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Relato de Experiencia

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UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
FABIANA GONÇALVES SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
RELATO DE EXPERIÊNCIA 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURRICULAR OBRIGATÓRIO ESPECÍFICO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UMUARAMA 
2016 
FABIANA GONÇALVES SILVA – RA: 01055521 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATO DE EXPERIÊNCIA 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURRICULAR OBRIGATÓRIO ESPECÍFICO I 
 
 
Relato de experiência referente ao Estágio 
Supervisionado Curricular Obrigatório 
Específico I apresentado ao curso de 
Psicologia da Universidade Paranaense 
UNIPAR, como requisito parcial para 
obtenção da 4ª nota bimestral. Sob orientação 
da Professora Claudia Lopes Perpétuo. 
 
 
 
 
 
Umuarama 
2016 
 
RESUMO 
 
Este artigo trata-se de um relato de experiência sobre as práticas realizadas no Estágio 
Supervisionado Curricular Obrigatório Específico I do curso de Psicologia da Universidade 
Paranaense - UNIPAR no decorrer do ano de 2016. Tais práticas foram realizadas em 
conjunto com o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da cidade de Perobal/PR, 
o qual objetivou propiciar encontros com rodas de conversa, com um grupo de adolescentes 
de fortalecimento de vínculos, durante os encontros foi possível problematizar diversos 
assuntos relacionados a adolescência e a sociedade atual, discutindo as ideias singulares de 
cada integrante do grupo. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho possui como objetivo apresentar a forma como seu deu a inserção 
da estagiária junto às práticas do estágio obrigatório especifico I pertencente à grade 
curricular do quarto ano de Psicologia da Universidade Paranaense-Unipar. Essas práticas 
foram realizadas junto ao Centro de Referência de Assistência Social no município de 
Perobal/PR. 
O CRAS da cidade de Perobal/PR consta com uma equipe de oito profissionais 
atuantes, sendo eles uma psicóloga, uma assistente social, uma operadora do Programa Bolsa 
Família, uma coordenadora, uma auxiliar de serviços gerais, uma professora de pintura em 
tecido e um professor de violão. As oficinas de pintura e violão são desenvolvidas duas vezes 
na semana. A estrutura física do CRAS não é própria, é uma casa com oito cômodos, sendo 
estes subdivididos em três quartos, duas salas, dois banheiros e uma cozinha. Um dos quartos 
é a sala da equipe técnica (psicóloga e assistente social), outro quarto se restringe a sala da 
coordenadora, e o terceiro quarto é utilizado para arquivar documentos dos usuários, a sala de 
entrada é ocupada pela operadora do programa Bolsa Família, e a outra sala é utilizada como 
um ambiente de espera que contém dois armários onde são guardados alguns materiais, e 
também um pequeno espaço para crianças, os serviços de convivência e fortalecimento de 
vínculo como o grupo de idosos “Alegria de Viver”, o grupo de adolescentes “Super Jovem”, 
as aulas de pintura e violão são realizadas em um salão localizado na frente da casa. Há 
planos do gestor municipal de se construir um novo ambiente mais apropriado. 
A partir das observações, entrevistas, visitas domiciliares e demais práticas realizadas 
no CRAS com a proposta de levantar a demanda para posterior elaboração de um projeto de 
intervenção, foi perceptível a necessidade de estabelecer uma atenção maior aos adolescentes 
vinculados ao programa de serviço de convivência “Super Jovem” programa esse que tem por 
objetivo promover a interação grupal e valorização afetiva dos adolescentes com conversas, 
técnicas de dinâmicas, reflexões, passeios, vídeos, etc. Levando em consideração que as 
escolas e os pais possuem uma grande dificuldade de abordar sobre alguns temas como 
DST’s, sexualidade, gênero, entre outros, pois estes temas são considerados como 
inadequados e desnecessários. Percebe-se assim a necessidade de um espaço não somente de 
orientação, mas também de reflexão e discussão sobre esses assuntos, já que a partir do 
momento que há uma reflexão crítica, propondo aos adolescentes um protagonismo de seus 
direitos e ações perante a sociedade na qual está inserido, levando assim a uma possível 
transformação social. 
 Considerando a demanda levantada, elaborou-se o projeto de intervenção no que tange 
a uma visão crítica frente aos assuntos relacionados à sexualidade, drogas, violências, 
feminismo, entre outros, objetivou-se demonstrar aqui as intervenções psicossociais realizadas 
frentes a tais demandas. E a partir deste demonstrar o planejamento e elaboração do projeto 
feito para as intervenções psicossociais de acordo com a demanda encontrada neste local. 
Assim o projeto elaborado buscou promover aos adolescentes que participam do 
serviço de convivência “Super Jovem” no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) 
na cidade de Perobal/PR uma reflexão crítica sobre os temas a serem abordados durante os 
encontros realizados, levando até eles informações e debates visando leva-los a pensar, 
planejar e decidir sobre o modo como vivem sua sexualidade. 
Haja vista que a adolescência é um momento que marca a transição entre a infância e a 
idade adulta, tanto de ordem fisiológica quanto sociocultural. É na adolescência que o sujeito 
passa por grandes escolhas em sua vida, isso faz com que se sinta confuso e inseguro frente 
aos mesmos. Quando abordamos temas que são de interesse dos adolescentes propiciamos a 
eles novas perspectivas e formas para enfrentar o tabu que é a sexualidade. Vale aqui ressaltar 
que nem todos os indivíduos vivem a adolescência, muitos perpassam por este período de 
vida sem estes grandes marcos da adolescência, pois por alguma necessidade precisam 
trabalhar, levando em consideração o contexto histórico-social de cada sujeito. 
Aos servidores do CRAS da cidade de Perobal/PR foi apresentado um projeto de 
intervenção previamente elaborado, no intuito de intervir junto aos adolescentes do grupo 
Super Jovem, sendo estes os protagonistas do mesmo, onde foi relatado a importância do 
projeto de intervenção, explicitando as funcionalidades objetivas, para quê e porquê dos temas 
a serem trabalhados. 
A lógica deste trabalho baseada no respeito aos conhecimentos e experiências dos 
participantes centrou-se na valorização do sujeito e na conversação, proporcionando troca de 
ideias entre os adolescentes. Sendo assim, em consonância com os objetivos propostos para as 
intervenções, será exposto abaixo, em ordem cronológica, cada encontro realizado com o 
público em questão. 
Importante ressaltar que embasando toda a prática, enquanto estagiária, trouxemos a 
psicologia social comunitária, a qual nos traz uma visão da psicologia, diferente daquela 
