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TCC - Pedagogia - BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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46
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PEDAGOGIA
KEILA DE ARAUJO BATISTA SILVA
A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
SÃO GONÇALO
2020
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PEDAGOGIA
KEILA DE ARAUJO BATISTA SILVA
A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
São Gonçalo
2020
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE PEDAGOGIA
KEILA DE ARAUJO BATISTA SILVA
A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trabalho de Conclusão de curso apresentado à Banca Examinadora da Universidade Estácio de Sá – UNESA, Alcântara, como requisito parcial para obtenção de grau de Licenciatura em Pedagogia.
Orientadora: Prof.ª Flavia Ernesto de Oliveira da Silva Alves.
São Gonçalo 
2020
Ficha catalográfica elaborada por Andrea Gomes Valente CRB-7: 4775 (
SI586b
Silva, Keila de Araujo 
Batista
 
A brincadeira na educação infantil.
 / 
Keila de Araujo Batista Silva
. – São Gonçalo: [s. n.],
 2020
.
47
 p.
Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Pedagogia –
 Universidade Estácio de Sá, 2020
.
 
Brincar
. 2. 
Brincadeiras
. 3. 
Brincadeira no processo de aprendizagem
. 4. 
Brincadeiras
, aprendizagem
. 5. 
Aprendizagem Lúdica
. 6. 
Educação infantil, brincadeiras
. 7. 
Educação infantil, jogos
. 8. 
Brincadeiras no desenvolvimento da criança
. 9. 
Jogos lúdicos
. 10. 
Desenvolvimento infantil. 11. Práticas pedagógicas
. I. Título.
371.3079
)
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, a todos que me apoiam e apoiaram de forma direta ou indireta nesta longa caminhada de estudante, especialmente a minha mãe Ester Araujo, a meus irmãos, ao meu esposo Mauro Sérgio e a minha amiga Valeria Fernandes estes que deram a maior força nos momentos mais difíceis da minha trajetória acadêmica.
AGRADECIMENTOS
 Agradeço primeiramente a Deus que me iluminou, guiando meus passos durante essa caminhada e a minha família pela força, dedicação, paciência e pelos bons ensinamentos, por ser minha base, e me apoiar durante todos os momentos.
 A meus amigos de trabalho, companheiros de sala, e todos que se fizeram presentes, acompanhando cada momento, apoiando-me para seguir em frente mesmo diante das muitas diversidades encontradas.
 A professora orientadora Flavia Ernesto de Oliveira da Silva Alves, que acreditou em meu trabalho, orientou, incentivando para sua concretização.
 Aos demais professores deste instituto, pelo estímulo, motivação e aprendizado durante toda essa trajetória acadêmica, em especial a professora Rosane Maris, por muitas vezes me agracia com palavras incentivadoras e não deixar eu desistir.
“A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à prática educativa.“
   ( Jean Piaget)
RESUMO
O presente trabalho visa analisar a importância do brincar no desenvolvimento e aprendizagem na educação infantil. Tem como objetivo conhecer o significado do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando-se também fundamental compreender o universo lúdico, onde a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona no ensino-aprendizagem infantil. Ainda este estudo traz algumas considerações sobre os jogos, brincadeiras e brinquedos e como influenciam na socialização das crianças. Portanto, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Desta forma, este estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da importância do brincar na vida do ser humano, e, em especial na vida da criança.
Palavras-chaves: Brincar, Aprendizagem, Desenvolvimento, Crianças, Afetividade.
ABSTRACT
This work aims to analyze the importance of playing in development and learning in early childhood education. It aims to know the meaning of playing, conceptualize the main terms used to designate the act of playing, making it also essential to understand the playful universe, where the child communicates with himself and with the world, accepts the existence of others, it establishes social relationships, builds knowledge, fully developing itself, and also, the benefits that playing provides in children's teaching-learning. This study also brings some considerations about games, play and toys and how they influence children's socialization. Therefore, to carry out this work, we use bibliographic research, based on the reflection of reading books, articles, magazines and websites, as well as research by great authors regarding this topic. In this way, this study will provide a more conscious reading about the importance of playing in the human being's life, and, especially in the child's life.
Keywords: Play, Learning, Development, Children, affection.
Sumário
1 Introdução	9
1.1 Apresentação do tema.	9
1.2 Definições do Problema	12
1.3 Questões norteadoras	12
1.4 Objetivos	13
1.4.1 Objetivo Geral	13
1.4.2 Objetivos Específicos	13
1.5 Justificativa	13
1.6 Revisões de literatura	13
1.7 Procedimentos Metodológicos	25
2. Histórico da Educação Infantil no Brasil	26
2.1 O brincar para o RCNEI, (Referencial curricular nacional para a educação infantil).	27
2.2  - A importância do brincar na educação infantil	28
2.3 Tipos de brinquedos e brincadeiras na educação infantil	31
2.4. Contextualizando o brincar	33
2.5 Diferenças entre jogos brinquedos e brincadeiras	34
3. A Importância da Afetividade na Educação Infantil	35
CONSIDERAÇÕES FINAIS	40
A BRINCADEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
CAPÍTULO I
1 Introdução
1.1 Apresentação do tema.
Relembrar e escrever sobre minha trajetória de vida até chegar ao tema não foi nada fácil, porque me levou à reflexão sobre minhas atitudes no passado, no presente, além de pensar cada vez mais no futuro.
Ao cursar a Pré-escola hoje chamada de Educação infantil onde de acordo com os Artigos 29 e 30 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 visa o desenvolvimento integral das crianças de 0 a 5 anos de idade. Foi ai que acredito que neste momento já me apaixonei pelo mundo da educação, sempre tive professores maravilhosos, com poucas exceções. Onde sempre acreditaram que minha imaginação e meu jeito carinhoso com todos iriam me levar a grandes conquistas. Em uma escola de cidade do interior que te preparava para o trabalho rural, sempre tive momentos marcantes juntamente com meus colegas de brincadeiras e cantigas de rodas, jogos e atividades manuais que trago comigo até hoje. São lembranças que, apesar de distantes, estão tão vivas na memória e que por estarem assim, me fazem apreciar tanto a educação.
Ao término desta fase, iniciava-se uma nova e desafiadora etapa, e que neste momento, exigia de mim algo a mais: o aprender a ler e escrever, a entrada da letra cursiva em minha alfabetização e, como algo ainda mais radical, a rotina do dever de casa – algo até então inexistente na caminhada educacional. Não tive muita dificuldade  com os números, porém com as letras tive alguns problemas com seus diferentes sons. Mas quando todos os sons começaram a fazer sentido na minha vida, me encantei e percebi como a leitura é muito importante na vida e no processo educacional, pois traz benefícios inquestionáveis ao ser humano. Sem dúvida, é uma forma de lazer e de prazer, de aquisição de conhecimentos” (SOARES, 2000, p. 19). Além disso, no decorrer dos meus estudos até os dias atuais, passei a considerar, que a leitura não fornece apenas a aprendizagem em si, mas também enriquecimento cultural, ampliação das condições de convívio social e de interação. Neste sentido, acredito que o desenvolvimento do meu interesse e da minha capacidade de leitura pode contribuir, automaticamente, para o sucesso de minha escolarização. 
No Ensino Médio, tive que mudarde colégio – fui para um colégio na cidade, mais próxima. Tenho ótimas recordações daquela escola, onde aprendi muito. Nesta, conheci várias pessoas, aprendi o que é ser diferente, fiz novas amizades, me apaixonei pela primeira vez. Boas lembranças... Mas, por questão de precisar trabalhar, terminei meu Ensino Médio à noite no programa de  ensino de jovens e adultos o EJA.
Nos dois últimos anos do Ensino Médio, umas das coisas que mais me marcaram foram as feiras de ciências, as olimpíadas esportivas e as festas de fim de ano, em que todos do colégio se mobilizaram e tornaram aquele lugar ainda mais especial. Aqueles momentos da minha trajetória escolar estavam permeados de ações lúdicas feitas com muito afeto e foram momentos de grande aprendizagem, que me auxiliaram no crescimento profissional e pessoal; momentos onde presenciei, na prática, que o lúdico não se resumia ao divertir-se sem fundamento (OLIVEIRA, 2000), e percebi sua complexidade, mesmo sem possuir algum conhecimento específico do assunto.
Concluindo o Ensino Médio em 2000, e com certa falta de condições financeiras para cursar uma Universidade, me dediquei somente ao trabalho nas áreas administrativas. Sempre me destacando na elaboração e apresentação de reuniões cheias de dinâmicas e trabalhos em grupos, com o passar do tempo comecei a ministrar aulas nas salas do Ministério Infantil da igreja onde congrego. Neste momento senti vontade de voltar a estudar e me inscrevi no vestibular, passei e reiniciei meus estudos, após tantos anos, no segundo semestre de 2016, no mesmo período comecei a trabalhar em um colégio de bairro com Auxiliar de Professora.
