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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS CÂMPUS ANÁPOLIS BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL DA MOBILIDADE WAGNER OLIVEIRA DE ARAUJO MARCOS AURÉLIO VIANA BORGES NEILSON SCHILINI PASSOS METAIS E PRODUTOS SIDERÚRGICOS: AÇO Anápolis (GO) 2018 WAGNER OLIVEIRA DE ARAUJO MARCOS AURÉLIO VIANA BORGES NEILSON SCHILINI PASSOS METAIS E PRODUTOS SIDERÚRGICOS: AÇO Relatório de Pesquisa Orientador: Prof. Eng. Fabrício Guimarães Anápolis (GO) 2018 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Processo básico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Figura 2: Características químicas do sínter. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Figura 3: Temperatura de sinterização versus densidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Figura 4: Pelotização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Figura 5: Fluxo do processo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Figura 6: Em 1969, a Vale inaugurou a sua primeira usina de pelotização, na unidade de Tubarão (ES). Logo a pelota ganhou destaque como um dos principais pro- dutos da Vale, por seu valor agregado e pelo seu maior aproveitamento do material que antes era descartado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Figura 7: Tratamento térmico temperatura × tempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Figura 8: Recozimento pleno. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Figura 9: Zona de austenitização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Figura 10: Tratamento térmico temperatura × tempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Figura 11: Zona crítica e zona de austenitização. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Figura 12: Resfriamento e teor de carbono. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Figura 13: Obtenção da martensita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Figura 14: Curva RC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Figura 15: Tenacidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Figura 16: Dureza versus temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 17: Energia absorvida versus temperatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 18: Temperatura × tempo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Figura 19: Formação de martensita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Figura 20: Aço SAE 1040 e 3340. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 21: Tratamento a frio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Figura 22: Resistência de desgaste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Figura 23: Diversos tipos de molas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 24: Teor de carbono. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 25: Estrutura resultante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Figura 26: Forno para cementação líquida- com aquecimento externo. . . . . . . . . . . . 26 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 2 DESENVOLVIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.1 Processo de Aglomeração de Minérios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.1.1 Sinterização (Granulometria Grosseira) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.1.2 Pelotização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.1.3 Tratamento Térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.1.4 Tratamento a Frio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.1.5 Tratamento termoquímico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 4 1 INTRODUÇÃO Entende-se por metal, do ponto de vista tecnológico, um elemento químico que existe como cristal ou agregado de cristais, no estado sólido, caracterizado pelas seguintes propriedades: alta dureza, grande resistência mecânica, elevada plasticidade (grandes deformações sem ruptura), relativamente alta condutibilidade térmica e elétrica. Constituem os metais um dos grupos mais importante entre os materiais de construção, mercê das propriedades mencionadas que os fazem aptos a um sem-número de empregos do campo da Engenharia. Acresce ainda que a possibilidade da obtenção das ligas metálicas, melhorando ou me- lhorando certas propriedades, fez alongar ainda mais o seu campo de aplicação [1, 2, 3]. O objetivo deste trabalho é descrever o processo de sinterização e pelotização do aço. E analisar a influência dos metais no tratamento: térmico, termoquímico e a frio. Este trabalho foi desenvolvido em três (3) seções a seguir, na seção 2 Desenvolvimento são apresentadas as seguintes subseções 2.1 Revisão de Literatura. Na seção 3 Conclusão apresentará os principais resultados obtidos, vinculados a investi- gação. 