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IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA Disciplina: Imunologia Alunos: Caio Monteiro Gustavo Júnior João de Napole Professores: Rodrigo Bisaggio Joanna Oliveira 1. INTRODUÇÃO O imunodiagnóstico é um ramo de diagnósticos laboratoriais o qual utiliza propriedades do sistema imune para a identificação de antígenos (Ag). O procedimento o qual foi realizado e será discutido nos próximos tópicos é a imunofluorescência indireta (IFI). Para que haja um melhor entendimento do procedimento, faz-se necessário a compreensão da base teórica por trás do procedimento, portanto neste tópico irá ser abordado o funcionamento da IFI. A imunofluorescência indireta é uma técnica de microscopia pela qual uma amostra biológica é marcada com biomoléculas. Essas biomoléculas são os anticorpos e eles possuem alta especificidade e afinidade por uma determinada molécula, sendo esta molécula chamada de antígeno. Na IFI os anticorpos são conjugados a moléculas fluorescentes, denominadas fluoróforos. Quando expostos a uma certa faixa de frequência do espectro ultravioleta, os fluoróforos passam a emitir uma frequência do espectro visível de seres humanos, sendo essa frequência analisada através do auxílio de microscópio. Portanto, a imagem a qual irá ser visualizada através do microscópio serão apenas de Ag que estão ligados a esse anticorpo. No momento pelo qual o ser humano é exposto a corpos não pertencentes do organismo e este corpo estranho é reconhecido como não próprio (sendo este denominado antígeno ou Ag), o sistema imune inicia um processo de eliminação do Ag não próprio para que este não traga nenhum malefício a homeostasia do organismo. Imagem I: ilustração da estrutura de uma imunoglobulina. Logo após o reconhecimento antigênico, o Ag é transportado a estruturas as quais contêm os linfócitos. Quando ativado, o linfócito B libera proteínas que combaterão o antígeno. As proteínas que são liberadas são chamadas de imunoglobulinas (Ig), possuindo diferentes funções, dependendo da classe pertencente. Após serem liberadas, essas moléculas proteicas começam a circular pela corrente sanguínea e/ou permanecem nas mucosas, essas imunoglobulinas são chamadas de anticorpos (Ac). As classes de imunoglobulinas são ao todo 5, sendo elas a IgA, IgG, IgD, IgE e IgM. Cada classe de imunoglobulina possui afinidade para diferentes tipos de antígenos. A imagem abaixo representa a estrutura de um anticorpo. A partir da análise da imagem 1 é possível visualizar que anticorpos possuem quatro cadeias, sendo elas duas denominadas pesadas, as cadeias na parte interior da molécula, e 2 denominadas leves, são as cadeias na parte exterior da molécula. No decorrer das cadeias existem domínios denominados de domínios de Ig, estes podem ser visualizados como dobramentos da cadeia. A parte representada em laranja na imagem 1 representa o conjunto de domínios os quais possuem diferentes sequências de aminoácidos para diferentes Ag’s. Logo, essa região é a aquela que irá ligar-se de forma altamente específica aos Ag’s. Utilizando esse conhecimento para a IFI, é possível realizar essa ligação in vitro, o que irá possibilitar que o processo como um todo seja possível. Porém, para que ocorra esse processo, é necessário que haja a obtenção do anticorpo o qual possuirá especificidade para o Ag alvo. O processo pelo qual é realizada a obtenção desse Ac é através da inoculação, isto é, isolamento do anticorpo, em um animal que não possua esse Ag naturalmente. Após produção de anticorpos através dos linfócitos B, os Ac estarão circulando na corrente sanguínea e, portanto, uma amostra do sangue desse animal será coletada. Após a coleta do sangue do animal, essa amostra irá ser centrifugada para que haja obtenção do soro sanguíneo, local o qual encontram-se os Ac’s. Ao final da obtenção dos anticorpos, estes serão conjugados com um fluoróforos. Devido ao fato que esta técnica é de imunofluorescência indireta, é necessário repetir o processo anterior, porém utilizando o anticorpo obtido como o antígeno. Deste modo, o anticorpo primeiramente obtido torna-se o anticorpo primário e o Ac obtido por último passa a ser chamado de anticorpo secundário. 2. OBJETIVOS Esta aula prática de imunologia teve como principal objetivo a realização de um dos possíveis métodos de imunodiagnóstico. Visando a possível identificação do antígeno pelos anticorpos, assim concluindo, caso haja anticorpos para o antígeno, que o animal qual o soro foi analisado já entrou em contato anteriormente com o antígeno. 