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i MARIELLY REIS RESENDE MUTAGENICIDADE DO CORANTE ALIMENTÍCIO TARTRAZINA NO ENSAIO Salmonella/MICROSSOMA Limeira 2015 ii iii UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE TECNOLOGIA MARIELLY REIS RESENDE MUTAGENICIDADE DO CORANTE ALIMENTÍCIO TARTRAZINA NO ENSAIO Salmonella/MICROSSOMA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas, como requisito para a obtenção do título de Mestra em Tecnologia. Área de concentração: Tecnologia e Inovação. ORIENTADORA: Profa. Dra. Nelma De Mello Silva Oliveira COORIENTADORAS: Profa. Dra. Gisela De Aragão Umbuzeiro Profa. Dra. Simone Valente Campos Limeira 2015 Este exemplar corresponde à versão final Dissertação defendida pela aluna Marielly Reis Resende, e orientada pela Profa. Dra. Nelma De Mello Silva Oliveira. iv v vi vii Resumo Embora tenha grande utilidade e diversas aplicações nos setores industriais, há anos a discussão sobre o potencial genotóxico do corante tartrazina vem sendo abordada, uma vez que há vários resultados controversos descritos na literatura. É provável que a presença de impurezas nas amostras possa ser uma das causas do possível potencial mutagênico. Dessa forma, esse estudo visa avaliar a atividade mutagênica do corante tartrazina com diferentes graus de pureza e possíveis interferentes presentes nas amostras, utilizando o ensaio Salmonella/microssoma a partir das linhagens recomendadas pela OECD 471. Os resultados obtidos demonstraram que o corante tartrazina ≥99 % e o corante tartrazina comercial 90%, não apresentaram atividade mutagênica para as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA1535 e TA102 demonstrando ausência de impurezas mutagênicas ou que as mesmas estejam em baixas concentrações nas amostras avaliadas. Palavras-chave: Aditivos; Corantes alimentícios; Testes de mutagenicidade; Impurezas; Corante tartrazina. viii ix Abstract Although very useful and diverse applications in industry, for years the discussion on the genotoxic potential of the dye tartrazine has been addressed, since there are several controversial results in the literature. It is likely that the presence of impurities in the samples may be a cause of the possible mutagenic potential. Thus, this study aims to evaluate the mutagenic activity of the dye tartrazine with different degrees of purity and possible interferences present in the samples, using the Salmonella / microsome test from the lines recommended by the OECD 471. The results showed that the dye tartrazina ≥99% and the dye tartrazine commercial 90% showed no mutagenic activity for the strains TA97, TA98, TA100, TA1535 and TA102 showing absence of mutagenic impurities or that they are in low concentrations in the analyzed samples. Keywords: Additives; Food dye; Mutagenicity testing; Impurities; Tartrazine dye. x xi SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1 2 OBJETIVO ....................................................................................................................... 5 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 7 3.1 Aditivos Alimentares: Corantes .................................................................................. 7 3.2 Identificação, processo de síntese e impurezas do corante tartrazina.......................... 9 3.3 Mutagenicidade provocadas por impurezas provenientes da síntese dos corantes .. .15 3.4 Toxicocinética ......................................................................................................... 17 3.5 Regulamentações ...................................................................................................... 20 3.6 Estudos de Genotoxicidade ....................................................................................... 23 3.6.1 Lesões no material genético ............................................................................ 23 3.6.2 Ensaios de Salmonella/microssoma ................................................................ 25 3.6.2.1 Características genéticas das linhagens utilizadas no ensaio de Salmonella/microssoma ........................................................................................... 26 3.6.3 Estudos in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina ............................... 28 3.6.4 Estudos in vivo de genotoxicidade do corante tartrazina ............................... 33 3.7 Estudos de carcinogenicidade ............................................................................ 35 3.7.1 Toxicidades reprodutiva e de desenvolvimento ............................................. 36 4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 39 xii 4.1 Equipamentos ............................................................................................................ 39 4.2. Vidraria e outros materiais ....................................................................................... 39 4.3 Reagentes .................................................................................................................. 40 4.4 Preparos de Meios de Cultura e Soluções ................................................................ 41 4.5 Amostras de corantes ................................................................................................. 54 4.6 Manutenção das linhagens de Salmonella typhimurium ........................................... 55 4.7 Confirmações das características genéticas das linhagens de Salmonella typhimurium utilizadas no ensaio .............................................................................................................. 56 4.7.1 Plasmídio pKM101 ........................................................................................ 56 4.7.2 Plasmídio pAQ1 .............................................................................................. 56 4.7.3 Mutação rfa ..................................................................................................... 57 4.7.4 Deleção do uvrB ............................................................................................. 58 4.7.5 Auxotrofia para histidina ............................................................................... 59 4.7.6 Taxa de reversão espontânea .......................................................................... 60 4.8 Protocolo do ensaio de Salmonella/microssoma por incorporação em placas ........... 61 4.9 Controles positivos e negativos ................................................................................... 63 4.10 Critérios de avaliação ................................................................................................ 64 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................67 5.1 Confirmações das caractetrísticas genéticas ...................................................... 67 5.2 Taxa de reversão espontânea ............................................................................. 70 xiii 5.3 Ensaio de Salmonella/microssoma .................................................................... 71 6 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 81 APÊNDICE ..................................................................................................................... 107 xiv xv Dedico este trabalho a toda minha família, pelo amor, dedicação, carinho, paciência, e apoio doados a mim. xvi xvii Agradecimentos À minha orientadora Dra. Nelma De Mello Silva Oliveira pela confiança, paciência, incentivo e amizade. Às minhas coorientadoras, Dra. Gisela de Aragão Umbuzeiro e Simone Valente Campos pelos valiosos ensinamentos, confiança, incentivo, amizade e pelo exemplo de profissionalismo. A toda minha família, por ser meu referencial de vida, pelo amor e confiança incondicional, por sempre acreditar e me apoiar. Amo muito vocês! Ao meu noivo Luiz Silva de Sousa, por ter sempre me incentivado e encorajado a lutar pelos meus sonhos, pela confiança e pela paciência nos momentos de ausência. Te amo, meu amor! A toda família Amadio, pela amizade, por me acolherem como parte da família e pelas inesquecíveis confraternizações e deliciosos churrascos. A toda família Delariva, pela amizade, por sábios conselhos e pelas deliciosas tardes de domingo. Jamais me esquecerei de vocês. Às amigas Ádria Caloto de Oliveira, Anjaina Fernandes de Alburqueque e Josiane Vendemiatti pela simpatia, amizade, apoio dado e ajuda na elaboração do trabalho. Ao meu amigo Daniel Alexandre Morales, pela ajuda nos ensaios e troca de informações. A toda equipe do LEAL e do LACAN pela amizade, troca de conhecimentos e pelos momentos de distração. Aos professores Dr. Fábio Kummrow e Dra. Elisangela Franciscon Guimaro Dias, membros da comissão da banca de defesa, pelas críticas e sugestões que contribuíram para a melhoria deste trabalho. xviii À Karen Mercuri e Fátima Alves da secretaria de pós-graduação pelas dúvidas solucionadas. À Coordenação e Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior, CAPES, pelo apoio, representado pela bolsa de estudos concedida. À Rede Mineira de Ensaios Toxicológicos e Farmacológicos da FAPEMIG, pelo apoio, concedido em forma de material de consumo. xix “Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.” (Louis Pasteur) xx xxi LISTA DE FIGURAS Figura 1- Processo de síntese do corante tartrazina ............................................................ 