Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 1 SUMÁRIO 1 RETIFICADORES .....................................................................................5 1.1 Introdução................................................................................................5 1.2 Tipos de retificadores .............................................................................5 1.2.1 Retificador monofásico de meia onda .......................................................6 1.2.2 Retificador monofásico de onda completa.................................................7 1.2.3 Retificador trifásico de meia onda ...........................................................11 1.2.4 Retificador trifásico de onda completa.....................................................13 1.3 Filtros utilizados em circuitos retificadores........................................17 1.4 Retificadores na REPAR (CR)...............................................................19 1.4.1 CR com amplificador magnético..............................................................20 1.4.2 CR com ponte trifásica semicontrolada ...................................................23 1.4.3 Retificadores de entrada das UPS’s........................................................24 2 ACUMULADORES DE ENERGIA – BATERIAS - BT ............................26 2.1 Introdução..............................................................................................27 2.1.1 Histórico ..................................................................................................27 2.1.2 Definições preliminares ...........................................................................28 2.1.3 Estado da arte em geradores eletroquímicos - baterias ..........................29 2.2 Acumulador elementar..........................................................................32 2.2.1 Princípio de funcionamento do acumulador ............................................34 2.3 Aplicações .............................................................................................37 2.3.1 Associação série de acumuladores e/ou baterias ...................................38 2.3.2 Associação em paralelo de baterias........................................................39 2.4 Principais definições e parâmetros para acumulador - BT................43 2.4.1 Capacidade .............................................................................................43 2.4.2 Carga.......................................................................................................46 2.4.3 Vida útil esperada....................................................................................47 2.4.4 Resistência interna ..................................................................................48 2.5 Situando os bancos de baterias da REPAR........................................49 2.6 Fatores de conservação e manutenção da confiabilidade da BT .....50 2.7 Fatores ambientais e de segurança relacionados às baterias ..........51 2.7.1 Compromisso com o meio ambiente .......................................................51 2.7.2 Identificação de perigos à saúde.............................................................52 2.7.3 Primeiros socorros...................................................................................52 2.7.4 Risco de fogo ou explosão ......................................................................52 2.7.5 Medidas contra vazamentos acidentais...................................................53 2.7.6 Manuseio e estocagem ...........................................................................53 Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 2 2.7.7 Informações ecológicas...........................................................................53 2.8 Provocações para reflexão sobre o saber construído .......................54 3 INVERSORES.........................................................................................57 3.1 Introdução..............................................................................................57 3.2 Tipos de inversores...............................................................................57 3.2.1 Inversor half-bridge..................................................................................57 3.2.2 Inversor full-bridge...................................................................................58 3.2.3 Inversor push-pull ....................................................................................59 3.3 Princípio da modulação PWM ..............................................................60 3.3.1 Modulação PWM senoidal a dois níveis ..................................................61 3.3.2 Modulação PWM senoidal a três níveis...................................................62 4 NO BREAK - UPS...................................................................................63 4.1 Introdução..............................................................................................63 4.1.1 Definição .................................................................................................63 4.1.2 Estado da arte em no breaks – UPS .......................................................64 4.2 Situando as UPS´s da REPAR..............................................................68 4.3 Possibilidades operacionais da UPS...................................................73 4.3.1 Operação em estado de rede normal ......................................................73 4.3.2 Operação via baterias .............................................................................73 4.3.3 Operação em estado de emergência via chave estática .........................74 4.3.4 Operação via bypass de manutenção .....................................................75 4.4 Principais parâmetros a considerar nas UPS´s ..................................75 4.4.1 Potências:................................................................................................76 4.4.2 Tensões:..................................................................................................77 4.4.3 Correntes:................................................................................................78 4.4.4 Autonomia ...............................................................................................79 4.5 Provocações para reflexão sobre o saber construído .......................79 REFERÊNCIAS.........................................................................................................81 Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 3 LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Circuito retificador monofásico de meia onda não controlado..................6 Figura 1.2 - Principais formas de onda........................................................................6 Figura 1.3 - Retificador monofásico de onda completa não controlado.......................7 Figura 1.4 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo positivo da fonte ..7 Figura 1.5 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo negativo da fonte.8 Figura 1.6 - Principais formas de onda........................................................................8 Figura 1.7 - Circuito retificador monofásico em ponte semicontrolado........................9Figura 1.8 - Principais formas de onda........................................................................9 Figura 1.9 - Circuito retificador monofásico em ponte totalmente controlado............10 Figura 1.10 - Principais formas de onda....................................................................10 Figura 1.11 - Circuito retificador trifásico de meia onda não controlado....................11 Figura 1.12 - Principais formas de onda....................................................................12 Figura 1.13 - Circuito retificador trifásico de meia onda controlado...........................12 Figura 1.14 - Principais formas de onda....................................................................13 Figura 1.15 - Circuito retificador trifásico em ponte não controlado ..........................13 Figura 1.16 - Principais formas de onda....................................................................15 Figura 1.17 - Circuito retificador trifásico em ponte semicontrolado..........................15 Figura 1.18 - Principais formas de onda....................................................................16 Figura 1.19 - Circuito retificador trifásico em ponte totalmente controlado................16 Figura 1.20 - Principais formas de onda....................................................................17 Figura 1.21 - Circuito retificador com filtro capacitivo................................................18 Figura 1.22 - Tensão de saída com filtro capacitivo ..................................................18 Figura 1.23 - Circuito retificador com filtro LC ...........................................................18 Figura 1.24 - Tensão e corrente na entrada com filtro capacitivo e com filtro LC......19 Figura 1.25 - Diagrama do retificador trifásico tipo 3 BTU.........................................22 Figura 1.26 - CR 5601 da CAFOR ............................................................................23 Figura 1.27 - Vista interna do CR 5601 da CAFOR...................................................23 Figura 1.28 - CR 5301 do UTRA ...............................................................................24 Figura 2.1 - Acumulador elementar ...........................................................................29 Figura 2.2 - Acumulador prático ................................................................................32 Figura 2.3 - Placas em paralelo.................................................................................33 Figura 2.4 - Estado de carga no acumulador ............................................................36 Figura 2.5 - Associação de acumuladores série........................................................39 Figura 2.6 - Associação de acumuladores em paralelo.............................................40 Figura 2.7 - Paralelismo de fonte CC ........................................................................40 Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 4 Figura 2.8 - Paralelismo de fonte CC ........................................................................41 Figura 2.9 - Alimentação CC redundante ..................................................................42 Figura 2.10 - Ábaco de resistência interna de baterias .............................................49 Figura 2.11 - Bateria alcalina da CAFOR ..................................................................56 Figura 3.1 - Inversor meia ponte ...............................................................................58 Figura 3.2 - Inversor ponte completa.........................................................................59 Figura 3.3 - Inversor push-pull...................................................................................60 Figura 3.4 - Sinais de comando da modulação PWM senoidal a dois níveis. ...........61 Figura 3.5 - Tensão de saída para modulação PWM senoidal a dois níveis. ............61 Figura 3.6 - Sinais de comando da modulação PWM senoidal a três níveis. ............62 Figura 3.7 - Tensão de saída para modulação PWM senoidal a três níveis. ............62 Figura 4.1 - Esquema genérico de UPS....................................................................64 Figura 4.2 - Retificador da UPS.................................................................................69 Figura 4.3 - UPS Siemens da CAFOR ......................................................................70 Figura 4.4 - Diagrama bloco do inversor ...................................................................70 Figura 4.5 - Chave estática a SCR............................................................................71 Figura 4.6 - Configuração da UPS no sistema ..........................................................72 Figura 4.7 - UPS operando com rede normal............................................................73 Figura 4.8 - UPS operando pela bateria....................................................................74 Figura 4.9 - UPS operando em emergência..............................................................74 Figura 4.10 - UPS em manutenção ...........................................................................75 Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 5 1 1.1 Introdução 1.2 RETIFICADORES O retificador é um circuito que faz a ligação de uma fonte CA para uma carga CC, ou seja, converte a tensão alternada de uma fonte em tensão contínua. A tensão contínua, assim obtida, não é pura, como a de uma bateria, pois contém uma componente alternada chamada ondulação ou ripple, sobreposta no nível médio CC. Os vários tipos de circuitos retificadores, embora dêem uma tensão CC, diferem quanto à ondulação na saída, ao nível médio de tensão, à eficiência, etc. Tipos de retificadores Os circuitos retificadores dividem-se em dois grupos, chamados de circuitos de meia onda e circuitos de onda completa. Os circuitos de meia onda podem também ser chamados de circuitos de um caminho, e os circuitos de onda completa são também conhecidos como circuitos de dois caminhos, ou mais comumente, circuito em ponte. Quanto ao número de fases, os mais comuns são os circuitos retificadores monofásicos e os circuitos retificadores trifásicos. As características de controle dos vários circuitos retificadores podem ser colocadas em três categorias: sem controle, semicontrolado e totalmente controlado. O circuito retificador não controlado contém apenas diodos, fornecendo uma tensão CC fixa para a carga, proporcional a tensão CA de alimentação. Nos circuitos totalmente controlados, todos os elementos retificadores são tiristores. Nesses circuitos, por meio do controle apropriado do ângulo de fase no qual o tiristor é disparado, é possível controlar a tensão média CC na carga. O retificador semicontrolado contém uma mistura de tiristores e diodos, e também permite o ajuste do nível de tensão média CC na carga. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 6 1.2.1 Retificador monofásicode meia onda Embora o retificador monofásico de meia onda não controlado seja bastante simples, é fundamental sua análise para facilitar o entendimento dos circuitos mais complexos. A figura 1.1 mostra o diagrama do circuito e a figura 1.2 as principais formas de onda. Figura 1.1 - Circuito retificador monofásico de meia onda não controlado Figura 1.2 - Principais formas de onda Durante o semiciclo positivo, quando a tensão no anodo é positiva em relação ao catodo, o diodo passa para o estado ligado. Isso permite que a corrente flua através da carga. Assim a tensão acompanha a meia onda senoidal positiva. Durante o semiciclo negativo, a tensão no anodo torna-se negativa em relação à no catodo e o diodo passa para o estado desligado. Assim não há fluxo de corrente através da carga, e a tensão na carga neste instante de tempo é zero. O circuito retificador transformou a tensão CA em tensão CC, porém pulsante e com uma ondulação elevada. No item 1.3 desta apostila, são apresentados os filtros utilizados em circuitos retificadores, cujo objetivo é minimizar as ondulações de tensão e corrente na carga. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 7 1.2.2 Retificador monofásico de onda completa Esse retificador utiliza quatro diodos, como pode ser visto na figura 1.3. Durante o semiciclo positivo da fonte de tensão, os diodos D2 e D3 estarão diretamente polarizados, portanto conduzindo. O fluxo de corrente na carga, nesse período, dá-se por estes dois diodos, resultando em uma queda de tensão positiva na carga, como pode ser visto na figura 1.4. A figura 1.5 mostra o circuito durante o semiciclo negativo da fonte de tensão. Agora D1 e D4 estão diretamente polarizados e, portanto conduzindo. O sentido da corrente através da carga é o mesmo, porém através dos diodos D1 e D4. Isto resulta em uma tensão na carga ainda positiva. O retificador de onda completa propicia corrente na carga durante ambos os semiciclos. A figura 1.6 mostra as principais formas de onda. Figura 1.3 - Retificador monofásico de onda completa não controlado Figura 1.4 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo positivo da fonte Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 8 Figura 1.5 - Retificador monofásico em ponte durante o semiciclo negativo da fonte Figura 1.6 - Principais formas de onda Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 9 Este mesmo circuito quando possuir dois diodos e dois tiristores, como mostra a figura 1.7, passa a ser um retificador monofásico em ponte semicontrolado. As principais formas de onda podem ser vistas na figura 1.8. Figura 1.7 - Circuito retificador monofásico em ponte semicontrolado Figura 1.8 - Principais formas de onda No caso dos quatro componentes serem tiristores, passa a ser um retificador monofásico em ponte totalmente controlado. A figura 1.9 mostra a estrutura. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 10 Figura 1.9 - Circuito retificador monofásico em ponte totalmente controlado Tanto no circuito semicontrolado quanto no totalmente controlado, não basta os tiristores estarem diretamente polarizados para entrar em condução como ocorrem com os diodos, torna-se necessária a aplicação de um pulso de disparo no gatilho do(s) tiristor(es). Desta forma é conseguido um retardo no instante de entrada em condução, esta é a forma de controlar a tensão entregue à carga. A figura 1.10 mostra as principais formas de onda para o retificador monofásico em ponte totalmente controlado alimentando uma carga indutiva. Figura 1.10 - Principais formas de onda Fica evidente que o circuito como um todo acaba se tornando mais complexo devido à necessidade da geração dos pulsos de disparo para acionar os tiristores, porém é conseguida a regulação da tensão de saída, que pode ser automática, através de circuitos de controle que monitoram a tensão e ajustam o ângulo de disparo, ou manual. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 11 Quanto ao funcionamento, o que diferencia um retificador semicontrolado de um totalmente controlado, é o fato de que o totalmente controlado permite também o fluxo de corrente da carga para a fonte, ou seja, ele é um conversor bidirecional. 1.2.3 Retificador trifásico de meia onda A figura 1.11 a seguir mostra o circuito de um retificador trifásico não controlado de meia onda. Como existe um só caminho, os diodos de cada fase estão conectados ao mesmo ponto e, como a carga é ligada ao neutro do transformador, conduzirá o diodo ligado a fase que instantaneamente possuir o maior potencial. Figura 1.11 - Circuito retificador trifásico de meia onda não controlado A figura 1.12 mostra a forma de onda de tensão na carga. Observe que a condução do D1, ligado a fase A, ocorre em ωt = π/6, no exato instante que a tensão VA torna-se mais positiva que a tensão VC. Neste instante D3 comuta e D1 passa a conduzir a corrente de carga. Durante a condução de D1, a tensão na carga é exatamente VA. Os outros diodos estão polarizados reversamente, pois as suas respectivas fases têm uma tensão menor que a fase A. Quando ωt = 5π/6, a tensão VB é igual à VA e o diodo D1 corta, passando D2 a condução. Durante a condução de D2, a tensão na carga é VB. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 12 Figura 1.12 - Principais formas de onda A substituição dos três diodos por tiristores, e evidentemente a colocação do circuito de geração dos pulsos e controle, torna esse circuito um retificador trifásico de meia onda controlado. As figuras 1.13 e 1.14 ilustram o circuito e as principais formas de onda. Figura 1.13 - Circuito retificador trifásico de meia onda controlado Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 13 Figura 1.14 - Principais formas de onda 1.2.4 Retificador trifásico de onda completaAs figuras 1.15 e 1.16 a seguir mostram o circuito de um retificador trifásico não controlado em ponte, e as formas de onda correspondentes. Figura 1.15 - Circuito retificador trifásico em ponte não controlado Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 14 Para entendermos o funcionamento desse circuito, vejamos inicialmente como determinar os diodos que conduzem. Consideremos inicialmente que a fase A possui a maior tensão em relação ao neutro. É razoável supor que neste caso D1 esteja em condução. Se isto ocorrer, teremos em X, relativamente ao neutro do secundário do transformador, a tensão da fase A. As tensões aplicadas aos anodos dos diodos D3 e D5 são respectivamente as das fases B e C. Como estas tensões são menores, por hipótese, que a tensão dos catodos, D3 e D5 estão reversamente polarizados. Para determinarmos qual entre os diodos D2, D4 ou D6 conduzirá, faremos a hipótese de que VCN>VBN, ou em outras palavras, a fase B é a menos positiva, ou a mais negativa das fases do sistema trifásico. É razoável supor que D4 esteja conduzindo e se isto se verificar, teremos no ponto Y, relativamente ao neutro do transformador, a tensão da fase B. Teremos então D2 e D4 cortados uma vez que as tensões dos catodos dos mesmos (VAN e VCN respectivamente) são maiores que as tensões dos catodos (VBN, a menos positiva das três tensões de fase). Chega-se a conclusão que conduzirão os diodos ligados a fase mais positiva, e os diodos ligados as fases menos positivas. Ora isso é o mesmo que dizer que os diodos que conduzirão serão determinados pela tensão da linha mais positiva. A análise será feita então com base nas tensões de linha e não nas tensões de fase. O quadro a seguir, resume os diodos que conduzem: Intervalo Tensão de linha + positiva Diodos que conduzem 0 < ωt < π/3 VCB D5; D4 π/3 < ωt< 2π/3 VAB D1; D4 2π/3 < ωt < π VAC D1; D6 π < ωt < 4π/3 VBC D3; D6 4π/3 < ωt < 5π/3 VBA D3; D2 5π/3 < ωt < 2π VCA D5; D2 Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 15 Figura 1.16 - Principais formas de onda Da mesma forma que nos circuitos monofásicos, a substituição da metade dos diodos por tiristores, torna o circuito um retificador semicontrolado, e a substituição de todos os diodos por tiristores, um circuito retificador totalmente controlado. As figuras 1.17 e 1.18, ilustram o retificador trifásico em ponte semicontrolado e suas principais formas de onda. Figura 1.17 - Circuito retificador trifásico em ponte semicontrolado Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 16 Figura 1.18 - Principais formas de onda As figuras 1.19 e 1.20 ilustram o retificador em ponte totalmente controlado e suas principais formas de onda. Figura 1.19 - Circuito retificador trifásico em ponte totalmente controlado Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 17 Figura 1.20 - Principais formas de onda 1.3 Filtros utilizados em circuitos retificadores Até este ponto da apostila, a abordagem em relação aos retificadores foi apenas em relação à conversão de CA para CC, sem questionar a qualidade do sinal de corrente contínua. Quando se trata de um sistema de CC, espera-se um sinal constante ao longo do tempo, ou seja, com baixa ondulação. Esta baixa ondulação pode ser quanto à tensão, quanto à corrente ou ambas. Sabe-se que se um capacitor for colocado em paralelo em um barramento energizado com uma tensão CC, esta tensão estará em seus terminais, como o capacitor se opõe à variação de tensão, existe uma tendência da tensão do barramento sofrer uma menor variação, desta forma reduzindo a ondulação de Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 18 tensão do barramento CC. A figura 1.21 mostra a colocação do capacitor na saída de um retificador para reduzir a ondulação de tensão. Figura 1.21 - Circuito retificador com filtro capacitivo A figura 1.22 mostra o formato da tensão de saída do retificador após a colocação do capacitor. Figura 1.22 - Tensão de saída com filtro capacitivo Quanto à ondulação de corrente, esta pode ser minimizada com a colocação de um indutor em série com a saída do retificador, pois o indutor tem a propriedade de se opor às variações de corrente. A figura 1.23 ilustra um circuito retificador com filtro LC. Figura 1.23 - Circuito retificador com filtro LC Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 19 A figura 1.24 mostra a forma de onda da corrente de entrada do retificador monofásico em ponte com filtro capacitivo e com filtro LC. Figura 1.24 - Tensão e corrente na entrada com filtro capacitivo e com filtro LC O dimensionamento dos elementos que compõem o filtro é dependente do grau de alisamento desejado na tensão, na corrente ou em ambas, e também da potência absorvida pela carga conectada na saída do retificador. Nos retificadores de grande porte (retificadores industriais), normalmente os capacitores e indutores são responsáveis por boa parte do volume e peso do equipamento. 