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Revisão para a 2ª prova de Desenvolvimento Motor Memória A memória se refere aos variados processos e estruturas envolvidos no armazenamento e recuperação de experiências. É uma referência interna que usamos para lidar com a tarefa e o meio ambiente. Não há como representar ações motoras sem esses elementos. Todos os sistemas de memória requerem três procedimentos: codificação, armazenamento e recuperação. A codificação ou aquisição se refere a todo processo de preparação das informações para armazenamento. Permite traduzir os conteúdos de uma forma para outra. Refere-se também à aprendizagem deliberada, à tentativa de armazenar informações e à percepção. Assim que a experiência é codificada, será armazenada por algum tempo. O armazenamento parece acontecer automaticamente. O depósito de memória é um “sistema complexo e dinâmico” que parece mudar com a experiência. Se desejamos usar uma informação, precisamos buscá-la ou recuperá-la. A recuperação pode ser muito fácil ou trabalhosa, dependendo do tipo de memória usada e de como a informação foi armazenada. Alguns pesquisadores citam ainda um quarto estágio, a consolidação, em que a informação é transferida para a memória de longo prazo, como veremos a seguir. Quando, na segunda metade do século XX, deixa de ser vista como um modelo único, a memória pode ser entendida pelo modelo temporal de processamento de informação, descrito pela primeira vez por Richard Atkinson e Richard Shiffrin, em 1971. Segundo eles, o armazenamento de memória se dá de três formas: pela memória sensorial (MS), pela memória de curto prazo (MCP) e pela memória de longo prazo (MLP). A memória sensorial é constituída a partir da informação que chega aos órgãos dos sentidos e fica retida momentaneamente. Sendo assim, é constituída de todas as impressões sensoriais atuantes, incluindo aquelas às quais não atentamos. Proporciona aos estágios posteriores de memória um tempo extra para captar dados fugazes e pode permanecer intacta, pelo menos temporariamente, se as pessoas atentarem às informações sensoriais e as interpretarem. Em geral, desaparece em menos de um segundo, a não ser que seja transferida imediatamente para o sistema seguinte, a memória de curto prazo. A MCP é tida como centro da consciência: contém tudo aquilo que sabemos - pensamento, informações, experiências, o que for - em qualquer ponto do tempo. Abriga uma quantidade limitada de dados temporariamente, de 2 minutos a 2 dias, e retém mais itens, em média 7, podendo variar de 5 a 9. Podemos reter informações por mais tempo no sistema de curto prazo por meio de repetição. Somada à função de armazenamento temporário, existe uma função de gerenciamento geral. A MCP é descrita como selecionadora daquilo que será retido temporariamente. Na verdade, acredita-se que a MCP esteja envolvida em todas as atividades cognitivas fundamentais que não são automáticas. Por causa desses papéis ativos, o sistema de curto prazo é, às vezes, chamado de memória operacional ou de trabalho. Ela ainda transfere conteúdo para a memória de longo prazo, para registros mais permanentes, e recupera dados dos depósitos sensoriais e de longo prazo. A memória de longo prazo capacita-nos a recordar grande quantidade de informações por períodos substanciais de tempo. Acredita-se que qualquer coisa que armazenamos por minutos, horas, dias, semanas ou anos seja cuidado pela MLP. Para passar informação para o depósito de longo prazo, provavelmente você teria de processá-la de forma mais profunda. Durante o chamado processamento profundo, as pessoas prestam muita atenção, pensam nos significados ou reúnem os itens relacionados que já se encontram na MLP. A repetição simples e desatenta pode ser suficiente para transferir informações para o depósito de longo prazo. A MLP subdivide-se em memória declarativa/consciente/explícita e em memória não-declarativa/inconsciente/implícita. A primeira pode ser um fato ou evento. O fato é um acontecimento. Pode ou não vir acompanhado de um evento. O evento é algo que se vivencia, fortalece o fato e reforça a memória. Já a segunda possui quatro aspectos: priming, que é aquela informação que vai modular a seguinte; procedimentos e hábitos, constituídos a partir de repetição no sentido de formar repertório; aprendizagem associativa, que diz respeito ao condicionamento por reforço; e aprendizagem não-associativa (neuroplasticidade). Os sistemas de curto e longo prazo transferem continuamente informações entre si. O conteúdo da MLP pode ser ativado e transferido para o depósito de curto prazo sempre que for relevante. É o sistema de curto prazo que recupera as