10 Figura 2 - Esquema de confirmação da presença de plasmídio das linhagens de Salmonella typhimurium ........................................................................................................................ 57 Figura 3 - Esquema de confirmação da mutação rfa das linhagens de Salmonella typhimurium .............................................................................................................................. ...............58 Figura 4 - Esquema de confirmação da deleção do gene uvrB das linhagens de Salmonella typhimurium ......................................................................................................................... 59 Figura 5 - Esquema de confirmação da auxotrofia para histidina das linhagens de Salmonella typhimurium ......................................................................................................................... 60 Figura 6 - Esquema do ensaio de Salmonella/microssoma pelo método de incorporação em placas .................................................................................................................................. 62 Figura 7 - Confirmação da auxotrofia para histidina (A) placas suplementadas com biotina para a linhagem TA98; (B) placas suplementadas com biotina e histidina para a linhagem TA98 .................................................................................................................................... 68 Figura 8 - Confirmação da mutação rfa para a linhagem TA98 ......................................... 68 Figura 9 - Confirmação da deleção uvrB (A) para a linhagem TA98; (B) para a linhagem TA102 .................................................................................................................................. 69 Figura 10 - Confirmação da presença de plasmídio para a linhagem TA98 ....................... 70 Figura 11 - Resultados do ensaio de Salmonella/microssoma do corante tartrazina comercial Duas Rodas (90%) com as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535, com e sem ativação metabólica ............................................................................................................. 72 xxii Figura 12 - Resultados do ensaio de Salmonella/microssoma do corante tartrazina Sigma (≥ 99%) com as linhagens TA97a, TA98, TA100, TA102 e TA1535, com e sem ativação metabólica. ........................................................................................................................... 73 xxiii LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Identificação e características físicas - químicas do corante tartrazina. ............... 9 Tabela 2 - As especificações de limites máximos de impurezas para síntese do corante tartrazina .............................................................................................................................. 14 Tabela 3 - Limite máximo de utilização do corante tartrazina em diferentes categorias de alimentos de acordo com as legislações específica brasileira ............................................ 22 Tabela 4 - Características genética das linhagens de Salmonella typhimurium utilizadas no ensaio de Samonella/microssoma ........................................................................................ 28 Tabela 5 - Ensaios in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina ................................. 30 Tabela 6 - Média histórica da taxa de reversão espontânea das linhagens utilizadas no ensaio Salmonella/microssoma no LACAN ................................................................................... 61 Tabela 7 - Controles positivos utilizados no ensaio Salmonella/microssoma ..................... 64 Tabela 8 - Taxa de reversão espontânea das linhagens utilizadas no ensaio Salmonella/microssoma ....................................................................................................... 71 xxivxxv LISTA DE ABREVIATURAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária CPPA Comitê Permanente em Aditivos Alimentares DNA Ácido desoxirribonucleico FAO Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FMN Flavina mononucleotídeo HCl Ácido clorídrico HPLC Cromatografia Líquida de Alta Eficiência IARC Agência Internacional para Pesquisa Sobre o Câncer LACAN Laboratório Central Analítica LEAL Laboratório de Ecotoxicologia e Microbiologia Ambiental Prof. Dr. Abílio Lopes LPS Lipopolissacarídica OECD Diretrizes para Ensaios de Produtos Químicos OMS Organização Mundial de Saúde xxvi 1 1. INTRODUÇÃO Aditivos químicos são usados com a finalidade de melhorar a aparência, aroma, sabor, cor, textura e conservação dos alimentos processados. Por encontrá-los em uma infinidade de produtos alimentícios, sua ingestão acontece por longos períodos, portanto, representam potenciais riscos para a saúde (BERZAS et al., 1999, SASAKI et al., 2002). Dentre estes, estão os corantes que são largamente utilizados para compensar a perda de cores naturais, que são destruídas durante o processamento e armazenamento de alimentos, além de proporcionar o aparecimento de novas cores desejadas. Os mesmos podem ser classificados como corantes naturais e sintéticos (HATHCOCK e RADER, 2003). Quando comparado com corantes naturais, os sintéticos apresentam várias vantagens, tais como a alta estabilidade à luz, oxigênio, pH, uniformidade de cor, baixa contaminação microbiológica, baixo custo de produção, dentre outras (HATHCOCK e RADER, 2003). Os corantes podem ser classificados de acordo com seu grupamento cromóforo, sendo os mais relevantes os compostos azóicos, antraquinonas, nitro e quinolinas (GREGORY,1990). Os mais utilizados são os corantes do tipo azo, que apresentam grupamentos azo (N=N) ligados a anéis aromáticos (MANSOUR et al., 2007). Embora tenham grande utilidade e diversas aplicações, algumas dessas substâncias representam um potencial risco para a saúde humana especialmente se forem excessivamente consumidas (POLÔNIO, 2002). Como o uso de corantes alimentícios varia entre os diversos países é necessária uma regulamentação própria de cada país de acordo com suas necessidades. Sendo observado em todo o mundo um consenso no uso seguro desses produtos (DALL’AGNOL, 2013). Por esta razão, dados de segurança, como a ingestão diária aceitável (IDA), com base em estudos toxicológicos experimentais em animais e clínicos em humanos, têm sido repetidamente determinados e avaliados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) (DOWNHAM e COLLINS, 2000). 2 Nesse sentido a toxicologia propõe o estudo desses azocorantes, pela importância da exposição oral crônica e em baixas concentrações que foram relacionados ao câncer de bexiga e da porção intestinal do cólon em humanos, a sarcomas esplênicos, hepatocarcinomas e anomalias nucleares em animais de experimentação e aberrações cromossômicas em células de mamíferos (PERCY, MOORE e CHIPMAN, 1989; SASAKI, et al., 2002; MANSOUR et al., 2007). Estudos indicam que a população infantil constitui o grupo mais vulnerável a ingestão dessas substâncias, visto que a quantidade ingerida é maior na criança, em relação ao peso corporal, do que no adulto. Podendo ocorrer alguns efeitos devido à ação direta dos corantes nas células ou pela formação de metabólitos decorrentes da redução da ligação azo (POLÔNIO, 2002; SHILS et al., 2003). Dessa forma, os bioensaios constituem uma ferramenta importante na avaliação de toxicidade dos corantes. Permitindo assim, fornecer informações sobre o perigo o qual a população está exposta, uma vez que o ensaio avalia a toxicidade de diversas substâncias biologicamente ativas (BERZAS et al., 1999). O ensaio de mutagenicidade com Salmonella typhimurium, também conhecido como ensaio de Salmonella/microssoma ou ensaio de Ames, é metodologia de triagem mais utilizada atualmente para identificar substâncias genotóxicas. Utiliza linhagens que possuem uma mutação específica no gene responsável pela síntese do aminoácido histidina bem como diferentes alterações nos sistemas de reparo e capacidades metabólicas, permitindo a detecção de diversos compostos químicos que podem interagir com o ácido desoxirribonucleico (DNA). A fim de mimetizar a metabolização que ocorreria em mamíferos, o ensaio emprega um sistema exógeno, fornecido pelas enzimas do citocromo P450 do fígado de rato, tornando-o capaz de identificar mutagénos que precisam de ativação metabólica para se tornar ativos (MORTELMANS e ZEIGER, 2000; UMBUZEIRO e VARGAS, 2003). As Diretrizes para Ensaios de Produtos Químicos (OECD 471), determinam que pelo menos cinco linhagens de Salmonella typhimurium devem ser utilizadas no ensaio. A combinação recomendada é: TA1535, e TA1537 ou TA97a ou TA97, TA98, e TA100, e E. 3 coli WP2 uvrA, ou