Ainda incerta do rumo educacional que seguiria e sem conhecer o amplo espaço da educação, fui cursando as disciplinas obrigatórias e optativas do curso de acordo com o fluxo. O primeiro semestre do curso é uma grande introdução à Universidade e o que é a educação. Ainda é visível aquele clima pós-vestibular. A primeira disciplina que me chamou atenção foi “Didática ”, que já trazia uma introdução da pedagogia e que trata dos preceitos científicos e orientam as atividades educativas de modo a torná-las mais eficientes. Claro que ajudou muito que a professora que ministra esta disciplina é apaixonada pela educação infantil e pelos métodos lúdicos.
Outra disciplina que me envolveu naquele semestre foi “Psicologia da Educação”. Sempre me interessei pela área da Psicologia, e esta somente aumentou meu interesse. Em resumo, aquela disciplina mostra-se como um contato básico com os teóricos que vamos estudar ao longo de todo curso, como, por exemplo, Vygotsky, Piaget e Wallon, entre outros.
Cursando a Universidade e trabalhando em uma turma de Educação Infantil, conseguia sempre colocar a teoria em prática, com o espaço que minha coordenadora foi me cedendo, este tipo de experiência foi de grande importância para meu desenvolvimento. 
Durante o estágio obrigatório, confeccionei materiais lúdicos pedagógicos para realizar oficinas educativas com os alunos, e ministrei uma aula. Foi uma experiência inesquecível que me mostrou muito mais do que o caminho que gostaria de seguir na educação – ensinou-me a romper com preconceitos e me tornar uma profissional melhor através do ensino com a metodologia lúdica.
Cada dia era um prazer e uma honra estar ali, e perceber o crescimento educacional e social daquelas crianças por meio de atividades construídas e pensadas para serem mais prazerosas e produtivas às mesmas.
Era impressionante presenciar conceitos adquiridos em sala de aula na prática e desmistificar determinadas teorias e considerações discutidas no ambiente acadêmico. Um dos conceitos que mais vivenciei foi o do brincar orientado como forma de ensino, que, segundo Kishimoto (2002), é a apropriação do brincar como uma ação livre ou orientada com base na teoria Froebeliana, especificamente, pelo fato de Froebel considerar o brincar como uma atividade livre e espontânea, e os dons e atividades, um suporte para o ensino.
Durante o curso, vivenciei os debates da educação – que são amplos e complexos, e aprendi que a educação é um caminho de melhora, tanto do ser humano quanto numa esfera maior. Realizar o curso de Pedagogia foi algo memorável! Encontrei no curso de Pedagogia não somente a minha profissão, mas um rumo a seguir, que me faz acreditar que posso fazer a diferença e construir um caminho melhor com a educação.
O brincar na educação sempre me instigou dada sua importância para o desenvolvimento do ser humano. Neste sentido, é com o presente estudo que buscou identificar como a utilização do método lúdico influencia na relação estabelecida entre o professor e os seus alunos de educação infantil, no processo de ensino aprendizagem.
Enfim, pude unir minhas paixões no intuito de produzir um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que venha levar outros a se apaixonarem também pela referida temática. E já que com a educação podemos mudar o mundo, porque não mudarmos o mundo de forma prazerosa?
1.2 Definições do Problema
Qual a importância do brincar para a criança? Como pode agregar algo no aprendizado da criança? Há como trabalhar os conteúdos através de brincadeiras? O afeto e a ludicidade caminham juntos? Essas questões levantadas nos levam a parar e pensar se o brincar tem tido seu papel dentro da educação infantil. Pois ao refletir e pelo tempo que tivemos a oportunidade de observar, vemos que o brincar não tem sua devida importância levado em conta dentro da sala de aula, onde muitas vezes as atividades são passadas de forma didatizada, tirando a liberdade de expressão e criatividade da criança. O aprendizado pode ser adquirido através de jogos e brincadeiras, pois assim não se bloqueia a criatividade da mesma, pois é algo natural dela inseri-la neste novo ambiente da melhor forma. Outra questão seria trabalhar os conteúdos através das brincadeiras, que além de ser possível de inúmeros jogos, a professora torna a aula mais dinâmica, atraente e divertida. Sem nunca esquecer que estamos lidando com crianças que estão muitas das vezes saindo do ambiente familiar pela primeira vez, então trabalhar esta introdução ao mundo escolar com a ludicidade, com carinho, amor e respeito fará toda a diferença para a adaptação da mesma.
1.3 Questões norteadoras
Como é entendida a Educação Infantil?  
Como as brincadeiras contribuem na Educação Infantil?  
Como o uso das brincadeiras contribui no aprendizado na Educação Infantil?  
O afeto e a ludicidade caminham juntos?
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo Geral 
Compreender qual a função pedagógica do afeto, dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil, qual a contribuição destas para a aprendizagem e possibilitar à criança uma vivência lúdica criativa, estimulando o resgate de valores.
1.4.2 Objetivos Específicos 
Definir como é entendida a Educação Infantil.
Identificar como as brincadeiras contribuem na Educação Infantil.
Especificar como as brincadeiras contribuem para o aprendizado na Educação Infantil. 
Identificar e compreender como o afeto contribui na Educação Infantil.
Vivenciar, a partir de jogos e brincadeiras, laços de companheirismo e vínculos afetivos.
1.5 Justificativa
Como o lúdico e o afeto é algo natural na vida do ser humano, deve ser usado como base para o aprendizado. Assim trazendo ao aluno a oportunidade de se expressar através de seus sentimentos, de sua criatividade, espontaneidade e porque a criança desde cedo precisa tornar se capaz de entender como funcionam regras, que é um passo para a liberdade e convivência social.
1.6 Revisões de literatura
Para dar base teórica ao projeto, primeiramente vamos saber o significado da palavra “lúdico”, a sua origem vem da palavra “ludus” que quer dizer jogo, mas essa palavra evoluiu levando em conta as pesquisas sobre psicomotricidade, de modo que deixou de apenas ter o sentido de jogo. O lúdico faz parte da atividade humana, tendo suas características na espontaneidade, funcionalidade e sendo satisfatório, não importando só o resultado, mas a ação e o momento vivenciado.
Esse projetovisa incorporar aos diversos ambientes educacionais, formais ou não as atividades lúdicas como base para o desenvolvimento cognitivo, assim:
É fundamental que se assegure à criança o tempo e os espaços para que o caráter lúdico do lazer seja vivenciado com intensidade capaz de formar base sólida para a criatividade e a participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de viver, e viver, como diz a canção... como se fora brincadeira de roda...(MARCELINO, NELSON C., 1996. p.38)
Como vemos, o lúdico é algo prazeroso e intenso, essencial para a base de aprendizado.
A ação de brincar, segundo Almeida(1994), “é algo natural da criança e por não ser uma atividade sistematizada e estruturada, acaba sendo a própria expressão de vida da criança”.
E RIZZI e HAYDT (1987), convergem para a mesma perspectiva quando afirmam: "O brincar corresponde a um impulso da criança, e este sentido, satisfaz uma necessidade interior, pois, o ser humano apresenta uma tendência lúdica”.
Podemos ver novamente como o brincar é natural na vida da criança, podendo ser explorado no ambiente educacional, trazendo satisfação nessa nova etapa da vida da criança.
Para ALMEIDA (1997), “O marco da questão da ludicidade é a Grécia, onde Platão já afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados com jogos educativos, praticados pelos dois sexos, em jardins de crianças”.
Podemos ver que desde muito tempo o ato de aprender brincando era usado, reforçando ainda mais a importância das atividades lúdicas.
Dessa forma, segundo WARSCHAU ER (1993), “viver o lúdico na sala de aula significa abrir espaço para o prazer, considerando a educação com a vida presente, sendo esta a melhor forma para se preparar para o futuro.”.
A atividade lúdica livre, separada, incerta, improdutiva, governada por regras e caracterizada pelo “faz de conta”. É uma atividade bastante consciente, mas fora da vida rotineira, não séria e que absorve a pessoa intensamente. Ela se processa dentro de seus próprios limites de tempo e espaço de acordo com regras fixas e de um modo ordenado. (BARBANTI, 2003 p. 75).
O brincar dá à criança  e as diversas capacidades fundamentais para o seu desenvolvimento, pois ao brincar ela interage com seu próximo, criando situações de aprendizagem, informações e trocando experiências.
O jogo infantil é caracterizado normalmente pelos sinais de prazer ou da alegria da criança participante, pois ao brincar ela sorri e se diverte, processo esse que traz diversos efeitos positivos para o desenvolvimento corporal, moral e social da criança. (KISHIMOTO, 2002).
A ludicidade trabalha na vida da criança em vários aspectos, não só na questão das matérias do eixo educacional, mas interfere e de forma positiva no seu caráter como cidadão, o educando na sua forma de agir com as pessoas, no respeito ao próximo, mas é está à intencionalidade do praticante que determina o caráter lúdico que se acredita estar presente em todos os jogos e brincadeiras.