3. MATERIAIS E MÉTODOS a. MATERIAIS i. VIDRARIAS E UTENSÍLIOS ● Esmalte incolor; ● Lâmina; ● Três lamínulas ● Tubo cônico tipo falcon com suporte para lâminas; ● Placa de Petri; ● Frasco de descarte; ● Papel alumínio; ● Papel toalha; ● Tubos de ensaio; ● Ponteiras para micropipeta de 20μL; ● Algodão; ● Becheres. ii. SOLUÇÕES ● Água deionizada; ● Soro de cão; ● Solução com Leshmania braziliensis; ● Soro de animal com Anticorpo para α-IgG de cão; ● Solução Tampão Fosfato (PBS); ● Solução tamponada de glicerina ( 20% PBS/80% glicerina); ● Fluoróforo (Isotiocianato de Fluoresceína, FITC). iii. EQUIPAMENTOS ● Estante de tubos; ● Micropipeta 20μL; ● Microscópio fluorescente confocal. b. MÉTODOS Anteriormente a prática propriamente dita, houve a higienização da lâmina a qual ocorreu lavando-a com detergente e enxaguando com água da torneira, e então finalizou com álcool e papel toalha para secar. Após a limpeza pode-se assim iniciar a prática de fato, fez-se três círculos na lâmina com 5-10mm, quais têm a função de delimitar uma área para quando for adicionado a solução com o antígeno, próxima etapa, não acontecer de escorrer pela lâmina. Assim, dispôs-se 20μL da solução com o antígeno em cada círculo e esperou-se até que secasse, sem o solvente o antígeno adere a superfície da lâmina facilitando, posteriormente, o reconhecimento pelo anticorpo. Com o objetivo de obter um melhor diagnóstico foram utilizadas diferentes concentrações de soro de cachorro, visando uma interação mais forte na concentração mais baixa, e interações medianas na concentração mais alta. Isso ocorre visto que o anticorpo terá uma afinidade maior ao antígeno, logo, caso haja impurezas que se liguem ao anticorpo, em concentrações menores de anticorpo a preferência será do antígeno de Leishmania braziliensis. Para preparar tais diluições foram usados fatores de diluição 1:100 e 1:1000. Primeiramente retirou-se uma alíquota de 30μL do soro do cão e avolumou para 3mL de PBS. Para a segunda diluição, usou-se uma alíquota de 300μL da primeira diluição e novamente avolumou-se para 3mL. As diluições foram separadas em dois tubos cada e dividido entre as bancadas. Assim, foram adicionados 20μL de cada solução em dois poços distintos e no terceiro 20μL de PBS, o último poço tinha como objetivo manter simultaneamente ao experimento um controle. Dispôs-se a lâmina na bancadaem uma câmara de incubação por 30 minutos, que foi preparada com uma placa de petri que possuía dois algodões molhados, com o intuito de durante a incubação não permitir que secasse o líquido nas lâminas, a placa de petri foi colocada por cima da lâmina. Após a incubação, momento o qual ocorre o reconhecimento e ligação do anticorpo ao antígeno, houve a lavagem em solução salina. Posicionou três lâminas dentro do tubo falcon com suporte e portanto emergiu-as na solução, por dois minutos, duas vezes. A fim de retirar a solução salina após a lavagem, utilizou-se um pedaço de papel o qual foi delicadamente aproximado as gotículas e assim absorvendo-as. Logo, foi adicionado 20μL do anticorpo secundário, previamente diluído, nos três poços. Diluição a qual aconteceu no fator de 1:500, pipetando 2μL com uma micropipeta P20 e assim adicionando 1000μL, por mais que o somatório final ultrapassasse 1 mL, foi considerado a aproximação a fim de facilitar o processo. Foi permitido então o acréscimo de 20μL do fluoróforo em cada poço e portanto a incubação por 40 minutos Com a finalidade de lavar, foi utilizado novamente o tubo falcon e o PBS por alguns minutos duas vezes. Secou-se cautelosamente a lâmina, assim como descrito anteriormente, para ter a correta aderência da lamínula. Como última etapa, preparou-se uma solução de 80% glicerol e 20% PBS para aplicar onde havia o esmalte, com objetivo de haver corretamente a adesão da lamínula, que foi disposta logo em seguida. Após o preparo da lâmina, a levou para o microscópio de fluorescência que foi devidamente ajustado para realizar a leitura desejada. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os 3 poços preparados foram submetidos à microscopia de fluorescência. Um não teve resposta; o que não tinha soro de cão. Este poço, ao contrário dos dois restantes, não tinha a presença do fluoróforo. Estes outros poços tinham soro de cão na diluição de 1:100(1) e 1:1000(2) cada. Nestes a presença do fluoróforo foi evidenciada justamente pois ele se mostra evidente quando em solução com o soro de cão. O antígeno específico e o alfa-anticorpo deveriam ter apresentado resposta nos dois poços. Destaque para o poço 1, que tinha uma diluição menor da solução de soro + PBS e portanto deveria ter uma intensidade de resposta maior. O poço 2 tinha exatamente as mesmas características do poço 1, diferindo somente na concentração de soro, que era 10 vezes mais diluído. É interessante mencionar que o uso de PBS ao invés do que intuitivamente se pensaria em água se dá pelo fato do tampão evitar a lise das células do antígeno. Pela presença do soro de cão nos poços 1 e 2, esperava-se encontrar atividade fluorescente dos anticorpos para o soro. Como explicado no item 1, os anticorpos do soro se ligariam ao antígeno, que posteriormente seriam ligados por anticorpos secundários. As lavagens com PBS não deveriam tirar os alfa-anticorpos. O fluoróforo usado, fluoresceína(FITC), tem a característica de absorver comprimento de onda no azul e emitir no verde. Ao acoplar a FITC ao alfa-anticorpo, esperava-se que, posteriormente na microscopia, fôssemos conseguir enxergar Leshmania braziliensis. Contudo a visualização não foi possível e isso pode ser devido a diversos erros procedimentais. A lavagem pode ter sido feita de forma incorreta, o processo de secagem pode ter sido insuficiente, o que leva a perda de anticorpo nos poços, e o processo de incubação pode ter sido curto. Ainda que improvável, erros grosseiros como errar o procedimento de diluição e utilizar um frasco errado que não continha Leshmania braziliensis pode ter sido a causa da não visualização do protozoário. 5. BIBLIOGRAFIA https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRm8-zkx3PyozcPwno6E7y LhBVb-ac9y_r62V7LGinIA2O6Ibah