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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS LETICIA DE CARVALHO VIEIRA PALOMA MACHADO SAMANTHA AGUIAR SARAH PANDOLPHO SANTICHOLI VINICIUS GODOI CIPELLI CALORIMETRIA CAPACIDADE TÉRMICA DO CALORÍMETRO E CALOR ESPECÍFICO DA ÁGUA POÇOS DE CALDAS 2017 2 1. RESUMO A calorimetria estuda os fenômenos que envolvem calor e temperatura, como os conceitos de calor específico e capacidade térmica. Com o intuito de determina-los, foi feito um experimento no qual foram medidas as variações de temperatura a cada minuto por 12 minutos, durante o processo de aquecimento de duas massas de água em um calorímetro elétrico. Através de um sistema linear de duas incógnitas, obteve- se o calor específico da água e a capacidade térmica do calorímetro, 3833 J/kg.ºC e 167,8 J/ºC, respectivamente. 3 2. INTRODUÇÃO Calor é uma forma de energia em trânsito, ou seja, é a transferência da energia térmica entre corpos de diferentes temperaturas. Dentro de seu estudo, são partes importantes a determinação da capacidade térmica e do calor específico dos corpos. (SILVA, 2017) O calor específico depende somente da substância, não da quantidade de massa, pois ele é definido como a quantidade de calor necessária para elevar uma unidade de massa em um grau Celsius. A capacidade térmica é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura do corpo em uma unidade de variação de temperatura. Ela é proporcional à massa e ao calor específico da substância que compõem o corpo. (GONÇALVES, 2017) No procedimento experimental, foram utilizadas duas massas distintas de água e coletadas, em cada uma delas, uma medida de temperatura por minuto, durante 12 minutos, em um calorímetro elétrico. 4 3. OBJETIVO Por meio das equações das retas de temperatura em função do tempo, os coeficientes (angulares e lineares) foram utilizados para calcular o calor especifico da água e a capacidade térmica do calorímetro com suas respectivas incertezas. 5 4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1 CALORIMETRIA Temperatura é uma grandeza física relacionada ao grau de agitação das moléculas que compõem um corpo, enquanto calor (Q) é a transferência da energia térmica entre corpos de diferentes temperaturas. O ramo da física que estuda os fenômenos relacionados ao calor e a temperatura é denominado Calorimetria. (CALORIMETRIA... 2017) Quando dois corpos em diferentes temperaturas entram em contato, o corpo mais quente cede energia para o mais frio, atingindo assim a mesma temperatura, ou seja, o equilíbrio térmico. (SILVA, 2017) 4.1.1 CALOR LATENTE A quantidade de calor cedida ou recebida por um corpo a uma temperatura constante, quando houver mudança de estado físico, é chamado de calor latente (L). No Sistema Internacional (SI), sua unidade de medida é J/kg (Joule/quilograma). (CALORIMETRIA... 2017) Para calcular a quantidade de calor latente, utiliza-se a equação (1). 𝑄 = 𝑚. 𝐿 Onde, Q = quantidade de calor; m = massa; L = calor latente. 4.1.2 CALOR ESPECÍFICO O calor específico (c) está relacionado com a quantidade de calor recebido e a variação térmica de um corpo, dependendo do material do qual é constituído. A quantidade de calor a ser fornecida para elevar em 1ºC a temperatura de 1g de substância denomina-se calor específico. (JÚNIOR, 2017) No Sistema Internacional (SI), c é medido em J/kg.K (Joule/quilograma.Kelvin), e expresso pela equação (2). 𝑄 = 𝑚. 𝑐. ∆𝑇 (1) (2) 6 Onde, c = calor específico; ∆T = variação de temperatura. 