Segundo Santos (1999), “é possível perceber que o brincar está em todas as dimensões da existência humana e, principalmente, na vida das crianças.”.
Quando a criança chega à escola, ela traz consigo uma gama enorme de conhecimento oriundo de atividades lúdicas que ela já exercia em seu ambiente familiar e social. Muitas vezes esses conhecimentos prévios, não são tratados com a devida atenção e importância que merecem, sendo postos de lado, separando a realidade vivida por ela de seus novos conhecimentos.
Os jogos e brincadeiras são ferramentas de extrema importância para a contribuição do desenvolvimento pleno da criança, mas podemos notar que muitas vezes no decorrer dos anos escolares as atividades que envolvem a ludicidade têm-se tornado escassa, sendo supervalorizadas as chamadas ”habilidades acadêmicas”, deixando de lado o brincar e crianças em pleno desenvolvimento vão sendo “engessadas”, se assim podemos nos expressar. A uma descrição de uma vivência desse modelo de aprendizagem na Educação Infantil:
Um caso exemplar pode ilustrar a obsessão da educação infantil com as habilidades acadêmicas: em uma visita a creche (...) pudemos presenciar uma cena representativa da concepção de creche como escola. (...) no berçário, além das pessoas que cuidavam das necessidades corriqueiras das crianças, havia uma professora com a função específica de estimulação, chamada, apropriadamente, “a estimuladora”. Quando entramos na sala, vimos duas crianças (de um ano e um mês e um ano e três meses) sentadas a uma pequena mesa, segurando pincel atômico e riscando um papel. Uma das crianças parou o “trabalho” e olhou para nós. A estimuladora se abaixou, pegou a mão da criança e girou-a para riscar o papel. (LORDELO E CARVALHO, 2003 p.16).
Por muitas vezes tanto as instituições, quanto as famílias criam expectativas de ver a criança nos anos iniciais do ensino fundamental já lendo e escrevendo, acarretando um prejuízo a essa etapa da vida escolar, onde o brincar é importante para o desenvolvimento infantil. No caso acima se acredita que a ludicidade não se faz presente, assim a criança dificilmente sentirá prazer ao aprender dessa forma.
Ainda podemos chamar a atenção para o ensino das letras e números usando essas práticas pedagógicas em que brincadeiras aparecem para tal aprendizado, mas que na prática acaba se restringindo ao recreio e atividades ao ar livre. Compreende-se ainda que:
É preciso respeitar as características do desenvolvimento infantil. O letramento e a aquisição da linguagem requerem a construção de representações mentais, de significações para os códigos escritos. Não é pelo ensino mecânico de símbolos escritos que se chega à linguagem. É preciso que a atividade simbólica, responsável pelas representações construídas nas brincadeiras e atividades, seja experimentada para que a criança possa construir sua linguagem. (KISHIMOTO, 2001 p.9).
Assim pode-se entender que o universo lúdico tem muito a oferecer e faz se necessário que, as instituições de ensino valorizem o brincar como uma atividade curricular rica, que possa ser explorada para propiciar a criança em diversos aspectos para um desenvolvimento social completo. Não negligenciar essa fase e não se respeitar, pois é na ludicidade que a criança aprende de forma prazerosa, incentivando seu interesse pela vida escolar.
A finalidade de uma educação lúdica é desenvolver na criança habilidades físicas e intelectuais, tornando-os conscientes, criativos, críticos, promovendo a interação social, despertando assim, acima de tudo um gosto pela escola, pela busca do conhecimento, criando uma ligação forte entre o aluno e a escola.
De acordo com o RCNEI (2001), “A ludicidade está diretamente ligada com o educar, cuidar e brincar. No universo infantil por meio da ludicidade a criança consegue se desenvolver com mais facilidade.”.
Ainda de acordo com o RCNEI (2001), “é no brincar que a criança conhece os diferentes vínculos entre as características do papel assumido, suas competências e as relações que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando para outras situações.”.
O brincar é uma necessidade básica da criança, assim como a nutrição, a saúde, a habitação e a educação.
O lúdico é uma maneira que o indivíduo tem de expressar-se e integrar-se ao ambiente que o cerca. Por meio das atividades lúdicas ele assimila valores, adquire conhecimento em diversas áreas do conhecimento, desenvolve o comportamento e aprimora as habilidades motoras. Também aprende a assumir responsabilidades e se torna sociável e mais crítico. Por meio do lúdico o raciocínio é estimulado de forma prazerosa e a motivação em aprender é resgatada. (SANTOS, 1999).
Além de o lúdico contribuir para o aprendizado e construção social da criança, ele pode resgatar no homem a motivação para aprender, então em todas as fases da vida o lúdico pode ser instigado para estimular, desenvolver e ajudar o indivíduo a integrar-se ao meio.
A finalidade da educação infantil consta no artigo 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96): “A educaçãoinfantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seu aspecto físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.
Já as diretrizes atuais para a educação infantil enfatiza no artigo 4º da Resolução nº 5/2009 que:
“as propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas de vivencia”. Desse modo, é preciso compreender que a criança constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura” (BRASIL, 2009).
Esse texto do BRASIL reforça essa proposta de ensino porque põe a criança como o centro do planejamento curricular e não tem como pensar na criança, sem pensar no brincar, no lúdico.
O brincar é agradável por si mesmo, aqui e agora. Na perspectiva da criança, brinca-se pelo prazer de brincar, e não porque suas consequências sejam eventualmente positivas ou preparatórias de alguma outra coisa. No brincar, objetivos, meios e resultados tornam-se indissociáveis e enredam a criança em uma atividade gostosa por si mesma, pelo que proporcionou no momento de sua realização. Este é o caráter autotélico do brincar. Do ponto de vista do desenvolvimento, essa característica é fundamental, pois possibilita à criança aprender consigo mesma e com os objetos ou pessoas envolvidas nas brincadeiras, nos limites de suas possibilidades e de seu repertório. Esses elementos, ao serem mobilizados nas brincadeiras, organizam-se de muitos modos, criam conflitos e projeções, concebem diálogos, praticam argumentações, resolvem ou possibilitam o enfrentamento de problemas (MACEDO, 2005 p. 14).
Em outras palavras, jogos e brincadeiras, não só ensinam como geram zonas de desenvolvimento proximal porque instiga a criança, cada vez mais a experimentar novas habilidades, controlar seu comportamento, buscando coisas que ainda não aprenderam, operando mentalmente, impulsionando novas funções no pensamento.
...ainda que se possa comparar a relação brinquedo-desenvolvimento à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo proporciona um campo muito mais amplo para as mudanças quanto à necessidade e consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação de propósitos voluntários e a formação de planos de vida reais e impulsos volitivos aparecem ao longo do brinquedo, fazendo do mesmo o ponto mais elevado do desenvolvimento pré-escolar. A criança avança essencialmente através da atividade lúdica. Somente neste sentido pode se considerar o brinquedo como uma atividade condutora que determina a evolução da criança (VYGOTSKY, 1991 p. 156).
Se ignorarmos as necessidades da criança e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança acentuada nas motivações, tendências e incentivos... se não entendermos o caráter especial dessas necessidades, não poderemos entender a singularidade do brinquedo como uma forma de atividade. (VYGOTSKY, 1994 p. 105, 106).
Se observarmos uma criança em seu primeiro ano de vida, chegaremos à conclusão de, que é nesse primeiro ano o período no qual ela mais se desenvolve, sendo a fase de estímulos lúdicos, onde o que ela tem de mais natural floresce e ela adquire os melhores resultados, no que se diz respeito a desenvolvimento e aprendizagem, por esse motivo não podemos ignorar essa necessidade da criança.
Segundo Cunha (1994), “o adulto trabalhador de amanhã é, hoje, a criança que brinca muito. A criança que hoje participa de jogos e brincadeiras saberá trabalhar em grupo.”.
Há melhor aprendizado que este, saber viver em sociedade, pois precisamos lidar com pessoas o tempo todo e viver bem.
Ainda continuando, segundo Cunha (1994), “se hoje aprende a aceitar as regras do jogo, amanhã será capaz de respeitar as normas sociais.”.
Os jogos precisam de regras para funcionar, assim como a vida em sociedade precisa de regras também para funcionar, as regras trazem ordem para o mundo e possibilita a convivência com outras pessoas, deste modo através dos jogos às crianças já vão ganhando essa percepção e desde cedo começam a praticar atitudes de um cidadão educado.
Para Kishimoto (2007), “brincando as crianças aprendem a cooperar com os companheiros, obedecer às regras do jogo, respeitar os direitos dos outros, acatar a autoridade, assumir responsabilidades...”.
Torna a criança um cidadão íntegro, que respeita o seu próximo, consciente de suas responsabilidades, se indo muito além do que uma simples aula mecânica pode oferecer.
Ainda para Kishimoto (2007), “aceitar penalidades que lhe são impostas, dar oportunidades aos amigos e com tudo isso a criança aprende a viver em sociedade.”.
