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ALEGAÇÕES FINAIS EM AUDIENCIA - CICERO

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ALEGAÇÕES FINAIS EM AUDIENCIA
O acusado nos autos, nos termos do interrogatório, confessou e reconheceu que promoveu a extração de algumas madeiras conforme narrado na denuncia com o fito de promover benfeitorias em sua propriedade rural, e tendo em vista a morosidade e o excesso burocrático do órgão ambiental estadual em lhe proporcionar uma resposta sobre o pedido, protocolado por meio da Carta Consulta de fls. 86-7 dos autos, a fim de esclarecer sobre a possibilidade de o mesmo realizar o corte e utilização de madeira, acreditou estar agindo dentro da lei quando da prática do fato descrito na denuncia, tendo em vista que apenas extraiu o suficiente para as finalidades anteriormente informadas. 
No entanto, o fato praticado pelo réu claramente constitui hipótese de erro de proibição, tendo em vista que foi cometido o fato por descuido e imprudência do denunciado, que entendia que o órgão ambiental não apresentaria obstáculo ao corte de ínfima quantidade de madeira em sua propriedade, e que, portanto sua conduta naquele momento era lícita. Nesse sentido, incidente o erro de proibição inescusável, que por óbvio pela análise do caso em comento não é capaz de excluir a ilicitude do fato, mas plenamente constitui causa de diminuição da pena de um sexto a um terço, nos termos da segunda parte do art. 21 do Código Penal.
De outro lado ainda tratando-se da hipótese de ser reconhecida a tipicidade e a antijuridicidade da conduta do acusado requer que em caso de condenação seja considerado que o dano causado foi devidamente reparado antes mesmo do recebimento da denúncia, consoante se observa nas cópias anexas aos autos (fls. 280-328) decorrentes da ação civil pública movida pelo ministério publico contra o acusado nos autos 0005891-22.2010.8.12.0008, na qual o próprio Parquet considerou cumprida a obrigação de fazer consistente na reparação e recuperação da área degradada por meio da plantação de 100 mudas de árvores da floresta nativa, bem como pelo pagamento de multa ambiental, consoante se observa na documentação anexa.
Nesses termos incide na fase de fixação de pena a redução de 1 a 2/3 prevista no art. 16 do Código Penal.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
Ainda necessário mencionar que o acusado confessou o delito de que está sendo processado, o que na forma do art. 65, III, "d", do Código Penal constitui circunstancia atenuante da pena, tendo em vista que a confissão do acusado certamente será utilizada para corroborar o acervo probatório e fundamentar a condenação. Nesse mesmo sentido a Sexta Turma do STJ se manifestou no HC 281877 SP 2013/0373825-5, julgado em 2015.
Por fim, importa ressaltar que também se encontra presente a circunstancia atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea b do Códex, porquanto, conforme demonstrado nos documentos de fls. 280-328 dos autos o réu reparou o dano antes mesmo do julgamento.
Assim pugna pelo reconhecimento das circunstancias atenuantes da confissão e da reparação de dano, bem como das causas de diminuição de pena retro mencionadas.
Sem mais. 
Da Prescrição Retroativa – para embargos
Por fim se aduz que no caso dos autos caso a pena aplicada seja inferior ou igual a 2 anos, tem-se presente a hipótese de prescrição retroativa pré-processual, tendo em vista que o fato típico retratado nos autos se deu em data anterior às alterações promovidas pela Lei n. 12.234, de 2010 que revogou os parágrafos primeiro e segundo do art. 110 do Código Penal, que previam que 
1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado para a acusação, ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada.
2º A prescrição, de que trata o parágrafo anterior, pode ter por termo inicial data anterior à do recebimento da denúncia ou da queixa.
No caso, como a prescrição se trata de matéria de direito material e não processual, não pode lei que trate de mudança  in malam partem, lei nova mais severa, retroagir e alcançar fatos ocorridos antes da sua vigência. Nesse sentido ao caso se aplica a o princípio da vedação da aplicação da Lei nova mais severa incidindo na espécie a lei mais benéfica, qual seja o texto anterior às alterações acima aventadas, o que de acordo com o art. 110 parágrafos primeiro e segundo cc com art. 109, inciso V do Códex (antes das alterações promovidas pela Lei 12234/2010), verifica-se que o interstício entre a ocorrência do fato incriminador e o oferecimento da denúncia é de mais de 7 anos, encontrando-se na hipótese de condenação igual ou inferior a 2 anos prescrito o delito imputado ao réu. Por esses motivos Desde Já se submete ao juízo a manifestação quanto à Legalidade da aplicação do art. 110 e seus parágrafos alterado pela Lei 12.234, de 2010, em confronto ao Princípio da proibição da analogia “in malam partem”ser aplicado ao caso em comento.
Sem mais. Pede o Deferimento.

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