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Fibro Edema Gelóide: Etiopatogenia e Avaliação

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XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
1
 
 
FIBRO EDEMA GELÓIDE: ETIOPATOGENIA, AVALIAÇÃO E ASPECTOS 
RELEVANTES – UMA REVISÃO DE LITERATURA 
 
Viviane Araújo Pires 1, Arthur Nascimento Arrieiro 1, Murilo Xavier 1 
 
1 UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri / Departamento de Fisioterapia 
CEP: 39100-000 Fone/Fax: +55 38 3532 6000 email: vipires@hotmail.com 
 
Resumo - O fibro edema gelóide é definido como um distúrbio metabólico localizado no tecido 
subcutâneo que provoca uma alteração na forma do corpo feminino, sendo caracterizado por um estofado 
ou aparência de “casca laranja”. A causa é multifatorial não sendo possível isolar cada um desses fatores, 
que somados, contribuem para o aparecimento do distúrbio. Além de ser desagradável aos olhos do ponto 
de vista estético, tal afecção ocasiona problemas de ordem psicossocial, originados pela cobrança dos 
padrões estéticos dos dias atuais, pode, ainda, acarretar problemas álgicos nas zonas acometidas e 
diminuição das atividades funcionais. O objetivo do presente estudo foi revisar os fatores etiopatogênicos e 
os aspectos mais relevantes sobre do fibro edema gelóide. Para tanto foram selecionados artigos recentes 
e relevantes sobre o tema no banco de dados Scielo e Medline. Sendo o FEG um problema de ordem 
biopsicossocial cabe ao fisioterapeuta como um profisional de saúde abordá-lo, o aparecimento dessa 
afecção é uma conseqüência multifatorial e para que o seu tratamento obtenha bons resultados é 
necessário uma avaliação detalhada e uma atuação multicêntrica. 
 
Palavras-chave: Celulite, Fisioterapia Dermato Funcional 
Área do Conhecimento: Fisioterapia e Terapia ocupacional 
 
Introdução 
 
O termo "celulite" foi primeiro usado na 
década de 1920, para descrever uma alteração 
estética da superfície cutânea (ROSSI & 
VERGNANINI, 2000). Desde então alguns termos 
são utilizados para designá-la, na tentativa de 
adequar o nome a características 
histomorfológicas encontradas: lipodistrofia 
localizada, fibro edema gelóide, hidrolipodistrofia 
ginóide, paniculopatia edemato-fibroesclerótica e 
paniculose, lipoesclerose nodular, lipodistrofia 
ginóide. Contudo, a denominação fibro edema 
gelóide (FEG) tem-se demonstrado como o 
conceito mais adequado para descrever o quadro 
historicamente conhecido e erroneamente 
denominado de celulite (GUIRRO & GUIRRO, 
2004). 
O FEG é uma afecção bastante incidente na 
população como um todo, sendo o gênero 
feminino o mais acometido, tendo uma prevalência 
entre 85% e 98% em todas as raças. Essa 
prevalência é demonstrada após o marco da 
puberdade (AVRAM, 2004). Sabe-se que os 
distúrbios hormonais são os principais causadores 
do FEG, sendo que o estrógeno é o principal 
hormônio envolvido e é responsável pelo 
agravamento de tal afecção (GUIRRO & GUIRRO, 
2004). Com a puberdade, há o aumento das taxas 
de estrógeno, intensificando os depósitos de 
gordura principalmente na região glútea, 
contribuindo para ocorrência do quadro. Em seus 
estudos, Rosenbaum et al (1998) identificaram um 
dimorfismo sexual no tecido conjuntivo, tal como 
refletido nas características estruturais da derme, 
que é concordante com a observação clínica de 
que a maior parte das mulheres e alguns homens 
têm celulite. 
O FEG é uma alteração da topografia da pele 
que ocorre sobre a região pélvica, membros 
inferiores e abdome. É caracterizada por um 
estofado ou aparência de “casca laranja”. 
Etimologicamente, é definida como um distúrbio 
metabólico localizado no tecido subcutâneo que 
provoca uma alteração na forma do corpo feminino 
(ROSSI & VERGNANINI, 2000). Para Quatresooz 
et al (2006) as principais mudanças histológicas 
são encontradas no interior da hipoderme e 
consistem na hipertrofia ou afrouxamento do 
tecido conjuntivo separando os lóbulos de gordura. 
Apesar do FEG ser confundido ou 
relacionado com a obesidade, atualmente pode-se 
afirmar que são processos nosologicamente 
diferentes, sendo este fato fundamentado por 
observações clínicas (não é preciso ser obeso 
para possuir o quadro) e histológicas (GUIRRO & 
GUIRRO, 2004; ROSSI & VERGNANINI, 2000). 
Para Guirro & Guirro (2004) não se pode falar 
da “causa”, visto que seria impossível garantir sua 
verdadeira influência, não sendo possível isolar 
cada um desses fatores, que somados, 
contribuem para o aparecimento do distúrbio. 
O FEG, além de ser desagradável aos olhos 
do ponto de vista estético, ocasionando problemas 
de ordem psicossocial, originados pela cobrança 
dos padrões estéticos dos dias atuais, pode, 
 
XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
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ainda, acarretar problemas álgicos nas zonas 
acometidas perdas funcionais. Portanto, se de 
acordo com a Organização Mundial de Saúde, o 
indivíduo só é saudável quando possui um 
equilíbrio biopsicossocial, então o FEG já pode ser 
considerado um problema de saúde (MEYER et al, 
2005). 
Sendo o FEG uma alteração esteticamente 
indesejável dentro dos padrões da sociedade atual 
torna-se incansável a busca por novas terapias. 
Por se tratar de uma condição de origem 
multifatorial, o desenvolvimento de terapias 
efetivas depende de uma avaliação detalhada, 
objetivando a detecção de possíveis fatores que 
desencadeiem o processo. Segundo Rossi & 
Vergnanini (2000) as modalidades de tratamento 
podem ser divididas em quatro categorias: 
atenuação de fatores agravantes, utilização de 
agentes farmacológicos e métodos físicos e 
mecânicos. Dessa forma o objetivo deste estudo 
foi revisar os fatores etiopatogênicos e os 
aspectos mais relevantes sobre do FEG na 
atuação fisioterapêutica. 
 
Metodologia 
 
O presente estudo trata-se de uma revisão 
descritiva da literatura, para a qual foram 
selecionados artigos no banco de dados Scielo e 
Medline referente aos anos de 1998 a 2009. Esses 
bancos de dados foram escolhidos pelo rigor na 
classificação de seus periódicos e por serem muito 
conhecidos pelos acadêmicos e profissionais da 
área da saúde. A busca dos artigos foi feita 
através das palavras chaves: fibro edema gelóide, 
fisioterapia dermato funcional, cellulite, gynoid 
lipodystrophy, physiotherapy, dermatology, beauty. 
Foram selecionados artigos recentes e relevantes 
sobre o tema. 
 
Resultados e Discussão 
 
Foram encontrados 24 artigos no período 
proposto de 1998 a 2009, sendo utilizados 13 dos 
mesmos. Para serem incluídos os artigos 
deveriam descrever os mesmos estágios de 
evolução e graus de severidade do FEG. 
De maneira geral os fatores que 
provavelmente desencadeiam o processo de 
formação do FEG são subdivididos em três 
classes: fatores predisponentes (genética, idade, 
sexo, desequilíbrio hormonal), fatores 
determinantes (estresse, fumo e sedentarismo, 
desequilíbrios glandulares, perturbações 
metabólicas do organismo em geral, maus hábitos 
alimentares, disfunção hepática) e fatores 
condicionantes (aumento a pressão capilar, 
dificuldade da reabsorção linfática, favorecimento 
da transudação linfática nos espaços intersticiais) 
(GUIRRO & GUIRRO, 2004). 
Rossi & Vergnanini (2000) citaram ainda 
fatores hereditários que incluem: sexo; raça; 
biótipo; distribuição da gordura corporal; número, 
disposição e sensibilidade de receptores de 
hormônios nas células afetadas e suscetibilidade 
para insuficiência circulatória. O autor citou ainda 
que desordens coexistentes podem ser 
importantes, como, alterações hormonais, 
circulatórias, metabólicas, ginecológicas, 
nefróticas e gastrintestinais. 
O FEG é classificado em quatro graus ou 
estágios de acordo com a histopatologia e 
mudanças clínicas. No grau 1 (um)o paciente é 
assintomático e não há alterações clínicas, 
aparência de “casca laranja” na pele visível pelo 
teste do pinçamento ou devido à contração 
muscular. No grau 2 (dois) após a compressão da 
pele ou contração muscular há palidez, diminuição 
da temperatura e da elasticidade, não havendo 
alívio das alterações em repouso. No grau 3 (três) 
a aparência de “casca laranja” é evidente a 
descanso, sensação palpável de granulações finas 
em níveis profundos (nódulos), dor a palpação, 
palidez, diminuição da elasticidade e temperatura. 
No grau 4 (quatro) são observadas as mesmas 
características que no grau três, entretanto os 
nódulos presentes são mais palpáveis, visíveis e 
dolorosos, ocorre aderência em níveis profundos e 
observa-se aparência ondulada da superfície da 
pele (ROSSI & VERGNANINI, 2000; HEXSEL & 
MAZZUCO, 2000; GUIRRO & GUIRRO, 2004; 
MIRRASHED et al 2004; RONA, CARRERA & 
BERARDESCA, 2006). 
A classificação dos graus de severidade é 
facilitada quando se pinça com os dedos e o 
polegar, suavemente, uma área a fim de acentuar 
as depressões. No caso de áreas maiores, o 
pinçamento pode ser feito com as duas mãos, 
referindo-se ao “fenômeno de colchão” em uma 
alusão a depressão formada pelos colchões ao 
serem pinçados (RAO, GOLD & GOLDMAN, 
2005). 
Ortonne et al (2008) avaliaram várias 
características clínicas e estruturais da pele de 
mulheres com FEG grau dois, sugerindo que as 
mesmas têm impacto sobre o envelhecimento da 
pele. Além disso, a relação entre sobrepeso e a 
proporção cintura-quadril são pontos-chave para 
prevenir sua aparição. Esse estudo mostrou ainda 
um aumento da prega cutânea e espessura total 
de pele (incluindo hipoderme) de cerca de 30% na 
população de grau dois independentemente da 
idade. 
De acordo com os pesquisadores, se o FEG 
fosse influenciado pelo volume de tecido adiposo 
poderíamos afirmar que os homens e as mulheres 
com quantidades iguais de tecido adiposo na 
 
