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A PERCEPÇÃO DE ALUNOS SOBRE MA-
LÁRIA EM UMA ESCOLA PÚBLICA NO MU-
NICÍPIO DE ATALAIA DO NORTE, AM
Luis Carlos Narciso de Almeida *
João Paulo Montalvão da Silva ** 
Tales Vinicius Marinho de Araújo ***
Alcinei Pereira Lopes ****
Renato Abreu Lima *****
RESUMO 
O presente trabalho objetivou investigar o impacto
e o conhecimento sobre a malária adquiridos pe-
los alunos do Ensino Médio de uma escola pública
do município de Atalaia do Norte-AM. A pesquisa
foi realizada com alunos da Escola Estadual Pio
Veiga entre os anos de 2010 a 2015, totalizando
126 alunos e três professores. Para a análise dos
conhecimentos dos alunos foi aplicado um questi-
onário semiestruturado com perguntas abertas e
fechadas e os relatos dos professores foram cole-
tados através de uma entrevista relacionados à te-
mática e para a análise temporal realizou-se uma
pesquisa documental nos arquivos da escola refe-
rente os casos de malária. Foi verificado que a
abordagem dessa temática na escola ainda é pou-
co explorada e as estratégias propostas condizem
com medidas eficientes de abordagem da malária
na escola.
Palavras-chave: Endemia; Ensino; Informação.
 
* Possui Licenciatura em Ciências
Biológicas pela Universidade Fe-
deral do Amazonas - UFAM. 
** Especialização em Docência e
Gestão na Educação Superior
pela Universidade do Oeste Pau-
lista, Graduado no Curso de Ciên-
cias: Biologia e Química, no Insti-
tuto de Natureza e Cultura, na
Universidade Federal do Amazo-
nas - UFAM, e Professor Substitu-
to na Universidade Federal do
Amazonas no Instituto de Nature-
za e Cultura. 
*** Mestre em Ciências e Meio
Ambiente (Universidade Federal
do Pará- UFPA). Especialista-
Pós Graduação Lato Sensu- Edu-
cação Ambiental e Sustentabilida-
de (Universidade Cândido Men-
des- UCAM). Graduado no Curso
de Licenciatura em Ciências: Bio-
logia e Química (Universidade Fe-
deral do Amazonas- UFAM).
**** Possui graduação em Bacha-
rel e Licenciatura em Química
pela Universidade Federal do
Amazonas (2000) e Mestrado em
Química na área de concentração
em Química Analítica pela Univer-
sidade Federal do Amazonas
(2010).
***** Graduado em Ciências Bio-
lógicas (Licenciatura e Bacharela-
do) pelo Centro Universitário São
Lucas; Especialista em Gestão
Ambiental pela mesma instituição;
Mestre em Desenvolvimento Re-
gional e Meio Ambiente pela Uni-
versidade Federal de Rondônia
(UNIR) e Doutor em Biodiversida-
de e Biotecnologia pela Universi-
dade Federal do Amazonas
(UFAM).
Doi: 10.11602/1984-4271.2018.11.3.14
C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.3, p.715-728, set./dez. 2018 715
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A percepção de alunos sobre malária em uma escola pública no município de Atalaia do Norte, AM
 
1 INTRODUÇÃO
A malária é uma doença infeccio-
sa, parasitária, febril e aguda transmitida
por meio da picada do mosquito fêmea
pertencente ao gênero Anopheles (REY,
1992). A malária, também é conhecida
por paludismo, impaludismo, ou em suas
formas específicas como febre terçã be-
nigna, maligna e febre quartã, recebe no
Brasil outros nomes populares, como
maleita, sezão, tremedeira ou simples-
mente febre (MIOTO et al., 2012).
Os mosquitos transmissores da
malária são insetos da ordem dos dípte-
ros da família Culicidae do gênero Anop-
heles. Este gênero compreende cerca de
400 espécies das quais apenas um nú-
mero reduzido tem importância epidemi-
ológica. No Brasil, cinco espécies são
consideradas como vetores principais,
sendo eles: Anopheles (Nyssorynchus)
darlingi, Anopheles (Nyssorynchus)
aquasalis, Anopheles (Nyssorynchus) al-
bitarsis, Anopheles (Kerteszia) cruzi e
Anopheles (Kerteszia) bellator (MINIS-
TÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Quanto ao protozoário, a malária
pode ser provocada por quatro protozoá-
rios do gênero Plasmodium: Plasmodium
vivax, Plasmodium falciparum, Plasmo-
dium malariae e Plasmodium ovale. No
Brasil, somente os três primeiros estão
presentes, sendo o P. vivax e o P. falci-
parum as espécies predominantes (FI-
OCRUZ, 2013).