E. coli WP2 uvrA (pKM101) ou TA102, a fim de detectar um número maior de mutagénos, uma vez que cada linhagem tem uma característica específica de detecção. Por ser um corante azóico, a tartrazina tem despertado uma maior atenção dos toxicologistas, alergistas e oncologistas diante da possibilidade de causar reações adversas que variam desde urticária, asma ou até mesmo câncer de cólon intestinal (COMBES e HAVELAND-SMITH, 1982; BERZAS et al., 1999; YONGLIN et al., 2011; SASAKI et al., 2002). Com base nos dados descritos na literatura sobre o corante tartrazina, observa-se que existe um grande número de ensaios de mutagenicidade com resultados negativos (LÜCK e RICKERL, 1960, apud EFSA, 2009; BROWN et al., 1978; MUZZAL e COOK, 1979; CHUNG; FULK e ANDREWS, 1981; BROWN e DIETRICH, 1983; KARPLIUK et al., 1984, apud EFSA, 2009; ISHIDATE et al., 1984; IZBIRAK et al., 1990, apud EFSA, 2009; POLLASTRINI et al., 1990, apud EFSA, 2009) e alguns positivos (PATTERSON e BUTLER, 1982; ISHIDATE et al., 1984; HENSCHLER e WILD, 1985, apud EFSA, 2009; MUNZNER e WEVER, 1987; PRIVAL et al., 1988; DAS e MUKHEREJEE, 2004; MPOUNTOUKAS et al., 2010), gerando assim algumas controvérsias sobre o seu potencial genotóxico, o que vem sendo discutido há anos. Os corantes não são considerados substâncias químicas puras, podendo conter em sua formulação mais de 10% de impurezas (EFSA, 2009). Impureza é definida como qualquer material e/ou substância que afete a pureza de um material de interesse, como por exemplo, o corante. Estas impurezas podem ser de origens orgânicas ou inorgânicas. As impurezas de origem inorgânicas podem ser metais pesados e outros materiais empregados durante a síntese do corante. Já as impurezas orgânicas podem ser provenientes de produto intermediário ou de degradação (RAO e KIRAM, 2010). Dessa forma, a identificação, caracterização e os efeitos adversos provenientes a partir destas impurezas presentes nos lotes dos mesmos, é de importância crucial para garantir a segurança dos alimentos e medicamentos que contêm em sua formulação esses aditivos, 4 uma vez que muitas dessas impurezas são consideradas mutagênicas e/ou carcinogênicas (ZIMMER et al., 1980; FDA, 1985). A EFSA (Autoridade Européia de Segurança Alimentar) propondo esclarecer sobre essa e outras características, elaborou um parecer científico em 2009, com o intuito de reavaliar a segurança alimentar do corante tartrazina. Após a análise de banco de dados, o parecer concluiu que os dados não indicam a necessidadede rever a IDA de 7,5 mg/kg de peso corporal/dia, uma vez que muitos dos estudos analisados não são esclarecedores e foram considerados com dados insuficientes. Além disso, o parecer observa que os níveis de consumos relatados, estão abaixo da IDA estabelecida. Portanto torna-se necessário a realização de mais estudos sobre o corante tartrazina para elucidar seu potencial genotóxico por meios de bioensaios como o ensaio de Salmonella/microssoma, visto que esse pode ser influenciado pelo teor de impurezas presente no produto. 5 2. OBJETIVO 2.1 Objetivo Geral Comparar a possível atividade mutagênica do corante alimentício tartrazina grau analítico como seu respectivo corante comercial, utilizando o ensaio de Salmonella/microssoma incluindo as linhagens recomendadas pela OECD 471. 2.2 Objetivo Específico Verificar o comportamento dos dois corantes mediante a aplicação do teste Salmonella/microssoma para avaliar a mutagenicidade dos corantes em relação ao grau de pureza de cada um, a fim de verificar a interferência de possíveis contaminantes presentes nas amostras. 6 7 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Aditivos Alimentares: Corantes Os aditivos alimentares são divididos em várias classes de substâncias que podem ser adicionadas aos alimentos com diversas finalidades. Dentre tais classes encontram-se os corantes que são substâncias sem valor nutricional, cujo único objetivo é promover a cor e tornar os alimentos mais atraentes aumentando sua aceitação no mercado consumidor (POLÔNIO e PERES, 2009). A indústria alimentícia pode ter sofrido um avanço tecnológico controverso com a utilização destes, enquanto que, para saúde, tais corantes, principalmente os artificiais não são indicados (SILVA e REED, 2010; CHEESEMAN, 2012). Apesar da ingestão de corantes não ser indicada por especialistas, a estimativa de produção mundial de corantes alimentares e pigmentos é aproximadamente 750-800 mil toneladas por ano, dos quais 26 mil, em média, são consumidos apenas no Brasil (MARMITT; PIROTTAS; STULP, 2010; GOMES et al., 2013). O controle do uso de corantes alimentares, baseados na IDA, resultou de investigações dos diversos organismos internacionais (Comitê de Especialistas Aditivos Alimentares (JECFA), Comitê do Codex sobre Aditivos Alimentares e Contaminantes, Comissão Científico da Alimentação Humana (CCAH) da União Européia e a Directiva (94/36/EC) (BESSONOV et al., 2011; GANESAN et al., 2011; GOMES et al., 2013). No Brasil, a permissão para o uso e determinação dos níveis máximos toleráveis de aditivos alimentares é de responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) - Ministério da Saúde, por realizar essas atividades de inspeção através do Comitê Permanente em Aditivos Alimentares (CPAA) (FÁVERO; RIBEIRO; AQUINO, 2011). No entanto, apesar do controle exigido pelas agências reguladoras, a utilização de corantes em alimentos ainda levanta uma série de dúvidas quanto à sua toxicidade. Isto é devido à grande dificuldade em verificar se a quantidade de aditivos utilizados pela indústria de alimentos está em conformidade com as leis vigentes e seu grau de pureza (POLÔNIO e 8 PERES, 2009). No Brasil não é obrigatório declarar nos rótulos a quantidade de corantes presentes nos produtos (BRASIL, 2005; GOMES et al., 2013). E muito menos se sabe sobre o controle de qualidade destes que podem apresentar contaminações por aminas aromáticas e metais pesados (EFSA, 2009). Entre os corantes de alimentos, os mais usados pela indústria são os que contêm um grupo azo (-N = N-), incluindo amarelo crepúsculo, o vermelho bordeaux, e o amarelo tartrazina. A formação de azocorante se dá por reações de acoplamento, sendo a anilina composto de partida para a produção dos mesmos enquanto os sais de diazônio obtidos pela diazotação da anilina podem atacar outro anel aromático como um fenol, ou mesmo, outra anilina formando o azocorante (MORRISON, 2005). O corante tartrazina está presente em inúmeros alimentos como cereais, doces, laticínios, geléias, sorvetes, recheios, licores, sucos em pó, refrigerantes, gelatinas e iogurtes, além de alguns produtos cosméticos e medicamentos tais como vitaminas, antiácidos e cápsulas (GOMES et al., 2013). Sendo evidente a abundância de alimentos coloridos que são altamente atrativos ao público infanto-juvenil, foi realizado um estudo em Hyderabad, na Índia, com 662 indivíduos em áreas urbanas e 358 em áreas rurais. Foi observado que a ingestão diária de tartrazina, amarelo crepúsculo e eritrosina em crianças, ultrapassaram os limites aceitáveis em 104, 284 e 200 %, respectivamente (RAO et al., 2004). Esses azocorantes entram em contado com o trato gastrointestinal humano que abriga uma microbiota diversificada composta de pelo menos alguns milhares de espécies. Os mesmos podem se apresentar tanto insolúveis como solúveis em água e ser reduzidos pelas bactérias intestinais (FENG, CERNIGLIA, CHEN, 2012). Embora alguns desses corantes primários não apresentem um potencial cancerígeno e/ou mutagênico, alguns de seus metabólitos gerados após a sua degradação por atividade de azoredutases, que são comumente produzidas por bactérias entéricas, se mostram tóxicos e/ou carcinogênico para os seres humanos (CHUNG et al., 1978; ELHKIM, 2007; FENG, CERNIGLIA, CHEN, 2012). 9 3.2 Identificacão, processo de síntese e impurezas do corante tartrazina O corante tartrazina também conhecido como INS 102, FD & C Yellow number 5, CI Food Yellow 4 e E102 é considerado como um aditivo alimentar. A tartrazina apresenta uma alta solubilidade em meio aquoso, podendo ser identificado por espectrofotometria UV- VIS no comprimento de onda próximo a 426nm (DIRETIVA 95/45/CE, 1995). Esta característica ocorre devido à presença de grupos cromóforos, carboxílicos, nitro, hidroxílicos e amino que são capazes de aumentar a intensidade de absorção específica para um determinado corante (DEL GIOVINE; BOCCA, 2003). Segundo Zollinger (1991) a presença de grupos sulfônicos (-SO3H) confere um caráter ácido ao azocorante, além de torná-lo altamente solúvel em água, uma vez que o grupo químico é facilmente ionizável, podendo ser encontrados em corantes monoazo aniônicos. A identificação e características fisico-químicas da tartrazina podem ser observadas na Tabela 1. Tabela 1- Identificação e características físico - químicas do corante tartrazina Nome Usual Amarelo Tartrazina Nome Químico Sal tri-sódico 5-hidroxi-1-(4-sulfofenil) -4- [(4- sulfofenil) azo] -Pirazole- 3- carboxilato Sinônimos Tartrazine; FD & C Yellow No. 5, Food Yellow No.4 Classe Monoazo Fórmula Molecular C16H9N4Na3O=S2 Massa Molar 534, 35781 CAS 1934-21-0 Number Color Index (C.I.) 19140 Absorção Máxima λ max. = 426nm Kow -10,17 Pka ~9,4 Solubilidade em água 38 mg/L a 2 °C, 200 mg/L a 25 °C Fonte: (PRADO e GODOY, 2003; U.S. EPA, 2000; PEREZ-URQUIZA e BELTRAN; MARMION, 1991). 