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1 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Catia de Souza Maciel Aline Maria Ferreira de Souza dos Reis RESUMO O presente artigo tem por objetivo mostrar a importância do brincar no desenvolvimento e aprendizagem na educação infantil, sob a visão psicopedagógica. Tem como objetivo conhecer o significado do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando também fundamental compreender o universo lúdico, onde a criança comunica-se consigo Mesma. Diante disso serão abordados aspectos de grande importância que mostram o papel do educador nessa fase importante, o cenário se baseia exclusivamente no ambiente escola, ou seja, a escola è sem dúvidas o meio social em que as crianças são inseridas com intuito de formar cidadãos conscientes e éticos. Ainda este estudo traz algumas considerações sobre os jogos, Lúdicos e Brincadeiras de como influenciam na socialização das crianças. Portanto, para realizar este trabalho, foi utilizada à pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Palavras-chave: Brincadeiras; Lúdico; Educação Infantil. 1 INTRODUÇÃO 2 A educação Infantil é a primeira etapa da educação básica. É a fase em que as crianças estão em creches e pré-escolas na busca de uma ação integrada, incorporando as atividades educativas, os cuidados que elas necessitam e suas brincadeiras. Segundo a LDB número 9.394/96 (p. 302: art. 208, incisivo IV) “O dever do estado com educação será efetivado mediante garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade”. ________________________ ¹Aluna da Universidade Estácio de Sá. Artigo apresentado como trabalho de conclusão de curso. 2018- ²Professora Orientadora da Universidade Estácio de Sá. A instituição de Educação Infantil deve assegurar a todas as crianças indiscriminadamente, elementos culturais, enriquecendo seu desenvolvimento e inserção social. Oferecendo a elas condições para aprendizagens por meio de brincadeiras, situações pedagógicas intencionais e aprendizagens ocorridas por meio de supervisão de um adulto, sempre integrado no processo de desenvolvimento infantil. A prática da Educação infantil deve ser organizada de forma que as crianças desenvolvam uma imagem positiva de que possibilite a sua atuação de forma independente, confiando em suas capacidades e percebendo suas limitações. Há muito tempo que brincar é uma atividade das crianças e dos adultos. Na antiguidade, as crianças praticavam de todas as festas, laser e jogos dos adultos, mais em ambientes diferentes. Estes ocorriam em praças públicas, espaços livres Sem a supervisão dos adultos, as crianças Misturavam em grupos de diferentes faixas Etárias e de ambos os sexos. (VELASCO, 1996,39). O Brincar é o principal modo de expressão da Infância. É uma linguagem, por excelência, para a criança aprender, se desenvolver, explorar o mundo, ampliar a percepção sobre ele e sobre si mesma, organizar seu pensamento, trabalhar suas emoções, sua capacidade de iniciativa e de se apropriar da cultura. Assim, garantir na educação infantil um espaço de brincar e assegurar uma educação numa perspectiva criadora e que respeita a criança e seus 3 modos de estar no mundo. Brincar é uma atividade que se aprende na relação com o outro e que sofre contínuas mudanças ao longo do tempo. O jogo na educação infantil é essencial na vida da criança. De inicio tem-se o jogo de exercícios, que é aquele que a criança repete por puro prazer, apreciando seus efeitos. Em uma fase superior surgem os jogos com regras, que são transmitidos socialmente para a criança e por consequência vai aumentando de importância com o processo de seu desenvolvimento social. Para Piaget (1980) o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando jogam possam transformar a realidade. O papel do jogo é muito importante nas áreas de estimulação da pré-escola e é uma das formas mais naturais da criança entrar em contato com a realidade, tendo o jogo simbólico um papel especial. O jogo simbólico é representação corporal e do imaginário, e apesar de nele predominar a fantasia, a atividade psico-motora exercida acaba por prender a criança à realidade. O professor também pode brincar com as crianças, principalmente se elas o convidarem, solicitando sua participação ou intervenção. Mas deve procurar ter o máximo de cuidado respeitando sua brincadeira e ritmo; sem dúvida, esta forma de intervenção é delicada, por ser difícil o adulto participar da brincadeira sem destruí-la; é preciso muita sensibilidade, habilidade e bom nível de observação para participar de forma positiva. 