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Livro - Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Etica

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So
ci
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te
nt
ab
ili
da
de
 e
 É
ti
ca
Harrysson Luiz da Silva
Responsabilidade Social, 
Sustentabilidade 
e Ética
2ª Edição
Curitiba
2018
Responsabilidade Social, 
Sustentabilidade 
e Ética
Harrysson Luiz da Silva
Ficha Catalográfica elaborada pela Fael. Bibliotecária – Cassiana Souza CRB9/1501
S586r Silva, Harryson Luiz da
Responsabilidade social, sustentabilidade e ética / Harryson Luiz 
da Silva. – 2. ed. – Curitiba: Fael, 2018.
184 p.: il.
ISBN 978-85-5337-008-5
1. Responsabilidade social 2. Sustentabilidade 3. Ética I. Título
 CDD 658.408
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem Capa Shutterstock.com/jannoon028
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
 Carta ao Aluno | 5
1 A Responsabilidade Social no Contexto das 
Diferentes Áreas do Conhecimento | 7
2 Histórico, Fundamentos, Debates e Dimensões 
da Ética e Responsabilidade Social | 19
3 A Globalização da Responsabilidade Social 
e o Princípio da Incerteza | 33
4 Aplicações da Responsabilidade Social 
na sua Empresa/Instituição | 47
5 Padrões Globais e Certificação (Pacto 
Global E ISO 26000) | 61
6 A Sustentabilidade nas Diferentes 
Áreas do Conhecimento | 75
7 As Diferentes Dimensões e Concepções do 
Desenvolvimento Sustentável | 91
8 Análise Multicriterial da Sustentabilidade | 105
9 Tecnologias, Conhecimentos Tradicionais 
e Sustentabilidade | 115
10 Avaliação Ambiental, Estratégica de Políticas, 
Planos e Programas de Sustentabilidade | 129
11 Ética, Moral e Cotidiano | 145
12 Ética, Liberdade e Ato Moral | 153
13 Ética, Tecnologia e Meio Ambiente | 167
 Conclusão | 175
 Referências | 177
Carta ao aluno
Seja bem vindo. Vamos iniciar um diálogo colocando-o “em 
situação”, frente às duas grandes questões contemporâneas, que 
atualmente são objeto de discussão, em todas as áreas do conheci-
mento, e, que tem implicações diretas sobre nossas vidas, atividades 
e o futuro do nosso planeta.
Estamos falando da sua “responsabilidade social” enquanto 
profissional e agente promotor de mudanças no contexto onde está 
inserido: seja numa empresa pública, privada, terceiro setor, setor 
de ciência, tecnologia e inovação, ou setores estratégicos, a partir do 
conhecimento que detém, e de seus impactos sobre as dimensões 
da “sustentabilidade”: territorial, social, econômica, ecológica, espa-
cial, cultural, política nacional e política internacional.
– 6 –
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
Você teria nesse exato momento uma ideia, de quais seriam os impactos 
da falta da responsabilidade social, de uma decisão que você tomou, sobre 
as dimensões da sustentabilidade das atividades e do contexto da empresa, 
instituição ou organização que você faz parte?
Independente de sua área de formação e de atuação (Administração, 
Ciências Contábeis, Gestão Pública, Gestão de Recursos Humanos e Gestão 
da Tecnologia da Informação), há sempre uma relação direta entre a respon-
sabilidade social tanto do profissional, quanto da empresa na condução das 
atividades, processos, produtos e serviços prestados para os seus diferentes 
públicos-alvo. 
Iniciaremos nosso trajeto colocando-o diante de si mesmo, e das exi-
gências relativas à sua inserção na dinâmica da responsabilidade social e da 
sustentabilidade para os diferentes públicos-alvo.
A Responsabilidade 
Social no Contexto 
das Diferentes Áreas 
do Conhecimento
Você deve estar se perguntando: Por que eu deveria me pre-
ocupar com a responsabilidade social e a sustentabilidade dos pro-
cessos, produtos e serviços da empresa/instituição/organização da 
qual sou parte integrante se é ela quem produz para os diferentes 
públicos-alvo?
Nossos objetivos neste capítulo são estabelecer a relação 
entre as diferentes áreas de conhecimento e a responsabilidade social 
e a sustentabilidade demonstrando que a falta das duas implica pro-
blemas para a gestão de empresas/organizações e instituições. Ao 
final do capítulo, você deverá, independentemente de sua área de 
formação, ter compreendido o que deve fazer para desenvolver uma 
ação com responsabilidade social e sustentabilidade.
1
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 8 –
Objetivos de aprendizagem
 2 Identificar a responsabilidade social como fundamento da prática 
operacional.
 2 Caracterizar a aplicação prática dos fundamentos da responsa-
bilidade social em Administração, Ciências Contábeis, Gestão 
Pública, Gestão de Recursos Humanos e Gestão da Tecnologia 
da Informação.
1.1 As relações entre as áreas de 
conhecimento e os públicos–alvo 
na responsabilidade social
Pretende-se estabelecer a relação entre as implicações das diferentes áreas 
do conhecimento, com os diversos públicos-alvo, no âmbito da responsabili-
dade social, visando demonstrar a íntima relação entre ética, responsabilidade 
social e sustentabilidade como princípios que devem fundamentar o exercício 
da profissão.
 Importante
A falta de compromisso na eficiência (utilização dos recursos), na efi-
cácia (tempo adequado) e na efetividade (mudanças esperadas) dos 
resultados das intervenções no campo profissional compromete seria-
mente a responsabilidade social e a sustentabilidade de sua empresa/
organização ou instituição. 
Essa situação vem se colocando devido à adoção da perspectiva neo-
liberal, segundo Alves (2000), em que o Estado assume funções mínimas 
e repassa para várias instituições parte de suas funções sociais, com alguns 
benefícios fiscais e tributários. Nessa mesma óptica, Ashley (2002) estabelece 
a relação entre ética e responsabilidade social, ao passo que Credidio (2007) e 
Esteves (2000) apontam a responsabilidade social não somente como social, 
mas também como socioambiental. 
– 9 –
A Responsabilidade Social no Contexto das Diferentes Áreas do Conhecimento
1.1.1 As áreas de conhecimento x públicos–alvo
No contexto da responsabilidade social, as diferentes áreas deverão se 
organizar para atender às demandas do público interno (empresa) e externo 
(agentes de interesse e de pressão das empresas). Conforme o quadro 1, pode-
mos verificar que o público-alvo (stakeholder) envolvido num processo de 
responsabilidade social é diversificado e para ele deverão ser originadas ações 
e projetos específicos que tenham por objeto um processo, produto ou serviço 
da empresa que precisa ser legitimado pelos diferentes públicos-alvo.
Quadro 1: A Relação entre áreas de conhecimento x públicos-alvo da RS
 Variáveis
Funcio- 
nários
Clientes
Fornece- 
dores
Concor- 
rentes
Setor 
Público
Meio 
Ambiente
Comuni- 
dades
Administração 1 1 1 1 1 1 1
Ciências 
Contábeis
1 1 1 1 1 1 1
Gestão Pública 1 1 1 1 1 1 1
Gestão de RH 1 1 1 1 1 1 1
Gestão de TI 1 1 1 1 1 1 1
Fonte: Elaborado pelo autor.
A área da Administração tem relação direta com a responsabilidade 
social no âmbito dos programas que estão sob a sua supervisão. Os progra-
mas, por sua vez, têm relação direta com seu público interno em termos de 
orientações gerais dos processos e produtos e serviços para que os clientes 
estejam satisfeitos; com os fornecedores de produtos, diferenciando-se da 
concorrência; e cumprindo todas as legislações relativas à natureza da sua 
atividade em conformidade com o meio ambiente. Por sua vez, parte dos 
investimentos realizados acabam retornando para a comunidade, por exem-
plo: como está organizado o planejamento e controle da produção (PCP)para que todas as atividades da empresa não ocorram em descumprimento 
das metas de responsabilidade social com os seus diferentes públicos-alvo em 
termos de impactos ambientais. 
Na área das Ciências Contábeis, a responsabilidade social deverá estar 
relacionada à redução/eliminação de passivos ambientais, sociais e das 
dimensões da sustentabilidade que tenham impactos na qualidade de vida do 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 10 –
público interno, na comunidade, no meio ambiente, num contexto de otimi-
zação econômico-financeira dos processos, produtos e serviços, desenvolvidos 
nas diversas unidades das empresas, instituições e organizações, ou seja, como 
reduzir custos de insumos e matérias-primas em processos produtivos e ope-
racionais a partir de sua integração com o processo produtivo. 
Na área da Gestão Pública, a responsabilidade social deverá desenvol-
ver projetos que tenham por foco a gestão, e não o gerenciamento público, 
das atividades administrativas, reduzindo conflitos de competência comum 
(administrativa) e concorrente (legislativa) e tornando possível que empresas, 
organizações, meio ambiente e população sejam objeto de gestão integrada, 
com suas respectivas implicações. Nesses casos, os profissionais de gestão 
pública têm conhecimento da memória de casos resolvidos da empresa para 
não repetir equívocos já comprometidos que possam colocar em risco a ima-
gem da responsabilidade social da empresa/instituição/organização? 
Na área da Gestão de Recursos Humanos, a responsabilidade social 
deverá desenvolver projetos que tenham como foco de atuação programas de 
desenvolvimento profissional, visando integrar conhecimentos, competências 
e habilidades em estruturas em que atitudes orientadas venham a promover 
a sustentabilidade das ações dos diferentes públicos-alvo. Em que medida os 
programas de gestão de RH levam em consideração as demandas do mercado 
nos seus processos de capacitação que redundem num melhor produto e, 
portanto, numa melhor visibilidade da responsabilidade social da empresa 
para os seus diferentes públicos-alvo?