Aprender a viver em sociedade é o que o ser humano precisa aprender, pois ele não está só, ele vive no meio de uma comunidade e precisa contribuir de forma a viver em paz com a mesma.
Para Rousseau (1968), “as crianças têm maneira de ver, sentir e pensar que lhes são próprias e só aprende através da conquista ativa, ou seja, quando elas participam de um processo que corresponde à sua alegria natural.”.
Froebel (1826) diz, “que a educação mais eficiente é aquela que proporciona atividade, auto expressão e participação social às crianças.”.
A escola precisa despertar, estimular e considerar a criança como criadora e produtiva e o educador deve fazer do lúdico uma arte, instrumento para promoção da educação, fazendo com que a criança use de sua auto expressão.
Ainda os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) ressaltam “que para as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta.”.
Esse é o papel da escola, oferecer riqueza nos conteúdos, diversidades nas propostas, pois a educação é um bem precioso para a consolidação de uma nação, para um melhor futuro para um país e quem forma esse país? A população, as pessoas que parte da vida passa dentro de instituições de ensino, onde parte do seu caráter é construído.
Segundo Freire (2002), “[...] não significando com isso uma hipertrofia da consciência do eu, mas simplesmente uma incapacidade momentânea da criança de descentrar-se; isto é, de colocar-se em outro ponto de vista que não o próprio”.
O jogo cumpre um papel fundamental no desenvolvimento do psiquismo por contribuir com a superação do egocentrismo cognitivo, propiciando a capacidade de descentralizar o pensamento para reconhecer outros pontos de vista e coordena-los num sistema de operações composto de ações inter-relacionadas. O jogo se apresenta como uma atividade em que se opera o “descentramento” cognoscitivo e emocional da criança. Vemos aí a enorme importância que o jogo tem para o desenvolvimento intelectual. E não se trata apenas de que no jogo se formam ou se desenvolvem operações intelectuais soltas, mas de que muda radicalmente a posição da criança em face do mundo circundante e forma-se o mecanismo próprio da possível mudança de posições e coordenação do critério de um com outros critérios possíveis. (ELKONIN, 1998, p.413).
A criança passa por um período em que se vê como o centro das atenções e como as atividades que envolvem o brincar necessitam da interação com outro a criança começa a perceber que há outros além dela, causando a descentralização da criança, que há outras vontades, outros pensamentos, levando a consciência que não existe só as suas vontades e que o outro ao seu lado também tem suas necessidades, e, precisam ser respeitadas para que consigam viver, brincar juntos, descentralizando o seu “eu” e colocando em cena o “nós”, o começo para aprenderviver em sociedade.
Para Vygotsky e Lúria (1996) “gradativamente, o ser humano aprende a usar racionalmente suas capacidades naturais... O ambiente se torna interiorizado; o comportamento torna-se social e cultural não só em seu conteúdo, mas também em seus mecanismos, em seus meios.”.
O brincar é fundamental para o nosso desenvolvimento. É a principal atividade das crianças quando não estão dedicadas às suas necessidades de sobrevivência (repouso, alimentação, etc.). Todas as crianças brincam se não estão cansadas, doentes ou impedidas. Brincar é envolvente, interessante e informativo. Envolvente porque coloca a criança em um contexto de interação em que suas atividades físicas e fantasiosas, bem como os objetos que servem de projeção ou suporte delas, fazem parte de um mesmo contínuo topológico. Interessante porque canaliza, orienta, organiza as energias da criança, dando-lhes forma de atividade ou ocupação. Informativo porque, nesse contexto, ela pode aprender sobre as características dos objetos, os conteúdos pensados ou imaginados. (MACEDO, PETTY e PASSOS, 2005, P.13,14).
O brincar faz parte da vida da criança e por isso deve fazer parte das atividades do dia a dia, na escola, porque torna o aprendizado mais envolvente e interessante na medida de suas necessidades.
Ainda no entendimento de Lopes (2002), “a criança aprende brincando, é o exercício que a faz desenvolver suas potencialidades”.
O exercício do brincar desenvolve o potencial da criança o que o torna mais valoroso, porque o potencial é o que a criança tem de mais especial.
E ainda segundo VYGOTSKY (1994), “afirma que o prazer não pode ser considerado a característica definidora do brinquedo, como muitos pensam. O brinquedo, na verdade, preenche necessidades, entendendo-se estas necessidades como motivos que impelem a criança à ação”.
Segundo PIAGET (1967), “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”.
O jogo é um caso típico das condutas negligenciadas pela escola tradicional, dado o fato de parecerem destituídas de significado funcional. Para a pedagogia correta, é apenas um descanso ou o desgaste de um excedente de energia. Mas esta visão simplista não explica nem a importância que as crianças atribuem aos jogos e muito menos a forma constante de que se revestem os jogos infantis, simbolismo ou ficção (PIAGET, 1972, p.156).
A escola tradicional ainda negligencia o ensino através do lúdico, pensando servir somente para a diversão, sem fornecer conhecimento apropriado para o crescimento intelectual da criança, mas através de estudos podemos chegar a conclusão que é o contrário, pois os jogos e brincadeiras são ferramentas importantes na construção do saber.
O jogo como o desenvolvimento infantil, evolui de um simples jogo de exercício, passando pelo jogo simbólico e o de construção, até chegar ao jogo social. No primeiro deles, a atividade lúdica refere-se ao movimento corporal sem verbalização; o segundo é o faz de conta, a fantasia; o jogo de construção é uma espécie de transição para o social. Por fim, o jogo social é aquele marcado pela atividade coletiva de intensificar trocas e a consideração pelas regras (FREIRE, 2002, p.69).
O jogo se desenvolve como uma criança, por isso que é tão importante para seu desenvolvimento, pois tem singularidades com a mesma, sendo de fácil compreensão as atividades propostas através do mesmo.
De acordo com Freire (2002), “O jogo contém um elemento de motivação que poucas atividades teriam para a primeira infância: o prazer da atividade lúdica”.
O brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo, o brinquedo educativo conquistou espaço na educação infantil. Quando a criança está desenvolvendo uma habilidade na separação de cores comuns no quebra cabeça à função educativa e os lúdicos estão presentes, a criança com sua criatividade consegue montar um castelo até mesmo com o quebra cabeça, através disto utiliza o lúdico com a ajuda do professor. (KISHIMOTO, 2001, p.36,37).
Diferente do jogo, o brinquedo dá mais liberdade para a criança, ao contrário do jogo onde tem se regras para aprender e obedecer, com o brinquedo a brincadeira é livre, dando “asas à imaginação”, liberdade para a criatividade e com o auxílio do professor essa criatividade pode ser usada para adquirir conhecimentos específicos dentro do processo escolar.
A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo por isso, indispensável à prática educativa. E, pelo fato de o jogo ser um meio tão poderoso para a aprendizagem das crianças que em todo lugar onde se consegue transformar em jogo a iniciação da leitura, ao cálculo ou à ortografia, observa-se que as crianças se apaixonam por essas ocupações, geralmente tidas como maçante (AGUIAR, 1998, p.37).
Mais do que libertadora, o ensino através do lúdico atrai as crianças, despertando um sentimento de prazer, apaixonando-as pelo saber, porque essa forma de aprender lhes faz bem, lhes instiga a querer mais, a buscar mais, a aprender mais e mais.
Se analisarmos a relação de não seriedade (e descompromisso) do jogo, isso não significa que o jogo não é sério, pelo contrário, muitas formas de jogo são extremamente sérias: a seriedade procura excluir o jogo, ao passo que o jogo pode muito bem incluir a seriedade. (GALLARDO, 1998, p.112).
O aprendizado adquirido através do jogo é sério, pois é algo que vai influenciar o caráter do futuro cidadão.
Para Antunes (2002), “Jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcando por etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhem o progresso dos alunos”.
E ainda segundo Antunes (2002), “Os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento”.
As atividades com o lúdico precisam ter uma finalidade, que ensinar brincando, por isso precisam ser elaboradas com seriedade para contribuir com o desenvolvimento do aluno de forma positiva, abrangendo todas as áreas de ensino.
Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, à função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo (KISHIMOTO, 2001, p.83).
Dessa forma o brinquedo apresenta uma função educativa, pode ser tratado como material educativo, assim dá para se ter um “leque” maior de opções de jogos nas escolas.
Conforme Santos (1997), “a formação lúdica possibilita ao educador: conhecer-se como pessoa, saber suas possibilidades e limitações, ter visão sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, jovem e do adulto”.
Aos profissionais de diferentes áreas, comprometidos com o processo de formação e educação social, cabe-lhes a responsabilidade de forjar um saber especial, um 10 saber que estimule e motive os sujeitos sociais à alegria de estar no mundo. Ao absolver o sonho, a fantasia, a alegria, como elementos de complementaridade e harmonização dos saberes na vida, melhora-se, também, a qualidade de vida, na medida em que amplia-se o horizonte de possibilidades das relações sociais, interações e formas de comunicação, permitindo sentimentos de segurança que levam, afloram manifestações de curiosidade, ludicidade, responsabilidade e felicidade. (FRANÇA, 2000 P.8).