5 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Processo de Aglomeração de Minérios 2.1.1 Sinterização (Granulometria Grosseira) Antigamente o minério de ferro utilizado em siderurgia era a hematita compacta devido ao seu elevado teor de Fe2O3 (aproximadamente 97 %). Por outro lado, esse minério apresentava baixa reatividade e alto custo de transformação. Como consequência, passou-se a utilizar o itabirito em alto forno, pois apesar de apresentar um teor sensivelmente mais baixo (cerca de 50 % de Fe2O3 e 50 % de SiO2) é bem mais facilmente moído e concentrado, permitindo a obtenção de “sinter feed” e “pellet feed”. Utiliza-se “blue dust” (abaixo de 150 malhas e 97 % de Fe2O3) para acertar a superfície específica do “pellet feed”. Deve ser observado que na sinterização de sulfetos deve-se antes transformar o sulfeto em óxido para depois sinterizá-lo. Sinterização de finos - É um processo de aglomeração no qual a utilização de calor permite transformar uma massa de granulometria fina em carga bitolada. O material sinterizado é mais poroso, o que garante melhor percolação pelos gases no alto forno, porém, por outro lado, apresenta menor resistência mecânica, pó ser menos denso do que o minério compacto. O mecanismo de sinterização é a difusão no estado sólido, porém esta está associada ao calor, ou seja, às altas temperaturas, diminuindo a energia superficial das partículas, diminuição que se constitui na força motriz do processo. Assim, são necessários tempo e temperatura sufi- cientes para que a sinterização se complete. Reforçando o que foi mencionado antes, a presença de poros entre as partículas sinterizadas permite a passagem dos gases, o que aumenta a reativi- dade/produtividade. Utiliza-se fundentes para formar a fase líquida, o que aumenta a rapidez da produção e a qualidade do produto, pois a difusão no estado líquido é maior, aumentando a velocidade de sinterização. O minério é basicamente constituído por Fe2O3 misturado com SiO2 e Al2O3, possuindo baixos teores de P2O5. Os fundentes são basicamente óxidos básicos, como CaO e MgO, e aumentam a resistência mecânica, ao forma uma estrutura vítrea, quando ocorre a reação com a ganga (impurezas ou parte do minério sem aproveitamento econômico para a extração de metais). Essa fase líquida ao solidificar forma uma rede envolvendo a hematita (Fe2O3), o que 6 também aumenta a resistência mecânica. O produto sem aglomerante (minério e poros) possui maior reatividade, porém menor resistência mecânica, pois formam-se poros e trincas devido à redução de Fe2O3para Fe3O4, deste óxido para FeO e deste para o metal (Fe), havendo variações volumétricas associadas a essas transformações. No minério com aglomerante a rede vítrea formada (inerte) limita as variações volumétricas associadas a essas reduções. Durante a percolação da carga pelos gases no alto forno, os finos prejudicam a homogeneidade da passagem de gás. 2.1.1.1 O Processo completo compreende as seguintes etapas (Figura 1): a) Introdução de minério, fundentes, água e combustível sólido (finos de coque ou de carvão vegetal). b) Mistura. c) Sinterização: introdução de calor e saída de gases. d) Tratamento mecânico: britagem do sínter para atingir a granulometria adequada. Produz finos de retorno que são reintroduzidos em (a). Figura 1: Processo básico. Fonte: [4] 2.1.1.2 Existem dois mecanismos básicos de sinterização a) Transferência de calor do sínter para o ar frio e do ar aquecido para a camada inferior ainda não sinterizada. b) Reações químicas de combustão do coque (e as que se originam dessa reação). 85% da energia do processo de sinterização são originários do combustível (coque fino), mas os outros 15% vêm da ignição (do queimador). 7 2.1.1.3 Parâmetros que influem na sinterização a) Minério fino: 650 kg/ton (material do sinter feed com cerca de 1 a 8 mm); b) Minério grosso: 45 kg/ton. Os itens “a” e “b” constituem a alimentação metálica, que também é composta por: c) Bedding (sínter para forramento): 125 kg/ton. d) Carepa de laminação (óxidos bem puros): 33 kg/ton; e) Sínter de retorno (finos de retorno): 480 kg/ton. Figura 2: Características químicas do sínter. Fonte: [4] 2.1.1.4 Fatores que influem na queda de temperatura dos gases nas últimas caixas de vento: a) Falta de combustível (quantidade insuficiente) ou granulometria muito fina: influem no con- sumo total. b) Excessiva permeabilidade do leito: menor tempo de residência dos gases no leito, acarretando menor transferência de calor do sínter para o gás. 2.1.1.5 Fatores que influem na elevação da temperatura dos gases (aferida com termopar) (Fi- gura 3): a) Sínter muito compactado: os gases ficam com maior tempo de residência no sínter; b) Excesso de combustível na mistura. 8 Figura 3: Temperatura de sinterização versus densidade. Fonte: [4] 2.1.1.6 A qualidade do sinter leva em consideração os seguintes fatores: a) Manuseio e transporte: está relacionado com a resistência mecânica e tem por objetivo minimi- zar a geração de finos: são necessários testes de resistência à compressão e tamboreamento. b) Reatividade: significa redutibilidade no caso dos minérios de ferro. A redução aumenta com o tempo e com o aumento da redutibilidade. Entretanto, se a redutibilidade for muito alta, a resistência mecânica será muito baixa. A redutibilidade é uma característica importante para o sínter que será usado como carga no alto forno. Assim, deve haver um compromisso entre redutibilidade e resistência mecânica. Con- trolando o processo de redução, é possível controlar a posição dentro do forno na qual ocorre a redução. Além de formar fase líquida com o objetivo de aglomerar o sínter, os fundentes escorifi- cam a ganga ácida (rica em SiO2), formando uma escória com composição próxima à da ideal para uso no alto forno, evitando adição posterior de hidróxidos e carbonatos de cálcio (desidratação e calcinação, que consomem energia), ocorrendo a refusão da escória do sínter. A coqueificação gera muitos finos, que podem ser utilizados na sinterização, mas não no alto forno. 