individualista naturalizante e eletista. A Psicologia Social Comunitária amplia a visão e 
reconhece o sujeito como um ser de totalidade, incluindo o seu contexto social de ação 
política. (GÓIS, 2008). No entanto o trabalho do psicólogo comunitário no CRAS é de grande 
relevância já que o serviço atende as famílias e sujeitos que estão inseridos em uma 
comunidade, que fazem parte de um contexto histórico-social, fazendo levantamento da 
necessidade da comunidade via busca ativa, visitas domiciliares, buscando priorizar os casos 
de maior urgência, portanto, para se efetivar um bom trabalho na comunidade o psicólogo 
deve conhecer a comunidade em questão. O profissional da psicologia no CRAS não pode 
pautar no assistencialismo, e sim deve buscar por transformação social. 
Para melhor descrição do relato de experiência considerei o trabalho por etapas, 
subdividido em encontros, levando em consideração que cada encontro realizado abrange um 
tema diferente, porém, temas estes interligados uns aos outros, ao todo comtemplamos com 
cinco encontros percorrendo os meses de agosto a outubro. 
 De início cabe conceituarmos o local onde aconteceram as práticas do estágio. De 
acordo com as Orientações Técnicas (BRASIL, 2009), os Centros de Referências da 
Assistência Social –CRAS, é tido como unidade pública estatal onde possibilita em primeira 
instância o acesso das famílias aos direitos socioassitenciais do PNAS (Plano Nacional da 
Assistência Social) e do SUAS (Sistema Único da Assistência Social), é a porta de entrada 
para os usuários da política da assistência social para a atenção básica e encaminhamento, se 
necessário para a proteção especial. 
 E estes serviços socioassistenciais supracitados constam na lei nº 8.742, de 7 de 
dezembro de 1993 LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) que visa garantir os direitos 
básicos dos cidadãos brasileiros que em seu Art.6º garante a proteção social básica que dispõe 
de um “conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da assistência social que visa a 
prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de 
potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários” 
(LOAS 1993), além da proteção social especial que objetiva: 
[...]contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de 
direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e 
indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos (LOAS, 1993 
Art. 6º). 
 Conceituando a política de assistência social que segundo Cruz (2009) tem como 
propósito promover a inclusão e o protagonismo social, primando pela atenção básica às 
necessidades humanas e atendendo as peculiaridades de cada contexto. Sendo assim, várias 
ações têm sido desenvolvidas nos últimos anos a exemplo disso, temos a criação, em 2003, 
dos CRAS, que tem apresentado uma nova perspectiva às políticas de assistência social, já 
que além de se tornar em porta de entrada do serviço da assistência que acolhe as demandas 
sociais, tem uma dinâmica de funcionamento que permite a desvinculação da assistência dos 
favores políticos. 
 Um dos programas em destaque ofertados pelo SUAS dentro do CRAS é o PAIF 
(Proteção e Atendimento Integral à Família), programa esse que atua de forma preventiva, 
protetiva e proativa, citado por Brasil (2012) que conceitua a forma preventiva um caráter de 
prevenção de danos nos direitos de cidadania, com intervenções a fim de evitar e/ou prevenir 
situações de vulnerabilidade e risco social. O conceito protetivo baseia-se em “intervenções 
que visam amparar, apoiar, auxiliar, resguardar, defender o acesso das famílias e seus 
membros aos direitos” (BRASIL, 2012 p. 11). De cunho proativo refere-se as 
responsabilidades e a intervenção frente a situações problema, intervindo em situações de 
vulnerabilidade e risco social, criando instrumentos como método de prevenção de futuras 
ocorrências efetivando de modo contínuo e o mais rápido possível o acesso das famílias aos 
seus direitos. 
 Como consta na Cartilha de Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência 
Social – CRAS (2009) além de ofertar o programa PAIF, o CRAS oferta outros serviços 
socioassistenciais de proteção social básica, que depende de cada unidade, contemplando com 
espaço físico adequado, equipamentos, recursos e claro conforme a demanda existente. Além 
de promover a função de gestão territorial como a articulação de rede socioassistencial básica, 
a busca ativa e a promoção da articulação intersetorial (BRASIL, 2009). 
Dentre um dos serviços socioassistenciais ofertados pelos CRAS estão os de Serviço 
de Convivência e Fortalecimento de Vínculo sendo este: 
Complementares ao PAIF e devem viabilizar, de acordo com a Tipificação Nacional 
de Serviços Socioassistenciais, trocas culturais e de vivência entre pessoas, 
fortalecendo os vínculos familiares e sociais, incentivando a participação social, o 
convívio familiar e comunitário e trabalhando o desenvolvimento do sentimento de 
pertença e identidade (BRASIL, 2010, p. 41). 
 Todos os Serviços de Convivências e Fortalecimento de Vínculos tem como um dos 
principais objetivos Brasil (2010), estabelecidos como: “Complementar as ações da família e 
da comunidade na proteção e no desenvolvimento de crianças e adolescentes e no 
fortalecimento dos vínculos familiares e sociais”. 
Como consta no documento Referências Técnicas para a Atuação do(a) Psicólogo(a) 
no CRAS/SUAS, produzido pelo CREPOP (2007): 
As atividades do psicólogo no CRAS devem estar voltadas para a atenção e 
prevenção a situações de risco, objetivando atuar nas situações de vulnerabilidade 
por meio do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e por meio do 
desenvolvimento de potencialidades e aquisições pessoais e coletivas (CREPOP, 
2007, p.23). 
 Ainda em relação ao documento do CREPOP acima supracitado, o psicólogo na 
assistência social além de intervir em situações de vulnerabilidades, dentro da Assistência 
Social, deve promover e beneficiar o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos, 
possibilitando o empoderamento da pessoa, dos grupos e das comunidades. Percebemos a 
necessidade de modificações nos referenciais teórico-metodológicos, na fundamentação dos 
programas, projetos, serviços e benefícios que devem se dar em um novo olhar, investindo-se 
na potencialidade humana. Esse investimento pode gerar superação e crescimento, porém, 
também são essenciais mudanças na maneira de compreendermos a pobreza e a forma de 
atuarmos com ela, provocando, por meio dos vínculos estabelecidos no atendimento, e de um 
conjunto de ações potencializadores, o rompimento do ciclo de pobreza, a autonomia dos 
benefícios oferecidos e a promoção da independência, na concepção da cidadania, tendo o 
sujeito como integrante e participante ativo dessa construção. 
 Portanto segundo Oliveira et al. (2011): 
 