2 JOGOS INFANTIS E SUA IMPORTÂNCIA³ 2.1 A EDUCAÇÃO INFANTIL Na formação do ser humano é muito importante ter experiências vivenciadas de zero a seis anos de idade. O que se constrói nesta fase pode deixar significados positivos de aprendizados, isso, para o resto da vida do indivíduo. A Educação infantil é o momento que faz a criança interagir com o mundo, não só o seu, mas sim com todos os que a cercam e consigo mesma. Na atual LDB, o destaque dado à educação infantil era inexistente nas legislações anteriores. Aqui, a temática é tratada na seção II, do capítulo II, nos seguintes termos: 4 Art.29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade,em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art.30 A educação infantil será oferecida em: I– creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II– pré-escolas para crianças de quatro a seis anos de idade. Art.31 Na educação infantil a avaliação fará – se - á mediante acompanhamento e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. É principalmente na infância que a criança necessita ter uma educação de forma integral, que seja considerada de certa forma incondicional. É preciso ofertar o máximo e o melhor desenvolvimento do educando, considerando-o em aspectos sociais, emocionais, cognitivos e comunicativos. Contudo, Paniagua e Palácios (2007) afirmam que nem sempre os referidos aspectos significam que os mesmos são trabalhados de maneira igualitária. Em geral, algumas áreas tendem a ser mais valorizadas e priorizadas do que outras. O RCNEI esclarece sobre a necessidade de que as instituições públicas de Educação Infantil se libertem, por assim dizer, da ideia de que são escolas para. Pobres e de que somente o cuidar seja oferecido. Assim, encontram-se as orientações no RCNEI. ________________________ ³JOGOS INFANTIS E SUA IMPORTÂNCIA 5 Constituir-se em um equipamento só para pobres, principalmente no caso das instituições de educação infantil, financiadasou mantidas pelo poder público significou em muitas situações atuar de forma compensatória para 15 sanar as supostas faltas e carências das crianças e de suas famílias. A tônica do trabalho institucional foi pau toda por uma visão que estigmatizava a população de baixa renda. Nessa perspectiva, o atendimento era entendido como um favor oferecido para poucos, selecionados por critérios excludentes. A concepção educacional era marcada por características assistencialistas,sem considerar as questões de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade.Modificar essa concepção de educação assistencialista significa atentar para várias questões que vão muito além dos aspectos legais. Envolve, principalmente, assumir as especificidades da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante das crianças pequenas. (BRASIL, 1998, p. 18, v.1). O mesmo destaca a importância de se valorizar atividades lúdicas na Educação Infantil, visto que “as crianças podem incorporar em suas brincadeiras”. “Conhecimentos que foram construindo”. Ainda se observa a valorização do brinquedo, entendidos. Como componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da aprendizagem. Sua presença desponta como um dos indicadores importantes para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de educação infantil. (BRASIL, 199 8, p.67. v. 1). O lúdico na educação infantil é uma estratégia muito prestigiosa que à estimulação do desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem de uma criança. Com o uso desta atividade o resultado é de grande significativa por que desenvolvem as capacidades de atenção, memória, percepção, sensação e todos os aspectos básicos referentes à aprendizagem. De modo geral muitos professores na hora de transmitir conhecimentos têm enorme dificuldade para chamar atenção das crianças, que de forma flexível poderia ser resolvido se o professor optasse por brincadeiras lúdicas para este fim. Brincadeiras direcionadas dão às crianças um ambiente muito prazeroso, permitindo o aprendizado de várias habilidades para a sua vida social e afetiva. A escola e o educador atuam juntos para direcionar certas atividades com o intuito de desmontar alguma brincadeira e focar em um aspecto pedagógico, de 6 modo que estimulem a interação social entre as crianças e desenvolva habilidades intelectuais que respaldem o seu percurso na escola. É muitos benefícios de educar ludicamente, podemos citar: a melhoria da capacidade cognitiva da criança, o aperfeiçoamento da sua capacidade psicomotora, desenvolvimento maior para relacionar-se com seus e novos grupos. A infância é a fase em que as crianças mais brincam. É através das brincadeiras que elas se realizam, expressando seus sentimentos e desejos. A