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Apostila 04 Macro e micronutrientes (1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS 
CAMPUS AVANÇADO DE JATAÍ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E BIOLÓGICAS 
 
 
FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS 
(APOSTILA 04 ) 
 
 
 
MACRO E MICRONUTRIENTES 
 
 
 
Prof. Dr. Hamilton Seron Pereira 
 
 
 
 
 
 
 
Jataí - GO 
2005 
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1. Nitrogênio 
 
 
O grande requerimento de N pelas plantas tem sido uma razão para se ter neste nutriente, de 
modo geral, o maior limitante da produtividade das culturas (Black, 1968). Por exemplo, uma 
produção de milho correspondente a 7000 kg/ha retira apenas nos grãos, cerca de 280 kg de N 
(Sanchez , 1976). 
Em solos, entretanto, como os de cerrado, a obtenção de resposta positiva à fertilização 
nitrogenada só tem sido conseguida através da aplicação de doses maciças de P (Lopes et al., 1982). 
Contudo, há casos raros de solos com disponibilidade natural de P como naqueles de Patos de Minas 
(MG) em que o N é o maior limitante da produção, em grande parte das áreas cultivadas. Nessas 
condições, respostas econômicas a 200 kg/ha para a cultura do milho são obtidas (Projeto 
BNDE/ANDA, 1974). 
Essas informações reforçam o fato de que respostas ao N só serão obtidas na maioria dos 
solos brasileiros quando a limitação natural pelo baixo nível se P disponível for parcial ou 
totalmente corrigida. Dessa maneira, entende-se a utilização quase que generalizada pelo país de 
fertilizante tipo 4-14-8 (4 % de N, 14% de P2O5 , 8 % de K2O). 
 
1.1. O CICLO DO NITROGÊNIO 
 
A fonte primária de Nitrogênio para as plantas é o gás N2, que constitui cerca de 78% da 
atmosfera terrestre. Contudo, para que o elemento seja utilizado pelas plantas ele precisa ser 
reduzido ou oxidado pela ação dos microorganismos (fixação simbiótica e não simbiótica), por 
descargas elétricas na atmosfera (fixação elétrica – chuvas) ou quimicamente (processos industriais). 
Na natureza o elemento encontra-se em equilíbrio dinâmico entre formas livres e fixadas. A 
passagem de uma forma para outra pode ocorrer por vários processos que constituem o que se 
denomina o CICLO DO NITROGÊNIO (FIGURA 1). A compreensão deste ciclo é fundamental na 
adoção de práticas que resultam no aumento da eficiência de utilização do elemento pelas plantas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 1.1. O ciclo do Nitrogênio. 
 
Microrganismos
NO3- NH3
NH4+NH3
Ciclodo nitrogênio no solo.
Fonte: Siqueira & Franco, 1988.
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1.1.1. Incorporação de N no Sistema Solo – Planta 
 
a) Fixação Biológica 
 
O N pode ser fixado biologicamente pela ação de grupos de microorganismos constituintes 
de associações simbióticas e não simbióticas com as plantas. 
A fixação simbiótica do N atmosférico ocorre pela associação de bactérias do gênero 
Rhizobium com as raízes de leguminosas. Esta associação mostra um bom grau de especificidade, 
de modo que para a fixação de N ocorre há necessidade da combinação certa entre a espécie de 
Rhizobium e a planta. A reação de fixação ocorre em nódulos no sistema radicular das leguminosas, 
e a quantidade de N fixada varia com a planta hospedeira, estirpe do Rhizobium e as condições 
ambientais sob as quais a associação se desenvolve. 
Neste particular, considera-se que os teores de N, de K e de micronutrientes (especialmente 
de Mo) disponíveis e o pH são os fatores do solo que mais afetam a fixação simbióticas de N 
(Wutke, 1972). A literatura registra valores de fixação biológica que variam de 20 a 500 kg N/ha sob 
condições extremamente favoráveis (Tisdale e Nelson, 1975), mas valores próximos de 80 kg/ha são 
mais comuns. 
Algumas plantas não leguminosas podem também fixar N por intermédio de mecanismos 
semelhantes àqueles observados entre leguminosas e Rhizobium. Elas desenvolvem nódulos 
radiculares que mostram a presença de bactérias que fixam N. Como exemplo destas plantas têm-se 
algumas das famílias Betulaceae, Myricaceae, Coriariaceae e Casuarinaceae. 
Atualmente existem evidências que certas gramíneas tropicais são capazes de fixar N. 
Trabalhos conduzidos por Dobereiner e Day (1975), no Brasil, mostram a associação ente Paspalum 
notatum e Azotobacter paspali e entre Digitaria decumbens e Spirillum lipoferum. A fixação ocorre 
ao nível de rizosfera e o N é absorvido do ar diretamente pela planta. 
A fixação assimbiótica ou livre de N pode ocorrer ao nível da filosfera (folhas), e na manta 
orgânica, no solo e na rizosfera por organismos denominados livres. Dentre estes, os mais 
importantes são certas bactérias dos gêneros Rodospirillum, Clostridium, Azotobacter e 
Beijerinckia. Este último gênero é muito comum sob condições tropicais. 
Algas azuis – esverdeadas também podem fixar N assimbióticamente , seja em associação 
com musgos ou em tabuleiros de arroz irrigado. As algas por fotossintetizarem não dependem de 
outra fonte de Carbono. Hoje, há um grande interesse na presença de algas do gênero Azolla para a 
fixação de N em arrozais alagados. 
A quantidade de N fixada assimbioticamente é também muito favorável, admitindo-se 
valores entre 20 e 40 kg/ha. 
 
b) Fixação por Descargas Elétricas – Chuvas 
 
O N presente na atmosfera pode retornar ao solo através da água das chuvas combinando 
com o O ou H, sendo essas reações provocadas por faíscas elétricas. Além disso as águas das chuvas 
podem reconduzir ao solo NH3 e NO3
-
 existentes na atmosfera, principalmente em áreas industriais, 
além de resíduos orgânicos finamente subdivididos. NH4
+
 e o NO3
-
 são prontamente assimiláveis 
pelas plantas. 
A quantidade total de N retornado ao solo pela chuva varia de 1 a 50 kg/ha dependendo do 
local e época do ano. 
 
 
 4 
c) Fixação Industrial 
 
A fixação industrial do N é a fonte mais importante deste nutriente para as plantas na 
agricultura comercial. Existem três reações básicas pelas quais o N atmosférico é fixado 
industrialmente: oxidação direta, pelo processo de cianamida e pelo processo Claude – Harber. 
 
i) Oxidação Direta – este processo é uma imitação do que se observa na natureza quando ocorre 
uma descarga elétrica. O seu rudimento iniciou com observações de Cavendichi de que à 
temperatura do arco voltaico o N se combina com oxigênio, segundo as reações: N2 + O2 → 2NO; 
2NO + O2 → 2NO2. O dióxido de N é dissolvido em água para formar HNO3 (2NO2 + H2O → 
2HNO3 + NO). 
 
ii) Processo cianamida – O N reage sob altas temperaturas com o carbonato de cálcio para formar 
cianamida de cálcio. Inicialmente, o CaCO3 é aquecido para formar CaO + CO2. O CaO formado é 
aquecido a 220º C com carvão para formar CaC2 + CO. Por fim, o CaC2 é aquecido a 1100
º
 C com N 
purificado ocorrendo a seguinte reação: CaC2 + N2 = CaCN2 + C (carbeto de cálcio + nitrogênio = 
cianamida + carbono). 
 
iii) Síntese de Amônia – para a produção de amônia três componentes são necessários: gás natural 
(metano – CH4) , vapor e ar. O método atual de produção de amônia é uma combinação dos métodos 
de Harber e Claude, daí a denominação Claude-Harber. Por esse processo o N reage com o H na 
presença de catalisadores (ósmio e ferro) sob alta temperatura (400 – 500º C) e pressão (200-1000 
atmosferas). A reação é a seguinte: 3H2 + N2 → 2NH2. A amônia pode ser usada para produzir 
vários fertilizantes nitrogenados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1.2. Formas de N no Solo 
 
O N incorporado ao solo sob qualquer um dos processos discutidos anteriormente, pode ser 
classificado como inorgânico e orgânico. Contudo, a maior porção do elemento existente no solo em 
qualquer momento se acha na forma orgânica e para seu aproveitamento pelas plantas necessita ser 
transformado para formas inorgânicas pelo processo de mineralização.NH3
Nitrofosfatos
Nitrato de amônio (NH4NO3)
Nitrato de sódio (NaNO3)
Sulfato de amônio [(NH4)2SO4]
Uréia [CO(NH2)2]
Áqua amônia (NH4OH)
Soluções com N (UAN)
Fosfatos de amônio (MAP, DAP)
+ O2
 + Fosfato de rocha
+ NH3
+ Na2CO3
+ H2SO4
+ CO2
+ H2O
+ NH4 NO3 + Uréia + H2O
+ H3PO4
(HNO3 = ácido nítrico; NaCO3 = Carbonato de sódio; H2SO4 = ácido sulfúrico;
 CO2 = dióxido de carbono; H3PO4 = ácido fosfórico)
A amônia é o produto base para fabricação de outros 
fertilizantes nitrogenados. Fonte: PPI, 1995.
o o
o o
HNO3
 5 
As formas inorgânicas de N no solo incluem aminoácidos, proteínas, amino-açúcares e 
outras substâncias complexas. 
 
1.1.3. Transformação de N no Solo 
 
O N é absorvido pelas plantas principalmente nas formas NH4
+
 e NO3-. A uréia, que tem o 
seu N na forma orgânica, quando aplicada ao solo rapidamente se decompõe e o elemento assume a 
forma NH4
+
, segundo a reação: 
 
CO(NH2)2 + 2H2O ⇒ (NH4)2 CO3 ⇒ 2NH4+ + CO32- 
 
O N da matéria orgânica para se tornar disponível para as plantas tem que ser convertido 
para NH4
+
, ou NO3- ou NO2- pelo processo de mineralização. A velocidade com que a mineralização 
do N ocorre depende de fatores tais como o tipo de matéria orgânica e condições ambientais, que 
condicionam a atividade de microorganismos decompositores. Se, por exemplo, o material orgânico 
a ser decomposto possui baixa concentração de N em relação à de C (alta relação C/N), como ocorre 
em palha de milho, arroz, trigo, etc, os microorganismos utilizarão NH4
+
 ou NO3- presentes no solo 
para promover a decomposição. Diz-se que, neste caso, houve imobilização do N no solo. Se, por 
outro lado, o material possui elevado teor de N em comparação com o de C (baixa relação C/N), 
como os restos de leguminosas, a decomposição será rápida e considerável quantidade de N será 
adicionada ao solo. 
Pode-se dizer que, de modo geral, ao se adicionar ao solo material orgânico com relação 
C/N > 30 haverá imobilização do N no solo na fase inicial da decomposição; se a relação C/N está 
entre 20 e 30 não haverá imobilização ou liberação de N; se a relação C/N < 20 há liberação de N no 
início do processo. 
Quanto às condições ambientais, pode-se dizer, de modo geral, que: 
- a decomposição será rápida se o solo apresenta bom arejamento e bom teor de 
umidade (próximo á capacidade de campo). 
- a decomposição será rápida nas regiões ou solos com temperatura mais elevada. 
- a mineralização é acelerada quando o solo é cultivado. 
- o teor de matéria orgânica é maior em solos argilosos de que em solos arenosos (para 
uma mesma condição climática). 
 