10 Durante o processo de síntese da matéria prima e manufatura desses corantes, podem gerar algumas impurezas, podendo chegar a um total de 10% do composto final (Figura 1). Algumas destas impurezas, como metais, 4 - aminobifenil, 4 – aminoazobenzeno (ácido sulfanílico) e benzidina, podem apresentar efeitos carcinogênicos e ou mutagênicos, ou seja, são capazes de induzirem mutações no DNA bem como gerar aformação de tumores (ZIMMER et al., 1980; FDA, 1985; CLAXTON, HUGHES e CHUNG, 2001; CHUNG, CHEN e CLAXTON, 2006). No entando estas podem estar presentes em níveis de segurança conforme estabelecido pela legislação (FDA, 1985). Figura 1 – Processo de síntese do corante tartrazina Fonte: (PRIVAL, PEIPERL, e BELL, 1993). Apesar de muitos metais serem essenciais ao bom funcionamento do organismo, outros, no entanto podem ser prejudiciais, causando toxicidade aguda ou crônica, 11 dependendo da sua concentração e a forma disponível no organismo, além do tempo, frequência da exposição e suscetibilidade do organismo exposto (LINDINO et al., 2008). A população em geral pode ser exposta a estas substâncias, uma vez que, está presente em diversos corantes nos mais variados produtos como couro, roupa, brinquedos, além de alimentos e medicamentos (LANCASTER e LAWRENCE, 1999). Dessa forma, o alto consumo de corantes pode tornar-se uma fonte de metais tóxicos, se forem consumidos em concentrações acima do limite permitido pela legislação, mesmo em pequenas quantidades, podem constituir um sério risco à saúde humana, devido ao seu acúmulo progressivo no organismo (FRIBERG et al., 1979). Nesse caso torna-se necessário um rigoroso controle de qualidade durante a fabricação destes corantes tanto na indústria alimentícia bem como na indústria farmacêutica, uma vez que o fabricante é responsável pela verificação de possíveis contaminantes presentes nos mesmos (LINDINO et al., 2008). O corante tartrazina geralmente é preparado a partir da diazotação do ácido 4 - amino – benzeno com o ácido nítrico e nitrito de sódio, em seguida o composto diazo é acoplado com o 4,5- dihidro- 5 - oxo - 1 - (4 - sulfofenil) - 1H - pirazole - 3 - ácido carboxílico ou com o éster metílico, ou éster etílico, ou um sal de ácido carboxílico, que é isolado e purificado como o sal de sódio ou cálcio (FDA 21 CRF74.705). Como principais componentes não corados é possível encontrar cloreto de sódio e/ou sulfato de sódio na sua composição, no entanto os teores de matérias de corantes totais não devem ser inferiores a 85% (DIRETIVA 95/45/CE, 1995). De acordo com a Resolução nº 37 de 1977, o preparado de sal a partir do corante é denominado laca, que consiste em uma combinação com o radical básico de alumínio, cálcio e/ou sódio, podendo ser comercializados com o nome laca de alumínio, cálcio e/ou sódio de tartrazina. Essas lacas devem seguir algumas especificações: cloretos e sulfatos como sal de sódio devem estar em um limite máximo de 2% e matéria inorgânica insolúvel em HCl (ácido clorídrico) presentes em até 0,5% (BRASIL, 1977). De acordo com a Diretiva 2008/128/CE, a laca de alumínio de tartrazina não deve conter mais do que 0,5 % de material insolúvel em HCl e materiais extraíveis com éter não deve exceder mais do que 0,2 % sob condições neutras. Já o JECFA não dá especificações para lacas de alumínio de tartrazina, porém faz 12 uma referência geral para lacas de alumínios em corantes, determinando que a presença de cloretos solúveis em água e sulfatos de sais de sódio, matéria insolúvel em ácido clorídrico, matéria extraível com éter, arsênio e chumbo, não deve conter mais de 2, 0,5, 0,2 %, 3 e 5mg/kg respectivamente (JECFA, 2004). A benzidina é uma das aminas aromáticas que se origina como uma impureza durante a oxidação da anilina, um precursor para a síntese do ácido sulfanílico, que por sua vez é precursor para a síntese do corante tartrazina. Durante a síntese da tartrazina pode ocorrer a diazotação da benzidina e apenas uma pequena parte permanece como bendizina livre, ou seja, a maior parte permanece na forma de corantes subsidiários como o corante T diazo benzidina – pirazolona. Dessa forma após a ingestão da tartrazina pelos mamíferos, se estes compostos estiverem presentes, por sua vez serão reduzidos no intestino liberando a benzidina em sua forma livre (PRIVAL, PEIPERL e BELL, 1993; DAVIS e BAILEY, 1993). Com bases nessas informações Davis e Bailey (1993) avaliaram a presença de benzidina em 14 amostras do corante tartrazina, onde estes foram quimicamente reduzidos com ditionito de sódio e as aminas liberadas eram isoladas através de extração com solventes e posteriormente determinadas por cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Os resultados obtidos neste estudo mostram que os lotes comerciais do corante tartrazina continham benzidina na forma livre e na forma de corante subsidiário em níveis acima daqueles permitidos pela legislação (≤1 ppb), além disso em 4 das amostras apresentaram níveis superiores a 100 ppb. Um total de 53 amostras do corante tartrazina foi avaliado por Prival, Peiperl e Bell (1993) onde também utilizaram o ditionito de sódio para a redução do corante, com intuito de converter a benzidina na forma de diazo em benzidina livre, seguida da extração, a benzidina foi quantificada como corante diazo benzidina-pirazolona T por HPLC. Um total de 24 amostras que foram positivas para benzidina em níveis que variavam de 7 a 83 ng/g, haviam sido certificadas pela FDA. A FDA (1985) limita a benzidina em 1ng/g, apesar de que em alguns estudos o limite de detecção foI de 3-4 ng/g (LANCASTER e LAWRENCE, 1999). A Tabela 2 apresenta as especificações estabelecidas pela Directiva 2008/128/CE, JECFA (JECFA, 2006) e FDA 13 (FDA 21 CRF74.705) dos limites máximos de contaminantes que podem estar presentes no corante tartrazina. No Brasil, o Conselho Nacional de Saúde, aprovou a Resolução CNS/MS (Brasil, 1988 nº 4) indicando o limite máximo de apenas cinco contaminantes inorgânicos, como o arsênio, chumbo, cobre, estanho e zinco com limites máximos de 1, 10, 20, 250 e 50 mg/kg do corante, respectivamente (LINDINO et al., 2008). Perante as informações de acesso público, no Brasil, a legislação determina também os limites máximos tolerados de contaminantes inorgânicos em diversos alimentos, como refrigerantes, sucos e outros alimentos (BRASIL,1965). Pode-se notar que há uma divergência de informações e de critérios no processo de fabricação dos corantes para diversos países, podendo assim, incorrer num aumento das substâncias classificadas como impurezas presentes no corante e consequentemente no alimento em que o mesmo é adicionado. Essas especificações para os aditivos alimentares são elaboradas no intuito de garantir a qualidade e segurança dos alimentos, incluindo desde o processo de fabricação até o produto final. Além disso, vale ressaltar que diversas matérias-primas ou os diferentes métodos de fabricação muitas vezes resultará em diferentes concentrações de pureza (TEMANORD, 2002). Portanto durante o processo de síntese de corantes é necessário seguir as boas práticas de fabricação, seguindo sempre as especificações estabelecidas pela legislação, ou seja, não se deve envolver compostos que são reconhecidos por apresentarem riscos à saúde, como a presença de um grande grupo de aminas aromáticas (ANON, 1996; IARC, 2010). 14 Tabela 2 - As especificações de limites máximos de impurezas para síntese do corante tartrazina Impureza Diretiva da Comissão 2008/128/EC JECFA (2006) FDA (1985) matéria insolúvel em água ≤ 0,2% ≤ 0,2% ≤ 0,2% Matéria volátil em 135ºC - - ≤ 13% Máteria de Corantes subsdiários ≤ 1,0% ≤ 1,0% - Ácido sulfônico 4- hidrobenzeno ≤ 0,5% ≤ 0,5% - Ácido sulfonico 4- aminobenzeno ≤ 0,5% ≤ 0,5% ≤ 0,2% 5-oxo-1-(4-sulfofenil)- 3 ácido carboxilico ≤ 0,5% ≤ 0,5% - 4,4-diazoaminodi (ácido benzeno sulfonico) ≤ 0,5% ≤ 0,5% - Ácido tetrahidrosuccunic ≤ 0,5% ≤ 0,5% - 4,4' - (1 - triazeno - 1 ,3 -di-il) bis [ácido benzeno], sal dissódico - - ≤ 0,05 4 Aminobifenil ≤ 0,01% ≤ 0,01% ≤ 75 ppb Azobenzeno - - ≤ 40 ppb 1,3 - Diphenyltriazene ≤ 40 ppb Anilina ≤ 0,01% ≤ 0,01% ≤ 100 ppb Benzidina ≤ 1 ppb Substâncias extraíveis com éter ≤ 0,2% (sob condições neutra) ≤ 0,2% - Arsênico ≤ 3 mg/kg - ≤ 3 ppm Chumbo ≤ 10 mg/kg ≤ 2 mg/kg ≤ 10 ppm Mercúrio ≤ 1mg/kg - ≤ 1 ppm Cádmio ≤ 1mg/kg - - Metais pesados ≤ 40mg/kg - (-): Não especifica 15 3.3 Mutagenicidade provocadas por impurezas provenientes da síntese dos corantes Muito dos azocorantes que são análogos da benzidina são considerados mutagênicos e/ou carcinogênicos, uma vez que através do seu metabolismo os eletrólitos interagem com o DNA (MATHUR, BHATNAGAR, SHARMA, 2012). Estudos relataram uma alta incidência de tumores de bexiga (CASE et al, 1954; ZAVON et al, 1973;) de