4.1.3 CAPACIDADE TÉRMICA A capacidade térmica (C) determina a quantidade calor que um corpo precisa receber para alterar sua temperatura em uma unidade. Cada corpo comporta-se de forma diferente ao receber uma determinada quantidade de calor. Pode-se concluir que a capacidade térmica é proporcional à massa dos corpos. Essa proporcionalidade é definida pelo produto do calor específico com a massa de uma substância, sendo expresso matematicamente pela equação (3). A unidade de medida da capacidade térmica no Sistema Internacional é calorias por grau Celsius (cal/ºC). (MENDES, 2017) 𝐶 = 𝑐. 𝑚 4.1.4 CALORÍMETRO Um calorímetro é um dispositivo que possui paredes isolantes (adiabáticas), ou seja, que não trocam calor com o sistema isolado em seu interior e com o meio externo. Ele é utilizado para estudar as trocas de calor entre corpos que possuem diferentes temperaturas, sendo constituído basicamente de um recipiente de paredes finas que é envolvido por outro recipiente fechado de paredes mais grossas e isolantes. O calorímetro evita a entrada ou saída de calor assim como na garrafa térmica, por exemplo. (AUGUSTO, 2017) Quando se coloca corpos com temperaturas diferentes no interior do calorímetro, o calor cedido pelos corpos com maior temperatura (Q) será igual ao calor ganho pelos corpos com menor temperatura (Q𝑎), menos o calor dissipado pelo sistema ao meio ambiente (Q𝑡). Q pode ser obtido através da equação (4). (SANTOS, 2017) 𝑄 = 𝑄𝑎 − 𝑄𝑡 O ideal seria que Q𝑡 fosse igual a zero (praticamente impossível), portanto a energia dissipada pelo resistor será igual a energia absorvida pelo sistema. (3) (4) 7 O calorímetro elétrico possui as mesmas características de um calorímetro simples, a diferença entre eles é que o elétrico apresenta um resistor. A energia dissipada pelo resistor será igual a energia dissipada pelo efeito joule (dissipação de calor, que ocorre quando há passagem de correte elétrica). (GROSSI, 2017) 4.1.5 POTÊNCIA A potência pode ser definida como a variação da energia elétrica liberada em um certo intervalo de tempo (equação (5)). 𝑃 = ∆𝐸𝑒𝑙 ∆𝑡 Onde, ∆𝐸𝑒𝑙 = variação da energia elétrica; ∆𝑡 = variação do tempo. A energia elétrica é o trabalho realizado entre duas ou mais partículas de um campo elétrico, ou seja, é o produto da variação de carga (∆𝑞) pela tensão elétrica (𝑈) (equação (6)). ∆𝐸𝑒𝑙 = ∆𝑞. 𝑈 Substituindo a equação (6) em (5), obteve-se a equação (7). 𝑃 = ∆𝑞. 𝑈 ∆𝑡 Sabendo que a corrente elétrica (𝐼) é dada pela equação (8), reduz-se a equação (7) em (9). 𝐼 = ∆𝑞 ∆𝑡 𝑃 = 𝑈. 𝐼 Isolando 𝐼 na primeira lei de Ohm, chega-se a equação (10). (5) (6) (7) (9) (8) 8 𝐼 = 𝑈 𝑅 Onde, 𝑅 = resistência elétrica. Substituindo a equação (10) em (9), foi obtida a equação (11). (ESTEVÃO, 2017) 𝑃 = 𝑈2 𝑅 Para obter a energia elétrica, isola-se a mesma na equação (5) chegando em (12). Sabendo que a energia elétrica é a soma do calor da água com o do calorímetro, substitui-se os calores na equação (12) gerando (13). ∆𝐸𝑒𝑙 = 𝑃. ∆𝑡 (𝑚. 𝑐. ∆𝑇) + (𝐶. ∆𝑇) = 𝑃. ∆𝑡 Por fim, isolando a variação de temperatura (∆𝑇) na equação (13) obteve-se (14). ∆𝑇 = 𝑃. ∆𝑡 𝑚. 𝑐 + 𝐶 (10) (11) (13) (12) (14) 9 5 MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 MATERIAIS • Calorímetro elétrico; • Água; • Balança; • Termômetro; • Cronômetro; • Multímetro; • Fonte de tensão contínua. 5.