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autolesao em adolescentes e redes sociais

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
TECNOLOGIAS, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
SOCIEDADE.
A EDUCAÇÃO E AS REDES SOCIAIS: A (IN) VISIBILIDADE
DA ANGÚSTIA E AS PRÁTICAS AUTOLESIVAS DE
ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE
SOCIAL.
ANGÉLICA CRISTINA BEZERRA.
Itajubá, novembro de 2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
TECNOLOGIAS, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E
SOCIEDADE.
ANGÉLICA CRISTINA BEZERRA.
Monografia de conclusão de curso
apresentada ao Curso de Especialização em
Tecnologias, Formação de Professores e
Sociedade da Universidade Federal de Itajubá
e Universidade Aberta do Brasil, como parte
dos requisitos necessários para a conclusão do
curso.
Orientador: ADILSON DA SILVA MELLO.
ITAJUBÁ
2018
ANGÉLICA CRISTINA BEZERRA.
A EDUCAÇÃO E AS REDES SOCIAIS: A (IN) VISIBILIDADE DA
ANGÚSTIA E AS PRÁTICAS AUTOLESIVAS DE ADOLESCENTES EM
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL.
Monografia de conclusão de curso apresentada ao
Curso de Especialização em Tecnologias, Formação
de Professores e Sociedade da Universidade Federal
de Itajubá e Universidade Aberta do Brasil, como
parte dos requisitos necessários para a conclusão do
curso.
Aprovado em XX de novembro de 2018
Banca Examinadora
Prof. Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Examinador UNIFEI
Prof.ª xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Examinadora UNIFEI
Prof. Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Examinador XXXXXX
Itajubá, novembro de 2018
Dedico este trabalho ao Eterno, a minha família, amigos e principalmente aos meus alunos,
pois sem eles não seria possível o meu interesse pela temática. 
AGRADECIMENTOS
Agradeço pelo dom da vida, aos meus pais Edinaldo Soares Bezerra e Maria do Rosário
Bezerra, minha irmã Alice Rozane Bezerra, os meus sobrinhos Bernardo Bezerra F. Nobre e
Olivia Bezerra F. Nobre que com seu amor enchem meu coração de esperança por dias
melhores. Aos meus amigos que verdadeiramente me apoiaram em muitos momentos precisei
estar longe para poder dedicar meu tempo para pesquisa e escrita deste trabalho. Aos meus
colegas de turma que foram um diferencial para conclusão deste curso, sem o apoio e suporte
com palavras de incentivo, o bom humor da turma do polo de Resende possivelmente não
teria concluído.
“O pessimismo da razão, otimismo da vontade”.
Antônio Gramsci
RESUMO: A prática da automutilação por adolescentes em situação de vulnerabilidade e
risco social é o aspecto que norteia todo trabalho apresentado. Para tanto, é preciso perceber
as sutilezas e a complexidade da análise da temática. Primeiramente, a invisibilidade social
sendo detectada no espaço educativo, como elemento que distancia o educando de receber o
suporte tão necessário para superação da angústia. Pensar à angústia como um fator que
facilita a prática autolesiva, a exposição de casos reais de educandos que flagelam o corpo e
de profissionais que atuam junto ao público descrito e a visibilidade deste adolescente através
das redes sociais na internet. Por último, há apontamentos sobre repensar a formação do
docente e o conceito de interseccionalidade colabora para ações pedagógicas mais efetivas
quanto à utilização das redes sociais e a instrumentalização de recursos legais existentes para
melhor direcionamento dos eventos recorrentes nos espaços educativos, garantindo assim o
desenvolvimento biopsicossocial saudável ao estudante.
Palavras-chave: Automutilação. Angústia. Redes Sociais. Formação Docente. 
ABSTRACT: The practice of self-mutilation by adolescents in situations of vulnerability and
social risk is the aspect that guides all the work presented. In order to do so, one must
understand the subtleties and complexity of analyzing the subject. Firstly, the social
invisibility being detected in the educational space, as an element that distances the student
from receiving the support so necessary to overcome the anguish. To think of anguish as a
factor that facilitates self-injurious practice, the exposition of real cases of students who
plague the body and of professionals who work with the public described and the visibility of
this teenager through social networks on the Internet. Finally, there are notes on rethinking
teacher education and the concept of intersectionality collaborates for more effective
pedagogical actions regarding the use of social networks and the use of existing legal
resources to better target recurrent events in educational spaces, thus ensuring
biopsychosocial development healthy to the student.
Keywords: Self-mutilation. Anguish. Social Media. Teacher Training.
 .
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 10
2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 12
1.1. Objetivo Geral..............................................................................................12
1.2. Objetivos Específicos...................................................................................12
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................13
4. A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA ADOLESCÊNCIA E A INVISIBILIDADE
SOCIAL...............................................................................................................................13
4.1. A invisibilidae social, a construção da subjetividade e as mídias................17
 4.2. A (in)visibilidade da mente e do corpo dos estudantes nos espaços
educacionais..........................................................................................................................20
5. A ANGÚSTIA E AS PRÁTICAS DE AUTOMUTILAÇÃO DE ADOLESCENTES EM
SITUAÇÃO DE VULNERABILDIADE E RISCO SOCIAL EM ESPAÇOS
EDUCATIVOS......................................................................................................................27
5.1 A exposição da prática automutiladora nas redes sociais e a ocultação dos
ferimentos originados pela angústia.......................................................................................30
5.2 Os relatos da angústia: os adolescentes praticantes de ações autopunitivas......33
6. O DESENVOLVIMENTO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA PREVENÇÃO E
DIMINUIÇÃO DA AUTOMUTILAÇÃO EM ESPAÇOS EDUCATIVOS.......................38
6.1 A (de) formação pedagógica frente à utilização das redes sociais......................40
6.2 As redes sociais como ferramenta pedagógica na prevenção e combate das
práticas automutiladoras.........................................................................................................45
7. CONCLUSÃO...................................................................................................................49
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................51
10
1. INTRODUÇÃO
No presente trabalho, o objetivo de analisar a prática automutiladora e suas
imbricações no desenvolvimento humano de adolescentes e jovens, a partir de diferentes
abordagens que transpassam toda pesquisa apresentada. 
A abordagem psicológica para conceituação da angústia, aspecto precursor da
autolesão, as consequências da automutilação como sintoma social e emocional, as
declarações de adolescentes e as causas apresentadas para justificação das ações agressivas
contra o corpo e a atuação profissional dos Orientadores Educacionais que atuam em espaços
educacionais que lidam com um público vulnerável quanto à saúde física e psíquica de
adolescentes acometidos pela angústia. Para tanto, é primordialidentificar as especificidades
de cada atendimento sociopsicopedagógico e as possíveis trajetórias para salvaguardar a
integridade destes sujeitos que colocam em risco suas vidas. 
Nesta conjuntura alguns atendimentos realizados na Associação Beneficente São
Martinho (ABSM) tornam-se interessantes para análise de estudiosos de transtornos e
autoflagelação já que o público atendido pela organização não governamental (ONG) são
crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social. Entre eles: indivíduos
residentes em casas de acolhimento, moradores em situação de rua, famílias assoladas pelo
empobrecimento extremo e que vivenciam contextos intensos de violência.
Há interesse em pensar a formação de professores para lidar com as questões
anteriormente expressas e como as redes sociais são utilizadas para propagação deste
fenômeno social contemporâneo. 
O intuito após relatar os entraves vivenciados pelos profissionais que atuam com o
público aqui analisado é relatar sobre as ações realizadas pelo governo federal e a pouca
veiculação da cartilha idealizada para prevenção e combate as práticas automutiladoras, mas
sem preparar os profissionais dos espaços educativos para seu uso com efetividade seja junto
aos adolescentes, a família e/ou a comunidade escolar.
As redes sociais são utilizadas como ferramenta de veiculação para disseminação de
jogos e exposição das lesões auto-infligidas, contudo também pode ser um poderoso recurso
utilizado pelos educadores, técnicos e especialistas que atuam no campo educacional
independentemente dos espaços educativos que atuem sejam escolares ou fora dos muros da
escola. 
11
2. OBJETIVOS
1.1. Objetivo Geral
Analisar as práticas pedagógicas desenvolvidas no serviço de Orientação Educacional
destinadas aos adolescentes praticantes da automutilação na Associação Beneficente São
Martinho (ABSM) com vistas a compreender a influência das redes sociais no processo
autopunitivo.
1.2. Objetivos Específicos
• Identificar práticas pedagógicas para possíveis abordagens sobre educação, redes
sociais e direcionamentos para combate as ações autopunitivas;
• Identificar as contribuições do Orientador Educacional para fomentação de ações
formativas para colaboração junto à equipe técnico-pedagógica;
• Analisar a influência das redes sociais e da mídia sobre sintomas da angústia entre
adolescentes e jovens. 
12
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A presente pesquisa é constituída por alguns eixos de abordagem: invisibilidade
social, a construção da subjetividade mediante a evolução da tecnologia e das redes sociais,
automutilação e as propostas pedagógicas desenvolvidas para diminuição de tais sintomas
sociais nos espaços educativos. 