ludicidade é uma das formas mais eficientes para envolver as crianças nas atividades escolares, porque a brincadeira é indispensável à própria criança. O lúdico na educação infantil deve dar ao professor à oportunidade de compreender os significados e a importância das brincadeiras par a educação. Instiga o educador a inserir o lúdico na sua forma de educar, fazendo com que este tenha consciência das vantagens de se educar brincando. Sneyders, (1996) afirma que “Educar é ir em direção à alegria.” Uma vida sem alegria vira chata, invariável, deprimida, com a educação não é dessemelhante. Educação sem ludicidade é desinterresante; é ruim para o professor e muito pior para a criança. É de suma importância o uso de jogos e brincadeiras ao longo do processo pedagógico porque os conteúdos podem ser ministrados de forma agradável e cativante. O lúdico é uma prática indispensável para o desenvolvimento psicomotor e afetivo da criança. Identifica-se que o jogo não é simplesmente um divertimento ou uma distração, é primordial defender seu uso em sala de aula, pois muitas crianças aprendem dez vezes mais por meio de jogo em turma, do que lições exercícios. Friedman, (1996) afirma que os jogos é à atividade substancial na criança e é relevante que contribuísse um dos aspectos principais para o desenvolvimento escolar. Nesse fundamento atentamos com o ensino do lúdico na educação infantil. Este trabalho visa conceituar o Lúdico, mostrar relevância para o desenvolvimento da criança, mostrando sua importância metodológica para o significado ao ato de educar na educação infantil. O mesmo destaca a importância de se valorizar atividades lúdicas na Educação Infantil, visto que “as crianças podem incorporar em suas brincadeiras”. “Conhecimentos que foram construindo”. Ainda se observa a valorização do brinquedo, entendidos. 7 Como componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da aprendizagem. Sua presença desponta como um dos indicadores importantes para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de educação infantil. (BRASIL, 199 8, p.67. v. 1). Brincar é uma atividade que permite que a criança desenvolva por completo e com prazer, tudo isso desde os primeiros anos de vida. Afinal é a brincadeira que faz a criança ser criança, na medida em que a criança vai se desenvolvendo fisicamente, as brincadeiras vão quebrando muros de socialização, numa atividade comum, e ao mesmo aprendem a coexistência, contudo lhes possibilita explorar e aprender a cada passo. 2.2 A CRIANÇA Para Rousseau (2004, p. 69): “A humanidade tem seu lugar na ordem das coisas. E a infância tem o seu na ordem da vida humana”. Nesta formação de educação as crianças não puderam ter certa consideração diferenciada para suas necessidades. Segundo Kramer: Nesse momento, o sentimento de infância corresponde a duas atitudes contraditórias: uma considera a criança ingênua, inocente graciosa e é traduzida pela paparicação dos adultos, e a outra surge simultaneamente à primeira, mas se contrapõe a ela, tornando a criança um ser imperfeito e incompleto, que necessita da “moralização”e da educação feita pelo adulto (KRAMER, 2003, p 18). O mesmo autor ainda fala que: …a ideia de infância (…) aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que mudam a sua inserção e o papel social da criança na comunidade. Se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa de ser cuidada, escolarizada e preparada para uma função futura. Este conceito de infância é, pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade. (KRAMER 2003 p. 19). 8 Na sociedade medieval o sentimento de infância era pouco valorizado. Embora isto não significasse que as crianças fossem rejeitadas ou abandonadas, não significava também grande afeição por elas. “[...] Quando ainda muito pequena e frágil, não podia ainda misturar-se à vida dos adultos, mas tão logo começasse a andar sozinha e a desempenhar pequenas tarefas, a criança se confundia com os adultos”. (AZEVEDO, 1999, p.34-35). Azevedo (1999, p. 35), com base nos estudos de Áries, ainda destaca que: A criança passou de uma posição de anonimato para uma posição de “adulto em miniatura”. Se o primeiro sentimento de infância é um sentimento que surge naturalmentena convivência com a família, o segundo é um sentimento que surge de fora dos confessores e moralistas, que repugnavam a paparicação e que pensavam recuperar, construir, ou ainda, reconstruir a criança para a sociedade, num movimento que toma muita força a partir do século XVIII (AZEVEDO, 1999, p.3 5). Ampliando o conceito tradicional e atual, podemos dizer que a criança é um ser que necessita de todo cuidado, e