Na área da Gestão de Tecnologia da Informação, a responsabilidade 
social deverá desenvolver projetos que tenham por objetivo de atuação pro-
gramas de comunicação corporativa e de divulgação, respectivamente, para 
os diferentes públicos-alvo tomarem decisões acerca dos seus diversos nichos 
de mercado numa perspectiva estratégica. Os projetos de TI são realizados 
de modo integrado com o conhecimento de especialistas ou são realizados 
administrativamente, para cobrir problemas operacionais, que não impactam 
na responsabilidade social e na sustentabilidade da empresa?
Ao estabelecermos a relação entre as diferentes áreas de conhecimento, 
campos de intervenção e responsabilidade empresarial, reafirma-se a neces-
sidade de que as implicações sobre as dimensões da sustentabilidade são um 
– 11 –
A Responsabilidade Social no Contexto das Diferentes Áreas do Conhecimento
fator decorrente do que se realiza no âmbito da responsabilidade social, consi-
derando a estrutura dos processos, produtos e serviços. 
Assim, a responsabilidade social que está relacionada às exigências dos 
diversos públicos-alvo deve ser de total compreensão de todas as equipes das 
empresas, com o objetivo de que os processos, produtos e serviços não venham 
apresentar riscos e perigos para os seus diferentes públicos-alvo.
Por sua vez, o descumprimento das metas que levariam à sustentabilidade, 
em parte, é decorrente da falta de controle dos processos de produção e de ges-
tão do conhecimento nas organizações. Podemos constatar que as dimensões da 
gestão do conhecimento deverão se constituir num instrumento de gestão da 
responsabilidade social, para garantir a permanência dos indicadores de desem-
penho da sustentabilidade empresarial, conforme será visualizado a seguir.
1.1.2 Áreas do conhecimento X gestão 
do conhecimento na empresa
A gestão do conhecimento deve ser compreendida como um processo 
sistemático de aplicação do conhecimento das diversas áreas descritas anterior-
mente, para garantir a efetividade da organização e o retorno dos seus ativos, 
contribuindo, nessa perspectiva, não só para a sustentabilidade como também 
para a responsabilidade social. 
A gestão do conhecimento integra um conjunto de processos, atividades 
e metodologias para melhorar o seu desempenho, entre as quais podemos citar 
a responsabilidade social e a sustentabilidade. Vale ressaltar que a gestão do 
conhecimento não trata do processo de produção do conhecimento. Temos, 
então, a produção e a gestão do conhecimento como etapas complementares.
As empresas não produzem conhecimento, não investem em produção de 
conhecimento e, na maior parte das vezes, confundem informação com conhe-
cimento, comprometendo seriamente os processos de gestão. Nesses casos, como 
fazer gestão do conhecimento para garantir a responsabilidade social do que se faz 
numa empresa/instituição/organização se os gestores desconhecem essa diferença?
Estamos tratando objetivamente do processo de gestão do conhecimento, 
mais precisamente dos processos de socialização deste, que implicam direta-
mente na responsabilidade social e na sustentabilidade de suas relações com os 
seus diferentes públicos-alvo. 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 12 –
Nonaka (2000) e Takeuchi (1997) desenvolveram um modelo que relaciona 
o processo de gestão do conhecimento numa organização, classificando-o em 
conhecimentos tácitos e conhecimentos explícitos. Essa classificação ocorre a partir 
da espiral de conhecimento, baseada no comprometimento pessoal e nas conver-
sões entre os dois tipos de conhecimentos com os diferentes públicos-alvo.
A seguir faremos uma integração entre as etapas da gestão do conheci-
mento e a responsabilidade social e a sustentabilidade, ainda não realizada 
pelos propositores do conceito de gestão do conhecimento (NONAKA, 2000; 
TAKEUCHI, 1997). 
 2 Socialização (passagem do conhecimento tácito para o conheci-
mento tácito): processo de troca de conhecimentos que leva à criação 
de modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. 
 2 Externalização (passagem do conhecimento tácito para o conheci-
mento explícito): processo de articulação do conhecimento tácito 
em conceitos explícitos, normalmente resultantes de diálogos, pela 
reflexão e pela combinação de métodos de indução e dedução. 
 2 Combinação (passagem do conhecimento explícito para o conhe-
cimento explícito): processo de sistematização de conceitos em um 
sistema de conhecimento que envolve a produção de novos conheci-
mentos ou de novos significados a partir da reconfiguração de infor-
mações existentes, com a ajuda de mecanismos de busca, classificação, 
categorização e interpretação de informação.
 2 Internalização (passagem do conhecimento explícito para o conhe-
cimento tácito): é um processo de incorporação do conhecimento 
explícito ao conhecimento tácito, ou o aprender fazendo; para que 
isso aconteça, é necessária a verbalização, por parte do sujeito, de sua 
própria experiência. 
Conforme Argyris (2000) as empresas, para terem mais produtividade, 
precisarão cada vez mais de conhecimento e de aprendizagem. Nessa perspec-
tiva, o mesmo se aplica para a responsabilidade social e a sustentabilidade, na 
medida em que, sem conhecimento, gestão e planejamento, se tornará cada vez 
mais difícil a relação entre empresas/instituições e organizações.
Assim, o balanço social, na perspectiva de Reis e Medeiros (2007), vem 
ressaltar a importância das ações de responsabilidade social empresarial, ou 
– 13 –
A Responsabilidade Social no Contexto das Diferentes Áreas do Conhecimento
seja, a chamada contabilidade socioambiental das ações de reponsabilidade 
social, também ressaltado por Tachizawa (2006).Nessa perspectiva, a gestão do conhecimento oferece um caminho para 
a responsabilidade social na qualificação de informações e conhecimentos e 
aponta a implicação desses conhecimentos e dessas informações na busca da 
sustentabilidade das relações entre os diferentes públicos-alvo, resolvendo 
essas questões. 
Os conhecimentos compartilhados entre os diferentes públicos-alvo estabe-
lecem um processo de aprendizagem tanto para a viabilização da responsabilidade 
social quanto da sustentabilidade das relações envolvidas. Para Prusak e Cohen 
(2001), o estabelecimento de relações entre as pessoas numa instituição, seus rela-
cionamentos e a promoção da cooperação firmam os domínios das comunidades 
de práticas. Conforme Wenger (2000): o envolvimento entre as pessoas, o compar-
tilhamento do conhecimento e o objetivo comum a ser alcançado. 
Nesse âmbito, cada uma das áreas de conhecimento descritas anterior-
mente, no contexto da responsabilidade social e da sustentabilidade, deverão 
se organizar em suas respectivas comunidades de práticas (comunidades de 
profissionais que discutem práticas de seu campo de conhecimento). O obje-
tivo é realizar nessas comunidades as quatro etapas do processo de produção 
de conhecimento, que levarão à sustentabilidade da responsabilidade social. 
Para que tanto a responsabilidade social quanto a sustentabilidade sejam 
garantidas, é necessário que sejam integradas as ações das diferentes áreas do 
conhecimento, por exemplo: uma decisão de compra que envolva insumos e 
matérias-primas deve ter um “parecer” de todas as áreas envolvidas em questão: a 
área da administração precisará coordenar todo o processo de gestão de compras 
com todas as áreas envolvidas; a contabilidade deverá levar em consideração não 
somente os custos mas também a avaliação ambiental dos custos envolvidos em 
insumos e matérias-primas em caso de impactos ambientais; com relação à gestão 
pública, todas as ações, processos, produtos e serviços precisarão estar dentro dos 
processos de licenciamento ambiental e normas setoriais; na gestão de recursos 
humanos, dever-se-á verificar não só a capacitação para produzir novos produtos 
e serviços como também os impactos das atividades sobre a higiene, saúde e segu-
rança; e, na área de tecnologia de informação, será preciso criar um programa 
de comunicação corporativa que atenda as demandas de informações de forma 
classificada e orientada de todos os públicos-alvo envolvidos. 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 14 –
Produção de Conhecimento: envolve as eta-
pas de investigação, intervenção e avaliação;
Gestão do Conhecimento: envolve o processo de ges-
tão das etapas SECI: socialização, externalização, com-
binação e internalização dos conhecimentos.
 
Assim, a responsabilidade social e a sustentabilidade das atividades esta-
rão sendo mediadas pelos processos de produção e de gestão do conheci-
mento nas diversas áreas relacionadas aos processos, às pessoas e aos sistemas, 
conforme descrito abaixo na figura 1.
Figura 1 – Dimensões da Gestão do Conhecimento para Responsabilidade Social 
Programa de Gestão
do Conhecimento
Métricas e Monitoramento
Operacionalização
do Conhecimento
Alin
ham
ent
o
Flu
xo
s d
e C
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cim
en
to
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a 
e 
Es
tra
té
gi
ca
Te
cn
olo
gia
Apr
end
izad
o
CoPs - Comunidades 
de Prática e Times de 
Conhecimento
Compartilhamento
de Conhecimento
de Conhecim
ento
Incentivos Culturais
Ac
es
so
 a
o
Co
nh
ec
im
en
to Conteúdo de
Conhecim
ento
 SISTEMAS 
 
 
PR
O
CE
SS
OS
 
 PESSOAS 
 
 
 
Informações demográficas
Fonte: Elaborada pelo autor.