O eixo corresponde à inserção de caráter introdutório sobre o conceito de
invisibilidade a partir da reflexão dos sociólogos Jessé Souza e Zygmunt Bauman. Já para
clarificar as correlações entre a formação da subjetividade dos adolescentes, tecnologia e
redes sociais há como suporte a pedagoga Miriam Grispun, a filósofa Marilena Chauí e entre
outros autores que ajudam a clarificar as aparições nas redes sociais de casos de práticas
autolesivas.
É tratada de forma sucinta os elementos aglutinadores, reforçadores e
impulsionadores da dimensão psicológica dos adolescentes que se automutilam, para tanto os
psicólogos José Cedaro e Josiana Nascimento expressam interessantes elementos para análise
da cartilha com título Vamos Conversar sobre a Prevenção da Automutilação? O governo
federal através da Comissão Parlamentar de Inquérito, conhecida como CPI dos Maus Tratos
contra Crianças e Adolescentes cria o documento com intuito de colaborar com os
responsáveis, os praticantes da autolesão e com os espaços educativos. 
Há uma descrição de casos reais de automutilação na adolescência e sutis
direcionamentos de como os profissionais podem agir diante de um caso prático de
adolescentes que se automutilam. E, por fim, será apresentada uma pequena conclusão, sobre
os principais elementos apontados no decorrer do presente texto.
CAPÍTULO I
13
4 - A CONSTRUÇÃO DA SUBJETIVIDADE NA ADOLESCÊNCIA E A
INVISIBILIDADE SOCIAL. 
Os espaços não escolares não estão apartados da conjuntura encontrada na sociedade,
bem como suas tensões e contradições. Os diversos fenômenos sociais impactam nas
instituições de ensino e suas propostas pedagógicas necessitam ser reconfiguradas devido às
novas demandas do público atendido.
As famílias atendidas pela escola, também estão presentes nos espaços não escolares.
Trata-se dos mesmos indivíduos que sofrem com as desigualdades sociais tão enraizadas nas
relações que se estabelecem dentro do âmbito social.
As organizações não governamentais (ONG) que visam o desenvolvimento de
programas que possibilitem a instrumentalização de políticas públicas dentro das áreas de
educação, saúde e/ou assistência promovem atendimentos sociopsicopedagógicos e seus
atendimentos são baseados em pesquisas de levantamento de dados voltados para o território
que realizam suas intervenções. Conforme Chauí (2000, p.558): 
[...] uma necessidade ou carência é algo particular e específico. Alguém pode
ter necessidade de água, outro, de comida. Um grupo social pode ter carência
de transportes, outro, de hospitais. Há tantas necessidades quanto indivíduos,
tantas carências quanto grupos sociais.
Neste sentido, a ONG analisada no presente trabalho busca a compreensão das
especificidades do atendimento que proporciona as crianças e adolescentes em situação de
risco e vulnerabilidade social, na capital do Rio de Janeiro. Os atendimentos são voltados às
crianças e adolescentes que estão em situação de acolhimento institucional e população de
rua. A instituição com 30 anos de existência, recentemente assumiu a presidência do Conselho
Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) – RJ. A invisibilidade social
dos sujeitos atendidos é um constante elemento analisado pela instituição nas formações
promovidas aos profissionais que nela atuam. A invisibilidade social é um aspecto presente no
cotidiano e permeia as interações dos sujeitos atendidos pela organização. 
Neste âmbito a modernização e adventos da globalização que podem facilitar o
aumento do acesso e as garantias de direitos aos indivíduos, não se configura na realidade.
Souza (2006, p.23) alerta que:
[...] a naturalização da desigualdade social e a consequente produção de
“subcidadãos” como um fenômeno de massa, em países periféricos de
modernização recente como o Brasil, pode ser mais adequadamente
percebida como consequência, não de uma suposta herança pré-moderna e
personalista, mas precisamente do fato contrário, ou seja, como resultante de
14
um efetivo processo de modernização de grandes proporções que se implanta
paulatinamente no país a partir de inícios do século XIX.
Neste sentido, a modernidade colabora para configuração de contextos que validam a
“subcidadania” como aspecto que transpassa as interações humanas. A massa tem seus
direitos negligenciados e não vivencia sua legitimidade, enquanto os grupos sociais que
possuem o domínio dos adventos tecnológicos usufruem de uma cidadania plena, conservam e
direcionam novas diretrizes sociais, políticas e econômicas, tomadas como universais.
Conforme Campos e Neto (2010, p. 90) os meios de comunicação são na sua grande maioria
tendenciosos, não divulgam as notícias com imparcialidade e geralmente se colocam a
serviço da classe dominantee do capital. Os direcionamentos estipulados por quem detém o
poder estabelece uma realidade hegemônica. 
Os indivíduos pertencentes às regiões periféricas não se reconhecem nos moldes
criados, o que acaba por gerar conflitos e estranhamentos. Chauí (2000, p.557) alerta que:
[...] a sociedade não é uma comunidade una e indivisa voltada para o bem
comum obtido por consenso, mas, ao contrário, que está internamente
dividida e que as divisões são legítimas e devem expressar-se publicamente.
A democracia é a única forma política que considera o conflito legítimo e
legal, permitindo que seja trabalhado politicamente pela própria sociedade.
A insatisfação geradora do conflito entre os grupos só é possível ser resolvido através
da democracia, mas para tanto é preciso indivíduos que tenham clareza de sua perspectiva
cidadã. Infelizmente a falta desta concepção é o que possibilita uma sociedade arraigada as
condicionantes hegemônicas, o que dificulta uma maior abrangência de elaboração de
propostas contra hegemônicas.
A globalização não possibilitou aos oprimidos saírem desta condição pelo contrário
deu ênfase as suas fragilidades e evidenciou suas ausências. O crescimento econômico e os
adventos tecnológicos não são a resolução dos problemas para desigualdade excludente e a
marginalização, como afirma Souza (2006, p.24).
A conjuntura social impacta nas interações estabelecidas pelos indivíduos as relações
de poder são mantidas ou desafiadas, através dos papéis sociais que são assumidos pelos
sujeitos. 
A construção da subjetividade humana sofre influências nesta dinâmica de atuações,
sem ao menos o indivíduo ter clareza das imbricações estruturantes que fogem ao seu domínio
15
e quando as tem não consegue dimensionar formas de superá-las, mas o fato é que sua
perspectiva é influenciada.
Os incentivos da mídia e das redes sociais apresentam-se como instrumentos para
despertar os desejos. O aguçar dos anseios atravessa a vida das pessoas durante toda sua
constituição, desde a infância até a vida adulta. 
Os adolescentes na construção de sua subjetividade também sofrem os impactos da
globalização e dos adventos tecnológicos. Segundo Grispun (2011, p.209): 
[...] a subjetividade esta percebida na e da juventude, no mundo em que
vivemos onde determinadas dimensões não podem ser desconsideradas,
como a globalização, as novas tecnologias, a política neoliberal e a condição
da modernidade. Assim, não estou falando de um tempo qualquer, mas do
tempo caracterizado por esses (e outros) aspectos que delineiam um tempo
histórico/social próprio e específico.
Os adventos tecnológicos não garantiram as camadas mais pobres da população um
rompimento da sua condição de subalternidade, como já mencionado anteriormente. Na
verdade é um aspecto influenciador para conservação do que está posto, uma sociedade que
inviabiliza a visualidade de muitos e projeta com nitidez poucos. O adolescente,
independentemente de qual grupo integre, tem a necessidade de ser visto. De acordo com
Grispun (2011, p.213): 
[...] propondo uma análise e reflexão para entender os nossos jovens de
forma o mais natural possível considerando sua cultura, sua história, seus
grupos, suas normas, suas regras, suas relações com outros grupos, suas
manifestações, além de enquanto pessoas viverem/experienciarem as
características específicas no universo do que se denominou chamar de
adolescência.
A adolescência período de incertezas, inseguranças e momento que a construção da
subjetividade sobre o mundo e quem se é no mundo. Há uma necessidade de um olhar atento
das instituições educativas e dos profissionais que lidam com esses sujeitos. Conforme
Grispun (2011, p. 219) o equilíbrio desejado para identidade do indivíduo é uma tarefa árdua
e complexa, conceituar, compreender e agir da melhor forma possível para tal construção. A
construção da subjetividade percebida no período da adolescência não é a pretendida pelos
espaços educativos, seja dentro ou fora dos muros da escola, porém é nesta realidade que se
dá atuação dos profissionais.
4.1 - A invisibilidade social, a construção da subjetividade e as mídias.
16
É nítido que não é unicamente responsabilidade da escola dar conta de todos os
eventos que se configuram no âmbito social. Porém, a escola está inserida neste cenário e
precisa lidar com adolescentes que vivenciam períodos de grandes conflitos, através de ações
pedagógicas. Segundo Campos e Neto (2010, p.88):
[...] o processo de ensino-aprendizagem ocorre normalmente quando a
pessoa está bem consigo mesma, tendo boa auto-estima e auto-imagem. Uma
sociedade, influenciada pela mídia, que engendra ações capazes de ditar o
padrão de beleza e rotular os corpos, tem tendência de prejudicar
emocionalmente estes sentimentos e atrapalhar a constituição subjetiva do
sujeito e seu processo de desenvolvimento como aprendiz. Isso não quer
dizer que tudo que é apresentado nesses meios comunicativos seja de má
qualidade, mas que é necessário refletir a respeito dos seus efeitos.