O professor não pode se conformar com uma realidade que muitas vezes não está funcionando, mas precisa assumir seu papel como cidadão, capaz de intervir e melhorar essa realidade, pois ao concluir que o jogo pode exercer influência positiva na construção do futuro cidadão, é seu dever trabalhar em favor da educação. Infelizmente, a falta de interesse ou devido à má formação de alguns profissionais, essasatividades são postas de lado, sendo usada com um simples passatempo, quando não estão devidamente preparados para a aula ou na hora dos intervalos.
Conforme Fortuna (2001), “brincar e aprender ensinam ao professor, por meio de sua ação, observação e reflexão, incessantemente renovadas, como e o que o aluno conhece”.
Até o professor desenvolve sua cognição, pois ao observar que a criança esta aprendendo e vendo seus objetivos sendo alcançado, ele automaticamente torna se parte integrante desse sistema.
É fundamental enfatizarmos a importância do professor literalmente “trazer a rua e a vida” para a sala de aula, fazendo com que seus alunos percebam os fundamentos da matéria que ensina na aplicação da realidade. Usar uma construção em argila, móbiles ou montagens para estudar o movimento ou perceber o deslocamento do ar, tudo é uma série de atividade, se refletidas e depois idealizadas por uma equipe docente verdadeiramente empenhada, transposta para uma estruturação de projetos pedagógicos, põem facilmente se traduzir em inúmeros recursos que associam a inteligência sinestésica corporal e outras ao fantástico mundo da ciência, o delicioso êxtase pelo mundo do saber. (ANTUNES, 2002, p.155-156).
Mas para que o lúdico traga esse benefício, faz se necessário que o professor da educação infantil trabalhe de forma interdisciplinar, apresentando um ensino com aplicação na realidade.
Paulo Freire (1996), diz “que o professor precisa pensar certo para só então ensinar a pensar certo, deforma cônscia e autônoma, com certeza de seus sentimentos e valorizando o cognitivo de cada aprendiz”.
O lúdico envolve o brincar, o brinquedo e o jogo. Levando para a sala de aula qualquer um deles, de forma séria, com responsabilidade, para se alcançar metas necessárias ao desenvolvimento cognitivo, físico e social da criança, o professor cumpre o seu papel ao elencar a criança como centro do planejamento educacional.
O brincar faz parte da vida da criança, é parte de como ela se desenvolve nos primeiros anos, formando a base para agregar os mais diversos aprendizados e conhecimentos que vão ser apresentado a ela ao longo de sua vida, construindo um cidadão crítico, capaz de entender o melhor para si e para a sociedade.
1.7 Procedimentos Metodológicos
Para maior aprofundamento da pesquisa, serão necessários utilizar-se de alguns instrumentos tais como experiências e levantamentos bibliográficos de autores que falam sobre o tema proposto onde  se buscou adquirir informações e explicações para solucionar dúvidas que sugiram diante da escolha do tema, para a realização da pesquisa em questão onde foi utilizado como metodologia o enfoque qualitativo e descritivo, através da pesquisa bibliográfica para a fundamentação teórica e a pesquisa de campo.
Desta forma, a pesquisa qualitativa que, de acordo com ( Minayo, 1999), é a abordagem que exprime qualidades sobre o fato estudado, mas que não tem por objetivo alcançar a verdade, diante do que é certo ou errado, mas que primeiramente tem a preocupação de compreender à lógica que faz parte da prática perante a realidade vivenciada.
Para (Gil,1991), a pesquisa descritiva descreve as características essenciais da população/fenômeno/estabelecimento estudado diante de relações entre variáveis, ao qual tem o envolvimento da utilização de técnicas para obter os dados através de questionários e observações no ambiente estudado, sendo desta forma realizado um levantamento das informações necessárias para serem analisados os fatos.
A fundamentação teórica, segundo Cervo (2007), é realizar um levantamento bibliográfico onde são expostos os resultados, diante de leituras e anotações, sendo de forma totalmente teórico, sem apresentar nenhum tipo de observações no ambiente de pesquisa para se chegar a tal enfoque, e desta forma é realizada a citação de diversos autores que possuem a mesma linha de pensamento para que desta forma seja direcionado o raciocínio que leva a conclusão.
A pesquisa de campo para Godoy (1995) é um método utilizado para observar o ambiente estudado, mas que não enumera os fatos, nem usa de meios estatísticos para analisar os dados, aos quais são adquiridas informações descritivas sobre as pessoas, os lugares e processos interativos através do contato direto do pesquisador com a situação estudada, sendo compreendidas as situações diante dos sujeitos que fazem parte do estudo.
CAPÍTULO II
2. Histórico da Educação Infantil no Brasil 
A história de atendimento à criança em idade anterior à escolaridade obrigatória foi marcada, em grande parte, por ações que priorizaram a guarda das crianças. Em geral, a educação infantil, e em particular as Creches, destinava-se ao atendimento de crianças pobres e organizava-se com base na lógica da pobreza, isto é, os serviços prestados – seja pelo poder público seja por entidades religiosas e filantrópicas não eram considerados um direito das crianças e de suas famílias, mas sim uma doação, que se fazia e muitas vezes ainda se faz sem grandes investimentos. 
A Constituição de 1988 representou um grande avanço, ao estabelecer como dever do Estado, por meio dos municípios, garantia à Educação Infantil, com acesso para todas as crianças de 0 a 6 anos a creches e pré-escolas. Essa conquista da sociedade significou uma mudança de concepção. A Educação Infantil deixava de se constituir em caridade para se transformar, ainda que apenas legalmente, em obrigação do Estado e direito da criança. 
No Brasil, grande número de ambientes destinados à educação de crianças com menos de seis anos funciona em condições precárias. Serviços básicos como água, esgoto sanitário e energia elétrica não estão disponíveis para muitas creches e pré-escolas. 
Além da precariedade ou mesmo da ausência de serviços básicos, outros elementos referentes à infraestrutura atingem tanto a saúde física quanto o desenvolvimento integral das crianças. Entre eles está a inexistência de áreas externas ou espaços alternativos que propiciem às crianças a possibilidade de estar ao ar livre, em atividade de movimentação ampla, tendo seu espaço de convivência, de brincadeira e de exploração do ambiente enriquecido. 
O crescimento na educação infantil se deu por meio de um processo de modernização e industrialização no Brasil, e com isso, houve o aumento da demanda por instituições de educação infantil decorrente da inserção, cada vez maior, da mulher no mercado de trabalho. 
No Brasil, a educação da criança pequena fora do espaço doméstico e do convívio familiar, iniciou-se no final do século XIX a partir de diversos contextos de demandas, como forma de combate à pobreza, na perspectiva do estado, como salário complementar, na perspectiva familiar (DUARTE, 2012 P 03). 
No ano de 1988, com o aparecimento das leis da Constituição Federal, a educação passou a ser considerada como um direito de todas as crianças, e dever do Estado, onde se teve uma melhoria na formação profissional e o número de instituições aumentou. 
A Constituição Federal - CF de 1988, em seu artigo 208, inciso IV, determina como "(o dever do Estado com a educação às crianças de zero a cinco anos) será efetivado mediante garantia de atendimento em creche e pré-escola.”. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) regulamenta a Educação Infantil, definindo-a como primeira etapa da Educação Básica e indicando como sua finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. 
A escola é um direito da criança, direito esse assegurado também pelo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), até os três anos, as crianças são atendidas nas creches, após isso, até os seis anos de idade, são atendidas nas Pré - escolas. 
2.1 O brincar para o RCNEI, (Referencial curricular nacional para a educação infantil). 
Este documento é de grande valia na educação nacional, pois ele integra a série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, PCNs, elaborados pelo Ministérioda Educação atendendo às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96). Ele é considerado um avanço na educação infantil ao buscar soluções educativas para a superação, de um lado, da tradição assistencialista das creches e, de outro, da marca da antecipação da escolaridade das pré-escolas. Seu principal objetivo é o de servir como um guia de reflexão de cunho educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam diretamente com crianças de zero a cinco anos, respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural brasileira. 
De acordo com o RCNEI, a brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o “não brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. 
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que estão brincando. O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos. 
O brincar favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa, contribuindo, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil.
2.2  - A importância do brincar na educação infantil 
Na educação infantil é importante que os educandos convivam em ambientes que possam manipular objetos tais como brinquedos e interagindo com as outras crianças e principalmente que possam aprender, pois o lúdico é uma importante forma de comunicação. De acordo com o Referencial Curricular para a Educação Infantil, (RCNEI, 1998), o brincar funciona como um cenário no qual as crianças tornam-se capazes não só de imitar a vida como também de transformá-la. É através disso que a criança forma conceitos, seleciona ideias, percepções e socializa. É interessante ressaltar também que este é uma atividade que auxilia na formação e socialização, desenvolvendo habilidades psicomotoras, sociais, físicas, afetivas, cognitivas e emocionais, pois através disso os pequenos expõem seus sentimentos, aprendem, constroem, exploram, pensam, sentem, reinventam e se movimentam. 
