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O termo farmacogenética foi criado por F. Vogel em 1959, onde conceitua o estudo das diferenças hereditárias na resposta e no metabolismo às drogas e de como os genes afetam esta reposta. Tendo que cerca de cinquenta por cento dos sistemas enzimáticos conhecidos mostraram-se polimórficos, o que se explica a diversidade fenotípica nas reações farmacológicas. A farmacogenética é o ramo da ciência que se investiga as variantes gênicas (polimorfismos) relacionadas à resposta individual do uso de uma determinada droga. Sabe- se que as falhas na resposta terapêutica a determinado medicamento ou o aparecimento de efeitos colaterais podem estar relacionados a componentes genéticos do paciente. No seu início, a farmacogenética se concentrou na investigação e identificação de fatores genéticos subjacentes a fenótipos clinicamente que poderiam ser observados e herdados. Com o avanço das descobertas na área de pesquisa molecular e a possibilidade de sua aplicação clínica, o conceito da farmacogenética clássica se expandiu, passando a ser denominada farmacogenômica. Este novo conhecimento ampliou o conceito inicial da farmacogenética nos tópicos seguintes: no estudo do efeito das drogas na expressão gênica; no estudo que visou a descoberta de novas drogas; e, com maior apelo aos clínicos, a promessa da aplicação prática com a possibilidade de oferecer um tratamento individualizado aos pacientes. Já a farmacogenômica apareceu como uma área científica distinta na década de 1950. Sendo que em 1957, Arno Motulsky, expos as bases genéticas dos ataques de porfiria (distúrbios resultantes do acúmulo de determinadas substâncias químicas relacionadas às proteínas de glóbulos vermelhos.) desencadeados pelos barbitúricos e das reações adversas ao uso da primaquina (antimalárico) e da succinilcolina (relaxante muscular). Tendo que nesta mesma década foi descoberto o complexo enzimático do citocromo P450 (CYP450) e sendo descrita sua relação com a metabolização de vários medicamentos que são utilizados na pratica clínica. Observando que nas últimas décadas outras proteínas, além das que são relacionadas a metabolização de medicamentos, começaram a se interagir com a resposta a uso de medicamentos, como as proteínas transportadoras, segundo mensageiro intracelulares e receptores de membrana. Os antidepressivos são substratos do sistema enzimático CYP450 em que existem várias isoformas enzimáticas codificadas por diferentes genes. Tendo, variantes desses genes podem determinar enorme variabilidade na capacidade catalítica da enzima, podendo resultar em metabolizadores lentos com maior tendência a efeitos tóxicos ou adversos, metabolizadores normais e metabolizadores ultrarrápidos que também podem apresentar dificuldades na obtenção de concentrações plasmáticas adequadas para uma resposta terapêutica. Maior parte dos estudos realizados até o momento tem procurado relacionar o metabolismo dos antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação de serotonina (ISRS) com genótipos das isoformas CYP2D6 e CYP2C19. Entretanto, não há dados claros da participação desses polimorfismos na resposta terapêutica a estes antidepressivos. Os principais polimorfismos investigados nas pesquisas com antidepressivos são componentes do sistema de transmissão serotoninérgico, incluindo as enzimas de síntese, transportadores, receptores e metabolizadores da serotonina. Há evidências de que os ISRS agem bloqueando o transportador de serotonina (5HTT). Um polimorfismo que se localiza na região promotora do gene 5HTT que consiste na ausência ou na presença de 44 pares de bases, produzindo um alelo curto (S) e um longo (L). Sendo que o alelo L resulta em um aumento da atividade de transcrição do gene duas vezes maior que a do alelo S. Existem vários trabalhos que demonstram a associação do alelo S com uma pior resposta ao tratamento com os ISRS, contudo, também este foi associado à ciclagem para manias em pacientes com transtorno bipolar no uso de antidepressivos serotoninérgicos. Pacientes do sexo masculino apresentam mais fases de manias que são desencadeadas pelo medicamento. Entretanto outro candidato relacionado com resposta aos ISRS é o gene que codifica a enzima triptofano hidroxilase, uma enzima que limita a biossíntese da serotonina. Dois estudos evidenciam associação da variante A779C (um potencial sítio de ligação de fatores de transcrição) com a resposta a ISRS: que relacionam o genótipo AA com resposta inferior à fluvoxamina em uma amostra de 73 pacientes com transtorno bipolar e 144 pacientes com depressão unipolar. Outro estudo relaciona os genótipos AA e AC com resposta inferior à paroxetina em uma amostra com 34 paciente com transtorno bipolar e 87 pacientes com depressão unipolar. Em estudos de farmacogenômica com antidepressivos para o tratamento de outros transtornos psiquiátricos ainda estão no início. Já para o tratamento do transtorno obsessivo compulsivo (TOC) como exemplo, já se tem estudos realizados com ISRS, porém, com resultados negativos até o momento.
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