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A acumulação primitiva – Alonso ‘Dados esses limites, o processo de acumulação de capital da manufatura é um processo de acumulação primitiva, pelo fato de se constituir na gênese do capitalismo e por exercer poder pela violência.’ Há um limite para manufatura delimitado pelo trabalhador e sua natureza, isso impossibilita a aumento da produtividade do trabalho, pois o tempo de trabalho necessário para produção depende de algum grau de destreza e habilidade do trabalhador, dando poder de resistência do trabalhador frente ao capital, pois há dificuldade em formar um mercado de trabalho de grandes proporções. Sendo assim, para aumentar a produção é necessário mais trabalhadores, porem praticamente inviável pois será despendido alto valor com o pagamento da força de trabalho, como esse valor determina os meios de subsistência do trabalhador, os salários aparecem como variáveis independentes e com incapacidade de redução, isso fara que o processo de acumulação pela manufatura tropece em barreiras. Por isso a manufatura aparece como meio de extração de mais valia absoluta. ‘Em outras palavras, dada a limitada capacidade da manufatura de incrementar a produtividade do trabalho, os prolongamentos da jornada de trabalho caracterizarão o período manufatureiro’. A outra face da limitação da manufatura, está em relação ao crescimento do capital constante da demanda de força de trabalho. O capital constante está relacionado ao capital investido no processo de produção, esse capital crescerá lentamente em relação ao capital variável, valor despendido nos salários. Isso significa que a demanda de força de trabalho no mercado cresce em mesma proporções que a acumulação de capital. O processo de acumulação de capital manufatureiro não possui meio de regular o próprio mercado de trabalho que será controlado apenas pela legislação. Essa por sua vez será usada como ferramenta da burguesia para sujeitar os trabalhadores conforme fosse mais conveniente aos capitalistas mantendo o trabalhador sob subordinação. Sendo assim, o fato de a limitação do trabalhador ser uma barreira a produtividade, a subordinação e a ampliação das jornadas de trabalhos legalizadas pelo Estado tornaram primitivo o processo de acumulação capitalista desse período. A manufatura se mostrará incapaz de gerar seus próprios mercados, diferente do modo de produção capitalista plenamente constituído que ao transformar mais-valia em capital resulta na expansão de seus mercados. Nesse momento teremos ainda a produção dos instrumentos da manufatura ainda de forma artesanal, propagando a inexistência de um departamento produtor me meios de produção, impondo barreiras técnicas ao desenvolvimento da manufatura e de seus mercados. Será apenas o desenvolvimento do capital mercantil que irá regular o ritmo de acumulação do capital manufatureiro, pois esse com a ajuda do Estado irá interferir nas políticas. O protecionismo criado pelo Estado possibilitara a reserva dos mercados coloniais para a produção manufatureira metropolitana, garantindo mercados na metrópole e nas colônias, relevando o caráter primitivo do processo de acumulação de capital. Todo esse processo indica que se conformava uma estrutura heterogênea, pois compreendia várias formas de organização da produção que era realizada pelo capital comercial. Esse capital manipulara expressivos volumes de patrimônio dinheiro e conhece mercados compradores e vendedores, por isso será o comerciante quem pode lucrar com a compra e venda de mercadorias. O capital comercial atuara sobre a estrutura de pequenos produtores independentes que resultou da crise do sistema feudal, e, nessas condições, o aumento da produção de mercadorias poderá ser realizado de suas maneiras, transformando a economia natural em produtora de valores e alterando as formas de organização da produção, de maneira a incrementar a produtividade. Com isso, nenhuma forma de organização é capaz de incrementar constantemente a produtividade de trabalho. Ou seja, a acumulação de capital irá depender do apoio do governo e da violências extra econômica. O capital mercantil cumprira o papel progressivo promovendo a mercantilização da produção e impulsionando as transformações na esfera produtiva. Mas em dados momento esse capital irá se apegar as suas bases impossibilitando a revolução e bloqueando o desenvolvimento capitalista. A manufatura para Marx apesar de tudo terá um caráter capitalista, pois será realizado o tanto de produção que houver de força de trabalho havendo aumento do número de trabalhadores empregados. Se emprega mais gente há a necessidade de mais capital constante, consequentemente há o aumento das condições de trabalho comum, há o uso de mais matéria prima, aumentando o volume de capital mínimo para produzir. E por outro lado há também o aumento da transformação da força de trabalho em capital, sendo esse um caráter capitalista da manufatura. Como as ferramentas vão