Rey (1992) considera a malária
como “uma doença endêmica de inci-
dência em regiões tropicais e subtropi-
cais ao longo de uma larga faixa do
equador”. Apesar dos esforços para
seu controle, a malária continua sendo
altamente prejudicial à saúde da popu-
lação em vários municípios da Amazô-
nia Legal. No contexto Amazônico, esta
doença tem afetado e prejudicado a po-
pulação local, a exemplificar, no muni-
cípio de Atalaia do Norte. Essa doença
vem acarretando problemas nas resi-
dências e escolas que afeta diretamen-
te o processo de ensino-aprendizagem,
resultando muitas vezes na evasão ou
desistência de alunos infectados.
O município de Atalaia do Norte,
de acordo com dados do Sistema de
Vigilância Epidemiológica da Malária
(SIVEP, 2014), em 2010, estava entre
os 15 municípios do estado do Amazo-
nas que contribuíram com 80 % dos ca-
sos de malária na Amazônia Legal,
apresentando 3.474 casos da doença,
dos quais 1.141 foram diagnosticados
como Plasmodium falciparum (forma
mais grave). Em 2011 foram confirma-
dos 2.766 casos da doença; em 2012,
5.723 casos e em 2013, foram notifica-
dos 3.931 casos, apresentando uma
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Alcinei Pereira Lopes, Renato Abreu Lima
média anual de 4.140 casos entre os três
períodos citados (SIVEP, 2014).
Atualmente, a relação do homem
com o ambiente natural é uma preocupa-
ção pertinente ao quadro ambiental e so-
cial, assim se faz necessário o estudo da
percepção ambiental, pois assim é pos-
sível a realização de um trabalho partin-
do da realidade do público alvo, para co-
nhecer como os indivíduos percebem o
ambiente em que convivem, suas fontes
de satisfação e insatisfação (FAGGIO-
NATO, 2008).
A percepção ambiental a
partir do processo de sensibilização deve
configurar-se como um processo partici-
pativo e sustentável assegurando o direi-
to das futuras gerações a um ambiente
que proporcione melhor qualidade de
vida, ou seja, uma postura cidadã com-
prometida com valores sustentáveis,
ecológicos e sociais.
Com isso, a implementação de
ações de controle e prevenção dessa do-
ença devem ser feitas, pois a mesma
apresenta cura se for tratada adequada-
mente no tempo oportuno. Dessa forma,
considerando a escola como uma das
vias de informação e formação cidadã, o
presente trabalho buscou investigar im-
pacto e o conhecimento sobre a malária
adquiridos pelos alunos do Ensino Médio
de uma escola pública do município de
Atalaia do Norte-AM, com especifica-
ções em: i) contabilizar os casos de
malária em alunos do Ensino Médio
dos três turnos da Escola Estadual Pio
Veiga entre os anos de 2010 a 2015; ii)
verificar o conhecimento dos alunos de
1º e 2º ano do Ensino Médio quanto à
temática malária; e iii) conhecer como
esse tema é abordado na escola, assim
como, propor ações educativas para a
abordagem do mesmo.
2 MATERIAL E MÉTODOS
A presente pesquisa foi realiza-
da em uma escola da rede pública de
Ensino Estadual do Município de Ata-
laia do Norte-AM, denominada Escola
Estadual Pio Veiga, localizada na zona
urbana. O estudo envolveu um total de
126 alunos do 1º e 2º ano do Ensino
Médio do turno vespertino e noturno,
identificados como: turma 1º V – 49
alunos, turma 2º V – 37alunos e turma
2º N – 40 alunos. Também participaram
da pesquisa, três professores regentes
de disciplinas de Biologia e Química.
A amostragem foi realizada de
maneira simples, por agrupamento,
uma vez que o presente estudo consi-
dera um grupo formado dentro do am-
biente escolar, no caso os alunos e
professores grupos distintos. O princi-
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A percepção de alunos sobre malária em uma escola pública no município de Atalaia do Norte, AM
 
pal motivo de utilização dessa técnica
baseou-se na viabilidade do trabalho, por
caracterizar-se como uma técnica rápida,
barata e eficiente, além das característi-
cas de pesquisa descritiva e documental
(LAKATOS; MARCONI, 2009).
Utilizou-se o método indutivo e
comparativo, uma vez que estes se ade-
quam aos requisitos da pesquisa. Laka-
tos e Marconi (2009) cita que o método
indutivo permite levar a conclusões cujo
conteúdo é muito mais amplo do que o
das premissas nas quais se basearam. E
o método comparativo ocupa-se da expli-
cação dos fenômenos e permite analisar
os dados concretos, deduzindo desse os
elementos constantes, abstratos e ge-
rais.
2.1 Procedimentos e instrumentos de
coleta de dados
A presente pesquisa foi executada
em três etapas específicas:
Etapa 1: foram analisados os do-
cumentos comprobatórios dos casos de
malária na escola, justificando a ausên-
cia dos alunos desde o ano de 2010 a
2015, quantificados inicialmente por bi-
mestres, ano por ano, e posterior compa-
rado entre os anos pesquisados. Para o
desenvolvimento dessa atividade, foi ne-
cessária uma parceria entre pesquisa-
dor, a administração e secretaria da es-
cola, que permitiram a coleta de dados
dos documentos comprobatórios como
os atestados médicos enviados a esco-
la e arquivados durante esse período.