1.2 Pessoas processos e sistemas
Para que a responsabilidade social e a busca pela sustentabilidade das 
relações a serem desenvolvidas alcancem seus objetivos, devem ser levadas em 
– 15 –
A Responsabilidade Social no Contexto das Diferentes Áreas do Conhecimento
consideração três variáveis: pessoas, processos e sistemas, com suas respectivas 
dimensões de gestão, controle e monitoramento. A relação entre os processos 
de produção de conhecimento, tomada de decisão e impactos diversos tem 
uma relação direta com o nível de responsabilidade que assumimos no con-
texto de uma empresa, instituição ou organização da qual somos parte.
Vamos acompanhar agora os desdobramentos desses itens e suas variações.
1.2.1 Pessoas
 2 Incentivos culturais: atitudes culturais implícitas e explícitas, cren-
ças e incentivos que existem dentro da organização para formar, 
criar e apoiar o uso dos ativos intelectuais.
 2 Identificação e criação do conhecimento: capacidade da organiza-
ção e de seus stakeholders para identificar e criar conhecimento (e 
outros ativos intelectuais).
 2 Compartilhamento do conhecimento: capacidade da organização 
e de seus públicos-alvo para compartilhar ativos intelectuais que 
permitam à organização alcançar suas metas de responsabilidade 
social e sustentabilidade. 
 2 Comunidades de práticas e times de conhecimento: identificação 
da existência, da natureza e do envolvimento de pessoas na empresa 
que possam, efetivamente, influenciar na solução de problemas e 
permitir que a organização alcance suas metas.
 2 Aprendizado: existência e capacidade da organização para construir 
capital humano por meio de treinamento ou outras atividades diri-
gidas para o aprimoramento do trabalho.
1.2.2 Processos
 2 Liderança e estratégia: utilização das técnicas de gestão do conheci-
mento como modelo de gestão dos líderes e gerentes da organiza-
ção para liderança estratégica.
 2 Fluxo do conhecimento: natureza e capacidade do fluxo de conhe-
cimento e outros ativos intelectuais dentro da organização. Inclui: 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 16 –
captura, armazenamento, disseminação e outros aspectos de distri-
buição do conhecimento.
 2 Alinhamento: grau em que os objetivos do programa de gestão do 
conhecimento e seus resultados satisfazem ou realizam objetivos 
e metas da organização e, respectivamente, dos diferentes públi- 
cos-alvo. 
 2 Operacionalização do conhecimento: capacidade da organização 
em integrar e aplicar conhecimento dentro de seu negócio e proces-
sos operacionais (incluindo desenvolvimento de novos produtos, 
marketing e outros).
 2 Métricas e monitoramento: capacidade da organização em medir 
a si mesma, levando em consideração o gerenciamento dos ativos 
intelectuais, bem como em monitorar e identificar melhores prá-
ticas, informações externas e aprendizado que possam melhorar e 
gerar valor para a organização.
1.2.3 Sistema
 2 Tecnologia: existência e capacidade da infraestrutura tecnológica 
que permitam a gestão do conhecimento e o compartilhamento 
de melhores práticas, em busca da responsabilidade social e 
da sustentabilidade.
 2 Acesso ao conhecimento: capacidade e infraestrutura existentes 
que permitam que os stakeholders acessem e compartilhem os ati-
vos intelectuais da organização nos seus sistemas, e os diferentes 
públicos-alvo.
 2 Conteúdo do conhecimento: tipos de ferramentas a organização 
produz ou executa para gerenciar o conteúdo e a informação.
 2 Programa de gestão do conhecimento: como o programa de 
gestão do conhecimento está construído dentro da empresa: 
sua natureza, seu desenho e sua capacidade para envolver pes-
soas, unidades e grupos em direção à responsabilidade social e 
à sustentabilidade.
– 17 –
A Responsabilidade Social no Contexto das Diferentes Áreas do Conhecimento
A partir da avaliação das dimensões das variáveis – pessoas, processos e 
sistemas –, bem como do que efetivamente esses tipos de variáveis indicam, 
demarcamos o que uma empresa/instituição/organizaçãoe os profissionais 
das diferentes áreas do conhecimento deverão levar em consideração no que 
se refere à responsabilidade social e à sustentabilidade de suas relações com os 
públicos interno e externo.
Torna-se cada vez mais importante que cada profissional tenha pleno 
conhecimento dos resultados dos seus processos decisórios no contexto de 
onde está inserido, bem como dos impactos para os diferentes públicos-alvo. 
Não se pode mais ignorar: antes que a gestão do conhecimento seja executada, 
é preciso avaliar quais processos de produção de conhecimento tornarão pos-
síveis a gestão das atividades de responsabilidade social visando à garantia da 
sustentabilidade. Assim, entendemos que a responsabilidade social começa em 
cada um dos profissionais ao saber identificar quais conhecimentos relaciona-
dos às suas práticas diárias deverão ser objeto de suas deliberações em busca da 
sustentabilidade das demandas internas e externas de cada público-alvo.
A estrutura do processo de gestão do conhecimento e do seu processo de 
avaliação se constituem num espaço de orientação para o desenvolvimento de 
programas de responsabilidade social e de códigos de ética que serão resultan-
tes das avaliações entre as partes envolvidas. 
Tudo o que você fizer e decidir deverá sempre ter a garantia de que 
suas decisões tenham impacto significativo tanto na responsabilidade social 
quanto na sustentabilidade das decisões com impacto comunitário. 
De forma a orientar cada profissional na sua área de atuação, com base 
nas suas competências e habilidades, convém ressaltar que, em cada dimensão 
de gestão do conhecimento da responsabilidade social, há um objetivo de 
avaliação que precisa ser considerado em cada caso, para garantir a responsa-
bilidade social e a sustentabilidade das atividades desenvolvidas.
Variável: é a expressão de uma grandeza numa perspec-
tiva adimensional, ou seja, do zero ao infinito positivo e 
negativo, e que não projeta indicadores de desempenho.
O que é um indicador: relação de impressão entre duas variáveis 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 18 –
 que gera um índice e é objeto de gestão, e não de gerencia-
mento, da reponsabilidade social e da sustentabilidade.
 
Resumindo
Você viu neste capítulo a relação que se estabelece entre as áreas de 
conhecimento e a responsabilidade profissional das decisões relativas à sua 
área de atuação, no contexto das empresas/instituições/organizações, através 
das quais você é um agente de decisão com impactos diversos.
Também foi realizada uma caracterização das implicações da sustentabi-
lidade e da responsabilidade social como estruturas do processo de gestão do 
conhecimento, demonstrando que a sustentabilidade das atividades dos dife-
rentes públicos-alvo passa pelas diferentes dimensões das variáveis: pessoas, 
processos e sistemas, dos quais você faz parte.
Histórico, 
Fundamentos, Debates 
e Dimensões da Ética e 
Responsabilidade Social 
Neste capítulo você vai verificar por que existem diferentes 
formas de avaliação de tudo o que se faz, com base nos fundamentos 
que sustentam nossas tomadas de decisões, a partir da ética e de suas 
implicações na responsabilidade social.
Você verificará que uma mesma decisão com impacto social 
poderá ser avaliada eticamente de forma diferenciada, inclusive em 
diferentes lugares por diversos públicos-alvo.
No final desse capítulo, terá uma compreensão dos funda-
mentos, debates e princípios éticos que deverão nortear a estrutu-
ração tanto dos códigos de ética quanto das suas condutas pessoais 
com os diferentes públicos-alvo nas empresas/instituições ou orga-
nizações em que você é agente de tomada de decisão.
2
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 20 –
Objetivos de aprendizagem
 2 Relacionar o histórico com os fundamentos, os debates e as dimen-
sões da ética e a responsabilidade social com as atividades diá- 
rias relacionadas.
 2 Inventariar as etapas, os processos e a estrutura de constituição da 
ética e da responsabilidade social na empresa/instituição.
2.1 Responsabilidade social – 
a compreensão do homem como ser moral
A compreensão do homem como “ser” moral é regulado por princípios 
religiosos e racionais. Por sua vez, a ética está relacionada ao caráter de cada 
indivíduo na condução das suas atividades; e a moral, aos seus costumes e ao 
modo como desenvolve a sua atividade. Assim ética/caráter e moral/costumes 
conduzem e orientam princípios para a vida em sociedade e no trabalho. 
Quando falamos de juízo, temos: o juízo de valor, no qual 
você faz avaliações das situações em que está envolvido; e 
o juízo de fato, em que avalia exatamente o que ocorre.
 
Na perspectiva religiosa, há um enquadramento das atitudes profissio-
nais dentro de dogmas preestabelecidos que norteiam comportamentos, com 
base nos princípios do bem e do mal.
Na perspectiva da razão, existe um enquadramento das atitudes dentro das 
diretrizes estabelecidas a priori por um grupo ou instituições, que irão orientar 
o que deve ser feito para conduzir o pensamento para a tomada de decisão.
Entretanto, você pode não aceitar nenhum desses dois princípios e ado-
tar outro que considera mais eficaz. O que fazer nos casos quando o que está 
estabelecido não se coaduna com o que você considera ser o melhor princípio 
para nortear a sua perspectiva ética no campo da responsabilidade social? Por 
que isso acontece?
– 21 –
Histórico, Fundamentos, Debates e Dimensões da Ética e Responsabilidade Social 
Como você se comportaria diante do exemplo a seguir, independente-
mente da sua área de formação num processo de transação comercial?