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IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
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extremidade inferior mostrariam espessuras da 
pele semelhantes, o que não ocorre. Nas 
mulheres, os depósitos de gordura estão 
localizados abaixo da pele em compartimentos 
separados por tecido conjuntivo. Quando as 
células de gordura crescem devido ao aumento 
dos depósitos de lipídios, os compartimentos 
contendo adipócitos crescem, enquanto as 
paredes do tecido conectivo permanecem iguais, 
causando a aparência característica do quadro. Já 
em homens, esse quadro raramente ocorre, uma 
vez que seus depósitos adiposos se estruturam de 
maneira diferente (PEÑA & PÉREZ, 2005). 
Segundo Mirrashed et al (2004) tem-se ainda que, 
nas mulheres, devido à parte superior do tecido 
subcutâneo ser espesso e a câmara de células 
gordurosas ser grande e radial, o sistema de 
compressão e abaulamento das câmaras de 
células gordurosas podem causar projeções e 
deformações em depressões na pele 
sobrejacente. 
Smalls et al (2006) investigaram os efeitos da 
perda de peso corporal na gravidade desta 
afecção e observaram que após o emagrecimento, 
a pele tornou-se significantemente mais 
complacente. Entretanto essas mudanças não 
tiveram um impacto sobre a gravidade do FEG 
para o grupo como um todo. Já nos sujeitos que 
apresentaram piora no quadro de FEG, os autores 
observaram um aumento significativo na flacidez 
da pele quando eles perderam peso. Os 
resultados desse estudo sugeriram que o menor 
emagrecimento, ou seja, aquele insuficiente para 
alterar a gordura subcutânea, juntamente com a 
pele menos complacente antes da perda de peso, 
estão associados a mudanças na propriedade da 
epiderme que, por sua vez, influenciam 
negativamente FEG. 
No que diz respeito à atenuação dos fatores 
agravantes é de fundamental importância 
acompanhar a dieta, realizar exercícios regulares 
e evitar o uso de contraceptivos não-hormonais. 
Além disso, é importante o controle de ansiedade 
e estresse (ROSSI & VERGNANINI, 2000). 
Atualmente existem vários métodos descritos 
na literatura para o tratamento. Apesar das 
múltiplas modalidades terapêuticas, existem, 
ainda, poucas evidências científicas de que 
qualquer um desses tratamentos é benéfico. Na 
verdade, grande parte da evidência é subjetiva ou 
baseada na auto-avaliação do paciente (AVRAM, 
2004). 
 
Conclusão 
 
A dermato funcional é a área de atuação da 
fisioterapia voltada para os tratamentos estéticos e 
que vem acabando com o empirismo da 
terapêutica, uma vez que atua na comprovação 
científica dos métodos e técnicas utilizadas para o 
tratamento de diversas patologias. Sendo o FEG 
um problema de ordem biopsicossocial cabe ao 
fisioterapeuta como um profisional de saúde 
abordá-lo. O aparecimento dessa afecção tem se 
tornado um fato preocupante, visto que é 
conseqüência de diversos fatores. Por se tratar de 
uma afecção multifatorial, para que o seu 
tratamento obtenha bons resultados é necessário 
uma avaliação detalhada e uma atuação 
multicêntrica. 
 
Referências 
 
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