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FACULDADE ESTÁCIO DE CURITIBA Curso de Direito O PAPEL DO BRASIL NO ACOLHIMENTO DOS REFUGIADOS NO TERRITÓRIO NACIONAL ABNER AUGUSTO MEIRELLES DOS SANTOS Curitiba 2019.1 ABNER AUGUSTO MEIRELLES DOS SANTOS O PAPEL DO BRASIL NO ACOLHIMENTO DOS REFUGIADOS NO TERRITÓRIO NACIONAL Artigo Científico Jurídico apresentado à Faculdade Estácio de Curitiba, Curso de Direito, como requisito parcial para conclusão da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso. Orientador: Prof. Fernando de Alvarenga Barbosa Curitiba 2019.1 1 TÍTULO DO TRABALHO Abner Augusto Meirelles dos Santos1 RESUMO Com os diversos conflitos ocorridos entre as nações, principalmente durante e após a 2ª grande guerra mundial e com as disputas internas em determinados países entorno do planeta, sejam elas motivadas por interesses religiosos, raciais, políticos, sociais ou econômicos, surge a problemática dos refugiados que, em virtude de legítimos temores de intolerância e em busca da preservação da própria vida, são obrigados a deixarem seu próprio país, constituindo assim uma massa populacional em situação de extrema vulnerabilidade vagando pelo mundo. Este artigo pretende descrever o desafio da ONU e dos seus Estados membros, incluindo o Brasil, em dar acolhimento aos refugiados no seu território com dignidade e respeito aos direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, respeitando na prática o que encontra-se positivado nos tratados internacionais e nos ordenamentos jurídicos internos das nações. Para isto, seguirá por uma metodologia qualitativa de pesquisa, baseados em bibliografias e documentos disponíveis sobre o tema. Especialmente o Brasil vive uma severa onda migratória de refugiados venezuelanos que obrigam o Estado brasileiro a tratar da problemática de maneira responsável e urgente, garantindo também os interesses do seu próprio povo. Sendo assim, a hipótese de que o amparo humanitário a estrangeiros deve se dar por meio de uma fronteira permanentemente “aberta”, necessita de uma análise argumentativa uma vez que, do outro lado, está a defesa exclusiva dos interesses dos cidadãos do país mediante o “fechamento” incondicional do território nacional. Palavras-chave: Refugiados, Brasil, direitos 1 Graduando do Curso de Direito da Faculdade Estácio de Curitiba 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................03 2. DESEVOLVIMENTO..................................................................................05 2.1 ONU E SUAS DIRETRIZES PARA O ACOLHIMENTO DOS REFUGIADOS .........................................................................................................................05 2.2. O ACOLHIMENTO DOS REFUGIADOS EM TERRITÓRIO BRASILEIRO .........................................................................................................................07 2.3. OS MOTIVOS QUE LEVAM PESSOAS DEIXAREM SEUS PAÍSES DE ORIGEM E VIREM ATÉ O BRASIL ................................................................09 2.4. OS IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA DECORRENTES DO FLUXO MIGRATÓRIO .................................................................................................10 2.5. O QUE ESPERAR DO FUTURO DO NOSSO PAÍS COM A INTEGRAÇÃO DOS REFUGIADOS EM NOSSA SOCIEDADE .............................................12 3. CONCLUSÃO ............................................................................................13 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 15 3 1.INTRODUÇÃO O pós-guerra é definido por sensíveis transformações no cenário geopolítico mundial. Além das marcas irreparáveis deixadas na humanidade pelos dois maiores conflitos que já comprometeram a existência humana no planeta até então, a partir do ano de 1945, além da polarização política evidente, continuaram a surgir conflitos regionais armados na Ásia, Oriente Médio e África por disputa territorial, tomada de poder e outras questões perdurando até os dias atuais e, passando inclusive pela América do Sul, no caso recente da Venezuela. Este cenário mundial de incertezas fez surgir uma população de seres humanos marginalizados e em extrema vulnerabilidade social, com a restrição do principal direito fundamental dos indivíduos, qual seja o direito a vida. Esta condição de exposição da pessoa humana a evidente perigo, dentro e fora do seu país de origem, incitou a comunidade internacional, através da ONU, a adotar medidas de acolhimento aos chamados refugiados com direitos humanos violados. Tais medidas foram assimiladas pela maioria dos países os quais passaram a ser signatários dos tratados internacionais sobre o tema, incluindo