“Você é um agente de decisão da sua empresa vendendo um produto 
para um cliente que solicitou propina para aprovação do processo de compra 
do seu produto em relação a outros concorrentes que não permitiram esse 
tipo de prática.” 
Nesses casos, quem está seguindo princípios éticos? Quem está indo con-
tra a ética nos relacionamentos? Quais deveriam ser os procedimentos éticos 
a serem adotados nessa perspectiva? Quais os impactos dessa transação para a 
responsabilidade social da empresa no que se refere aos seus diferentes públi-
cos-alvo caso venha ser divulgada? Onde você se enquadraria nessa situação?
Então perguntamos: Se o princípio que organiza as nossas relações 
sociais, políticas e econômicas desconsidera que todos deveriam ter acesso 
indistintamente a todos os tipos de recursos existentes, então cria-se a diferen-
ciação, a concentração e a competitividade? Qual a saída para a ética huma-
nista nesses casos?
A ética humanista deveria considerar o que ocorre em suas diferentes 
estruturas para, em um segundo momento, estabelecer um código de con-
duta vinculado a essas ocorrências objetivas. 
 Importante
Aquilo que adotamos eticamente como princípio geralmente não 
corresponde ao que sociologicamente foi produzido pelas relações 
humanas e que as organiza diariamente.
2.2 Ética humanista e ética social
Quando falamos de “ética humanista”, estamos caminhando na pers-
pectiva de que inexistem determinações racionais e religiosas que devam 
orientar um código de conduta. Isso faz com que todas as possibilidades 
humanas de relações sejam possíveis, já que estamos considerando a exis-
tência humana como princípio indiferenciado em suas diversas formas de 
ocorrência e culturas.
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 22 –
Quando falamos de “ética social”, estamos nos dirigindo por princípios 
definidos por grupos em determinados contextos sociais, regulados por princí-
pios particulares e até culturais de qualquer tipo de natureza. 
Na perspectiva da ética humanista, a corrupção é um mal que deveria 
ser eliminado, já que fere os princípios da igualdade, da liberdade e do acesso 
democrático a todotipo de recursos e ações decorrentes de todas as transa- 
ções realizadas, para qualquer público-alvo, ou seja: nessa perspectiva todos 
seriam beneficiados e não haveria ninguém prejudicado com os resultados. 
Na perspectiva da ética social, a corrupção não é admitida como ativi-
dade legítima, mas ocorre de forma velada, por ser condenada socialmente pelos 
prejuízos que traz com o resultado das suas atividades. Nesses casos, a corrupção 
pode ser legitimada através de outras formas, tais como: a remuneração pela 
atividade de captação/liberação de recursos para projetos; emendas parlamen-
tares; serviços de terceiros; superfaturamentos; manipulação de procedimen-
tos administrativos; alteração de rubricas para desvios de recursos públicos etc. 
No Brasil, o Instituto Ethos de Responsabilidade Social vem liderando ações 
empresariais na perspectiva da ética e da responsabilidade social corporativa. 
 Saiba mais
Em outros países, os fundraisers, ou captadores de recursos para projetos, 
têm a sua ação regulamentada para fins de captação de recursos, principal-
mente em processos com recursos públicos. 
Figura 1: Direções da ética empresarial 
F
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01
5.
– 23 –
Histórico, Fundamentos, Debates e Dimensões da Ética e Responsabilidade Social 
De um jeito ou de outro, sempre precisaremos utilizar nossa capacidade 
de discernimento diante das inúmeras possibilidades que se apresentarão no 
transcurso das atividades profissionais, conforme a figura 1: pelo lado da con-
duta ética ou da antiética, cabe a você decidir. 
2.2.1 Ética e responsabilidade social
Toda empresa, instituição ou organização que mantém relações com 
clientes, fornecedores de insumos e matérias-primas, empregados, governo 
e sociedade em geral, empresas concorrentes, em diferentes escalas espaciais, 
deverá passar a desenvolver princípios éticos aplicáveis a cada caso, conforme 
descritos por Moreira (1999) a seguir.
 2 Clientes: atendimento a todas as demandas via serviços de autoaten-
dimento que resolvam todos os problemas decorrentes dos serviços 
prestados; a publicidade e a propaganda descrevendo exatamente os 
processos, produtos e serviços à disposição para os diferentes tipos de 
clientes; promoções, eventos e concursos de vendas; não aceitação de 
pagamento de diárias, passagens, almoços, jantares, doações ofereci-
das pelos clientes como forma de cooptação para favorecimento em 
compra de processos, produtos e serviços pré e pós-venda.
 2 Concorrentes: acordos, pactos, legislações internacionais relativos 
à livre concorrência; informações lícitas e ilícitas sobre a concorrên-
cia; conflitos relativos a direitos de propriedade intelectual, autoral e 
industrial dos concorrentes, espionagem, inteligência competitiva; 
contratação de funcionário da empresa concorrente em processo 
seletivo interno; transações de fusões, incorporações de empresas.
 2 Fornecedores: formas de seleção de fornecedores e julgamento de pro-
postas técnicas; contabilização da relação custo-benefício dos processos 
comerciais; cumprimento de pactos, contratos e datas; licenciamento 
de direitos de propriedade intelectual e industrial; relações com forne-
cedores de capitais (acionistas, bancos e agencias de financiamento).
 2 Empregados: proibição de preconceitos; aceitação dos princípios 
da diversidade social, sexual e de necessidades especiais; abuso 
de poder pelos superiores (assédio moral e sexual); condições do 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 24 –
ambiente de trabalho adequadas às atividades relacionadas em ter-
mos de higiene, saúde e segurança do trabalho; acesso a documen-
tos pessoais e avaliações particulares; respeito à privacidade; gestão 
de conflitos relacionados aos interesses de promoção, aumento sala-
rial ou processos correlatos.
 2 Governo: relações com os poderes Executivo, Legislativo e Judici-
ário; contribuições para campanhas eleitorais; participação através 
de processos públicos regimentais (licitações e contratos); limites 
éticos em brindes, presentes, despesas de viagens e outras conces-
sões; contratação de ex-funcionários; relações com pagamentos de 
tributos e fiscalizações.
 2 Sociedade: não interferência na determinação das sociedades e nos 
seus modos de vida; combate ao crime; filantropia; livros e registros 
de atividades; atividades que incorrem em “aspectos, impactos, ris-
cos, perigos, passivos e danos ambientais patrimoniais e extrapatri-
moniais individuais e coletivos”.
Dano: lesão a um interesse juridicamente tutelado, que pode ser 
patrimonial ou não. Causado por ação ou omissão do sujeito infra-
tor. Completando que o prejuízo indenizável poderá ocorrer, não 
somente do patrimônio economicamente aferível, mas também da 
vulneração de direitos inatos à condição do homem, sem expressão 
pecuniária essencial. (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2010).
 
Da mesma forma que as condutas e relações são diferenciadas, no que 
se refere a cada público-alvo, a estrutura do código de ética deverá prever esse 
tipo de preocupação, numa estreita relação com os seus respectivos profissio-
nais e públicos de interesse.
2.2.2 Código de ética
Conforme o Instituto Ethos (2000), “o código de ética ou de compro-
misso social é um instrumento de realização da visão e missão da empresa, 
– 25 –
Histórico, Fundamentos, Debates e Dimensões da Ética e Responsabilidade Social 
que orienta suas ações e explicita sua postura social a todos com quem man-
tém relações”. 
A produção de um código de ética é um desafio a ser vencido no contexto 
das organizações, instituições ou empresas. Entretanto, a sua implantação 
é o mais complexo, pois se configura como um processo de gestão de um 
programa que deve ser pautado pelo ciclo PDCA (planejar, decidir, corrigir 
e agir).
Existe uma diferença entre códigos de ética profissionais relacionados 
a conselhos de classe, que regulam as atividades dos profissionais filiados, 
e os códigos de ética das empresas em que esses profissionais trabalham. O 
primeiro é um código de ética regulamentar; o segundo é sociológico, pois 
define como deverão se estabelecer as relações internas e externas entre fun-
cionários, acionistas, diretores e os diferentes stakeholders relacionados às 
suas atividades. Nos dois casos, há necessidade de monitoramento e cumpri-
mento dos referidos códigos de ética. Entretanto, em linhas gerais, o código 
de ética profissional tem sanções legais definidas diferentemente dos códigos 
de ética empresariais, que possuem penalidades administrativas.
A norma “ISO 26000: guia sobre responsabilidade social” foi publicada 
em novembro de 2010. É aplicável a todo tipo de organização e orienta as 
linhas da sua própria integração, centrando-se em sete temas: direitos huma-
nos; práticas laborais; meio ambiente; práticas operacionais justas; consumo; 
envolvimento e desenvolvimento da comunidade; e governança organizacional. 
Os temas relacionados à responsabilidade social deverão ser objeto das 
diretrizes dos códigos de ética com os seus diferentes públicos-alvo. No Bra-
sil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já divulgou a norma 
brasileira NBR 26000, que orienta as empresas nessa perspectiva.
2.2.3 Desafios da ética no novo milênio
O momento presente está invocando a responsabilidade social de cada 
ação individual no contexto global com todos os outros tipos de atos indivi-
duais. Por que isso está acontecendo?
Os princípios que norteiam a humanidade em termos racionais e religio-
sos certificam que a ética e a responsabilidade social podem ter dois caminhos: 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 26 –
uma via normativa definida por códigos, ignorando as diferenças nas diversas 
relações sociais, políticas e econômicas; e uma segunda via em que, reconhe-cendo as diferenças, se deveria organizar um código de ética que amparasse as 
diferenças como parte dos costumes. 
