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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto de Ciências Humanas e Sociais Disciplina: Sociologia II Professora: Edson Miagusko Aluna: Ariely de Oliveira Araujo/201834502-6 Seropédica, 6 de maio de 2019 Resenha A ética protestante e o espírito do capitalismo – Introdução do autor e Parte I “O problema”. Max Weber fora um importante sociólogo, economista e jurista alemão. Nascido em 1864, forma junto com Durkheim, Marx e Simmel o que muitos consideram “os pais fundadores da sociologia”. E um livro que marcou sua carreira foi A ética protestante e o espírito do capitalismo, que será tratado ao longo dessa resenha. Weber já na primeira parte de seu livro intitulado A ética protestante e o espírito do capitalismo, reconhece que há outros tipos de conhecimento e saberes em lugares como Egito, Índia e China, mas acredita que o único tipo de conhecimento que possui valor universal é o produzido no Ocidente, pois esse teria um grau maior de racionalização e desenvolvimento. Ele entende que o Estado também é uma marca da ciência produzida no ocidente, pois ele é uma associação política e racional. Weber também acredita que em vários períodos históricos tenha havido o capitalismo, como um impulso para conseguir obter o maior lucro econômico possível, mas que apenas nos tempos modernos e no ocidente se desenvolveu a organização capitalista racional do trabalho (fortemente) livre. E as peculiaridades do capitalismo ocidental são identificadas a partir da associação com a organização capitalista do trabalho. Uma das coisas que o autor propõe tratar é a influência, de maneira causal, de algumas ideias religiosas na formação do espírito econômico. Mais especificamente na vida moderna sob a influência da ética racional do protestantismo ascético. No capítulo I, o autor inicia demonstrando que os líderes que são detentores do capital, e trabalhadores que possuem um grau maior de qualificação tem algo em comum: o fato de fazerem parte do protestantismo. E graças a essa participação desses protestantes nas posições empresariais e de gerência na vida econômica moderna (burgueses), eles conseguiram herdar grande riqueza material que antes da Reforma circulava apenas entre a Igreja Católica e os Nobres. Além disso, esses católicos estavam pouco engajados no empreendimento capitalista porque nas universidades eles preferiram uma formação mais humanística do que industrial e comercial. Isso explica o menor número de católicos entre os trabalhadores qualificados presentes na indústria moderna. Weber se propõe a encontrar as especialidades dessas religiões que possam explicar o comportamento que já fora descrito. Assim, ele mostra de forma superficial e simplificada que os protestantes são mais propensos a acumulação de riquezas, enquanto os católicos possuem um impulso menor à aquisição. Já no segundo capítulo "O espírito do capitalismo", é nisso que o autor inicia propondo buscar uma resposta, buscando se ver livre de todas as relações diretas com a religião. Ele traz a filosofia de Benjamin Franklin, carregada de utilitarismo, que diz respeito ao dinheiro, dizendo que esta parece ser o ideal de homem honesto e além de tudo, ter a ideia do aumento de capital do indivíduo como um fim em si mesmo. E visualizando isso não como apenas essencial aos negócios, mas como um "ethos". O bem maior dessa ética, a aquisição da maior quantidade de dinheiro possível, junto com a forte aversão a todo desfrute espontâneo da vida, parece inteiramente transcendental e irracional. Pois o homem é dominado pela aquisição de dinheiro como propósito da vida, mas ao mesmo tempo, ele expressa um sentimento ligado às ideias religiosas. Segundo ele, o ganho de dinheiro no interior da vida econômica moderna, sendo conquistado legalmente é resultado e expressão da proficiência em uma vocação e da virtude. O capitalismo, segundo Max Weber, está tão desenvolvido que domina a vida econômica e seleciona os indivíduos mais bem adaptados para o mundo da economia. Ele entende que o oponente mais importante do espírito do capitalismo é o tradicionalismo. Pois os trabalhadores, por exemplo, não estavam preocupados em lucrar mais, e sim, em trabalhar menos. A adaptação que se teve entre abandonar esse tradicionalismo e chegar nessa sociedade capitalista que Weber fala, está contida nas instituições políticas, legais e econômicas individualistas. Além disso, o sistema capitalista necessita que haja uma devoção à vocação para fazer dinheiro, ou seja, do trabalhador ter orgulho daquilo que faz. Uma das características