No estudo documental dos ates-
tados médicos dos alunos entre 2010 a
2015 foram verificados que os resulta-
dos apresentados podem não condizer
com a realidade dos fatos, visto que,
para o período de análise proposto, se-
gundo a administração da escola, é
muito extenso, podendo alguns desses
documentos estarem indisponíveis por
motivo de perda ou extravio. 
A pesquisa bibliográfica, dentro
de uma pesquisa científica, visa funda-
mentar teoricamente a construção do
universo a ser pesquisado auxiliando o
embasamento teórico, (GIL, 2002).
Esse tipo de pesquisa consiste em reu-
nir as informações e dados que servi-
rão de base para a construção da in-
vestigação proposta a partir de determi-
nado tema.
A pesquisa documental é impor-
tante, pois visa avaliar os documentos
que existem sobre o objeto desta pes-
quisa. Contudo, esta pesquisa docu-
mental tem como material ponderar so-
bre os escritos históricos que permeiam
os conteúdos pertinentes a partir do
qual o pesquisador vai fazer sua averi-
guação e análise. 
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Luis Carlos Narciso de Almeida, João Paulo Montalvão da Silva, Tales Vinicius Marinho de Araújo, 
Alcinei Pereira Lopes, Renato Abreu Lima
Assim, dentro dessa quantifica-
ção, dividiram-se os casos ocorridos en-
tre os bimestres letivos e separados por
ano respectivamente, no sentido de uma
comparação posterior entre os anos e os
bimestres, visando um possível aponta-
mento do período de culminância de pro-
liferação (infecção) da malária em estu-
dantes. 
Etapa 2: foi aplicado um questio-
nário composto com perguntas abertas e
fechadas relacionadas à temática. A op-
ção pela escolha da utilização do questi-
onário deu-se pela agilidade e mensura-
ção à pesquisa (PRODANOV; FREITAS,
2013). O questionário, numa pesquisa, é
um instrumento ou programa de coleta
de dados bastante eficaz.
Etapa 3: foi utilizada uma entrevis-
ta semiestruturada aplicada aos três pro-
fessores participantes, na qual objetivou
a discussão de propostas educativas
para a abordagem da malária na escola.
Nessa discussão, foram levados em con-
sideração os apontamentos dos docen-
tes. É importante destacar que nessa
discussão estava incluso um levanta-
mento das ações já desenvolvidas pela
escola em relação à malária relatada pe-
los professores. 
A partir dos dados coletados, pro-
cedeu-se a tabulação e interpretação
dos resultados, através de percentuais e
transcrição dos dados pela análise do
discurso.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em seis anos foram registradas
145 ocorrências de dados de malária
sendo que há uma incidência de casos
de malária mais significativa entre o se-
gundo e terceiro bimestre (período
equivalente entre os meses de maio a
julho). Tomando como ponto inicial o
período de proliferação dos mosquitos,
tal evento se relaciona ao período de
cheia dos rios onde esses marcos tem-
porais se assemelham aos bimestres
no qual há maior incidência desses ca-
sos na escola, fato que depende forte-
mente dos aspectos ambientais e eco-
lógicos de uma determinada região. 
Relacionando tais dados obtidos
na presente pesquisa, Alecrim e Gon-
çalves (2004) informam que a associa-
ção dos elementos relacionados ao cli-
ma (temperatura, umidade do ar e pre-
cipitações pluviométricas), as várias
formas de ocupação não planejada ca-
racterizada pela falta ou deficiência de
infraestrutura urbana e a migração con-
tribuem para manutenção da malária
nestas áreas.
De acordo com o “Relatório de
situação: Amazonas” divulgado no ano
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A percepção de alunos sobre malária em uma escola pública no município de Atalaia do Norte, AM
 
de 2009, em todo o município de Atalaia
do Norte foi detectado 4.594 casos de
malária dos quais 1.017 eram do tipo P.
falciparum. E no ano de 2010, o municí-
pio apresentou 3.474 casos da doença,
dos quais 1.141 eram do mesmo tipo
Plasmodium e em ambos os anos hou-
veram oito internações (BRASIL, 2010).
O município de Atalaia do Norte,
de acordo com dados do Sistema de Vi-
gilância Epidemiológica da Malária - SI-
VEP (BRASIL, 2010) em 2010 estava
entre os 15 municípios do estado que
contribuíram com 80 % dos casos de
malária na Amazônia Legal, apresentan-
do 3.474 casos da doença, dos quais
1.141 foram diagnosticados como P. fal-
ciparum. Em 2011 foram confirmados
2.766 casos da doença, em 2012, 5.723
casos, e em 2013, 3.931 casos, apresen-
tando uma média anual de 4.140 casos
(SIVEP, 2014). Diante desse contexto,
buscou-se a verificação os índices dos
casos de infecção entre os anos.