2.1.2 Pelotização A Pelotização tem uma função muito importante. Afinal, é graças a ela que existem pontes, carros, aviões, bicicletas, eletrodomésticos e grande parte dos produtos que utilizamos em nosso dia a dia. Eles são todos feitos de aço produzido nas siderúrgicas. Para a sua obtenção, uma importante matéria-prima utilizada é a pelota, cuja transformação, a partir de frações ultrafinas de minério de ferro, se dá nas usinas de pelotização (Figura 4). É um processo que permite granulometria mais fina e sua alimentação é realizada com “pellet feed”. Na concentração do minério, gera-se “sinter feed” e “pellet feed”. O “sinter feed” apresenta alto teor de ganga, devido à sua maior granulometria. O “pellet feed” é um material mais fino, com excelente liberação, já que apresenta alta concentração de ferro, ou seja, baixo teor de 9 Figura 4: Pelotização. Fonte: [4] ganga. O minério concentrado geralmente é transportado em pilhas de homogeneização (de com- posição) e encaminhado para a moagem (com o objetivo de aumentar a superfície específica), que resulta em granulometria mais fina, aumentando a reatividade, e é realizada com bolas metálicas ou de maneira autógena (partículas de minério fragmentando-se ao se chocarem umas contra as outras). O consumo causado pelo desgaste das bolas é elevado, uma vez que a hematita (Fe2O3) é um óxido duro. A moagem reduz a granulometria de abaixo de 100 malhas (“mesh” em inglês) para abaixo de 325 malhas, que corresponde a cerca de 90% do material moído. Todo o processo de moagem é realizado em circuito fechado, de modo que o material mais grosseiro retorna e os finos são espessados. O material para ser pelotizado deve apresentar alta superfície específica (baixa granulo- metria): cerca de 1,5 m2/g. Os catalisadores apresentam superfície específica de 50 a 100 metros quadrados por grama. A redução parcial gera poros e trincas, aumentando a superfície específica. O minério natural é submetido a tratamentos químicos/precipitação química, provocando variação granulométrica. No minério cominuído a superfície específica é determinada pela superfície ex- terna. A entrada do gás redutor e a saída de oxigênio acarretam o surgimento de poros e trincas, devido à variação volumétrica associada. A superfície específica pode ser considerada como o somatório de todas as superfícies existentes no sólido, internas e externas, considerando poros e outros defeitos. Consequentemente, quanto maior o número e menor a dimensão, maior a superfí- cie específica. Sólidos espessados (a partir do material com granulometria inferior a 325 malhas) passam pelo filtro a disco e saem com muita água, sendo necessário acertar o teor, dentro de limites muito estreitos. Quando a quantidade de água é insuficiente, o material fica muito seco, mas quando a quantidade de água é excessiva, forma-se lama, gerando pelotas. Assim, deixa-se margem de água para adicionar no disco de pelotização. Adiciona-se CaO/fundentes em menor quantidade do que na sinterização, assim o “pellet feed” apresenta menor quantidade de ganga do que o “sinter feed”. Deste modo, mesmo com a mesma basicidade a pelota possui menos ganga/fundentes do que o sínter. A basicidade é expressa como a razão entre as quantidades de CaO e MgO somadas e 10 as quantidades de SiO2 e Al2O3 somadas. Existem altos fornos que trabalham preferencialmente com pelotas. O “pellet feed” sofre separação magnética de alta intensidade, até atingir 90% de Fe2O3. O “sinter feed” não é submetido a esse tipo de concentração. O teor de escória do forno tem que ser adequado à marcha de operação do mesmo. Pelotas para alto forno apresentam alto teor de escória (ganga e fundentes) relativamente alto, ao passo que pelotas para redução direta (produção de ferro esponja em forno a arco elétrico) possuem baixo teor de escória. Assim, existem plantas diferentes e separadas para produzir cada tipo de pelota, cada qual com um silo dosador de cal diferente. Após a homogeneização da mistura o material é lançado no disco pelotizador. A adição de água à cal promove a aglutinação a verde, resultando na cal hidratada com plasticidade, viabilizando o transporte do disco ao equipamento que vai acarretar reações em alta temperatura, endurecendo o material.As pelotas rolam e crescem, absorvendo partículas sólidas: ao atingir tamanho crítico, são descarregadas, e levadas à esteira onde ocorre o endurecimento. A pelotização produz um material esférico, homogêneo (em forma e tamanho), a não ser que as condições operacionais sejam inadequadas ao processo, mas nesse caso é possível identificar os erros. A granulometria resultante fica entre 12 e 15 mm, havendo pequena dispersão. Geralmente quando a pelota é mais esférica e o tamanho pouco varia, ocorre melhor distribuição deste material no forno, melhorando a percolação dos gases. A pelotização é mais cara e mais complexa do que a sinterização. Além disso, enquanto a sinterização está integrada á usina/alto forno, a pelotização geralmente está integrada à mina ou ao porto. Dois fatores que determinam a escolha do processo de aglomeração de minérios (entre sinterização e pelotização) são o tipo de minério (fator técnico) e a capacidade de investimento do empreendedor (fator econômico). As pelotas verdes, ainda úmidas, não apresentam boa resistência mecânica. É possível endurecê-las por duas maneiras: a frio ou a quente. Na aglomeração a frio, resinas, cimentos e alcatrão conferem melhor resistência mecâ- nica mesmo à temperatura ambiente. Este processo apresenta como desvantagens: a redução e a temperatura diminuem a resistência mecânica, e quanto mais intensa a aglomeração, menor a reatividade. Na aglomeração a quente, processo mais importante, no forno de grelha as reações ocor- rem individualmente em cada pelota, ao contrário do processo global em todo o “bolo” do sínter. Caso as pelotas grudem umas nas outras, a própria vibração mecânica separa as pelotas, quebrando as ligações estreitas. Depois as pelotas são descarregadas e embarcadas (Figura 5). 