O processo de ensino e aprendizagem é atingido pela construção da subjetividade do
indivíduo. A construção da subjetividade sofre influências da mídia e da invisibilidade social,
que se dá de maneira e com proporções diferenciadas, de acordo com as condicionais
estruturantes do contexto a qual o sujeito pertença.
As instituições que atuam em parceira com o espaço escolar também não darão conta
de forma isolada das mazelas sociais do público atendido, porém o aluno não visível na
escola, também é atendido na instituição anteriormente apresentada. A interseccionalidade não
pode ser desconsiderada na concepção educacional adotada na instituição acima mencionada.
Segundo Brito e Freitas (2014, p.253): 
[...] refletir sobre gênero, raça, etnia, classe e sexualidade através do conceito
de interseccionalidade é pensar nessas categorias de forma articulada e
relacionada uma à outra, tendo em vista o fato que elas estão entrelaçadas
em cada uma/um de nós. Relações de gênero e suas interseccionalidades,
bem como as relações de poder aí implícitas, estão constantemente presentes
em nossa sociedade. No nosso próprio cotidiano, em situações diversas do
dia a dia, por meio dos mais diversos artefatos culturais, tais como músicas,
programas de televisão, filmes, obras literárias, peças teatrais, obras de arte,
sites, etc., conceitos (muitas vezes, “pré-conceitos”) ligados a gênero, raça,
etnia, classe e sexualidade são construídos e reforçados.
O pré-conceito é constantemente nutrido a partir de elementos que colaboram para
invisibilidade de pessoas e/ou grupos sociais. Os autores acima destacam como a mídia,
internet e a indústria do entretenimento favorecem mesmo que intuitivamente padrões que
para grande parte dos indivíduos (destaco os adolescentes) é inatingível. A inadequação aos
parâmetros socialmente difundidos, ganha um enquadramento quase que apelativo as massas.
Os adolescentes são bombardeados de informações que circulam velozmente e deflagram uma
17
aproximação de quem está longe, um distanciamento de quem está perto. Assim família,
amigos e pessoas ligadas aos seus grupos sociais não percebem aspectos comportamentais
nocivos ao seu desenvolvimento biopsicossocial.
Neste contexto aspirações de vir a ser, nascem e morrem sem ao menos serem
identificáveis aos que podem dar o suporte necessário nesta fase da vida humana. A família,
amigos e aos profissionais que lidam com adolescentes e jovens, é interessante que percebam
a forte influência da mídia em tempos globais e os seus aparatos tecnológicos que ganham
novas proporções com os adventosda internet. De acordo com Silva, Braz e Gomes Silva
(2011, p.102-103):
[...] com todo o progresso tecnológico alcançado pelo homem
(especificamente o da mídia nessa discussão), o mundo de fato se tornou
uma ―Aldeia Global como previa o filósofo canadense Marshall Macluhan,
e nessa aldeia o social começa a ter a sua subjetividade uniformizada, de
maneira que o corpo, o comportamento, a sexualidade, a ideologia passam a
ser apenas um para todos. O que se percebe é a escravização da consciência
coletiva, ditando regras, padrões, tendências, comportamentos, terapias,
relativizando credos e valores. Isso é feito como lei para um todo sem levar
em conta a subjetividade de cada indivíduo, desconsiderando as limitações
psíquicas de cada um. A liberdade de existir e pensar como um sujeito
independente se torna cada vez mais pálida na sociedade hodierna. A
maneira que o sujeito reage a essa força esmagadora vinda de fora
influenciará a saúde interior e o posicionamento deste indivíduo em relação
ao meio em que está inserido.
A aldeia global citada acima torna o sujeito invisível para sua uniformização, assim
repercutindo também na aceitação dos indivíduos e quem se distancia dos ditames
contemporâneos, sofre com as pressões sociais provocadas pelo âmbito idealizado como
desejável para massa. A tensão vivenciada por quem rompe com a padronização dos desejos,
é tão excessiva que a saúde psíquica das pessoas acaba por sofrer frequentes intervenções.
Sendo visível a insatisfação e inadequações aos direcionamentos midiáticos e invisíveis as
dores provocadas pela angústia. A descontextualização individual frente às aspirações
coletivas torna sua consciência submissa, contudo ainda há a vontade de romper com os
parâmetros sociais estruturados. Segundo Silva, Braz e Gomes Silva (2011, p.103):
[...] o pensamento do homem, tira dele a percepção de si mesmo e do outro,
de tal modo que ele não consegue refletir sobre a formação social a qual vem
sendo submetido, pois isso seria experimentar o pensamento diferente
deixando-o com a irritante sensação de estar descontextualizado de sua
realidade, mal vestido psicologicamente. Todavia, essa submissão da
consciência não tira do sujeito a necessidade de existir fora do coletivo, dono
de suas próprias emoções, impulsos, percepções, gerando um vazio
18
existencial e ao mesmo tempo doenças psicológicas (patologias típicas do
homem contemporâneo), que irão se projetar em inúmeras maneiras de
emancipar a sua subjetividade. Esse sujeito que só pensa a partir do coletivo
passa a buscar uma alma fora de si para si.
A busca por legitimidade para o desvelamento de quem se é. Torna-se uma forma de
aplacar o vazio existencial. Mas, quando o adolescente não consegue mediante a força
esmagadora da formatação social. A ausência de respostas levam as doenças psicológicas,
infelizmente na atualidade muito presentes nos espaços educativos.
O interessante é verificar que as doenças psicológicas ganham visibilidade nas redes
sociais, a partir de relatos expostos nas redes sociais sobre suas insatisfações mediante aos
acontecimentos em sua vida. As contribuições de Bauman (2008, p.8) colaboram para
entender alguns destes aspectos, vejamos:
Uma vez que finquem seus pés numa escola ou numa comunidade, seja ela
física ou eletrônica, os sites de “rede social” se espalham na velocidade de
uma “infecção virulenta ao extremo”. Com muita rapidez deixaram apenas
de ser uma opção entre muitas para se tornarem o endereço default de um
número crescente de jovens, homens e mulheres. Obviamente, os inventores
e promotores das redes eletrônicas tocaram uma corda sensível – ou um
nervo exposto e tenso que há muito esperava o tipo certo de estímulo. Eles
podem ter motivos para se vangloriar de terem satisfeito uma necessidade
real, generalizada e urgente. E qual seria ela? “No cerne das redes sociais
está o intercâmbio de informações pessoais”. Os usuários ficam felizes por
“revelarem detalhes íntimos das suas vidas pessoais”, “fornecem
informações precisas” e “compartilham fotografias”. Estima-se que 61% dos
adolescentes britânicos com idades entre 13 e 17 anos “tem um perfil num
site de rede” que possibilite “relacionar-se on-line”.
O autor relata que as redes sociais ganham grande relevância mediante uma
necessidade do indivíduo de estabelecer vínculos. O estímulo que as redes sociais passam a
atender tal demanda. A ideia de estabelecer uma relação mesmo que on-line é uma forma de
amenizar as tensões de ordem pessoal através do compartilhamento de informações pessoais.
Desta maneira, há impressão de fazer parte de um grupo e estabelecer relações mesmo que
unicamente virtuais.
4.2 - A (in) visibilidade da mente e do corpo dos estudantes nos espaços educacionais. 
19
O educando é ponto central de todo e qualquer processo de ensino e aprendizagem. A
escola, por exemplo, só é possível pela existência dos alunos. Para eles e por eles, dedicam
toda sua estrutura e corpo docente para desenvolver atividades que contemplem o currículo
escolar. Ao discente cabe usufruir desta conjuntura de forma a torna-se um sujeito autônomo,
crítico e protagonista. 
A escola tem a missão de desenvolver o estudante em suas esferas físicas, psicológicas
e sociais. Porém, conforme os alunos avançam em suas faixas etárias certas vertentes acabam
por ser mais contempladas que outras. A educação infantil permite ao aluno um (re)
conhecimento do corpo e ao longo da sua evolução no ambiente escolar essa perspectiva é
reduzida unicamente as aulas de Educação Física. 
A valorização das práticas educativas voltadas para aquisição de conhecimentos
através da cognição ganha mais relevância dentro dos espaços educativos. O ser humano um
ser integral e complexo é condicionado à ditadura da cognição como forma desejável de
aprendizado. No ambiente escolar, por exemplo, de acordo com Campos e Neto (2010, p.95):
Valoriza-se muito a mente, esquecendo-se que esta dicotomia não existe
(mente e corpo). Percebe-se isto, pela organização do espaço físico nas
escolas, pelo número reduzido de aulas de educação física, principalmente
nos primeiros anos do ensino fundamental, pelo pouco incentivo ao teatro,
danças ou outro tipo de atividades, em suma, pela pouca importância ao
conteúdo que envolve as questões corporais, valores e ética.