A principal atividade, base de toda e qualquer ação dos CRAS, é o 
Acompanhamento Psicossocial. Definido como um acolhimento, seguido de 
monitoramento e seus desdobramentos (orientação, encaminhamentos, cadastro em 
programas sociais, visitas domiciliares, entre outras ações), deve ser realizado desde 
a entrada do usuário no CRAS, passando por todos os desdobramentos advindos da 
demanda que ele traz, e pautando-se no fortalecimento de vínculos familiares e 
comunitários. Por meio dessa atividade, efetiva-se a proteção social e as equipes dos 
CRAS atuam para garantir que os direitos sociais sejam cumpridos, permitindo 
avaliar todos os procedimentos que foram efetuados frente a uma demanda 
específica (OLIVEIRA et al. 2011, p. 144). 
 
 No entanto para Oliveira et.al (2011) o CRAS é a rede que preconiza a Proteção Social 
Básica e completa os diversos programas desse nível de atenção, com destaque para o PBF, o 
PAIF e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). É função dos profissionais do CRAS 
atuar frente às situações de vulnerabilidade em que se encontram as famílias-alvo dos 
referidos programas, de maneira que venha a fortalecer os vínculos sociais e comunitários 
dessas. Portanto, o CRAS funciona como um organizador e administrador de dispositivos, 
grupos e instituições que existem no território, articulando-os e promovendo um trabalho 
continuado voltado para toda a população beneficiada ou não. 
 Completando Pietroluongo e Resende (2007) nos trazem que a função do psicólogo na 
assistência social: 
 
Além dos papéis de acolhimento e intermediação realizados pelo psicólogo, este, 
como conhecedor da função das relações dialógicas na construção de sentidos 
subjetivos, bem como do papel dos construtos sociais na construção dessas relações, 
pode exercer, também, o papel de incentivador da reflexão técnica dentro da equipe. 
Ressalta-se que o acolhimento e a intermediação são resultado da postura de escuta 
do profissional de Psicologia. Em outras palavras, por conhecer os processos 
relacionais, o psicólogo pode ajudar a compreender, dentro de um espaço social, que 
lugares estão sendo construídos para os sujeitos (equipe, usuários e família) e de que 
forma podem-se construir novas relações para que esses lugares sejamcondizentes 
com os pressupostos da reforma. Com isso, pode-se notar que é a partir da crítica 
epistemológica, concretizada na posição do psicólogo dentro da equipe, pela escuta 
diferenciada, que novas formas de se relacionar com a família e com os próprios 
membros da equipe vão sendo delimitadas, e, assim, buscando a capacitação da 
família ao invés da normatização desta, e a inclusão do sujeito que sofre ao invés da 
sua exclusão e punição por ser diferente (PIETROLUONGO; RESENDE, 2007, 
p.29). 
 