1.1.3.1. Mineralização do N 
 
A mineralização de compostos orgânicos envolve duas transformações – aminação e 
amonificação – que levam o N até a forma amoniacal (NH4+), podendo incluir também a nitrificação 
(passagem de NH4+ ⇒ NO3-). As duas primeiras são produzidas por organismos heterotróficos 
(requerem carbono como fonte de energia) e a última é executada por microorganismos autotróficos 
(obtém CO2 do ar). 
 
i) Aminação – grupos de bactérias e fungos atacam o material orgânico numa seqüência, de modo 
que os produtos finais de uns servem como fonte de energia para outros. Um dos estágios finais de 
decomposição do material nitrogenado é a digestão enzimática de proteínas e compostos afins com 
liberação de aminas e aminoácidos, conforme esquematizado a seguir: 
 
 6 
 Proteínas e + digestão → R-NH2 + CO2 + energia + outros produtos 
compostos afins enzimática 
 
ii) Amonificação – as aminas e aminoácidos liberados no processo de aminação são agora atacados 
também por microorganismos heterotróficos (bactérias, fungos e actimonicetos) que liberam 
compostos amoniacais: 
 
R-NH2 + H2O Hidrólise NO3 + R-OH + energia 
 enzimática 
2 NO3 + H2CO3 (NH4+)2 CO3 2 NH4+ + CO3 
 
O NH4
+
 formado pode estar sujeito aos seguintes fatos: 
a) ser convertido para NO2-e NO3- através da nitrificação. 
 b) ser absorvido pelas plantas. 
c) ser utilizado (imobilizado) por organismos heterotróficos na decomposição de outros resíduos 
orgânicos. 
 d) ser absorvido na superfície de argilas (1:1 e 2:1) ou fixado por certos tipos de argilas (2:1). 
 
iii) Nitrificação – o NH4+ produzido no processo anterior pode ser biologicamente oxidado para a 
forma de NO3
-
. Inicialmente, o NH4
+
 é convertido para NO3
-
, principalmente por bactérias 
autotróficas denominadas Nitrosomonas. Em seguida, o NO2
-
 é transformado para NO3
-
, por 
bactérias do gênero Nitrobacter. As reações envolvidas são as seguintes: 
 
2 NH4
+ 
+ 2 O2 Nitrossomonas 2 NO2
-
 + 2 H2O + 4 H+ 
 oxidação enzimática 
 
2 NO2
-
 + O2 Nitrobacter 2 NO3
- 
+ energia 
 oxidação enzimática 
 
Dessas reações, pode-se inferir que o nível de aeração do solo e a quantidade de NH4
+ 
produzida controlam a nitrificação de modo apreciável. A produção de H+ no processo concorre 
para a redução do pH do solo e a atividade de bactérias envolvidas será reduzida se esta redução for 
muito acentuada, isto é, se o pH cair abaixo de 5,5 (Tisdale e Nelson, 1975). 
O NO3 produzido pode ser absorvido pelas plantas; ser utilizado por microorganismos; ser 
perdido por lixiviação ou ser reduzido para compostos voláteis (denitrificação) e ser perdido do solo. 
 
1.1.3.2 Perdas Gasosas de N o Solo 
 
 Além das perdas por lixiviação e exportação pelas culturas, o N pode perdido no solo na 
forma de gases como N2, NO, N2Oe NO3
-
, em decorrência de reações químicas e biológicas e 
queima de restos de plantas. 
Em condições alcalinas, o NH4
+
 pode ser volatizado segundo a reação: NH4
+ + OH → NO3 
(g) + H2O. Assim, em solos com elevado valor de pH ou que sofreram uma calagem excessiva, a 
existência de N- NH4
+
 ou sua aplicação como fertilizante resultará em considerável perda de N. 
Dados apresentados por Terman (1979) mostraram, por exemplo, que a porcentagem de perda de 
 7 
NO3 a partir da uréia variou de 10% quando o pH do solo era 5,0 , a 50% quando o pH do solo foi 
elevado para 7,5. Esta perda será particularmente acentuada se o fertilizante é aplicado à superfície 
de solos secos e sob alta temperatura. A perda de NO3 no mesmo experimento de Terman (1979) foi 
de 16% quando a uréia foi aplicada à superfície do solo contra 6% com a localização a 3,8 cm de 
profundidade. No que se refere à temperatura do solo, a perda de NH3 passou de cerca 6% a 25% 
quando a temperatura variou de 7 a 32º C. 
Perdas gasosas de NO3
-
 como ácido nítrico têm sido detectadas em solos com elevada 
acidez trocável. 
Perdas de N por outras reações químicas têm sido mencionadas e envolvem a 
decomposição de NO3
-
 . Três reações podem estar envolvidas. A primeira é a decomposição do 
nitrito de amônio(NH4NO2 → 2 H2O + N2 (g)); a segunda é através da reação de Van Slyke (R-
NH2 + HNO2 → R-OH + H2O + N2 (g)); a terceira é a decomposição expontânea do ácido nitroso 
(3 HNO2 → 2 NO (g) + HNO3 + H2O). 
As perdas por reações biológicas são conhecidas como denitrificação, a qual é a redução 
bioquímica do NO3
-
 sob condições anaeróbicas. Sob estas condições, certos organismos anaeróbios 
facultativos envolvidos na decomposição de matéria orgânica têm a capacidade de obter o seu 
oxigênio do NO3
-
 e do NO2
-
, resultando na liberação de N e óxido nitroso, de acordo com a reação: 
 
 2 NO3- → 2 NO2- → N2O2→ N2 e N2O 
 nitrato nitrito Ox. hiponitroso Ox. nitroso 
 
Os microorganismos envolvidos nesse processo podem ser Pseudomonas, Micrococus, 
Achromobacter, Bacillus, Thiobacillus denitrificans e Thiobacillus thioparus. 
 
1.2. O NITROGÊNIO NA PLANTA 
 
 As plantas geralmente absorvem (e transportam) a maior parte de suas exigências em 
nitrogênio, nas formas de amônio (NH4+) ou nitrato (NO3-). Alguns materiais complexos, como os 
aminoácidos solúveis, podem ser absorvidos diretamente e usados pelas plantas. 
 Esses últimos compostos, em geral, não ocorrem na maioria dos solos em quantidades 
significativas. As culturas tradicionais, com exceção do arroz, absorvem a maior parte do seu 
nitrogênio como nitrato. As formas de amônia são rapidamente convertidas a nitrato em solos bem 
aerados e medianamente quentes. A pesquisa, entretanto, demonstrou que as culturas utilizam 
quantidades substanciais de amônio (NH4+), se ele estiver presente no solo. 
 Certos híbridos de milho têm uma alta exigência por amônio que ajuda a alcançar altas 
produções. O trigo também tem mostrado benefícios da nutrição com nitrogênio amoniacal. Um 
motivo para este fato é que a redução do nitrato na planta requer energia (NO3- é reduzido a NH4+, 
que então é transformado em aminoácidos dentro da planta). A energia para esse processo é 
fornecida pelos carboidratos que poderiam, de outra forma, ser usados para o crescimento e 
formação de grãos. 
 Dentro da planta, o nitrogênio é convertido a aminoácidos, as unidades de formação das 
proteínas Esses aminoácidos são então usados na formação do protoplasma. Conseqüentemente, o 
nitrogênio é um componente necessário para a estrutura e as funções da célula, uma vez que o 
protoplasma é o local de divisão celular e de crescimento das plantas. 
 Todas as enzimas das plantas são proteínas. Assim sendo, o nitrogênio é necessário para 
todas as reações enzimáticas nos vegetais. Como uma parte da molécula de clorofila, o nitrogênio 
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está diretamente envolvido na fotossíntese. É um componente necessário da biotina, tiamina, 
niacina, riboflavina e de outras vitaminas, e ajuda a planta a produzir e a usar os carboidratos, além 
de afetar as reações energéticas 
 
1.2.1. Deficiência de N na Planta 
 
 O nitrogênio em nível elevado produz uma cor verde escura nas folhas, devido a uma alta 
concentração de clorofila. A deficiência de nitrogênio causa clorose (um amarelecimento) das 
folhas, pela diminuição da clorofila. Esse amarelecimento começa primeiro nas folhas mais velhas, 
e então aparece nas folhas jovens, à medida que a deficiência torna-se mais severa. 
 Os pigmentos verdes na clorofila absorvem a energia luminosa necessária para iniciar o 
processo da fotossíntese. A clorofila ajuda a converter o carbono, o hidrogênio e o oxigênio em 
açúcares simples. Esses açúcares e seus produtos de conversão ajudam a estimular mais aumentos 
no crescimento das plantas. 
 Um teor inadequado de nitrogênio conduz a baixos níveis de proteína nas sementes e nas 
partes vegetativas. As plantas deficientes em nitrogênio tendem a ser "atarracadas", de crescimento 
lento, e produzem menos perfilhos do que o normal. Elas usualmente possuem menos folhas e 
certas culturas, tais como o algodão, podem atingir a maturidade mais cedo quando não apresentam 
o teor adequado de nitrogênio. 
 O milho, adequadamente adubado com nitrogênio, terá menor percentagem de água nos 
grãos do que o milho suprido de modo insuficiente com este nutriente. 
 O nitrogênio é, algumas vezes, considerado responsável por atraso na maturação. O excesso 
de nitrogênio pode aumentar o crescimento vegetativo, reduzir a formação dos frutos e afetar, de 
maneira adversa, a qualidade da produção. Atraso na maturação, entretanto, é usualmente resultado 
da deficiência de outros nutrientes, não do nitrogênio. 
 