O momento presente é de redefinição de uma nova perspectiva tanto 
para a ética quanto para a responsabilidade social empresarial, institucional e 
organizacional, conforme definido por Silva (2013). 
Estamos no momento da autofagia do sistema ético vigente, cocriando 
uma nova perspectiva centrada em princípios de cooperação e humanidade, 
mesmo diante dos movimentos contrários. 
Para Ashley, Coutinho e Tomei (2000), os desafios cresceram tanto que 
se chegou ao limiar da sobrevivência, da vulnerabilidade social e dos riscos 
ambientais. Assim, os maiores desafios da ética e da responsabilidade social 
para o próximo milênio deverão envolver as seguintes questões:
 2 esgotamento dos recursos naturais, que tem relação direta com os 
insumos e as matérias-primas necessários ao desenvolvimento dos 
processos, produtos e serviços;
 2 água, aquecimento global, biodiversidade e camada de ozônio;
 2 implicações da responsabilidade social como agente de desenvolvi-
mento local e sustentável.
A ética que deverá ser objeto de consenso passa pelo limite da explo-
ração dos recursos naturais, pelo uso da água, dos reflexos do aquecimento 
global, da manutenção da biodiversidade e do controle da emissão dos gases 
de efeito estufa e da capacidade de a empresa não ser mais somente um agente 
de produção de processos, produtos e serviços, mas também um agente de 
desenvolvimento regional e local, de forma sustentável. 
2.2.4 Histórico dos debates a respeito da ética 
e da responsabilidade social no Brasil
Para a sua melhor compreensão, vamos dividir este item em duas partes: 
o histórico dos debates a respeito da ética nos negócios; e o histórico dos deba-
tes sobre a responsabilidade social. A discussão se inicia a partir de um con-
texto histórico geral, caminhando na direção de sua consolidação no Brasil.
– 27 –
Histórico, Fundamentos, Debates e Dimensões da Ética e Responsabilidade Social 
2.2.4.1 Histórico dos debates a respeito da ética empresarial
Historicamente, a criação de uma empresa tinha por objetivos a obtenção 
do lucro e a remuneração dos seus acionistas e investidores. Nessa perspectiva, 
a ética deveria garantir que todas as relações proporcionassem a obtenção de 
lucro, de forma que acionistas e investidores estivessem satisfeitos. A respon-
sabilidade era produzir e pagar salários.
A passagem da economia da troca para a economia do lucro passou a 
representar uma dificuldade moral a ser aceita, conforme Moreira (1999):
 2 No século XVII, Adam Smith conseguiu demonstrar no seu livro 
“Riqueza das nações” que o lucro não é um acréscimo indevido, mas 
um vetor de distribuição de renda e de promoção do bem-estar social. 
 2 A primeira tentativa formal de impor um comportamento ético à 
empresa foi a encíclica “Rerum Novarum” do Papa Leão XIII.
 2 Em 1890, entrou em vigor, nos Estados Unidos da América, a Lei 
Sherman Act, que passou a proteger a sociedade de acordos entre 
empresas que restringiam a livre-iniciativa.
 2 Em 1972, a Organização das Nações Unidas realizou em Esto-
colmo, na Suécia, a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvol-
vimento, em que o meio ambiente começou a subordinar as ações 
das atividades econômicas.
 2 Em 1977, o Congresso Norte Americano aprovou uma lei (Foreign 
Corrupt Practices Act – FCPA) relativa à ética empresarial, que 
também mereceu regulamentação legal que estabelece penalida-
des para recebimento de subornos de autoridades estrangeiras para 
obtenção de negócios e contratos.
No Brasil, embora a preocupação específica com o tema seja recente, 
muitos textos legais e regulamentares já foram promulgados, principalmente 
durante as últimas três décadas, visando conter práticas antiéticas em diversos 
aspectos dos relacionamentos das empresas, tais como:
 2 Código de Defesa do Consumidor: Lei no 8.078/1990;
 2 Lei de Crimes Ambientais: Lei no 9.605/1998;
 2 Lei de Propriedade Intelectual: Lei no 9.609/1998;
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 28 –
 2 Código de Ética do Servidor Público Federal: Lei no 9.171/1994;
 2 Abuso de Poder Econômico: Lei no 8.884/1993.
Entretanto, mesmo com todo o arcabouço legal, é preciso que no Brasil 
comece a imperar o princípio da execução de todos os tipos de leis que foram 
promulgadas, para que as instituições, empresas, organizações e os diferentes 
profissionais tenham o reconhecimento “de fato” e “de direito” de todos os 
procedimentos promulgados por esses textos legais.
2.2.4.2 Histórico dos debates a respeito 
da responsabilidade social
Para que você tenha uma compreensão do histórico dos debates da res-
ponsabilidade social, faremos uma abordagem histórica do conceito. A estru-
tura será apresentada em três etapas: a introdução do conceito nos meios aca-
dêmico e empresarial; a sua evolução recente da década de 1960 até a década 
de 1990 segundo Ashley, Coutinho e Tomei (2000); e mais recentemente no 
Brasil através de Moretto Neto (2010).
Para Ashley, Coutinho e Tomei (2000), a responsabilidade social corpo-
rativa teve inicialmente os seguintes desdobramentos:
 2 era aceita como doutrina nos EUA e na Europa até o século XIX, 
quando o direito de conduzir negócios de forma corporativa era 
uma questão de prerrogativa do Estado ou da Monarquia, e não um 
interesse econômico privado;
 2 com a independência dos EUA, os estados americanos começaram a 
aprovar legislações que permitissem a autoincorporação (self-incor-
poration) como alternativa à incorporação por ato legislativo especí-
fico, inicialmente para serviços de interesse público; 
 2 em 1916, Henry Ford, argumentando a realização de objetivos 
sociais, decidiu não distribuir parte dos dividendos esperados, 
revertendo-os para investimentos na capacidade de produção, para 
aumento de salários e como fundo de reserva para a redução espe-
rada de receitas devido ao corte nos preços dos carros; 
 2 após os efeitos da Grande Depressão e o período da Segunda Guerra 
Mundial, em um contexto econômico de expansão do tamanho das 
– 29 –
Histórico, Fundamentos, Debates e Dimensões da Ética e Responsabilidade Social 
corporações e de seu poder sobre a sociedade, diversas decisões nas cor-
tes americanas foram favoráveis às ações filantrópicas das corporações;
 2 em outro litígio julgado pela Justiça americana em 1953, o caso “A.P. 
Smith Manufacturing Company versus Barlow” foi retomado, com 
o debate público sobre a responsabilidade social corporativa. Neste 
caso, a interpretação da Suprema Corte de Nova Jersey sobre a inser-
ção da corporação na sociedade e suas respectivas responsabilidades 
posicionou-se favorável à doação de recursos para a Universidade de 
Princeton, contrariamente aos interesses de um grupo de acionistas;
 2 nos últimos anos, temos ouvido falar do termo “cidadania empresa-
rial”. Popularmente, este conceito tem sido tratado de maneira bas-
tante instrumental, ou seja, como algo que traria vantagem compe-
titiva à organização perante a crescente concorrência. O seu aspecto 
mais ressaltado tem sido o de investimento na comunidade através 
de projetos ou ações sociais com recursos transferidos por empresas.
Para Moretto Neto (2010), a responsabilidade social no Brasil teve o 
seguinte percurso histórico, considerando o movimento internacional des-
crito anteriormente:
 2 tudo começou na década de 1960, quando foi constituída a Asso-
ciação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), com sede em 
São Paulo, iniciando, assim, uma sensibilização sobre responsabili-
dade social nos dirigentes das empresas;
 2 em 1977, a ADCE organizou o 2o Encontro Nacional de Dirigen-
tes de Empresas, cujo tema central era o balanço social da empresa. 
Com isso, a partir de 1979 a ADCE passou a organizar seus con-gressos anuais e o balanço social tem sido seu objeto de reflexão;
 2 em 1991, foi encaminhado ao Congresso um anteprojeto pro-
pondo a publicação do balanço social pelas empresas, porém ele 
não foi aprovado. No ano seguinte, o balanço social também foi 
publicado pelo Banespa, na época banco oficial do Governo do 
Estado de São Paulo, divulgando as suas ações sociais; 
 2 no ano de 1993, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lan-
çou a Campanha Nacional da Ação da Cidadania contra a Fome, 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 30 –
a Miséria e pela Vida, com o apoio do Pensamento Nacional das 
Bases Empresariais (PNBE), que constituiu o marco da aproxima-
ção entre os empresários e as ações sociais; 
 2 em 1997, Betinho lançou um modelo de balanço social e, em par-
ceria com o periódico de economia “Gazeta Mercantil”, criou o 
selo Balanço Social, estimulando as empresas a divulgarem seus 
resultados na participação social;
 2 nesse contexto surgiu, em 1998, o Instituto Ethos de Empresas e Res-
ponsabilidade Social, fundado pelo empresário Oded Grajew, com a 
missão principal de estabelecer elos continuados entre os empresários 
e as causas sociais do país. Seu objetivo é disseminar a prática da 
responsabilidade social empresarial por meio de publicações, experi-
ências, programas e eventos para os interessados na temática; 
 2 em 1999, a adesão ao movimento social se refletiu na publicação 
do seu balanço no Brasil por 68 organizações. No mesmo ano, foi 
fundado o Instituto Coca-Cola no Brasil, voltado à educação, a 
exemplo da fundação existente nos Estados Unidos desde 1984; 
 2 também em 1999, a Câmara Municipal de São Paulo premiou, 
com o selo Empresa Cidadã, as empresas que praticaram a respon-
sabilidade social e publicaram o seu balanço social, e também a 
Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) 
incluiu sua premiação: o prêmio Top Social;
 2 paralelamente, o governo brasileiro promulgou os seguintes dispo-
sitivos legais que atestam sua preocupação com o avanço da respon-
sabilidade social:
 2 Lei no 9.790/1999 – Utilidade Pública Federal (Organização 
da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP): as doa-
ções realizadas por pessoa jurídica para entidades sem fins 
lucrativos que atuem em benefício da coletividade (OSCIP) 
podem ser deduzidas do lucro operacional verificado até o 
limite de 2%, antes de computada a dedução da doação. 
