no acaso ocaso das escolhasno acaso ocaso das escolhas 
as ternas folhas roçamas ternas folhas roçam 
a dura parede.a dura parede. 
nossa sede se escondenossa sede se esconde 
atrás do tronco da árvoreatrás do tronco da árvore 
e geme muda de modo ae geme muda de modo a 
só nós ouvirmos.só nós ouvirmos. 
Vai assim seguindo o desfile das tentativas de nãosVai assim seguindo o desfile das tentativas de nãos 
o pio de todas as asneiraso pio de todas as asneiras 
todas as besteiras se acumulam em vão ao pé da montanhatodas as besteiras se acumulam em vão ao pé da montanha 
para um dia partirem em revoada.para um dia partirem em revoada. 
Ainda que nos anoiteçaAinda que nos anoiteça 
tem manhã nessa invernadatem manhã nessa invernada 
Violões, canções, invenções de alvorada...Violões, canções, invenções de alvorada... 
Ninguém repara,Ninguém repara, 
nossa noite está acostumada.nossa noite está acostumada.
Elisa Lucinda (nascida no Espírito Santo em 1958) investe na criação de uma lírica voltada
para o cotidiano, para os afetos e para as pequenas situações do dia-a-dia.
A linguagem empregada é informal e baseada na oralidade, procurando derrubar qualquer
possível barreira entre o poema e o leitor.
No poema acima vemos descrita a relação de um casal que já se encontra unido há
aparentemente muito tempo. A comunhão e a partilha se tornou quase um hábito na vida
dos dois. Os versos, no entanto, se ocupam de um momento de crise do casal, mas que o eu-
lírico acredita que será plenamente superado.
"Amanhecimento", que está publicado no livro O semelhante, foi recitado por Miguel
Falabella e encontra-se disponível online:
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7. Rabo de baleia, de Alice Sant'Anna
um enorme rabo de baleiaum enorme rabo de baleia 
cruzaria a sala nesse momentocruzaria a sala nesse momento 
sem barulho algum o bichosem barulho algum o bicho 
afundaria nas tábuas corridasafundaria nas tábuas corridas 
e sumiria sem que percebêssemose sumiria sem que percebêssemos 
no sofá a falta de assuntono sofá a falta de assunto 
o que eu queria mas não te contoo que eu queria mas não te conto 
é abraçar a baleia mergulhar com elaé abraçar a baleia mergulhar com ela 
sinto um tédio pavoroso desses diassinto um tédio pavoroso desses dias 
de água parada acumulando mosquitode água parada acumulando mosquito 
apesar da agitação dos diasapesar da agitação dos dias 
da exaustão dos diasda exaustão dos dias 
o corpo que chega exausto em casao corpo que chega exausto em casa 
com a mão esticada em buscacom a mão esticada em busca 
de um copo d’águade um copo d’água 
a urgência de seguir para uma terçaa urgência de seguir para uma terça 
ou quarta boia e a vontadeou quarta boia e a vontade 
é de abraçar um enormeé de abraçar um enorme 
rabo de baleia seguir com elarabo de baleia seguir com ela
A jovem autora carioca Alice Sant'Anna (nascida em 1988) já escreveu algumas pérolas
capazes de figurar entre os grandes poemas da literatura brasileira.
03/05/2019 Os 11 mais belos poemas escritos por autoras brasileiras - CulturaGenial
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"Rabo de baleia" provavelmente é o seu maior sucesso editorial em termos de público e
crítica, foi um dos trabalhos que deu a autora uma maior visibilidade.
O poema se caracteriza por ser profundamente imagético, mesclando situações da vida real
com a fantasia do eu-lírico, que gostaria de vencer o tédio cotidiano com uma boa dose de
fantasia.
A imaginação inesperada diante do dia-a-dia monótono é a engrenagem que faz mover o
breve e singelo poema de Alice.