Diante dos dados analisados,
constatou-se que a culminância dos ca-
sos de malária em alunos, entre os anos,
se apresenta nos 2 e 3º bimestres e o
ano de maior apontamento de casos foi
o de 2014. Contudo, há uma notável re-
gressão apresentada nos demais anos
pesquisados. Silva (2006) demonstra
que o mesmo pico de culminância foi di-
agnosticado em outro município ama-
zônico, Careiro, no qual esta semelhan-
ça é encontrada no município de Ata-
laia do Norte.
É importante ressaltar que den-
tro do contexto escolar e da saúde, a
malária interfere diretamente no rendi-
mento escolar dos alunos, seja do pon-
to de vista de assiduidade como o pró-
prio rendimento intelectual. Silva (2006)
apresenta em seu trabalho dados rela-
cionados a essa preocupação. A autora
informaque a infecção malárica pode
afetar o desempenho escolar por sua
capacidade de causar anemia crônica,
porém, esse impacto não foi estudado.
Mas sabe-se que a anemia por defi-
ciência de ferro e nutrição inadequada,
tem uma forte ligação com o compro-
metimento do desempenho cognitivo.
A mesma autora exemplifica
esse fenômeno informando que em es-
tudo realizado com 571 crianças, em
uma área endêmica para malária, re-
gistrou-se que as crianças que tiveram
menos de três ataques de malária tive-
ram um desempenho escolar melhor do
que aquelas que tiveram mais de cinco
ataques durante o mesmo período. A
associação entre o número de ataques
de malária e o desempenho escolar foi
o mesmo tanto por P. falciparum quan-
to para P. vivax. Isso sugere que os
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Luis Carlos Narciso de Almeida, João Paulo Montalvão da Silva, Tales Vinicius Marinho de Araújo, 
Alcinei Pereira Lopes, Renato Abreu Lima
ataques repetidos de malária produzem
um efeito cumulativo sobre o desempe-
nho escolar das crianças.
Leão (1997) informa que a Ama-
zônia possui características geográficas
e ecológicas altamente favoráveis à inte-
ração do parasito (plasmódio) e do mos-
quito vetor (anofelino), com os fatores
socioeconômicos, políticos e culturais
determinando um nível de endemicidade,
classificados como áreas de baixo, mé-
dio e alto risco malarígeno.
3.1 Conhecimento dos alunos quanto 
a malária
Para a atribuição e agrupamento
das respostas corretas, tomou-se como
definição da doença o conceito apresen-
tado pelo Ministério da Saúde (2006) que
a conceitua como uma doença infeccio-
sa, produzida por protozoários do gênero
Plasmodium, e se caracteriza por aces-
sos intermitentes de febre, calafrios, ce-
faleia e sudorese. 
Notou-se que a maioria dos alu-
nos do 1º ano (53,0%) afirmou que a ma-
lária é uma doença causada/transmitida
por um mosquito infectado, chamado co-
mumente de “carapanã” conceitos estes
que se assemelham ou contemplam a
forma de transmissão da malária. No en-
tanto, quanto ao seu conceito “propria-
mente dito” mostraram desconhecimen-
to conceitual.
Por outro lado, 47,0% dos alu-
nos do 1º ano responderam que a ma-
lária “é uma doença muito grave que
está matando milhares de pessoas,
sendo provocada pelo mosquito da
dengue (Aedes aegypti), que é um ví-
rus que é transmitido através de um
mosquito”. Fica evidente que estes alu-
nos responderam de forma errônea
essa questão, principalmente quando
confundem a malária com a dengue,
visto que a dengue é transmitida por
um mosquito do gênero Aedes e a ma-
lária Anopheles, assim como há dife-
renciação no agente etiológico, a den-
gue causada pelo vírus da dengue, um
arbovírus da família Flaviviridae e a
malária é causada pelo protozoário do
gênero Plasmodium.
Outra questão que deixa dúvidas
em relação à diferenciação dessa do-
ença está ligada aos sintomas apresen-
tados pela mesma. Diante disso, solici-
tou-se aos alunos que os mesmos in-
formassem se eles sabiam ou não os
sintomas da malária e se eles soubes-
sem, listassem alguns dos sintomas. 
Do ponto de vista generalista, é
possível inferir que os alunos afirmam
conhecer os sintomas da doença, como
demonstra os dados do 1º ano-V
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A percepção de alunos sobre malária em uma escola pública no município de Atalaia do Norte, AM
 
(82,0%), 2º ano-V (70,0%) e 2º ano-N
(69,0%). Dentro do grupo de indivíduos
que afirmam conhecer os sintomas da
doença, obtiveram-se diferentes sinto-
mas, tais como febre e calafrio.