11 Figura 5: Fluxo do processo. Fonte: [4] 2.1.2.1 O endurecimento das pelotas pode ocorrer em três tipos de fornos: a) Grelha móvel: o material não sofre movimento significativo ao longo do forno.; b) Forno rotativo: quando a grelha é mais curta o restante do material é adicionado no forno rotativo, que acarreta solicitação mecânica, abrasão, choque e pressão, gerando finos, uma vez que as pelotas assim produzidas não são tão esféricas. c) Forno de cuba: é mais adequado para minério magnético. A energia de oxidação da Fe3O4 (atmosfera oxidante) é liberada em maior quantidade e fornecida ao ciclo térmico como parte da energia total para a pelotização. O forno de cuba deve ser alimentado com pelotas verdes, uma carga sólida que deve ser percolada pelos gases ascendentes resultantes da queima de combustível na câmara de combustão. A temperatura dos gases chega à faixa de 1300 a 1400oC: o choque térmico nas pelotas verdes acarreta a desintegração do material: as pelo- tas verdes devem apresentar considerável percentual de aglomerantes, porém mesmo assim ocorre certa geração de finos. O restante do alto forno é utilizado para o resfriamento da carga. Quando a altura do forno é maior, ocorre melhor distribuição de temperaturas. Por outro lado, quando a altura do forno é excessiva, a altura da coluna de material também é excessiva, gerando uma pressão muito intensa sobre o material seco, que foi aquecido pelos gases, os quais transferiram calor para este material, formando uma zona de transferência de calor estreita, gerando muitos finos. No forno rotativo e na grelha móvel as pelotas são formadas com menor homogeneidade de tamanhos e com menor esfericidade. O material vai para a grelha móvel e no final desta já sofre certa sinterização (a cerca de 900oC), entrando no forno rotativo com certa resistência mecânica: o aquecimento no forno rotatório, do fim para o começo, completa o ciclo térmico. A eficiência do processo é menor do que na grelha móvel, na qual a menor solicitação mecânica gera menor 12 quantidade de finos. No forno rotatório são atingidas altas temperaturas perto da zona de descar- regamento: os gases que percolam a carga no forno rotativo são usados para aquecer o material na grelha móvel. A aglomeração na pelotização é feita por queima de combustível externo á mistura (queima de óleos, gás natural e outros combustíveis), ao contrário da sinterização, pois neste caso o próprio sínter já contém o combustível. Na grelha o material percola a mesma sem choque significativo (estatisticamente) durante a secagem, o preaquecimento, a queima e o resfriamento. Na grelha mó- vel quem circula são os gases, transferindo calor para a carga. Este equipamento é mais eficiente e moderno (Figura 6). Figura 6: Em 1969, a Vale inaugurou a sua primeira usina de pelotização, na unidade de Tubarão (ES). Logo a pelota ganhou destaque como um dos principais produtos da Vale, por seu valor agregado e pelo seu maior aproveitamento do material que antes era descartado. Fonte: [4] 2.1.3 Tratamento Térmico Tem por objetivo provocar mudanças nas propriedades físicas e mecânicas do aço propor- cionando dureza, elasticidade, ductilidade e resistência à tração e pode ser definido como sendo o aquecimento ou resfriamento controlado dos metais feito com a finalidade de alterar essas propri- edades sem alterar a forma do produto final. Neste processo existem três fatores responsáveis por essas mudanças como sendo: a) Temperatura de aquecimento; b) Velocidade de resfriamento; c) Composição química do material. Os benefícios que podem ser conseguidos através da utilização de tratamentos térmicos em peças e perfis de aço são inúmeros. Existem tratamentos para amolecimento e para endure- cimento de aços, além de tratamentos que promovem o refino de grão. Os tratamentos podem 13 também ser classificados em tratamentos que alteram a estrutura e as propriedades da peça toda ou em tratamentos superficiais que condicionam propriedades somente na superfície (Figura 7). Figura 7: Tratamento térmico temperatura × tempo. Fonte: [4] Dentre as principais vantagens dos Tratamentos Térmicos nos metais podemos citar: a) Remoção de tensões internas (oriundas de resfriamento desigual, trabalho mecânico dentre outras situações); b) Aumento ou diminuição da dureza;; c) Aumento da resistência mecânica; d) Melhora da ductilidade; e) Melhora da usinabilidade; f) Melhora da resistência ao desgaste; g) Melhora das propriedades de corte; h) Melhora da resistência à corrosão; i) Melhora da resistência ao calor; j) Modificação das propriedades elétricas e magnéticas. No entanto, antes de iniciar o Tratamento Térmico, é preciso conhecer as características do aço, principalmente sua estrutura cristalina (arranjo ordenado de átomos). A seguir lista-se alguns processos de Tratamentos Térmicos e sua influência nos metais. 