 
1.3. PRINCIPAIS ADUBOS NITOGENADOS 
 
 A decomposição da matéria orgânica fornece praticamente mais de 90% do nitrogênio do 
solo, mas a maioria dos solos contém pouca matéria orgânica, geralmente 2% ou menos. A 
matéria orgânica do solo contém cerca de 5% de nitrogênio, mas somente cerca de 2% dela são 
decompostos a cada ano, em geral menos que isto. 
 Assim, cada 1% de matéria orgânica libera somente cerca de 10 a 40 kg de nitrogênio a 
cada ano - muito aquém das necessidades da maioria das plantas cultivadas. Além disso, a taxa de 
liberação é afetada pelas práticas de manejo. Preparo conservacionista, que vem sendo praticado 
em maior área cada ano na América do Norte, por exemplo, leva a solos mais frios, menor 
velocidade de decomposição da matéria orgânica e menor taxas de liberação de nitrogênio. 
 Houve época em que todo o fertilizante nitrogenado estava na forma de materiais orgânicos 
naturais. O "guano" foi um dos primeiros adubos orgânicos comercializados. Materiais orgânicos, 
tais como o esterco de galinha, a torta de caroço de algodão e a farinha de ossos, foram também 
usados. Alguns desses materiais ainda estão sendo usados em casos especiais, mas representam 
muito pouco em termos de fonte de nitrogênio, quando comparados com as fontes inorgânicas. 
 A maior parte dos fertilizantes com nitrogênio vem, hoje, da fixação sintética do nitrogênio 
atmosférico usando amônia como produto básico. A maioria dos outros fertilizantes nitrogenados 
é derivada da amônia. Os adubos nitrogenados podem ser divididos em orgânicos naturais e 
químicos . 
 
 9 
1.3.1. Adubos Orgânicos Naturais 
 
Os adubos orgânicos naturais são de origem animal ou vegetal, e o teor de N dos mesmos é 
muito variável e relativamente baixo. Alguns exemplos são: 
 
Esterco de curral = 0,5 % de N Torta de amendoim = 8 % de N 
Esterco de galinha = 2% de N Torta de algodão = 7% de N 
Torta de mamona = 6% de N Farinha de sangue = 8 a 14% de N 
Farinha de carne = 10% de N Torta de filtro de usina = 1,3% de N 
 
1.3.2. Adubos Químicos 
 
As fontes químicas de N são mais importantes como fertilizantes do que as orgânicas. A 
maior parte dela sé derivada da amônia (NH3). 
 
1. Amônia Anidra - NH3 – (82% N). A amônia anidra contém mais nitrogênio do que qualquer 
outro fertilizante nitrogenado encontrado no mercado (82%). Ela é armazenada sob pressão, como 
um líquido. É aplicada ao solo através de tanques de alta pressão: (1) por injeção através de tubos 
que são localizados na parte traseira de um aplicador tipo lâmina; (2) por mistura na água de 
irrigação, em sistemas de inundação ou sulcos, mas não em sistemas de aspersão. 
 A aplicação de amônia anidra pode ser difícil em solos pedregosos, encharcados ou secos, 
ou cheio de torrões. Em soqueiras de culturas, pode causar injúrias temporárias nas raízes. 
 Como se trata de um gás sob condições normais de temperatura e pressão, alguma perda de 
amônia anidra pode ocorrer durante e após a aplicação. As condições físicas e químicas do solo 
afetam a quantidade perdida. 
 O teor de umidade do solo, a profundidade de aplicação, o espaçamento das lâminas do 
aplicador e a CTC do solo afetam a quantidade de amônia retida no solo. Solos com baixa CTC 
como os arenosos podem necessitar de aplicações em maior profundidade para evitar perdas por 
volatilização. 
 Se um solo está compactado ou cheio de torrões durante a aplicação, a fenda atrás da lâmina 
do aplicador não se fechará. Isto permite que alguma amônia seja perdida para a atmosfera. A 
umidade do solo próxima à capacidade de campo é a ideal para a retenção de amônia. Condições de 
encharcamento também aumentam as possibilidades de perdas em função da dificuldade de 
fechamento das fendas atrás das lâminas. 
 Espaçamentos menores do aplicador ou pontos de aplicação propiciam menores perdas de 
amônia por causa da concentração reduzida no ponto de injeção. Doses de aplicação menores 
também reduzem a concentração de amônia nos pontos de liberaçãoe reduzem possíveis perdas. 
 Levando-se todos esses pontos em consideração, as perdas de amônia por volatilização são 
normalmente pequenas e não se constituem em um grande fator econômico. 
 
2. Aqua Amônia e Soluções de Nitrogênio - A aqua amônia é obtida dissolvendo-se gás amônia 
em água. Esses produtos apresentam propriedade semelhante à amônia anidra e devem ser 
colocados abaixo da superfície do solo para prevenir perdas. As soluções de nitrogênio são 
preparadas misturando soluções concentradas de nitrato de amônio, de uréia e algumas vezes de 
aqua amônia. Essas soluções de nitrogênio são algumas vezes produzidas pela dissolução de uréia 
e/ou nitrato de amônio sólidos. Todas as soluções de nitrogênio são classificadas como 
pressurizadas ou não pressurizadas. 
 10 
 
As soluções pressurizadas possuem uma apreciável pressão de vapor por causa da amônia livre. 
Elas podem requerer tanques e equipamentos modificados, especialmente se a pressão de vapor for 
muito forte nas temperaturas de operação. As soluções pressurizadas precisam ser aplicadas abaixo 
da superfície do solo para evitar perdas. Não se devem aplicar esses produtos em contato direto 
com a semente porque a amônia é danosa à germinação. 
 As soluções não pressurizadas podem ser manuseadas sem o uso de tanques ou 
equipamentos de alta pressão. Elas não contêm amônia livre; usualmente contêm nitrato de 
amônio, uréia e água. Soluções de nitrogênio que contêm uréia e nitrato de amônio (URAN) 
apresentam maiores concentrações de nitrogênio do que as soluções de cada um desses produtos 
isolados. A presença de ambos os compostos baixa a temperatura de formação de sais e permite 
que as soluções possam ser utilizadas a temperaturas mais baixas sem a formação de precipitados. 
Entretanto, mesmo nas soluções URAN, à medida que a concentração de nitrogênio aumenta, a 
temperatura de precipitação também aumenta. Por exemplo, soluções com 28% de nitrogênio 
precipitam a -21o C, soluções com 30%, a -7o C e soluções com 32%, a -2o C. 
 
3. Nitrato de Amônio - O nitrato de amônio contém 32% de nitrogênio, metade na forma 
amoniacal NH4+ e metade na forma nítrica NO3-, é produzido pela reação do ácido nítrico com 
amônia. Apesar do nitrato de amônio sólido possuir excelentes qualidades para o manuseio, ele 
absorve umidade (é higroscópico). Por esse motivo, ele é revestido durante a fabricação de 
materiais como terra diatomácea, para prevenir a absorção de água. Assim, ele não deve ser 
deixado em sacos ou depósitos abertos, por períodos longos, em clima úmido. O nitrato de amônio 
é bastante adequado para misturas de produtos e para culturas que requerem aplicações em 
cobertura. 
 
4. Fosfatos de amônio - O fosfato de monoamônio - MAP (NH4H2PO4) e o fosfato de diamônio - 
DAP (NH4)2HPO4 são geralmente considerados fontes mais importantes de fósforo do que de 
nitrogênio. O Capítulo 4 discute esses materiais. 
 
5. Sulfato de Amônio - (NH4)2 SO4 – (20% N) – pode ser obtido pela reação do NH3 com H2SO4 
ou pode-se reagir NH3 com CO2 para formar (NH4)2 CO3, que é posteriormente combinado com 
gesso, obtendo-se CaCO3 + (NH4)2 SO4. O sulfato de amônio apresenta todo o seu nitrogênio na 
forma amoniacal (aproximadamente 20 %). É ainda uma fonte importante de enxofre (22 a 24% de 
S), sendo, por isso, recomendável, principalmente para adubações nitrogenadas em cobertura, em 
solos deficientes em enxofre. É, entretanto, o fertilizante nitrogenado que apresenta o maior efeito 
acidificante. 
 
6. Uréia - CO(NH2)2 – (45% N) – O nitrogênio se encontra na forma amídica que é produzida pela 
reação do NH3 com CO2 sob pressão e temperatura elevadas. A uréia depois de aplicada ao solo, 
hidrolisa para carbonato de amônio que imediatamente se decompõe para NH4 e CO2 segundo a 
reação: 
 
 CO(NH2)2 + 2 H2O enzima (NH4)2 CO3 2 NH4+ + CO32- 
 uréase 
 
 11 
 A aplicação da uréia à superfície do solo pode resultar em perda significante de NH3 em 
razão da rápida hidrólise que ocorre. Uma série de fatores influencia quão rapidamente ocorre a 
hidrólise da uréia, incluindo a quantidade de enzima presente e a temperatura do solo. Quanto mais 
frio for o solo, mais lento é o processo. 
 Durante a hidrólise, os íons de bicarbonato reagem com a acidez do solo e aumentam o pH 
do solo na proximidade do local onde ocorre a reação, o que, em parte, neutraliza um pouco da 
acidez que, mais tarde, é produzida pela nitrificação. Os íons NH4+ são adsorvidos pela argila e 
matéria orgânica do solo, sofrem nitrificação ou são diretamente absorvidos pelas plantas. Uma vez 
convertida em amônio, a uréia comporta-se como qualquer dos outros fertilizantes nitrogenados e é 
uma excelente fonte de nitrogênio. Existem alguns fatos adicionais sobre o comportamento da uréia 
que devem ser compreendidos: 
a) A uréia é hidrolisada rapidamente. Grandes quantidades de amônia (NH3) podem ser perdidas 
por volatilização quando a uréia ou soluções contendo uréia é aplicada em superfícies nua, e que 
estão evaporando rapidamente a água ou em solos com grandes quantidades de resíduos, incluindo 
soqueiras. A aplicação com temperatura baixa, incorporação ao solo ou aplicações em faixas dos 
fertilizantes contendo uréia (URAN), ajudam a controlar o problema (Figura 2). 
b) A rápida hidrólise da uréia no solo pode ser responsável por injúrias produzidas pelo NH3 às 
plântulas. Isto ocorre quando grandes quantidades são localizadas muito próximas às sementes ou 
em sulcos com as sementes em linhas estreitas. Uma regra prática é evitar contato direto com as 
sementes plantadas em sulcos ou sulcos pouco espaçados de pequenos grãos. Pequenos grãos 
podem suportar altas doses de aplicação em contato com as sementes se a plantadeira distribui as 
sementes e o fertilizante em faixas mais largas (plantadeiras a ar). 
c) A uréia é um excelente fertilizante para a adubação foliar, mas alguns tipos podem conter 
pequenas quantidades de um produto de condensação chamado de biureto. O biureto é tóxico 
quando aplicado nas folhas das plantas, mas não apresenta efeito detrimental quando aplicado ao 
solo. 
d) As fontes de nitrogênio mais comercializadas no Brasil são: a uréia, que representa mais de 50% 
do total, o sulfato de amônio (mais ou menos 20%), e menores quantidades de nitrato de amônio e 
nitrocálcio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 1.2. 
 