soluções a problemática nos seus ordenamentos jurídicos internos, a exemplo do Brasil. Assim, como ensina Flavia Piovesan (2007, p. 54), A problemática dos refugiados seja enfrentada sob a perspectiva dos direitos humanos, respeitados três momentos distintos: i) anterior ao refúgio, em que a ameaça de violação ou efetiva violação a direitos fundamentais resultam na busca de asilo; ii) quando o refugiado vê-se obrigado a abandonar o seu país de origem, devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, por pertencer a um determinado grupo social ou mesmo por opiniões políticas e iii) 4 o período do refúgio, no qual os direitos dos refugiados devem ser protegidos pelo país que os acolheu. O desafio da comunidade internacional quanto ao acolhimento dos refugiados concentra-se na aplicação de políticas públicas de inclusão social, resguardando sobre tudo o respeito a dignidade da pessoa humana destes indivíduos. Embora os direitos dos refugiados estejam positivados externa e internamente nos tratados internacionais e ordenamentos jurídicos dos Estados, na prática, os países esbarram em suas próprias questões socioeconômicas, principalmente de geração de emprego e renda aos seus cidadãos naturais, para a plena execução de um acolhimento verdadeiro e digno aos refugiados. 5 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 A ONU E SUAS DIRETRIZES PARA O ACOLHIMENTO DOS REFUGIADOS A partir da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 a qual baseia-se nas liberdades fundamentais sem qualquer distinção, a condição de refugiado passou a ser considerada como a clara violação dos direitos humanos de um indivíduo, no tocante a perseguição deste por motivo de raça, religião, nacionalidade e/ou opinião, culminando na criação do Alto Comissariado da ONU (ACNUR) em 1951 e de onde se originou o Estatuto do Refugiado, considerado a Carta Magna do instituto ao conceituar de forma universal o termo refugiado, seus direitos e deveres da seguinte maneira, Temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra forado país no qual tinha sua residência habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele. O Estatuto de 1951 é temporal e geográfico ao considerar como refugiado aquela pessoa em condição de vulnerabilidade advinda de situações anteriores a 1º de janeiro de 1951, ocorridas na Europa e principalmente por meio da 2ª grande guerra mundial. Com o surgimento de novos grupos de refugiados ao longo dos anos que se seguiram e que também careciam de acolhimento, os quais a convenção de 1951 não os incluía, no ano de 1967 a ONU passa a adotar o chamado Protocolo de 67, no qual procura remover as reservas geográficas e temporais, ampliando o alcance de uma proteção mais generalizada a outros indivíduos, principalmente, naquele momento, oriundos da África e Ásia. Observa-se a evolução constante do Direito, acompanhando a transformação dos momentos históricos da humanidade e buscando sempre regular e ordenar o convívio social, estabelecendo fundamentos para a solução de conflitos. Assim, o Direito dos Refugiados assume atualmente uma personalidade autônoma e firme, com o objetivo de provocar na sociedade internacional e nos 6 Estados, o dever de acolhimento aos povos e indivíduos ameaçados, resguardando os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana. O parágrafo primeiro, do artigo 2, do Protocolo de 67 convoca o seguinte, Os Estados Membros no presente Protocolo, comprometem-se a cooperar com o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados ou qualquer outra instituição das Nações Unidas que lhe suceder, no exercício de suas funções e, especialmente, a facilitar seu trabalho de observar a aplicação das disposições do presente Protocolo. Assim, o processo de contemporaneidade do Direito se observou uma vez mais quando, por conta do cenário latino-americano dos anos 1970 a 1980 marcado por governos ditatoriais e conflitos armados por motivações políticas, o que provocou um deslocamento de mais de 2 milhões de pessoas, nestas circunstâncias, no ano de 1984 surge a Declaração de Cartagena que passa a olhar para a fragilidade dos indivíduos da América Central, conforme o texto do terceiro parágrafo, do item II do referido documento, que diz: Reiterar que, face à experiência adquirida pela afluência em massa de refugiados na América Central, se toma necessário encarar a extensão do conceito de refugiado tendo em conta, no que é pertinente, e de acordo com as características da situação existente na região, o previsto na Convenção da OUA (artigo 1., parágrafo 2) e a doutrina utilizada nos relatórios da Comissão Interamericana dos Direitos Humanos. Deste modo, a definição ou o conceito de refugiado recomendável para sua utilização na região é o que, além de conter os elementos da Convenção de 1951 e do Protocolo de 1967, considere também como refugiados as pessoas que tenham fugido dos seus países porque a sua vida, segurança ou liberdade tenham sido ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos, a violação maciça dos direitos humanos ou outras circunstâncias que tenham perturbado gravemente a ordem pública. 