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PARTE ESCRITA - CHAIM PERELMAN

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
CURSO DE DIREITO
ANGEL EVANGELISTA PLAZA 
BEATRIZ CAVALCANTI DA SILVA
BRUNA ARRUDA LAPROVITERA
EDUARDO MATHEUS OLIVEIRA
EMILLY MARIA MOURA DA PAZ
ANÁLISE SINTETIZADA SOBRE:
CHAIM PERELMAN
RECIFE, 27.05.2019
 ANGEL EVANGELISTA PLAZA
BEATRIZ CAVALCANTI DA SILVA
BRUNA ARRUDA LAPROVITERA
EDUARDO MATHEUS OLIVEIRA
EMILLY MARIA MOURA DA PAZ
ANÁLISE SINTETIZADA SOBRE:
CHAIM PERELMAN
 
 Trabalho apresentado à disciplina
 Introdução ao Estudo do Direito para 
 requisito parcial à nota do 2ºGQ.
Prof. Rosângela Araújo Viana de Lira
RECIFE, 27.05.2019
INTRODUÇÃO
 O homem é um ser, que necessariamente expressa seus sentimentos e sua visão de mundo através da palavra, seja ela oral ou escrita. Então, se comunicar tornou-se uma poderosa ferramenta para a sobrevivência humana, além de um instrumento imprescindível nas relações de poder. As pessoas que detém a habilidade comunicacional terão maiores probabilidades de sucesso, principalmente no campo profissional. Saber utilizar a palavra para persuadir e convencer, parece ser o grande desafio do século XXI para os profissionais da área jurídica que tem no uso da palavra a sua principal ferramenta de trabalho.
 Mas afinal, como se caracteriza a argumentação? Segundo Chaim Perelman, argumentar é apresentar argumentos, razões no sentido de suportar uma determinada tese subjacente a um determinado discurso. Tal fenômeno pode ser constatado em conversas corriqueiras sobre qualquer assunto. Se considerarmos tais opiniões quando inseridas em conversas informais e descompromissadas, não há do que se queixar. O problema é que os indivíduos costumam confundir opinião com argumento. Erro muito comum, mas também muito exacerbante.
 Uma opinião é apenas uma escolha arbitrária de ideias fundamentados nas preferências individuais de alguém. Opiniões, em geral, surgem de fatores menos conscientes; como gostos, preferências, propagandas bem assimiladas, informações soltas que pegamos por aí e, claro, os famosos pré-conceitos. Já os argumentos surgem de análise, reflexão crítica, raciocínio lógico e informação a respeito do assunto. Vale ressaltar que, é quase impossível chegar num resultado quando debatemos considerando apenas opiniões.
 Relacionando com o âmbito jurídico, é possível correlacionar o direito e a argumentação, visto que a medida da justiça ou injustiça de uma ordem jurídica se afere pelo maior ou menor grau de coerção que o poder político institucionalizado precisa exercer para assegurar a paz social, assim, o Direito é imperativo quando mais injustiça determina a ordem social existente. Portanto, O advogado precisa dispor de uma adequada argumentação, pois o que se fala implica diretamente na vida de seu cliente, assim é importante ter a noção de que sua argumentação deve estar permeada pela consistência para ter sucesso nas causas defendidas. Portanto, não há contestação de que a argumentação atua como um instrumento de persuasão e produção de juízo de valor.
CONTEXTO HISTÓRICO
 Durante a estruturação da democracia ateniense, a Grécia vivenciou um período de grande transformação, ocorrendo à participação popular nas decisões da polis, sem a necessidade de provar riqueza ou título de nobreza, houve também a expansão das fronteiras gregas, o acúmulo de riquezas, a intensificação do comércio, a abertura das fronteiras para o contato com outros povos. 
 As transformações ocorridas na Grécia Antiga geraram uma necessidade de domínio de conhecimentos gerais para uso retórico, necessidade de domínio da técnica de falar para uso assemblear, entre outros. Então, em 465 a.C, Córax, com auxílio de Tisis, criadores da retórica, escreveram um manual com técnicas de como usar a palavra para explicar-se perante a Lei, para defender-se. Naquele momento, eles criaram a estrutura do discurso argumentativo como se conhece nos dias atuais. É válido afirmar que as palavras eram diferentes, chamava a introdução de exórdio, o desenvolvimento era a apresentação dos fatos e dos argumentos, e eles chamavam de peroração o que seria a conclusão. Com isso, nascia a fórmula clássica do discurso argumentativo.
 É nesse cenário que surge os primeiros filósofos, os sofistas. Esses pensadores têm um papel relevante para o conhecimento ocidental. São eles que colocam o homem pela primeira vez como centro das atenções, com toda a sua complexidade existencial e suas contrariedades psicológicas, moral, social, política e jurídica.
 Por serem os sofistas homens dotados de domínio da palavra, forneciam aos jovens gregos a técnica da oratória e da retórica como instrumentos de poder diante da assembleia e dos tribunais. Dentre os principais sofistas, podemos dar destaque às contribuições de com Protágoras, responsável pela intersecção da retórica e da erística, técnica utilizada pelos sofistas, primordialmente, para vencer um debate, independentemente da busca pela verdade ou do argumento mais verossímil. Além dele, podemos dar destaque à Górgias; o mesmo enfatizou a função persuasiva da linguagem para a obtenção do poder político e dessa forma desenvolveu uma retórica com funções basicamente estilísticas. Por fim, não menos importante, dá-se destaque a Pródigo cujo dedicava-se à formação das pessoas que pretendiam dedicar-se ativamente aos assuntos políticos, e os seus ouvintes deviam ser ou democratas ou aristocratas que aceitavam fazer o jogo da democracia e adaptar-se às suas regras.