 
 
0
10
20
30
40
50
60
70
80
N
 
v
o
la
til
iz
ad
o
 
ac
u
m
u
la
do
, 
%
 
do
 
ap
lic
ad
o
SA NA UR SA NA UR
Plantio direto Plantio convencional
Perdas acumuladas de 3 fontes de nitrogênio (SA-sulfato de amônio;
NA-Nitrato de amônio e UR-Uréia) em plantio direto de milho sobre 
aveia preta e convencional. Fonte: Cabezas, 1998. 
Superficial
Incorporado
Métodos de
aplicação:
Dose de N: 100 kg/ha
o o
o o
 12 
7. Sulfonitrato de Amônio - É obtido por mistura a quente de soluções de nitrato e sulfato de 
amônio. Apresenta 25% de N total, sendo 6% na forma nítrica e 19% na forma amoniacal. Contém 
ainda 13 a 15% de S. 
 
8. Nitrocálcio - O nitrocálcio resulta da mistura de nitrato de amônio com calcário finamente 
moído e apresenta 50% do nitrogênio da forma nítrica e 50% na forma amoniacal. O teor total de 
nitrogênio é de 20%. Pelo revestimento do nitrato de amônio com calcário este fertilizante não 
apresenta características acidificantes. Apresenta, ainda, 2 a 8% de cálcio e 1 a 5% de magnésio. 
 
9. Nitrato de Sódio - O nitrato de sódio, resultante da extração e purificação de depósitos naturais 
de caliche no Chile, foi, durante muitas décadas, o único fertilizante nitrogenado comercializado. O 
salitre do Chile, como é conhecido, apresenta 15%de nitrogênio na forma nítrica. 
 
10. Nitrato de potássio – KNO3 – (13% N e 44% K2O) – pode ser obtido pela reação de cloreto de 
potássio com ácido nítrico ou nitrato de sódio. 
 
 
1.4. ADUBAÇÃO NITROGENADA 
 
Embora o teor de N do solo seja relativamente elevado, somente uma porção muito 
reduzida deste total se acha na forma inorgânica e, portanto, disponível para as plantas . Para um 
mesmo solo, a quantidade de N disponível pode ser muito variável pois ela depende de todos os 
fatores determinantes da mineralização da matéria orgânica. As formas de N no solo, ao contrário de 
elementos como fósforo, não estão em equilíbrio estável e, as formas inorgânicas apresentam grande 
mobilidade no perfil, o que leva à não observação do efeito residual. 
Em razão desse comportamento geral, não existe até o momento um critério adequado para 
a recomendação de adubação nitrogenada com base em análises de solo. Por isso a recomendação é 
feita levando-se em conta os resultados de experimentos, ou o tipo de cultura, histórico de uso da 
área, etc. Assim , por exemplo, em culturas recém desmatadas a quantidade de adubo nitrogenado a 
ser aplicado deverá ser menor do que em áreas já cultivadas por algum tempo, em razão da rápida 
decomposição dos resíduos ou da matéria orgânica deixada pela floresta. Com o passar do tempo, a 
taxa de decomposição diminui e tende a se estabilizar em níveis muito baixos. 
Em Minas Gerais, a quantidade de N recomendada é variável (Comissão de Fertilidade do 
Solo do Estado de Minas Gerais, 1978) e vai de 20 kg/ha , por exemplo para a cultura do amendoim, 
a 300 kg/ha para a cultura do pimentão. Normalmente, da quantidade total recomendada, uma parte 
é aplicada na época do plantio e o restante parcelado em uma ou mais vezes de acordo com o ciclo 
da cultura. Diante dos acontecimentos hoje disponíveis, a maneira mais segura para a recomendação 
de N seria a condução, para cada local e cultura, de experimentos, por dois ou três anos, para a 
definição da melhor fonte, dose e época de aplicação ou parcelamento do elemento. 
A adubação nitrogenada em culturas anuais é feita parte no plantio e o restante em cobertura. 
Sendo que as respostas a nitrogênio tendem a ser mais elevadas em solos cultivados a muito tempo, 
e nestes casos maiores quantidades de nitrogênio devem ser aplicadas. solos em pousio, recém 
desbravados ou que tiveram planto anterior com leguminosas, podem necessitar de menores doses 
de nitrogênio. 
 No caso do milho a exportação de nutrientes dependente da cultivar, a eficiência de 
aproveitamento do N varia com a cultivar, por exemplo, o híbrido BR 201 apresenta maior relação 
de eficiência na conversão do N assimilado em grãos, e maior taxa de exportação deste nutriente 
 13 
pelos grãos. (Vasconcellos et al. 1998 - PAB, v.3, n.11, p.1835 - 1845). Na Tabela 1 e apresentado à 
necessidade de N das principais culturas. 
 
 
Tabela 1.1. Necessidade de nitrogênio das principais culturas. 
CULTURA COLHEITA 
(t/ha) 
N 
(kg/ha) 
ARROZ 3,2 81 
MILHO 6,4 305 
TRIGO 3,0 125 
CANA 100,0 132 
FEIJÃO 1,0 102 
SOJA 3,0 300 
CAFÉ (COCO) 2,0 253 
 
 
1.5. EFICIÊNCIA AGRONÔMICA ADUBOS NITROGENADOS 
 
 De um modo geral, a eficiência agronômica dos adubos nitrogenados não varia (são iguais) 
quando aplicadas de acordo com as recomendações, isto é, evitando perdas. O uso de uma fonte 
depende: 
 1 - Disponibilidade no local (nacional ou importado) 
 
 2 - Outros nutrientes na composição 
 
 3 - Dose aplicada (alta ou baixa) 
 4 - Forma de aplicação - Culturas Anuais - na linha 
 - Culturas Perenes - projeção da copa 
 
 � Umidade 
 5 - Condições de solo � Tipo de argila (alta atividade ou baixa). 
 � Textura, Compactação 
 � CTC, pH, etc... 
 
 6 - Condições de clima � Chuvas (concentradas ou bem distribuídas) 
 � Temperatura (alta ou baixa) 
 
 � Distribuição Sist. Radicular (profundo ou superf.) 
 7 - Cultura � Ciclo (anual ou perene) 
 � Variedade (Rústica ou alto potencial genético) 
 � Eficiência metabólica, etc..(Acumula NH4 ou NO3?) 
 
 8 - Outros: Densidade plantas; 
 14 
 Incorporação; Irrigação; 
 Rotação de culturas; 
 Cobertura vegetal 
 
 De um modo geral a eficiência dos adubos nitrogenados pode ser aumentada considerando-se 
alguns aspectos: 
 
1 - Reduzir as perdas por Volatilização - Incorporação do adubo 
 A incorporação adequada de fertilizantes tanto por ocasião do plantio como no caso da 
adubação de cobertura é de fundamental importância para se evitar as perdas por volatilização de 
NH3, principalmente em solos alcalinos e/ou calcários. 
 Nas aplicações de N em cobertura, particularmente na forma amídica (uréia/uran), deveria 
ser sempre incorporadas numa profundidade mínima de 2-3 cm. 
 
2 - Parcelamento da adubação nitrogenada 
 
Em geral recomenda-se o parcelamento quando: 
 � A dose recomendada de N é alta (120-150 kg N/ha) 
 � Solos arenosos 
 � Solos argilosos com baixa CTC 
 � Áreas sujeitas às chuvas com altas intensidades; 
 � Culturas de ciclo longo (café, laranja, etc) 
 � Áreas de irrigação (Pivô, aspersão, etc) 
 
Não se recomenda o parcelamento quando: 
 � Dose baixa ou média (40-80 Kg N/ha); 
 � Solos com alta CTC (textura média ,ou argilosa) 
 � Áreas sujeitas às chuvas de baixas intensidade 
 � Culturas de ciclo curto 
 
Tabela 1.2. Efeito do parcelamento do N (nítrica) na produção do CAFÉ 
Dose 200 g N/cova (Malavolta, 1981) 
APLICAÇÕES COLHEITA RELATIVA 
% 
Sem N + PK 100 
1 aplicação + PK 115 
2 aplicações + PK 150 
3 aplicações + PK 200 
 
3 - Correção dos solos 
- > CTC efetiva 
- > crescimento radicular 
4 - Espaçamento e Potencial de produção 
 - > espaçamento < eficiência 
 - > Potencial produção > eficiência 
 15 
5 - Uso de fertilizantes de solubilidade controlada (+ lenta) 
- uréia revestida (S) 
- inibidores da urease. 
- supergrânulos de uréia 
 
 
1.6. LITERATURA CITADA 
 
1. BLAK, C. A. 1968 . Soil –Plant Relationships. 2a ed. New York , John Wiley and Sons. 792 
2. BRADY, N. C. 1974. The Nature and Properties of Soils. 8a ed. , New York. MacMillan 
Publishing Co., Inc. 639 p.. 
3. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 1978. 
Recomendações para o Uso de Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais. 3a aproximação 
Belo Horizonte . EPAMIG. 
4. DOBEREINER, J. & DAY, Potential significance of nitrogen fixation in rhizosphere association 
of tropical grasses. In. E. Bormenisza & A. Alvarado (eds.). Soil Management in Tropical 
America. North Carolina State University, Releigh. P. 197-210 
5. LOCATELLI, M.; BARROS, N.F.; BRANDI, R..M.; NEVES, J.C.L. & GOMES, J.M. 1984. 
Efeito de fontes e doses de nitrogênio no crescimento de mudas de eucalipto. Rev. Árvore, S: 
39-52. 
6. LOPES, A. S.; VASCONCELLOS, C.A. & NOVAIS, R.F.; 1982. Adubação fosfatada em 
algumas culturas nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro. In. A. J. 
Oliveira (ed.) Adubação fosfatada no Brasil. EMBRAPA. Brasília, p. 137-200. 
7. PROJETO BNDA/ANDA. 1974 Resposta a ensaios de adubação na região Centro-Sul .s.l., 150 p. 
8. SANCHEZ, P.A. 1976. Properties and Management of Soils in the Tropics. New York. John 
Wiley and Sons. 618 p. 
9. TERMAN, G.L. 1979. Volatilization losses of nitrogen as ammo from surface – applied 
fertilizers, organic amendments, and crop residues. Advances Agronomy 31: 189-223. 
10. TISDALE, S.L. & NELSON, W.L. 1975. Soil Fertility and Fertilizers. 3a. ed. New York, 
Macmillan Publishing co., Inc. 694 p. 
11. WUTKE, A.C.P. 1975 Nitrogênio. In. A.C. Moniz (coord.) Elementos de Pedologia, São Paulo; 
Ed. Polígono, p. 179-189. 
 
