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AULA_08_ADM I

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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD 
 Divisão de Assuntos Pedagógicos – DAP 
	
	Código e Nome da Disciplina J589– DIREITO ADMINISTRATIVO I
	Créditos Teórico / Prático 4,0
	
	
	Curso DIREITO
	Centro CCJ
	Segundas e Quartas
19h00min – 20h40min
21h00min – 22h40min
 
	Professor: João Marcelo Rego Magalhães
	Aula 08
	UNIDADE II – A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA ORDEM JURÍDICO-CONSTITUCIONAL
A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NA ORDEM JURÍDICO CONSTITUCIONAL
 1.	Regras constitucionais relativas à Administração Pública
1. Regras constitucionais relativas à Administração Pública
1.3. O capítulo constitucional sobre a Administração Pública – arts. 37 a 41. 
1.3.1. O acesso a cargos, empregos e funções públicas
Segundo o inciso I do art. 37 da CF os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. 
Cargo público é um conjunto de competências associadas a um determinado servidor público, que as exerce não por relação contratual mas por relação institucional ou estatutária, ou seja, definida através de um diploma legal (pode ocorrer, sendo mesmo comum, de uma norma criar o cargo e definir as atribuições, outra criar mais cargos, outra definir novas atribuições ou um novo plano de cargos etc.).
Emprego público é todo núcleo de trabalho preenchido por agente contratado em regime trabalhista (com obediência às regras da CLT). Aqui o que ocorre é um vínculo puramente contratual, com pequenas especificidades em relação aos celetistas das empresas privadas (dentre as quais podemos destacar a contratação por concurso e a possibilidade de serem responsabilizados por improbidade).
A Constituição empregou de forma imprecisa o termo “função pública”. De fato, função pública é qualquer atribuição que compõe o conjunto de competências dos agentes públicos, sejam servidores públicos (ocupantes de cargos públicos em regime estatutário) ou empregados públicos (ocupantes de empregos públicos em regime celetista). Assim, a melhor interpretação a ser dada à expressão função pública é aquela que a associa com os cargos em comissão, que são de livre nomeação e exoneração, sem a necessidade de prévia aprovação em concurso público.
1.3.2. O concurso público
O inciso II do art. 37 da CF assevera que a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.
Investidura é o procedimento administrativo que visa o provimento inicial de um cargo ou emprego público.
Os destinatários do princípio constitucional da exigibilidade do concurso público são os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como suas autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.
Será inconstitucional todo o provimento de cargo ou emprego sem concurso público prévio, assim como será também inconstitucional o provimento de cargo diverso daquele para o qual o servidor público prestou concurso, pouco importando se houve transformação ou reclassificação de cargos. A Súmula 685 do STF tem o seguinte verbete: “É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido”.
Recentemente, o STF decidiu um caso de reorganização, aproveitamento e transposição de servidores sem concurso público que é de flagrante inconstitucionalidade. O acórdão deve tornar-se paradigma para casos futuros. Vejamos os termos da decisão:
“O Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 14, § 2º; 26, parágrafo único; 27; 28; 29 e 31 da Lei n. 13.778/2006, do Estado do Ceará, bem como dos seus Anexos V, VI e VII, que aprovou o plano de cargos e carreira do Grupo Operacional Tributação, Arrecadação e Fiscalização - TAF, da Secretaria da Fazenda estadual. Entendeu-se que os dispositivos impugnados não observam o princípio do concurso público (...), pois, a pretexto de levar a efeito uma mera reorganização na carreira dos servidores que integram a administração fazendária do Estado, na verdade criam novos cargos, permitindo o seu provimento por simples transposição. Asseverou-se que os referidos preceitos transformam os antigos cargos de Auditor Adjunto do Tesouro Estadual e Técnico do Tesouro Estadual e Fiscal da Receita Estadual, de nível médio, em cargos de Auditor Adjunto da Receita Estadual e Fiscal da Receita Estadual, para os quais se exige graduação em cursos de nível superior, bem como possibilitam o aproveitamento de servidores de qualquer carreira da Administração Direta nos quadros da Secretaria da Fazenda estadual.” (ADI 3.857, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 18-12-08, Informativo 533) 
O inciso III do art. 37 prevê que o prazo de validade do concurso público será de até 2 anos, prorrogável uma vez, por igual período.
Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira (inciso IV).
No caso de preterição de um candidato por outro em classificação posterior a Jurisprudência desde sempre se firmou no sentido do direito à nomeação (ver Súmula 15 do STF).