O corpo é negligenciado pelo espaço educativo, porém é alvo constante de
intervenções da mídia, haja vista que o corpo é visto como um corpo que consome, desta
maneira não é tratado com descaso pelos meios de comunicação. O corpo passa a ser alvo da
mídia capitalista que cria um estereótipo de ideal de corpo que exerce grande pressão nos
indivíduos. O coletivo deseja sua obtenção e o indivíduo sofre por não alcança-lo. 
A ressignificação do corpo para o consumo e promoção de sua invisibilidade como
parte da identidade e da subjetividade dos sujeitos, recai na sua banalização tão presente nos
dias atuais. Silva, Braz e Gomes Silva (2011, p.108) afirmam que: 
O resultado desse sistema de ideias narcisista é a banalização do corpo na
contemporaneidade. Isso requer de nós uma grande responsabilidade, pois
somos facilmente assediados por essa pluralidade de convites, com meios
para se chegar ao corpo ―perfeito. As altas modas chegam e vão, e
acabamos nos tornando fantoches nas mãos das grandes empresas divulgadas
pela mídia nesse mundo capitalista, essas empresas de corte e costura que
usam a mídia para fazerem suas propagandas, disseminando estilos de vestes
de vários modos, no entanto com um único estereótipo de corpo para uso. Os
chamados “corpos belos” ficam nos mostruários dos meios decomunicação
20
social, e acabam por interferir no modo dos indivíduos perceberem seu
próprio corpo, assim distorcendo as ideias de amor por si próprio, e acabam
se tornando narcisistas exagerados.
Uma perspectiva holística sobre o estudante deveria ser adotada para que os processos
educativos não revalidem o distanciamento do corpo ou uma concepção narcisista, e
consequentemente deturpada de relação com o mesmo.
O docente acaba por direcionar atividades em seus conteúdos que não contemplam a
experiência corpórea, mas consegue pensar em propostas pedagógicas que sistematizam a
evolução cognitiva do aluno quanto à assimilação do conteúdo. Até porque há todo um
processo avaliativo estipulado pelo educador que invisibiliza o corpo e destaca mente e suas
correlações com o conteúdo apresentado.
O professor que desconsidera o aluno numa perspectiva da integralidade e completude
corrobora para conservação de um sistema educacional que não oportuniza ao estudante uma
educação para seu pleno desenvolvimento. Conforme Campos e Neto (2010, p.97): 
Ao longo dos anos de atuação profissional na educação, percebemos que há
um interesse e cuidado com os conteúdos do currículo escolar, em vários
campos do saber. Mas, a questão do ser humano, sua corporeidade como
processo de autodesenvolvimento, como processo de autoconhecimento e
auto-expressão, não tem tido a importância que deveria ter.
O educador na sua formação universitária não foi preparado para considerar a
corporeidade dos discentes no planejamento de suas atividades. A invisibilidade do corpo pelo
professorado é uma prática comum que tem pouca relevância dentro dos processos
educativos, sendo mais fácil identificar uma dificuldade de aprendizado que alguma lesão ou
incomodo físico apresentado pelo educando (a não ser quando o mesmo relata).
Afinal o docente também desconsidera seu próprio corpo e experimenta na sua pele,
tais quais os alunos, as consequências de um arranjo social que o torna invisível durante todo
seu itinerário formativo chegando ao ápice na universidade e recaindo em sua prática
profissional em sala. Campos e Neto (2010, p.92) declaram que o corpo passa a ser um
simulacro de si mesmo, inventado pela mídia e tecnologia. Que o padrão de credibilidade
social que vem se instituindo ao longo da ultima década é mediado pela tecnologia. Desta
forma, o professor não foge ao contexto pela tecnologia imposto, seja na sua prática docente
ou como indivíduo, ele também é resultado de uma sociedade permeada pelas desigualdades,
tensões e contradições originadas pelos interesses hegemônicos.
21
Se no âmbito social e educativo o adolescente não é notado, o mesmo não entende a
ausência de notoriedade. Ao mesmo tempo, que deseja ser visível e respeitado quanto sua
subjetividade, também almeja ser aceito pelo coletivo. Quando se afasta desse padrão imposto
não se sente legitimado e perde sua credibilidade social, como posto acima pelos autores.
Esse processo é angustiante, às vezes não percebido de forma clarificada pelo
adolescente. Na adolescência, apenas se sente a inadequação sem vislumbrar suas reais
imbricações e como estas impactam no seu desenvolvimento. O desejo de ser visível e de
fazer parte de algo que permita ir para além da realidade vivenciada, ganha novos formatos,
nesta sociedade que dimensiona o corpo como um simulacro de si. As mídias, em especial a
internet e as redes sociais, acabam por ser um espaço que o indivíduo consegue expressar suas
ideias, emoções e anseios. O adolescente visto como um corpo que consome neste âmbito
social contemporâneo, é uma possibilidade comercial neste novo meio de comunicação que
surge com possibilidade de liberdade de expressão, mas também o enquadra num perfil de
consumidor. De acordo com Aggio (2013,p.10):
[...] com base na customização de conteúdo e liberdade de expressão, a
internet moldou-se perfeitamente ao vazio aberto no contexto dos meios de
comunicação desde a mudança psicológica social para o individualismo
comportamental. As pessoas passaram a depositar nessa mídia suas
aspirações de exprimir seus sentimentos e pensamentos sobre o contexto
pessoal, político e social em que se encontravam. Por outro lado, esse novo
meio de comunicação abriu uma possibilidade comercial até então jamais
encontrada em outro canal de comunicação: poder acessar de forma refinada,
rápida, eficaz e confiável os mais variados perfis de consumidores. As
poderosas ferramentas desenvolvidas para agenciar o usuário da internet ao
longo de seu percurso por ela tornaram-se valiosos instrumentos de pesquisa
de mercado.
O adolescente na ânsia de ver e ser visto, usa as redes sociais como possibilidade de se
colocar no mundo seja de maneira positiva ou não. A atenção desejada e o pertencimento
almejado encontram proporções que rompem os limites territoriais. 
As suas opiniões e ações ganham uma proporção grandiosa nas redes sociais e
encontra outros indivíduos que compartilham de seus ideais, talvez pela primeira vez
permitindo-o experimentar fazer parte de um grupo que o reconhece e o aceita.
O adolescente invisível no contexto social, familiar, nos espaços educativos e entre
outros grupos que transita se sente visível nas redes sociais entre pessoas que na inadequação
aos padrões hegemônicos socialmente impostos, também como ele, recorreram às redes
sociais como possibilidade de existir mesmo que virtualmente.
22
Neste sentido o conceito de interseccionalidade torna-se tão relevante o estudante
invisível no âmbito educacional e desconsiderado na sua concepção corpórea. É o mesmo que
está na rede social reivindicando seu espaço e tentando legitimar suas ideias na tentativa de
ser visto como inteiro, esforçando-se para ultrapassar a dicotomia mente e corpo, tão
naturalizada no ambiente escolar e reforçada no contexto social. Contudo, essa procura por
reconhecimento o torna vulnerável aos meios de comunicação que vislumbram o corpo como
consumo e as abordagens e interesses de grupos que prejudicam a saúde física e mental dos
adolescentes. De acordo com Chauí (2006, p.40): 
A propaganda comercial também se apropria de atitudes, opiniões e posições
críticas ou radicais existentes na sociedade, esvazia e banaliza seu conteúdo
social ou político e as investe em um produto, transformando-a em moda
consumível e passageira (...) arrancandos do contexto que lhes dá sentido,
são transformados em imagens que vendem produtos (...). A publicidade não
se contenta em construir imagens com as quais o consumidor é induzido a
identificar-se. Ela a apresenta como realização de desejos que o consumidor
se quer sabia ter e que agora, seduzido pelas imagens, passa a ter.
Os espaços educativos recebem esse adolescente que como sujeito social e histórico
traz as demandas, citadas acima pela autora para as instituições de ensino. O docente tem
contato com os adolescentes em sala, mas não reconhecem esses indivíduos quando os
encontram nas redes sociais. O adolescente sofre através do corpo essas construções sociais,
conforme Campos e Neto (2010, p.90): 
[...] inferir que este processo se dá na mesma intensidade em relação à
questão corporal, apresentada pelos meios de comunicação de massa. Os
valores que nos são repassados por esses veículos de informação possuem
muito mais força que os valores que são trabalhados no contexto
educacional, portanto, necessitando de um trabalho árduo e intenso da
educação para que não se torne verdade absoluta estes pseudovalores
corporais.
A educação seja dentro ou fora dos muros escolares deve atuar de forma a possibilitarao educando reconsiderar sua relação com seu corpo dentro de outros moldes que rompam
com o que é hegemonicamente aceito através dos meios de comunicação e das redes sociais.
Nesta intenção o papel do Estado, família, instituições educativas, sociedade civil organizada
e outros entes podem e devem contemplar essa concepção ao lidar com adolescentes e jovens
que são alvejados com pseudovalores sociais que impactam diretamente nas suas relações
consigo e com os outros.