 
 
 16 
2. FÓSFORO 
 
 
Os solos tropicais apresentam-se, principalmente,na maioria dos casos, como muito pobres 
ou deficiente em fósforo (P) disponível para as plantas. Estudos têm confirmado que 65,1% dos 
solos tropicais são fortemente deficientes em P e 26,6 % o são ainda medianamente (Roche et alii, 
1980). Consequentemente, o cultivo adequado desses solos tem, na fertilização fosfatada, técnica 
essencial às maiores produtividades. Isto é verdade para diversas plantas cultivadas de maneira cada 
vez mais intensas nos solos de cerrado (Novais & Defelipo, 1971; Freitas e Jorge, 1982; Novais & 
Borges, 1983). Esses solos, como é sabido, são extremamente pobres em P (Lopes e Cox,1977) e 
têm na adição deste elemento, além da calagem quase sempre necessária, a condição para que se 
tornem produtivos. (Tabela 2.1). 
 
Tabela 2.1. – Produções médias de grãos de soja, em nove ensaios, em resposta à aplicação de 
fósforo1 , na presença e ausência de calagem, em dois tipos de solos. 
SOLOS 
Doses 
 
De 
 
P2O5 
 Latossolo Vermelho Latossolo Vermelho 
 Amarelo (LV) Escuro (LE) 
 
 sem calagem com calagem sem calagem com calagem 
------------------------------------------------------kg/ha------------------------------------------------------ 
0 209,7 512,4 385,4 434,0 
100 765,5 1601,4 1041,8 1533,1 
200 1008,1 1832,2 1282,5 1760,1 
300 1079,6 2076,8 1414,1 2077,3 
 Fonte de fósforo: superfosfato triplo. 
Fonte : PIPAEMG (1973) 
 
 
2.1. O FÓSFORO NO SOLO 
 
Ao contrário do nitrogênio (N) nas suas formas minerais, que apresentam grande 
mobilidade no solo, o que faz com que suas perdas do sistema sejam grandes, a mobilidade do P é 
mínima e consequentemente, suas perdas por lixiviação são desprezíveis. Esse comportamento 
diferencial desses dois elementos causa, por exemplo, um grande acúmulo de P no solo ao longo de 
alguns anos de cultivo como uma conseqüência do residual ou do que sobra do aplicado no ano 
anterior e não utilizado pela planta, o que não acontece com o N. Como já foi dito, a presença de N 
nos solos é muito dependente de sua manutenção na forma orgânica, imobilizado em estruturas 
orgânicas – organismos vivos em decomposição, matéria orgânica. Assim, o N em suas formas 
minerais é, em nossos solos, extremamente susceptível à perdas por lixiviação, não se acumulando 
no sistema após anos de cultivo. 
O P, por outro lado, apresenta reações típicas de adsorção e precipitação com minerais da 
fração argila do solo, principalmente (adsorção), e com íons na solução do solo (precipitação), que 
levam à sua imobilidade e consequentemente ao seu característico efeito residual. 
Portanto, essa reação de adsorção/precipitação (que será chamada d’agora pra frente de 
fixação, embora de maneira não plenamente satisfatória, como poderá ser observada quando se 
 17 
estudar o Potássio) ocorre de maneira intensa, com muita energia , com o P, e de maneira 
insignificante, com energia de fixação muito baixa, com o N. Daí a grande variação de mobilidade, 
lixiviação e residual existente entre os dois elementos. 
Essa diferença faz com que os fertilizantes para solos de cerrado sejam ricos em P quando 
de suas aplicações nos primeiros anos de cultivo, diminuindo nos anos seguintes, podendo se tornar 
mesmo desnecessários depois de alguns anos de cultivo em uma mesma área. O mesmo não 
acontece com o N. Sua demanda para culturas que o exigem em grande quantidade, como o milho, 
por exemplo, é praticamente a mesma, ano após ano de cultivo. 
Como conseqüência dessas observações pode-se perguntar: essa fixação intensa de P no 
solo é indesejável ou não? Traz conseqüências negativas ou positivas à utilização agrícola dos 
solos? 
 
2.1.1. Formas de Fósforo no Solo 
 
As formas inorgânicas de P no solo têm merecido maior atenção que as orgânicas. Assim, 
quando se toma uma amostra de um solo qualquer, cultivado ou não, métodos analíticos adequados 
permitem saber quanto de P inorgânico total há fixado ou “ligado” a Fe, Al e Ca – formas iônicas 
que precipitam o P e formas minerais como óxidos que levam à sua absorção. Dada a grande 
afinidade desses cátions e óxidos pelo P adicionado como fertilizante, que para entrar em solução do 
solo deverá estar nas formas H2PO
-
4 e HPO
2-
4 , principalmente, sua fixação pelos solos é rápida e 
muito intensa. Em laboratório, é fácil medir a capacidade máxima de fixação de P no solo, 
chegando-se a valores de 1mg P/g solo ou mais, em solos mais argilosos e mais intemperizados 
(mais óxido de Fe e de Al) como os de cerrado em geral (Bahia Filho & Braga, 1975). Esse valor 
corresponde a 1.000ppmP ou a 2.000 kg de P/ha, ou a 4.600 kg/ha de P2O5/ha, o que leva, em 
termos práticos, a 23.000 kg de superfosfato simples/ha, um fertilizante fosfatado muito comum, 
com 20% de P2O5 . 
Uma visão do comportamento do P no solo é apresentada na figura 2.1. 
Assim que se coloca uma fonte de P solúvel num solo, há enriquecimento rápido da solução 
do solo – P-H2O ou fator intensidade de P(I). Esta forma iônica (solúvel) de P inorgânico é que será 
absorvida pela planta depois do transporte por difusão até as raízes das plantas. Na faixa normal de 
pH dos solos, o P se encontra na solução nas formas H2PO
-
4 e HPO
2-
4 (formas absorvidas pelas 
plantas), sendo que com o aumento do pH há um pequeno mas gradual aumento da forma iônica 
PO3-4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2.1. Comportamento do fósforo no solo 
P NO 
FERTILIZANTE
P NA SOLUÇÃO 
DO SOLO
P 
LÁBIL
P NA EROSÃO E 
NA ÁGUA DE 
DRENAGEM
P NÃO 
LÁBIL
FASE 
SÓLIDA 
DO SOLO
DESTINO DO P NO SOLO
P NO 
FERTILIZANTE
P NA SOLUÇÃO 
DO SOLO
P 
LÁBIL
P NA EROSÃO E 
NA ÁGUA DE 
DRENAGEM
P NÃO 
LÁBIL
FASE 
SÓLIDA 
DO SOLO
DESTINO DO P NO SOLO
 18 
 
Assim , o pH da solução vai definir a forma predominante de P presente. 
 
 OH- OH- OH- 
H3PO4 H2PO
-
4 + H2O 
 HPO42-
 
PO4
3-
 
 + H2O 
 H+ H+ H+ 
 
Entre pH 5 e 6, para fins práticos, quase todo P em solução encontra-se nas formas 
absorvíveis H2PO
-
4 e HPO
2-
4 (predominando a primeira). Entre 6 e 7, nas concentrações destas duas 
formas tendem a se igualar, e a maiores valores de pH a forma HPO2-4 predomina. 
Portanto, para qualquer fonte de P adicionada a um solo, orgânica ou inorgânica, 
fertilizantes industrializados ou fosfatados naturais, ela deverá, ser para ser utilizada pelas plantas, 
passar para uma dessas duas formas do fator intensidade ou “P-H2O”. 
Á medida que a planta absorve o P da solução, o P fixado ao solo, em equilíbrio com o 
fator intensidade, irá repor o absorvido. Esse P fixado é chamado fator quantidade(Q) ou de P-lábil – 
a quantidade fixada que está em equilíbrio com o P na solução do solo P-H2O, ou fator intensidade 
(I). Esse equilíbrio Q/I, que na verdade mede a capacidade que o solo tem em repor o P dasolução, à 
medida que é absorvido, é definido matematicamente pela relação Q/I.(Novais,1977, Bahia Filho, 
1982) e é chamado de fator capacidade ou mesmo poder tampão de P do solo. 
Um solo argiloso pode apresentar um ponto de fixação bem maior que um arenoso, por 
exemplo, tem um maior fator capacidade por ter muito maior Q para um mesmo I que um solo 
arenoso. Como conseqüência prática um solo argiloso com o mesmo teor de P em solução que um 
arenoso tem mais P disponível à planta por Ter maior Q e, consequentemente, maior capacidade de 
reposição (Q/I) que um arenoso. Como se verá mais tarde, esses aspectos fazem com que na 
interpretação da análise de um solo, o conteúdo de argila do solo seja característica importante 
(Freire et alii , 1979). Assim, um solo argiloso apresenta um nível crítico de P disponível – aquele 
teor do elemento no solo acima do qual uma resposta à adubação fosfatada é improvável – bem 
menor que um solo arenoso. 
Evidentemente, o P-H2O ou I poderá ser aumentado pela adição de fertilizantes fosfatados 
no solo como também pela mineralização da matéria orgânica (Figura 2.1.). E, em ambos os casos, 
pela existência do equilíbrio entre I e Q, este último também terá seu valor aumentado. 
O grande problema da fixação é, na verdade a passagem do P-lábil para a forma de P-não 
lábil, com o tempo, este já não está em equilíbrio com o P-H2O. Esses processos de 
“envelhecimento” do P no solo (Munss e Fox, 1976), que torna o elemento não mais disponível para 
a planta ou dificilmente disponível, não ocorre a curto prazo mas de maneira gradual , com o tempo, 
principalmente nos solos mais intemperizados, com maior poder de fixação como os do Brasil em 
geral, é que traz maiores preocupações quando se aplica um fertilizante fosfatado em um solo. 
Portanto, não é o P-lábil ou a fixação inicial de P ao solo o limitante da eficiência de uma fonte de P 
solúvel para as plantas, mas sim sua transformação em P-não lábil. A primeira forma evita a 
lixiviação de P, leva ao residual, a segunda compete com a planta pelo P adicionado, diminuindo o 
efeito do fertilizante. 
Estudos sobre a cinética de formação do P-não lábil ainda não foram completamente 
desenvolvidos para nossos solos. Informações sobre a rapidez do processo, constituintes do solo que 
mais o influenciam, práticas para alterá-lo etc., não são ainda disponíveis de maneira sistematizada, 
clara. Algumas dessas indagações deverão ser brevemente obtidas aqui no Departamento de Solos. 
 