8. Tem os que passam, de Alice Ruiz
Tem os que passamTem os que passam 
e tudo se passae tudo se passa 
com passos já passadoscom passos já passados
tem os que partemtem os que partem 
da pedra ao vidroda pedra ao vidro 
deixam tudo partidodeixam tudo partido
e tem, ainda bem,e tem, ainda bem, 
os que deixamos que deixam 
a vaga impressãoa vaga impressão 
de ter ficadode ter ficado
Alice Ruiz nasceu em Curitiba em 1946 e casou-se com Paulo Leminski, com quem teve três
filhas. Foi o escritor que descobriu que Alice escrevia haicais e a estimulou a continuar
produzindo poesia. Além dos haikais, a autora também escreve breves poemas, caso dos
versos acima, inseridos no livro Dois em um (2008).
Em "Tem os que passam", Alice fala da transitoriedade da vida, da passagem do tempo e
dos tipos de pessoa que cruzaram o seu destino: as que passam, as que partem e as que
ficam cristalizadas na memória.
Na primeira parte do poema ficamos conhecendo aquelas figuras passageiras, que passam
por nós e não deixam grandes marcas. No segundo trecho são lembrados aqueles que nos
impactam, não necessariamente no bom sentido: os que vão embora e deixam feridas. No
final do poema, que se encerra de maneira solar, descobrimos aqueles que, mesmo
obrigados a partir, deixam um pedaço deles dentro de nós.
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9. Votos de submissão, de Fernanda Young
Caso você queira posso passar seu terno, aquele que você não usa por estar amarrotado.Caso você queira posso passar seu terno, aquele que você não usa por estar amarrotado. 
Costuro as suas meias para o longo inverno...Costuro as suas meias para o longo inverno... 
Use capa de chuva, não quero ter você molhado.Use capa de chuva, não quero ter você molhado. 
Se de noite fizer aquele tão esperado frio poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.Se de noite fizer aquele tão esperado frio poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro. 
E verás como minha a minha pele de algodão macio, agora quente, será fresca quandoE verás como minha a minha pele de algodão macio, agora quente, será fresca quando
janeiro.janeiro. 
Nos meses de outono eu varro a sua varanda, para deitarmos debaixo de todos os planetas.Nos meses de outono eu varro a sua varanda, para deitarmos debaixo de todos os planetas. 
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda - Em mim há outras mulheres e algumasO meu cheiro te acolherá com toques de lavanda - Em mim há outras mulheres e algumas
ninfetas - Depois plantarei para ti margaridas da primavera e aí no meu corpo somenteninfetas - Depois plantarei para ti margaridas da primavera e aí no meu corpo somente
você e leves vestidos, para serem tirados pelo total desejo de quimera.você e leves vestidos, para serem tirados pelo total desejo de quimera. 
Os meus desejos irei ver nos teus olhos refletidos.Os meus desejos irei ver nos teus olhos refletidos. 
Mas quando for a hora de me calar e ir embora sei que, sofrendo, deixarei você longe deMas quando for a hora de me calar e ir embora sei que, sofrendo, deixarei você longe de
mim.mim. 
Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola, mas não quero que o meu verãoNão me envergonharia de pedir ao seu amor esmola, mas não quero que o meu verão
resseque o seu jardim.resseque o seu jardim. 
(Nem vou deixar - mesmo querendo - nenhuma fotografia.(Nem vou deixar - mesmo querendo - nenhuma fotografia. 
Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda a minha poesia).Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda a minha poesia).
Conhecida principalmente pelos seus versos sentimentais e autobiográficos, a poetisa,
romancista e roteirista Fernanda Young é uma jovem escritora nascida em 1970 em Niterói
(Rio de Janeiro).
"Votos de submissão" é um belo poema que fala sobre amor e sobre a entrega ao amado. O
eu-lírico apaixonado se oferece de corpo e alma aquele que escolheu para dedicar a sua
devoção. Vemos, ao longo dos pequenos gestos, como o afeto é transmitido através do
cotidiano partilhado.
Nos últimos versos do poema, no entanto, aquela que ama já antecipa o dia que irá embora e
pede que a sua decisão da partida seja tão respeitada quanto foi a sua vocação para a
entrega.