Entretanto, uma questão que sempre atormentou os candidatos a cargos públicos é a existência ou não de direito adquirido à nomeação dentro do prazo de validade em caso de aprovação dentro do número de vagas. Infelizmente não é incomum que certos administradores públicos deixem correr o prazo de determinado concurso sem qualquer convocação para logo em seguida publicarem novo edital. Os candidatos habilitados no concurso anterior estariam obrigados a voltar aos estudos e a concorrer novamente para o novo certame. Inicialmente, a Jurisprudência dos Tribunais (e mesmo do STF) caminhou no sentido de que a aprovação dentro do número de vagas gerava para o candidato mera expectativa de direito, sendo a Administração Pública soberana na decisão de convocar ou não os aprovados dentro do prazo de validade, estejam ou não dentro do número de vagas previstas no edital.
Felizmente as coisas mudaram. Atualmente, tanto o STJ quanto o STF têm firmado jurisprudência no sentido de que o candidato aprovado dentro do número de vagas de um determinado concurso público tem direito líquido e certo a ser nomeado no prazo de validade do concurso.
Vejamos, no mesmo sentido acima exposto, recente decisão do Superior Tribunal de Justiça:
STJ. Informativo nº 379 (1º a 5 de dezembro de 2008).
CONCURSO PÚBLICO. APROVAÇÃO
Trata-se de mandado de segurança em que a impetrante busca sua nomeação no cargo de fonoaudiólogo de hospital universitário após aprovação no primeiro lugar de concurso público. Primeiramente, para que logre êxito em seu pleito, é necessário que o Ministro da Educação redistribua vagas conforme a Portaria n. 79/2002 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Assim, a nomeação é ato complexo, pois depende da atuação de dois agentes administrativos, quais sejam, o reitor da Universidade e o Ministro da Educação. Logo, ambos possuem legitimidade para figurar no pólo passivo do mandado de segurança. Quanto ao direito, precedentes deste Superior Tribunal caminham no sentido de que, a partir da veiculação no instrumento convocatório da necessidadede a Administração prover determinado número de vagas, nomeação e posse, que seriam, a princípio, atos discricionários, de acordo com a necessidade do serviço público, tornam-se vinculados, gerando, em contrapartida, direito subjetivo para o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas no edital. Assim, ao prosseguir o julgamento, a Seção, por maioria, concedeu a segurança. Precedentes citados: RMS 15.420-PR, DJ 19/5/2008; RMS 15.945-MG, DJ 20/2/2006; RMS 15.034-RS, DJ 29/3/2004, e RMS 20.718-SP, DJ 3/3/2008. MS 10.381-DF, Rel. Min. Nilson Naves, 3ª Seção, julgado em 5/12/2008.
No STF, o acórdão até então paradigmático sobre o tema foi proferido pela primeira turma no julgamento do RE 227.480/RJ, julgado em 16/09/2008. A decisão foi por 3 votos a 2, sendo Relatora a Min. Carmén Lúcia.
Quanto à possibilidade de o Judiciário declarar nula questão proposta pela banca examinadora, a Jurisprudência atual se firma no sentido que o Judiciário não pode substituir a banca do concurso, e que a nulidade de uma questão se dá apenas em casos excepcionais, na hipótese de afronta direta ao princípio da legalidade (questão que verse sobre tema não previsto no edital do concurso).
Não há no ordenamento jurídico nacional uma lei que discipline de forma geral os concursos públicos, estando os mesmos vinculados única e exclusivamente aos respectivos editais.
O inciso IX do art. 37 prevê que a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Nestes casos pode haver dispensa do concurso público. Vale frisar que o STF tem sido bastante rigorso na admissibilidade de contratação sem concurso, exigindo a comprovação da situação excepcional e temporária.
1.3.3. Funções de confiança e cargos em comissão
O inciso V do art. 37 da Constituição Federal dispõe que as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.
Os cargos em comissão são de livre nomeação e exoneração, não sendo exigida a prévia aprovação em concurso público.
1.3.4. Associação sindical e direito de greve
É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical (inciso VI do art. 37). Tal direito não foi estendido aos servidores militares.