Este benefício se aplica somente às empresas tributadas pelo 
Lucro Real.
– 31 –
Histórico, Fundamentos, Debates e Dimensões da Ética e Responsabilidade Social 
 2 Lei do ICMS: as empresas têm o direito de usar certa percen-
tagem (%) do ICMS com o objetivo de patrocinar produções 
culturais autorizadas à captação; 
 2 Lei Rouanet: as empresas que investirem em projetos culturais 
poderão abater até quatro por cento do Imposto de Renda 
(IR) devido, de maneira direta; 
 2 Lei dos Esportes: segue a mesma metodologia da Lei Rouanet, 
mas é direcionada a projetos esportivos e permite até 1% de 
abatimento do imposto devido;
 2 Fundos de Direitos da Criança e do Adolescente: os recursos 
destes fundos têm origem governamental e privada, por meio 
de doações dedutíveis do IR. . 
Atualmente, a Corporação Financeira Internacional vem trabalhando 
com a perspectiva do Investimento Comunitário Estratégico (ICE). Con-
forme a IFC (2010), o investimento comunitário estratégico consiste em 
contribuições ou ações voluntárias, por parte das empresas, para ajudar 
comunidades localizadas em suas áreas de operação a resolver as suas priori-
dades de desenvolvimento.
 Saiba mais
Para maiores informações sobre questões éticas e de responsabilidade 
social visita o site do Instituto Ethos: www.ethos.org.br 
Resumindo
Neste capítulo você verificou as implicações tanto da ética quanto da 
responsabilidade social nos negócios e nos processos dos diferentes públicos-
alvo, caracterizando as diferenças entre o que acontece e o que é regulado 
como ética e responsabilidade social.
A ética partiu de princípios religiosos e racionais para atendimento das 
condutas que deveriam tornar os investimentos comunitários uma ação de 
caráter estratégico das empresas, e não somente uma ação de responsabilidade 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 32 –
social historicamente reconhecida como atividade de doação de fundos ou de 
parcerias em ações de voluntariado.
A responsabilidade social de uma perspectiva centrada no lucro, pas-
sando para uma perspectiva de desenvolvimento local, integrou o investi-
mento comunitário estratégico como a sua dimensão social e comunitária.
A Globalização da 
Responsabilidade Social 
e o Princípio da Incerteza
Estamos há algumas décadas vivendo um movimento inter-
nacional denominado “neoliberalismo” (ALVES, 2000). De acordo 
com alguns autores, estamos, há muito tempo, num estágio em que 
o Estado deixa de ser o agente controlador da economia e passa a 
exercer um reduzido número de atividades, delegando, através de 
diferentes mecanismos e leis, parte das suas atividades para outros 
segmentos da sociedade.
Algumas atividades que antes eram exclusivas do Estado pas-
saram a ser delegadas para as empresas. Através da responsabilidade 
social, as empresas passaram a ser agentes de desenvolvimento local, 
via parcerias público-privadas, estabelecendo relações para o desen-
volvimento de infraestruturas; e, por meio das organizações não 
governamentais, o Estado delega a responsabilidade das suas atribui-
ções às Associações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) 
para as áreas de educação, saúde, cultura, entre outras.
3
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 34 –
No final deste capítulo, você verificará que o contexto em que o Estado, 
as empresas e a sociedade civil estão envolvidos diante das pressões interna-
cionais coloca todos num campo de incertezas; com relação aos seus projetos, 
fazendo com que outras formas de controle dos respectivos destinos sejam 
objeto de pesquisa e de utilização de novas certificações, metodologias e siste-
mas de apoio à decisão.
Quando nos remetemos ao “princípio da incerteza”, estamos nos 
referindo ao grande número de exigências, normas, projetos, controle e 
monitoramentos que o mercado das empresas passa nesse momento e que 
precisam ser revistos através de análise prospectiva para que seus objetivos 
sejam atingidos. 
Objetivos de aprendizagem
 2 Reconhecer as relações entre as ações de responsabilidade social 
com as determinações dos organismos internacionais;
 2 Identificar os reflexos do processo de globalização sobre o mercado 
e a dinâmica empresarial e institucional.
3.1 Contexto atual, esfera pública e o 
papel dos diferentes atores sociais
A responsabilidade social empresarial nasce no contexto internacio-
nal como resultado da mudança de perspectiva do sistema econômico e da 
mudança de regime do Estado, historicamente como agente de controle e 
interventor da economia. 
Neoliberalismo: nasceu logo depois da Segunda Grande Guerra 
mundial, nos principais países do mundo do capitalismo maduro, 
como uma reação teórica e política ao modelo de desenvolvimento 
centrado na intervenção do Estado, que passou a se constituir, 
desde então, na principal força estruturadora do processo de acu-
mulação de capital e de desenvolvimento social. (PERRY, 1995).
 
– 35 –
A Globalização da Responsabilidade Social e o Princípio da Incerteza
Na perspectiva neoliberal, o Estado cria todas as condições para se dedi-
car às suas novas funções. Entretanto, deixa de ser um “agente de controle” 
das atividades econômicas para ser um “agente de fiscalização” dos processos, 
produtos e serviços que foram terceirizados, privatizados e realizados através de 
parcerias público-privadas (setor privado)ou termos de parceria (terceiro setor).
Em relação às organizações da sociedade civil, o Estado dota as orga-
nizações da sociedade civil de natureza privada com personalidade jurídica 
de instituição pública, garantindo que estas possam receber recursos de ins-
tituições públicas ou de empresas, com dedução de imposto de renda, para 
desenvolvimento de projetos.
Todas essas possibilidades de relações estabelecidas legalmente vêm 
exigindo do Estado e das empresas funções extras, concomitantemente, de 
fiscalização e de agente de desenvolvimento local. No âmbito das empresas, 
novas exigências serão necessárias da parte de todos os seus profissionais, já 
que, agora, você não será mais somente um funcionário, mas integrará o 
processo de gestão de pessoas (CHIAVENATO, 1999).
Além disso, terá a responsabilidade social de agente promotor do desen-
volvimento local, através de outros tipos de projetos e certificações, que lhes 
serão exigidos, para que sua empresa tenha status de empresa responsável.
Nesse contexto, empresas, comunidades, mercados nacionais e interna-
cionais, agências de certificação e projetos diversos passam a fazer parte das 
agendas das empresas responsáveis e dos seus respectivos setores e profissionais.
Diante da formação universitária que você recebeu, considera-se prepa-
rado para tornar a sua atividade profissional uma ação de desenvolvimento 
local ao ser exigido, na empresa em que irá se estabelecer, com os conheci-
mentos profissionais que foram repassados? 
Perante todos esses questionamentos, muitas soluções técnicas e meto-
dologias têm sido adotadas, considerando que o poder de decisão do Estado 
está compartilhado com empresas e organizações da sociedade civil nacional 
e internacional. Disso resultam as incertezas, com relação às estruturas dos 
processos decisórios, que também deverão ter outras características de gestão 
(ISO, 2001).
Nesse novo contexto, portanto, o papel dos diferentes atores sociais está 
assim definido:
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 36 –
 2 o Estado passa a ser agente fiscalizador das atividades que atribuiu 
para empresas e organizações da sociedade civil, através das agên-
cias de regulação;
 2 a sociedade civil, estruturada em organizações da sociedade civil de 
interesse público, será o agente público para projetos na área social, 
sob tutela e controle do Ministério da Justiça;
 2 o Ministério Público, seja ele federal ou estadual, passa a ser agente 
de controle dos bens de interesse difuso e coletivo de todo tipo de 
relação estabelecida entre o Estado, as empresas e as OSCIPs;
 2 as empresas passam a ser agentes de desenvolvimento local, numa 
perspectiva de sustentabilidade social, ambiental, cultural, econô-
mica e financeira. 
 Importante
Na perspectiva da responsabilidade social, todas as áreas de conheci-
mento, e seus respectivos profissionais, são parte contribuinte do con-
junto das atividades das empresas, organizações e instituições, sob regime 
de fiscalização e controle adequados à natureza das suas atividades. 
Esse é o novo contexto de relações sob o qual você irá trabalhar daqui 
para a frente, a fim de realizar os objetivos das empresas, instituições e orga-
nizações em que estará envolvido. 
3.2 Marcações históricas da 
responsabilidade social e sua importância 
no mundo contemporâneo
A responsabilidade social vem assumindo importância considerável a 
partir das intervenções realizadas pelas empresas em diversas situações em 
que o Estado não se faz mais presente. Já se verificou que o processo de desen-
volvimento histórico da responsabilidade social difere das “marcações histó-
ricas resultantes de sua implantação”. Nessa perspectiva, conforme a figura 
– 37 –
A Globalização da Responsabilidade Social e o Princípio da Incerteza
1, podemos estabelecer “as principais marcações históricas” criadas a partir 
da implantação dos programas de responsabilidade social (GRAJEW, 2000). 