No CRAS onde foram feitas as intervenções existem poucos projetos de SCFV 
(Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos), dentre eles consta, O projeto de 
pintura em tecido, aulas de violão, Grupo de idosos “Alegria de Viver” e o grupo de 
adolescentes onde foram realizadas as intervenções cujo nome dado ao projeto é “Super 
Jovem”, o grupo de adolescentes é ministrado pela coordenadora do CRAS sendo realizados 
grupos uma vez na semana, com duração de aproximadamente duas horas, o público do grupo 
baseia-se em adolescentes de 15 à 17 anos de idade, sendo os mesmos usuários ou não do 
CRAS. Conceituando a adolescência como público alvo das práticas realizadas, Berni e Roso 
(2014) caracteriza a adolescência como um marco na vida do sujeito entre a infância e a vida 
adulta, fase essa de grandes transformações sejam estas físicas, mentais, sexuais, sociais. 
Onde há uma aquisição de autonomia, o sujeito passa a procurar por um emprego, e 
relacionamentos afetivos. 
Sendo assim, 
 
A adolescência é, portanto, um fenômeno de forte caracterização cultural, e suas 
definições estão intimamente ligadas à transformação da compreensão do 
desenvolvimento humano e, também, à transformação da forma como cada geração 
define a si própria. [..] é um momento essencial de transformação, transposição e 
autoafirmação das pessoas que a vivem e daqueles com quem convivem. 
(CERQUEIRA-SANTOS, NETO & KOLLER, 2011, p. 22) 
 Levando em consideração os processos constitutivos de cada indivíduo, cabe ressaltar 
que este se caracteriza com singular, possuidor de subjetividades únicas e que ele se forma, se 
constitui e se constrói a partir das relações sociais estabelecidas com o meio. Família, Mídia, 
Religião, dentre tantas outras instituições fazem parte do rol de agentes com tamanha 
contribuição para tal processo. 
 O Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) dispõe de leis que garantem inúmeros 
direitos e deveres fundamentais da criança e do adolescente, dentre os direitos destaca-se o 
Art. 7º “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a 
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio 
e harmonioso, em condições dignas de existência” (BRASIL, 1990). 
 No que tange a Família, considerando as relações estabelecidas esta se apresenta como 
um grande fator influenciador na formação desse sujeito. A formação familiar independente 
de seu modelo de família, ela quase sempre é facilitadora do modo de ser no mundo desse 
adolescente. 
 Enquanto que, a mídia exerce uma função de modernidade trazendo informações sobre 
sexo, identidade e gênero, igualdade de direitos entre tantas outras reformulações. Já a 
Religião, representada aqui pelas denominações religiosas, traz a tradição, a moralidade 
dominante, etc. (AFONSO, 2001). 
 A partir destes conceitos como base para desenvolver um trabalho com os 
adolescentes foram previstos a realização de nove encontros semanais, os processos grupais 
aconteceram da seguinte maneira: 
- Primeiro Encontro 
 Diante disso, a partir da proposta do Projeto de Intervenção previamente produzido, a 
primeira intervenção ocorreu com a presença de quatro adolescentes, conforme programado 
neste dia como um primeiro contato oficial com o grupo de adolescentes foi colocado aos 
mesmos como iriam ocorrer nossos encontros, que seriam a partir de rodas de conversa. 
Neste sentido Gomes et al (2008) caracteriza a roda de conversa “uma estratégia 
educativa e comunicativa cuja finalidade é satisfação das necessidades básicas de 
aprendizagem, compreensão e empowerment, (p.777. [grifos do autor])” Portanto a partir do 
assunto proposto no projeto para o dia discutiríamos sobre o mesmo, além de enfatizar o 
sigilo profissional. Conforme o nono artigo do CFP (2014, p.13) Art. 9º – É dever do 
psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a 
intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional. 
Souza (2006) considera o estabelecimento de vínculos um compromisso de 
estabelecido entre profissionais (técnicos) e a população, contribuindo para a estruturação dos 
demais níveis de complexidade da assistência social, de forma que se cultive o compromisso 
com o acesso da população a todos os níveis de assistência e com a implantação de novos 
modos de atenção. 
Portanto entende-se que o psicólogo é o profissional mais capacitado para este 
estabelecimento de vínculo e compromisso com a população, quando este segundo Camargo-
Borges e Cardoso (2005) está inserido no território, na cultura, nas relações estabelecidas 
pelos usuários em uma determinada sociedade, produzindo acolhimento e se 
responsabilizando com a população aproximando-os com as políticas públicas e seus direitos 
como cidadãos. 
- Segundo Encontro 
 Partindo dos pressupostos teóricos de Bock (2007) que entende a adolescência como 
uma transição da vida de criança para a vida adulta, o mesmo não pode ser compreendido 
como um período natural do desenvolvimento, com uma peculiaridade global. Relativo ao 
desenvolvimento humano, a adolescência não só foi naturalizada, mas além disso entendida 