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Inicialmente, foi pesada na balança aproximadamente 120g de água, e colocada dentro de um calorímetro elétrico, onde foi utilizado o agitador para alcançar o equilíbrio térmico e então, foi anotada a temperatura inicial do sistema. Posteriormente, ligou-sea fonte de tensão sem conectar a resistência, e o valor da tensão foi ajustado em 5V, permanecendo fixo até o final do experimento. Ao ligar a fonte de alimentação, simultaneamente o cronometro foi acionado e a cada minuto realizou-se uma medida de temperatura, totalizando 12 medições, movimentando continuamente o agitador do calorímetro para manter a temperatura da água homogênea. O experimento acima foi repetido para uma massa de aproximadamente 150g de água. 10 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES Em laboratório, foi previamente obtido o valor da resistência (R) do calorímetro elétrico, através do uso do multímetro e sua incerteza pela equação (15), os valores encontram-se na tabela 1. 𝜎𝑅 = ±(1,0%. 𝑅 + 5. 10 −1) Tabela 1 – Valor da resistência e incerteza R (Ω) Incerteza de R(Ω) 2,6 ±0,526 Em seguida, foi ajustado o valor da tensão (U) em 5V, e calculada sua incerteza utilizando a equação (16), seguem os valores na tabela 2. 𝜎𝑈 = ±(0,05%. 𝑈 + 5. 10 −3) Tabela 2 – Valor da tensão e incerteza U (V) Incerteza de U(V) 5 ±0,0075 Foram pesadas duas massas de água e medidas suas temperaturas a cada um minuto durante 12 minutos, com o auxílio de um termômetro. Na tabela 3, apresentam- se os valores das massas e incertezas dos dois experimentos. Tabela 3 – Massas e Incertezas Experimento Massa(g) Incerteza (g) 1º 120,55 ±0,01 2º 150,22 ±0,01 Realizado o tratamento de dados para o cálculo das incertezas do tempo e temperatura, só pode ser levada em consideração a incerteza sistemática, ou seja, as incertezas dos equipamentos, no caso da temperatura, o termômetro e do tempo, o cronômetro. Os valores das temperaturas e dos tempos do primeiro e segundo experimento, assim como as suas incertezas, encontram-se na tabela 4 e 5 respectivamente. (15) (16) 11 Tabela 4 – Correlação entre temperatura e tempo e suas incertezas no primeiro experimento Tempo (s) Incerteza tempo (s) Temperatura (oC) Incerteza temperatura (oC) 0 ±0,01 22,0 ±0,1 60 ±0,01 22,9 ±0,1 120 ±0,01 23,9 ±0,1 180 ±0,01 24,8 ±0,1 240 ±0,01 25,7 ±0,1 300 ±0,01 26,7 ±0,1 360 ±0,01 27,6 ±0,1 420 ±0,01 28,5 ±0,1 480 ±0,01 29,4 ±0,1 540 ±0,01 30,4 ±0,1 600 ±0,01 31,3 ±0,1 660 ±0,01 32,1 ±0,1 720 ±0,01 32,9 ±0,1 Tabela 5 - Correlação entre temperatura e tempo e suas incertezas no segundo experimento Tempo (s) Incerteza tempo (s) Temperatura (oC) Incerteza temperatura (oC) 0 ±0,01 21,8 ±0,1 60 ±0,01 22,6 ±0,1 120 ±0,01 23,3 ±0,1 180 ±0,01 24,1 ±0,1 240 ±0,01 25,0 ±0,1 300 ±0,01 25,8 ±0,1 360 ±0,01 26,5 ±0,1 420 ±0,01 27,2 ±0,1 480 ±0,01 28,0 ±0,1 540 ±0,01 28,9 ±0,1 600 ±0,01 29,5 ±0,1 660 ±0,01 30,3 ±0,1 720 ±0,01 31,1 ±0,1 Após o experimento, foi calculado a potência e sua incerteza, pelas equações (11) e (17), respectivamente. A tabela 6 apresenta os valores obtidos. 𝜎𝑃 = √( 𝜕𝑃 𝜕𝑈 . 𝜎𝑈) 2 + ( 𝜕𝑃 𝜕𝑅 . 𝜎𝑅) 2 (17) 12 Tabela 6 – Potência e sua Incerteza Potencia (W) Incerteza (W) 9,615 ± 1,945 Foi efetuado o cálculo da energia elétrica e sua incerteza através da equação (12) e (18), respectivamente. A tabela 7 apresenta seus valores. 𝜎∆𝐸𝑒𝑙 = √( 𝜕∆𝐸𝑒𝑙 𝜕𝑃 . 𝜎𝑃) 2 + ( 𝜕∆𝐸𝑒𝑙 𝜕∆𝑡 . 𝜎∆𝑡) 2 Tabela 7 – Energia elétrica e sua Incerteza Energia (J) Incerteza energia elétrica (J) 6926,4 ± 1,40x103 Com os dados obtidos dos dois experimentos, construiu-se os gráficos (1) e (2) da variação de temperatura em função do tempo. Gráfico 1 – Temperatura x Tempo do experimento 1 y = 0,0153x + 22,048 R² = 0,9996 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 0 100 200 300 400 500 600 700 800 T e m p e ra tu ra Tempo Temperatura xTempo- Experimento 1 (18) 13 Gráfico 2 – Temperatura x Tempo do experimento 2 Ao gerar os gráficos, obteve-se as equações das retas e seus coeficientes angulares e lineares, apresentados na tabela 8. A incerteza da variação de temperatura pelo tempo é tão pequena, que se torna insignificante apresenta-la no gráfico. Tabela 8 – Coeficientes angulares e lineares Experimento Coeficiente angular (a) Coeficiente linear (b) 1º 0,0153 22,048 2º 0,0129 21,824 Sabendo que ∆𝑇 é a temperatura final menos a inicial, isolou-se 𝑇𝑓 e obteve-se a equação (19). 