O inciso VII do art. 37 trata do direito de greve dos servidores públicos. Norma de eficácia limitada, nunca chegou a ter tratamento legislativo, o que relegou tal direito a uma tenebrosa incerteza jurídica. Entretanto, ao decidir os Mandados de Injunção 670, 708 e 712, o STF, por unanimidade de votos de seu Pleno, declarou a omissão legislativa do Congresso Nacional no que se refere à regulamentação do direito de greve do servidor público. E mais: por maioria de votos, o Supremo definiu que se aplica ao setor público, no que for compatível, a lei de greve para o setor privado (Lei 7.783/89)
1.3.5. Vedação à acumulação remunerada de cargos 
A Constituição Federal, no inciso XVI do art. 37, estatuiu como regra básica a proibição da acumulação remunerada de cargos. Em nome do princípio da eficiência e da moralidade, o texto constitucional deixa claro que o servidor, via de regra, deve se concentrar em uma única função pública. Mas o próprio texto constitucional prevê casos em que é possível a acumulação remunerada, desde que haja compatibilidade de horários e seja respeitado o teto remuneratório do inciso XI do mesmo art. 37. Os casos permitidos são:
2 cargos de professor;
Um cargo de professor com outro técnico ou científico;
2 cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
A vedação se estende, conforme o inciso XVII, a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista.
O § 10 do art. 37 permite a cumulação de remuneração com proventos de aposentadoria, se tal cumulação fosse possível quando o aposentado era servidor ativo.
Não há qualquer vedação à acumulação de um cargo público com um ou mais empregos privados, mas deve ser observada a compatibilidade entre as atividades para que o servidor não seja enquadrado nas hipóteses de improbidade administrativa. É pacífica a possibilidade de acumular cargo público com um ou mais empregos privados de professor. 
1.3.6. Exigência de licitação pública
Conforme o inciso XXI do art. 37 da CF, ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. 
As normas gerais sobre licitação e contratação são editadas pela União (uma exigência do art. 22, XXVII da CF) e valem para os demais entes federativos. Atualmente as normas gerais são as leis 8.666/93 e 10.520/02.
1.3.7. Administração tributária
Afirma o inciso XXII do art. 37 da CF que as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. 
1.3.8. Improbidade Administrativa
O § 4º do art. 37 dispõe que os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
A lei da improbidade administrativa (Lei 8.429/92) sujeita às suas sanções, independentemente das sanções penais cabíveis, toda conduta considerada como improbidade administrativa praticada por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (e também contra empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual).
A improbidade administrativa, segundo o tratamento dado pela Lei 8.429/92, engloba todas as condutas do administrador público que importem:
Enriquecimento ilícito;
Prejuízo ao Erário;
Desrespeito aos princípios da Administração Pública.
Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações:
Na hipótese de enriquecimento ilícito: perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
Na hipótese de prejuízo ao Erário: ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídicada qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
Na hipótese de desrespeito aos princípios da Administração Pública: ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
A ação de improbidade administrativa será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, sendo vedada a transação, acordo ou conciliação. A aplicação das sanções previstas na Lei 8.429/92 independe da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público e da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
1.3.9. Responsabilidade objetiva do Estado
Segundo o § 6º do art. 37 as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
O texto constitucional consagrou a chamada responsabilidade objetiva do Estado, ou seja, a responsabilidade sem a necessidade de demonstração de culpa, devendo ser provado apenas o nexo causal entre a atividade administrativa e o prejuízo do particular (teoria do risco administrativo). A responsabilidade objetiva, contudo, só se aplica aos atos comissivos, pois o STF entende, seguindo a doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello, que os atos omissivos da Administração Pública só ensejam responsabilidade estatal quando comprovada ao menos a culpa (RE 369.820).
A responsabilidade objetiva do Estado foi estendida às empresas públicas e às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público, assim como a todas as empresas concessionárias de serviços públicos. Não há que se falar em responsabilidade objetiva quando as empresas públicas ou sociedades de economia mista explorarem atividade econômica. Recentemente, em decisão de grande repercussão, o STF entendeu que a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente apenas aos usuários do serviço, não se estendendo a pessoas outras que não ostentem a condição de usuário (RE 262.651/SP, relator Min. Carlos Velloso, DJ de 19/11/2004).
O particular prejudicado só tem direito de acionar o Estado, que pode, por sua vez, acionar o servidor público, nos casos em que este haja agido com dolo ou culpa. 
Recentemente, a Jurisprudência do STF tem admitido a responsabilização do Estado em virtude de atos jurisdicionais, ou seja, praticados por Magistrados quando no desempenho da função judicante (prolatação de sentenças e acórdãos). Os poucos casos que excepcionam a antiga Jurisprudência que pregava que o Estado não é civilmente responsável pelos atos do Poder Judiciário (salvo em casos expressamente declarados em lei) se referem a decisões onde há comprovada má-fe por parte do Magistrado.
Destacamos as seguintes decisões do STF acerca da responsabilidade objetiva do Estado:
“Responsabilidade civil objetiva do Estado. Artigo 37, § 6º, da Constituição. Crime praticado por policial militar durante o período de folga, usando arma da corporação. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Precedentes.” (RE 418.023-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 9-9-08, DJE de 17-10-08). No mesmo sentido: RE 213.525-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 9-12-08, DJE de 6-2-09.