14 2.1.3.1 Recozimento Recozimento pleno em consequência dos processos de fabricação (fundição, lingotamento convencional, superaquecimento, etc.) as barras e tarugos de aço podem acumular tensões e apre- sentar microestruturas heterogêneas com exagerado tamanho de grão e dureza elevada. O Recozi- mento pleno é feito com o objetivo de reduzir o máximo a dureza do aço. Por meio do Recozimento pleno é possível aumentar a ductilidade e a usinabilidade do aço além de controlar seu tamanho de grão. Utiliza-se este tratamento quando na sequência de fabricação o aço deve sofrer elevado grau de deformação ou a peça deve ser usinada. O Recozimento pleno garante ductilidade a peças que em outras circunstâncias apresentariam comportamento frágil Figura(8). Figura 8: Recozimento pleno. Fonte: [4] O Recozimento pleno consiste em elevar lentamente a temperatura do aço até aproxima- damente 50 oC acima da zona crítica (austenitização total), no caso dos aços com teor de carbono menor que 0,8%. A formação de austenita em alta temperatura destrói todas as estruturas exis- tentes anteriormenteao aquecimento. No resfriamento formam-se a ferrita e a perlita grossa que garantem amolecimento do material. Para os aços com teor de carbono maior que 0,8% (52100) o recozimento é feito em temperatura 50 oC acima do limite inferior da zona crítica Figura(9). Figura 9: Zona de austenitização. Fonte: [4] O aço é mantido na temperatura por um tempo suficiente para que a estrutura se torne austenítica ou uma mistura de austenita + cementita e em seguida é resfriado dentro do forno com 15 uma velocidade de aproximadamente 25 oC/h, até aproximadamente 50 oC abaixo da zona crítica. A partir desta temperatura o aço pode ser resfriado ao ar. É importante que a passagem pela faixa de temperaturas em que ocorre a transformação seja bastante lenta para que se forme perlita grossa, perlita esferoidizada e cementita esferoidizada na estrutura do material. Na tabela abaixo é possível obter as temperaturas de austenitização e os ciclos de resfriamento para aços com diferentes teores de carbono, bem como suas durezas Figura(10). Figura 10: Tratamento térmico temperatura × tempo. Fonte: [4] 2.1.3.2 Normalização A Normalização do aço é feita quando se deseja refinar o grão do material. O aço com grãos grandes tende a apresentar maior heterogeneidade de propriedades e maior fragilidade. O refino de grão garante maior homogeneidade de propriedades, e maior tenacidade. O tratamento térmico de Normalização consiste no aquecimento do aço até 60 oC acima do limite superior da zona crítica (A3 ou Acm), sempre garantindo austenitização total do material. Em seguida é retirado do forno e deixado resfriar ao ar natural. A estrutura resultante é de pequenos grãos de ferrita e perlita fina. Esse tratamento é bem mais barato que o de recozimento pleno, pois o forno pode ser desligado logo após o fim do período de austenitização. Figura 11: Zona crítica e zona de austenitização. (a) (b) (c) Fonte: [4]. A principal diferença entre os tratamentos de Recozimento pleno e de Normalização é que as peças tratadas em Recozimento pleno apresentam ductilidade e usinabilidade homogêneas 16 em todas as regiões, já que a peça toda fica exposta ao ciclo de resfriamento. Já no caso da peça normalizada a velocidade de resfriamento não é uniforme. Seções mais espessas resfriam mais lentamente do que seções mais finas. Como a velocidade de resfriamento é heterogênea, a microestrutura e as propriedades (usinabilidade e conformabilidade) também o são. Caso se deseje usinar a peça nas etapas subsequentes de fabricação é melhor fazer o Recozimento pleno. 2.1.3.3 Tempera O tratamento consiste em aquecimento até uma temperatura 50 oC acima da temperatura crítica (a mesma faixa utilizada para Recozimento pleno) e em seguida resfria-lo bruscamente em água, óleo ou em meios de Têmpera de composição química especial (Figura 12). Figura 12: Resfriamento e teor de carbono. Fonte: [4] O objetivo do tratamento de Têmpera é obter martensita na estrutura do aço, microcons- tituinte muito duro e frágil. Para tanto, as peças devem ser resfriadas rapidamente, para evitar a formação de ferrita, perlita, bainita, microconstituintes mais moles que a martensita (Figura 13). Quando se faz o resfriamento brusco do aço, durante a Têmpera, ocorre choque térmico devido à passagem da peça de temperaturas de 850 a 900 oC para a temperatura ambiente, em poucos segundos. O resfriamento brusco pode causar distorções e até mesmo trincas na peça, denominadas trincas de têmpera. Entretanto, o resfriamento deve ser rápido o suficiente para garantir que se forme martensita na superfície do material. O tempo disponível para resfriamento é dado pela distância do cotovelo da curva RC ao eixo das temperaturas. Quanto mais deslocada para a direita a curva RC, mais fácil é temperar o aço. Quando a velocidade de resfriamento é alta, estabelecem-se grandes diferenças de tem- peratura entra a superfície e o centro da peça, pois a superfície em contato direto com o meio refrigerante resfria rápido, enquanto o núcleo resfria mais lentamente. 