estômago, reto, pulmão e próstata (UBELIN et al, 1954) em trabalhadores expostos a benzidina e anilina em fábricas de produtos químicos. Além disso, vários pesquisadores têm correlacionado um número de aminas aromáticas carcinogênicas e a capacidade em induzir mutações, quando testadas através do ensaio de Salmonella/microssoma com e sem combinação de ativação metabólica (AMES et al., 1972; GARNER et al., 1975; WANG et al., 1975; FERRETTI et al, 1977; LAZEAR e LOUIE, 1977, CHUNG et al.; 2006; GREGORY, 1981; SHAHIN, 1985; MCCANN et al., 1975). Garner (1975) ao avaliar a atividade mutagênica de análogos de benzidina, a 3,3 '- diclorobenzidina purificada demonstrou que tais substâncias apresentaram uma atividade mutagênica para a linhagem TA1538 em presença de ativação metabólica e a 3,3’, 5,5'- tetrametilbenzidina apresentou uma atividade mutagênica tanto em presença quanto em ausência de S9. De acordo com McCann et al. (1975) a benzidina apresentou um potencial mutagênico para a linhagem TA1538 em presença de ativação metabólica. Gregory (1981) avaliou a atividade mutagênica de uma série de compostos derivados de diazo benzidina e o- tolidina, bem como vários compostos monoazos. Todos os corantes de benzidina e σ-toluidina testados foram mutagênicos para as linhagens TA98 e TA100, após sofrerem uma redução química com ditionito de sódio. Chung et al. (2006) revisaram a mutagenicidade de alguns análogos de benzidina, demonstrando que muitas destas aminas foram consideradas mutagênicas para as linhagens TA98 e TA100, em presença de ativação metabólica, segundo estudos realizados por meio 16 do ensaio de Salmonella /microssoma. Algumas aminas com alguns halogênios ou grupos nitro presentes em sua estrutura apresentaram uma ação direta na mutagenicidade. Porém ao adicionar um grupamento sulfônico na molécula de benzidina e uma complexação com um íon metálico gerou uma redução na mutagenicidade. Em adição, a anilina assim como outras aminas aromáticas são também consideradas impurezas provenientes do processo de síntese de corantes (EFSA, 2009). Em vários estudos algumas anilinas foram capazes de causar uma indução cancerígena em bexiga de cães (BONSER, 1943, apud ZIMMER et al., 1980), em ratos algumas foram consideradas carcinogênicas como a 2- metil -, 4 - metil -, e 2,4,5 - trimetil - anilina (HOMBURGUER et al., 1972, RUSSFIELD et al.,1973; MCCANN et al., 1975; ZIMMER et al., 1980), além de estar associadas ao dano oxidativo no DNA em células de baço de ratos (BOMHARD e HERBOLD, 2005; MA et al., 2008). No entanto para alguns autores a anilina apresentou resultados negativos através do ensaio de Salmonella/microssoma (MCCANN et al., 1975; SUGIMURA et al., 1976; DEGAWA et al., 1979; SIMON, 1979; MORI et al., 1980) bem como o ácido sulfanílico, considerado como um de seus metabólicos (MCCANN et al., 1975; DEGAWA et al., 1979; CHUNG, FULK e ANDREWS, 1981). Shahin (1985) avaliou as relações de estrutura-atividade, de três nitroanilinas e nove nitroaminofenols, testados quanto à sua capacidade de induzir mutações em linhagens de Salmonella typhimurium. Para os compostos m-nitroanilina, 4-nitro-2-aminofenol, o 3-nitro- 6-aminofenol os resultados encontrados foram positivos para as linhagens TA1538 e TA98 em ausência de S9. No entanto os compostos σ-nitroanilina, 2-nitro-3-aminofenol, o 3-nitro- 4-aminofenol, 4-nitro-3-aminofenol, o 3-nitro-2-aminofenol, 2-nitro-6-aminofenol, 2-nitro- 4-aminofenol e 2-nitro-5-aminofenol foram negativos para TA1535, TA100, TA1537, TA1538 e TA98, tanto na presença quanto em ausência de S9. O autor concluiu que a atividade mutagênica ou inatividade desses compostos parece ser dependente das posições dos grupos amino, nitro, e hidroxi nas suas estruturas químicas. Outro interferente considerado como uma impureza é o composto 4 – aminobifenil. Estudos tem demonstrado que este apresenta um potencial cancerígeno em camundongos 17 (CLAYSON et al.,1967) e ratos (WALPOLE et al., 1952) além de apresentar um potencial mutagênico para as linhagens TA100, TA1537 e TA1538 em presença de S9. Seu isômero, o 2-aminobifenil também foi mutagênico para a linhagem TA100 em presença de S9 (MCCANN et al.,1975). Estes resultados são confirmados por Lazear e Louie (1977) ao analisar o 4-aminobifenil, bem como o seu sal cloridrato onde observaram uma mutagenicidade para as linhagens de Salmonella typhimurium TA98 e TA100, com doses testadas (50 e 100 pg/placa) em presença de ativação metabólica. 3.4 Toxicocinética Segundo a Agência Internacional para Pesquisa Sobre o Câncer (IARC, 2010) a ativação metabólica foi aceita como um elemento essencial para explicar a atividade biológica de uma amina, uma vez que essa atividade está relacionada com a forma de absorção, hábitos alimentares, tempo de contato, tecido alvo e células específicas além da susceptibilidade individual ao metabolismo próprio de uma espécie animal. A exposição a agentes possivelmente tóxicos pode se dar principalmente pelas vias oral, respiratória e dérmica. Após a exposição oral aos azocorantes, pode ocorrer uma azoredução numa ampla variedade de espécies de mamíferos, incluindo macacos Rhesus (RINDE e TROLL, 1975) e seres humanos (FULLER, 1937; SCHRODER e CAMPBELL, 1972; WATABE et al., 1980) por meio de enzimas hepáticas ou por bactérias presentes na microbiota intestinal sob condições anaeróbicas (WALKER, 1970; GINGELL e WALKER, 1971; SCHELINE, 1973). Essa azoedução pode gerar como produtos de degradação a formação de hidroxilaminas, as quais são capazes de causar dano ao DNA. Se forem completamente reduzidas, as aminas aromáticas (-NH2), podem ser oxidadas novamente a N- hidroxiderivados por enzimas do sistema citocromo P450. Esses radicais N-hidroxi por sua vez podem ser acetilados por σ-acetiltransferases gerando íons eletrolíticos, capazes de reagir com o DNA (BARTSCH, 1981; ARLT et al., 2002; UMBUZEIRO et al., 2005). Dessa forma, 18 a reação metabólica desempenha um importante papel na mutagênese e/ou carcinogênese destes corantes (CHUNG, 1983; CHUNG e CERNIGLIA, 1992). O radical nitro (-NO2), apesar de não fazer parte da molécula do corante tartrazina, pode está presente em outros corantes azóicos, os quais também podem ser reduzidos pelas nitroredutases bacterianas ou por enzimas presentes no citoplasma de células de mamíferos, como as xantinas oxidases, ou ainda o citocromo P450, pela via redutiva gerando radicais N- hidroxi (VOLKER et al., 2004; UMBUZEIRO et al., 2005). As reações de redução com grupamentos nitro interagem com nitrobenzeno e aminas que são oxidadas principalmente no fígado onde produzem metabólitos finais como anilinas e estes podem ser distribuídos de formadiferente. O nitrobenzeno é considerado um causador de adenoma e carcinoma hepático e anilinas causadoras de sarcoma predominantemente no baço de rato (IARC, 2010). Com base nos levantamentos históricos, sobre azocorantes, a tartrazina e seu metabolismo têm sido estudados por vários autores (RYAN e WRIGHT, 1962; JONES et al., 1964; JECFA, 1966; ROXON et al., 1966, 1967; BERTAGNI et al., 1972; RYAN, 1972; HONOHAN et al., 1977; KHERA e MUNRO, 1979). Acredita-se que menos de 2% da tartrazina que é ingerida consegue ser absorvida (MURDOCH et al., 1987; EFSA, 2009). Estudos têm demonstrado que após a administração intraperitonial ou intravenosa da tartrazina em diferentes espécies de animais, os compostos resultantes da redução não são metabolizados no fígado (HONOHAN et al., 1977). No entanto Kuno e Mizutani (2005) mostraram que a tartrazina não é um substrato para as enzimas CYP2A6 e UDP- glucuronosiltransferase, através de ensaios utilizando microssomas de fígado bovino para mimetizar os microssomas hepáticos humanos (HIRANO et al., 2002; HIRANO e MIZUTANI, 2003; KANOU et al., 2002). Portanto, as enzimas hepáticas que reduzem ligações azo desempenhariam apenas um papel menor no metabolismo dos azocorantes. A redução pelas bactérias intestinais seria o caminho mais provável (JECFA, 1966; BERTAGNI et al., 1972; JONES et al., 1964; RYAN, 1972; CHUNG et al., 1978; KHERA e MUNRO, 1979). A maior parte da tartrazina é rapidamente metabolizada em aminopirazolone no cólon pela flora intestinal (JECFA, 1966; 19 KHERA e MUNRO, 1979) e degradada a ácido 4 – hidrazinobenzenesulfonico, e em seguida é reduzida em ácido sulfanílico (RYAN et al, 1969a; JONES et al, 1964). Segundo Ryan e Wright (1961) após uma administração intravenosa de baixas doses de tartrazina em ratos, esta não demonstrou ser excretada na bílis. Mais tarde, Ryan e Wright (1962) comprovaram que o grupamento carboxila presentes na tartrazina foi responsável pelo bloqueio da excreção biliar. No entanto para Jones et al. (1964) quando administrado por via oral o corante tartrazina pode ser reduzido in vivo, diferentemente quando administrado por via intraperitoneal, demonstrando que a flora do trato gastro intestinal é responsável pela redução desse composto. Após a administração intraperitoneal de uma dose elevada de tartrazina, a excreção de ácido sulfanílico pode ser explicada através de um