como uma etapa difícil, etapa essa do desenvolvimento que se mostra com muitas questões 
naturais. 
Complementando a fala da autora supracitado, segundo Conselho Federal de 
Psicologia (2002): 
A adolescência não é um período natural do desenvolvimento. É um momento 
significado e interpretado pelo homem. Há marcas que a sociedade destaca e 
significa. Mudanças no corpo e desenvolvimento cognitivo são marcas que a 
sociedade destacou. Muitas outras coisas podem estar acontecendo nessa época da 
vida no indivíduo e nós não as destacamos, assim como essas mesmas coisas podem 
estar acontecendo em outros períodos da vida e nós também não as marcamos, como 
por exemplo, as mudanças que vão acontecendo em nosso corpo com o 
envelhecimento (CFP, 2002 p. 21). 
Diante disso, objetivou-se um segundo encontro, onde compareceram nove 
adolescentes. Formamos uma roda de conversa sendo proposto um espaço o qual eles 
pudessem expressar/falar/expor suas vivências, angústias e expectativas sobre a adolescência. 
Além da autora já citada anteriormente, temos ainda o aparado teórico de Frota (2007) 
o qual configura adolescência como um período de mudanças físicas, cognitivas e sociais, que 
ajudam na formação da subjetividade desses indivíduos. Hoje em dia descrevem-se a 
adolescência como um período do desenvolvimento humano que é o intermédio entre a 
infância e a idade adulta. Sendo assim, a adolescência é entendida como um tempo 
transpassado por conflitos, onde formam sua concepção de singularidade. Porém, a 
adolescência não deve ser abrangida apenas como um período de passagem. 
Contudo para Bock (2007): 
A abordagem sócio-histórica, ao estudar a adolescência, não faz a pergunta 
“o que é a adolescência”, mas, “como se constituiu historicamente este 
período do desenvolvimento”. Isto porque para esta abordagem, só é 
possível compreender qualquer fato a partir da sua inserção na totalidade, na 
qual este fato foi produzido, totalidade essa que o constitui e lhe dá sentido. 
Responder o que é a adolescência implica em buscar compreender sua 
gênese histórica e seu desenvolvimento. (BOCK, 2007, p. 68) 
Sendo assim, ser adolescente para eles é um momento de transição da vida de criançapara a vida adulta, onde maiores responsabilidades vão surgindo demandando mais tempo 
para as tarefas obrigatórias como estudar e se preparar para o vestibular, com a preocupação 
de conseguir um emprego que possam conciliar com os estudos o que preocupa a todos, com 
isso surgem os conflitos com a família. 
Relacionando as angústias trazidas pelos adolescentes partindo do pressuposto de 
Bock (2007) que a adolescência é compreendida por um período ao qual sua moral é 
constituída a partir da sociedade capitalista onde a inserção no mercado de trabalho e os 
estudos é uma necessidade social de preparo para a vida adulta. 
Os adolescentes por muitas vezes somente são compreendidos no conjunto da 
sociedade em que estão inseridos, já que o indivíduo e sociedade estão entrelaçados. Ainda 
que a semelhança indivíduo e sociedade seja uma questão estimulante que acaba por gerar 
várias controvérsias e posições diversas (SALLES, 2005). 
- Terceiro Encontro 
A terceira intervenção com o grupo composto por cinco adolescentes, sendo que, 
alguns não haviam participado da primeira intervenção. O objetivo desta intervenção em 
conjunto com a terceira intervenção realizada no dia 05 de setembro era de trabalhar o uso de 
drogas e suas consequências, indagando os participantes a refletirem o que são drogas 
partindo do pressuposto de Cavalcante (2008) a adolescência é um momento crítico na vida 
de cada sujeito, pois neste período o jovem vivencia descobertas expressivas e afirma a 
personalidade e a individualidade. Caracterizar a adolescência somente como faixa etária seria 
uma maneira muito simplista de ressaltar, sendo que ela abarca a modificação do jovem até a 
idade adulta, não apenas sob o aspecto biológico, mas também social e, principalmente, 
psicológico. 
Entretanto, a tendência do adolescente ingressar no uso de drogas é grande, conforme 
cita Cavalcante (2008) é precisamente nesse período, em que o grupo de amigos alcança 
importância social primordial, as desordens familiares atingem um patamar elevado, fazendo 
com que os pais percam um pouco da sua competência de poder e controle sobre os filhos, 
que buscam a imagem de adulto independente no grupo de amigos no qual estão inseridos, o 
que é uma tendência dos adolescentes. É principalmente nesse momento de crise que as 
drogas adentram em suas vidas. 
Segundo Marques e Cruz (2000), o consumo de substância lícitas e ilícitas entre os 
jovens no mundo e no Brasil iniciam-se na passagem da infância para a adolescência que 
começa esse uso. 
As drogas causam grandes consequências sendo essas físicas, psicológicas e 
agravando doenças, os adolescentes não tinham conhecimento amplo desses efeitos que o uso 
dessas drogas lícitas e ilícitas causam na vida dos usuários, apesar de alguns presentes 
fazerem o uso de algumas das drogas citadas os mesmos ficaram surpresos em relação aos 
efeitos de curto e longo prazo das substâncias. 
 