23
4.3 - A ausência do protagonismo dos estudantes nos espaços educativos e a
invisibilidade na adolescência.
Na descrição de um contexto de desigualdades sociais em que valores não baseados
em princípios benéficos ao convívio social estipulam diretrizes comportamentais, as redes
sociais propagam ideias deturpadas sobre o corpo, a valorização extremada dos espaços
educativos considerando o desenvolvimento do estudante apenas na vertente mental. Torna-se
relevante analisar o cenário que pontua alguns elementos para compreensão da reinvindicação
de visibilidade do adolescente através das redes sociais. 
O adolescente, como anteriormente descrito, necessita da aceitação social e ser
reconhecido como parte integrante da sociedade. Ao mesmo tempo deseja legitimação de suas
ideias nos grupos sociais que participa, pois expressa aspectos de sua identidade enquanto
ainda está em processo de formação. Conforme Grispun (2011, p.217-218):
[...] como foco de atenção para construção dessa subjetividade – estamos
cientes (...) de três dados significativos que se juntam, se integram de forma
nem sempre precisa e ordenada, mas que no nosso entender precisam do
olhar e da discussão de educadores sobre a temática: 1) este jovem que vive
o momento da desconstrução, também, está vivendo, internamente o
momento de perdas, dos lutos para novas conquistas; em síntese, ele soma
interna e externamente perdas que precisam ser ressignificadas quando
passam a ser novas decisões; 2) este jovem tem um olhar para si e para o
mundo de acordo com as categorias que ele elegeu de realidade,
representação, imaginário etc.; neste espaço toda problemática, hoje, da
comunicação, da mídia tem um significado muito grande; 3) este jovem tem
na construção da subjetividade um aparato muito forte que é a subjetividade
construída ao grupo de pertencimento do qual ele faz parte que às vezes
supera, bloqueia, intimida a sua própria subjetividade. 
O adolescente no espaço educativo pertence ao grupo, mas há momentos que esse
pertencimento é desconsiderado seja por si, pelos colegas e/ou profissionais do campo
educacional. A invisibilidade do estudante se dá de maneira diferenciada ao considerar o
personagem que se relaciona e o papel social que exerce. 
Quando é enfatizada essa sensação de não pertencimento gera uma perda de vínculos e
a sensação de não estar adequado ao contexto escolar, o afasta da possibilidade através da
educação de formar a sua subjetividade a partir das experiências vivenciadas no espaço
educativo. Ao aluno cabe transitar dentro de um espaço que não se reconhece, e não fazer
parte é menos dispendioso que ter responsabilidade por integrar o grupo. 
A educação que almeja preparar para o futuro os cidadãos críticos, autônomos e
conscientes de seus direitos e deveres. Não permite ao estudante ser protagonista dentro
24
daquele âmbito, como poderia ele agir de maneira protagônica e estar preparado para tomar
decisões mais qualitativas no decorrer da vida? 
O protagonismo do estudante na escola, de certa forma é desconsiderado pelos espaços
educativos. O estudante visto como um indivíduo em fase de transição para vida adulta, ainda
está inseguro e desenvolvendo a construção de sua subjetividade. Nesta conjuntura é visto
com descrédito e sua participação é preterida em detrimento de quem acredita que já tem as
condições necessárias de legislar sobre o que é o ideal para as unidades de ensino e seus
educandos. 
Mediante as colocações acima feitas prestigiar o envolvimento e a participação dos
alunos dentro do espaço educativo é visibiliza-lo e oferecer a partilha em decisões que
impactam diretamente suas vidas. O protagonismo apresenta-se como essencial para
visibilidade dos adolescentes. Segundo Souza (2009, p.3) protagonismo parece:
[...] referir-se a método, princípio ou eixo pedagógico cuja ênfase na
atividade do educando, ou do jovem a quem se dirigem as medidas
socioeducativas, o deslocaria de uma posição considerada passiva, de mero
beneficiário ou depositário de conhecimentos, para uma posição de
participação ativa. Outras vezes, protagonismo juvenil parece designar não
um método ou princípio pedagógico, mas certa capacidade intrínseca ao
jovem, a de ser protagonista – ou o ator principal – no desenvolvimento do
país, da chamada comunidade e do seu próprio.
A análise sobre a importância do protagonismo dentro dos espaços educativos é
interessante para sua integralidade ao universo dos alunos, mas também por garantir seu
direito a participação social. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
em seu artigo 53º afirma que:
A criança e o adolescente tem o direito a educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-lhes: I – igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola; II – direito de ser respeitado pelos
seus educadores; III – direitos de contestar critérios avaliativos, podendo
recorrer as instâncias escolares superiores; IV – direito de organização e
participação em entidades estudantis.
A estruturação das escolas na contemporaneidade não fundamentam ações
pedagógicas para visibilizar o aluno através do protagonismo. A padronização direciona
diretrizes comportamentais que retira o discente do seu lugar de destaque e desvalida sua
opinião sobre como os processos avaliativos, não estimulo por parte do corpo técnico-
25
pedagógico para instauração de grêmios e as decisões administrativas e pedagógicas são
tomadas de “cima para baixo”. 
Assim a escola realiza uma reprodução social hegemônica não permitindo ao alunado
o pleno desenvolvimento e preparo para exercício da cidadania. O espaço educativo que
deveria informar sobre direitos e deveres acabam por promover anulação do direito dos
estudantes enquanto também os torna invisíveis.
As desigualdades sociais se intensificam nesta conjuntura, educação para
transformação e emancipatória se dissipa mediante as práticas pedagógicas que preparam para
subalternidade. Aos estudantes resta a condição de mão de obra pouco qualificada para postos
de trabalhos em circunstâncias precárias. 
As unidades de ensino reproduzem a realidade encontrada no modelo de sociedade
vigente, ao mesmo tempo podem apresentar práticas pedagógicas contra hegemônicas que
possibilitaria ao estudante o entendimento da desigual conjuntura social e o possível
rompimento. A educação e a escola não tem a responsabilidade de salvar o mundo, mas tão
pouco se avançará sem a instrumentalização alcançada através delas.
CAPÍTULO II
5 – A ANGÚSTIA E AS PRÁTICAS DE AUTOMUTILAÇÃO DE ADOLESCENTES
EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE E RISCO SOCIAL EM ESPAÇOS
EDUCATIVOS.
26
A contemporaneidade apresenta alguns desafios no que tange a compreensão de alguns
sintomas sociais, que com a globalização tornaram-se recorrentes. Esses sintomas causam
mudanças na vida dos sujeitos e necessitam de estudos e aprofundamentos. Os espaços
educativos não apartados da realidadesocial estão inseridos neste contexto e necessitam de
uma instrumentalização jurídica, psicológica, mas principalmente pedagógica para tratamento
destes fenômenos. De acordo com Grispun (2011, p.178):
[...] a ruptura epistemológica causada pela globalização, que vai trazer
mudanças nos quadros sociais e mentais que até então serviam de referências
para os indivíduos. Ora, se tudo isso gera e gira um novo tempo, um novo
espaço com repercussões da sociedade – portanto, na escola, na família -,
como professora/educadora tenho que procurar entender esse mosaico e
verificar como o sujeito está construindo sua subjetividade a partir desse
contexto.
Neste sentido, justifica-se o entendimento do motivo que levam adolescentes em
condição peculiar de desenvolvimento a prática automutiladora. Esses indivíduos apresentam
através das marcas feitas no corpo um pedido de ajuda. A intencionalidade de através do
corpo, materializar o sofrimento psíquico. Os autores Cedaro e Nascimento (2013, p. 205)
que:
Automutilação é o ato de se machucar intencionalmente, de forma
superficial, moderada ou profunda, sem intenção suicida consciente. São
atos lesivos contra o próprio corpo, como cortes, perfurações, mordidas,
beliscões e espancamentos, feitos a mão ou com uso de objetos, alegando-se
a intenção de aliviar tensões ou outros sentimentos egodistônicos. 
O adolescente que recorre a autolesão não possui a finalidade do suicídio, mas do
alívio da angústia. É acabam por colocar em risco sua saúde física e mental através de tal ação
de flagelação ao seu corpo, como afirmado acima, pode ter diferentes intensidades. Os
motivos apresentados são diversificados, de acordo com Bezerra et al. (2018, p. 3):
As causas de natureza familiar, social e individual, que afligem cada sujeito
na sua individualidade, são diversas e distintas, que afetam cada adolescente
de acordo com sua particularidade, porém, existem alguns sentimentos que
afloram e que são comuns nos registros e nos depoimentos dos adolescentes,
que admitem que já realizaram ou realizam o ato de automutilação, são
estes: dor, prazer, calma, vergonha, culpa e angústia, este último trata-
se do ponto tênue da explosão de sensações. O conceito de angústia é um
campo de estudo amplo para as ciências humanas, mais precisamente para:
filosofia, psicologia, psiquiatria e antropologia. 