Figura 1 – Marcações históricas da responsabilidade social empresarial 
Institutos de Pesquisa
Prêmios de RS
Espaços de Articulação Interinstitucional
Fundações
Comunicação Social
Balanço Social
Projetos de Desenvolvimento Local
Redes de Empresas
Responsabilidade 
Social (RS)
Fonte: Elaborada pelo autor.
As principais marcações históricas descritas anteriormente possuem 
variados públicos-alvo envolvidos, em diferentes níveis de organização, em 
termos de conhecimentos, articulação institucional e reconhecimento dos 
objetivos da natureza das suas atividades, e poderão ter como marco histórico 
do seu processo de implantação nem sempre as mesmas etapas de um proces- 
so preestabelecido.
Da mesma forma, as ferramentas, as metodologias, as técnicas e os 
projetos a serem desenvolvidos para promoção da responsabilidade social e 
da sustentabilidade também serão objeto de consenso dos diferentes públicos-
alvo envolvidos nos processos que se desencadearão num programa de 
responsabilidade social.
Considerando a estrutura da figura 1, podemos deduzir que um pro-
grama de responsabilidade social pode começar a partir de qualquer uma 
das variáveis descritas anteriormente e da consideração do seu estágio inicial 
de organização.
Se ainda não existe um grupo de trabalho formado para o desenvolvi-
mento de atividades de responsabilidade social e sustentabilidade, então é 
necessário iniciar todo o processo pela articulação política e institucional.
Caso faltem diagnósticos, conhecimentos, dados e informações sobre as 
atividades a serem desenvolvidas internamente nas empresas, então é o mo- 
mento para desenvolver uma relação com órgãos de pesquisa e desenvolvimento.
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 38 –
Igualmente, se já existe uma organização interna e conhecimentos que 
tornem possível um programa de responsabilidade social, parte-se para o 
processo de reconhecimento e avaliação das atividades realizadas (prêmios) e 
comunicação do que foi realizado.
Mesmo que haja uma “receita” metodológica de como estruturar tecni-
camente um programa de responsabilidade social, ele só terá sucesso em ter-
mos de cumprimento de objetos e metas se as “marcações históricas” que dão 
base para a sua sustentação saírem de um processo de governança democrática 
no contexto da empresa.
Assim, devemos estabelecer uma diferença entre as marcações históri-
cas do processo de certificação da responsabilidade social internacional, já 
analisado em capítulos anteriores, e as marcações históricas do processo de 
consolidação do referido programa nas empresas. 
Convém ressaltar, nesses casos, que, numa perspectiva de responsabili-
dade social (setor privado), e até de gestão social (setor público), os princípios 
da democracia participativa não mais se enquadram nesse novo momento: 
a democracia participativa põe em votação uma discussão já definida por 
uma das partes para serem votadas; na governança democrática, inexiste vota-
ção, pois as resoluções são objeto de consenso entre as partes envolvidas, não 
havendo, portanto, resistência quanto à sua implantação. 
Figura 2 – Algumas dimensões das implicações da responsabilidade social 
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2015.
– 39 –
A Globalização da Responsabilidade Social e o Princípio da Incerteza
3.2.1 As dimensões da responsabilidade 
social e ambiental 
Quando falamos de responsabilidade social, estamos nos remetendo às 
implicações dos resultados dos processos, produtos e serviços sobre os dife-
rentes públicos-alvo que têm relação direta e indireta com as empresas, de 
uma maneira geral.
Por sua vez, conforme iremos verificar a partir do capítulo 5, as dimen-
sões da sustentabilidade estão relacionadas com as instâncias que organizam a 
vida das relações dos diferentes públicos-alvo.
Portanto, não confunda “dimensões da responsabilidade social”com 
“dimensões da sustentabilidade”. Ambas estão inter-relacionadas, entretanto, 
tecnicamente, temos de analisá-las em separado, até para podermos estabele-
cer, num segundo momento, o programa de responsabilidade social.
Quando se fala das dimensões da responsabilidade social e ambiental, na 
verdade se está querendo chamar a atenção para o exercício da atividade pro-
fissional e empresarial e seus impactos sociais e ambientais sobre o conjunto 
dos diferentes públicos-alvo.
 Por isso que se torna cada vez mais importante o reconhecimento do 
potencial de impacto de uma decisão, de adoção de uma tecnologia que irá 
promover o desenvolvimento de um processo, produto e serviço. Quase sem-
pre não se mensuram os impactos da omissão (desconhecimento) em proces-
sos decisórios, bem como a tomada de decisão sem “análise multicriterial” do 
conjunto das variáveis que deverão estar envolvidas em todo esse processo.
Análise multicriterial: conjunto de técnicas para auxiliar 
um agente decisor a tomar decisões acerca de um 
problema complexo, avaliando e escolhendo alternativas 
para solucioná-lo segundo diferentes critérios e pontos 
de vista. (GOMES; GOMES; ALMEIDA, 2002).
 
Como um programa de responsabilidade social envolve inúmeras vari-
áveis, dimensões e públicos-alvo, nada mais importante que utilizar ferra-
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 40 –
mentas que irão possibilitar o controle de resultados das práticas que serão 
adotadas para responder às demandas, conforme iremos verificar nos capí-
tulos subsequentes.
Assim será importante estabelecer a diferença entre as práticas que serão 
adotadas (surgidas no contexto das discussões) e as que serão objeto de sele-
ção entre as metodologias existentes, as quais tornarão possível atingir os 
resultados esperados.
3.2.2 As práticas de responsabilidade 
social das diferentes organizações
Não basta implantar práticas para solução de desafios empresariais; é 
necessário que elas possam também ser avaliadas. Da mesma forma, é preciso 
saber qual tipo de prática a ser adotada vai tornar possível que os resultados 
sejam atingidos.
Quando estabelecemos esses parâmetros, estamos no plano da avaliação 
do “benchmarking práticas”, bastante utilizado como recurso para avaliação de 
desempenho, principalmente no ambiente empresarial.
O benchmarking práticas vai dotar você de algumas referências já realizadas 
que deram certo em situações similares para diferentes públicos-alvo, e não 
necessariamente para o seu respectivo segmento empresarial, pois o que está em 
jogo é o que se chama de “lacuna competitiva correta”, e não um problema de 
um setor específico. Qual a diferença?
 Quando falamos que o problema de inclusão social ainda não atingiu os 
níveis exigidos em nossa empresa, estamos no plano setorial, visto que todas as 
empresas ao nosso setor já atingiram as metas estabelecidas. 
Entretanto, não estamos falando dos resultados atingidos, mas da medida 
tomada. Nesses casos, os resultados ficam comprometidos se não correlacio-
narmos como esse processo foi realizado nessas outras empresas que se tornam 
objeto de comparação.
Por sua vez, quando identificamos que nossa lacuna competitiva correta 
está situada exatamente em não termos pessoas com “necessidades especiais” 
treinadas para atender públicos-alvo específicos, podemos verificar que os indi-
– 41 –
A Globalização da Responsabilidade Social e o Princípio da Incerteza
cadores de muitos programas de responsabilidade social não expressam resulta-
dos significativos.
Assim, ao adotarmos a estratégia competitiva correta, como instrumento 
de avaliação de benchmarking, poderão ocorrer muitas surpresas, entre elas que 
a solução para esse problema não se encontra em nenhuma empresa do mesmo 
segmento. Geralmente, a solução está em outro setor cujo nível de desempenho 
foi atingido e é considerado “exemplo de referência”, podendo ser nacional ou 
internacional para a respectiva “lacuna competitiva correta”, e não para um 
segmento em particular.
Em linhas gerais, as empresas têm desenvolvido práticas na área de: gover-
nança, direitos humanos, público interno, meio ambiente, cadeia de valor, 
comunidade e sociedade, governo e mercado consumidor. 
No Brasil, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social possui 
um “Banco de Práticas em Responsabilidade Social” já desenvolvido por diver-
sas empresas sediadas no Brasil, que podem ser objeto de consulta, relacionado 
às temáticas de interesse ligadas à missão, à visão e aos objetivos das empresas/
instituições e organizações.
A seguir serão descritos, no quadro 1, alguns exemplos de projetos de 
responsabilidade social já desenvolvidos por empresas no Brasil relacionados às 
linhas temáticas.
Quadro 1: Tipos de ações e projetos de responsabilidade social
Nome do projeto Empresa Responsável
Adoção do Regime Diferenciado 
de Contratações Públicas 
Infraero
Bolsa de Resíduos Camargo Correa
Casa da Cultura e Cidadania AES Brasil
Combate à Corrupção Samarco
Construção de Casas Disoft Solutions
Educação de Jovens e Adultos Viena Siderurgia
Elevação de Escolaridade de Pessoas com Deficiência Telefônica
Mais Refrigeração, Menos Gasto Embraco
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
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Nome do projeto Empresa Responsável
Compras Sustentáveis ALCOA
Programa de Governança Corporativa COPEL
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir do Banco de Práticas do Instituto Ethos de 
Empresas e Responsabilidade Social, 2014. 
Considerando que as ações de responsabilidade social estão cobrindo 
as áreas de educação, meio ambiente, capacitação de mão de obra, gênero e 
diversidade social, sexual e racial, emprego e renda e orientações para o mer-
cado, as empresas passam a ter uma ação muito mais extensiva.