Ao se considerar os sintomas
apresentados pelos alunos frente ao
conceito de malária descrito pelo Minis-
tério da Saúde (2006) e os sinais e sinto-
mas apresentados pela Organização
Mundial da Saúde (BRASIL, 2010) citam
que os sintomas manifestam-se geral-
mente entre 8 a 25 dias após a infecção,
onde as manifestações iniciais se asse-
melham aos sintomas da gripe, citam
que os sintomas clássicos da malária
são os ataques paroxísticos, a ocorrên-
cia cíclica de uma sensação súbita de
frio intenso seguido por calafrios e poste-
riormente febre e sudação, evidencia-se
que os sintomas apresentados pelos alu-
nos condizem com os sintomas caracte-
rísticos da malária.
Silva (2006) aponta que os parasi-
tas da malária apresentam sintomas se-
melhantes como episódios febris, com
calafrios, sudorese e eles também têm
muitos sintomas em comum com outras
doenças infecciosas, incluindo mialgia,
cefaléia e náuseas, fraqueza geral e
prostração, podendo ocorrer também,
hepatoesplenomegalia. Pode ocorrer ain-
da disfunção de órgãos vitais, como
pulmões, rins, fígado e principalmente,
cérebro durante a malária cerebral,
além da anemia grave, que parece ser
a causa mais frequente de malária gra-
ve entre crianças.
Assim sendo, após a identifica-
ção dos sintomas pelos alunos, fez-se
necessário saber quais as formas de
contaminação desta doença segundo a
percepção dos alunos. Para a compa-
ração das afirmações dessa questão,
utilizaram-se como marco teórico as
formas de transmissão apresentadas
pelo Ministério da Saúde (2006) que re-
lata que a transmissão se baseia na
existência de uma fonte de infecção
constituída de anofelinos infectados e
de hospedeiros suscetíveis ao meio
ambiente dos transmissores. 
A malária é transmitida à pessoa
sadia por meio da picada da fêmea in-
fectada do anofelino e outros mecanis-
mos raros de transmissão são: transfu-
são sanguínea, uso de seringas conta-
minadas, acidentes de laboratório e por
ocasião de parto. 
Dentre as respostas fornecidas,
é importante destacar que os alunos
acreditam que a principal fonte de con-
taminação da doença seja a picada do
mosquito. Contudo, a indicação de que
se pode ser contaminado com malária
através de “ingestão de água”, “fazer
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Luis Carlos Narciso de Almeida, João Paulo Montalvão da Silva, Tales Vinicius Marinho de Araújo, 
Alcinei Pereira Lopes, Renato Abreu Lima
sexo sem camisinha” e “beijo/abraço”
chegam a serem indicações totalmente
fora do contexto da malária. Isso implica
novamente no aspecto de desconheci-
mento conceitual e aplicado da malária. 
Com base nos documentos da es-
cola, observou-se que houve um alto
índice de contaminação malárica dos
alunos das turmas investigadas, fato
este que se apresenta como um possível
apontamento de que em algum momento
de sua vida os alunos contraíram a en-
demia, podendo ser ou não nos períodos
letivos de atividade escolar.
Constatou-se que a maioria dos
alunos afirma não conhecer as distin-
ções entre os diferentes tipos de malária
principalmente quando se leva em consi-
deração a forma mais branda e a mais
grave da doença. Neste sentido, a Orga-
nização Mundial de Saúde (OMS, 2010)
enfatiza que as principais formas de
apresentação da malária na região ama-
zônica são as provocadas por P. falcipa-
rum e P. vivax que ocasiona a maioria
das mortes.
Considera-se que neste ponto se
busque estratégia de levar informações
inerentes à malária dos alunos por meio
do planejamento anual da escola,objeti-
vando uma instrução sólida quanto aos
principais aspectos dessa doença, visto
que esta se encontra como um dos prin-
cipais pontos de saúde pública da regi-
ão. 
3.2 A abordagem da malária na esco-
la
Dentro da discussão dessa se-
ção estão inclusos relatos dos profes-
sores atuantes nas turmas investiga-
das, na busca pelas possíveis formas
de suprir a realidade da falta de infor-
mações relacionadas à malária pelos
alunos na escola através da percepção
e ação dos professores. Os principais
conceitos ditos pelos professores são:
“Malária é um tema muito importante,
os esporozoários que é um dos causa-
dores da malária que é transmitida
através da picada da fêmea do mosqui-
to infectado do gênero Anopheles co-
nhecido como mosquito-prego”, “É uma
doença caracterizada pela destruição
das hemácias parasitada pelo Plasmó-
dio das espécies vivax e falciparum e é
transmitido pelo mosquito do gênero
Anopheles” e “A malária é uma doença
endêmica da região”.