“Morte de preso no interior de estabelecimento prisional. Indenização por danos morais e materiais. Cabimento. Responsabilidade objetiva do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição Federal. Teoria do risco administrativo. Missão do Estado de zelar pela integridade física do preso. Pensão fixada. Hipótese excepcional em que se permite a vinculação ao salário mínimo. Precedentes.” (AI 577.908-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-9-08, DJE de 21-11-08.)
“Consoante dispõe o § 6º do artigo 37 da Carta Federal, respondem as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, descabendo concluir pela legitimação passiva concorrente do agente, inconfundível e incompatível com a previsão constitucional de ressarcimento - direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.” (RE 344.133, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 9-9-08, DJE de 14-11-08)
“Responsabilidade civil do Estado. Artigo 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Latrocínio cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição do Brasil.” (RE 573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-08, DJE de 15-8-08)
"Erro judiciário. Responsabilidade civil objetiva do Estado. Direito à indenização por danos morais decorrentes de condenação desconstituída em revisão criminal e de prisão preventiva. CF, art. 5º, LXXV. C. Pr. Penal, art. 630. O direito à indenização da vítima de erro judiciário e daquela presa além do tempo devido, previsto no art. 5º, LXXV, da Constituição, já era previsto no art. 630 do C. Pr. Penal, com a exceção do caso de ação penal privada e só uma hipótese de exoneração, quando para a condenação tivesse contribuído o próprio réu. A regra constitucional não veio para aditar pressupostos subjetivos à regra geral da responsabilidade fundada no risco administrativo, conforme o art. 37, § 6º, da Lei Fundamental: a partir do entendimento consolidado de que a regra geral é a irresponsabilidade civil do Estado por atos de jurisdição, estabelece que, naqueles casos, a indenização é uma garantia individual e, manifestamente, não a submete à exigência de dolo ou culpa do magistrado. O art. 5º, LXXV, da Constituição: é uma garantia, um mínimo, que nem impede a lei, nem impede eventuais construções doutrinárias que venham a reconhecer a responsabilidade do Estado em hipóteses que não a de erro judiciário stricto sensu, mas de evidente falta objetiva do serviço público da Justiça." (RE 505.393, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 26-6-07, DJ de 5-10-07)
"Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º da Constituição Federal. Faute du service public caracterizada. Estupro cometido por presidiário, fugitivo contumaz, não submetido à regressão de regime prisional como manda a lei. Configuração do nexo de causalidade. Recurso extraordinário desprovido. Impõe-se a responsabilização do Estado quando um condenado submetido a regime prisional aberto pratica, em sete ocasiões, falta grave de evasão, sem que as autoridades responsáveis pela execução da pena lhe apliquem a medida de regressão do regime prisional aplicável à espécie. Tal omissão do Estado constituiu, na espécie, o fator determinante que propiciou ao infrator a oportunidade para praticar o crime de estupro contra menor de 12 anos de idade, justamente no período em que deveria estar recolhido à prisão. Está configurado o nexo de causalidade, uma vez que se a lei de execução penal tivesse sido corretamente aplicada, o condenado dificilmente teria continuado a cumprir a pena nas mesmas condições (regime aberto), e, por conseguinte, não teria tido a oportunidade de evadir-se pela oitava vez e cometer o bárbaro crime de estupro." (RE 409.203, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 7-3-06, DJ de 20-4-07)
"Morte de detento por colegas de carceragem. Indenização por danos morais e materiais. Detento sob a custódia do Estado. Responsabilidadeobjetiva. Teoria do Risco Administrativo. Configuração do nexo de causalidade em função do dever constitucional de guarda (art. 5º, XLIX). Responsabilidade de reparar o dano que prevalece ainda que demonstrada a ausência de culpa dos agentes públicos." (RE 272.839, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 1º-2-05, DJ de 8-4-05). No mesmo sentido: AI 512.698-AgR, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 13-12-05, DJ de 24-2-06.
“A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente aos usuários do serviço, não se estendendo a pessoas outras que não ostentem a condição de usuário. Exegese do art. 37, § 6º, da C.F.” (RE 262.651, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 16-11-04, DJ de 6-5-05)
"Tratando-se de ato omissivo do poder público, a responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, esta numa de suas três vertentes, a negligência, a imperícia ou a imprudência, não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. A falta do serviço — faute du service dos franceses — não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado a terceiro. Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da prisão tempos antes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio." (RE 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 4-11-03, DJ de 27-2-04)
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