27
A automutilação apesar de ser representada através do aspecto físico com as
lacerações, tem sua causa na esfera psíquica do ser. Ou seja, os sentimentos de dor, a
constante sensação de falta de esperança e vazio são as origens dos sintomas corporais
apresentados. A maneira como o adolescente percebe sua realidade de maneira desalentada, a
ausência de diferentes elaborações com uma percepção mais favorável das situações que
vivencia, o leva a representar sua angústia através da autolesão. De acordo com Camargo et.
al. (2011, p.258) alegam que o corpo é uma forma de representação social, sendo assim:
[...] o corpo é resultado de um programa genético e se desenvolve em função
de sua maior ou menor plasticidade biocultural; e é resultado de uma
construção simbólica envolvendo percepções e representações individuais e
coletivas. (...) Estudar o corpo sob a perspectiva das representações sociais
propicia a compreensão da relação que as pessoas têm com próprio corpo
sob a influência dos modelos de pensamento e de comportamento.
A preocupação com o pensamento que o adolescente tem da realidade e com
comportamento de lesão autoprovocada, é um aspecto que tem chamado à atenção dos
profissionais de diferentes áreas. Inclusive também é alvo de iniciativas governamentais no
intuito de prevenção sobre as práticas autolesivas. 
Alguns pesquisadores apontam sobre o perfil dos sujeitos que devido à dificuldade de
ressignificar os acontecimentos negativos ao longo da vida podem manter tais práticas até
uma elevada faixa etária ao longo de sua trajetória pessoal. Conforme Cedaro e Nascimento
(2013, p. 205) apresentam que:
. 
Trabalhos acadêmicos recentes mostram que a prática da automutilação
acontece em diferentes faixas etárias, porém se revela mais frequente entre
adolescentes, sobretudo do gênero feminino. Em função dessa constatação,
algumas dessas pesquisas focalizaram sites e redes sociais da Internet que
trazem espaços para discussões a respeito de comportamentos
autoagressivos, com destaque a depoimentos de pessoas acerca desse tipo de
comportamento (Arcoverde & Amazonas, 2011; Dinamarco, 2011;
Withlock, Powers, & Eckenrode, 2006). Esses trabalhos, ao analisarem o
conteúdo das manifestações em espaços virtuais, encontraram correlação dos
hábitos de automutilação com as frustrações relativas ao universo das
descobertas dos adolescentes, envolvendo uso de drogas, intrigas escolares,
isolamento social, crises familiares e as primeiras decepções amorosas.
Alguns casos a automutilação podem estar associados como um sintoma do Transtorno
de Personalidade Limítrofe (TPL), uma patologia psíquica, também conhecida como
Transtorno de Borderline. O diagnóstico pode demorar anos para ser validado por
especialistas das áreas de psicologia e psiquiatria. 
28
Haja vista, que quando o transtorno é evidenciado a partir de um acontecimento
traumático que vira um componente estressor, desta forma o evento age como um “gatilho”. A
primeira ocorrência geralmente é na adolescência, o que dificulta o diagnóstico precocemente.
No entanto, é bom clarificar que nem sempre quem faz uso da autolesão
necessariamente tem Transtorno de Borderline. É preciso ter atenção dos familiares, amigos,
professores, profissionais que atuam com crianças e adolescentes nos ambientes que os
indivíduos frequentam.
O governo federal através da Comissão Parlamentar de Inquérito, conhecida como CPI
dos Maus Tratos contra Crianças e Adolescentes faz o lançamento em território nacional de
algumas cartilhas destinadas ao combate e preservação do universo infanto-juvenil no que se
refere ao suicídio, bullying e automutilação. 
As cartilhas têm o intuito de colaborar para melhor assimilação dos tipos de
abordagens que devem ser adotadas com os jovens. No caso especificamente dos adolescentes
que praticam a automutilação ter uma melhor abordagem sobre como identificar tais
manifestações. A cartilha tem como título uma pergunta, Vamos Conversar sobre a Prevenção
da Automutilação (VCPA)? Os espaços educacionais passam a ter mais uma ferramenta para
possíveis questionamentos de que forma o assunto deve ser abordado. De acordo com VCPA
(2017-2018, p.9) esclarece:
Fonte constante de preocupação, sobretudo no contexto familiar e escolar, a
Autolesão Não Suicida (ASIS) ganhou destaque na CPI-Maus Tratos contra
crianças e adolescentes, sendo um dos temas debatidos. Desdobramento
natural deste momento, essa cartilha visa abordar o assunto de forma
assertiva e simplificada, tendo como objetivo servir de referência para
famílias e escolas.
A sua confecção tem um perfil bem didático e facilidade na linguagem adotada. É
apresentado ao leitor um jogo com um questionamento sobre a temática com alternativas de
múltiplas escolhas, na página seguinte tem a resposta correta. Na cartilha, VCPA (2017-2018,
p.9) destaca que:
A Autolesão Não Suicida (ASIS) é um fenômeno descrito de longa data,
porém tem se constituído como um grande sintoma da sociedade atual,
ganhando adeptos principalmente na população jovem, especialmente pela
propagação no ambiente virtual e maior exposição nos veículos de mídia,
tendo seu ápice no primeiro semestre de 2016, com asnotícias sobre o jogo,
Baleia Azul.
29
5.1 - A exposição da prática automutiladora nas redes sociais e a ocultação dos
ferimentos originados pela angústia.
Anteriormente foi mencionado que o ambiente virtual contribuiu para propagação da
autolesão entre a juventude, como também deu visibilidade para angústia de indivíduos
através das redes sociais.
De contrapartida, o adolescente dá visibilidade à lesão para pessoas fora do seu
convívio diário e esconde as feridas de pessoas íntimas que possuem um envolvimento afetivo
e deveriam ter constante preocupação com seu desenvolvimento biopsicossocial.
A angústia que é externada através do corte em locais não tão fáceis de serem
identificados, sendo invisível aos indivíduos que lidam com o adolescente no dia a dia, é o
que aborda a cartilha VCPA (2017-2018, p.14):
O corte em alguma parte do corpo é o método usado por 90% das pessoas
que se mutilam. No entanto outras formas são usadas, como queimar-se,
morder-se, bater-se e mesmo amputar membro. Geralmente usam partes do
corpo pouco visíveis, ou passam a adotar peças de roupas pouco usuais para
o período do ano, no intuito de esconder essas partes do corpo. Um exemplo
típico é o uso de casacos, mesmo nos dias de calor.
A análise do contexto é intrigante, pois a autoagressão é (in) visibilizada de acordo
com o ambiente e pessoas para quais serão apresentadas ou não. Segundo Cedaro e
Nascimento (2013, p. 217) “cortam na pele e sentem prazer na dor e no fluir do sangue”. A
satisfação no alívio da flagelação e a culpa são aspectos presentes repetidamente. 
A influência da qualidade das relações estabelecidas, os aspectos emocionais sobre o
corpo é essencial para o entendimento da dor psíquica. De acordo com Camargo et. al. (2011,
p.266):
[...] o intuito de promover reflexões acerca da primazia dos cuidados em
saúde, isto porque, o corpo não se constitui apenas por sua dimensão física,
mas como um veículo ativo e atuante na dimensão sociocultural, que se
insere em determinado contexto, que o influencia e é por ele influenciado.
A incidência nas redes sociais de diversos casos e jogos virtuais tem sido um aspecto
que tem preocupado os familiares dos adolescentes. Os responsáveis acabam por não saber
como lidar com o fato e algumas situações são informadas pelos espaços educativos, pois até
então não tinham conhecimento que o estudante realizava tal prática. 
30
A família por desconhecimento da gravidade do problema e até por sua conjuntura de
vulnerabilidade e risco social terminam banalizando o ato. Geralmente o adulto acaba por
apresentar que não se trata de algo que requer seriedade ou que é uma fase da adolescência.
Segundo o VCPA (2017-2018, p.20):
Os pais devem sempre acolher, conversar e buscar o entendimento do que
está se passando com seu filho. Nunca minimizar as queixas ou motivos de
sofrimento. Brigar, reprovar, punir, criará um afastamento entre as pessoas e
a tendência é agravar-se a situação. Provavelmente é hora de buscar
atendimento com profissionais de saúde mental (psicólogo e psiquiatra). É
importante vencer o estigma e a resistência de buscar ajuda especializada.
O âmbito familiar é primordial para a condução dos direcionamentos de tratamento
que poderão ser desenvolvidos. Mas, para tanto esse indivíduo precisa romper com o silêncio
e estabelecer um diálogo sobre os fatores angustiantes que são determinantes para provocar os
ferimentos. 
O medo da crítica e a rejeição por parte da família dificulta o vínculo necessário para
admitir a existência do problema, que vai muito além da capacidade desse adolescente
resolver o caso de maneira individualizada. Em alguns arranjos o fator desencadeador do
processo da automutilação são seus familiares e neste âmbito é preciso um suporte não apenas
aos alunos, mas também aos seus responsáveis.
Geralmente a família quando descobre a autolesão quer assimilar o motivo pelo qual o
adolescente realiza tal ação. Em concordância com o VCPA (2017-2018, p.16):
Muitos motivos podem levar uma pessoa a Autolesão Não Suicida (ASIS).