memórias tanto de longo como de curto prazo. Neuroplasticidade É qualquer modificação do sistema nervoso, quando diante de uma nova experiência, que não seja periódica e que tenha duração maior que poucos segundos. Significa reorganização ou acomodação do sistema nervoso - plasticidade porque o plástico se deforma. Quando, no século XVIII, rompeu-se com a ideia de que o sistema nervoso era fixo, surgiu esse conceito de maleabilidade do sistema nervoso. É a ideia de que alguma coisa pode se acomodar. A neuroplasticidade está na base está da formação de memórias e da aprendizagem, representando a base biológica do aprendizado, bem como na adaptação a lesões e eventos traumáticos ao longo da vida adulta. Sendo assim, envolve três aspectos: sistemas sensoriais (habituação e sensibilização), aprendizagem e memória, e recuperação de lesões. Os sistemas sensoriais são a forma mais simples de neuroplasticidade. A habituação é o que Sherrington chamou de reatividade diminuída, e que resultaria de redução funcional da eficácia sináptica da via estimulada até o neurônio motor. Prevê uma adaptação ao estímulo após a repetição prolongada do mesmo, e isso se dá por meio de alterações estruturais de curta duração na liberação de neurotransmissores e na sensibilidade do receptor pós-sináptico. Já a sensibilização, ainda que envolva as mesmas estruturas cerebrais, pode ser definida como um incremento transitório da excitabilidade que decorre da apresentação repetida de um estímulo ou da introdução de um estímulo diferente na série de estímulos. Pode durar alguns segundos ou até semanas, dependendo da intensidade do estímulo extra. Um cozinheiro pode se adaptar bem a panelas quentes porque vai lidar com aquilo todos os dias. Mas se alguém der um grito no ouvido dele, isso irá sensibilizá-lo de alguma forma. Diferentemente dos efeitos de curta duração e reversíveis da habituação e sensibilização, o aprendizado e a memória dependem de alterações persistentes e de longa duração da força das conexões sinápticas. Durante a fase inicial do aprendizado motor, regiões grandes e difusas do encéfalo mostram atividade sináptica. Com a repetição da tarefa, ocorre uma redução do número de regiões ativas. Quando a tarefa é finalmente aprendida, só pequenas áreas distintasmostram atividade aumentada durante a execução da tarefa. Já a memória requer alterações de longo prazo, que, por sua vez, dependem da síntese de novas proteínas bem como do crescimento de novas conexões sinápticas. Esse processo, então, produz resposta sustentada e memória de estímulos repetitivos específicos. O terceiro nível de atuação da neuroplasticidade ocorre na recuperação de lesões do sistema nervoso. Quando neurônios de um indivíduo adulto morrem, eles não são substituídos. Contudo, as alterações nas sinapses, na reorganização funcional do sistema nervoso central e as alterações relacionadas à atividade, na liberação de neurotransmissores, promovem a recuperação da lesão. Ou seja, no encéfalo adulto, as áreas corticais rotineiramente ajustam o modo como processam informação, conservando a capacidade de desenvolver novas funções. Nesse processo de reorganização funcional, a plasticidade se dá pela realocação de funções neurais no córtex cerebral que permite a realização de ação motora por meio de novas ligações sinápticas. Imagética motora É um processo mental dinâmico no qual um sujeito simula internamente uma tarefa motora, sem que ocorra o movimento de quaisquer segmentos corporais associados a esta tarefa. Está contida na mesma categoria de processos que envolveriam a programação, planejamento e preparação para a execução de tarefas motoras com a diferença que estas não ocorrem. Incorpora componentes cognitivos e neuromusculares, assim como aspectos psicológicos e sinestésicos. As modalidades de imagética motora têm sido classificadas como visuais e cinestésicas, sendo que cada uma pode ser executada em perspectiva de primeira ou terceira pessoa. Enquanto a imagética motora visual em primeira pessoa corresponde a imaginar a execução de uma determinada tarefa motora como se estivesse vendo com seus próprios olhos, em terceira pessoa, é como se passasse um “vídeo mental”, ou seja, como se o indivíduo estivesse fora do corpo vendo ele próprio executar um movimento. Na imagética motora cinestésica em primeira pessoa, o sujeito deve “sentir” como seu o corpo estivesse em movimento, procurando obter sensações relacionadas às contrações musculares e da posição dos diversos segmentos corporais no espaço. A imagética motora cinestésica em terceira pessoa supõe o desencadeamento de sensações de movimento a partir de uma perspectiva externa. A modalidade