17 Figura 13: Obtenção da martensita. Fonte: [4] Assim, quando se faz Tratamentos Térmicos de peças médias e grandes deve- se sem- pre levar em consideração que o núcleo e a superfície, submetidos a diferentes velocidades de resfriamento, podem apresentar microestruturas e propriedades mecânicas muito diferentes. Isso pode ser visto na Curva RC (Figura 14), em que a superfície da peça apresenta mar- tensita e o núcleo uma mistura de ferrita, perlita, bainita e martensita. Figura 14: Curva RC. Fonte: [4] Pode-se observar que a transformação do aço na superfície ocorre em apenas 3 segundos enquanto no núcleo inicia após 8 segundos e somente termina após aproximadamente 30 segundos. Em princípio é possível obter o mesmo valor de dureza em aços temperados com diferentes teores de carbono. É possível obter dureza de 50 HRC com 99,9% de martensita e 0,25% C ou com 95% de martensita e 0,35% C, ou com 90% de martensita e 0,4% C, ou com 80% de martensita e 0,45% C ou ainda com 50% de martensita e 0,6% C. Na Figura abaixo observa-se que quanto maior é o teor de carbono do aço, maior é a dureza da martensita obtida. É preciso ter em mente que quanto maior é o teor de carbono mais frágil é o aço. Da mesma forma, quanto mais heterogênea é a estrutura do aço (mistura de martensita, bainita, perlita 18 e ferrita) menor é a sua resistência à fadiga. Desta forma a seleção do material deve sempre ser feita adotando-se o menor teor de carbono compatível com a dureza desejada. 2.1.3.4 Martêmpera Muitas vezes é conveniente submeter o aço a um tratamento de Martêmpera, que permite eliminar a diferença de temperaturas e tempos de transformação entre a superfície e o núcleo do aço. A Martêmpera consiste na austenitização do aço nas temperaturas usuais seguida de Têm- pera em óleo aquecido ou em banho de sais em uma temperatura logo acima da temperatura Mi. O tempo de manutenção nesta temperatura deve ser suficiente para equalizar a temperatura em toda a peça, sem, entretanto, deixar que ocorra a transformação bainítica. Este tratamento é feito com o objetivo de minimizar as distorções e as tensões residuais decorrentes das diferenças de temperatura na superfície e no interior da peça. A microestrutura final é martensítica, de alta dureza e baixa tenacidade. Da mesma forma que na Têmpera convencional, esse tratamento deve ser seguido de Revenimento para aumentar a tenacidade (Figura 15). Figura 15: Tenacidade. Fonte: [4] 2.1.3.5 Revenimento O tratamento de Têmpera torna as peças muito duras, porém muito frágeis. Salvo raras exceções as peças temperadas são sempre revenidas, visando baixar a dureza e aumentar a tenaci- dade. Durante o revenido, a martensita com estrutura TC perde o excesso de carbono em solução e seu reticulado cristalino vai se tornando mais próximo do da ferrita, sem distorção e sem acú- mulo de tensões mecânicas. Quanto mais alta a temperatura de revenido, menor é distorção do reticulado, menor é a dureza e maior é a tenacidade do aço. Nos aços para construção mecânica, de baixa liga e alta resistência, a dureza cai continuamente com a temperatura de revenido, como mostra a (Figura 16). 19 Figura 16: Dureza versus temperatura. Fonte: [4] Existe uma faixa de temperaturas em que o revenido deve ser evitado, pois, a tenacidade é bastante prejudicada. Este fenômeno chama-se fragilidade azul ou fragilidade dos 500 oF (260 oC). O nome fragilidade azul deve-se ao fato de que na faixa de temperaturas em que essa fragilidade ocorre, forma-se uma película de óxido azulada, conforme se vê na tabela abaixo, que mostra as cores do revenido de aços ao carbono. A (Figura 17) mostra a queda de energia absorvida no ensaio de impacto, na faixade temperaturas entre 260 e 375 ◦C (500 a 700 ◦F). Figura 17: Energia absorvida versus temperatura. Fonte: [4] 2.1.3.6 Austêmpera A Austêmpera é também, um tratamento térmico para endurecimento de aços. Na Aus- têmpera, após austenitização feita de maneira semelhante àquela realizada para Têmpera conven- cional, o aço é mergulhado em um banho constituído de uma mistura de sais fundidos, mantido 20 a temperatura constante, entre 250 e 450 oC. O resfriamento feito em banho de sais visa evitar a formação de ferrita e perlita e induzir a formação de bainita nas peças. A bainita é uma estrutura que tem dureza semelhante à da martensita revenida, porém, maior tenacidade. Se compararmos duas barras de um mesmo aço, uma temperada em óleo e revenida a 200 oC e outra austemperada a 325 oC, ambas com a mesma dureza de 54 HRC, a barra temperada apresenta menor valor de energia absorvida no ensaio de impacto que a barra austemperada, portanto menor resistência ao impacto (Figura 18). Figura 18: Temperatura × tempo. Fonte: Os autores 2.1.3.7 Têmpera por indução É uma técnica de endurecimento superficial bastante utilizada em aços. O aquecimento da peça é feito superficialmente por indução. Uma ou mais bobinas, alimentadas por fontes de potência induzem correntes elétricas na superfície do aço a ser tratado. As correntes aquecem o aço por efeito resistivo. Atingida a temperatura de austenitização o aço é resfriado por jatos de água ou de gás (nitrogênio) de modo a garantir a formação de martensita em sua superfície. O tratamento pode ser feito em fornos e sistemas de resfriamento contínuos, como o mostrado no esquema (Figura 19), referente a uma instalação de têmpera de tubos mecânicos. 