fundamentais de uma economia capitalista é a individualização, racionalização com base em cálculos rigorosos e prudência em direção ao sucesso econômico. No terceiro capítulo Weber discorre sobre Lutero e sobre a reforma protestante. Ele mostra que Lutero enxergou a bíblia a partir das tendências do mundo, ou seja, de forma tradicionalista. E a respeito da reforma, ele demonstra que graças a ela, houve uma intensificação na ênfase de moral sobre o trabalho realizado, na vocação e na sanção religiosa. E essa vocação, seguia tradicionalista, ou seja, o homem devia aceitar o que Deus ordenou que ele fizesse e adaptar-se a isso. A reforma protestante é impensável sem o desenvolvimento religioso pessoal de Lutero, mas também há de se afirmar que sem o calvinismo o sucesso não seria tão permanente e concreto. As consequências culturais da Reforma foram imprevisíveis e até mesmo em alguma medida, indesejadas, por vezes elas entraram em contradição com aquilo que os reformadores idealizavam. Logo, há de se pensar como ponto de partida na investigação da relação estabelecida entre a ética dos antigos protestantes e o espírito do capitalismo, as contribuições de Calvino. Uma ressalva a ser feito é que, de forma alguma Weber pretende que o espírito do capitalismo fora formado apenas graças às Reforma Protestante, ou que o capitalismo, enquanto sistema econômico, é um produto dessa reforma. A ética protestante e o espírito do capitalismo – Parte II. A ética das correntes ascéticas do protestantismo. (Max Weber) No quarto capítulo, “Os fundamentos religiosos do ascetismo mundano”, o autor começa citando os diferentes tipos de protestantismo ascético: o calvinismo, o pietismo, o metodismo e as seitas que cresceram a partir do movimento anabatista. No entanto, o autor deixa claro que a partir do estudo dessas religiões não está em questão a crença em si, mas a influência que direcionaram a conduta de cada cidadão. Ele descreve as peculiaridades de cada um desses diferentes tipos de protestantismo ascéticos ao longo do capítulo para que o leitor identifique os diferentes tipos de influência que construíram o homem do sistema econômico capitalista. Já no último capítulo, “O ascetismo e o espírito do capitalismo”, o autor mostra a influência das forças religiosas e seus dogmas mostrados no capítulo anterior na formação do caráter de cada indivíduo, mas não separa os diferentes tipos de protestantismo ascético, trata como um todo. Esse protestantismo condena o ócio, o “desperdício de tempo”, a indisposição para trabalhar e tudo que o homem faz que não está voltado para Deus. Portando, ele valoriza muito o trabalho, mesmo que não seja um dos melhores, foi aquilo que Deus escolheu para cada pessoa, e cada uma dessas pessoas devem seguir sua vocação, podendo ou não trocar de profissão durante sua vida, mas sempre seguindo o propósito divino. O trabalho se tornou um fim em si mesmo. Logo, todos devem trabalhar, desde o mais rico até o mais pobre, e quanto mais a pessoa for agraciada por Deus, mais retorno financeiro ela terá. Nessa relação com o trabalho também existe o fator da especialização das ocupações, que melhora qualitativa e quantitativamente o desempenho do trabalhador. Portanto, esse protestantismo mostra que possui um caráter metódico e sistemático, que é demandado pelo ascetismo mundano. A utilidade de uma profissão e a benevolência que esta possui aos olhos de Deus, é medida em termos morais e na importânciados bens produzidos. Sendo assim, a riqueza só é ruim se levar o homem ao ócio, deixando de seguir seu dever concedido por Deus. Essa moralidade desse tipo protestantismo é vinda do velho testamento, que é marcado por uma forte rigidez que penetrou o caráter do povo. Quanto maior as posses, maior deveria ser o esforço para mantê-las intactas para a glória de Deus, e sempre deveria buscar aumenta-las, por meio de um esforço incansável. Sobre essa riqueza privada, o protestantismo condenou a avareza impulsiva e a desonestidade. A medida que essa perspectiva puritana se estendeu, ela favoreceu o desenvolvimento de uma vida racional econômica burguesa, ela estava no berço do homem econômico moderno a partir de suas influências. Dessa forma, o homem de negócios burguês era visivelmente abençoado por Deus e deveria permanecer na plenitude da graça do mesmo, cumprindo sua vocação e o propósito de vida desejado por Deus. Sendo assim, a conduta racional é um dos elementos fundamentais do espírito do moderno capitalismo e de toda sua cultura moderna, que é baseada na ideia de vocação e nasceu do espírito do ascetismo cristão.