ciclo entero- hepático. A excreção do corante na bílis levaria a uma diminuição no intestino seguido por uma absorção e subsequente excreção de ácido sulfanílico na urina. O ácido sulfanílico é o principal metabólito produzido após a redução da tartrazina pelas bactérias intestinais. Isso sugere que os elétrons extracelulares podem estimular a redução dos azocorantes. A redução em aminopirazolone e ácido sulfanílico ocorre por meio da presença de transportadores de életrons como a flavina que são liberadas pelas bactérias em condições anaeróbicas no cólon (ROXON et al., 1967; CHUNG et al., 1978). Além disso, em relação a metabolização hepática e renal após a adminstração de tartazina e carmosina os seus efeitos tornam-se mais evidentes em doses mais elevadas, por induzirem o estresse oxidativo devido a formação de radicais livres podendo levar a efeitos tóxicos. O estudo foi realizado administrando-se doses de 15 mg/kg e 500 mg/kg e de 8 mg/kg e 100 mg/kg de peso corporal dos corantes tartrazina e carmosina, respectivamente, durante 30 dias (AMIN, HAMEID, ELSTTAR, 2010). Com base nessas informações, pode-se observar que as substâncias como os corantes são capazes de induzir o estresse oxidativo por formação de radicais livres podendo levar a efeitos tóxicos. Nesse sentido a realização de estudos com o intuito de avaliar substâncias indutoras de mutagenicidade devem ser realizados tanto in vitro como in vivo . 20 3.5 Regulamentações As legislações visam estabelecer padrões para utilização de aditivos alimentares, incluindo os corantes sintéticos, visto que o emprego dos mesmos tem sido objeto de críticas em função de possíveis efeitos nocivos à saúde do consumidor. Esses efeitos vão desde alterações de comportamento em crianças, a asma, urticária, reações alérgicas a alimentos até apresentação de potencial mutagênico e/ou carcinogênico em alguns casos (RING, BROCKOWe BEHRENDT, 2001; PRADO e GODOY, 2003; ELHKIM, et al., 2007). Em virtude de alguns efeitos nocivos e críticas na utilização desses corantes, ocorreu na Europa e nos EUA um movimento de reavaliação dessas substâncias, com desdobramento no Brasil e em outros países da América Latina. Diversos órgãos internacionais, entre eles, o Comitê de Especialistas relacionados FAO/OMS sobre Aditivos Alimentares (JECFA), um comitê científico internacional de especialistas administrado conjuntamente pela Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1966 e pela Comissão Científica da Alimentação Humana (CCAH) da União Europeia, em 1975 e 1984 participaram desse processo de reavaliação. Por meio de vários estudos, esses órgãos estabeleceram uma IDA segura de 7,5 mg/kg de peso corporal/dia para o corante tartrazina, sendo assim, uma criança de 30 Kg e um adulto de 60 Kg podem consumir até 225 mg e 450 mg de tartrazina por dia, respectivamente (JECFA, 1966). O consumo desse corante acima dos níveis estabelecidos pela legislação pode gerar desde reações alérgicas (ELHKIM, et al., 2007) como alterações comportamentais atuando como um catalisador na hiperatividade (TANAKA et al., 2006). Em ratos têm produzido neurotoxicidade e déficits de aprendizado e memória (YONGLIN et al., 2011). Devido à grande utilização desses compostos e seu potencial risco para a saúde humana, os EUA permite a utilização de apenas nove corantes; no Japão segundo a legislação, somente onze agentes sintéticos são liberados, e na União Europeia, apenas dezessete, embora a Suécia e a Noruega proibirem o uso desses produtos artificiais em alimentos (REYES e PRADO, 2001; QUEIJA, et al., 2001; PRADO e GODOY, 2003). 21 No Brasil, as Resoluções n° 382 a 388, de 9 de agosto de 1999, da ANVISA, regulamentam o uso de onze corantes artificiais, sendo eles: amaranto, vermelho de eritrosina, vermelho 40, ponceau 4R, amarelo crepúsculo, amarelo tartrazina, azul de indigotina, azul brilhante, azorrubina, verde rápido e azul patente V. Esses corantes podem ser utilizados nas indústrias de alimentos e farmacêuticas respeitando os limites máximos de quantidade permitida para cada um deles e em alimentos específicos. Entre os países do MERCOSUL, houve necessidade de uma legislação que harmonizasse a utilização desses corantes alimentares (MERCOSUL Resolução GMC nº 52/98) bem como determinasse funções de aditivos e seus limites máximos de utilização para todas as categorias de alimentos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTAÇÃO, 2001). O emprego de um novo aditivo alimentar no Brasil apenas é permitido se previamente for aprovado pela Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNPA do Ministério da Saúde) e se for utilizado dentro de um limite permitido, garantindo sua inocuidade (BRASIL, 1969). O Ministério da Saúde por meio da ANVISA regulamenta, controla e fiscaliza o uso de aditivos em alimentos e medicamentos, exigindo o cumprimento dos padrões de limites máximos (Tabela 3) determinados. Uma vez que a utilização de alguns aditivos como os corantes podem geram uma toxicidade após seu consumo, principalmente se estiverem presentes impurezas provenientes de sua síntese. Dessa forma, existe uma preocupação dos órgãos reguladores em relação à rotulagemdos alimentos e medicamentos que contêm como por exemplo o corante tartrazina em sua formulação. No Brasil é regulamentado pela ANVISA e nos EUA (FDA) por meio de um Regulamento Federal, os fabricantes de alimentos e medicamentos que utilizam este corante em sua formulação foram obrigados a declarar, na lista de ingredientes e bula do medicamento, o nome do corante tartrazina por extenso (CRF 74.1705; BRASIL, 2002, 2003). 22 Tabela 3 - Limite máximo de utilização do corante tartrazina em diferentes categorias de alimentos de acordo com as legislações específica brasileira. Alimentos Limite máximo Resolução (ANVISA) Balas, confeitos, bombons, chocolates e similares 0,030 g/100g RDC nº 387, de 5 de agosto de 1999 Cobertura e xarope, recheios e pós para o preparo de coberturas e xaropes para produtos de panificação e biscoitos, produtos de sobremesas, gelados comestíveis, balas, confeitos, bombons chocolates e similares 0,050 g/100g RDC nº 387, de 5 de agosto de 1999 Bebidas não alcoólicas a base de soja 0,01g/100mL RDC nº 25, de 15 de fevereiro de 2005 Bebidas não alcoólicas gaseificadas e não gaseificadas 0,01g/100mL RDC nº 5, de 15 de janeiro de 2007 Gelados comestíveis 0,015g/100g RDC nº 3, de 15 de janeiro de 2007 Molhos e condimentos 0,05g/100g RDC nº4, 15 de janeiro de 2007 Petiscos 0,02g/100g RDC nº 64, de 16 de setembro de 2008 Preparações culinárias industriais (congeladas ou não) desidratadas 0,005g/100g RDC nº 34, de 9 de março de 2001 Sobremesas 0,015g/100g Resolução nº 388, de 05 de agosto de 1999 Sopas e caldos concentrados/ desidratados 0,005g/100g RDC nº 33, de 09 de março de 2001 Suplementos Vitamínicos e ou de Minerais (líquidos) 0,01g/100mL RDC nº 24, de 15 de fevereiro de 2005 Suplementos Vitamínicos e ou de Minerais (sólidos) 0,03g/100g RDC nº 24, de 15 de fevereiro de 2005 Fonte: (ANVISA, 2014) 23 Em função da alta demanda de utilização dos corantes e da sua necessidade de fiscalização, os métodos de avaliação destes aditivos têm sido rotineiramente requeridos. Tais determinações visam tanto o controle de qualidade das indústrias alimentícias e farmacêuticas, quanto à análise destes compostos em órgãos de vigilância e controle da saúde humana. Na avaliação do TemaNord, 2002, recomendou-se uma reavaliação do corante tartrazina para a inclusão de dados recém-publicados, em relação aos estudos de genotoxicidade, toxicidade crônica /carcinogenicidade, reprodutiva e de desenvolvimento pré-natal. 3.6 Estudos de Genotoxicidade 3.6.1 Lesões no material genético A molécula de dupla fita de DNA é o local onde está armazenada toda a informação genética. Estas fitas se ligam através de pontes de hidrogênio com as bases nitrogenadas, onde uma adenina se liga a uma timina enquanto uma citosina se liga a uma guanina, compondo uma molécula de DNA. Algumas lesões podem ocorrer na molécula de DNA, como adições ou deleções de bases nitrogenadas, quebras ou rearranjos cromossômicos. Dessa forma se a célula não conseguir reparar, ou seja, reconstruir a informação genética original, a lesão é denominada de mutação, que pode ocorrer de forma espontânea ou induzida por agentes químicos ou físicos (COMBES, 1992; MORTELMANS e ZEIGER, 2000). As mutações podem ocorrer em qualquer célula, tanto em células de linhagem germinativa como em células somáticas. Quando ocorrem em células de linhagem germinativa, essas podem ser propagadas á geração seguinte, sendo responsáveis por várias doenças hereditárias assim como em alguns tipos de cânceres (MARON e AMES, 1983; COMBES, 1992). Porém quando a mutação ocorre em células somáticas, a consequência mais comum é o desenvolvimento de tumores benignos ou malignos. Além disso, foi 24 proposto que as mutações em células somáticas podem também estar envolvidas na patogênese de algumas doenças crônicas degenerativas como as cardiovasculares e neurodegenerativas (VARANDA, 2006), Uma mutação