 Abordando um pouco de Platão, o mesmo nega a retórica sofista, afirmando que ela não passava de uma prática comum que busca o convencimento dos demais. Para ele a retórica, não era apenas para convencer como também considerada uma verdadeira arte que tinha como finalidade o prazer, sendo considerada uma forma de bajulação. Visto isso, coube a Aristóteles sistematizar o seu estudo a retórica consistiria na escolha dos meios adequados para persuadir, sendo universal.
 Durante a Idade Média, a retórica continua a ser ensinada nas Universidades, integrando o Trivium, juntamente com a lógica e a gramática. Até o século XIX, permanece seu ensino universitário, mas com o advento de novas correntes de pensamento, principalmente do Romantismo e do Positivismo Cientificista. 
 Na transição para o período da Idade Moderna, a retórica como arte argumentativa começa a ser completamente desacreditada, principalmente após Descartes, que desenvolve o discurso científico, para o qual não se trata de convencer ninguém, mas de demonstrar com "fatos", "dados", "provas" da Verdade, mostrando ideias claras e distintas cuja nenhuma discussão era possível. Já no século 20, ocorreu a retomada da retórica com a teoria da argumentação- nova retórica criada por Chaim Perelman. 
TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO – NOVA RETÓRICA
 É importante colocar, que a retórica sempre esteve presente e sempre foi algo de bastante relevância para a liderança e a influência sobre pessoas, resultando diretamente no destino de muitos. Contudo, é importante entender que a sua disseminação foi mais eficaz na Grécia antiga, com o processo de consolidação da democracia em Atenas. Nesse contexto, a arte da argumentação foi percebida como ponto fundamental para sociedade, sendo compreendido que não há como ter democracia se não há argumentação e debate.
 Por conseguinte, é nesse contexto que entra a importância dos Sofistas, visto que eles foram os grandes precursores e responsáveis pela disseminação da retórica naquela época. Eles acreditavam que iriam resolver os problemas sociais com diálogo e o poder de convencimento sobre povo,o que os motivaram a atuar com esse propósito. Além disso, atuaram em larga escala como professores particulares, o que ocasionou em diversas críticas por filósofos da mesma época.
 Dentre as teses que contingenciaram a velha retórica, as mais relevantes foram: A admissão de que não há uma verdade absoluta, que a verdade era relativa, múltipla e mutável. Protágoras foi um dos mais importantes sofistas a defender essa tese. Outrossim, a não aceitação de um argumento não seria por falta da capacidade do auditório em refletir ou questionar, e sim era decorrência da inabilidade discursiva do orador, o que faz com que toda a responsabilidade de entendimento do discurso seja atribuída ao orador, retirando a responsabilidade do auditório.
 Além disso, os sofistas defendiam a antilógica, que é uma técnica em que o orador deve ser hábil o suficiente para argumentar contra e a favor sobre o mesmo assunto. Segundo os sofistas, o orador, sabendo dos contra-argumentos, possui uma maior capacidade de convencer o público, visto que ele sempre estará preparado para o tema discutido.
 A nova retórica, surgiu com a divergência sobre o positivismo e o neopositivismo. Isso se deu ao fato de que a nova retórica afirmou que o Direito deve agir de maneira interpretativa e não se resumir apenas a lei, não é uma ciência exata e sim uma ciência hermenêutica. Segundo Perelman, o Direito é constituído de regras, princípios e valores. As regras são construídas por princípios, princípios se fundamentam a partir dos valores e os valores devem justificar a partir de um auditório universal. Isso se dá ao fato, pois os valores são arbitrários e contingentes, eles variam. Por isso deve ter um auditório universal com mentes razoáveis e bem informadas, assim podemos justificar também os valores.
 Segundo Chaim Perelman, uma nova retórica deve ser feita através do texto e não da oralidade. Esse texto deve ser muito bem feito, com argumentações fortes e com uma linguagem amplamente aceita. Ele fala de auditórios particulares e o auditório universal. Para se convencer o auditório universal, é preciso utilizar conteúdos de Direito, abstratos e não de fatos. (Convencimento) Ao contrário, o auditório particular o que nós temos não é a busca do convencimento, mas a persuasão. É preciso utilizar de informações fáticas. Nem sempre usando argumentos verdadeiros, mas utilizando argumentos fáticos. (Persuasão)
CRÍTICAS À TEORIA DE PERELMAN
 Dentre as diversas críticas à teoria apresentada por Chaim Perelman, daremos ênfase nas palavras de Manuel Atienza, grande diretor de um dos melhores programas de pós-graduação em Argumentação Jurídica. Dentre as diversas críticas abordadas pelo mesmo, podemos citar: 
A crítica ao uso ilimitado dos tópicos no direito, o que incentivaria a “conservação e consolidação de certo status quo social e ideológico”.
A crítica à fixidez dos papéis de orador e auditório na nova retórica, partindo da novíssima retórica proposta por Boaventura de Sousa Santos; Atienza observa que o fator tópico-retórico não possui uma essência fixa e nem caracteriza exclusivamente o discurso jurídico (que é mais institucionalizado e burocratizado);
A crítica à confusa relação entre a retórica geral e a jurídica, como “algo que não está bem resolvido na obra de Perelman” uma vez que não fica claro se a noção de auditório universal também se aplica ao direito e se a argumentação jurídica é um caso paradigmático da retórica geral ou apenas uma simples aplicação dela 
Por fim, a crítica à problemática distinção entre argumentação e dedução em Perelman, considerada “desnecessária e confusa” e mesmo “algo mais que equívoco”, que promove uma contestável diferenciação entre a conclusão e a decisão.

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