2.1.3.8 Temperabilidade Quando fazemos a Têmpera de peças de aço, principalmente de peças de médias ou gran- des dimensões, resultam diferenças de dureza entre a superfície e o núcleo, em consequência das diferenças de velocidades de resfriamento. Uma maneira de avaliar diferenças de dureza existentes em peças de diferentes dimensões é fazer o ensaio de curvas em U em que cilindros de diferentes diâmetros, fabricados a partir de um mesmo aço, são temperados no mesmo meio de têmpera. Após a Têmpera os cilindros são cortados transversalmente e submetidos a medições de dureza ao longo de seu diâmetro. A superfície temperada apresenta maior dureza enquanto o núcleo, submetido a velocidades de resfriamento menores fica mais mole. A transição entre a região 100% temperada 21 Figura 19: Formação de martensita. Fonte: [4] (100% de martensita) para o núcleo não temperado é gradual e a curva em U mostra essa varia- ção. Para cilindros muito espessos as velocidades de resfriamento superficiais são muito lentas não sendo possível atingir a dureza máxima mesmo na superfície do aço utilizado (Figura 20). Na (Figura 18) é possível observar as curvas em U de dois aços contendo 0,4% C (1040 e 3340) temperados em água e em óleo. A dureza máxima conseguida para os dois aços é de 59 a 60 HRC, para cilindros de pequeno diâmetro. Apesar de o aço 3340 ter quantidades apreciáveis de elementos de liga a dureza máxima atingida na Têmpera é praticamente a mesma que a do aço carbono. De uma maneira geral pode-se afirmar que a dureza máxima que se pode atingir em um aço temperado depende somente do teor de carbono Observa-se na (Figura 18), também, que a penetração de dureza no interior do cilindro do aço ligado é muito maior que a do aço 1040. Os elementos de liga, presentes no aço, aumentam a profundidade de endurecimento por têmpera, cha- mada de Temperabilidade. A Temperabilidade é a capacidade de um aço endurecer por Têmpera até certa profundidade. A Temperabilidade não pode ser associada à máxima dureza do aço. A principal razão pela qual se adicionam elementos de liga aos aços é aumentar a Temperabilidade, ou seja, a profundidade capaz de endurecer por Têmpera. 2.1.4 Tratamento a Frio Tratamentos sub-zero - Existem tratamentos térmicos sub-zero feitos com o objetivo de promover a transformação da austenita retida para martensita e aumentar a dureza superficial do aço. O tratamento consiste em resfriar a peça já temperada em nitrogênio líquido (-197 oC) ou misturas de líquidos em temperaturas abaixo de zero grau, para que a temperatura Mf do aço seja cruzada, permitindo que ocorra 100% de transformação (Figura 21). É um tratamento térmico frequentemente aplicado aos aços de alto carbono, principal- mente o aço ferramenta. A resistência ao desgaste aumenta muito após tratamento sub-zero, como pode ser visto na (Figura 22). Um aço para rolamento pode aumentar de 2 até 5 vezes sua resistên- cia ao desgaste quando tratado sub-zero para eliminação de austenita retida (Figura 22). 22 Figura 20: Aço SAE 1040 e 3340. Fonte: [4] 2.1.4.1 Tratamento criogênico Um tratamento térmico recentemente desenvolvido é o Tratamento criogênico que con- siste em resfriar peças (mesmo que não tenham austenita retida em sua estrutura) até temperaturas sub-zero e mantê-las nesta temperatura por várias horas. Em seguida as peças são aquecidas até a temperatura ambiente em tempos prolongados de 8 a 20 horas. Posteriormente são revenidas entre 150 e 600 oC para baixar a dureza e aumentar a tenacidade. São tratamentos demorados que trazem benefícios acentuados às propriedades mecânicas do material. Sabe-se que o jateamento com granalha é um tratamento de superfície muito importante para aumentar a resistência à fadiga de molas carregadas dinamicamente. Há relatos de que a realização de tratamentos criogênicos pode melhorar ainda mais a vida em fadiga destes componentes. Por exemplo, molas de válvula de carros de corrida podem perder até 10% de sua força no início de sua vida (período de amacia- mento). Por esta razão molas de válvulas de motores de competição sofrem duplo jateamento por granalha, primeiro com uma granalha mais grossa e depois com granalha mais fina. O objetivo é criar tensões residuais de compressão na superfície que aumentam a vida em fadiga do material. Quando as válvulas sofrem tratamento criogênico após o jateamento observa-se um aumento na vida em fadiga de 5 a 7 vezes em relação ao material simplesmente jateado. Além disso, a perda 23 Figura 21: Tratamento a frio. Fonte: [4] Figura 22: Resistência de desgaste. Fonte: [4] de força no período de amaciamento é reduzida para 3% (Figura 23). 2.1.5 Tratamento termoquímico São os tratamentos que visam o endurecimento são os tratamentos que visam o endureci- mento superficial dos a superficial dos aços, pela modifica os, pela modificação parcial da sua ão parcial da sua composição química e aplica mica e aplicação simultânea de um ão simultânea de um tratamento tratamento térmico. Em peças como engrenagens, deseja-se um núcleo tenaz e uma superfície resistente ao desgaste. Para essa aplicação, aços com baixo teor de carbono são submetidos ao tratamento ter- moquímico de cementação, que eleva o teor de carbono na superfície, aumentando sua resistência ao desgaste, ao mesmo tempo que preserva a tenacidade do núcleo, mantido com baixo teor de carbono. Meios para realizar o tratamento: são as fontes de C e N. Podem ser sólidos, líquidos e gasosos. Inicialmente a cementação foi desenvolvida em meio sólido, mas esse não é o meio mais eficiente. Na atualidade prefere-se meios líquidos e gasosos para a realização de tratamentos ter- moquímicos, devido à maior velocidade do processo quando realizado com esses fluidos como meios. 