1.4 Retificadores na REPAR (CR) Os retificadores existentes na REPAR são responsáveis pelo fornecimento de energia com uma tensão 120VCC para ser utilizada em comandos, alarmes, sinalização, comunicação, iluminação de emergência, etc. Esta energia é acumulada nas “baterias”, para que nas situações de falta da rede CA, existam mecanismos de controle e operação do sistema. Basicamente a refinaria possui dois tipos de retificadores, aqui denominados CR, ou carregador retificador, pois a energia entregue pelo retificador deve além de alimentar os “consumidores” já citados, carregar o banco de baterias. Um dos tipos de CR da refinaria utiliza-se da tecnologia de amplificadores magnéticos no controle da tensão de saída, e o outro, utiliza uma ponte trifásica semicontrolada. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 20Em operação normal o retificador encontra-se em estado de flutuação mantendo em sua saída um nível de tensão na ordem de 132VCC, este valor é o normalmente disponibilizado aos consumidores. Vale ressaltar que a tensão nominal dos consumidores é de 120VCC e os mesmos normalmente admitem uma variação na tensão de alimentação de ±10%, o que permite mantê-los alimentados diretamente pela saída do retificador durante a flutuação. Esporadicamente é necessária a aplicação de uma tensão de equalização sobre as baterias, esta tensão é de 144VCC, valor este que ultrapassa a tolerância dos consumidores, portanto nesta situação exige-se um recurso de atenuação para que o consumidor não seja afetado. Um mecanismo utilizado para regulação da tensão CC entregue aos consumidores, é o chamado diodo de queda ou também DQ. Seu princípio se baseia em provocar uma queda de tensão sobre um grupo de diodos colocado em série entre as baterias e os consumidores. Em operação normal, tensão na ordem de 132VCC, a unidade DQ encontra-se curto circuitada. Por ocasião da aplicação da carga de equalização, a chave em paralelo com a DQ é aberta e a unidade entra em atuação. Assim é mantida a tensão para o consumidor na ordem de 132VCC mesmo estando a tensão de saída do retificador em torno de 144VCC. 1.4.1 CR com amplificador magnético Este retificador possui um transformador de entrada que tem a finalidade de isolar o circuito e fornecer uma tensão mais alta que a do barramento CC. O retificador é controlado por meio de um transdutor (amplificador magnético), que por sua vez é controlado por um comando eletrônico. Sua função é limitar a tensão e a corrente fornecida às baterias e consumidores. A energia controlada pelo transdutor é em corrente alternada, logo o transdutor situa-se entre o transformador de entrada e a ponte trifásica de diodos. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 21 ¾ Limitação da tensão: Produz-se no transdutor uma queda de tensão que é proporcional ao valor momentâneo da tensão de saída CC que é regulada pelo comando eletrônico. Este comando eletrônico compara a tensão CC do consumidor com uma tensão de referência de um diodo zener. A eventual diferença entre estas duas tensões é amplificada e aplicada a um transistor de potência que controla a corrente de excitação do transdutor, variando assim a impedância do mesmo, mantendo a tensão CC de saída praticamente constante. ¾ Limitação de corrente: Para tanto, o comando eletrônico recebe a informação do valor de corrente instantânea existente na saída do transformador por meio dos transformadores de corrente (TCs). No caso da corrente atingir o valor nominal, o comando eletrônico variará a impedância do transdutor, de maneira a obstruir a passagem da corrente mais elevada. A figura 1.25 ilustra o diagrama simplificado do CR em questão. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 22 Figura 1.25 - Diagrama do retificador trifásico tipo 3 BTU Como exemplo de CRs que se utilizam desta tecnologia, pode-se citar os retificadores do SETRAE e CAFOR cujos códigos de identificação são: CR5901, CR5911, CR5921, CR5941 e CR5601. A figura 1.26 a seguir mostra o CR5601 da CAFOR. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 23 Figura 1.26 - CR 5601 da CAFOR Na figura 1.27 é apresentado o detalhe dos elementos magnéticos do circuito, pode-se ainda observar a ponte trifásica de diodos. Figura 1.27 - Vista interna do CR 5601 da CAFOR 1.4.2 CR com ponte trifásica semicontrolada Da mesma forma que no CR anterior, este possui um transformador isolador na entrada, que fornece uma tensão maior que a tensão CC de saída. Após o transformador encontra-se a ponte retificadora trifásica semicontrolada, conforme Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 24 visto na figura 1.17, composta por três diodos e três SCRs (retificador controlado de silício). Neste caso o controle da energia entregue à carga é feito através da variação do ângulo de disparo dos SCRs. A placa eletrônica de controle monitora a tensão e a corrente de saída, e ajusta o ângulo de disparo dos SCRs, o que ocorre a cada meio ciclo da tensão de entrada em cada fase. A figura 1.28 a seguir apresenta o CR5301 do UTRA, como exemplo de um dos retificadores que utiliza a ponte trifásica semicontrolada. Figura 1.28 - CR 5301 do UTRA Como exemplo de CRs que se utilizam desta tecnologia, pode-se citar os retificadores do UTRA e do PROCESSO cujos códigos de identificação são: CR5301, CR2101, CR2201 e CR2501. 1.4.3 Retificadores de entrada das UPS’s As UPS’s existentes na REPAR utilizam como entrada retificadora uma ponte trifásica totalmente controlada, conforme descrito no item 1.2.4 e seu Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 25 diagrama elétrico apresentado na figura 1.19. A tensão de alimentação destas UPS’s é de 380VCA. Vale ressaltar que estas UPS’s não são providas de transformador interno, porém como solução para adaptar a tensão da rede de 480VCA para 380VCA é utilizado um transformador isolador externo. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 26 2 ACUMULADORES DE ENERGIA – BATERIAS - BT ENERGIA É A CAPACIDADE DE REALIZAR TRABALHO. (Princípio da Física Clássica) Por exemplo: A operação dos elementos 52 da SE 13.8 kV. O trabalho de abertura e / ou fechamento que é provido via impulso elétrico a partir de um clic no console até atingir uma das suas bobinas de abertura / fechamento ou de trip. A ação de trânsito da informação, do console até o disjuntor, ação de abrir ou fechar geralmente por atuação de uma mola que é carregada por ação de um motor elétrico. A energia que transportou a informação, a energia da mola e a energia das bobinas elétricas são capacidades de realizar trabalho e dependem de uma fonte para alimentá-la, a fim de que nas ocasiões oportunas possibilite a operação necessária. Prevendo possíveis falhas no sistema, casos de eventuais faltas ou interrupções momentâneas, da rede elétrica CA normais, alocou-se recursos com autonomia de suprir consumidores críticos com fontes alternativas,com capacidade de acumular energia para realizar trabalhos além da operação em normalidade, mas também mantendo uma reserva para operação nas emergências. Provocações: ¾ Os acumuladores de energia elétrica podem ser comparados de alguma forma com o corpo humano? E com um tanque de combustível? ¾ Qual a natureza da energia armazenada em uma bateria? Existe um acumulador para energia elétrica alternada? Justifique! ¾ Pilhas e baterias são fontes de energia! Então estamos falando de um mesmo ente? Justifique! Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 27 2.1 Introdução 2.1.1 Histórico Embora a descoberta da eletricidade date de cerca de 2500 a. C. pelos gregos, muito pouco progresso foi realizado na ciência da eletricidade até a descoberta da célula básica, no final do século XVIII. A reação da célula básica foi notada primeiramente por Luigi Galvani, em 1791, enquanto preparava uma experiência em anatomia. Para a experiência, Galvani removeu pernas dissecadas de sapo de uma solução salina e suspendeu-as por meio de um fio de cobre. Ele percebeu que cada vez que tocava em uma das pernas com uma barra de ferro, os músculos da perna se contorciam. Galvani concluiu que a eletricidade estava sendo produzida, mas pensou que ela viesse dos músculos da perna. Em 1800, o italiano Alessandro Volta repetiu a experiência e verificou que os músculos do sapo não produziam eletricidade. Entretanto, descobriu que a eletricidade resultava da reação química entre o fio de cobre, a barra de ferro e a solução salina contida na perna do sapo dissecada. Usando este conhecimento, Volta efetuou uma série de experimentos com vários tipos de placas metálicas e soluções ácidas. Uma das experiências consistia em aproximar uma placa de zinco de outra placa de cobre, separadas por uma tela impregnada de ácido sulfúrico. Volta observou que, nessas condições, circulava uma corrente elétrica muito fraca entre os elementos da composição. Para intensificar a corrente, ele dispôs os elementos em pilhas, na qual a parte superior era constituída por uma chapinha de cobre (o pólo ou eletrodo positivo) e a parte inferior por uma chapinha de zinco (o pólo ou eletrodo negativo) O conjunto tornou-se eficiente e passou a ser chamado de pilha de Volta. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 28 2.1.2 Definições preliminares ¾ Pilha: gerador eletroquímico de energia elétrica, mediante conversão geralmente irreversível de energia química (NBR 7039/87); ¾ Acumulador: Tratando-se de acumulador elétrico, é dispositivo eletroquímico constituído de um elemento eletrólito e caixa, que armazena, sob forma de energia química a energia elétrica que lhe seja fornecida e que a restitui quando ligado a um circuito consumidor (NBR 7039/87); ¾ Elemento: É o conjunto de duas placas ou de dois grupos de placas de polaridades opostas, isoladas entre si e banhadas pelo mesmo eletrólito, mais o recipiente que os contém, conforme figuras 2.1, 2.2 e 2.3; ¾ Bateria: É o conjunto de elementos interligados, contidos em um mesmo bloco recipiente ou por associação externa dos elementos; ¾ Eletrodos: são os condutores pelos quais a corrente deixa ou retorna ao eletrólito, consiste de placas e terminais de conexão, há um eletrodo positivo e um negativo, conforme figura 2.1. ¾ Placa: É o conjunto constituído pela grade e materiais ativos; todos os tipos de baterias possuem placas positivas e negativas; ¾ Grade: Parte constitutivas das placas destinadas a sustentação dos elementos ativos para compor o eletrodo; ¾ Eletrólito: é a solução que age sobre os eletrodos nele localizados; ¾ Vaso: caixa, recipiente ou invólucro que contém as placas e o eletrólito, é geralmente construída de ebonite, resina acrílica. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 29 Figura 2.1 - Acumulador elementar 2.1.3 Estado da arte em geradores eletroquímicos - baterias Todos os geradores eletroquímicos desenvolvidos com base na pilha de Volta são constituídos essencialmente de dois eletrodos e um eletrólito, mesmo que sejam diferentes entre si por muitas outras características. Dependendo do trabalho que desenvolvem e de suas propriedades específicas, os geradores eletroquímicos podem ser classificados em dois grupos: ¾ Geradores eletrolíticos primários, que não podem ser recarregados (pilhas); produzem um único processo de descarga, pois suas reações químicas internas são irreversíveis. Dessa maneira, no final de um determinado período de uso, o gerador se esgota, pois seus componentes internos se degradam completamente. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 30 ¾ Geradores eletrolíticos secundários são os recarregáveis, chamados (acumuladores), incluem todos os modelos de equipamento que permitem ciclos de cargas e descargas repetidas. Isso acontece porque as transformações eletroquímicas que se verificam no interior dos geradores podem ser revertidas ao aplicar-se sobre seus terminais determinadas tensões e correntes elétricas. No grupo de geradores primários destacam-se os seguintes tipos de pilhas: pilha de zinco-carbono, pilha alcalina, pilha de mercúrio, pilha de prata, pilha de lítio. No grupo de geradores secundários destacam-se pelo menos cinco tipos de acumuladores que têm aplicações muito diversificadas: ¾ Bateria com placas de chumbo, em solução eletrolítica aquosa ácida, ventilada, requer manutenção do meio eletrolítico; ¾ Bateria com placas de chumbo, em solução eletrolítica aquosa ácida, não ventilada, isenta de manutenção com relação ao meio eletrolítico; ¾ Bateria com placas de chumbo em solução eletrolítica gelatinosa ácida, isenta de manutenção; ¾ Bateria de níquel-cádmio com solução eletrolítica aquosa alcalina, ventilada, requer manutenção; ¾ Um outro grupo de baterias vem se destacando com o avanço da micro eletrônica, com aplicação especial nos equipamentos portáteis de telecomunicações que são as baterias utilizadas em aparelhos eletrônicos, tais como celulares, notebook, etc. Tanto a capacidade das pilhas como a dos acumuladores é determinada com base no produto (multiplicação) de dois parâmetros (dados): corrente de descarga e a duração da descarga. O valor do produto é expresso por unidades de medida especiais o ampere-hora (Ah). Os acumuladores quanto a sua função podem ser assim classificados: Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 31 ¾ Acumuladorespara partida, podendo ser de composição chumbo-ácido ou níquel-cádmio, encontram sua maior aplicação em veículos automotores, que utilizam motores de combustão interna, daí elas serem também conhecidas como baterias automotivas, sua característica elétrica é a de fornecer grande quantidade de corrente em intervalos de tempo pequenos – sua ação principal predomina durante o acionamento do motor de arranque para a partida do motor de combustão. ¾ Acumuladores estacionários, podendo ser de composição chumbo-ácido ou níquel-cádmio, são utilizados na composição de baterias das instalações fixas e são empregadas como fontes de alimentação de emergência. A sua característica principal é o fornecimento contínuo de energia por períodos prolongados. Ex.: Banco de baterias utilizados em fontes CC, de subestações, equipamentos rádios, no breaks, circuitos de emergência, sistemas contra incêndio. ¾ Acumuladores para tração, composição níquel-cádmio ou níquel-ferro, são utilizadas na alimentação de veículos que são impulsionados por motores elétricos. A sua principal característica é o fornecimento variado de energia em pequenos períodos de tempo. Elas são largamente empregadas em pequenas máquinas operativas, tais como empilhadeiras. ¾ Os acumuladores portáteis, composição prata-cádmio ou níquel ferro, caracterizam-se pelo tamanho reduzido e atualmente de grande aplicação em aparelhos miniaturizados. A sua principal característica consiste na sua construção hermética, necessária para evitar vazamento de eletrólitos, o que ocasionaria danos aos equipamentos eletrônicos do aparelho. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 32 2.2 Acumulador elementar O acumulador elétrico apresenta na sua estrutura três partes essenciais: os eletrodos, onde se produzem as reações químicas; o eletrólito, que é a solução reagente e que constitui o meio condutor das placas elétricas no interior do acumulador; e o vaso recipiente que abriga os eletrodos e o eletrólito. A figura 2.2 apresenta um acumulador prático simplificado. As placas dos eletrodos, que se localizam internamento ao acumulador, imersas no eletrólito e afastadas uma das outras mecanicamente. Este afastamento mecânico representa também um isolamento elétrico e que pode ser feito por um material isolante. Figura 2.2 - Acumulador prático As substâncias que formam cada eletrodo têm constituição diferente e são os reagentes que vão formar compostos químicos pela combinação com as partículas das substâncias do eletrólito durante o fornecimento de carga elétrica ao circuito consumidor, que se encontra ligado externamente aos terminais de ligação do acumulador. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 33 O eletrólito é uma solução de ácido, base ou sais que servem de elemento condutor para permitir a circulação de cargas elétricas no interior do acumulador. A quantidade de cargas elétricas que o acumulador pode fornecer ao circuito externo é um valor característico do elemento, e este valor é proporcional ao número de reações eletroquímicas entre as substâncias do ele s placas. Portanto a área da placa imersa no eletrólito afeta o fornecim externo, então as estruturas dos eletrodos são form paralelo, conforme mostra a figura 2.3. a – Placas de um único eletrodo b - Conjunto de p Figura 2.3 - Placas em paralel Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. trólito e a ento de corrente ao circuito adas por várias placas em lacas dos eletrodos positivo e negativo o Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 34 2.2.1 Princípio de funcionamento do acumulador O acumulador elétrico tem o seu funcionamento caracterizado por reações químicas em seus eletrodos, capazes de provocar a circulação de elétrons entre os seus terminais de ligação, através de um circuito consumidor externo. Para que esta corrente eletrônica se estabeleça, os seguintes requisitos devem ser atendidos: ¾ as reações químicas que ocorrem nos eletrodos devem, de um lado liberar elétrons e de outro absorver elétrons. Este requisito está ligado à valência dos elementos das substâncias reagentes; ¾ entre os dois eletrodos deve existir uma diferença de potencial capaz de provocar o deslocamento dos elétrons pelo circuito externo. Este requisito está ligado ao potencial eletroquímico que se estabelece entre os eletrodos e o eletrólito, durante as reações eletroquímicas; ¾ o eletrólito deve apresentar um alto grau de ionização, este requisito estabelece a capacidade do acumulador em fornecer corrente ao circuito externo; ¾ a circuito aberto, os íons existentes no eletrólito, que são átomos ou radicais com grande afinidade química com as substâncias das placas, se deslocam para as placas afins, em conseqüência, em volta das placas formam-se concentrações iônicas; ¾ ao fechar um circuito elétrico entre os dois eletrodos do acumulador, através de um circuito externo, o desequilíbrio elétrico entre cada eletrodo e o eletrólito, resultante do seu potencial eletroquímico, atrai a maioria dos íons ao seu redor que são neutralizados, de um lado por ação de oxidação e do outro por redução, combinando-se com as substâncias desses eletrodos. A partir daí, as reações se sucedem formando-se um movimento de cargas elétricas no interior do eletrólito, resultante do deslocamento dos íons, e no circuito externo é estabelecido o fluxo de elétrons entre os eletrodos; Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 35 ¾ o fluxo de elétrons através do circuito externo mantém o equilíbrio entre as reações de redução e oxidação. Assim para cada combinação química nos eletrodos do acumulador ocorre a neutralização de cargas elétricas. Para se manter o equilíbrio entre as reações eletroquímicas, os elétrons entregues ao eletrodo negativo deslocam-se pelo circuito externo, até o eletrodo positivo onde são absorvidos durante a combinação entre os reagentes. Durante o processo de fornecimento de corrente elétrica ao consumidor dois pontos básicos se evidenciam: a) as cargas elétricas em movimento no interior do acumulador são formadas por partículas eletrizadas, (íons positivos e negativos); b) as cargas elétricas em movimento pelo circuito externo são elétrons resultantes das combinações eletroquímicas nos eletrodos do acumulador. As reações químicas que ocorrem durante o fornecimento de energia pelo acumulador são caracterizadas pelos processos de redução e oxidação. O processo de oxidação ocorre no eletrodo negativo enquanto a redução ocorre no eletrodo positivo. Com estes processos químicos se criam outras substâncias, diferentes das originais, em cada eletrodo do acumulador elétrico. Para restabelecer as condiçõesoriginais das substâncias dos eletrodos, que tomaram parte nas reações, efetua-se o procedimento inverso ao anterior, fornecendo-se energia elétrica ao acumulador pela aplicação de uma fonte entre os seus terminais. Quando isto ocorre, a circulação de corrente elétrica através da solução eletrolítica provoca a sua eletrólise, e com isto reconstitui-se as substâncias originais dos eletrodos. Neste processo o acumulador elétrico consome energia. Esta propriedade do acumulador elétrico torna a sua aplicação recomendável para a maioria dos sistemas industriais que necessita de uma fonte de emergência para consumidores CC. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 36 2.2.1.1 Transformações eletroquímicas em acumulador chumbo-ácido O funcionamento de um acumulador ácido baseia-se em reações quase completamente reversíveis. A ação eletroquímica do eletrólito de ácido sulfúrico sobre as substâncias das placas é representado pelas condições de equilíbrio, nas condições de carga e descarga das seguintes reações, consideradas pelos fabricantes: stas reações apresentam a constituição do eletrólito na condição de acumula ortamento interno ao vaso se E dor totalmente carregado e totalmente descarregado. Observando a figura 2.4 torna-se perceptível o comp gundo as condições de carga e descarga se realizam, em uma bateria chumbo-ácida. Figura 2.4 - Estado de carga no acumulador Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 37 2.2.1.2 Transformação eletroquímica em acumulador alcalino NiCd Para o acumulador NiCd as reações químicas que caracterizam o estado de Nesta reação o primeiro membro equivale à condição de equilíbrio do acumulador e consideradas válidas pelos fabricantes são: acumulador descarr s industriais constituídas, principalmente, de chumbo ou cádmio e seus co sinas elétricas, subestações, ¾ o na movimentação de cargas ou pessoas, no acionamento egado e o segundo membro à condição de acumulador carregado. O composto NiOOH identifica o eletrodo positivo e é resultante da redução do hidróxido de níquel 2Ni(OH)2. O eletrodo negativo é identificado por Cd que é resultante da oxidação do hidróxido de cádmio Cd(OH)2. A água identifica o eletrólito do acumulador, uma vez que o elemento potássio não toma parte nas reações químicas, servindo apenas como portador de cargas elétricas. 2.3 Aplicações As bateria mpostos são destinadas a suportes de energia: ¾ em estado de emergência para telecomunicações, u sistemas ininterruptos de fornecimento de energia, sistemas de alarmes, segurança em sistemas contra incêndio, fazendo parte das fontes CC de alimentação. A sua principal finalidade é suprir energia aos consumidores, para manter a continuidade de seu funcionamento quando eventualmente os CR´s se tornam inoperantes; em sistemas de traçã de empilhadeiras, elevadores e carros movidos por motor CC. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 38 O acumulador elétrico, tratando-se de cada elemento, pode ser utilizado individualmente, um elemento por monobloco ou em associação série, dependendo da tensão desejada por conveniência do projeto, tendo em vista a necessidade do consumidor. Para dar conta das diversas cargas, atendendo o requisito de diferença de potencial necessário ao funcionamento nominal do consumidor geralmente os acumuladores, um elemento por monobloco, ou as baterias de acumuladores, mais que um elemento em um monobloco, são associados em série o que vem dar o nome de baterias (BT). As baterias, quando associadas, são também chamadas de bancos de baterias. As baterias podem também ser associadas em série, em paralelo ou em associação mista, com a finalidade de ajustar a intensidade de corrente ou tensão a ser fornecida à carga. As condições de associação dependem de quais parâmetros se deseja ajustar, tensão ou corrente, quando se deseja ajustar a tensão e manter a capacidade de fornecimento de corrente a associação série satisfaz. Para um aumento da capacidade de corrente, sem variação da tensão, a associação em paralelo é a indicada, estes casos serão analisados a seguir. 2.3.1 Associação série de acumuladores e/ou baterias A associação em série tem por finalidade ajustar o nível de tensão necessária e suficiente para a alimentação do consumidor e deve respeitar os seguintes procedimentos: ¾ polaridade de conexão – conforme a figura 2.25, ¾ os acumuladores devem ser de mesma capacidade de corrente. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 39 Figura 2.5 - Associação de acumuladores série A associação série pode se dar dentro de um monobloco, formando a bateria, que no caso das baterias automotivas atualmente são conformadas em monoblocos de 12 V variando a sua capacidade em Amper-hora. Este tipo de associação tem como conseqüência o aumento do nível de tensão total da bateria, ou do banco, sem alterar a capacidade de fornecimento de corrente nominal das baterias. Aumenta a resistência interna total do banco o que de certa forma preserva a característica da corrente de curto circuito. A corrente de curto pode tornar-se elevada pelo aumento da d.d.p., considerando P = V.I. onde houve um aumento de V. e a resistência da fonte é consideravelmente baixa. 2.3.2 Associação em paralelo de baterias A associação em paralelo visa o aumento da capacidade de corrente da bateria, entretanto, sem alterar o nível de tensão em seus extremos. Este tipo de associação deve respeitar: ¾ O mesmo nível de tensão entre os acumuladores a serem associados e; ¾ A conexão se procede como na figura 2.6. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 40 Figura 2.6 - Associação de acumuladores em paralelo Esta associação tem como conseqüência o aumento da intensidade de corrente fornecida pelo conjunto e uma diminuição proporcional na resistência interna da associação, ocasionando significativo aumento na potência de curto- circuito do sistema, P = V.I., onde houve um aumento de I e também há de se considerar o parâmetro de resistência interna da fonte muito baixo. Analise a figura 2.7 e conclua sobre o valor da d.d.p. sobre o resistor R1. Qual a intensidade de corrente total está circulando no resistor? Reflita sobre a propriedade de comutação do diodo! O que se pode afirmar sobre as correntes das fontes V1 e V2? Se não houvesse osdiodos D1 e D2 como ficaria o funcionamento deste circuito? Figura 2.7 - Paralelismo de fonte CC Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 41 Com relação a figura 2.8 faça as mesmas análises sugeridas para o circuito apresentado na figura 2.7 . Observe que D1 e D3, em série, vão estabelecer uma prioridade na alimentação pela fonte V2. Em que condição a fonte V1 entrará em condução? Poderia ser inserida uma chave para efetivar a conexão da bateria ao barramento do consumidor? Figura 2.8 - Paralelismo de fonte CC Os circuitos das figuras 2.7 e 2.8 tem por objetivo introduzir uma visão sobre aplicação prática adotada como alternativa para aumentar a confiabilidade da reserva CC em caso de uma eventual falha de CA normal que impossibilite a alimentação por alguns retificadores (CR´s). Este procedimento pode ser analisado na figura 2.9, que é o esquema representativo do circuito que efetivamente está implementado na planta do sistema. A adoção de uma configuração paralela ou mista de circuito deve levar em consideração que, para o fechamento das chaves de interligação dos bancos de baterias, o barramento CC, como alternativa de alimentação de múltiplos consumidores por múltiplas fontes CR´s e respectivas baterias, sem o artifício do diodo de bloqueio, torna-se uma operação de risco. Deve-se observar que a diferença de tensões entre as fontes não seja maior que 10 Vcc no momento da conexão. Tendo em vista que a tendência, no ato do fechamento, é de as fontes equilibrarem o nível de tensão entre elas, produzindo um pico de corrente que pode degradar a instalação, prejudicando o condutor, a seccionadora, bem como o próprio banco de baterias de menor capacidade. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 42 Um caso de aplicação de paralelismo de acumuladores na REPAR, esta configuração utiliza o artifício do diodo de bloqueio para que evite ocorrências danosas por ocasião do chaveamento do sistema em paralelo. Figura 2.9 - Alimentação CC redundante ¾ A associação mista é resultante da associação de dois ou mais bancos já com seus elementos associados em série, e normalmente os bancos são interligados em paralelo. Este é um caso utilizado com certa freqüência para quando se deseja aumentar a capacidade do sistema ou mesmo para aumentar a confiabilidade do sistema. Entretanto esta operação se torna relativamente perigosa de ser manobrada e requer clareza sobre os riscos e faixas seguras de operação. Em princípio a conexão deve ser efetuada com os bancos em um mesmo nível de tensão, permitindo uma tolerância não superior a 10% da tensão nominal do banco e observando as características da instalação. Por exemplo: bitola e comprimento do condutor de interligação, capacidade de corrente da seccionadora utilizada no sistema, condições da proteção. Esta é uma decisão a ser tomada por quem tem um domínio do sistema e deve ser reavaliado no momento da execução. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 43 2.4 2.4.1 Capacidade Principais definições e parâmetros para acumulador - BT Capacidade de descarga do acumulador é expressa pela quantidade de eletricidade que a unidade é capaz de fornecer, em regime de descarga, permanecendo a variação da sua força eletromotriz dentro de limites especificados. Para cada tipo de acumulador a sua capacidade depende do regime de descarga, isto é, depende do valor da corrente solicitada pelo consumidor. A capacidade refere-se sempre a um determinado tempo de descarga. Este parâmetro é fornecido pelo fabricante, expresso em Amper-hora, indicando a corrente que o acumulador pode fornecer continuamente durante o número de horas estabelecido para a descarga. Geralmente são disponibilizados em forma de tabelas, com valores referidos à temperatura de 25ºC e normalizados para cada regime de descarga. Por exemplo: Um acumulador com capacidade de 600 Ah em 10 hs pode fornecer 60 A, continuamente, durante o período de 10 hs, devendo atingir no final deste tempo a tensão final de descarga estabelecida pelo fabricante. Este mesmo acumulador se descarregado em um regime de descarga de 120 A deverá atingir a tensão final de descarga em um tempo inferior a 5 hs. Estas mudanças de regime de descarga não são lineares. Para evitar que o acumulador sofra avarias o fabricante estipula o tempo mínimo de descarga. A tabela 2.1 mostra a capacidade de descarga para cada regime estabelecido para diferentes elementos. Tempo de descarga é o tempo informado pelo fabricante do acumulador para que o mesmo atinja a tensão final de descarga em um determinado regime de descarga. Ex.: Um acumulador, chumbo-ácido, de 600 Ah em 10 horas, com tensão final de descarga de 1,75 V/e, isto significa dizer que o acumulador pode fornecer em regime contínuo 60 A por um tempo de 10 hs. No final das 10 hs o acumulador deve atingir a tensão de 1,75 V/e, que é a tensão final de descarga prevista pelo fabricante. A tensão final de descarga é um outro parâmetro importante para que a bateria não perca as suas condições de regeneração na recarga. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 44 Tabela 2.1 - Corrente de descarga CORRENTES DE DESCARGAS (A)/TEMPO (h) ELEM. TIPO CAP. NOM. V 20 10 8 6 5 3 2 1,5 1 1,75 25,4 45,0 52,8 66,0 75,6 106 141 171 212 1,80 24,6 42,6 51,0 63,0 71,4 101 128 149 182 1,85 23,5 41,4 49,2 59,1 67,5 93,0 119 138 167 6 TM 75 450 1,90 20,9 37,2 46,2 55,2 63,0 84,0 102 117 126 1,75 29,6 52,5 61,6 77,0 88,3 124 165 200 247 1,80 28,7 49,7 59,5 73,5 83,3 118 149 173 213 1,85 27,5 48,3 57,4 69,0 78,7 108 139 161 195 7 TM 75 525 1,90 24,4 43,4 53,9 64,4 73,5 98,0 119 136 147 1,75 33,9 60,0 70,4 88,0 101 142 188 228 282 1,80 32,8 56,8 68,0 84,0 95,2 135 170 198 243 1,85 31,4 55,2 65,6 78,8 90,0 124 159 184 222 8 TM 75 600 1,90 27,9 49,6 61,6 73,6 84,0 112 136 156 168 1,75 38,1 67,5 79,2 99,0 113 160 212 256 318 1,80 36,9 63,9 76,5 94,5 107 152 191 223 273 1,85 35,3 62,1 73,8 88,7 101 139 179 207 250 9TM 75 675 1,90 31,4 55,8 69,3 82,8 94,5 126 153 175 189 1,75 42,3 75,0 88,0 110 126 178 236 285 353 1,80 40,9 71,0 85,0 105 119 169 213 248 304 1,85 39,2 69,0 82,0 98,5 112 155 199 230 278 10 TM 75 750 1,90 34,8 62,0 77,0 92,0 105 140 170 195 210 Fonte: Manual de baterias chumbo-ácidas NIFE. Tensão final de descarga: parâmetro que serve para definir o valor limite da força eletromotriz do acumulador, permitido durante o fornecimento de corrente ao circuito externo, que garante o processode reversibilidade do acumulador. Teoricamente a tensão final do acumulador em descarga é ZERO, porém o seu rendimento atinge o melhor índice quando se limita a descarga em valores especificados pelo fabricante. Esta particularidade é exigida pelos fabricantes, devido às modificações estruturais que ocorrem nas substâncias dos eletrodos impossibilitando a sua recomposição, durante o processo de eletrólise, quando a tensão é reduzida demasiadamente. Tensão nominal do acumulador é a diferença de potencial entre seus eletrodos quando em operação de descarga, isto é, alimentando o consumidor. Esta tensão é característica para cada tipo de bateria, alcalina ou chumbo-ácida. Ver Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 45 tabela 2.2. No caso da BT, a tensão nominal é o produto da tensão nominal do elemento multiplicado pelo número de elementos da BT. Tabela 2.2 - Tensões para acumuladores TENSÃO EM VOLTS/ELEMENTOS/BANCO Vndesc V flut Veq Vcesp Vfin Tipo do ELETRÓLITO ELETRODO el bt el bt el bt el bt el bt ALCALINO Niquel – Cádmio 1,2 110 1,4 128 1,6 147 1,7 156 1,0 92 ÁCIDO Bióxido de chumbo - chumbo 2,0 120 2,2 132 2,4 144 2,7 162 1,75 105 GEL Bíoxido chumbo – chumbo 2,0 384 2,25 432 - - - - 1,75 336 Vndesc – Tensão nominal de descarga Vfin – Tensão final de descarga Vflut – Tensão de flutuação el – tensão por elemento Veq – Tensão de equalização bt – tensão total da bateria Vcesp – Tensão de carga especial Fonte: Adaptada do manual de baterias chumbo-ácidas NIFE. Nos elementos chumbo ácido a tensão é dependente da densidade enquanto nos acumuladores alcalinos a densidade não se altera com o estado de carga ou descarga do acumulador, conforme pode ser observado na tabela 2.3 a seguir. Tabela 2.3 - Densidade de eletrólitos em acumuladores DENSIDADE g / cm3 TIPO DE ELETRÓLITO ELETRODO SOLUÇÃO carregada entre descarregada ALCALINO NiCd Hidróxido de Potássio KOH2 1,17 – 1,30 independe 1,17 – 1,30 ÁCIDO Bióxido de Pb - Pb Ácido Sulfúrico H2SO4 1,20 – 1,29 depende 1,05 – 1,10 Fonte: Adaptada do manual de baterias chumbo-ácidas NIFE. Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 46 2.4.2 Carga A carga da bateria tem por finalidade restituir a capacidade de fornecimento de corrente dos seus acumuladores. Distinguem-se os seguintes tipos de carga para as baterias: flutuação, carga normal e carga especial. A carga de flutuação da bateria é usada para manter o estado de capacidade desejável da bateria, visando compensar as perdas internas por autodescarga. Neste estado de operação a bateria absorve um mínimo de corrente do CR (Carregador Retificador), sendo este estado característico para cada tipo de acumulador. A carga de flutuação é o regime normal de trabalho das baterias nas fontes CC, pois os consumidores são alimentados pelos CR´s. A carga de equalização destina-se a repor pequenas perdas dos acumuladores, por descargas intermitentes e de curta duração provocada por inoperância do CR da fonte CC. A finalidade desta carga é repor os acumuladores nas condições nominais de capacidade. Este modo geralmente é ativado manualmente quando na manutenção preventiva se detecta ligeiras discrepâncias entre os valores de tensão de flutuação dos elementos. Por causar gaseificação, aquecimento dos elementos, evaporação do eletrólito este modo de operação é limitado a duração não muito longa. Requer acompanhamento da manutenção para avaliação constante e o sistema deve retornar ao estado de carga de flutuação tão logo a equalização seja atingida. Normalmente após 3 h de medição sem variação nos valores tomados deve-se retornar para o modo de flutuação. A carga especial só é utilizada em casos raros de necessidade de repor a capacidade de carga do BT e requer alterações específicas no CR para que não ponha em risco a segurança do sistema como um todo. Tensão final de carga é o valor máximo de tensão alcançado nos terminais de cada elemento quando recebe energia CC, no processo de carga, para readquirir a sua capacidade total perdida por descarga. Esta tensão é típica para cada tipo de Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 47 acumulador. Ver tabela 2.2, no caso de uma bateria (BT) a tensão final é o produto da tensão final do elemento pelo número de elementos que compõem a BT. A carga com tensão constante pode ser nos níveis de tensão de flutuação, de carga de equalização ou de carga especial de acordo com o tipo de carga desejado. A carga com tensão constante pode ser sem limitação de corrente e carga com limitação de corrente. No processo de carga da bateria, paralelamente com o aumento de cargas, ocorre o acréscimo da tensão dos acumuladores, que passa do valor da tensão final de descarga para o valor de tensão final de carga, no instante em que a tensão alcança a tensão final de carga dá-se o início ao processo de gaseificação. Estes gases, geralmente mistura de hidrogênio e oxigênio, são resultantes principalmente da eletrólise da água do eletrólito. A quantidade de gás emanado depende da intensidade da corrente de carga utilizada. Por ser uma mistura altamente explosiva, durante a carga da bateria deve ser garantida a retirada dos gases do compartimento onde ela está instalada. Isso requer um sistema de ventilação adequado, podendo ser natural ou mecânico, por meio de exaustores. Outra providência a ser tomada é evitar que estes gases cheguem até os equipamentos da instalação, principalmente em caso de baterias ácidas, devido ao perigo de corrosão. 2.4.3 Vida útil esperada A vida de um acumulador pode ser expressa em tempo de serviço quando opera em paralelo, ou em quantidade de ciclos quando opera ciclicamente. Entende-se por operação em paralelo quando a bateria for mantida o maior tempo de sua vida em flutuação, sofrendo esporadicamente descargas de baixa profundidade; e por operação cíclica quando a bateria for mantida a maior parte de sua vida em regime de carga e descarga. A vida de uma bateria, quer em regime paralelo, quer em operação cíclica, depende: Curso Sistemas de CC e CA Professores: Jair Urbanetz Junior, M. Eng. José da Silva Maia, M. Eng. Fevereiro / 2005 Departamento de Eletrotécnica – CEFET Pr / PETROBRAS 48 ¾ da temperatura: considerada a temperatura ambiente e a temperatura
Compartilhar