utilizada na imagética motora está associada a aspectos individuais e à natureza específica da tarefa. A nitidez das imagens mentais durante a imagética motora não ocorre com o mesmo grau de clareza em todos os indivíduos. Existem pessoas capazes de executar mentalmente um ato motor com mais facilidade que outras, bem como indivíduos como lesões corticais que se mostram incapazes de formar imagens na mente. O tempo é outro fato relevante no estudo da imagética motora. Estudos mostram que o tempo de execução e o de imaginação são similares. Além disso, em sessões de treinamento mental, a imagética motora tem sido apontada como responsável pelo aumento de habilidades motoras em atividades esportivas. Pesquisadores concluíram que a prática de simulação mental de movimentos é significantemente efetiva na melhoria do desempenho, dependendo de parâmetros como periodicidade, duração de cada sessão e o tipo de tarefa utilizada. Atenção x concentração A atenção é entendida, de modo geral, como um estado seletivo, intensivo e dirigido da percepção. Rutzel (1977) define atenção como “um processo seletivo: a percepção e imaginação interna são dirigidas, focalizadas, fixadas e concentradas simultaneamente a um estímulo específico”. Nesse sentido, a atenção não compreende apenas o processo de recepção de informações de forma passiva, mas orientado ao processamento de informações de forma dinâmica. Já a concentração é a “capacidade de manter o foco de atenção sobre estímulos relevantes do meio ambiente” (WEINBERG & GOULD, 1999). Existem três elementos importantes para definir a concentração: focalização de estímulos relevantes; manutenção do nível de atenção durante determinado tempo; e conscientização da situação. O conceito de vigilância, segundo Haider (1982), “inclui a ideia de manutenção de certa atividade por um período de tempo mais prolongado, em geral, acompanhado de ação voluntária”. É definida como desempenho do indivíduo em tarefas de observação e inspeção. Konzag (1981) entende como atenção “um processo seletivo e regulado da consciência humana”e diferencia três diferentes tipos de concentração: atenção concentrada, atenção distributiva e capacidade de alternação da atenção. O primeiro compreende a capacidade de focalizar a atenção num determinado objeto ou ação, ou seja, de dirigir conscientemente a atenção a um ponto específico no campo da percepção. A atenção distributiva diz respeito à distribuição da concentração sobre vários objetos. Já a alternação da atenção é a orientação rápida e adequada a situações complexas, por meio de uma boa adaptação da direção, da intensidade e do volume da atenção em função das exigências do meio ambiente. Segundo Gabler (1986), as funções da atenção são: identificação primária de informações, que, numa fração de segundo, fornece material bruto sobre o objeto para armazenamento a curto prazo para que ocorra uma percepção subjetiva vivenciada; seleção de informações; ativação, que representa a base energética da seleção e é condição importante para tornar mais nítido e plástico o processo de percepção e para otimização da coordenação de sequências motoras; e rejeição perceptiva, que reprime conteúdos indesejáveis. As seguintes variáveis podem influenciar os processos de atenção, concentração e vigilância: características visuais (a eficiência para deslocar os olhos de um objeto a outro); o nível de ativação (a capacidade de controlá-lo e modificá-lo influencia tanto o processo de atenção a longo prazo, como também a curto prazo); características de personalidade (introvertidos conseguem uma maior eficiência durante os últimos estágios de uma tarefa prolongada, enquanto os extrovertidos acompanham melhor sessões de curta duração); diferenças sexuais; hora do dia e nível de aprendizagem (quanto mais automatizada a tarefa, menor é a atenção exigida e maior é a capacidade de bloquear distrações e pensamentos negativos). Já as exigências de concentração pode variar segundo critérios de direção, finalidade, duração e intensidade da tarefa. Nideffer (1976, 1979) propôs um modelo de atenção com duas dimensões: amplitude da atenção e direção da atenção. A amplitude está relacionada à quantidade de informações utilizadas conscientemente em determinadas situações. Pode ser ampla, que requer uma atenção simultânea a diferentes informações percebidas, ou estreita, que dirige a concentração a um único aspecto da situação. A direção também se apresenta em dois pólos extremos: a pessoa (atenção interna) e o ambiente (atençãoexterna). No caso da atenção externa, a pessoa dirige a atenção a estímulos externos, enquanto a atenção interna exige concentração sobre as próprias