O poema encontra-se recitado pela própria autora e está disponível online:
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10. O dia inteiro, de Claudia Roquette-Pinto
O dia inteiro perseguindo uma ideia:O dia inteiro perseguindo uma ideia: 
vagalumes tontos contra a teiavagalumes tontos contra a teia 
das especulações, e nenhumadas especulações, e nenhuma 
floração, nem ao menosfloração, nem ao menos 
um botão incipienteum botão incipiente 
no recorte da janelano recorte da janela 
empresta foco ao hipotético jardim.empresta foco ao hipotético jardim. 
Longe daqui, de mimLonge daqui, de mim 
(mais para dentro)(mais para dentro) 
desço no poço de silênciodesço no poço de silêncio 
que em gerúndio vara madrugadasque em gerúndio vara madrugadas 
ora branco (como lábios de espanto)ora branco (como lábios de espanto) 
ora negro (como cego, comoora negro (como cego, como 
medo atado à garganta)medo atado à garganta) 
segura apenas por um fio, frágil e físsil,segura apenas por um fio, frágil e físsil, 
ínfimo ao infinito,ínfimo ao infinito, 
mínimo onde o superlativo esbarramínimo onde o superlativo esbarra 
e é tudo de que disponhoe é tudo de que disponho 
até dispensar o sonho de um chão provávelaté dispensar o sonho de um chão provável 
03/05/2019 Os 11 mais belos poemas escritos por autoras brasileiras - Cultura Genial
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até que meus pés se cravematé que meus pés se cravem 
no rosto desta última flor.no rosto desta última flor.
A poética de Claudia Roquette-Pinto é marcada pela forte presença da natureza e dos
pequenos animais. A carioca, nascida em 1963, é poeta - com cinco livros publicados -,
tradutora literária e sempre se interessou pelas miudezas da vida.
Muitos dos seus versos são dedicados às flores e a presença dos animais do jardim assim
como as questões de gênero e as preocupações com a construção do próprio poema.
"O dia inteiro" contempla versos que representam bastante bem a lírica de Claudia. Por um
lado, o poema demonstra grande preocupação com a sua própria linguagem, descortinando
o processo de criação por trás dos versos, por outro lado, eles trazem para o leitor o universo
da beleza da pequena natureza (a flor, o vagalume, o jardim).
11. Eu-Mulher, de Conceição Evaristo
Uma gota de leiteUma gota de leite 
me escorre entre os seios.me escorre entre os seios. 
Uma mancha de sangueUma mancha de sangue 
me enfeita entre as pernas.me enfeita entre as pernas. 
Meia palavra mordidaMeia palavra mordida 
me foge da boca.me foge da boca. 
Vagos desejos insinuam esperanças.Vagos desejos insinuam esperanças. 
Eu-mulher em rios vermelhosEu-mulher em rios vermelhos 
inauguro a vida.inauguro a vida. 
Em baixa vozEm baixa voz 
violento os tímpanos do mundo.violento os tímpanos do mundo. 
Antevejo.Antevejo. 
Antecipo.Antecipo. 
Antes-vivoAntes-vivo 
Antes – agora – o que há de vir.Antes – agora – o que há de vir.Eu fêmea-matriz.Eu fêmea-matriz. 
Eu força-motriz.Eu força-motriz. 
Eu-mulherEu-mulher 
abrigo da sementeabrigo da semente 
moto-contínuomoto-contínuo 
do mundo.do mundo.
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Muito conhecida no universo da literatura afro-brasileira, Conceição Evaristo, nascida em
1946 em Minas Gerais, desponta como um dos grandes nomes dessa lista.
As criações da poeta andam muito as voltas das questões do gênero e da afirmação social e
racial principalmente a partir da sua experiência como mulher negra e oriunda de uma
camada social menos favorecida.
Em "Eu-Mulher", publicado no livro Poemas da recordação e outros movimentos (2008), vemos
uma amostra da poesia engajada da autora, voltada para a valorização e para a afirmação
do corpo da mulher em todas as suas particularidades. Extremamente forte e poderoso, os
versos militam a favor da potencialidade feminina.
Conheça também
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Rebeca Fuks
Formada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010), mestre em Literatura pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013) e doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).
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