que está em desenvolvimento. A criança, “como todo ser humano, é um sujeito social e histórico que faz parte de uma organização familiar que está inserida numa sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico” (RCNEI, 1998, p.21). O Parecer 022/1998, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – DCNEI, ao referir-se à concepção de criança possui um olhar mais humano e nos mostra as especificidades do ser criança ao afirmar que elas: “são seres humanos portadores de todas as melhores potencialidades da espécie”: *inteligentes, curiosas, animadas, brincalhonas em busca de relacionamentos gratificantes, pois descobertos entendimento, afeto, amor, brincadeira, bom humor e segurança trazem bem estar e felicidade; *Tagarelas, desvendando todos os sentidos e significados das múltiplas linguagens de comunicação, por onde a vida se explica; *inquietas, pois tudo deve devem ser descoberto e compreendido, num mundo que é sempre novo a cada manhã; *encantadas, fascinadas, solidárias e cooperativas desde que o contexto ao seu redor, e principalmente, nós adulto-educadores, saibamos responder, provocar e apoiar o encantamento, a fascinação, que levam ao conhecimento, à generosidade e à participação (BRASIL, 1998). 9 Nesta mesma vertente, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil-RCNEI destaca que: A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com um a determinada cultura, em um determinado momento histórico. [...]. As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e como meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos (BRASIL,1998, p.21). É importante lembrar que cada criança tem seu ritmo próprio e características individuais, todas precisam de cuidados em todos os tempos, embora todas passem pelas fases ou etapas do desenvolvimento humano, mas não necessariamente associadas à idade cronológica. Durante o processo de desenvolvimento físico, moral e social de uma criança, é importante destacar que onde elas estão inseridas e as brincadeiras e jogos, espontâneas ou dirigidas poderão contribuir de grande forma concreta para a sua formação integral. Maluf mostra que: “... É importante a criança brincar, pois ela irá se desenvolver permeada por relações cotidianas, e assim vai construindo sua identidade, a imagem de si e do mundo que acerca” (MALUF, 2003, p.20). A criança é um ser sociável que relaciona com o mundo que a cerca de acordo com sua compreensão e potencialidades e, brinca espontaneamente para a mente e o corpo dela. 2.1 O brincar e o desenvolvimento psicomotor O brincar tem um papel muito significativo no desenvolvimento infantil, pios representa o desejo, colabora com o surgimento das expressões psicomotoras de maneira harmoniosa e prazerosa. (VELASCO, 1996) Para Velasco (1996, p.27) o desenvolvimento motor obedece à estruturação de três condutas: 10 Condutas motoras de base: - equilíbrio: começa a ser elaborada na medida em que a criança muda sua posição corporal da horizontal para a vertical. Nas brincadeiras há a estimulação para o equilíbrio, que acompanha a atenção e a concentração. -coordenação dinâmica geral: para dominar esta maturação motora, a criança precisa dominar suas sensações e percepções: visual, auditiva, sinestésica e tátil. -respiração consciente: a criança oxigeniza seu organismo adequadamente (salva por doenças respiratórias), é esta respiração que energiza a criança motoramente, daí sua agitação. Condutas neuro-motoras: - esquema corporal: é através das relações com meio, com objetos e pessoas, que haja, além da interação e neurológica, a interação motora da criança em relação ao meio ambiente. Os estímulos representam grande importância nas respostas motoras e psicomotoras. -Lateralidade: o brincar oferece a possibilidade de experimentação global do corpo da criança. Condutas perceptivo-motoras: -orientação corporal: é uma conduta perceptiva motora que surge na criança por volta dos 5 anos, pois primeiro ela sente, depois usa e somente mais tarde controla seu corpo. - orientação espacial: é pelo ritmo dos acontecimentos, num contexto de rotina, que a criança adquire a noção temporal necessária para conviver com a antes e depois, com passado e futuro. Para que as crianças exercitem sua capacidade de criar é necessário que haja riqueza e diversidades nas experientes que lhe são oferecidas, sejam elas em casa ou na escola, voltadas às brincadeiras ou a aprendizagem. Segundo RCN’S (1998, P. 27): A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que o “não- brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe ofereceu o conteúdo a realiza-se. Neste sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhe novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. Quando a criança brinca, os gestos, sinais, objetos e espaços significam outra coisa que realmente é, pois estão sempre recriando e repensando os acontecimentos de origem, sabendo que estão brincando. Elas assumem outros papéis enquanto brincam, e desta forma estão agindo frente à realidade 11 de maneira não literal, transformando suas ações do cotidiano pelas características do papel sumido no ato de brincar. Brincando a criança estará favorecendo sua autoestima contribuindo também para interiorizar determinados valores. Nas brincadeiras as crianças transformam os conceitos já adquiridos em conceitos gerais, com os quais ela brinca. Pela experiência de vivenciar brincadeiras imaginarias e criadas por ela mesma, fazendo com que acionem seus pensamentos para a resolução de problemas, o que muito importante e significativo no seu desenvolvimento. O brincar pode ser representado de várias maneiras, diferenciadas pelo material ou o recurso aplicado, incluindo: o movimento e as mudanças de percepção; a relação com os jogos e suas propriedades físicas; combinação e associação; a linguagem oral e gestual; os conteúdos sociais; limites definidos pelas regras. Podemos citar 3 modalidades básicas de brincar: 1) O faz de conta; 2) O brincar com material de construção; 3) O brincar com regras. Estas modalidades propiciam as crianças ampliar seus conhecimentos infantis por meio de atividades lúdicas. 2.2 BrincadeirasA brincadeira surge na vida da criança, já no útero da mãe, com os reflexos considerados como respostas estimuladas a sensações prazerosas. Quando bebê a criança se diverte com o próprio corpo, esta é uma atividade lúdica do seu primeiro ano de vida. A partir do segundo ano a criança brinca de renovar sua realidade, representando o mundo a sua volta, conversando com amigos imaginários, imitando os animais, ela vive no mundo da fantasia. Em torno dos 4 anos a criança começa a se aproximar da realidade, quando brinca imita o adulto, dando banho em bonecas, cuida dela como se fosse sua mãe, jogando futebol igual o pai assiste. Para a criança a brincadeira gira em torno da espontaneidade e da imaginação. As brincadeiras são criadas e recriadas a todo o momento, mas sempre deixam um sorriso no das crianças. 12 A brincadeira constrói a personalidade da criança e é uma parcela muito importante na sua vida. Pois ela cria normas e funções com significado para aquela determinada brincadeira, relacionado com o mundo que conhece, onde os personagens de sua história atual assumem novos papéis em sua vida mais tarde. (VELASCO, 1996) 2.3 Os brinquedos e o desenvolvimento infantil Como Piaget (1980) nos diz, a criança passa por diferentes estágios em seu desenvolvimento. Cada estágio com sua particularidade e suas necessidades. Com os brinquedos não são diferentes, a cada estágio, a criança precisa ser estimulada de formas diferenciadas, devendo se respeitar seus interesses e aptidões, oferecendo-lhes brinquedos apropriados a sua faixa etária. No primeiro estágio, sensório-motor (0 a 2 anos), a criança passa dos comportamentos reflexivos para os automáticos, chegando aos voluntários. Ela precisa explorar o seu ambiente para fazer novas descobertas. Neste estágio os brinquedos devem promover essa evolução motora. EX: brinquedos de encaixe. No segundo estágio, pré-operacional (2 a 7 anos), encontramos por volta dos 2 a 4 anos, uma criança que opera por meio de representação simbólica, evidenciada na imaginação. Os brinquedos desta faixa etária devem ser em pilhagem, modelagem e construção. Já dos Três (3) aos cinco (5) anos, a criança está num período de grande criatividade, dramatizando tudo que o rodeia, colocando sua fantasia em quase todas as situações reais. Brinquedos indicados: carrinhos e bonecas. No período pré-operacional intuitivo (4 a 7 anos), a criança começa a acumular conhecimentos, existe maior atenção e concentração em suas atividades, sociais, ela começa a aceitar as regras e brincar em grupo. Os brinquedos são acessórios para a criação da criança, podendo ser de construção, materiais de desenho e modelagem, jogos de grupos. 