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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ CAMPO GRANDE - FESCG CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL FILIPE MILLER GALVÃO PINTO JONATHAS SANTOS DE OLIVEIRA VITOR PIZZATTO OBRAS HIDRÁULICAS BARRAGENS Campo Grande – MS 2019 1. INTRODUÇÃO As barragens foram, desde o início da civilização, fundamentais ao desenvolvimento da espécie humana. A sua construção visava sobretudo a combater a escassez de água no período seco de forma mais ou menos empírica. Em nível mundial, algumas das barragens mais antigas de que há conhecimento situavam-se, por exemplo, no Egito, Médio Oriente e Índia. Na Índia, apareceram barragens de aterro de perfil homogêneo com descarregadores de cheias para evitar acidentes provocados pelo galgamento das barragens. Com a Revolução Industrial, houve a necessidade de se construir um crescente número de barragens, o que permitiu o progressivo aperfeiçoamento das técnicas de projeto e construção. Apareceram, então, as primeiras barragens de aterro modernas, assim como as barragens de betão. A mais antiga barragem que se tem notícia em território brasileiro foi construída onde hoje é área urbana do Recife, PE, possivelmente no final do Século XVI, antes mesmo da invasão holandesa. Conhecida presentemente como açude Apipucos, aparece em um mapa holandês de 1577. Apipucos na língua tupi significa onde os caminhos se encontram. A barragem original foi alargada e reforçada para permitir a construção de uma importante via de acesso ao centro do Recife. 1.1. OBJETIVO Objetivo do trabalho é mostrar alguns tipos de barragens, como são feitas e suas finalidades. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. O QUE SÃO? COMO SÃO FEITAS? Uma barragem, é uma barreira artificial, feita em cursos de água para a retenção de grandes quantidades de água. A sua utilização é sobretudo para o abastecimento de água de zonas residenciais, agrícolas, industriais, produção de energia elétrica (energia hidráulica), ou regularização de um caudal. As barragens são feitas de forma a acumularem o máximo de água possível, tanto através da chuva como também pela captação da água caudal do rio existente. Construídas principalmente para abastecimento de água em zonas residenciais, agrícolas, indústrias, produção de energia elétrica 2.2. FINALIDADES Existem vários motivos para a construção de uma barragem: Controle de cheias – devido à ocupação humana e à degradação da bacia às vezes hà há necessidade de reter temporariamente grandes volumes de água para evitar inundações. Rejeitos ou minerações – estas barragens servem para conter as águas provenientes das minerações, afim de evitar que as substâncias químicas invadam os mananciais. Correção torrencial – embora de pequeno porte destinam-se a mudar o regime do rio, diminuindo sua velocidade que é causadora de erosões. Conservação de água – destinam-se a armazenar as águas pluviais ficando com uma reserva apta para qualquer período de carência de água. Elementos de uma barragem: Paramentos ou Barramentos – as superfícies mais ou menos verticais que limitam o corpo da barragem: o paramento de montante, em contato com a água, e o paramento de jusante. Coroamento – a superfície que delimita superiormente o corpo da barragem. Encontros – as superfícies laterais de contato com as margens do rio. Fundação – a superfície inferior de contato com o fundo do rio. Descarregador de cheia ou Vertedouro – o órgão hidráulico para descarga da água em excesso na albufeira em período de cheia, em caso de atingir a cota máxima do reservatório Tomadas de água – os órgãos hidráulicos de extração de água da albufeira para utilização. Descarregador de fundo – o órgão hidráulico para esvaziamento da albufeira ou manutenção do caudal ecológico a jusante da barragem. Eclusas ou Comportas – órgão hidráulico que regula a entrada e saída de água entre a montante e a jusante da barragem e permite à navegação fluvial vencer o desnível imposto pela barragem. Escada de peixes – órgão hidráulico que permite aos peixes vencer o desnível imposto pela barragem. 2.3. TIPOS DE BARRAGENS 2.3.1. Barragem de terra São aquelas em que a estrutura é fundamentalmente constituída por solo. Divide-se em dois tipos: homogênea, quando há predominância de um único material (embora possam ocorrer elementos como filtros, rip rap, etc.), e zonadas, nas quais são feitos zoneamentos de materiais terrosos em função das características de permeabilidade. 2.3.2. Barragem de Enrocamento Consiste em um maciço formado por fragmentos de rocha compactados em camadas cujo peso e imbricação cria a estabilidade do corpo submetido ao impulso hidrostático. Podem ter o núcleo impermeável, feito com predominância de material rochoso e núcleo argiloso que veda a passagem de água, ou ter face impermeável, cuja vedação da água é garantida pela impermeabilização da face montante da barragem com uma camada de asfalto, chapa de aço ou outro material. 