Uma pesquisa listou 13 motivos ou funções citados pelos jovens que
praticavam a automutilação. Entre eles o alívio da dor emocional, a
autopunição, o desejo de vingança, querer pertencer a um grupo, de provar
que aguenta a dor, de procurar ter alguma sensação, de sentir algo.
A partir dos dados informados através da pesquisa realizada pelo governo federal
destaque ao desejo de: pertencer a um grupo e provar que aguenta a dor é listado acima. Esses
motivos incompreensíveis aos responsáveis, para os adolescentes que estão em
desenvolvimento peculiar, não é algo irrelevante. 
Devido aos aspectos mencionados anteriormente, as redes sociais terem ajudado a
propagar a automutilação através do seu alcance não deve causar estranhamento. Haja vista,
que os adolescentes que ainda não possuem habilidades sociais e afetivas desenvolvidas para
lidar com os acontecimentos do cotidiano que os angustiam acabam recorrendo às redes
31
sociais para exposição das mesmas (aspecto já citado no capítulo anterior). Silva, Braz e
Gomes Silva (2011, p. 105) relatam que:
O problema desse divã público é que nele não são consideradas as
particularidades de cada um. As confissões íntimas do eu que está sozinho
em casa não são confessadas a ninguém, e ele vai reprimindo e somando
traumas de tal modo que em algum momento ele passa a ter sintomas no
próprio corpo. Um só psicólogo para milhares de pessoas uniformes no
social, mas únicas enquanto pessoas. Os resultados são comportamentos
estranhos e uma sociedade que cada vez mais não sabe discernir a si mesma.
O compartilhamento das práticas autolesivas com outros que compreendem sua dor,
pois procedem com as mesmas ações ao lidar com questões subjetivas, que fogem a sua
capacidade de elaboração psíquica de maneira positiva.
Assim sendo, a exposição das lacerações na rede social o possibilita fazer parte de um
grupo e o evidencia quando expõem aos outros membros a sua capacidade de suportar a
angústia e os ferimentos autoprovocados. É o momento que se sente como parte de algo
maior, que o jovem nem mesmo mensura, o quanto é danosa à formação da sua identidade e
subjetividade. De acordo com a Constituição Federal (1998), no artigo 227 é ressaltado que:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à
saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (EC no
65/2010)
Mediante aos aspectos já citados, qual o papel que cabe aos espaços educativos na
fomentação de práticas pedagógicas? A escola tem fundamental importância no combate às
práticas autolesivas. Conforme a cartilha, VCPA (2017-2018, p. 22):
Assim como no ambiente familiar, escola deve ouvir, acolher e ajudar a
encontrar alternativas e a melhor estratégia para lidar com a situação. Temos
também que lembrar da característica de contágio (propagação) do
comportamento de automutilação, o que torna o contexto escolar de
particular importância. Expor, humilhar ou punir o aluno que se mutila não o
ajuda a superar seus conflitos e dificulta o pedido de ajuda dos demais.
Os espaços educativos, de acordo com os direcionamentos da cartilha idealizada pelo
governo federal, devem intervir de forma estratégica e sua relevância para possíveis
32
direcionamentos para a família e ao educandosão essenciais para resultados que preservarão a
saúde da criança e/ou adolescente. Em concordância com Silva (2007, p. 154) verifica-se que:
[...] para lidar com as novas transformações orgânicas e sociais que a vida
lhe proporciona e para a definição, já dentro de patamares mais conscientes e
voluntários, sobre o problema da identidade. A superação da crise da
adolescência será tão melhor, e mais adequadamente resolvida, quanto
melhores as condições orgânicas, pessoais, familiares, sociais, culturais e
históricas para essa resolução.
Neste aspecto acima citado, a educação, independentemente de ser um espaço escolar
ou não escolar o desenvolvimento de práticas pedagógicas que contribuam para o
questionamento crítico do tipo de sociedade que estamos inseridos. Segundo Silva, Braz e
Gomes Silva (2011, p. 109) “pensar em meios para que esse sujeito saiba os limites que há
entre sua subjetividade e a subjetividade da massa pregada pela mídia”.
A promoção de debates, encontros com especialistas da área da saúde mental, as
atividades para informar aos alunos, familiares e a comunidade no entorno do espaço
educativo para desmistificação do tema, formação de professores para identificação e
encaminhamento de ações junto à equipe pedagógica e a apropriação dos espaços educativos
das redes sociais como ferramenta de combate e prevenção da automutilação. Silva, Braz e
Gomes Silva (2011, p. 106) atentam que:
[...] o conceito da mídia a partir desta explicação especificada sobre sujeito e
subjetivação, podemos dizer que o trabalho educativo, e a própria análise da
mídia em relação à educação e aos processos de subjetivação que são
implicados; em tal percepção podemos afirmar que sempre o sujeito está por
se fazer. (...) a mídia é um veículo de informações que está sempre em
movimento e que para uma ampla continuidade existem resultados que o
público oferece de maneira ingênua.
5.2 - Os relatos da angústia: os adolescentes praticantes de ações autopunitivas.
A análise da práxis de profissionais atuantes com o público infanto-juvenil será
destaque, a partir deste ponto. A verificação das sensações, sentimentos e sintomas que são
vivenciados pela juventude serão descritas, a partir da experiência profissional de alguns
profissionais do espaço não escolar detalhado anteriormente. De acordo com Bezerra et. al.
(2018, p. 6-7):
Toda profissão “prático-interventiva” no sentido de atuação coletiva,
profissional e interdisciplinar, precisa estar atento para os movimentos da
realidade e criar mecanismos de intervenção articulada com prática
pedagógica no seu cotidiano. A atuação de profissionais das áreas de
33
assistência social, psicológica e pedagógica, são extremamente importantes
para um acompanhamento de sujeitos que procuram na prática
automutiladora uma alternativa para amenizar os sofrimentos encontrados
em suas realidades
 
Os relatos transcritos são de duas adolescentes, sexo feminino, idade entre 15 e 17
anos, estudantes de escola pública em situação de vulnerabilidade social, moradoras da
periferia do Rio de Janeiro. As adolescentes frequentam organização não governamental
(ONG) no contra turno da escola. A matriz da instituição fica no Centro do Rio de Janeiro,
possui outras unidades e um centro comunitário em uma favela no bairro de Vicente de
Carvalho.
As identidades serão mantidas em sigilo para preservação das jovens. As informações
dos atendimentos realizados serão transcritas de forma literal, com intuito de analisar quais
são os aspectos comportamentais das praticantes da ação automutiladora. Os eventos foram
identificados pela Orientadora Educacional (OE) na instituição detalhada.
No primeiro caso, a adolescente será identificada por Anne, parda, 15 anos, moradora
da favela de Vila Kennedy. Ela cursa o 9º ano do ensino fundamental, mora com a mãe, o
padrasto e possui dos irmãos mais novos. 
Anne não conhece o pai biológico, afirma ter sofrido violência sexual quando criança,
o agressor era um antigo namorado da mãe, devido o ocorrido passou a morar com avó
materna, retornando ao convívio com a mãe biológica aos 11 anos de idade. 
A mãe trabalha em uma empresa hospitalar, o padrasto desempregado no momento,
atuava em uma indústria como eletricista, a relação entre Anne e sua progenitora é
conturbada. A mãe obriga a filha por ser a única mulher ajudar nos serviços domésticos. Além
do convívio com a família Anne só pode frequentar o templo religioso, o centro comunitário e
a escola. 
Anne afirma que sua mãe a sobrecarrega com os serviços domésticos e as exigências
de cuidado com os irmãos menores, obrigatoriamente ela necessita adotar a mesma religião da
família. Sendo assim, contra vontade frequenta as reuniões religiosas, embora já tenha
expressado não ter o desejo de seguir a crença. Apesar de ter sofrido violência sexual, a mãe
negligência o fato, alegando que sua filha não pode ter relações íntimas devido às crenças
religiosas que valoriza a castidade. 
A profissional da instituição identificou as práticas autolesivas, a partir de uma
conversa individual após um encontro coletivo com o grupo que a jovem faz parte. Anne
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relatou para OE que realizava desde muito cedo a autoagressão, pois sofria calada. Não
conseguia conversar com a mãe devido ao medo e não se sentir apoiada pela mesma. Anne
relatou que:
A minha mãe só sabe bater e gritar comigo. Eu queria que ela me apoiasse e
fosse minha amiga, mas ao contrário ela me obriga fazer coisas que não
quero. Não me deixa namorar e alega que preciso casar “virgem”. Quando
digo ser impossível pelo que aconteceu na infância. Ela me pede pra não
mencionar isso, eu era criança e faz parte do passado. Eu sou prisioneira na
minha própria casa. Como falar com ela não adianta, eu me calo e me corto.
O segundo caso, adolescente será chamada de Kaila, negra, 17 anos, cursa o 8º ano
do ensino fundamental noturno, moradora de um prédio abandonado no Centro do Rio de
Janeiro. 
