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02 Concordância verbal e nominal

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Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância 
Prof. Enio Biaggi 
 
 
 
 
 
Português Jurídico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pós-Graduação “lato sensu” 
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Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância 
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Unidade I 
 
CONCORDÂNCIA 
Aula 2 
Prezados Alunos, Prezadas Alunas, 
Sejam bem-vindos novamente a mais uma aula da disciplina 
“Português Jurídico”. 
Neste encontro, abordaremos mais um conteúdo importante para o 
conhecimento linguístico, necessária à prática da atividade do advogado em sua 
carreira. O conteúdo desta aula é Concordância, um tema que causa grandes 
dificuldades e problemas de produção e interpretação de textos, dentre eles 
textos jurídicos, tais como contratos, petições, recursos, etc. 
Ressalto, mais uma vez, que a participação ativa dos alunos, 
pesquisando na bibliografia indicada pelo programa da disciplina e enviando 
dúvidas pelo Ambiente Virtual será indispensável para alcançarmos nosso 
objetivo. Lembrem-se de que a linguagem é a ferramenta de trabalho do 
advogado no exercício de sua profissão. Não basta, portanto, apenas o 
conhecimento técnico das respectivas áreas de atuação profissional. Os 
exercícios de leitura e produção de textos, bem como a utilização de uma ordem 
lógica de raciocínio na construção e nos debates de ideias, é imprescindível ao 
bom desempenho da atividade jurídica. 
Desejo a vocês excelentes estudos! 
 
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Concordância Verbal 
 
O estudo da concordância constitui um poderoso instrumento para 
quem precisa interpretar e produzir textos de acordo com os padrões da língua 
culta. Em qualquer tipo de texto, a concordância verbal e nominal bem-feita 
pode ser explorada como recurso expressivo. Nos casos de “erros” grosseiros 
de concordância, fica abalada a própria credibilidade do texto e de seu 
elaborador. 
Na elaboração de textos dissertativos, é muito frequente o uso de 
construções com verbos impessoais (verbo haver- no sentido de existir- e os 
verbos haver e fazer – quando indicam tempo) ou com a participação do 
pronome se(atuando como apassivador ou como indeterminador do sujeito). 
O domínio dos mecanismos de concordância dessas construções é, 
portanto, um recurso indispensável a quem precisa redigir com eficiência esse 
tipo de texto. 
(adaptado de INFANTE, U. Curso de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 1997. p. 
468) 
Regra Básica: 
“O verbo e o sujeito de uma oração mantêm entre si uma relação de mútua 
solidariedade chamada concordância verbal. De acordo com essa relação, verbo e o(s) 
núcleo(s) sujeito concordam em número e pessoa.” 
 
1) Concordância com o sujeito simples 
 
As normas referentes à concordância verbal determinam que o verbo 
sempre concorda com o sujeito, independente da ordem da frase, em duas 
categorias: número (singular ou plural) e pessoa(1ª – quem fala; 2ª – com quem 
se fala; ou 3ª pessoa – de quem se fala). 
 
 
 
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Vejamos os exemplos abaixo: 
 
Exemplos: 
1- Um helicóptero sobrevoou a região. 
2- Dois helicópteros sobrevoaram a região. 
3- Sumia[verbo], na estrada, a última boiada[sujeito]. (verbo na terceira 
pessoa do singular e sujeito na 3ª pessoa dosingular) 
 
2) Concordância com o sujeito composto 
 
Quando o sujeito é composto e vem antes do verbo, ele geralmente 
atrai a concordância para o plural, conforme podemos verificar no exemplo 
abaixo: 
 
Exemplos: 
1- “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar) 
2- “Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar) 
 
Caso o sujeito composto seja posposto ao verbo, isto é, venha 
posicionado depois deste na frase, a concordância poderá ocorrer de duas 
formas: 1- o verbo concorda com o núcleo do sujeito mais próximo; ou 2- o 
verbo concorda com todos os núcleos no plural. 
Vejamos os exemplos abaixo: 
Exemplos: 
1- Um helicóptero sobrevoou a região. 
2- Dois helicópteros sobrevoaram a região. 
3- Sumia, na estrada, a última boiada. (verbo na terceira pessoa do 
singular porque o sujeito está na terceira pessoa do singular) 
 
 
 
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3) Verbo + partícula SE 
 
O verbo deve concordar com o sujeito: 
Exemplos: 
1- Vendem-se casas. (casas é o sujeito) 
2- Alugam-se carros. (carros é o sujeito) 
 
Atenção: se o verbo for transitivo indireto, ele permanecerá no singular: 
 
Exemplos: 
1. Precisa-se de empregados. (sujeito indeterminado) 
Termo “Precisar”: Verbo transitivo indireto 
Expressão “de empregados”: objeto indireto 
 
4) Quando o sujeito for indicação de porcentagem 
Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem 
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo ou com a 
porcentagem. 
 