𝑇𝑓 = 𝑃. ∆𝑡 𝑚. 𝑐 + 𝐶 + 𝑇0 Considerando a equação (19) como uma equação da reta, pode-se afirmar que o coeficiente angular equivale a equação (20) e os coeficientes lineares (b) são as temperaturas iniciais de cada experimento. 𝑎 = 𝑃 𝑚. 𝑐 + 𝐶 y = 0,0129x + 21,824 R² = 0,9996 0 5 10 15 20 25 30 35 0 100 200 300 400 500 600 700 800 T e m p e ra tu ra Tempo Temperatura x Tempo - Experimento 2 (19) (20) 14 Utilizando a equação (20), os coeficientes angulares (a) foram utilizados para calcular a capacidade do calorímetro (C) e o calor específico (c) da água, por meio de um sistema linear com duas equações e duas incógnitas. Seguem os valores na tabela 9. Tabela 9 – Valores da capacidade térmica e calor específico com suas incertezas C (J/0C) Incerteza de C (J/ºC) c (J/kg.oC) Incerteza de c (J/kg.ºC) 167,8 0,1 3833,3 0,1 Como o calorímetro utilizado não é o ideal, não isolando completamente o sistema, permite a troca de calor com o meio externo, fazendo com que a capacidade térmica seja diferente de 0, e que o calor específico da água não se iguale ao da literatura (4190 J/kg.ºC). (YOUNG; FREEDMAN, 2008) 15 7. CONCLUSÃO Um sistema adiabático é aquele que não permite a troca de calor com o ambiente externo. O calorímetro utilizado no experimento não pode ser considerado adiabático, pois os materias que o constituem participam da troca de calor no sistema. Com isso, os valores da capacidade térmica (167,8 J/ºC) e do calor específico (3833,3 J/kg.ºC) foram diferentes da literatura, mostra-se então que o experimento foi prejudicado por estes fatores. Observou-se que quanto maior a massa de água menor a temperatura em um determinado tempo, pois analisando a equação (2), nota-se que a massa e a variação de temperatura são inversamente proporcionais. 16 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUGUSTO, Nathan. Calorímetro e as Trocas de Calor. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/fisica/calorimetro-as-trocas-calor.htm>. Acesso em: 27 nov. 2017. CALORIMETRIA I. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/calorimetria/>. Acesso em: 14 nov. 2017. ESTEVÃO, Vanks. Potência Elétrica. Disponível em: <http://www.efeitojoule.com/2010/06/potencia-eletrica-potencia-eletrica.html>. Acesso em: 04 dez. 2017. GONÇALVES, Leila J.. Calor. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/cref/leila/calor.htm>. Acesso em: 04 dez. 2017. GROSSI, Lara Jardim. Calorimetria. Poços de Caldas: Lara Jardim Grossi, 2017. Color. MENDES, Mariane. Capacidade Térmica. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/fisica/capacidade-termica.htm>. Acesso em: 27 nov. 2017. SANTOS, Marco Aurélio da Silva. Calorímetro. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/calorimetro.htm>. Acesso em: 27 nov. 2017. SILVA, Domiciano Correa Marques da. Calorimetria I. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/fisica/calorimetria-i.htm>. Acesso em: 14 nov. 2017. SILVA JÚNIOR, JoabSilas da. Calor específico. Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/calor-especifico.htm>. Acesso em: 27 nov. 2017. YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A.. Física 2 Termodinâmica e ondas. 12. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008.
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