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Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi Português Jurídico Pós-Graduação “lato sensu” Prof. Enio Biaggi Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi Unidade I CONCORDÂNCIA Aula 2 Prezados Alunos, Prezadas Alunas, Sejam bem-vindos novamente a mais uma aula da disciplina “Português Jurídico”. Neste encontro, abordaremos mais um conteúdo importante para o conhecimento linguístico, necessária à prática da atividade do advogado em sua carreira. O conteúdo desta aula é Concordância, um tema que causa grandes dificuldades e problemas de produção e interpretação de textos, dentre eles textos jurídicos, tais como contratos, petições, recursos, etc. Ressalto, mais uma vez, que a participação ativa dos alunos, pesquisando na bibliografia indicada pelo programa da disciplina e enviando dúvidas pelo Ambiente Virtual será indispensável para alcançarmos nosso objetivo. Lembrem-se de que a linguagem é a ferramenta de trabalho do advogado no exercício de sua profissão. Não basta, portanto, apenas o conhecimento técnico das respectivas áreas de atuação profissional. Os exercícios de leitura e produção de textos, bem como a utilização de uma ordem lógica de raciocínio na construção e nos debates de ideias, é imprescindível ao bom desempenho da atividade jurídica. Desejo a vocês excelentes estudos! Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi Concordância Verbal O estudo da concordância constitui um poderoso instrumento para quem precisa interpretar e produzir textos de acordo com os padrões da língua culta. Em qualquer tipo de texto, a concordância verbal e nominal bem-feita pode ser explorada como recurso expressivo. Nos casos de “erros” grosseiros de concordância, fica abalada a própria credibilidade do texto e de seu elaborador. Na elaboração de textos dissertativos, é muito frequente o uso de construções com verbos impessoais (verbo haver- no sentido de existir- e os verbos haver e fazer – quando indicam tempo) ou com a participação do pronome se(atuando como apassivador ou como indeterminador do sujeito). O domínio dos mecanismos de concordância dessas construções é, portanto, um recurso indispensável a quem precisa redigir com eficiência esse tipo de texto. (adaptado de INFANTE, U. Curso de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 1997. p. 468) Regra Básica: “O verbo e o sujeito de uma oração mantêm entre si uma relação de mútua solidariedade chamada concordância verbal. De acordo com essa relação, verbo e o(s) núcleo(s) sujeito concordam em número e pessoa.” 1) Concordância com o sujeito simples As normas referentes à concordância verbal determinam que o verbo sempre concorda com o sujeito, independente da ordem da frase, em duas categorias: número (singular ou plural) e pessoa(1ª – quem fala; 2ª – com quem se fala; ou 3ª pessoa – de quem se fala). Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi Vejamos os exemplos abaixo: Exemplos: 1- Um helicóptero sobrevoou a região. 2- Dois helicópteros sobrevoaram a região. 3- Sumia[verbo], na estrada, a última boiada[sujeito]. (verbo na terceira pessoa do singular e sujeito na 3ª pessoa dosingular) 2) Concordância com o sujeito composto Quando o sujeito é composto e vem antes do verbo, ele geralmente atrai a concordância para o plural, conforme podemos verificar no exemplo abaixo: Exemplos: 1- “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” (José de Alencar) 2- “Poti e seus guerreiros o acompanharam.” (José de Alencar) Caso o sujeito composto seja posposto ao verbo, isto é, venha posicionado depois deste na frase, a concordância poderá ocorrer de duas formas: 1- o verbo concorda com o núcleo do sujeito mais próximo; ou 2- o verbo concorda com todos os núcleos no plural. Vejamos os exemplos abaixo: Exemplos: 1- Um helicóptero sobrevoou a região. 2- Dois helicópteros sobrevoaram a região. 