Exemplos: 
 
a) 25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação. 
b) 85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito. 
c) 1% do eleitorado aceita a mudança. 
d) 1% dos alunos faltaram à prova. 
 
Quando a expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o 
verbo deve concordar com o número: 
Exemplos: 
 
a) 25% querem a mudança. 
b) 1% conhece o assunto. 
 
 
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5) Quando o sujeito é o pronome relativo QUE ou 
QUEM 
Quando o sujeito é o pronome relativo "que",a concordância em número e 
pessoa é feita com o antecedente do pronome. 
Exemplos: 
 
Fui eu que paguei a conta. 
Fomos nós que pintamos o muro. 
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 
Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem. 
 
Quando o sujeito é o pronome relativo "quem" - o verbo pode ficar na 3ª 
pessoa do singular ou concordar com o antecedente do pronome. 
 
Exemplos: 
 
Fui eu quemderramou o café. / Fui eu quem derramei o café. 
 
 
 
6) Concordância com o verbo “haver” 
a) Quando indica existência ou acontecimento, o verbo fica no singular. 
Exemplos: 
Houve problemas com o elevador. 
Há erros que não podemos considerar. 
 
b) Quando indica tempo decorrido,o verbo fica no singular. 
Exemplos: 
Há dois meses não visito meus pais 
Não a vejo há três semanas. 
 
 
 
 
 
 
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c) Quando o verbo “haver” é auxiliar, o verbo “haver” concorda com o sujeito. 
 
Exemplos: 
 
Os alunos haviam chegado mais cedo para a aula. 
Os países hão de estabelecer acordos comerciais. 
 
 
7) Concordância com as expressões “A MAIOR 
PARTE DE”, “UM GRANDE NÚMERO DE”, “A 
MAIORIA DE”, “CERCA DE” e um termo no plural 
O verbo pode concordar com a expressão no plural ou ficar invariável na 3ª 
pessoa do singular: 
 
Exemplos: 
 
1- A maioria dos pássaros fugiu. 
2 - A maioria dos pássaros fugiram. 
 
 
8) Concordância com as expressões “MAIS DE”, 
“MENOS DE”, “PERTO DE” acrescido de um numeral 
O verbo sempre concordará com o numeral. 
Exemplos: 
 
Mais de um interessado enviou ocurrículo. 
Mais de mil interessados enviaram o currículo. 
 
9) Concordância com nome próprio no plural 
Com artigo, o verbo vai para o plural. Sem artigo, o verbo permanece no 
singular. 
Exemplos: 
 
Os EUA pediram um acordomundial. 
Estados unidos é umpaís. 
O Amazonas é o maior estado do norte do Brasil. 
 
 
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CONCORDÂNCIA NOMINAL 
Regra Básica 
“Os artigos, os adjetivos, os pronomes e os numerais devem concordar com o 
substantivo em gênero e número.” 
Exemplo: 
As nossas duas irmãs [substantivo] pequenas são bonitas. 
 
 
Casos de construções que merecem atenção: 
 
Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a 
concordância pode variar. 
Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos: 
 
O adjetivo é anteposto aos substantivos 
 
a) O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo. 
Exemplos: 
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. 
Encontramos caída a roupa e os prendedores. 
Encontramos caído o prendedor e a roupa. 
 
b) Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo deve 
sempre concordar no plural. 
 
Exemplos: 
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. 
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. 
 
 
 
 
 
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Adjetivo posposto aos substantivos 
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles 
independentemente da ordem dos termos na frase (assumindo forma masculino 
plural se houver substantivo feminino e masculino). Vejamos os exemplos 
abaixo. 
 
Exemplos: 
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. 
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. 
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. 
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. 
 
Nas expressões anexo / incluso / quite / obrigado 
A expressão “em anexo” é invariável, sempre. 
Exemplo: 
Os livros e as cartas seguem-se em anexo. 
 
O termo anexo é variável e concorda com o substantivo em gênero e número: 
Exemplo: 
As cartas foram anexadas. 
Os textos foram anexados. 
 
REFERÊNCIAS 
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 
44. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. L. Nova gramática do português 
contemporâneo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. 
FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2003. 
INFANTE, Ulisses. Curso de gramática: aplicada aos textos. São Paulo: 
Scipione, 2005.

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