Os conceitos, mesmo que cita-
dos de forma resumida abordam de al-
gum modo ou ainda alguns pontos es-
pecíficos à conceituação da malária
contida nas bibliografias. Brasil (2010)
conceitua a malária como: uma doença
infecciosa cujo agente etiológico é um
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A percepção de alunos sobre malária em uma escola pública no município de Atalaia do Norte, AM
 
parasito do gênero Plasmodium. As es-
pécies associadas à malária humana
são: P. falciparum, P. vivax, P. malariae
e P. ovale. 
Assim, expõe-se que a educação
é fator primordial para a vida em socie-
dade, pois esta oferece subsídios para o
conhecimento socialmente acumulado
no decorrer da história e do desenvolvi-
mento humano no qual se destaca o pa-
pel da escola como uma via pela qual a
educação se consolida proporcionando o
aprimoramento e assimilação de tais co-
nhecimentos visando à formação de ci-
dadãos atuantes e conhecedores da vida
em sociedade, assim como suas princi-
pais arguições. 
Nesse sentido, questionou-se aos
docentes como estes poderiam abordar
o tema malária em suas aulas e os prin-
cipais resultados foram: “Já venho fa-
zendo isso, como eu falei agora pouco,
questões de informações, como aconte-
ce a ocorrência da malária, explicando
quanto a contaminação que a fêmea in-
fectada e que o parasita do mosquito é o
plasmodium até chegar na corrente san-
guínea, trazido pela saliva do mosquito e
uma vez na corrente sanguínea o plas-
modium se instala em diversos órgãos
como o fígado e o baço e ficam incuba-
dos por vários dias”, “Mostrar vídeos,
cartazes e painéis” e “Esse tema é abor-
dado com figuras, cartazes, como ocor-
re o ciclo da doença, os sintomas, sua
transmissão e também sua profilaxia”.
Fica evidente que os professores
buscam abordar a malária na escola
através de instrumentos e metodologi-
as diferenciadas, destacando a expla-
nação teórica, orientações, vídeos, car-
tazes e painéis. É importante lembrar
que essas são ações propostas e exe-
cutadas pelo professor individualmente.
Contudo, as ações educativas
conjuntas, realizadas pela escola são:
“olha, ano passado nós trabalhamos
com informações na parte de preven-
ção na sala de aula inserindo este
tema sempre, alertando a população,
porque nosso município é de área de
bastante igarapés, muitas casas próxi-
mas aos igarapés, e, quando chove o
nível da água sobe deixando o quintal
das casas inundados por dias, que fa-
cilita o número de mosquito e infecção
em pessoas picadas”, “as únicas ações
educativas que realizamos é quando
aplicamos o assunto dos parasitas re-
lacionados ao assunto da malária. Es-
sas ações são realizadas com pales-
tras e pedimos o apoio da Fundação
de Vigilância em Saúde – FVS, eles
trazem os microscópios para que os
alunos possam observar as lâminas, os
parasitas e assim eles vão apresentan-
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Luis Carlos Narciso de Almeida, João Paulo Montalvão da Silva, Tales Vinicius Marinho de Araújo, 
Alcinei Pereira Lopes, Renato Abreu Lima
do suas palestras e explicando o conteú-
do os alunos apresentam cartazes e pai-
néis para que os alunos fiquem informa-
dos sobre a malária” e “Mostrar vídeos,
como a pessoa infectada, para eles (alu-
nos) terem uma noção como pega esse
doença e como se tratar”.
No que tange as ações propostas
pela escola, destacam-se as palestras
promovidas pelos agentes da Fundação
de Vigilância em Saúde – FVS, que além
de levarem a abordagem teórica, enfati-
zam e culminam sua palestra em de-
monstrações do protozoário por meio do
microscópio, a importância da coleta de
lixo e a amostra de vídeos.
É preocupante a controvérsia de
informações de ambos os lados. De um
lado os professores afirmam levar ativi-
dades de abordagem da malária aos alu-
nos, e de outro se constata que os alu-
nos pouco conhecem dessa temática.
Ainda convém lembrar que o estu-
do da percepção ambiental é de funda-
mental importância na relação homem x
natureza, pois possibilita ao homem a
auto compreensão sobre os problemas
ambientais, visto que é necessário co-
nhecer e perceber as relações entre os
grupos humanos e os ambientes natu-
rais, assim a partir do momento que se
conhece a realidade, torna-se possível
buscar soluções que venham minimizar
os impactos ambientais que são resul-
tados da própria ação humana. 
O processo de ensino-aprendi-
zagem voltado para as questões ambi-
entais é de suma importância, pois
pode ajudar a transpor a enraização da
cultura de degradação ambiental, a
educação pode e deve vir contrapor o
pensamento inconsciente do uso indis-
criminado dos recursos naturais reno-
váveis e não renováveis, dentro de um
círculo vicioso de degradação e evitan-
do um possível colapso ambiental, que
seria a falta dos recursos naturais ne-
cessários para a permanência do ho-
mem do seu habitat natural no planeta
Terra. Uma vez que muitos dos mos-
quitos transmissores de doenças aca-
bam saindo de seus criadores naturais
pela ação do desmatamento e queima-
das da vegetação. 