É interessante destacar, que o trabalho de Piaget (1979) sobre o desenvolvimento cognitivo passa por várias etapas, porém, deve-se destacar uma das fases por prudência a este período específico. O desenvolvimento infantil ocorre por meio do período pré-operatório (02 a 07 anos) iniciando o desenvolvimento da criança com o aparecimento da atividade de representação que modifica as condutas práticas, ou seja, a criança passa a fantasiar e imitar o que vê. Segundo o referido autor as primeiras reconstituições linguísticas de ações surgem junto à reprodução de situações ausentes, através da brincadeira simbólica e da imitação, quando a criança começa a verbalizar o que só realizava motoramente. O pensamento da criança entre 02 e 07 anos é dominado pela representação imagética de caráter simbólico, onde ela trata as imagens como verdadeiras substitutas do objeto.
Com os esquemas cognitivos pré-estabelecidos nessa faixa etária a mesma está em uma fase da sua vida marcada por uma intensa mudança, essa é a fase pré-escolar que requer competências cognitivas específicas para um bom desempenho escolar.
O brincar favorece o aprendizado, pois é brincando que o ser humano se torna apto a viver numa ordem social e num mundo culturalmente simbólico, sendo também o mais completo dos processos educativos, pois influencia o intelecto, o emocional e o corpo da criança. De acordo com Kishimoto (1996) a atividade lúdica pode apresentar-se de três formas: o jogo, brinquedos e brincadeiras, em que cada uma dessas atividades possui características distintas, mas semelhantes nas formas de desenvolvimento cognitivo e ao prazer proporcionado por eles. 
O lúdico faz parte da especificidade infantil e oportuniza a criança no seu desenvolvimento na busca de sua completude, seu saber, seus conhecimentos e suas expectativas de mundo. Por ser importante para as crianças, a atividade lúdica e suas múltiplas possibilidades podem e devem ser utilizadas como recursos de aprendizagem e desenvolvimento. Neste sentido, Piaget (1976, p. 160), salienta que:
O jogo é, portanto, sob suas duas formas essenciais de exercício sensório – motor e de simbolismo uma assimilação da real atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função de suas necessidades múltiplas do eu. Sendo assim, os métodos ativos de educação das crianças exigem que se forneça um material conveniente, a fim de que, jogando elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais, que nem isso permanecem exteriores à inteligência infantil.
É inegável que o desenvolvimento infantil se dá em seu próprio cotidiano através do lúdico na escola, e os educadores precisam se adaptar a isso, tentando programar essa prática no momento da realização das atividades escolares. Apesar dos desafios enfrentados diariamente, eles precisam inovar e enriquecer sua metodologia a todo instante.
Endossando a temática, Kishimoto (1994 p.16) [...] afirma que o jogo pode ser visto como "o resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social; um sistema de regras; e um objeto" [...]. Esses três aspectos permitem a compreensão do jogo, diferenciando significados atribuídos por culturas diferentes, pelas regras e objetos que o caracterizam, e o brinquedo é compreendido como um suporte da brincadeira, ou seja, o brinquedo estará representado por bonecas, carrinhos, etc. Sendo assim, a prática do brincar, traz às crianças, sensação de prazer, nas quais elas aprendem enquanto brincam, e através disso melhoram também seus aspectos físicos motores e psicomotores facilitando o processo de aprendizagem.
Isso acontece a partir do uso de um objeto como se fosse outro (por exemplo, quando uma criança utiliza um cabo de vassoura como se fosse um cavalinho), de uma situação para outra (quando uma criança brinca de casinha representando situações da vida cotidiana). É nesse período que criança é egocêntrica, por não possuir esquemas conceituais e lógicos seu pensamento é um misto de fantasia e realidade dificultando sua percepção sobre a real situação, dessa forma a mesma não tem a capacidade de colocar-se no lugar do outro atribuindo seu próprio pensamento a objetos, é o que chamamos de animismo (por exemplo, quando uma criança diz que sua boneca está triste e chorando).
O contato com o lúdico faz com que a criança experimente o poder de explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressá-lo por meio de variadas linguagens. Mas, é no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. Enfim, sua importância se relaciona com a cultura da infância, que coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver.
2.3 Tipos de brinquedos e brincadeiras na educação infantil
	
Há diversos tipos de brinquedos e brincadeiras para serem desenvolvidas com crianças nas turmas de educação infantil, que é uma faixa etária que compreende crianças de zero até cinco anos de idade. 
O brinquedo educativo vem atuandocomo um dos principais suportes no ensino de crianças, tornando – se um recurso didático importante na aprendizagem, pois a criança aprende enquanto se diverte. 
Ao manipular e explorar os objetos, elas se comunicam com outras crianças e adultos, desenvolvem suas múltiplas linguagens e inteligências aprendendo a organizar seus próprios pensamentos, descobrir regras, promover a socialização e a integração ao grupo. 
Vejamos alguns tipos de brinquedos e brincadeiras que ocupam lugar de destaque nas práticas pedagógicas atualmente. O jogo simbólico ou faz de conta pode ser compreendido como a representação corporal do imaginário e apesar de predominar a fantasia a atividade psicomotora exercida acaba por prender a criança à realidade. 
Por meio do jogo simbólico cria um mundo imaginário onde representa seus sentimentos da sua vida real e dessa forma a criança consegue exprimir através de brincadeiras algo que não conseguiria exprimir por palavras. Dentre as principais características do jogo simbólico, estão: A liberdade de regras, o desenvolvimento da fantasia e da imaginação, lógica da realidade, e assimilação da realidade ao “eu”. O jogo simbólico faz com que a criança exercita não só sua capacidade de pensamento, ou seja, representar simbolicamente suas ações, mas também, suas habilidades motoras.
As brincadeiras de faz de conta fazem com que a criança possa representar diferentes papéis sociais, expressando suas necessidades, medos e sentimentos, sendo a oportunidade para desenvolverem a identidade, o autoconhecimento, a imaginação, a socialização e a psicomotricidade. 
· O quebra – cabeças: que facilita o ensino de formas e cores por ser um brinquedo de encaixe brinquedos de tabuleiro. 
· Amarelinha: que é uma brincadeira tão tradicional entre as crianças brasileiras também é chamado de marré, academia, etc.; 
· Bobinho: Nessa brincadeira, os jogadores vão jogando a bola um para o outro, e o objetivo do bobinho é pegar a bola. Se conseguir, quem chutou ou lançou a bola pela última vez será o novo bobinho. Pode ser brincado com os pés ou com as mãos; 
· Bolinhas de sabão: Tradicionalmente é só adquire-se uma folha de qualquer árvore e corta-se tirando a folha e enrolando a parte mais fina criando um círculo. Faz-se em um copo de espuma de sabão, mergulha-se o cipó e em seguida sopra-se bem de leve fazendo-se as bolas que estarão soltas no ar. Hoje podendo se usado qualquer objeto arredondado e água com sabão que dali se faz toda a diversão; 
· Ciranda: Uma brincadeira tradicional muito utilizada brinca-se cantando em roda com duas ou mais crianças. Exemplos de músicas mais cantadas: O Circo pegou fogo, palhaço deu sinal, acuda, acuda, acuda a bandeira nacional, Brasil, ou ciranda cirandinha vamos todos cirandar...; 
· Morto - Vivo: Quando se fala “Morto” para todos se abaixarem e “Vivo” para se levantarem e quem errar sai da brincadeira. O vencedor é aquele que ficar por último. 
Assim, a realização dessas atividades trazem as crianças o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. 
A brincadeira pode ser individual ou coletiva, onde há a existência de regras, porém elas não limitam a ação lúdica, a criança pode modificá-las, ou seja, pode existir maior liberdade de ação com as crianças.
 
2.4. Contextualizando o brincar
A brincadeira, no RCNEI, é concebida como uma linguagem infantil que mantém um vínculo com aquilo que é o ‘não brincar’ (BRASIL, 1998, p. 27), ocorrendo, com elementos da imaginação, do uso de simbolismos, da linguagem simbólica. Brincando ela expande uma grande quantidade de emoções, pela variedade de brincadeiras que vivencia, organiza melhor o seu mundo interior. E o mais importante, através do brincar acaba aprendendo de forma prazerosa, transformando um simples conhecimento em uma aprendizagem significativa. 