ficando mais cara, há uma divisão com o aumento das forças de produção social a custo de redução da força produtiva individual. A acumulação primitiva irá se basear em violência dando origem ao capitalismo e a uma classe social que nada faz. A manufatura imprime limitações em cima da origem do capitalismo, pois essa é incapaz de aumentar a produtividade do trabalho constante pois esbarra na incapacidade manual, limitando a extração da mais valia relativa. Além disso, limita o nível de subsistência diminuindo o salário e junto com os outros fatores, leva a limitação e redução da orça de trabalho. Isso irá implicar depois de certo tempo na extração de mais-valia absoluta na prolongação das jornadas de trabalho. Como não há ainda a maquinofatura, a composição orgânica do capital cresce lentamente, sendo obrigado a contratar mais trabalhadores, assim, aumento da acumulação irá aumentar a demanda por força de trabalho, ainda em uma sociedade com pouca especialização, isso resulta em aumento de salários, frisando a necessidade de consolidação de mercado de trabalho. O Capital, Marx – Capítulo 21, Reprodução Simples O processo social de reprodução é simultaneamente um processo de reprodução, pois é impossível uma sociedade continuar o processo de produção sem converter uma parte de seus produtos em meios de produção. Assim, como uma sociedade não deixa de produzir ou consumir, o processo de produção será contínuo ou percorrerá sempre os mesmos estágios. ‘O processo de produção é introduzido com a compra da força de trabalho por um tempo indeterminado e essa introdução é constantemente renovada, porem o trabalhador só é pago depois de sua força de trabalho ter atuado e realizado tanto o próprio valor, o salário, como o mais-valor em mercadorias. O capitalista lhe paga em dinheiro o valor das mercadorias, mas o dinheiro não á mais do que a forma transformada do trabalho.’ Ou seja, enquanto o trabalhador converte um pouco do meio de produção em produto, uma parte de seu produto anterior se reconverte em dinheiro. A forma mercadoria do produto e a forma dinheiro da mercadoria disfarçam a transação. Sendo assim, o capital variável ou o valor despedido nos salários, é uma forma histórica da manifestação do meio de subsistência que o trabalhador necessita para sobreviver. Marx diz que o capitalismo entende como consumo produtivo o consumo individual de cada trabalhador para a sua sobrevivência, todo consumo além disso é chamado de consumo improdutivo. Porem, de fato, o consumo individual é improdutivo para o mesmo e produtivo para somente o capitalista, isso porque é a produção da força produtora de riqueza.O processo de produção é introduzido com a compra da força de trabalho por um tempo determinado, e essa introdução e constantemente renovada. Mas, o trabalhador só é pago depois de sua força de trabalho ter atuado e realizado tanto seu próprio valor como o mais-valor em mercadorias. Podemos dizer que a produção é circular e sempre se renova pois na própria produção o trabalhador consome, por meio do seu trabalho, os meios de produção transformando-os em produtos de valor maior que o do capital adiantado. Ao mesmo tempo há o consumo da força de trabalho que o capitalista comprou. Então, o trabalhador irá gastar em meios de subsistência o dinheiro pago na compra da força de trabalho, esse será seu consumo individual. O consumo produtivo e o consumo individual do trabalho atuam como força motriz do capital e pertence ao capitalista. O trabalhador irá se abastecer de meios de subsistência para manter sua força de trabalho em funcionamento. Do ponto de vista do capital, a classe trabalhadora é um acessório do capital e seu consumo individual é um momento do processo de reprodução do capital. Portanto, em seu desenrolar, o processo capitalista de produção reproduz uma divisão entre a força de trabalho e as condições de trabalho. Com isso ele força continuamente o trabalhador a vender sua força de trabalho para viver e capacita continuamente o capitalista a compra-la para se enriquecer. Assim, o processo capitalista de produção, produz não somente a mercadoria e o mais-valor, como também produz e reproduz a própria relação capitalista: de um lado o capitalista e de outro o trabalhador assalariado. ‘Mesmo seu consumo individual, dentro de certos limites, não é mais do que um momento do processo de reprodução do capital.’ Ele cuidara de seu constante ressurgimento. Capítulo 22, Transformação de mais-valor em capital 1 – O PROCESSO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA EM ESCALA ALARGADA. CONVERSÃO DAS LEIS DE PROPRIEDADE DA PRODUÇÃO DE MERCADORIAS EM LEIS DA APROPRIAÇÃO CAPITALISTA. Acumulação de capital é a aplicação de mais-valia como capital ou e retransformação de mais-valia em capital. O “valor do capital” é o adiantamento em forma de dinheiro. A “mais-valia” é uma forma de valor determinada a partir do produto bruto, é uma parte determinada desse produto. Quando o produto é vendido transformado em dinheiro, o valor do capital readquire sua forma produtiva e a mais-valia surge. A partir disso o valor de capital e a mais-valia em forma de dinheiro são aplicados pelo capitalista na aquisição de mercadoria, para que capacite o recomeço da produção do seu artigo numa escala ampliada. A produção anual tem que fornecer todas as ferramentas necessárias para repor os componentes materiais do capital consumidos no decorrer do ano. Retirando o valor desses objetos resta o produto liquido ou mias- produto, nesse por sua vez estará inserido a mais-valia. Quando esse valor é gasto por inteiro voltamos a uma reprodução simples, mas aqui, esse valor será destinado a reprodução da produção, e com isso temos a acumulação de capital. 2 – CONCEPÇÃO ERRÔNEA, POR PARTE DA ECONOMIA POLÍTICA, DA REPRODUÇÃO EM ESCALA AMPLIADA. Para remover o pensamento do equívoco na Economia Clássica, a burguesia anunciava incansavelmente que para ter a acumulação de capital é necessário que não se consuma todo o existente, e sim, que se dispenda boa parte desse valor em contratação de trabalhadores que rendem mais do que custam. Adam Smith criou o pensamento de acumulação como consumo do mais-produto, ou seja, quanto mais produtivo o trabalhador mais acumulador de riquezas ele é. 4 – CIRSUNSTÂNCIAS QUE DETERMINAM O VOLUME DA ACUMULAÇÃO A taxa de mais-valor depende, em primeiro momento, do grau de exploração da força de trabalho. Logo, se um capitalista deseja aumentar sua produtividade é necessário contratar mais trabalhadores, porém com isso terá que adiantar um novo valor de capital referente a esses novos trabalhadores. No entanto ele pode fazer com que os trabalhadores atuais trabalhem mais o horário padrão, ocorrendo apenas a depreciação dos meios de produção e da força de trabalho do trabalhador mais rápido. Desse modo, o trabalho adicional, produzido por uma maior distinção da força de trabalho, pode aumentar o mais-produto e o mais-valor, a substancia da acumulação, sem um aumento proporcional da parte constante do capital. Na indústria extrativa, como o objeto principal vem da natureza, o capital constante se compõe aqui dos meios de trabalho que podem suportar uma jornada a mais de trabalho. Na agricultura, é impossível ampliar sem um adiantamento dos recursos, desse modo, um maior volume de trabalho executado pelo número atual de trabalhadores eleva a fertilidade sem exigir um novo adiantamento de meios de trabalho. Por fim na indústria propriamente dita, todo gasto adicional de trabalho pressupõe o correspondente gasto adicional de matérias-primas, mas não necessariamente de meios de trabalho, então esta irá se beneficiar também do acréscimo de produtos que as outras produzirem sem acréscimo de capital. Outro fator importante na cumulação de capital é o grau de produtividade do trabalho social. Com a força produtiva do trabalho cresce a massa de produtos na qual resultara o mais-valor. Se a taxa de mais-valor se mantem constante ou decresce do que a força produtiva, cresce a massa do mais-produto.? O capital, ao incorporar os dois formadores originais de riquezas, força de trabalho e a terra, adquire uma força expansiva que lhes permite estender os elementos da sua acumulação além dos limites aparentemente fixados por sua própria grandeza, limites esses estabelecidos pelo valor e pela massa dos meios de produção já produzidos, nos quais o capital tem sua existência. CAPÍTULO 23 – A LEI GERAL DA ACUMULAÇÃO CAPITALISTA 3. Produção progressiva de uma superpopulação relativa ou exército industrial de reserva (…) Se, por exemplo, em decorrência de uma conjuntura favorável, a acumulação é especialmente intensa numa determinada esfera da produção, fazendo com que os lucros sejam aí maiores do que os lucros médios e atraindo para ela o capital adicional, então ocorre, naturalmente, um aumento da demanda de trabalho e do salário. O salário mais alto atrai uma parte maior da população trabalhadora para a esfera favorecida, até que ela esteja saturada de força de trabalho e o salário caia novamente para o nível médio anterior ou, caso o afluxo tenha sido grande demais, para um nível abaixo dele. (…) (…) A superpopulação relativa é, assim, o pano de fundo sobre o qual se move a lei da oferta e da demanda de trabalho. (…) [pg. 714] (…) Isso significa, portanto, que o mecanismo da produção capitalista vela para que o aumento absoluto de capital não seja acompanhado de um aumento correspondente da demanda geral de trabalho. E a isso o apologista chama de uma compensação pela miséria, sofrimentos e possível morte dos trabalhadores deslocados durante o período de transição, que os expulsa para as fileiras do exército industrial de reserva! A demanda de trabalho não é idêntica ao crescimento do capital, e a oferta de trabalho não é idêntica ao crescimento da classe trabalhadora, os dados estão viciados. O capital age sobre os dois lados ao mesmo tempo. Se, por um lado, sua acumulação aumenta a demanda de trabalho, por