pode ocorrer nos cromossomos ou nos genes. A mutação cromossômica se caracteriza quando partes de segmentos de cromossomos, cromossomos inteiros ou grupamentos de cromossomos se alteram, resultando em rearranjos cromossômicos anormais (GRIFFITHS et al., 1998a apud FERRAZ, 2008). Dessa maneira muitas mutações cromossômicas podem conduzir a anomalias no funcionamento da célula e do organismo (MARON e AMES, 1983). Na mutação gênica também denominada de mutação de ponto, os eventos de mutações ocorrem em genes individuais, ou seja, as alterações ocorrem em pares de bases únicos do DNA ou num pequeno número de bases adjacentes (GRIFFITHS et. al, 2001b apud FERRAZ, 2008). Estas mutações podem ocorrer através da substituição de pares de bases ou deslocamento do quadro de leitura do DNA, também chamada de mutação frameshift. A mutação frameshift ocorre devido a adição ou a perda de uma ou mais bases nitrogenadas do DNA, levando a uma alteração no quadro de leitura. Quando a leitura da sequência de códons do ácido ribonucléico mensageiro (mRNA) é “lida” pelo aparelho traducional, esta ocorrerá de forma incorreta, uma vez que a adição ou deleção de um único par de base do DNA mudará a matriz de leitura começando a leitura a partir do local que sofreu essa alteração estendendo até o terminal carboxílico da proteína (GRIFFITHS et. al, 2001b). Dependendo do gene que sofreu alteração e do tipo de efeito que essa alteração tem na expressão gênica, isso pode resultar em grandes efeitos, que pode ser desde uma perda completa da expressão do gene, até à formação de uma proteína variante com propriedades alteradas (MARON e AMES, 1983). Com base nessas informações citadas anteriormente há vários sistemas de reparo que cuidam da remoção de lesões causadas no DNA. Dentre eles, podemos citar o reparo por excisão, que consiste no reconhecimento da lesão no DNA, corte na fita e excisão da lesão e de alguns nucleotídeos adjacentes, o que resulta na formação de um novo pedaço de DNA e 25 restauração da dupla hélice original por um processo livre de erros (GREEN, 1978; HANAWALT, 1979; FRIEDBERG, 1985). Estes sistemas de reparo são importantes, visto que vários testes de mutagenicidade se baseiam neles. O ensaio com Salmonella, por exemplo, utiliza linhagens mutantes deficientes no reparo por excisão através da deleção do gene uvrB, no intuito de aumentar a capacidade de detecção do ensaio (MARON e AMES, 1983). 3.6.2 Ensaios de Salmonella/microssoma O ensaio de mutagenicidade com Salmonella typhimurium, também conhecido como ensaio de Salmonella/microssoma ou teste de Ames, é uma metodologia de triagem mais utilizada atualmente para detectar substâncias genotóxicas (UMBUZEIRO e VARGAS, 2003). O ensaio foi inicialmente descrito pelo grupo do Dr. Bruce Ames, (AMES, YAMASAKI, 1971; AMES et al., 1973a; 1973b; MARON, AMES, 1983) e discutido internacionalmente e revisado por Mortelmans e Zeiger (2000). Esse teste emprega linhagens de Salmonella typhimurium derivadas da parental LT2, auxotróficas para o aminoácido histidina, apresentando diferentes mutações no operon deste aminoácido. Essas linhagens são construídas para detectar mutações do tipo deslocamento do quadro de leitura ou substituição de pares de base no DNA. São incapazes de crescer em meio de cultura mínimo sem histidina, a menos que ocorram mutações que restaurem a sua capacidade de síntese. O número de revertentes é facilmente medido pela contagem de colônias que crescem em meio mínimo, após a exposição de uma população de célulasà substância testada (UMBUZEIRO e VARGAS, 2003). As linhagens de Salmonella typhimurium empregadas no ensaio são pertencentes ao grupo das enterobactérias que são capazes de produzir nitroredutases e azoredutases. Alguns corantes azóicos apenas exibem atividade mutagênica se as ligações azo forem reduzidas gerando aminas aromáticas, podendo ser mais ou menos mutagênicas quando comparadas ao corante original, dependendo da estrutura química. Se o corante tiver um ou mais 26 substituintes do grupo nitro, as nitroredutases endógenas irão reduzi-lo às hidroxilaminas ou a aminas aromáticas (UMBUZEIRO et al., 2005). Além disso, com a utilização de um sistema exógeno, a partir de uma enzima do citocromo P450 do fígado de rato, o ensaio é capaz de detectar mutágenos que tem a necessidade de serem metabolizados para se tornar ativos e interagir com o DNA (MORTELMANS e ZEIGER, 2000). 3.6.2.1 Características genéticas das linhagens utilizadas no ensaio de Salmonella/microssoma Cada uma das linhagens empregadas possui uma mutação específica no gene responsável pela síntese do aminoácido histidina bem como diferentes alterações nos sistemas de reparo e capacidades metabólicas. Sendo assim, respondem diferentemente às variadas classes de compostos químicos. Essas alterações genéticas adicionais são responsáveis por atribuir uma maior sensibilidade na detecção de diversos mutágenos, tais como deleção dos genes uvrB que elimina o mecanismo de reparo por excisão, permitindo que mais lesões no DNA sejam reparadas pelo mecanismo suscetível ao erro, e a mutação rfa que causa a perda parcial da camada lipopolissacarídica (LPS) da parede bacteriana tornando-a mais permeável para difusão de moléculas grandes que normalmente não penetram nas células. A deleção do gene uvrB promoveu a deleção de parte do gene responsável pela síntese de biotina, tornando-as auxotróficas para biotina (MARON e AMES; 1983; MORTELMANS e ZEIGER; 2000; UMBUZEIRO e VARGAS, 2003). Algumas linhagens como a TA98 e YG1041 possuem o plasmídio pKM101 que além de conferir resistência à ampicilina, contêm os genes mucAB, cuja expressão causa estímulo ao mecanismo suscetível ao erro (error-prone). A linhagem TA98 apresenta mutação no gene hisD3052 que codifica para a histidinol desidrogenase, apresentando como ponto preferencial para a reversão oito resíduos repetitivos de GC e detecta compostos mutagênicos que causam deslocamento do quadro de leitura do DNA. Apesar de ter a capacidade de 27 reduzir compostos do tipo nitro, ela possui uma menor atividade de nitroredutase. Isso ocorre devido à deleção de alguns dos genes responsáveis pela produção dessa enzima (MORTELMANS e ZEIGER; 2000). Dessa forma, outras linhagens foram desenvolvidas; algumas incapazes de produzir essa enzima (TA98NR e TA100NR) e outras com alta produção da mesma (YG1021, YG1026). Já as linhagens YG1041 e YG1042 foram desenvolvidas com alta produção de ambas as enzimas nitroredutases e o-acetiltransferases. Ensaios empregando essas linhagens são úteis para o esclarecimento da via de redução do grupo nitro na mutagenicidade de certos compostos (MARON e AMES; 1983; MORTELMANS e ZEIGER; 2000). A linhagem TA97a apresenta mutação no gene hisD6610 detectando também mutágenos que causam deslocamento do quadro de leitura do DNA. Já a linhagem TA102 apresenta uma mutação no gene hisG428, detectando assim mutágenos como formaldeído, vários hidroperóxidos, bleomicina, fenilidrazina, raios-X, luz UV e agentes cross-link, como mitomicina C. Já as linhagens TA100 e TA1535 apresentam a mutação hisG46, responsável por codificar o gene para primeira enzima da biossíntese da histidina (AMES, 1971) resultando na substituição de uma leucina por uma prolina, tornando assim um marcador para compostos mutagênicos que causam substituição principalmente nos pares de bases GC (MARON e AMES, 1983). Uma combinação dessas linhagens podem auxiliar no papel destas enzimas na atividade mutagênica de corantes azóicos, tornando assim o ensaio de Salmonella/microssoma, uma importante ferramenta para contribuir e predizer os possíveis efeitos desses compostos para a saúde humana após a sua ingestão, uma vez que utilizam enterobactérias com características metabólicas similares às presentes na microbiota intestinal de mamíferos (CHADWICK et al., 1992; PORWOLLIK et al., 2001; UMBUZEIRO et al., 2005; CHUNG, 1992). Assim, de acordo com OECD 471, as linhagens demonstradas na Tabela 4 são as que foram utilizadas no presente estudo visando testar a mutagenicidade do corante tartrazina. 28 Tabela 4 - Características genética das linhagens de Salmonella typhimurium utilizadas no ensaio de Samonella/microssoma Linhagem Descrição Plasmídios Tipo de Mutação Referência TA97a hisD6610; hisO1242 rfa; ∆ (uvrB,bio) pKM101(Apr) Deslocamento do quadro de leitura MORTELMANS e ZEIGER, 2000 TA98 hisD3052; rfa; ∆ (uvrB,bio) pKM101 (Apr) Deslocamento do quadro de leitura MARON e AMES, 1983 TA100 hisG46; rfa; ∆ (uvrB,bio) pKM101 (Apr) Substituição de pares de bases MORTELMANS e ZEIGER, 2000 TA102 hisG 428; rfa pKM101 (Apr) pAQ1 (Ttr ) Substituição de pares de bases MARON e AMES, 1983 TA1535 hisG46; rfa; ∆ (uvrB) - Substituição de pares de bases MORTELMANS e ZEIGER, 2000 (his): mutação responsável pela síntese da histidina; (ΔuvrB): deleção do gene uvrB; (Δbio): deleção do gene da biotina; (rfa): mutação que causa perda parcial da camada lipopolissacarídica; (Apr): resistente à ampicilina; (Ttr) : tetraciclina resistente; (-): não apresenta plasmidios. 