Para Vygotsky (1991), é por meio da brincadeira que o sujeito pode apresentar significados sociais historicamente produzidos, como também novos, apropriados nas interações estabelecidas com seus pares e com os adultos. Ou seja, o desenvolvimento ocorre socialmente em meio ao que acontece no cotidiano e por meio da interação com as outras pessoas, assim sendo, as crianças imitam os adultos. O conhecimento da criança acontece por meio da imitação do adulto ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes do relato, de um colega ou de cenas assistidas na televisão em livros, entre outros. A linguagem oral e gestual oferece vários níveis de organização a serem utilizados para brincar, os conteúdos sociais, situações de valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constroem. 
No pensamento de Jean Piaget (1998), á linguagem e o pensamento possuem filiação genética que passa por três formas de pensamento, que são o pensamento autístico, que é subconsciente, ou seja, os problemas não se encontram presentes na consciência, o pensamento egocêntrico, que é aquele que assimila a ação propriamente dita, não levando em conta as relações segundo o ponto de vista desta última; e o pensamento inteligente, que é a forma única e definitiva do pensamento, que acontece entre os sete e oito anos de idade. 
O uso de símbolos é uma nova etapa no desenvolvimento infantil, pois permite que a inteligência prática ou sensório-motora predominante até então, torne-se conceitual. O cognitivo pode ser concebido como um instrumento indispensável para se usar a linguagem de forma adequada, pois quando o sujeito se aproxima dos estágios das operações formais, consegue abastecer-se de material verbal e não mais tão concreto como nos períodos anteriores. 
A organização do espaço deve ser de acordo com a faixa etária dos educandos, onde o ambiente seja composto por objetos e linguagens que retratem a cultura e o meio social em que a criança está inserida. Brincando nos espaços com seus brinquedos e objetos variados escolhendo o espaço que deseja brincar com quem deseja brincar é uma atividade essencial, pois, as trocas de saberes ocorrerão naturalmente através das diversas linguagens sejam elas corporal, gestual, musical retratando a realidade de cada um. A criança ao agir com fantasia é estimulada a usar de criatividade, usando como parâmetro o seu mundo infantil, (HANK, 2006). 
Sendo assim, o uso dos jogos das brincadeiras e do brincar nas práticas pedagógicas, é um avanço para a Educação Infantil, visto que o lúdico oferece condições de sociabilidade, levando a criança a se organizar mutuamente nas ações e intensificando a comunicação e a cooperação. 
2.5 Diferenças entre jogos brinquedos e brincadeiras 
Os jogos, os brinquedos e brincadeiras, são elementos que ajudam no desenvolvimento da coordenação motora, do raciocínio lógico e do psicossocial, promovendo também a coletividade. Através desses três elementos, as crianças aprendem a construir seu mundo. O jogo pode contribuir de forma significativa no desenvolvimento do ser humano e pode ser entendido como uma atividade constituída por um determinado número de regras. Alguns autores apontam opiniões diferentes acerca das diferenças existentes entre jogo, brinquedo, e brincadeira. 
Segundo Piaget (1976, p 160) "os jogos não são apenas uma forma de desabafo ou entretenimento, para gastar energias das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual". Ou seja, o jogo é um importante meio de o aluno adquirir a aprendizagem desejada, pois eles são elementos que ajudam no desenvolvimento das capacidades, como por exemplo raciocínio lógico, e não são só formas de diversão. 
Em Vygotsky, (1998 p, 112) a visão de brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal, ou seja, quer dizer é a capacidade que a criança possui, pois na brincadeira a criança comporta-se num nível onde ultrapassa o que está habituada a fazer, funcionandocomo se fosse maior do que é. O jogo traz oportunidade para o preenchimento de necessidades irrealizáveis e também a possibilidade para exercitar-se no domínio do simbolismo. 
Enquanto que para Barreto (1998), brincadeira é a atividade lúdica livre, separada, incerta, improdutiva, governada por regras e caracterizada pelo faz de conta. É uma atividade bastante consciente, mas fora da vida rotineira e não séria, que absorve a pessoa intensamente. Ela se processa dentro de seus próprios limites de tempo e espaço de acordo com regras fixas e de um modo ordenado. 
De acordo com Kishimoto (1994), diferentemente do jogo, o brinquedo supõe uma relação com a criança e uma abertura, e indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. Ele está em relação direta com uma imagem que se evoca de um aspecto da realidade e que o jogador pode manipular. Ao contrário, jogos, como xadrez, construção, implicam de modo explícito ou implícito, o desempenho de certas habilidades definidas por uma estrutura preexistente no próprio objeto e suas regras. O brinquedo propõe um mundo imaginário da criança e do adulto criador do objeto lúdico (p, 108). 
Assim, fazendo distinção entre jogo e brincadeira pode-se dizer que o jogo é a atividade com regras que definem uma disputa “que serve para brincar” e brincadeira é o ato ou efeito de brincar, entreter-se, distrair-se com um brinquedo ou jogo. Ao tentar estabelecer a diferença entre jogos e brincadeiras, chega-se à conclusão de que o jogo é uma brincadeira com regras e a brincadeira, um jogo sem regras. O jogo se origina do brincar ao mesmo tempo em que é o brincar. 
CAPÍTULO III
3. A Importância da Afetividade na Educação Infantil
É no lar que a criança adquire as primeiras experiências afetivas. É com a mãe que o bebê tem seu primeiro contato afetivo e no decorrer desse contato é que se estabelecerão novos vínculos.
Falar sobre afetividade fica impossível sem mencionar Jean Piaget e os estágios de desenvolvimento da criança. Quando estudamos os processos de assimilação e acomodação das estruturas mentais dessa teoria, que trata do desenvolvimento cognitivo do ser humano, nem sempre nos atentamos à identificação do lado afetivo presente nele. No processo de assimilação, o aspecto afetivo é o interesse em assimilar (compreender o objetivo): e na acomodação, a afetividade está presente no interesse pelo objetivo, ou seja, a criança adapta novos conceitos aos conceitos já existentes. Nessa perspectiva, a afetividade assume função substancial na inteligência. Segundo Piaget (apud PAREDES e TANUS, 2000, p.40):
Há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o estágio sensório-motor, que vai dos zero aos dois anos de idade. Nessa fase, as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas, é um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua volta.
O estágio pré-operacional, de acordo com Macedo (2004, p. 57): “vai dos dois aos sete anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos." Há aqui um egocentrismo mais acentuado. A criança ainda não é capaz, normalmente, de se colocar no lugar do outro. Para Piaget (apud PAREDES e TANUS, 2000, p.46)
Neste estágio pré-operacional em que a criança se encontra, as brincadeiras são fontes riquíssimas para o desenvolvimento da linguagem que é uma verdadeira explosão. É também neste estágio que ocorre o desenvolvimento dos sentimentos morais e regulam-se os interesses e valores, ou seja, um objeto torna-se interessante à medida que corresponde a uma necessidade. Assim, além das trocas intelectuais, há também sentimentos espontâneos que nascem das trocas entre pessoas, tal como a simpatia em relação às pessoas que correspondem aos interesses da criança e as valorizam. Os interesses e a autovalorização, os valores individuais espontâneo são as primeiras manifestações afetivas desse estágio. O estágio das operações concretas, que vai dos 7 aos 12 anos, tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e a habilidade de discriminar os objetos, similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número. Por volta de 12 anos, começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. Isso implica, entre outras coisas, relacionar conceitos e raciocinar sobre hipóteses.
Na fase de escolarização, a transição do lar para a escola vai trazer a oportunidade de novos contatos, maior integração e participação ativa em outros grupos sociais. Assim os educadores, principalmente aqueles de pré I, devem buscar a melhor forma de proporcionar para seus educandos condições que favoreçam o campo da afetividade. Constance Kamii (apud PROFESSOR, 1991, p.78, vol. 1) afirma:
Durante o período de adaptação, o professor irá se aproximando de seus alunos, respeitando sentimentos e a maneira de ser de cada um deles.A grande dificuldade nos períodos de adaptação ou readaptação à escola consiste na separação das crianças de suas mães.
Por isso, quando inicialmente, a mãe ou o pai deixam as crianças na escola, ouvimos frequentemente: - Professora, minha mãe tá demorando, virá me buscar? Ou mesmo: - Tia ta na hora da minha mãe vir me buscar? Ou ainda: - Professora, a minha mãe não vem me buscar? Essas perguntas ou afirmações, causadas pela separação da figura materna, demonstram o medo e insegurança diante da presença de pessoas estranhas, no caso o professor.
Neste contexto, a postura do educador deve se manifestar na percepção e na sensibilidade da criança. No livro Atendimento ao Pré-escolar vol. 2 (1998; p. 32) diz: “Quando a criança vem para a escola ela já adquiri dos pais e familiares uma influência profunda e extensa, toda criança precisa sentir-se segura de que seus pais a querem muito e de que ela é muito importante para alguém”.
Em vista disso, o educador, pacientemente, deve usar palavras de conforto, estabelecendo um clima afetivo no qual a criança sinta-se segura, amada e respeitada. Além disso, mencionar a grandiosidade do amor materno para que ela consiga adquirir independência afetiva.