Os prejuízos provocados pelas drogas podem ser agudos (durante a intoxicação ou 
“overdose”) ou crônicos, produzindo alterações mais duradouras e até irreversíveis. 
O uso de drogas por adolescentes traz riscos adicionais aos que ocorrem com adultos 
em função de sua vulnerabilidade. Todas as substâncias psicoativas usadas de forma 
abusiva produzem aumento do risco de acidentes e da violência, por tornar mais 
frágeis os cuidados de autopreservação, já enfraquecidos entre adolescentes. Esses 
riscos ocorrem especialmente com o uso do álcool, a droga mais utilizada nessa 
faixa etária. O álcool pode causar intoxicações graves, além de hepatite e crises 
convulsivas. O uso abusivo de benzodiazepínicos pode potencializar os efeitos do 
álcool e, em altas doses, provocar depressão respiratória. O uso crônico de 
benzodiazepínicos produz dependência e sua retirada abrupta pode provocar 
síndrome de abstinência. O risco do desenvolvimento desses quadros não deve ser 
negligenciado pelos médicos. (MARQUES E CRUZ, 2000, p.33). 
 
 Partindo das colocações feitas pelos adolescentes prevalece o risco do uso de drogas 
como uma preocupação da saúde pública e os riscos em geral ocasionado por estas 
substâncias lembrando os fatores psicossociais, como a influência dos amigos e as relações 
dentro do ambiente familiar que pode tanto ajudar a evitar que o adolescente venha a fazer o 
uso, mas também pode servir como provedor do uso como apontam Baus, Kupek e Pires 
(2002). 
 Reforçando o pensamento Martins e Pillon (2008) nos traz que é importante para o 
adolescente construir contatos com novos amigos e cultivar seu grupo de identificação, que 
influencia suas opiniões e julgamentos, passando a manter-se mais tempo com o grupo fora de 
casa do que com os pais em casa, contrário do que ocorre na infância ou na pré-adolescência. 
Essa relação com o grupo pode dirigir-se a comportamentos impróprios como uso de drogas e 
ao delito, que se tornam comuns em grupos da mesma idade durante essa época da vida. 
- Quarto encontro 
Em uma quarta intervenção, onde a roda de conversa foi composta por seis 
adolescentes, neste dia podemos partilhar sobre os conhecimentos relacionados a sexualidade 
e expressão de gênero diferenciando os termos “sexo” e “sexualidade” já que não eram 
conhecidos pelos adolescentes, que partindo do pressuposto de que o meio social em que 
vivemos alastra o pensamento de que os órgãos genitais determinam se uma pessoa é homem 
ou mulher. Porém, a formação da nossa singularidade como homens ou como mulheres não é 
só algo biológico, é social, como destaca Jesus (2012). 
 É possível perceber que esses adolescentes não tinham um conhecimento tão 
abrangente em relação de gênero, identidade, sexualidade, onde através de nossa roda de 
conversa foi possível esclarecer o assunto. 
Gênero se refere a formas de se identificar e ser identificada como homem ou como 
mulher. Orientação sexual se refere à atração afetivossexual por alguém de algum/ns 
gênero/s. Uma dimensão não depende da outra, não há uma norma de orientação 
sexual em função do gênero das pessoas, assim, nem todo homem e mulher é 
“naturalmente” heterossexual. (JESUS, 2012, p. 12). 
O preconceito está presente no nosso dia-a-dia percebemos que o caráter de 
normalidade compulsória da heteronormatividade necessita ser problematizado e isso faz 
sentido no domínio de perspectivas teóricas que adotam a noção de cultura, entendendo-a 
como um espaço de ações em torno de sentidos, discursivamente produzidos e legitimados. 
Nesse espaço de confrontos em torno da significação, definições estão em constante 
oscilação, sendo permanentemente reportados, trocados e agenciados entre os membros de 
uma cultura. Estes métodos de acepção estão indiciados com a produção de sujeitos de gênero 
e de sexualidade de determinados tipos. 
- Quinto Encontro 
Na seguinte roda de conversa foi possível conversarmos sobre o papel da mulher na 
sociedade, como ela é vista, como ela era vista, as mudanças decorrentes da mulher na 
sociedade com forte influência do feminismo, e o que isso acarretou de benefícios para o 
gênero feminino e também para crianças e adolescentes, que segundo Blay (2003) desde a 
metade do século XIX até depois da Primeira Guerra Mundial, o cenário econômico e cultural 
do Brasil mudou significativamente. A industrialização e a urbanização modificaram a vida 
habitual, particularmente das mulheres, que passaram a, cada vez mais, a ocupar o espaço das 
ruas, a trabalhar fora de casa, a estudar. 
Alguns dos adolescentes trouxeram a visão de que o feminismo não era bom para a 
sociedade já que entendia o mesmo como contrário ao machismo, neste encontro foi possível 
então desconstruir esta ideia, contextualizando a história da busca por igualdade de gêneros. 
“O feminismo no Brasil surge como consequência da resistência das mulheres à 
ditadura militar, depois da derrota da luta armada e no sentido da elaboração política e pessoal 
desta derrota” (SARTI, 1998,p. 3). 
Para Gonçalves (2009) o movimento feminista ampliou-se nacionalmente com os altos 
índices de violência doméstica, que passa a ser problematizado e abarcado como um 
mecanismo de controle social, onde o movimento feminista ganha maior visibilidade nacional 
e aparece nos debates. 
Contudo podemos dizer que o feminismo é uma luta diária pelos direitos de igualdade 
de gênero, visando uma democracia social, onde é necessário uma luta continua por igualdade 
de gênero, que segundo Amorim (2011), o movimento feminista a princípio lutava para 
garantia de direitos iguais aos homens como trabalhar, jornada de trabalho menor, liberdade 
sexual, e demais direitos. Após toda essa luta as mulheres ainda não alcançaram seus 
objetivos, no reconhecimento social e financeiro, porém, há exceções. Infelizmente, em geral 
a mulher até hoje não é valorizada profissionalmente, ainda nos dias atuais existe diferenças 
salariais entre homens e mulheres mesmo desempenhando as mesmas atividades 
profissionais, ocupando os mesmos cargos, proveniente de uma ação preconceituosa 
refletindo no meio social brasileiro. 
 Ressaltando também a importância que a lei Maria da penha (nº 11.340) no que diz 