7 2.2 O ACOLHIMENTO DOS REFUGIADOS EM TERRITÓRIO BRASILEIRO O governo brasileiro não fora signatário da Declaração de Cartagena, o que não o impediu de alinhar-se a definição ampliada do tema refugiados por este documento, reforçando o país como um referencial no mundo quanto a acolhida e o respeito aos direitos humanos das pessoas em situação de vulnerabilidade. A despeito de correntes de pensamento defendidas por alguns países onde o refúgio é considerado um problema de ordem pública, condicionando a este o acolhimento ou não, e a restrição da entrada de estrangeiros pelo Estado, a exemplo do que atualmente se observa em alguns países europeus e nos Estados Unidos, o Brasil tem procurado manter-se altruísta quanto ao assunto mesmo frente as suas próprias mazelas internas não resolvidas, de ordem social, política e econômica. Isto se observa quando verifica-se o ordenamento jurídico brasileiro que conta com duas bases legais, que são a Constituição da República de 1988 e a Lei 9.474/97 que, positiva dentre outras questões, a criação do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE) e, no seu artigo 7, o seguinte, O estrangeiro que chegar ao território nacional poderá expressar sua vontade de solicitar reconhecimento como refugiado a qualquer autoridade migratória que se encontre na fronteira, a qual lhe proporcionará as informações necessárias quanto ao procedimento cabível. Como comentam Carlet e Milesi (2006, p. 134), [...] A Lei 9.474/97, além de ser um avanço na internalização do Direito Internacional dos Refugiados, constituiu-se também numa política pública de amplo significado nesta causa. Com o amadurecimento da temática e o debate sobre a importância do acesso dos refugiados à educação, ao trabalho, à saúde, à moradia, 8 ao lazer, o Brasil vem reconhecendo, em termos legais e teóricos, a necessidade de implementação de políticas públicas específicas e a possibilidade de acesso dos refugiados às políticas existentes, ao amparo, como já dissemos, da disposição constitucional de tratamento paritário entre nacionais e estrangeiros residentes no país [...]. Historicamente, traçando uma linha do tempo com os principais acontecimentos verifica-se que, entre os anos de 1992 e 1994, por volta de 1.200 angolanos foram acolhidos como refugiados pelo Centro de Acolhida para Refugiados (CASP). De lá para cá, deram entrada no Brasil indivíduos de diversas nacionalidades, dentre elas haitianos, moçambicanos, congoleses, colombianos, sérvios e, atualmente, sírios e venezuelanos, sendo que estes últimos merecem especial destaque. A Venezuela passa por uma crítica crise institucional, social e econômica, forçando seus cidadãos a abandonarem o país em busca de condições mínimas de sobrevivência, de respeito aos direitos humanos e de suas liberdades individuais. Assim, países com fronteira seca são os principais alvos de migração desta população fragilizada. Naturalmente, o estado brasileiro de Roraima se vê as voltas com a problemática de acolher com dignidade, sob a égide dos tratados internacionais dos quais o Brasil faz parte e da própria legislação para refugiados do país, cerca de 800 venezuelanos que diariamente atravessam a fronteira para o lado brasileiro. Segundo dados do governo federal, mais de 40.000 venezuelanos encontram-se abrigados em território brasileiro. Inicialmente, os refugiados têm sido recebidos na fronteira por uma junta composta de militares brasileiros, funcionários do CONARE e de representantes da ACNUR no Brasil, os quais distribuem alimentação, assistência médica e abrigo as pessoas e suas famílias. Não obstante aos esforços do Estado ao acolhimento, o aumento substancial desta população, em particular nas ruas da capital Boa Vista, tem gerado de certa forma um desequilíbrio social enquanto vários venezuelanos saem a perambular pedindo comida, a procura de emprego e de qualquer ajuda. 