É importante também evitar sair da sala para que a criança não se sinta abandonada. Se for necessário permitir que ela a acompanhe até a adaptação com o novo ambiente. Segundo Saltini (2002; p. 81) “a serenidade e a paciência do educador mesmo em situações difíceis faz parte da paz que a criança necessita.” Assim, a criança encontrará representação da segurança que precisa para se auto afirmar em outros espaços que não seja o familiar.
Neste caso, em situações de insegurança quanto ao retorno da mãe, a criança deve encontrar, na figura do educador, a credibilidade que lhe assegure que a mãe ou o pai virá buscá-la no final do período. Os pais ou responsáveis também precisam contribuir para que seus filhos se adaptem à nova situação dando-lhes confiança principalmente nos dois primeiros meses escolar.
Uma das alternativas é buscá-los pontualmente, pois quando as crianças vêem os coleguinhas indo embora e as pessoas responsáveis não aparecem, o temor em ser abandonada volta a sufocar. Casos assim, levam os professores à não deixar a escola antes de suas crianças, pois longe dos pais, a educadora é a única pessoa na qual a criança confia e que pode ajudá-la.
Além disso, o afeto e a disponibilidade da educadora devem estar sempre presentes, para que a criança sinta-se importante neste novo espaço social.
Constance Kamii (apud PROFESSOR, 1991; p. 79, vol. 1) nos diz: “o que une desde o primeiro encontro professor e aluno são situações adequadas de aprendizagem e são elas que deverão balizar as relações afetivas entre ambos dando lhes trabalho e prazer.” Em outras palavras, vinculada ao afetoestá o interativo como base fundamental do ajuste educador/educando e este com o meio. O autor completa dizendo que “a escola precisa ser fonte contínua de prazer obtido nos trabalhos individuais e coletivos.”.
Sendo assim, desde o primeiro dia, os professores da pré-escola devem cativar suas crianças com brincadeiras, mímica, historinhas personificadas mudando de voz, fazer brincadeiras ou cantar musiquinhas em que as crianças sintam prazer em serem os protagonistas, como por exemplo: “faz assim, faz assim (...)”, “movimento, movimento o pé direito (...)” e outras que possam despertar a criança para a socialização e afetividade.
Nesta faixa etária, a criança adora ser tocada, abraçada, beijada e elogiada. Saltini (2002, p. 87) afirma que “a criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado.”.
Assim, o educador precisa explorar estes aspectos para que a criança tenha prazer pela aprendizagem e sinta-se sujeito atuante/participante e interlocutor de diversas situações do saber, entenda que a escola é um espaço social no qual cada um tem seu lugar e sua oportunidade, ora individual, ora coletiva, mas fundamentais para o estabelecimento de boas relações com o saber e com os outros que compartilham e colaboram com a construção da sua identidade.
Além de proporcionar meios para que a criança construa estes e outros conceitos, o professor deve ter o cuidado para não dar atenção demasiada para uns e, involuntariamente, excluir outros. Aquela criança que chora, ou é tímida, não tenha se socializado e não participa ou não quer participar da atividade escolar merece atenção especial neste processo de adaptação.
É preciso que o educador use diversas estratégias para incluí-la nas atividades, como convidá-la para realizar determinadas tarefas, elogiar sua participação pode contribuir para que o aluno sinta-se capaz e importante para o processo. O PCN (BRASIL, 1998, p.30, vol.2) nos apresenta dicas para tornar menos dolorosa a adaptação da criança neste novo espaço social:
É importante criar situações educativas para que, dentro dos limites impostos pela vivência em coletividade, cada criança possa ter respeitado seus hábitos e ritmos individuais. Da mesma forma, ouvir as falas das crianças, compreendendo o que elas estão querendo comunicar, fortalecer sua autoconfiança.
Isso exige um olhar atento do educador para as manifestações individuais das crianças e serenidade para diversificar atuações de ensino que permitam a integração. Perceber as manifestações individuais implica em ler os olhares, as atitudes dos alunos e entender sua história.
A diversificação das situações de ensino exige compreensão de concepções de ensino, processos de aprendizagem e estratégias de ensino para adequar as propostas escolares, as características do grupo, permitindo que à aprendizagem dos conceitos sejam manifestadas de diferentes maneiras. Se o educador considera importante estes elementos na prática pedagógica, certamente um clima favorável à aprendizagem irá surgir, o que representa também afeto para o sujeito aprendente.
Saltini (2002, p.87) confirma os argumentos acima mencionando que “o desenvolvimento cognitivo só é possível se houver condições afetivas e relacionamento social favorável.”. Diante disso, é inegável que a afetividade é um aspecto necessário, complementar e indissociável de ensino e aprendizagem do ser humano. Saltini (2002, p.87) ainda afirma:
Na pré-escola a inter-relação da professora com o grupo de alunos e com cada um em particular é constante, se dá o tempo todo, seja na sala, no pátio, seja nos passeios e é em função dessa proximidade afetiva que se dá a interação com os objetivos e a construção de um conhecimento altamente envolvente.
De fato, no espaço educativo compartilhamos do que é citado acima, pois, com freqüência, as crianças nos contam suas descobertas, curiosidades e suas novidades. Cabe a nós educadores, ouvi-las atentamente para descobrir até que ponto a criança sabe sobre o assunto e procurar sanar dúvidas, estimulando- a assim, a participar das atividades escolares, respeitando sempre seu ritmo de desenvolvimento, pois este é um método afetivo de se trabalhar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ser educador é desafiante. Por isso, ao escolher a turma que se deseja trabalhar, o professor deve refletir sobre sua própria personalidade e escolher a faixa-etária que melhor se identifique, pois ao desempenharmos com responsabilidade a função de educador estaremos contribuindo para o desenvolvimento da auto-estima e socialização da criança, sobretudo na interação escola/educador/educando e família.
Acredita-se que a educação começa na concepção da criança ainda no seio materno. A mãe que aceita a gestação com carinho, que aguarda o nascimento e recebe feliz o bebê, começa a prepará-lo com estímulos positivos, porque já começou a criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. E essa educação se prolonga por anos.
A educação escolar surgiu como um complemento do desenvolvimento da educação familiar, ou seja, é uma instituição criada para organizar o conhecimento sistematizado, possibilitando meios para que a criação adquira saberes construídos historicamente e necessários para a convivência social, os quais na família muitas vezes são limitados.
Assim, a escola é um espaço de respeito à progressiva maturação física e intelectual/cognitiva da criança para que ela possa alcançar o máximo de suas possibilidades como forma de sua realização plena. A criança, seja de situação sócio-econômica bem sucedida ou não, deve encontrar na figura do educador, estímulo positivo no espaço escolar para exercitar-se como sujeito social.
Para isso, a segurança é um fator importante para seu desenvolvimento pessoal e afetivo. Um dos papéis da escola é instruir para a vida e do professor é encaminhar esse processo, utilizando as mais variadas formas e considerando o afeto como desencadeador de sucesso do desenvolvimento infantil dentro ou fora da escola. Confirmando isso, Alencar e Rodrigues (apud BOCK, 2005, p. 140) evidenciam que:
Independente de estar o educador atento ou não, interessado ou não na formação de seus educandos, ele estará influenciando-os, e para que ele possa exercer uma influência positiva, alguns princípios fundamentais que poderiam nortear seu comportamento em sala de aula: 1º tente ser próximo, afetivo, simpático com seu aluno como pessoa merecedora de todo seu afeto e atenção, mesmo que ele não saia bem nas atividades curriculares de estudo. 2º lembre-se de que uma simples palavra ou comentário poderá causar marca profunda no educando e acompanhá-lo de forma positiva ou negativa ao longo de sua vida. 3º aceite as contribuições dos alunos sem julgamentos ou críticas destrutivas, crie espaço para ouvi-los.
Vale ressaltar aqui, que este trabalho não é uma sugestão nem uma fórmula de como o educador deve agir diante de seus educandos nesse tipo de situação.
Primeiro, porque não ouso acreditar estar capacitada para tanto e segundo, porque devemos levar em consideração as diferenças individuais das crianças nas turmas, pois como diz Henri Wallon (apud MAHONEY e ALMEIDA, 2004, p. 138-139) “a formação psicológica dos professores não pode ficar limitada aos livros. Deve ter uma referência perpétua nas experiências pedagógicas que eles próprios podem realizar”.
REFERÊNCIAS
ARANTES, Valéria Amorim (org.). Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 2003. 
BARRETO, Sidirle de Jesus. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. Blumenau/ Odorizzi, 1998.
BARROS, Rosa Maria Rodrigues; TAVARES, Luiza Sharith Pereira; MARQUES, Letícia Coleoni. A importância da música para o ensino-aprendizagem na educação infantil: reflexões à luz da psicologia histórico-cultural. Anais do Colóquio Luso-Brasileiro de Educação-COLBEDUCA, v. 3, 2018.
BRASIL. Decreto- lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>.

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