2.3.3. Barragem de Concreto Construídas essencialmente com materiais granulares produzidos artificialmente aos quais se adicionam cimento e aditivos químicos, são divididas em cinco tipos diferentes: – Gravidade: barragens maciças de concreto com pouca armação; – Gravidade Aliviada: tem estrutura mais leve e é desenvolvida com o objetivo de imprimir menor pressão às fundações ou economizar concreto; – Em contraforte: ainda mais leve que a barragem de Gravidade Aliviada, concentra em uma pequena área da fundação os esforços causados pela pressão hidrostática; – De concreto rolado ou compactado: é uma barragem de gravidade em que o concreto é espalhado com trator de esteira e depois compactado; – Abóbada: são aquelas cujas curvaturas ocorrem em duplo sentido, ou seja, na horizontal e na vertical. Parte das pressões hidráulicas é transmitida às ombreiras por estes arcos. 2.3.4. Barragem Mista Constituída por diferentes materiais ao longo de uma seção transversal, normalmente com três tipos mais conhecidos: terra/enrocamento, enrocamento/concreto e terra/concreto. 2.3.5. Barragem de Gabião É uma obra de pequeno porte, normalmente inferior a 10m de altura, projetada para ser parcial ou totalmente vertedoura. 2.3.6. Barragem de Madeira Exige madeira de boa qualidade e deve ser revestida com uma chapa de aço para garantir a vedação. 2.3.7. Barragem de alvenaria de pedra É uma variação da barragem de gravidade, na qual o concreto é substituído pela alvenaria de pedra rejuntada manualmente com cimento. 2.4. MODELOS DE BARRAGEM – MARIANA E BRUMADINHO Atualmente, há três principais modelos de barragens de mineração no Brasil. Das opções à disposição, a adotada pela Vale em Mariana e Brumadinho, no estado de Minas Gerais, era a mais barata e menos segura, segundo especialistas. Na noite desta terça-feira (29/01), o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, anunciou que a mineradora irá abandonar este modelo num processo que deve durar de um a três anos. A alternativa adotada na mina Córrego do Feijão, que se rompeu na sexta-feira (25/1/19), e na barragem de Fundão da Samarco, em Mariana, palco do maior desastre ambiental do país, é chamada de montante. No país, também existem os modelos jusante e linha de centro. Nas três opções, a base é a mesma: a mineradora constrói um dique, chamado de “dique de partida”, para reter os rejeitos gerados no processo de mineração. Com o passar dotempo, são adicionados os “alteamentos”, as novas camadas da barragem. A principal diferença entre os três modelos é a forma como essas camadas são adicionadas ao dique. 2.4.1. MONTANTE A montante é o método mais comum e, segundo especialistas, o mais barato. Nele, as novas camadas são construídas sobre o dique inicial com os rejeitos da própria operação de mineração. “É um método menos seguro que os outros dois”, diz Luis Enrique Sánchez, engenheiro especializado em minas e professor da Escola Politécnica da USP. 2.4.2. JUSANTE No método de jusante, considerado o mais caro e o mais seguro, as novas camadas não são construídas com os rejeitos da mineração. Elas são feitas a partir do material usado no dique inicial ou outras matérias-primas alternativas. Como cada alteamento é estruturalmente independente da disposição dos rejeitos, a estabilidade da estrutura aumenta. Além disso, a orientação dos novos blocos segue o mesmo sentido do fluxo de rejeitos. 2.4.3. LINHA DE CENTRO O sistema de linha de centro é considerado intermediário em termos de custo. Ele é semelhante ao de montante e também usa os rejeitos da mineração, para fazer as novas camadas da barragem. Elas, no entanto, são construídas umas sobre as outras, seguindo uma linha vertical. 2.5. MARIANA O rompimento da barragem em Mariana da mineradora Samarco, no dia 05 de Novembro de 2015, causou o maior desastre ambiental na história de Minas Gerais. As causas do rompimento da barragem da mineradora ainda estão sendo investigadas. A própria Samarco disse que não há confirmação e as investigações e estudos apontarão o que realmente aconteceu. Mas algumas prováveis causas do rompimento foram levantadas por especialistas. 2.5.1. Tremores de terras pode ter causado o rompimento da barragem? O Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) registrou quatro tremores de terra antes do rompimento da barragem em Mariana. As magnitudes foram entre 2.0 e 2.6 na escala Richter. Estes tremores somente causariam o rompimento se a barragem estivesse com problemas. Problemas estes que não foram identificados por uma auditoria feita na barragem quatro meses antes por uma empresa contratada pela própria Samarco. Além disso, segundo o diretor de fiscalização do DNPM, Walter Arcoverde, as barragens da Samarco estavam enquadradas como estruturas de baixo risco na classificação do próprio Órgão Federal. Mas ele mesmo admite falhas nos parâmetros de classificação e, a última inspeção feita nas barragens de rejeitos foi em 2012. 