 Atualmente, as empresas passam a incorporar funções governamentais, 
quando gradualmente vão assumindo áreas e projetos, que efetivamente não 
são a sua atividade fim, fazendo com que internamente todo o seu público-
alvo esteja também envolvido nessas atividades. 
Assim, a função de produção de processos, produtos e serviços, gera-
ção de lucros, satisfação do consumidor, reprodução de seus investimentos 
e crescimento de patrimônio dos acionistas assume nesse novo momento o 
que vem se chamando de “responsabilidade social empresarial e ambiental”.
3.2.1.1 Ferramentas, normas e certificações 
que envolvem a responsabilidade social
Para se implantar a responsabilidade social, foram desenvolvidas várias 
ferramentas, normas e seus respectivos sistemas de gestão que, ao serem apli-
cados e sistematizados pelos diferentes públicos-alvo, garantem a certificação 
da responsabilidade social de todos os procedimentos descritos nos planos de 
responsabilidade social a serem desenvolvidos. Dessa forma, dividiremos este 
item em “ferramentas e normas” e “certificações em responsabilidade social”.
3.2.1.2 Ferramentas que envolvem 
a responsabilidade social 
A responsabilidade social empresarial envolve temas e demandas diversos, 
que só podem ser suficientemente inseridos em uma organização por meio de 
várias ferramentas de gerenciamento, conforme veremos a seguir, na figura 3. 
– 43 –
A Globalização da Responsabilidade Social e o Princípio da Incerteza
Figura 3 – Ferramentas e normas de responsabilidade social empresarial.
Objetivos Exemplos
Prover orientações processuais 
específicas para implantar e 
manter sistemas da gestão, pro-
gramas e atividades, facilitando 
a mensuração de resultados.
Norma ISO 9001
Norma ISO 14001
Norma SA 8000
Norma AA 1000
Norma OHSAS 18001
Norma ABNT NBR 16001
Norma AFNOR SD 21000
Norma ISO 26000
Garantir a transparência 
da comunicação com suas 
partes interessadas.
Balanço Social
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
GRI - Global ReportingInitiatives
Norma ISO 14063
Garantir a intergração 
e compatibilidade entre 
sistemas de gestão.
Projeto Sigma
Guia ISO 72
Critérios de Excelência do Prê-
mio Nacional da Qualidade
PAS 99
Fonte: BARBIERI; CAJAZEIRA, 2013.
Entre as ferramentas de gestão mais utilizadas, temos o balanço social, 
que é uma ferramenta de comunicação dos resultados das atividades das 
empresas e de seus projetos nessa perspectiva (REIS; MEDEIROS, 2007). 
Desde 1997, o sociólogo Herbert de Souza e o Instituto Brasileiro de 
Análises Sociais e Econômicas (Ibase) vêm chamando a atenção dos empre-
sários e de toda a sociedade para a importância e a necessidade da realização 
do balanço social das empresas em um modelo único e simples. 
O balanço social é um tipo de demonstração de resultados parecido com 
as demonstrações financeiras publicadas anualmente no qual as empresas 
apresentam um conjunto de informações sobre os projetos, os benefícios e 
as ações sociais dirigidas aos empregados, aos investidores, aos analistas de 
mercado, aos acionistas e à comunidade. 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 44 –
A função principal do balanço social é tornar pública a responsabilidade 
social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade 
e o meio ambiente. 
O balanço social favorece todos os grupos que interagem com a empresa. 
Aos dirigentes, fornece informações úteis à tomada de decisões relativas aos 
programas sociais que a empresa desenvolve. Aos fornecedores e investido-
res, informa como a empresa encara suas responsabilidades em relação aos 
recursos humanos e à natureza, como bom indicador da forma que a empresa 
é administrada. 
Para os consumidores, dá uma ideia de qual é a postura dos dirigentes e 
da qualidade do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que 
a empresa escolheu para construir sua marca. O Estado ajuda na identificação 
e na formulação de políticas públicas. 
Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial, por 
sua vez, são outra ferramenta gerencial para orientar as empresas a mensura-
rem seu desempenho, a partir da avaliação anual de seus programas de res-
ponsabilidade social em relação aos seus diferentes públicos-alvo.
O Global Report Initiative (GRI) é outro instrumento gerencial para 
avaliação das práticas de responsabilidade social através de relatórios que 
deverão ser enviados para os organismos credenciados.
A norma Isso 14063, da série Isso 14000, trata do sistema de gestão 
ambiental dos processos de comunicação que têm relação com os diferentes 
públicos-alvo das empresas.
O Projeto Sigma é um sistema de avaliação de desempenho utilizado 
para certificar um conjunto de indicadores que dão ideia do desempenho das 
empresas em sua estrutura operacional.
O Guide 72 (ISO, 2001) é um documento informativo sobre conceitos, 
processos e metodologias para sistemas de gestão que deverão ser objeto de 
uso pelas empresas para implantação dos processos de certificação e de padro-
nização de sistemas de gestão.
A norma PAS 99 (BSI, 2006) é a primeira norma mundial que inte-
gra os diferentes sistemas de gestão da qualidade (qualidade, meio ambiente, 
– 45 –
A Globalização da Responsabilidade Social e o Princípio da Incerteza
higiene, saúde e segurança do trabalho). Nesse procedimento padrão não 
foram incluídas as normas de ética e responsabilidade social.
A norma PAS 99 (BSI, 2006) reafirma que os diversos requisitos de 
sistemas de gestão devem ser organizados e integrados aos demais sistemas na 
intensidade que for mais apropriada para a organização. 
O modelo usado na PAS 99 (BSI, 2006) tem como base o Guide 72 (ISO, 
2001) com algumas modificações, já tendo sido testado na prática. Todo o 
processo do sistema integrado de gestão segue o mesmo princípio do sistema 
PDCA como mecanismo de gestão das diferentes normas de qualidade.
A integração deve ser planejada de maneira estruturada. Muitas empresas 
adotaram normas de sistemas de gestão como resultado de pressões externas, 
tais como clientes que exigem a implantação de uma norma da qualidade, 
ou de requisitos externos para implantar um sistema da segurança e saúde 
no trabalho. 
Assim, o primeiro passo deve ser a identificação das necessidades do 
negócio. Se a empresa não vê benefícios com a integração, então não deverá 
fazê-la – embora seja difícil imaginar uma organização que não veja. 
3.2.2.3 Normas e certificações relacionadas 
à responsabilidade social 
Da mesma forma que o balanço social reflete os resultados das ações e 
dos projetos de responsabilidade social das empresas, as normas e certificações 
que a empresa adota é que a orientarão em seu programa de responsabilidade 
social. Conforme a figura 3, podemos listar as principais normas, e suas respec-
tivas certificações, que contribuem para a responsabilidade social empresarial.
No que se refere aos padrões internacionais de normalização, temos as 
normas: ISO 9000 (qualidade de processos, produtos e serviços) e certifi-
cação de qualidade ISO 9001; ISO 14000 (sistema de gestão ambiental) e 
certificação do sistema de gestão ambiental ISO 14001; SA 8000 (responsa-
bilidade social) e certificação de responsabilidade social na versão inglesa; AA 
1000 (ética empresarial) e certificação de ética empresarial; OHSAS 18001 
(higiene, saúde e segurança do trabalho) e certificação de higiene, saúde e 
Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
– 46 –
segurança do trabalho; NBR 16001 (responsabilidade social) e certificação 
de responsabilidade social na versão brasileira; AFNOR SD 21000 (respon-
sabilidade social) e certificação de responsabilidade social na versão francesa; 
ISO 26000 (responsabilidade social) e certificação de responsabilidade social 
na versão ISO (padrão global). 
 Saiba mais
Para maiores informações sobre questões de normas e certificações visite 
o site da ABNT: www.abnt.org.br. 
Resumindo
Neste capítulo verificamos as implicações do neoliberalismo nas relações 
das empresas com o Estado e as organizações não governamentais num con-
texto de globalização.
Demonstramos as diferenças entre: as dimensões da responsabilidade 
social com as dimensões da sustentabilidade; as principais marcações históri-
cas dos processos de certificação das normas de responsabilidade social; e as 
marcações históricas dos processos de implantação de programas de respon-
sabilidade social nas empresas.
Paralelamente, você ficou sabendo tanto das ferramentas quanto das nor-
mas que devem ser objeto dos programas de responsabilidade social, as quais 
poderão ser utilizadas para que a sua empresa seja considerada responsável.
Aplicações da 
Responsabilidade 
Social na sua 
Empresa/Instituição 
A viabilidade de um programa de responsabilidade social só 
se concretiza quando empresas e instituições conseguem integrá-lo 
através de práticas no seu ambiente organizacional. Entretanto, 
todo esse processo sempre parte da alta administração das empresas/
instituições, tendo por objetivo garantir a sua execução a partir de 
um plano de ação (variáveis, indicadores, objetivos, metas, custos e 
responsabilidades definidos em cada caso). 
No final deste capítulo, você verificará: que as empresas e os 
seus gestores se motivam a realizar programas de responsabilidade 
social por aumentar o desempenho da cadeia de valor das empre-
sas e instituições; e em que medida os investimentos comunitários 
estratégicos realizados nas comunidades agregam valor ao seu plano 
de negócios e de desenvolvimento institucional respectivamente.
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Responsabilidade Social, Sustentabilidade e Ética
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Objetivos de aprendizagem
 2 Utilizar códigos, protocolos, sistemas de avaliação e checklists relacio-
nados à autoavaliação dos processos de ética e responsabilidade social. 
 2 Estabelecer

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