Sendo assim, a escola é um es-
paço de construção e formação de con-
duta social e humana, onde se encon-
tra todas as formas de expressão cultu-
ral e social advinda da sociedade como
se fosse um reflexo subjetivo das
ações humanas, a sociedade exercen-
do uma forte influência sobre a estrutu-
ração educacional, porém a escola é a
única estrutura capaz de poder mudar
os paradigmas sociais, libertar o sujeito
do senso comum alienado, para o su-
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A percepção de alunos sobre malária em uma escola pública no município de Atalaia do Norte, AM
 
jeito reflexivo e crítico das práticas soci-
ais.
4 CONCLUSÃO
Dentro das propostas abordadas
no presente trabalho, considera-se que
os conhecimentos dos alunos em rela-
ção ao conceito, sintomas e as formas
de contaminação da malária são incom-
pletos e muitas vezes errôneos. Este fato
culmina nas dúvidas apresentadas pelos
alunos, principalmente quando estes fa-
zem relações equivocadas entre a malá-
ria e a dengue, colocando este como um
fator preocupante, visto que são endemi-
as diferentes em escala e áreas de proli-
feração, principalmentequando se reme-
te ao tratamento e os principais agentes
dessas doenças (vetores e agentes etio-
lógicos).
Desse modo, considera-se que a
implementação das ações educativas
propostas, esteja voltada no sentido de
informar e conscientizar o aluno em rela-
ção à gravidade dessa endemia, que é
fundamental, principalmente medidas
previstas nos diferentes níveis de plane-
jamento da escola, correlacionando-a
com a realidade social e os conteúdos
propostos na matriz curricular da escola.
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Alcinei Pereira Lopes, Renato Abreu Lima
THE PERCEPTION OF STUDENTS ON MALARIA IN PUBLIC SCHOOL IN THE
MUNICIPALITY OF ATALAIA DO NORTE, AM
ABSTRACT: The present study aimed to investigate the impact and knowledge
about malaria acquired by high school students from a public school in the city of
Atalaia do Norte-AM. The research was carried out with students of the State School
Pio Veiga between the years 2010 to 2015, totaling 126 students and three teachers.
For the analysis of the students 'knowledge, a semistructured questionnaire with
open and closed questions was applied and the teachers' reports were collected
through an interview related to the subject and for the temporal analysis a documen-
tary research was carried out in the school archives concerning the cases of malaria.
It was verified that the approach of this subject in the school is still little explored and
the proposed strategies are compatible with efficient measures of malaria approach
in the school.
Keywords: Endemic disease; Information; Teaching.
Artigo recebido em 22/05/2018 e aceito para publicação em 11/07/2018
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	RESUMO
	A presente pesquisa foi executada em três etapas específicas:
	Em seis anos foram registradas 145 ocorrências de dados de malária sendo que há uma incidência de casos de malária mais significativa entre o segundo e terceiro bimestre (período equivalente entre os meses de maio a julho). Tomando como ponto inicial o período de proliferação dos mosquitos, tal evento se relaciona ao período de cheia dos rios onde esses marcos temporais se assemelham aos bimestres no qual há maior incidência desses casos na escola, fato que depende fortemente dos aspectos ambientais e ecológicos de uma determinada região.
	Relacionando tais dados obtidos na presente pesquisa, Alecrim e Gonçalves (2004) informam que a associação dos elementos relacionados ao clima (temperatura, umidade do ar e precipitações pluviométricas), as várias formas de ocupação não planejada caracterizada pela falta ou deficiência de infraestrutura urbana e a migração contribuem para manutenção da malária nestas áreas.
	De acordo com o “Relatório de situação: Amazonas” divulgado no ano de 2009, em todo o município de Atalaia do Norte foi detectado 4.594 casos de malária dos quais 1.017 eram do tipo P. falciparum. E no ano de 2010, o município apresentou 3.474 casos da doença, dos quais 1.141 eram do mesmo tipo Plasmodium e em ambos os anos houveram oito internações (BRASIL, 2010).
	Diante dos dados analisados, constatou-se que a culminância dos casos de malária em alunos, entre os anos, se apresenta nos 2 e 3º bimestres e o ano de maior apontamento de casos foi o de 2014. Contudo, há uma notável regressão apresentada nos demais anos pesquisados. Silva (2006) demonstra que o mesmo pico de culminância foi diagnosticado em outro município amazônico, Careiro, no qual esta semelhança é encontrada no município de Atalaia do Norte.