2.5.2. Proximidade entre pilha de estéril e a barragem de rejeitos Um laudo elaborado em 2013 pelo Instituto Prístino a pedido do Ministério Público alertou sobre os riscos do rompimento da barragem Fundão em Mariana. Este documento chama a atenção para a proximidade entre a barragem do Fundão e a pilha de estéril União. “Notam-se áreas de contato entre a pilha e a barragem. Esta situação é inadequada para o contexto de ambas as estruturas, devido à possibilidade de desestabilização do maciço da pilha e da potencialização de processos erosivos”, diz o relatório. Baseado nesse laudo, o Ministério Público recomendou para a época “a elaboração de estudos e projetos sobre os possíveis impactos do contato entre as estruturas”. E em seu parecer, o promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto sugeriu realizar uma análise em caso de ruptura da barragem, monitoramento periódico e apresentação de plano de contingência em caso de acidentes. 2.5.3. Aumento na produção A Samarco aumentou sua produção em mais de 15% no último ano, correspondendo a cerca de 25 milhões de toneladas de minério. Consequentemente os volumes de rejeitos lançados nas barragens também aumentaram. Um rompimento poderá ter acontecido caso não tenham sido feitas readequações necessárias nas barragens para receber o aumento no volume de rejeitos. 2.6. BRUMADINHO A linha de investigação da Polícia Federal (PF) para descobrir as causas da tragédia em Brumadinho, que dá ênfase ao fato de que haveria, durante muito tempo, água na parte de cima da barragem que se rompeu há 14 dias, e que esta teria se infiltrado no rejeito, contribuindo para o rompimento, tem respaldo em observações feitas por profissionais da área de mineração. O engenheiro mecânico e projetista de barragens de mineração Evandro Pereira de Oliveira, de 54 anos, reforça a tese da PF e acredita que essa foi a causa principal do desastre. As observações feitas pelo profissional se baseiam em registros fotográficos feitos desde que a barragem foi desativada, em 2015. “Fi- quei impressionado com a quantidade de água que havia na barragem, já que se tratava de um período em que já estava desativada. Além dis- so, havia muita vegetação crescendo no platô. Não poderia haver tanta água acumulada ali”, avalia. O engenheiro afirma ter percebido, também por imagem aérea, um sumidouro de água no alto da represa. “Isso significa que o platô estava recebendo a drenagem pluvial da mata a montante (acima do reservató- rio), ou seja, não havia drenagem retirando essas águas de montante da barragem. Ou, se havia, estava com problema, como um bloqueio. A bar- ragem estava recebendo essa carga d’água, e por isso ficou encharcada e fluida. Essa carga líquida aumentou com as chuvas do fim de ano e liquefez o rejeito ali depositado”, avalia o especialista. Questionada sobre as observações a respeito da aparente infiltra- ção de água na barragem que se rompeu a Vale sustenta que tudo estava dentro das normas de segurança. Segundo a companhia, a presença de dutos para drenagem é medida padrão para garantir a segurança de bar- ragens, sendo “procedimento rotineiro, utilizado mundialmente”. “No caso específico da Barragem 1, além dos já existentes, foram instalados, em 2018, drenos adicionais, como medida complementar, antes do início do processo de descomissionamento. Cabe lembrar que se tratavam de me- didas preventivas, dado que os laudos técnicos indicavam a total estabili- dade da estrutura”, informou a empresa, em nota. Sobre o acumulo de água, um sumidouro líquido no platô, junto à mata visto em fotos aéreas de 2015, 2016, 2017, 2018, a companhia informa apenas que “isso significa que o platô estava recebendo drenagem pluvial da mata a montante”, exatamente como observou o especialista. 3. CONCLUSÃO Ao fim do trabalho, pode-se concluir que a pesquisa realizada ampliou o conhecimento a respeito das barragens. É indiscutível que o rompimento da barragem de em ambos trouxe consequências ambientais e sociais graves e onerosas, em escala regional. Ao longo do trecho atingido foram constatados danos ambientais e sociais diretos, tais como a morte e desaparecimento de pessoas; isolamento de áreas habitadas; desalojamento de comunidades pela destruição de moradias e estruturas urbanas; fragmentação de habitats; destruição de áreas de preservação permanente e vegetação nativa; mortandade de animais de produção e impacto à produção rural e ao turismo, com interrupção de receita econômica; restrições à pesca; mortandade de animais domésticos; mortandade de fauna silvestre; dizimação de ictiofauna silvestres em período de defeso; dificuldade de geração de energia elétrica pelas hidrelétricas atingidas; alteração na qualidade e quantidade de água, bem como a suspensão de seus usos para as populações e a fauna, como abastecimento e dessedentação; além da sensação de perigo e desamparo dapopulação em diversos níveis 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Günther Garbrecht: "Wasserspeicher (Talsperren) in der Antike", Antike Welt, 2nd special edition: Antiker Wasserbau (1986), pp.51-64 (52) S.W. Helms: "Jawa Excavations 1975. Third Preliminary Report", Levant 1977 CBDB. A história das barragens no Brasil. <http://www.cbdb.org.br/documentos/A_Historia_das_Barragens_no_Brasil.pdf. >. Acesso em 13 de jun 2019. Laudo Técnico. Barragem de fundão. <https://www.ibama.gov.br/phocadownload/barragemdefundao/laudos/laudo_te cnico_preliminar_Ibama.pdf>. Acesso em 14 de jun 2019.
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