9 2.3 OS MOTIVOS QUE LEVAM PESSOAS DEIXAREM SEUS PAÍSES DE ORIGEM E VIREM ATÉ O BRASIL Os motivos que levam um cidadão deixar o seu país de origem para suplicar um lugar no Brasil podem ser diversos, assim como em qualquer outro país do Mundo. Em nosso país o maior número de refugiados vem ou veio de países como Venezuela, Haiti e Síria, locais com uma crise política ou social extremamente grave. São inúmeroscasos de pessoas que deixam sua terra, apesar de terem bens, serem graduados, mas que pela insegurança e até mesmo risco de vida preferem recomeçar aqui no Brasil. É interessante analisar o porquê da escolha do nosso país por esses cidadãos para se abrigar, os venezuelanos por exemplo são vizinhos do nosso território o que torna a vinda para o estado brasileiro mais cômoda e uma opção teoricamente mais segura. Haitianos e Sírios já percorrem um pouco mais até chegar aqui, mas por termos fama de uma nação acolhedora e de um bom lugar para se viver, eles então buscam em nosso território a paz que em seus países não existe. Nenhum refugiado deixa sua terra porque quer, ele é obrigado a deixá-la tendo em vista todos os riscos para sua própria vida, e como é definido pelo dicionário em uma de suas definições, o refugiado só quer abrigo. O assunto é extremamente delicado, os sírios por exemplo viram uma guerra estourar em meados de 2011, aonde mais de 240 mil pessoas morreram, sendo que aqueles que ficaram na Síria mais de 60% vive em situação de pobreza, fato que levou mais de 7 milhões de sírios deixarem seus lares, sua vida para atrás em busca de abrigo, paz, um lugar aonde pudesse viver normalmente. Esses milhões de refugiados sírios causaram uma onda migratória para o continente europeu, países asiáticos e até lugares mais longes como o Brasil, ocasionando a esses países acolhedores um aumento no seu número populacional, bem como um impacto na economia. 10 2.4 OS IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA DECORRENTES DO FLUXO MIGRATÓRIO Devido ao fluxo migratório dos refugiados em busca de um lugar para se abrigar, os países que os recebem, neste caso o Brasil, sofrem um impacto econômico que não pode ser evitado e ao mesmo tempo não é previsto, tendo em vista que as causas de migração fogem do controle do estado brasileiro. Receber essas pessoas é um dever da nação, mas é algo que não é de graça, no momento em que chegam esses cidadãos, necessitam de alimentação, moradia, auxílio médico e em um curto espaço de tempo um emprego para conseguir sustentar suas famílias, estando elas aqui no Brasil ou mesmo enviando recursos para aqueles que ficaram em situações de risco em seu país de origem. É informação notória para todos que o Brasil vive uma situação em que há em torno de mais de 10 milhões de desempregados, então a primeira vista recepcionar mais pessoas para inflar ainda mais o mercado não parece ser boa ideia, e em certo ponto essa informação é correta. Porém se analisarmos mais fundo essa situação e esse impacto veremos que o país pode lucrar com essa situação, afinal como mencionado antes existem pessoas graduadas, médicos, advogados, engenheiros, que por ter uma cultura diferente podem agregar com suas ideias e inovações que podemos não ter, e isso foge da questão desses cidadãos talvez não puderem exercer suas profissões aqui, afinal nosso mercado é inflado, mas essas pessoas vem com o intuito de seguir sua vida e garantido os direitos de cada um, eles podem ser uteis em nossa sociedade. Vimos anteriormente nesse mesmo trabalho, que a situação de diversos venezuelanos que cruzam a fronteira ainda é caótica mesmo no nosso país, isso é uma vergonha diante do ordenamento jurídico sólido que temos e que prevê o acolhimento dessas pessoas, quando mais tempo demorarmos para ajudar e auxiliar essas pessoas, pior é para nosso país, que ao invés de ser exemplo no papel do acolhimento se torna manchete pelas situações erradas. Essas pessoas só querem uma oportunidade e uma vida melhor para suas famílias, cabe a nós auxiliar e garantir esse direito de cada um. 11 Infelizmente muitos dos cidadãos em nosso país possuem uma certa resistência a esse grupo de pessoas, julgando-os de aproveitadores, acomodados, porém isso é errado, claro que dentro de um grupo teremos exemplos bons e ruins, assim como em nossa sociedade como um todo, temos a grande parcela de trabalhadores honestos e que querem prover o sustento das suas famílias e uma pequena parcela que é ruim, que é aproveitadora. Esse preconceito criado não pode existir, não pode ser levado à frente, devemos apoiá-los e ajuda-los em sua integração, para que os mesmos possam nos auxiliar em busca de uma sociedade cada vez melhor para nós mesmos. 