13 2.4 O LUDICO DESPERTANDO A CRIATIVIDADE E O DESENVOLVIMENTO DA IMAGINAÇÃO Brincando que a criança vai coordenando suas relações emocionais: isso dá possibilidade para desenvolver relações emocionais; isso dá possibilidade para desenvolver relações sociais, descobrindo-se e aceitando a presença dos outros. Segundo Marzollo e Lloyd: A criatividade é basicamente uma atitude que ocorrem facilmente entre as crianças pequenas, mas que precisa ser mantida e reforçada para não ser sacrificada no nosso mundo excessivamente lógico. (MARZOLLO E LLOYD 1972, A criatividade está localizada no domínio cognitivo, mas representa uma ação mais forte sobre o domínio afetivo, e tem referência com a expressão pessoal e compreensão das emoções, pensamentos e ideias. Outro pressuposto que a criança desenvolve ao se envolver em jogos e brincadeiras pedagógicas integrar incorporar regras socialmente pré-estabelecidas, se desenvolvendo perante a sociedade, e gerando o conhecimento que há regras que devem ser seguidas e tipos de comportamentos mais adequado perante as outras pessoas, conforme afirma Kishimoto: “Brincando (...) as crianças aprendem (...), a cooperar com os companheiros (...), a obedecer às regras do jogo (...), a respeitar os direitos dos outros (...) a acatar a autoridade (...), a assumir responsabilidade, (...), a aceitar penalidades, que lhe são impostas (...), a dar oportunidades aos demais (...) enfim, a viver em sociedade.”(KISHIMOTO2003,p110) As instituições de ensino devem estar preparadas para esta didática, professores e pedagogo com conhecimento especificam nesta área e preparação adequada para enfrentar as adversidades e desenvolver nos alunos um processo de aprendizagem, com base na comunicação e atividades que despertem a atenção e afeição dos alunos por atividades lúdicas. Como afirma Friedman: (1996, p.22) “O movimento é, sobretudo para a criança pequena, uma forma de expressão e mostra a relação existente entre a 14 ação, pensamento e linguagem.” Outro autor que salienta a importância da fase da imaginação o processo de desenvolvimento de todas as fases é Kishimoto: Ao estimular a imaginação das crianças durante a brincadeira, os pais tomam-se mediadores do processo de construção do conhecimento, fazendo com que elas passem de um estágio de desenvolvimento para outro. Também ao brincar, as crianças podem se beneficiar com a sensação de maior segurança e liberdade (KISHIMOTO 1997, p.115) Quando compreendemos no instante em que a criança joga ou brinca, ela está se desenvolvendo, expressando sua realidade e cultura, tornando-se mais crítica através dos questionamentos, das regras e papéis sociais, estimulando sua curiosidade, autoconfiança, autonomia, linguagem, concentração e imaginação entenderão o papel que esta atividade tem no desenvolvimento infantil. Por isso é muito importante criar um desenvolvimento infantil, e jogos e brincadeiras desempenham um papel fundamental para esta fase da criança. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com esta pesquisa pode-se verificar a real importância do brincar, na Educação Infantil. A criança quando brinca desenvolve sua imaginação, seu pensamento, seu raciocínio, além de melhorar sua vida social e emocional, e quando convenientemente planejados, são um recurso pedagógico eficaz para a construção do conhecimento. Os jogos podem ser utilizados para introduzir, para amadurecer conteúdos e preparar o aluno para dominar os conceitos trabalhados. A brincadeira é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente na escola desde a educação infantil para que o aluno possa se colocar e se expressa através de atividades lúdicas – considerando-se como lúdicas as brincadeiras, os jogos, a música, a arte, a expressão corporal, ou seja, atividades mantenham a espontaneidade das crianças. 15 Brincar é fonte de laser, mas é, simultaneamente, fonte de conhecimento; é esta dupla natureza que leva a considerar o brincar parte integrante da atividade educativa. Além de possibilitar o exercício daquilo que é próprio no processo de desenvolvimento e aprendizagem, brincar é uma situação em que a criança constitui significados, sendo forma tanto para a assimilação dos papeis sociais e compreensão das relações efetivas que ocorrem em seu meio, como para a construção do conhecimento. O jogo e a brincadeira são sempre situações em que a criança realiza, constrói e se apropria de conhecimentos das mais diversas ordens. Eles possibilitam, igualmente, a construção de categorias e a ampliação dos conceitos das várias áreas do conhecimento. Neste aspecto, o brincar assume papel didático e pode ser explorado no processo educativo. O processo de aprendizagem implica a realização de atividades que levam a construção dosconceitos que constituem o referido conteúdo, através das informações que ele contém. A utilização do brincar como recurso pedagógico tem de ser vista, primeiramente, com cautela e clareza. Brincar é uma atividade essencialmente lúdica; se deixar de ser fica descaracterizado como jogo ou brincadeira. Inclui o jogo e a brincadeira na educação infantil, tem como pressuposto, então, o