respeito a violência contra mulheres, não somente a violência física, mas também as 
violências psicológicas, moral, sexual, patrimonial e econômica. 
 Neste encontro os adolescentes esclareceram dúvidas e obtiveram muito conhecimento 
da importância do feminismo, descontruindo a ideia de que o movimento feminista é o 
contrário do machismo, e que esta luta não deve ser só reivindicada por mulheres e sim por 
todos os gêneros. 
Uma das inquietações que surgiram com a fala dos adolescentes foi em questão ao 
procedimento que se deve tomar em casos de violência ou se existe alguma forma de 
prevenção do ato, e como relata Saliba (2007) prevenir e contestar a violência são atribuições 
inerentes ao Poder Público, e o Estado tem se aplicado na prevenção e controle da violência, 
por meio de campanhas, programas e, principalmente, pela legislação específica. 
Vale a pena salientar que haviam mais encontros previstos no projeto de intervenção, 
porém, os mesmos não foram concretizados devido as mudanças com relação ao 
funcionamento do CRAS onde o projeto era ofertado, o CRAS por meio de decreto do gestor 
municipal teve sua carga horaria de funcionamento reduzida a fim de diminuir os gastos no 
município, sendo assim, o horário de atendimento se restringiu das 07h30min às 13h30min. 
Com isso o projeto que era realizado no período da tarde teve suas atividades encerradas antes 
do previsto, levando em consideração que se tornou inviável a realização do mesmo no 
período da manhã, pois, os adolescentes participantes estudam nesse período. 
O período de funcionamento do CRAS deve estar em consonância com 
características dos serviços ofertados na unidade: caráter continuado, público e 
adequado para o atendimento de todos aqueles que o demandam, de modo a ampliar 
a possibilidade de acesso dos usuários aos seus direitos socioassistenciais. 
(BRASIL, 2009, p. 59). 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Considerando que cada indivíduo é em maior ou menor grau agente ativo no seu 
processo de constituição e que sendo este agente ele é constituído e constituinte das suas 
relações com o meio, considera-se importante que o mesmo conheça e tenha acesso aos 
diversos temas/conteúdos/assuntos emergentes da sociedade contemporânea que vivemos, tais 
como os assuntos abordados nos encontros acima mencionados (gênero, sexualidade, drogas, 
etc.), sendo estes também de interesse dos mesmos, bem como trouxeram opiniões 
distorcidas, além de muitas dúvidas. 
A partir dos objetivos proposto no Projeto de Intervenção que deu base para este 
Relato de Experiência, no sentido de proporcionar um espaço para discussões sobre os mais 
diversos temas pertencentes à adolescência, temas estes que por vezes são considerados um 
tabu tanto para a família quanto para eles mesmos, bem como as formas que se deram as 
práticas com este público, pode se dizer que o objetivo foi atingido onde os protagonistas 
desta intervenção puderam além da percepção de suas ações cotidianas de preconceitos, 
discriminação, conseguiram desconstruir estes aspetos levando para eles um conhecimento 
amplo de respeito mútuo com o próximo e consigo mesmo se tornando agentes 
transformadores de uma sociedade politizada na qual estão inseridos. 
Nas intervenções realizadas utilizei o método de rodas de conversa, e outras técnicas 
como de fotografia, pautadas no dia-a-dia ressalvando a subjetividade de cada sujeito 
participante, mantendo o respeito mútuo entre eles, considerando a fala de Coelho (s/a). Nesse 
sentido a Roda de Conversa é um método de reflexão coletiva baseada na criação de espaços 
de diálogo, em que os participantes podem se expressar priorizando escutar os outros e a si 
mesmos, com trocas de experiências, conversas, discussão e compartilhando os 
conhecimentos que constroem esse método de trabalho, fortalecendo os adolescentes frente 
aos obstáculos diários, posturas coletivas e singulares favorecendo um vínculo afetivo entre os 
participantes. 
A roda de conversa é um importante instrumento como espaço de discussão, 
problematização e troca entre os adolescentes, como afirma Sampaio et al (2014): 
As rodas de conversas possibilitam encontros dialógicos, criando possibilidades de 
produção e ressignificação de sentido – saberes – sobre as experiências dos 
partícipes. Sua escolha se baseia na horizontalização das relações de poder. Os 
sujeitos que as compõem se implicam, dialeticamente, como atores históricos e 
sociais críticos e reflexivos diante da realidade (SAMPAIO et al, 2014, p. 1301). 
Nem todos os encontros planejados foram possíveis de serem realizados durante o 
processo vários fatores impediram o acontecimento, um deles foram os dias chuvosos, nestes 
dias os adolescentes não compareciam no grupo, outro fator que impossibilitou a continuidade 
do grupo foi a alteração do horário do CRAS o qual a partir da ordem do gestor, foi restrito ao 
período da manhã, portanto, o grupo que era realizado no período da tarde teve que ser 
encerrado antes que todos os encontros pudessem ser realizados. 
Portanto, após todos esses assuntos trabalhados nas intervenções percebe-se que foi 
possível trazermos discussões que envolvem os sujeitos de nossa sociedade como agentes 
transformadores, instigando os participantes a propagarem um pensamento amplo e crítico. 
Gerando problematizações e discussões disparadoras, promovendo o protagonismo desses 
adolescentes na sociedade com uma atuação compromissada e possibilitando transformações 
dos mesmos. 
 Contudo a adolescência é um momento de transição pautada por características que 
surgem nas relações sociais, em um processo no qual o sujeito se coloca inteiro, com suas 
características pessoais e seu corpo, apresenta com suas especificidades que são interpretadas 
nessas relações, proporcionando sua construção pessoal. É importante destacar que o 
subjetivo não é igual ao social. Há um trabalho de construção realizado pelo indivíduo e há 
um mundo psíquico de origem social, mas que possui uma dinâmica e uma estrutura própria. 
Esse mundo psíquico está constituído por configurações pessoais, nas quais significações e 
afetos se mesclam para dar um sentido às experiências do indivíduo (CFP, 2002). 
 