3.6.3 Estudos in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina A identificação de substâncias que são capazes de induzir mutações é importante para avaliar e garantir uma segurança alimentar. Os principais estudos disponíveis de genotoxicidade in vitro na literatura demonstraram que o corante tartrazina não apresenta atividade mutagênica (LÜCK e RICKERL, 1960, apud EFSA, 2009; BROWN et al., 1978; MUZZALL e COOK, 1979; CHUNG; FULK e ANDREWS, 1981; BROWN e DIETRICH, 1983; KARPLIUK et al., 1984, apud EFSA, 2009; ISHIDATE et al., 1984; IZBIRAK et al., 29 1990, apud EFSA, 2009; POLLASTRINI et al., 1990, apud EFSA, 2009), embora alguns tenham apresentado resultados positivos (PATTERSON e BUTLER, 1982; ISHIDATE et al., 1984; HENSCHLER e WILD, 1985, apud EFSA, 2009; MUNZNER e WEVER,1987; PRIVAL et al.,1988; DAS e MUKHEREJEE, 2004; MPOUNTOUKAS et al., 2010) como pode ser observados na Tabela 5. Chung, Fulk e Andrews (1981) realizaram um estudo com dezessete corantes e 16 dos seus metabólitos ou derivados testados no ensaio de mutagenicidade de Salmonella/ microssoma utilizando a metodologia de incorporação em placas, em presença e ausência de microssomas de fígado de rato (S9), utilizando as linhagens TA1535, TA1537, TA1538, TA98 e TA100. Os resultados foram positivos com e sem ativação metabólica para 3- aminopireno, vermelho litol, azul de metileno, amarelo metil, vermelho neutro e vermelho fenol. Já o 4-amino pirazolone, 2,4- dimetilanilina , N , N - dirmetil - p - fenilenodiamina , vermelho de metila e 4 - fenil - azo - 1 – naftilamina, apresentaram resultados positivos apenas em presença de S9 . Os resultados foram negativos para os azocorantes, tartrazina, vermelho allura , amaranto, ponceau R, ponceau SX, amarelo crepúsculo em presença e ausência de S9. Os seguintes metabólitos também apresentaram resultados negativos, como a anilina, ácido sulfanílico,cloridrato de 1 - amino - 2 - naftol , ácido antranílico, sal cresidine, pirazolona T, sal de R – amino - ( 1 - amino-2 -naftol-3, 6- sal dissódico disulfónico), sal de Schaeffer (ácido - 6 - sulfônico 2- naftol, sal de sódio), naphthionate sódio, sulfanilamida e ácido 4 - Amino-naftalenossulfónico sal sódico (CHUNG, FULK e ANDREWS, 1981). A indução de aberração cromossômica foi avaliada após dois diferentes períodos da cultura celular de fibroblasto de Muntiacus Muntjac expostas em concentrações de 3, 5, 10 e 20 µg/mL de tartrazina. Foi observado um aumento significativo em relação a quebras das cromátides e cromossomos dicêntricos quando comparados com os grupos controles em todos os grupos experimentais. Os autores sugerem que novos estudos são necessários para determinar o potencial mutagênico do corante (PATTERSON e BUTLER, 1982). 30 Tabela 5 - Ensaios in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina. (NE): Não especifica; (-): Não utiliza Ensaio Tipo de mutação Ativação S9 Dose Resultado Origem Referência Salmonella/microssoma TA1535, TA100, TA1537, TA1538, TA98 Mutação de ponto Com e sem 0,05-1 mg/placa Negativo Analítico (BROWN et al., 1978) Salmonella/ microssoma TA98, TA1537, TA100, TA1535 Mutação de ponto Com e sem 0,165mg/placa Negativo Comercial (MUZZALL e COOK, 1979) Salmonella/ microssoma TA100 e TA98 Mutação de ponto Com e sem NE Negativo Analítico (BROWN e DIETRICH, 1983) Salmonella/ microssoma TA100 e TA98 Mutação de ponto Com e sem NE Positivo (TA98) NE (HENSCHLER e WILD, 1985, apud EFSA, 2009) Salmonella/ microssoma TA98, TA100, TA1535 TA1537 e TA1538 Mutação de ponto Com e Sem 5 -5000 μg /placa Negativo Analítico ( CHUNG; FULK e ANDREWS, 1981) In vitro Muntiacus Muntjac Aberração Cromossômica - 3, 5, 10 or 20 μg/ml Positivo NE (PATTERSON e BUTLER, 1982) Aberração cromossômica E. Coli K-12 Aberração Cromossômica - NE Negativo NE (KARPLIUK et al., 1984, apud EFSA, 2009) Salmonella/ microssoma TA92, TA94, TA98, TA100, TA1535 e TA1537 Mutação de ponto Com e Sem 5mg/placa Negativo NE (ISHIDATE, et al., 1984) 31 Continuação da Tabela 5- Ensaios in vitro de genotoxicidade do corante tartrazina Ensaio Tipo de mutação Ativação S9 Dose Resultado Origem Referência Aberração Cromossômica em células de fibroblasto de hamster Aberração Cromossômica - 6 mg/ml Positivo NE (ISHIDATE, et al., 1984) Salmonella/ microssoma TA98 e TA100 Mutação de ponto Com e sem 0,1-5 mg/placa Positivo (TA100) Analitico (MUNZNER e WEVER, 1987) Salmonella/ microssoma TA98, TA100, TA1535 e TA1537 Mutação de ponto Com e sem 25-2500 mg/placa Positivo (TA98) NE (PRIVAL et al.,1988) Salmonella/ microssoma TA98 e TA100 Mutação de ponto Com e sem NE Negativo NE (IZBIRAK et al., 1990, apud EFSA, 2009) Salmonella/ microssoma TA98, TA100, TA1535, TA1538 e E. coli WP2, WP2 uvrA e Wp2 uvrA pkM101 Mutação de ponto Com e sem 1000-5000 mg/placa Negativo NE (POLLASTRINI et al., 1990, apud EFSA, 2009) Salmonella/ microssoma TA97, TA98 e TA100 Mutação de ponto Sem 100 -1000 µg/placa Positivo (TA98) NE (DAS e MUKHERJEE, 2004) Ensaio SCE em células de linfócitos humanos Aberração cromossômica - 0,02-8mM Positivo NE (MPOUNTOUKAS et al., 2010) (NE): Não especifica; (-): Não utiliza Ishidate et al. (1984) realizaram os ensaios de Salmonella/microssoma com as linhagens TA1535, TA100, TA1537, TA94 e TA98, além dos ensaios de aberrações 32 cromossômicas in vitro em células de fibroblastos de hamster chinês com 190 aditivos alimentares sintéticos e 52 aditivos alimentares derivados de fontes naturais. De um total de 200 aditivos testados no ensaio de Salmonella/microssoma 14 apresentaram efeitos positivos e 54 de um total de 242 foram positivos no teste cromossômico. Em relação ao corante tartrazina, este apresentou resultados negativos no ensaio de mutagenicidade. Para o ensaio cromossômico, foi encontrado um pequeno aumento na incidência de células poliplóides após a exposição das células de fibroblastos de hamster chinês ao corante. O potencial mutagênico de metabólitos não identificados do corante tartrazina foi avaliado em amostras de urina de ratos através de ensaios de Salmonella/microssoma com as linhagens TA98 e TA100, empregando o método de pré - incubação. Após a adição de S9 foi observado um potencial mutagênico com doses dependentes para a linhagem TA98 (HENSCHLER e WILD, 1985). Os resultados descritos por Henschler e Wild (1985) citados anteriormente não foram confirmados por Munzner e Wener (1987) ao administrarem uma dose única de 1,5 g / kg de peso corporal de tartrazina dissolvida em 2 mL de NaCl a 0,9% em ratos. Uma hora após essa administração foi coletado bile e por um período de 24horas foi coletado urina e fezes. Estas amostras foram tratadas e soluções foram preparadas, em seguida foi realizado um ensaio de mutagenicidade utilizando a metodologia de incorporação em placas com as linhagens TA98 e TA100 em presença e ausência de ativação metabólica. Os resultados foram negativos para as amostras de bile e urinas para ambas as linhagens. Porém para as amostras de fezes em doses de 5 mg/placa em presença de S9 foi observado um aumento significativo no número de revertentes quando comparadas ao grupo controle (MUNZNER e WENER, 1987). Prival et al. (1988) avaliaram a atividade mutagênica de 4 azocorantes (tartrazina, amarelo crepúsculo, amaranto e vermelho 40) e dos produtos após a sua azoredução, utilizando as linhagens TA98, TA100, TA1535 e TA1537, por meio do ensaio de Salmonella/microssoma empregando quatro metodologias diferentes. Os autores não observaram nenhuma atividade mutagênica para os corantes em doses variando de 0,1 a 10 mg / placa, em ausência e presença de S9, usando a metodologia de incorporação em placas (1). O corante tartrazina também apresentou resultados negativos quando empregado o ensaio 33 de incorporação em placas utilizando extratos obtidos com éteres provenientes do corante (2). Já para os outros corantes foi observada uma atividade apenas em doses elevadas. Os corantes não mostraram atividade mutagênica quando testados com o ensaio de pré- incubação em presença de flavina mononucleotídeo (FMN) e S9 provenientes de microssomas de fígado de hamster (3). Porém quando as amostras de corantes foram reduzidas com ditionito de sódio e em seguida extraída com éter (4), os corantes tartrazina e amarelo crepúsculo, apresentaram atividade mutagênica para a linhagem TA98 em doses mais elevadas de 2500 mg/placa na presença de S9. Já os corantes, amaranto e vermelho 40 apresentaram atividade mutagênica em doses menores de 25 mg/placa e 1 mg/placa respectivamente para a linhagem TA98 em presença de S9, em doses mais altas foi observada atividade mutagênica para as linhagens TA100 e TA1537. No entanto, Das e Mukherejee (2004) avaliando o efeito mutagênico do corante tartrazina por meio do ensaio de Salmonella/microssoma utilizando a metodologia de incorporação em placas, observaram um aumento significativo no número de colônias revertentes da linhagem TA98 nas doses de 100 e 250 µg/placa. Além disso, o corante tartrazina por meio do ensaio (in vitro) em células humanas de sangue periférico apresentou um efeito
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