12 2.5. O QUE ESPERAR DO FUTURO DO NOSSO PAÍS COM A INTEGRAÇÃO DOS REFUGIADOS EM NOSSA SOCIEDADE É notório após adentrar mais o assunto que o o nosso país poderia se utilizar da vinda dessas pessoas para benefício próprio, gerando mais mão-de- obra, adquirindo novos pensamentos, novas ideias e ao mesmo tempo assegurando à essas pessoas seus direitos fundamentais como a vida, educação, algo que os mesmos já haviam perdido em seu país de origem. Conforme estudamos anteriormente nesse mesmo artigo, a Lei 9.474/97 protege esse grupo da sociedade em nosso país, e ainda fortalecido pelos direitos fundamentais previstos em nossa Constituição Federal, se torna um dever do Brasil de garantir e prover esses direitos para que os refugiados consigam viver normalmente, produzindo e se mantendo em nosso território. Um país que garanta a seus novos integrantes os direitos necessários e ainda dê o suporte para que os mesmos possam recomeçar as suas vidas de maneira digna e honesta, fortalece a si próprio. Melhorando a economia e a sociedade em si, deixando para trás preconceitos e desconfianças. Vivemos em um mundo extremamente globalizado, aonde ignorar e não utilizar uma nova mão de obra com qualidades diferentes das que já se tem no território chega a ser tolice e um atraso para o Brasil. Creio que nosso futuro seja cada mais junto com novas culturas e novos cidadãos de outros países, que o Brasil possa ser exemplo de como receber os refugiados e de como garantir a eles uma vida digna, para que assim outros refugiados venham agregar e somar ao nosso país, junto de imigrantes, todos caminhando para a direção que torne o Brasil grande e forte. É uma questão que impacta diretamente, fortalecendo a economia, dando fluxo ao mercado de trabalho, solidificando o direito no sentido de garantir a essas pessoas o melhor tratamento possível em nosso país e também educando nós mesmos a ser um povo receptivo e aberto para ajuda de outros povos. Não basta um discurso bonito, é algo que deve ser exercido em nosso dia-a-dia para que se torne então algo comum em nosso país. 13 3. CONCLUSÃO A problemática mundial dos refugiados tem aumentado nos últimos anos de maneira significativa por diversos fatores. Essas pessoas são levadas a deixar seus países, sua residências, suas profissões, suas famílias, raízes, cultura e costumes para preservarem seu bem maior, a vida. Além de uma preocupação da ONU com esses indivíduos e os seus direitos fundamentais, de uma maneira geral, Estados do mundo todo, como signatários de tratados internacionais em defesa dos direitos humanos, fomentam maneiras de acolhimento e proteção para esta população. No Brasil, contamos com uma lei específica para tratar desta problemática. A Lei 9.474/97 regula o processo para a concessão de refúgio no Brasil. Em nosso país contamos ainda com diversas organizações não governamentais que trabalham com a acolhida humanitária destes refugiados, se esforçando para tornar este processo menos traumático e doloroso para esta população. A despeito das adversidades econômicas do seu povo, a hipótese de um fechamento das fronteiras brasileiras para qualquer refugiado deveser de pronto refutada, sob pena do Estado brasileiro subverter as próprias leis que versam sobre a problemática, além de se expor a possíveis sanções internacionais. Verifica-se que o país procurou ambientar o seu ordenamento jurídico as questões humanitárias e de refúgio internacionais. Espera-se que o acolhimento aos refugiados, na prática, em solo brasileiro, possa ser realmente baseado nos princípios de solidariedade e fraternidade entre os povos, alcançando o respeito a dignidade humana, porém não esquecendo da sua população nativa. Que essa união e esse acolhimento possa ser benéfico para ambos os lados, como abordado no corpo do trabalho, essas pessoas não querem nada mais que abrigo e uma oportunidade de começar suas vidas novamente, deixando para trás todo o sofrimento que um dia lhe foram causados em seus países de origem. Devemos dar o exemplo, para que possamos crescer como nação e para ser uma referência no assunto de acolhimento de povos de lugares em guerra, com perseguição. 14 Somos um país formado pela união de diversos povos, indígenas, africanos, europeus, asiáticos, está em nosso sangue essa união, não se pode deixar que a desconfiança e o medo de agregar os refugiados em nosso meio nos atrase e nos faça ir contra nossos próprios valores. Fica claro com o presente estudo que o Brasil tem condições jurídicas de prover os direitos para cada refugiado que venha pedir acolhimento em nosso país, bem como temos totais condições de estar auxiliando e ajudando em uma recomeço para cada um desses cidadãos. 15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACNUR. Manual de procedimentos e critérios a aplicar para determinar o Estatuto de Refugiado – de acordo com a Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967 relativos ao Estatuto dos Refugiados. Genebra, 1992. 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