duplo aspecto de servir ao desenvolvimento da criança, enquanto indivíduo, e a construção do conhecimento, processos estes intimamente interligados. O brincar na educação infantil tem também a função informativa para o professor. Ao observar uma brincadeira e as afinidades entre as crianças em sua realização, o educador aprende bastante sobre seus interesses, podendo perceber o nível de realização em que elas se encontram suas possibilidades de interação, sua habilidade para conduzir-se de acordo com as regras do jogo, assim como suas experiências do cotidiano e as regras de comportamento reveladas pelo jogo de faz de conta. O processo pedagógico vivido deixa claro que, ao educador cabe, então, tendo em vista a compreensão e o conhecimento da evolução das crianças, pensar que tipo de atividade propor, tendo clareza de intenção, isto é, sabendo o que as crianças podem desenvolver coma atividade proposta. 16 Os jogos são importantes na educação infantil, mas antes disso são importantes para a vida. A vida, do nascimento à morte, propõe-nos questões fundamentais sobre nosso corpo, diferenças identidades e convenções culturais. Por meio do problema da pesquisa, atingiu-se o objetivo que era o de verificar qual é a importância do brincar para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil. E percebeu-se que é de extrema importância que a criança tenha a oportunidade de se desenvolver por meio de brincadeiras, pois esta possibilita a ampliação das habilidades motoras, bem como dos aspectos sociais e emocionais. Cabe também ao profissional da Educação Infantil a responsabilidade em proporcionar momentos bem planejados envolvendo a brincadeira, atuando como organizador participante e observador das brincadeiras, dando a oportunidade para que a criança possa criar, desenvolvendo sua autonomia. Entendemos que brincando a criança aprende com muito prazer, dando ênfase que o brinquedo, é o caminho para as crianças compreenderem o mundo em que vivem e também são chamadas a revolucionar. Com o brincar a criança experimenta, exercita, descobre, cria, vivendo assim uma experiência que enriquece sua capacidade de se tornar um ser humano criativo. Kishimoto (1994, p. 13) nos fala que: “O jogo como promotor da aprendizagem e do desenvolvimento passa a ser considerado nas práticas escolares como importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações lúdicas como jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos conteúdos culturais a serem veiculados na escola.” (KISHIMOTO, 1994, p. 13) Da seguinte forma, a uma necessidade do professor de pensar e cuidar em seu planejamento as atividades lúdicas impostas, deve lembrar que o jogo e a brincadeira exigem confrontos, negociações e trocas, promovendo conquistas cognitivas, emocionais e sócias. Para VYGOTSKY (1989, p. 84) “As crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira, a criação de situações imaginaria surge de tensão do indivíduo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da realidade.” E A guiar (1998) ainda fala que: 17 Brincando e jogando, a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis e sua futura atuação profissional e social, tais afetividade, o hábito de permanecer concentrada e outras habilidades perceptuais e/ ou psicomotoras, pois brincando, a criança torna-se operativa” (AGUIAR, 1998). O lúdico não pode ser deixado de lado, essa ferramenta pedagógica é muito viável tanto para os professores quanto para os alunos. É através dela, que a educação estará em um processo contínuo. Nesse novo conceito a brincadeira no processo educativo deve ser incluída nas experiências que compõem as aprendizagens das crianças nas dimensões, como: linguagem oral e escrita, linguagem artísticas, questões relativas à natureza e sociedade, conhecimentos matemáticos, corpo e movimento entre tantas outras coisas. Nesse sentido, ela ser uma atividade diária no cotidiano da Educação Infantil, possibilitando à criança aprender pelo brincar, criar e renovar as brincadeiras e fortalecer suas culturas lúdicas. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília. MEC/SEF. Vol. 1. 1998 ZACHARIAS, Vera Lúcia C. F. O jogo na Educação Infantil. Disponível em www.centrorefeducacional.com Acesso em outubro de 2018 VELASCO, Casilda Gonçalves. Brincar, o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint, 1996. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2008. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília. MEC/SEF. Vol. 2. 1998 18 SNEYDERS, Georges. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. KRAMER, Sônia. 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