Ainda assim para Matheus (2003): 
O adolescente busca respostas às questões que lhe foram transmitidas. Não é 
simplesmente produto de seu meio: é sujeito, que reage ativamente ao que lhe é 
proposto, buscando formular respostas próprias que façam sentido para ele e 
permitam sua inserção social. Cada geração, em sua heterogeneidade, contém a 
diversidade de caminhos produzidos por seus membros; porém, nas diferenças, os 
pares tendem a estabelecer laços de identificação que lhes facultam permanência 
neste momentoerrante. É deste prisma que se pretende tratar os ideais da geração 
jovem, enquanto pontos de aproximação de sujeitos que, no hiato do mundo infantil 
ao adulto, constroem referências comuns, a partir de experiências afins, em dado 
momento histórico e cultural. Lembre-se, porém, que os ideais de cada sujeito não 
são congruentes aos de sua geração: deles participam, cada qual a seu modo, ficando 
por eles marcados. Os ideais singulares, portanto, expressam os da geração, mas 
estes últimos não estão circunscritos a este ou àquele sujeito (MATHEUS, 2003, p. 
86). 
 Destacamos na fala acima o contexto social no qual o adolescente está inserido como 
constituidor de sua subjetividade, a necessidade do sujeito de ser pertencente a um grupo onde 
se sinta acolhido e pertencente ao mesmo, compartilhando vivências, experiências singulares, 
buscando independência. 
 O trabalho do psicólogo na assistência social não baseia-se somente na intervenção em 
situações de vulnerabilidade social, mas também em promover o protagonismo dos sujeitos, 
dos grupos e das comunidades, tornando os sujeitos independentes e autor de sua construção 
social (CREPOP, 2007). 
 Diante de todo este processo partindo de uma experiência profissional voltada para o 
Estágio Supervisionado Curricular Obrigatório Específico do quarto ano do curso de 
Psicologia da Universidade Paranaense, onde a partir do mesmo pude vivenciar a prática do 
profissional de psicologia frente as demandas sociais existentes no CRAS do município de 
Perobal/PR, a soma de conhecimentos teóricos e práticos foi de grande valia para a minha 
construção profissional, que diante dos erros e acertos façam com que me torne um 
profissional apta a atuar na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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