24 Figura 23: Diversos tipos de molas. Fonte: [4] 2.1.5.1 Cementação A Cementação é um tratamento termoquímico feito para enriquecer a superfície da peça em carbono. Um aço cementado é um aço de baixo carbono (no máximo 0,2% C), contendo ou não elementos deliga, tratado termoquimicamente de forma a se obter teor de carbono próximo de 0,8% na superfície. A espessura de camada pode variar de 0,5 a 2,0 mm. Engrenagens de caixas de câmbio e sistemas de transmissão são geralmente cementadas. Como o teor de carbono não é homogêneo, ao longo da seção transversal da peça, a análise do que ocorre no tratamento térmico é um pouco mais complicada. Cada região no interior do material tem teor de carbono diferente e sofre diferentes trans- formações. A temperatura de austenitização para cada uma das regiões do material é diferente. Além disso, o carbono desloca a curva RC para direita e ao mesmo tempo abaixa a temperatura Mi (Figura 24). Figura 24: Teor de carbono. Fonte: [4] Consequentemente as estruturas resultantes da têmpera são bastante diferentes (Figura 25). 25 Figura 25: Estrutura resultante. Fonte: [4] 2.1.5.2 Cementação Gasosa A cementação gasosa é muito empregada na indústria, porém a limpeza superficial da peça a ser cementada é muito importante. Possibilita o controle do potencial de carbono através do uso de gases que contêm CO, CO2, H2, H2O e CH4. Além do controle do potencial de carbono também é necessário o controle do potencial de oxigênio. Para assegurar uma distribuição adequada de carbono após a cementação é realizado um tratamento de difusão de carbono no campo austenítico. A microestrutura resultante da cementação depende de dois fatores conjugados: variação de velocidade de resfriamento (têmpera) e variação de composição química (difusão de carbono). Assim, há diferentes microestruturas na superfície da peça cementada dependendo da velocidade de resfriamento após a cementação e do teor de carbono [5]. CH4 ⇔ C +H2 (1) 80% a 90% do gás natural (gás metano) C2H6 ⇔ C + CH4 +H2 (2) 10% a % do gás natural (gás etano) C3H8 ⇔ C +XC2H6 + Y CH4 + 2H2 (3) (gás propano) CH4 ⇔ C +H2 (4) (gás metano) 2.1.5.3 Cementação Líquida Tratamentos de cianetação implicam no uso de sais tóxicos no estado líquido, exigindo cuidados especiais de segurança. São realizados mediante a imersão das peças em sais fundidos contendo cianetos (exemplo: NaCN) a temperaturas entre 850 e 900 oC, havendo dupla absorção, 26 de carbono e nitrogênio. Após tempo adequado as peças cianetadas são temperadas a partir do banho de sais. Em caso de necessidade de temperar novamente uma peça cianetada, esta deve ser aque- cida num banho semelhante ao que foi utilizado para a cianetação (Figura 26). Figura 26: Forno para cementação líquida- com aquecimento externo. Fonte: [4] 2.1.5.4 Nitretação O tratamento termoquímico de nitretação é realizado com a difusão do nitrogênio em (re- lativamente) baixas temperaturas. Como consequência, resulta em menor distorção e em camadas menos espessas do que as que são obtidas por cementação. Como exemplo, num aço 4340 temperado, revenido e nitretado forma-se camada branca de nitreto de alta dureza. A nitretação em geral leva à formação de uma camada rica em compostos (entre eles nitretos) próxima à superfície da peça, a qual é comumente conhecida como “camada branca”. 2.1.5.5 Nitrocarbonetação O tratamento de nitrocarbonetação é utilizado na indústria com várias finalidades, princi- palmente para aumentar a resistência à fadiga térmica e à corrosão, assim como melhorar a resis- tência ao desgaste por atrito (propriedades tribológicas) dos aços usados para matrizes de trabalho a quente. Há uma camada de nitreto e carboneto (branca) de alta dureza, quando nitrocarbonetação é realizada a 550 oC por 5 h. 27 3 CONCLUSÃO Realizou-se uma revisão da literatura a respeito dos metais e produtos siderúrgicos com enfase no aço. Os objetivos foram realizados em relação a descrição dos processos sem muita profundidade da sinterização e pelotização. Analisou-se os tratamentos térmico, termoquímico e a frio. E fica evidente da importância dos tratamentos utilizados para o aço na construção civil. REFERÊNCIAS [1] SPETRU. Tratamento Térmico. 2018. 1–43 p. Disponível em: <http://www.spectru.com.br/Metalurgia/diversos/tratamento.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2018. [2] USP. Tratamento Térmico. 2018. 1–43 p. Disponível em: <http://www.pmt.usp.br/ pmt2402/TRATAMENTO%20T%C3%89RMICO%20DE%20A%C3%87OS.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2018. [3] SENAI. Tratamento Térmico. 2018. 1–43 p. Disponível em: <http://docente.ifsc. edu.br/claudio.schaeffer/material/2_Mecatr%C3%B4nica/Materiais_ 1_Meca_2/Apostila_%20Tratamento_Termico_Complementar.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2018. [4] USP. Tratamento Térmico. 2018. 1–43 p. Disponível em: <https://edisciplinas. usp.br/pluginfile.php/4354027/mod_resource/content/3/Aula%20-% 20Tratamentos%20T%C3%A9rmicos.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2018. [5] INFOMET. Infomet:Tratamentos Térmicos dos Aços. 2018. Disponível em: <http://www.infomet.com.br/site/acos-e-ligas-conteudo-ler.php?codConteudo=222>. Acesso em: 24 ago. 2018.
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