3- Sumia, na estrada, a última boiada. (verbo na terceira pessoa do singular porque o sujeito está na terceira pessoa do singular) Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi 3) Verbo + partícula SE O verbo deve concordar com o sujeito: Exemplos: 1- Vendem-se casas. (casas é o sujeito) 2- Alugam-se carros. (carros é o sujeito) Atenção: se o verbo for transitivo indireto, ele permanecerá no singular: Exemplos: 1. Precisa-se de empregados. (sujeito indeterminado) Termo “Precisar”: Verbo transitivo indireto Expressão “de empregados”: objeto indireto 4) Quando o sujeito for indicação de porcentagem Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo ou com a porcentagem. Exemplos: a) 25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação. b) 85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito. c) 1% do eleitorado aceita a mudança. d) 1% dos alunos faltaram à prova. Quando a expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o número: Exemplos: a) 25% querem a mudança. b) 1% conhece o assunto. Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi 5) Quando o sujeito é o pronome relativo QUE ou QUEM Quando o sujeito é o pronome relativo "que",a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente do pronome. Exemplos: Fui eu que paguei a conta. Fomos nós que pintamos o muro. És tu que me fazes ver o sentido da vida. Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem. Quando o sujeito é o pronome relativo "quem" - o verbo pode ficar na 3ª pessoa do singular ou concordar com o antecedente do pronome. Exemplos: Fui eu quemderramou o café. / Fui eu quem derramei o café. 6) Concordância com o verbo “haver” a) Quando indica existência ou acontecimento, o verbo fica no singular. Exemplos: Houve problemas com o elevador. Há erros que não podemos considerar. b) Quando indica tempo decorrido,o verbo fica no singular. Exemplos: Há dois meses não visito meus pais Não a vejo há três semanas. Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi c) Quando o verbo “haver” é auxiliar, o verbo “haver” concorda com o sujeito. Exemplos: Os alunos haviam chegado mais cedo para a aula. Os países hão de estabelecer acordos comerciais. 7) Concordância com as expressões “A MAIOR PARTE DE”, “UM GRANDE NÚMERO DE”, “A MAIORIA DE”, “CERCA DE” e um termo no plural O verbo pode concordar com a expressão no plural ou ficar invariável na 3ª pessoa do singular: Exemplos: 1- A maioria dos pássaros fugiu. 2 - A maioria dos pássaros fugiram. 8) Concordância com as expressões “MAIS DE”, “MENOS DE”, “PERTO DE” acrescido de um numeral O verbo sempre concordará com o numeral. Exemplos: Mais de um interessado enviou ocurrículo. Mais de mil interessados enviaram o currículo. 9) Concordância com nome próprio no plural Com artigo, o verbo vai para o plural. Sem artigo, o verbo permanece no singular. Exemplos: Os EUA pediram um acordomundial. Estados unidos é umpaís. O Amazonas é o maior estado do norte do Brasil. Pós-Graduação“lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi CONCORDÂNCIA NOMINAL Regra Básica “Os artigos, os adjetivos, os pronomes e os numerais devem concordar com o substantivo em gênero e número.” Exemplo: As nossas duas irmãs [substantivo] pequenas são bonitas. Casos de construções que merecem atenção: Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância pode variar. Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos: O adjetivo é anteposto aos substantivos a) O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo. Exemplos: Encontramos caídas as roupas e os prendedores. Encontramos caída a roupa e os prendedores. Encontramos caído o prendedor e a roupa. b) Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. Exemplos: As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Pós-Graduação “lato sensu” | Concordância Prof. Enio Biaggi Adjetivo posposto aos substantivos O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles independentemente da ordem dos termos na frase (assumindo forma masculino plural se houver substantivo feminino e masculino). Vejamos os exemplos abaixo. Exemplos: A indústria oferece localização e atendimento perfeito. A indústria oferece atendimento e localização perfeita. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. Nas expressões anexo / incluso / quite / obrigado A expressão “em anexo” é invariável, sempre. Exemplo: Os livros e as cartas seguem-se em anexo. O termo anexo é variável e concorda com o substantivo em gênero e número: Exemplo: As cartas foram anexadas. Os textos foram anexados. REFERÊNCIAS CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 44. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. L. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramática. São Paulo: FTD, 2003. INFANTE, Ulisses. Curso de gramática: aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 2005.
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