outro, sua “liberação” aumenta a oferta de trabalhadores. O movimento da lei da demanda e oferta de trabalho completa, sobre essa base, o despotismo do capital. Tão logo os trabalhadores desvendam, portanto, o mistério de como é possívelque, na mesma medida em que trabalham mais, produzem mais riqueza alheia, de como a força produtiva de seu trabalho pode aumentar ao mesmo tempo que sua função como meio de valorização do capital se torna cada vez mais precária para eles; tão logo descobrem que o grau de intensidade da concorrência entre eles mesmos depende inteiramente da pressão exercida pela superpopulação relativa; tão logo, portanto, procuram organizar, mediante trade’s unions etc., uma cooperação planificada entre empregados e os desempregados com o objetivo de eliminar ou amenizar as consequências ruinosas que aquela lei natural da produção capitalista acarreta para sua classe, o capital e seu sicofanta, o economista político, clamam contra a violação da “eterna” e, por assim dizer, “sagrada” lei da oferta e demanda. Toda solidariedade entre os ocupados e os desocupados perturba, com efeito, a ação livre daquela lei. Por outro lado, assim que, nas colônias, por exemplo, surgem circunstâncias adversas que impedem a criação do exército industrial de reserva e, com ele, a dependência absoluta da classe trabalhadora em relação à classe capitalista, o capital, juntamente com seu Sancho Pança dos lugares-comuns, rebela-se contra a lei “sagrada” da oferta e demanda e tenta dominá-la por meios coercivos. [pg. 715 e 716] 4. Diferentes formas de existência da superpopulação relativa. A lei geral da acumulação capitalista O sedimento mais baixo da superpopulação relativa habita, por fim, a esfera do pauperismo. Abstraindo dos vagabundos, delinquentes, prostitutas, em suma, do lumpemproletariado propriamente dito, essa camada social é formada por três categorias. Em primeiro lugar, os aptos ao trabalho. (…) Em segundo lugar, os órfãos e os filhos de indigentes. (…) Em terceiro lugar, os degradados, maltrapilhos, incapacitados para o trabalho. Trata-se especialmente de indivíduos que sucumbem por sua imobilidade, causada pela divisão do trabalho, daqueles que ultrapassam a idade normal de um trabalhador e, finalmente, das vítimas da indústria – aleijados, doentes, viúvas, etc.(…) O pauperismo pertence aos custos mortos da produção capitalista, gastos cuja maior parte, no entanto, o capital sabe transferir de si mesmo para os ombros da classe trabalhadora e da pequena classe média. (…) Por fim, quanto maior forem as camadas lazarentas da classe trabalhadora e o exército industrial de reserva, tanto maior será o pauperismo oficial. Essa é a lei geral absoluta da acumulação capitalista. (…) É compreensível a insensatez da sabedoria econômica, que prega aos trabalhadores que ajustem seu número às necessidades de valorização do capital. A lei segundo a qual uma massa cada vez maior de meios de produção, graças ao progresso da produtividade do trabalho social, pode ser posta em movimento com um dispêndio progressivamente decrescente da força humana, é expressa no terreno capitalista – onde não é o trabalhador quem emprega os meios de trabalho, mas estes o trabalhador – da seguinte maneira: quanto maior a força produtiva do trabalho, tanto maior a pressão dos trabalhadores sobre seus meios de ocupação, e tanto mais precária, portanto, a condição de existência do assalariado, que consiste na venda da própria força com vistas ao aumento da riqueza alheia ou à autovalorização do capital. (…) [pg. 719 e 720] (…) a acumulação de riqueza num polo é, ao mesmo tempo, a acumulação de degradação moral no polo oposto, isto é, do lado da classe que produz seu próprio produto como capital. [pg. 721] Nas seções sobre a jornada de trabalho e a maquinaria foram desvendadas as circunstâncias sob as quais a classe trabalhadora britânica criou um “aumento inebriante de riqueza e poder” para as classes possuidoras.(…) Para o pleno esclarecimento das leis da acumulação, é preciso atentar também para sua situação fora da oficina, para suas condições de alimentação e moradia.(…) (…) Na análise da estatística dos indigentes, devem-se ressaltar dois pontos. Por um lado, o movimento de alta e baixa da massa de indigentes reflete as variações periódicas do ciclo industrial. Por outro lado, a estatística oficial engana cada vez mais sobre o verdadeiro volume do pauperismo, à medida que, com a acumulação do capital, desenvolve-se a luta de classes e, por conseguinte, a consciência de si dos trabalhadores. Por exemplo, a barbárie no tratamento dado ao indigente, que motivou protestos tão ruidosos da imprensa inglesa nos últimos dois anos, vem de longa data. (…) Mas o terrível aumento das mortes por inanição em Londres, durante o último decênio, é a prova incontestável do horror dos trabalhadores ante a escravidão da workhouse, essa penitenciária da miséria. [pg. 728 e 729
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