 19 
2.1.2. Formas de Fósforo Inorgânico no Solo 
 
A fixação do fósforo adicionado no solo ocorre tanto pela precipitação de uma das formas 
de P em solução com formas iônicas de Fe, Al e Ca também presente, como de maneira bem mais 
significativa , pela adsorção por óxidos hidratados de Fe e de Al presentes em maiores quantidades 
em solos intemperizados.(Figura 2.2.). 
Reação semelhante à apresentada para os óxidos hidratados de Fe ocorre também para 
óxidos hidratados de Al (Resende, 1983). Reações mais simples substituem essas citadas, com o 
intuito de simplificar a compreensão do fenômeno sem maiores limitações teóricas. 
 
Al (OH)3 + H2PO4- Al (OH) 2 H2PO4- + OH- 
 
Tanto naquele caso (Figura 2.2 ) como nessa reação simplificada, há uma substituição de 
um OH- pelo H2PO
-
4 Mecanismos de adsorção foram sugeridos por Rajan et alli (1975) e são 
também descritos por Resende (1983). 
Fazendo-se um fracionamento do P inorgânico de um solo (Chang & Jackson, 1975) – 
metodologia analítica que permite quantificar quanto de P há na solução do solo (P-H2O), quanto de 
P há fixado ou ligado a Al (P-Al), a Fe (P-Fe) e a Ca (P-Ca), chega-se à distribuição percentual 
destas formas no solo analisado (Tabela 2.2.) 
A predominância de P-Fe e P-Al em relação a P-Ca é uma das características de solos mais 
intemperizados como so de cerrado em geral, distróficos – pobres em Ca trocável e por 
conseqüência geralmente ácidos (Bahia Filho & Braga, 1975). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2.2. – Exemplo de adsorção de P em superfície de um óxido hidratado de ferro. 
 
Pode-se deduzir que os solos menos intemperizados ricos em Ca trocável, pH elevado, 
deverão ser mais ricos em P-Ca e pobres em P-Fe e P-Al. Pode-se imaginar também que uma 
calagem maciça deverá fazer com que P-Ca aumente, diminuindo as duas outras formas. 
 
Tabela 2.2. Distribuição média de P nas diferentes formas de P inorgânico em 20 amostras de 
diferentes latossolos sob vegetação de cerrado. 
 P-Al P-Fe P-Ca P-ocluso1 
 -----------------------------ppm P--------------------------------- 
Média 76,4 106,6 55,3 135,2 
1
 : P- ocluso – P retido dentro de óxidos hidratados de Fe e Al. 
Fonte : Bahia Filho & Braga (1975) 
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
+ H2PO4
-
|
O OH
|
Al
|
O H2PO4
|
Al
|
O OH
|
+ OH-⇔⇔⇔⇔
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
Al
|
O OH
|
+ H2PO4
-
|
O OH
|
Al
|
O H2PO4
|
Al
|
O OH
|
+ OH-
|
O OH
|
Al
|
O H2PO4
|
Al
|
O OH
|
|
O OH
|
Al
|
O H2PO4
|
Al
|
O OH
|
|
O OH
|
Al
|
O H2PO4
|
Al
|
O OH
|
+ OH-⇔⇔⇔⇔
 20 
 
 
2.1.3. Formas inorgânicas de P no solo e a disponibilidade desse elemento para as plantas 
 
 Se o P-lábil é uma fonte de P para as plantas e se esta fração é constituída da formas 
inorgânicas de P já citadas, pode-se perguntar: qual delas é a que libera P mais facilmente para as 
plantas? 
Para responder esta pergunta, Novais & Kamprath (1978) cultivaram sucessivamente 
amostras de seis solos, medindo-se inicialmente e depois de cada cultivo o teor de P em cada uma 
das formas: P-H2O, P-Fe, P-Al e P-Ca. Depois de nove cultivos, foi possível verificar a contribuição 
de cada forma para o P absorvido pela planta (Tabela 2.3.). Observou-se que a forma que mais 
liberou P foi a P-Al , seguida à distância pela P-Fe e finalmente a P-Ca, com uma contribuição 
média de 3,2% do P total absorvido pelas plantas. A contribuição da forma P-H2O com apenas 3,7% 
parece ilógica à primeira vista. Deve-se lembrar, no entanto, que o seu pequeno decréscimo com os 
cultivos foi conseqüência de sua reposição pelas outras três formas à medida que era absorvida pela 
planta. Na verdade, todo o P retirado das formas P-Al, P-Fe e P-Ca passou, necessariamente, por P-
H2O. Sua contribuição, portanto, não deve ser comparada com a contribuição das demais formas. 
 
Tabela 2.3 Contribuição percentual de cada forma de P inorgânico na absorção de P pelas 
plantas. 
Solo1 P-H2O P-Al P-Fe P-Ca 
 ------------------------------------------ % ------------------------------------------ 
Georgeville 0,5 48,2 51,3 0,0 
Goldsboro 2,6 79,8 17,6 0,0 
Wagram 4,2 89,8 0,0 6,0 
Portsmouth 1,8 92,1 6,1 0,0 
Norfolk 9,2 71,5 9,4 9,9 
Média 3,7 76,3 16,9 3,2 
1 : Solos americanos (Carolina do Norte) 
Fonte: Novais & Kamprath (1978) 
 
 
2.1.4 – Fatores que controlam a fixação de P no solo 
 
Embora, como já havíamos comentado, a fixação inicial de P ao solo traga aspectos 
altamente positivos, o envelhecimento dessa fixação com a formação de P-não lábil torna-se 
problemático. 
Querer manter alta concentração de P na solução do solo é incompatível com o que se 
observa na prática : “imobilidade ” desse elemento pela sua intensa e rápida fixação no solo. Alta 
concentração na solução como no caso de NO-3 implica em grande lixiviaçãodesta fórmula. 
De toda maneira, algumas técnicas podem ser adotadas para diminuir, em parte, a energia 
de adsorção do elemento ao solo, fazendo com que sua liberação para a solução seja mais rápida ou 
que menos energia seja requerida nessa dessorção. Esses fatores do solo ou técnicas podem evitar 
também que algumas reações de precipitação ocorram. 
Alguns desses fatores são: 
 
 
 21 
a) Acidez do solo e precipitação do P: 
 
Solos ácidos com Al trocável (semelhante com os íons de Fe) podem causar a precipitação 
do H2PO
-
4 adicionado ao solo: 
 
 Al3+ + H2PO
-
4 + 2H2O 2 H
+
 + Al(OH)2 H2PO-4 
(trocável) (solúvel) (insolúvel) 
 
Para evitar essa reação deve-se eliminar o Al3+pela calagem prévia para então adicionar a 
fonte de P. 
Observa-se que a reação para deslocar para a esquerda, solubilizando o precipitado, terá 
que estar em meio ácido – adicionar H+. Em outras palavras, com a adição de H2PO
-
4 em solo ácido, 
o que parecia ser tecnicamente errado, haverá a formação de um precipitado, cuja dissociação 
(solubilização) será cada vez menor com a adição da calagem a posteriori. 
Solos básicos, com muito Ca trocável, natural ou como conseqüência de uma 
supercalagem, podem ter a precipitação do H2PO
-
4 adicionado ao solo: 
 
 3Ca2+ + 2 H2PO-4 Ca3(PO4)2 + 4 H+ 
(trocável) (solúvel) (insolúvel) 
 
O produto insolúvel formado neste caso é uma forma P-Ca de menor disponibilidade para 
as plantas que o P-Al formado na condição ácida. Observa-se que a solubilização do fosfato tricálcio 
formado – reação deslocando para a esquerda – ocorre com a adição de H+ e evidentemente torna-se 
cada vez menos solúvel com o aumento do pH do meio. Uma calagem numa condição dessas seria 
problemática quanto à disponibilidade de P para as plantas. Lembre-se que P-Ca libera muito pouco 
P para as plantas. Na figura 2.3. pode-se observar o pH ideal para a disponibilidade de P. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2.3. 
 
 
o o
o o
A disponibilidade de fósforo varia com o pH do solo.
Fonte: Lopes, 1989. 
Baixa
Média
Alta
Muito 
alta
pH 4pH 3 pH 5 pH 6 pH 7 pH 8 pH 9
Fixação de 
fósforo 
pelo cálcio
“Montanha” No 3
média fixação
“Montanha” No 2
alta fixação
“Montanha” No 1
maior fixação
Fixação de
fósforo
pelo ferro Fixação de
fósforo
pelo 
alumínio
“Vale” 
No 2
“Vale”
 No 1
Amplitude para
maior disponibilidade 
de fósforo
Q
u
an
tid
ad
e 
de
 
fó
sf
o
ro
 
“
fix
ad
a”
pe
lo
 
so
lo
Solos ácidos Solos alcalinos
Neutro
As “montanhas” e “vales” da fixação de fósforo
 22 
b) Adsorção de P em óxidos hidratados de Fe e Al 
A grande presença desses óxidos em solos tropicais, dado o elevado intemperismo, faz com 
que a adsorção de P ocorra de maneira muito intensa, em grande quantidade e com elevada energia 
de adsorção nos nossos solos. De modo geral a reação é: 
Pode-se observar que a reação pode ser deslocada, teoricamente, para a esquerda com a 
adição de base (OH-) ao meio. 
Reação semelhante ocorre com os óxidos hidratados de Al. 
 
 c) Adsorção de P em argilas silicatadas 
 
A presença de OH- em faces quebradas de argilas silicatadas podem permitir uma reação de 
troca do tipo: 
Argila – OH + H2PO
-
4 Argila – H2PO4 + OH
-
 
 (solúvel) (insolúvel) 
 
Neste caso, também a basificação do meio fará com que o equilíbrio da reação desloque 
para a esquerda. 
 
d) Matéria orgânica no solo 
 A matéria orgânica presente ou adicionada ao solo, dada sua elevada presença de cargas 
negativas (alta CTC) pode complexar os íons de Fe e Al na solução do solo como também os óxido 
hidratados positivamente carregados, diminuindo assim, a magnitude e energia de fixação de P no 
solo. 
 