	É importante ressaltar que dentro do contexto escolar e da saúde, a malária interfere diretamente no rendimento escolar dos alunos, seja do ponto de vista de assiduidade como o próprio rendimento intelectual. Silva (2006) apresenta em seu trabalho dados relacionados a essa preocupação. A autora informa que a infecção malárica pode afetar o desempenho escolar por sua capacidade de causar anemia crônica, porém, esse impacto não foi estudado. Mas sabe-se que a anemia por deficiência de ferro e nutrição inadequada, tem uma forte ligação com o comprometimento do desempenho cognitivo.
	A mesma autora exemplifica esse fenômeno informando que em estudo realizado com 571 crianças, em uma área endêmica para malária, registrou-se que as crianças que tiveram menos de três ataques de malária tiveram um desempenho escolar melhor do que aquelas que tiveram mais de cinco ataques durante o mesmo período. A associação entre o número de ataques de malária e o desempenho escolar foi o mesmo tanto por P. falciparum quanto para P. vivax. Isso sugere que os ataques repetidos de malária produzem um efeito cumulativo sobre o desempenho escolar das crianças.
	Leão (1997) informa que a Amazônia possui características geográficas e ecológicas altamente favoráveis à interação do parasito (plasmódio) e do mosquito vetor (anofelino), com os fatores socioeconômicos, políticos e culturais determinando um nível de endemicidade, classificados como áreas de baixo, médio e alto risco malarígeno.
	3.1 Conhecimento dos alunos quanto a malária
	Ao se considerar os sintomas apresentados pelos alunos frente ao conceito de malária descrito pelo Ministério da Saúde (2006) e os sinais e sintomas apresentados pela Organização Mundial da Saúde (BRASIL, 2010) citam que os sintomas manifestam-se geralmenteentre 8 a 25 dias após a infecção, onde as manifestações iniciais se assemelham aos sintomas da gripe, citam que os sintomas clássicos da malária são os ataques paroxísticos, a ocorrência cíclica de uma sensação súbita de frio intenso seguido por calafrios e posteriormente febre e sudação, evidencia-se que os sintomas apresentados pelos alunos condizem com os sintomas característicos da malária.
	Silva (2006) aponta que os parasitas da malária apresentam sintomas semelhantes como episódios febris, com calafrios, sudorese e eles também têm muitos sintomas em comum com outras doenças infecciosas, incluindo mialgia, cefaléia e náuseas, fraqueza geral e prostração, podendo ocorrer também, hepatoesplenomegalia. Pode ocorrer ainda disfunção de órgãos vitais, como pulmões, rins, fígado e principalmente, cérebro durante a malária cerebral, além da anemia grave, que parece ser a causa mais frequente de malária grave entre crianças.
	Assim sendo, após a identificação dos sintomas pelos alunos, fez-se necessário saber quais as formas de contaminação desta doença segundo a percepção dos alunos. Para a comparação das afirmações dessa questão, utilizaram-se como marco teórico as formas de transmissão apresentadas pelo Ministério da Saúde (2006) que relata que a transmissão se baseia na existência de uma fonte de infecção constituída de anofelinos infectados e de hospedeiros suscetíveis ao meio ambiente dos transmissores.
	A malária é transmitida à pessoa sadia por meio da picada da fêmea infectada do anofelino e outros mecanismos raros de transmissão são: transfusão sanguínea, uso de seringas contaminadas, acidentes de laboratório e por ocasião de parto.
	Dentro das propostas abordadas no presente trabalho, considera-se que os conhecimentos dos alunos em relação ao conceito, sintomas e as formas de contaminação da malária são incompletos e muitas vezes errôneos. Este fato culmina nas dúvidas apresentadas pelos alunos, principalmente quando estes fazem relações equivocadas entre a malária e a dengue, colocando este como um fator preocupante, visto que são endemias diferentes em escala e áreas de proliferação, principalmente quando se remete ao tratamento e os principais agentes dessas doenças (vetores e agentes etiológicos).
	Desse modo, considera-se que a implementação das ações educativas propostas, esteja voltada no sentido de informar e conscientizar o aluno em relação à gravidade dessa endemia, que é fundamental, principalmente medidas previstas nos diferentes níveis de planejamento da escola, correlacionando-a com a realidade social e os conteúdos propostos na matriz curricular da escola.
	ABSTRACT: The present study aimed to investigate the impact and knowledge about malaria acquired by high school students from a public school in the city of Atalaia do Norte-AM. The research was carried out with students of the State School Pio Veiga between the years 2010 to 2015, totaling 126 students and three teachers. For the analysis of the students 'knowledge, a semistructured questionnaire with open and closed questions was applied and the teachers' reports were collected through an interview related to the subject and for the temporal analysis a documentary research was carried out in the school archives concerning the cases of malaria. It was verified that the approach of this subject in the school is still little explored and the proposed strategies are compatible with efficient measures of malaria approach in the school.
	Keywords: Endemic disease; Information; Teaching.

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