A adolescente vive sem água encanada, o acesso à iluminação é através de instalações
elétricas clandestinas, sem saneamento básico e divide o espaço com outras famílias que
moram na localidade. A mãe de Kaila trabalha como diarista, os irmãos mais novos ficam sob
a responsabilidade da adolescente, quando mãe não pode levar para o trabalho. Alguns irmãos
são usuários de entorpecentes, tiveram envolvimento com tráfico de drogas e estão detidos em
penitenciárias cumprindo pena. 
O desejo da adolescente é não repetir a mesma trajetória de seus irmãos, contudo as
condições de vida da jovem são extremamente precárias e a violência é algo muito presente
no seu cotidiano. A estudante apresenta baixo rendimento escolar, dificuldade na relação com
os colegas em sala e problemas com disciplina. 
A OE atentou para o fato de Kaila sempre usar o mesmo casaco. A partir de uma
doação recebida por uma instituição parceira foi realizada uma distribuição das roupas de
inverno e na hora de provar pra ver qual o tamanho seria o adequado foi o momento de
identificação das lacerações. 
Ao perceber as marcas a OE fez um atendimento individual com Kaila que alegou que:
Eu quero as coisas e não tenho. Minha mãe vive triste porque meus irmãos
estão presos e quando ela visita a cadeia sempre volta desanimada. Não
tenho uma casa e moro num lugar invadido, não conto pra ninguém na
escola onde moro, porque morro de vergonha. Sabe tia! Eu uso a navalha pra
me acalmar, porque dói menos a dor do corte que o tipo de vida que eu levo.
As adolescentes foram encaminhadas institucionalmente para atendimento com ossetores de assistência social, psicológico e acompanhamento pedagógico. As famílias estão
recebendo suporte da instituição para compreensão do problema e a maneira para lidar com a
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questão. A mãe de Kaila afirmou que sabia do ocorrido e que já tinha dado uma “surra” por
conta disso e ela continuava fazendo.
A mãe de Anne negou saber do problema, mas alega que a filha não tem motivo pra
agir de tal forma. Afinal mesmo sendo pobre não falta comida, teto e não entende porque ela
quer chamar atenção desta maneira.
Os casos acima relatados são exemplificações da falta de preparo da família para lidar
com a automutilação dos filhos e como a cartilha desenvolvida pelo governo federal precisa
ser divulgada e a temática necessita ser debatida dentro dos espaços educativos. 
As adolescentes alegam conhecer outros colegas do seu convívio, que também
realizam a automutilação. Anne relata “na escola tenho uma amiga que se corta, como eu”. A
OE questiona sobre o que ela faz pra ajudar à amiga. Anne responde “não tenho como
ajudar? Eu sou maluca igual a ela”. A rotulação ocorre justamente devido ao
desconhecimento tanto do jovem que pratica a autolesão, como das pessoas que fazem parte
do seu contexto. Segundo a cartilha VCPA (2017-2018, p. 26) “não se deve rotular e
estigmatizar as pessoas. A automutilação indica um sofrimento, mas é uma condição que
deve ser diagnosticada e tratada”.
A partir destes relatos, é nítida a necessidade de abordar o tema de maneira a
conscientizar aos estudantes nos espaços educativos. Haja vista, a falta de informação das
famílias e dos praticantes da autoagressão. 
O conceito de interseccionalidade é cabível novamente, haja vista que o estudante que
frequenta a Associação Beneficente São Martinho (ABSM), também está na escola. Contudo,
as famílias foram informadas dos acontecimentos com seus filhos através da ABSM, pois a
escola ainda não sabia do problema. 
A partir de uma reunião realizada com os pais, assistente social e a psicóloga
expuseram os casos oferecendo o apoio necessário a família. Porém, devido à devolutiva de
alguns sobre o comportamento dos adolescentes. Houve uma demanda de abordar a questão
através de uma perspectiva pedagógica. 
A criação de um grupo de apoio aos responsáveis, com intuito de informar e
desmistificar determinadas condutas tanto dos jovens, como também dos pais. Alguns casos,
como de Anne e Kaila, a família não consegue aceitar com o que é apresentado pelo jovem.
Ao invés de dar suporte e exercitar uma escuta sensível aos motivos, é justamente o aspecto
que dificulta o restabelecimento físico e psíquico dos automutiladores.
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Os encontros no grupo de apoio recebeu o nome de Encontro com Família, com
intenção de abordar temas presentes no universo infanto-juvenil. Um erro recorrente dos
espaços educativos é a crença que ao direcionar debate e mencionar sobre o tema, há um
incentivo a propagação dos casos.
Na ABSM, foi adotada uma concepção contrária ao posicionamento de omissão, pois
não apresentar o suporte aos familiares não possibilitaria a diminuição dos eventos dentro da
instituição, não conscientizaria a família ou informaria a sua responsabilidade diante dos
acontecimentos, não seria estabelecida uma relação de parceria e melhor acompanhamento
dos casos quando os estudantes estivessem no convívio familiar e/ou na escola. 
O intuito de promover grupos de apoio e encontros com famílias é justamente
instrumentalizar os indivíduos a assumirem uma nova consciência sobre as realidades
vivenciadas em seus contextos. Conforme Tollet (2007, p.183) “nossa civilização existe um
profundo desconhecimento da condição humana”. 
Quando uma instituição de ensino seja no espaço escolar ou não escolar negligencia a
saúde do estudante, não instrumentaliza seu corpo docente nas possíveis abordagens quanto
ao sofrimento físico e psíquico, não faz seu papel de informar sobre os direcionamentos. Não
traz a família como parceria corresponsável pelo processo de ensino e aprendizagem, com
zelo ao desenvolvimento biopsicossocial dos estudantes. 
É pouco provável que o processo de ensino e aprendizagem possibilite aos indivíduos
ressignificar suas realidades para assumir uma nova consciência sobre suas vivências.
Segundo Tollet (2007, p. 188) “a nova consciência, contudo, está surgindo ao mesmo tempo
em que a antiga se dissolve”. Desta maneira, as intervenções realizadas pelos profissionais
que atuam no campo educacional devem ser gradativas para reelaboração interna com a
preocupação não apenas informativa, mas de desenvolvimento de atividades sociais e afetivas
para constituição de uma nova consciência sobre a maneira de lidar com a angústia.
CAPÍTULO III
6 - O DESENVOLVIMENTO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA PREVENÇÃO E
DIMINUIÇÃO DA AUTOMUTILAÇÃO EM ESPAÇOS EDUCATIVOS.
Mediante ao contexto escolar apresentado verifica-se a necessidade de ações
educativas que estejam para além da esfera legalista, de acordo com Mendes e col. (2015, p.
12):
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[...] em tempos de crise, sejam elas sociais, políticas e/ou econômicas,
precisamos cada vez mais de espaços públicos para debate e reflexão sobre
os conflitos sociais da modernidade. Com o fortalecimento das instituições
públicas no país, que garantem a legitimidade do Estado democrático de
direito, é fundamental que a sociedade esteja inteirada das diversas questões
que, direta ou indiretamente, afetam-na, possibilitando uma maior
participação social.
A crença que instituições educacionais contribuem para um desenvolvimento de
saberes que incorpora conteúdos, mas não se encerra unicamente nestes. Os espaços
educativos acabam por possibilitar uma maior clareza dos indivíduos sobre si e o mundo que
o rodeia possibilitando desta forma a prevenção e diminuição de práticas automutiladoras.
Haja vista, que compreender a juventude e desenvolver ações pedagógicas sobre como
intervir no contexto social que a transpassa, e como se dá o desenvolvimento da subjetividade
dos adolescentes e jovens, é imprescindível para o desenvolvimento de práticas pedagógicas
nos espaços de educativos.
A adolescência é um período de grandes transformações, questionamentos e conflitos.
Conforme Grispun (2011, p.215) “a juventude é rica nos seus conteúdos e nos seus
significados, seu estudo é necessário para trabalhar as questões que a estrutura e
dimensiona”. Quando adolescentes e jovens identificam a importância de suas participações
sociais, há um rompimento com a lógica dominante. A temática ganha uma concepção de
resistência às injustiças e desigualdades existentes na contemporaneidade.
As interpretações da juventude sobre seu papel social são influenciadas pela
construção da subjetividade dos sujeitos, Grispun (2011, p.217) relata que: 
[...] a subjetividade envolve, então, tanto o conhecimento em si, como a
emoção, o simbólico e a representação que o indivíduo faz da própria
realidade, assim como o que está disponibilizado pela sociedade e é
aprendido e interpretado pelo indivíduo. O Eu desse indivíduo se relaciona
com o mundo, tenta compreendê-lo e compreendendo tenta se compreender,
também. Da racionalidade da época moderna, passamos para as incertezas
que caracterizam a pós-modernidade e é nesse universo que a subjetividade
se inter-relaciona nas suas diferentes formas e matizes de identificação.
A construção da subjetividade envolve diferenciados elementos que direcionarão
perspectivas que podem ou não desenvolver aspectos que causam insegurança, conflitos
internos e entre outros dimensionamentos

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