percepções, sentimentos e pensamentos. Uma conduta ótima e eficaz só é possível quando a forma da atenção corresponde às exigências situacionais (flexibilidade de atenção). A atenção ampla-externa é ótima para adaptar-se a situações complexas que variam rapidamente, mas pode ocasionar distração geral, interferências ótico-acústicas e incapacidade de concentração em um fenômeno específico. A atenção ampla-interna é indicada para análise de competições passadas e planejamento do comportamento tático, mas oferece uma tendência à análise dos fenômenos de forma exagerada, fixa-se em estratégias mentais e carece de flexibilidade no comportamento. A atenção estreita-externa ajuda na concentração a um estímulo externo específico, mas torna o indivíduo incapaz de perceber e analisar todos os estímulos relevantes de uma situação ou mesmo uma situação complexa, porque fixa-se num só fenômeno. A atenção estreita-interna é ótima para perceber e regular o nível de tensão interna e o próprio estado emocional. É importante para a concentração mental antes de uma competição. Tem como problema a fixação de processos internos, a perda de contato com o meio ambiente e a sensibilidade aumentada na presença de esforço e dor. Weinberg & Gould (1999) estabelecem diferenças entre distrações internas e externas: “as distrações internas são pensamentos negativos, preocupações, pensamentos irrelevantes, atenção voltada para eventos passados ou futuros, (...) pressão psicológica, análise exagerada de mecanismos corporais e fadiga mental. Distrações externas (...) são de origem acústica (...) e visual”. O nível de ativação interna e da ativação emocional tornam-se decisivos para o rendimento e a flexibilidade da atenção. O rendimento da atenção com relação a níveis extremamente baixos de tensão resulta num baixo rendimento. Já com um nível crescente da ativação, eleva-se também o rendimento da atenção, até que seja alcançado um nível ótimo de rendimento. Integração Sensório-Motora Integração sensório-motora é a maneira com que áreas específicas do cérebro se integram para a realização de determinadas funções mentais. É um processo complexo em que o sistema nervoso central produz uma ação motora específica a partir da seleção e rápida integração de múltiplas fontes de informação sensoriais. Pode ser definida também como um processo neurológico que organiza as sensações do corpo e do ambiente e como consequência possibilita, de forma efetiva, que o corpo interaja com o meio ambiente. É o acoplamento ou integração do sistema sensorial e do sistema motor. Não é um processo estático, e sim, dinâmico: para um determinado estímulo, não há um único comando motor. Respostas neurais, em quase todos os estágios de uma via sensório-motora, são modificadas em escalas curtas e longas por processos biofísicos e sinais, conexões recorrentes e de feedback e aprendizado, assim como muitas outras variáveis internas e externas. Na década de 1870, John Hughlings Jackson propôs que o córtex é organizado hierarquicamente e que algumas áreas corticais servem a funções integrativas de alta ordem que não são puramente sensórias nem puramente motoras, mas associativas. Essas áreas associativas servem para associar entrada de informações sensória à resposta motora, e efetuar os processos mentais que intervêm entre a entrada de informação sensória e a saída de informação motora. A ação motora é produzida pela interação, e a integração do sistema sensório-motor permite que se obtenha informações sensoriais necessárias para a realização de ações motoras. Ou seja, é preciso internalizar aspectos do ambiente e da tarefa para que haja ação. A produção do movimento pode ser usada para modificar a resposta do sistema sensorial a estímulos futuros. Por isso, é necessária que a integração motora seja um processo flexível porque as propriedades dela, assim como nós mesmos, mudamos com o tempo, e isso nos permite corrigir erros. Existe uma referência que vai sendo atualizada com o passar do tempo. A partir dessa atualização, o indivíduo vai produzindo mais eficiência e vai se adaptando, a partir do erro, a múltiplas situações diferentes do dia a dia. CONCEITOS IMPORTANTES! Somestesia é a capacidade que seres humanos e animais têm de receber informações sobre as diferentes partes do seu corpo. Essas informações podem ser referentes ao meio ambiente ou ao próprio corpo e nem todas se tornam conscientes. Propriocepção é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais. Modelo interno é um postulado processo neural que simula a resposta do sistema motor, a fim de estimar o resultado de um comando motor.
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