2.2. O FÓSFORO NA PLANTA 
 
 As plantas absorvem a maior parte de seu fósforo como íon ortofosfato primário (H2PO4-). 
Pequenas quantidades do íon ortofostato secundário (HPO42-) são também absorvidas. O pH do 
solo influencia grandemente a relação desses dois íons absorvidos pela planta. Outras formas de 
fósforo podem ser utilizadas, mas em quantidades muito menores que os ortofosfatos. 
 Níveis mais altos de fósforo nas plantas jovens são encontrados nos tecidos dos pontos de 
crescimento. Uma vez que o fósforo movimenta-se rapidamente dos tecidos velhos para os novos, 
as deficiências aparecerão primeiramente nas partes baixas das plantas. Também, à medida que as 
culturas atingem a maturidade, mais fósforo se movimenta para as sementes e frutos. 
 O fósforo atua na fotossíntese, na respiração, no armazenamento e na transferência de 
energia, na divisão celular, no crescimento das células e em vários outros processos da planta. 
 Além de promover a formação e o crescimento prematuro das raízes, o fósforo melhora a 
qualidade de muitas frutas, verduras e culturas graníferas, sendo vital para a formação das 
sementes. Está também envolvido na transferência dos códigos genéticos de uma geração para 
outra. 
 A concentração de fósforo é maior na semente do que em qualquer outra parte da planta 
adulta. 
 O fósforo ajuda as raízes e as plântulas a se desenvolverem mais rapidamente, aumenta a 
resistência aos rigores do inverno, melhora a eficiência no uso da água, favorece a resistência às 
doenças em algumas plantas, acelera a maturidade e é importante para a colheita e a qualidade da 
cultura. 
 23 
 A absorção de fósforo pelas plantas diminui à medida que a tensão de umidade do solo 
aumenta, ou seja, à medida que diminui a umidade do solo. Isso porque, com a diminuição do teor 
de umidade do solo, ocorre uma redução do processo de difusão, que é o principal mecanismo 
através do qual o fósforo da solução do solo chega até a superfície das raízes para ser absorvido. 
 Um alto nível de fósforo no solo ajuda a manter a absorção desses nutriente pelas plantas, 
mesmo sob condições de alta tensão de umidade do solo (baixa umidade do solo), como pode ser 
visto na Figura 2.4. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2.4. 
 
 
2.2.1. Deficiência de P na Planta 
 
 O primeiro sinal da "fome de fósforo" é um desenvolvimento subnormal de toda a planta. A 
forma da folha pode ficar distorcida. Quando a deficiência é severa, áreas mortas podem aparecer 
nas folhas, frutos e pecíolos. As folhas mais velhas serão afetadas antes das mais novas. Uma cor 
púrpura (arroxeada) ou avermelhada, associada ao acúmulo de açúcar, é freqüentemente observada 
em plantas deficientes de milho e de algumas outras culturas, especialmente em baixas 
temperaturas. A deficiência de fósforo atrasa a maturidade. Pequenos grãos cultivados em solos sem 
teor adequado de fósforo perfilham menos. 
 Os sintomas visuais, além do desenvolvimento subnormal e da redução na produção, 
geralmente não são tão claros como os sinais de "fome de nitrogênio e potássio". 
 A deficiência de fósforo é difícil de ser detectada em muitas culturas. Em alguns estádios, 
pode fazer com que a cultura pareça de cor verde mais escura. Deve-se sempre estar alerta para a 
característica do desenvolvimento subnormal, e quando possível, confirmar o que os olhos vêem, 
com a análise do solo e das plantas. 
 
 
2.3. OBTENÇÃO DOS PRINCIPAIS ADUBOS FOSFATADOS 
 
São encontrados fosfatos naturais na forma de compostos de Fe, Al e de Ca. 
Os mais comuns fosfatos de Fe e Al são: 
Al3 (PO4 )2 (OH)3 . 5 H2O – Wavelita 
Al
 
PO4 . 2H2O – Variscita 
oo
oo
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
5
10
15
20
Alto
Médio
BaixoA
bs
o
rç
ão
 
de
 
P3
1 
( m
g/
 
g 
de
 
ra
íz
es
)
Tensão de umidade no solo (x 102 kPa)
Diminuição de umidade no solo
O nível de fósforo no solo afeta a absorção pelo milho
durante períodos de estresse de umidade. Fonte: Lopes, 1989.
 24 
FePO4 . 2 H2O – Estrengita 
Como fosfato de cálcio há as apatitas, com estrutura cristalina bem definida e formada sob 
todas as condições geológicas – ígneas, metamórfica e sedimentar. O termo fosforita também tem 
sido usado para aquelas de origem sedimentar. 
Os mais comuns fosfatos de cálcio são: 
Ca3(PO4 )2 . CaF2 – Flúor-apatita 
Ca3(PO4 )2 . CaCO3 – Carbonato-apatita 
Ca3(PO4 )2 . Ca(OH)2 – Hidróxido-apatita 
Ca3(PO4 )2 . CaO– Óxido-apatita 
No comércio, são encontradas fontes naturais de P e fontes industrializadas, obtidas a partir 
das naturais (Figura 2.5.). 
 
a) Fosfatos naturais 
• Apatita de Araxá, fosfato de Patos 
 24 a 26% P2O5 total 
 4 a 6% solúveis em ácido cítrico a 2% 
• Hiperfosfato (uma fosforita) 
22,5% P2O5 total 
11% solúveis em ácido cítrico a 2% 
 
b) Superfosfato simples 
Obtenção: mistura estequiométrica de H2 SO4 com fosfatos naturais (apatitas): 
 
Ca3(PO4 )2 + 2H2 SO4 + 2H2O 2CaSO4 + Ca(H2PO4 )2 . H2O 
 Superfosfato simples 
20% P2O5 solúvel em água 
11,6% S 
 
c) Ácido fosfórico 
Obtenção: mistura estequiométrica de H2 SO4 com fosfatos naturais (apatitas): 
 
Ca3(PO4 )2 + 3H2SO4 + 2H2O 3CaSO4 + 2H3PO4 . H2O 
 Gesso Ácido fosfórico 
73% P2O5 solúvel em água 
 
d) Superfosfato triplo ou concentrado 
Obtenção: mistura estequiométrica de H3 PO4 com fosfatos naturais (apatitas): 
 
Ca3(PO4 )2 + 4H3PO4 3Ca(H2PO4 )2 
 Superfosfato triplo 
43-45% P2O5 solúvel em água 
 
e) Escória de Thomas 
Obtenção: subproduto da indústria do aço 
22,5% P2O5 (80% solúvel em ácido cítrico a 2%) 
35 - 60% CaO 
6 - 11% SiO2 8 - 9% Fe 
4 - 5% Mn 2 - 6% Mg 
 25 
 
f) Termofosfato 
Obtenção: fusão(14500C) de fosfato natural (apatita ou fosforita) com uma rocha 
magnesiana (serpentina). 
19% P2O5 (80% solúvel em ácido cítrico a 2%) 
30% CaO 
18% MgO 
4% Fe Mn, Cu, Mo, etc. 
 
g) Fosfato monoamônico 
Obtenção: neutralização parcial de H3PO4 pela amônia. 
10 - 11% N 
46 - 48% P2O5 solúvel em água 
 
g) Fosfato diamônico 
Obtenção: neutralização parcial de H3PO4 pela amônia. 
16 - 20% N 
46 - 50% P2O5 solúvel em água 
 
h) Parcialmente acidulado 
Obtenção: o fosfato natural (apatitas) recebe uma quantidade de ácido inferior á 
necessidade estequiométrica para reação completa. 
 
i) Bio-Super 
Obtenção: o ácido sulfúrico utilizado na produção do superfosfato simples é substituído por 
s e bactérias do gênero Thiobacillus, que oxidam o S em SO4
2- que é hidrolizado a H2SO4, 
responsável pela acidificação da rocha.
 
 
j) Farinha de ossos 
2 – 4 % N 
22 – 26% P2O5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 2.5. – Esquema de obtenção de algumas dos principais fertilizantes fosfatados, a partir de 
fosfato natural (representado simplificadamente como fosfato tricálcio). 
 26 
2.4. FOSFATO NATURAL 
 
A existência de grandes áreas, principalmente de cerrados, sendo incorporados à agricultura 
brasileira, a baixa disponibilidade de P desses solos e a existência de grandes jazidas de fosfato 
natural em diversas regiões do país têm feito com que a utilização desses fosfatos in natura seja um 
atrativo. Essa utilização tem como problema principal a baixa solubilidade natural desses materiais e 
consequentemente a baixa ou lenta liberação de P para as planta. Assim, a utilização desses 
materiais tem ocorrido mais como adubação corretiva, com a aplicação de 1 a 3 ton/ha ou mais, a 
lanço sobre toda a área e incorporação com o arado ou grade. De maneira semelhante, colocam-se 
200 gramas ou mais do material na cova de plantio de cultivos perenes como café, Citrus, 
seringueira, etc. 
Esta adubação corretiva tem como princípio básico elevar o teor de P disponível do solo a 
uma faixa pelo menos razoável. Visa, portanto corrigir a carência de P de um solo pelo menos 
parcialmente para que a adubação de manutenção localizada no sulco de plantio ou na cova, feita 
com uma fonte solúvel de disponibilidade imediata, traga melhores respostas da planta à fertilização 
fosfatada. 
Deve-se ter em mente que a aplicação de apenas o fosfato natural não é adequada , uma vez 
que a pequena quantidade de fósforo liberado a curto prazo não é satisfatória para o crescimento 
inicial da planta, e muitas vezes, também, para o crescimento posterior. 
A adubação de manutenção feita com a fonte solúvel é que realmente trará resposta 
esperada dado o equilíbrio estabelecido entre um crescimento rápido e uma grande disponibilidade 
de P. 
Pode-se então ter na adubação de correção uma preocupação maior no solo, para que seu 
nível de P aumente de maneira gradual com o tempo, sendo que isso é conseguido com uma fonte de 
P bem mais barata que as fonte solúveis. Portanto, a baixa eficiência do fosfato natural a curto prazo 
é compensada pelo baixo custo do material aplicado. E, evidentemente, paga-se bem mais pela alta 
resposta à fonte solúvel aplicada como manutenção. 
A baixa solubilidade dos fosfatos naturais faz com que certas condições do solo e planta e 
grau de moagem ou textura desses materiais sejam levados em conta (Khasawneh & Doll, 1978) 
quando se pretende aplicá-los em um solo (Quadro 9.4.). 
Verificou-se anteriormente que o fosfato natural para Ter sua solubilidade aumentada deve 
ser tratado com ácido na indústria ou se usado in natura, ser aplicado em um solo ácido para que 
haja alguma formação de H2PO-4 e H2PO2-4 . 
Quando uma partícula de fosfato natural se encontra incorporada num solo, alguma 
solubilização ocorre enriquecendo a solução próxima a essa partícula com íons liberados na 
solubilização. 
4 H+ 
 2H2PO
-
4 + 3Ca2+ 
 
 Solução do solo 
 Partícula de fosfato natural 
 
Com esse enriquecimento e dado o equilíbrio existente, a solução tende a diminuir. Se esse 
solo onde se encontra a partícula é argiloso, os íons liberados serão retirados rapidamente da solução 
pela fixação de H2PO
-
4 e retenção de Ca
2+
 no complexo de troca do solo. Assim, a solubilização da 
partícula, com liberação de mais íons pode continuar. Pode-se entender que o solo, nesse caso, atua 
como um dreno para os produtos da dissolução do fosfato proporcionando maior solubilização. A 
Ca3 (PO-4) 
 27 
existência de menor dreno em um solo arenoso praticamente inviabiliza a utilização eficiente desse 
fatores nesse tipo de solo. 
Por razões semelhantes às apresentadas, a solubilização de fosfato natural deverá ser menor 
em solos com maior conteúdo de Ca e P. A liberação desse elementos em um sistema que já os tem 
em maiores quantidades deverá limitar a solubilização como poderá ser visto no equilíbrio, 
apresentado anteriormente para o efeito de textura. 
Sua aplicação à lanço e incorporação indica que se deseja o maior contato possível entre o 
solo e o fosfato para que alguma solubilização ocorra já que o produto em sua forma original não é 
absorvido. 
Pela mesma razão, o material é intensamente moído, utilizado em textura muito fina , paraque com uma maior superfície específica ele possa entrar mais em contato com o solo e reagir um 
pouco mais. 
E por todos os problemas apresentados, que indicam que o material tem baixa eficiência 
como fonte de P, dada sua lenta solubilidade, sua indicação deverá ser feita preferencialmente para 
culturas perenes e mesmo assim, complementada com uma fonte solúvel como “arranque”. 
Quando se comparam estas condições com aquelas recomendadas para quando se utiliza 
uma fonte solúvel, verifica-se que elas são diametralmente opostas. Essa oposição de situações pode 
ser entendida basicamente pelo fato do fosfato natural na sua forma original ter que sofrer 
alterações para ter o seu P numa forma que é absorvida pela planta. E, se essa forma não é 
absorvida, ela será fixada, indo, mais tarde, certamente, para uma forma não-lábil . Embora as 
condições para a formação dessa forma não-lábil sejam, aparentemente, as mesmas que facilitam a 
solubilização, é preferível ter alguma solubilização, embora com a formação posterior do não-lábil, 
a não ter nenhum P a disposição da planta. 
Como, com a aplicação de fonte solúvel todo P se encontra à disposição da planta, tudo que 
se puder fazer para diminuir sua reatividade com o solo é recomendável, uma vez que a fixação 
inicial (P-lábil) leva, com o tempo a formação de P-não lábil. 
Há no comércio o fosfato parcialmente acidulado. Para sua obtenção adiciona-se ao fosfato 
natural uma quantidade de ácido menor do que aquela estequiometricamente requerida para uma 
reação completa. Tem-se nesse procedimento um produto intermediário entre o fosfato natural e as 
fontes solúveis como o superfosfato simples. Dessa maneira a parte acidulada de disponibilidade 
imediata serve como adubação de arranque,, para maior demanda inicial da planta e o restante não 
acidulado, libera mais lentamente o P para a planta, a medida que ela cresce. 
Esse material tem se mostrado boa fonte de P para o eucalipto como para outras culturas 
perenes, de modo geral 
 
Tabela 2.4. Condições de solo e características dos fosfatos solúvel e natural que permitem uma 
utilização ótima de cada uma das duas fontes de P. 
 
FOSFATO NATURAL 
 
FONTE SOLÚVEL 
 
a. Aplicado em solo ácido(antes da calagem) a. Aplicado em solo corrigido 
b. Recomendado para solos mais argilosos b. Para solo com qualquer textura 
c. Aplicado em solos pobres em Ca e P c. Para solos com qualquer teor de Ca e de P 
d. Aplicado a lanço e incorporado d. Aplicação localizada (sulco ou cova de plantio) 
e. Textura muito fina (85% < 100 mesh ) e. Utilizado em forma granulada 
f. Para culturas de ciclo longo, perenes, 
preferencialmente 
f. Para qualquer cultura 
 
 28 
 
2.4.1. Compatibilização da aplicação do fosfato natural com a calagem 
 
Como já pode ser compreendido, a aplicação de fosfato natural fica limitada a solos ácidos. 
Em solos com valores de pH acima de 5,5 a recomendação desses fosfato sé indesejável dada a 
baixa solubilidade nessas condições. 
Há, então, um impasse técnico quando se deseja aplicar o fosfato natural: para que ele seja 
mais eficiente o solo deverá ser ácido e sabe-se que em solo ácido a toxidez de Al e/ou Mn limita a 
produtividade das culturas. Se o fosfato for aplicado sem a calagem a planta poderá ter mais P à 
disposição, mas terá também a toxidez de Al e, certamente deficiência de Ca. Se se faz a calagem e 
aplica o fosfato não haverá toxidez de Al, mas também não haverá solubilização de P. 
A saída técnica que se tem para esse problema foi apresentada por Cantarutti et al (1981), 
que mostraram que fazendo primeiro a fosfatagem para mais tarde fazer a calagem, situação inversa 
a que freqüentemente se fazia, é a melhor opção(Tabela 2.5). 
Assim, há condições melhores para a solubilização durante um mês de contato do fósforo 
com o solo quando, então, a acidez é interrompida para eliminar a toxidez de Al e/ou Mn e 
acrescentar Ca e Mg ao solo. 
 
Tabela 2.5. Produção de matéria seca e fósforo acumulado na parte aérea de sorgo submetido a três 
doses de fosfato de Araxá e calagem. 
Épocas de 
aplicação 
Doses de P1 
(fração de CMAP) 
Matéria 
seca 
P 
acumulado 
 0,4 2,6 1,6 
Fic2 0,8 3,3 2,2 
 1,2 3,8 3,4 
 
 0,4 2,0 1,1 
CiF 0,8 2,1 1,3 
 1,2 2,2 1,3 
 
 0,4 1,2 0,8 
Fi 0,8 1,8 1,2 
 1,2 2,1 1,8 
1 
– foi medida a capacidade máxima de adsorção (fixação) de P definindo-se as doses, segundo esse 
parâmetro. 
2
 – F = aplicação de fosfato de Araxá; i = incubação por 30 dias e C = aplicação de calcário. 
 
 
2.5. LITERATURA CITADA 
 
1. BAHIA FILHO, A F.C. & BRAGA, J.M. 1975. Fósforo em latossolos do Estado de Minas 
Gerais. III. Índices de disponibilidade fósforo e crescimento vegetal. Experientiae, 20:217-
234. 
2. BAHIA FILHO, A F.C. & BRAGA, J.M. 1982. Índices de disponibilidade de fósforo em 
latossolos do Planalto Central com diferentes características texturais e mineralógicas. 
Viçosa, Universidade Federal de Viçosa. 179 p. (Tese D.S.). 
 29 
3. CANTARUTTI , R. B.; BRAGA J. M. ; NOVAIS, R. F. & THIEBAUT, J. T. L. 1981. Época 
de aplicação de fosfatos naturais em relação à calagem, num solo com elevado teor de 
alumínio trocável . Rev. bras. Ci. Solo 5 : 133-137. 
4. CHANG, S. S. & JACKSON, M. L. 1957. Fractionation as soil phosphorus. Soil Sci 84:133-
134. 
5. FREIRE, F. M.; NOVAIS, R. F. ; BRAGA, J. M. ; FRANÇA, G. E.; SANTOS , H. J. & 
SANTOS, R.R.R.S. 1979. Adubação fosfatada para a cultura da soja (Glycine max (L.) 
Merril) baseada no fósforo disponível e no fator “capacidade”. Rev. bras. Ci. Solo 3: 105-
111. 
6. FREITAS , L. M. M. & JORGE, J. P. N. 1982. Resposta do capim – swannce – bermuda à 
aplicação de nitrogênio, fósforo e enxofre em região de cerrado. Rev. bras. Ci. Solo. 6:195-
202. 
7. KHASAWNEH , F. E. & DOLL, E. C. 1978. The use of phosphate rock for direct application 
to soils . Advances in Agronomy , 30 : 159-206. 
8. LOPES, A. S. & COX, R. R. 1977. A survey of the fertility status of surface soils under 
“cerrado ” vegetation in Brazil. Soil Sci. Soc Am. J., 41: 742-747. 
9. MUNNS, D. N. & FOX, R. L. 1976. The slow reaction which continues after phosphate 
adsorption: Kinetics and equilibrium in some tropical soils. Soil Sci. Soc Am. J., 40: 46-51. 
10. NOVAIS , R. F. & BORGES, A. C. 1983. Calagem e adubação da soja no Estado de Minas 
Gerais. Viçosa, Imprensa Universitária ,Universidade Federal de Viçosa. 23 p. (B. 163.). 
11. NOVAIS , R. F. & DEFELIPO, B. V. 1971. Níveis ótimos de NPK na adubação de arroz de 
sequeiro em um solo de cerrado de Patos de Minas. Experientiae, 11:281-296. 
12. NOVAIS, R. F. & KAMPRATH, E. J. 1978. Phosporus supplying capacity of previously 
heavily fertilized soils. Soil Sci. Soc Am. J., 42: 931-935. 
13. NOVAIS, R. F. 1977. Phosporus supplying capacity of previously heavily fertilized soils. 
Raleigh. North Carolina State University . 153 p. (Ph.D. Thesis). 
14. PROGRAMA INTEGRADO DE PESQUISAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DE MINAS 
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 30 
3. POTÁSSIO 
 
 
Depois do N, o K é o elemento que, geralmente, é absorvido em maiores quantidades pelas 
plantas. Por isso, em muitos solos, há necessidade de aplicação de adubos potássico,

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