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Direito Empresarial II - cheque completo

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Direito Empresarial II
Cheque – Lei 7.375/85
CHEQUE É TÍTULO DE CRÉDITO PRÓPRIO E TODO TÍTULO DE CRÉDITO PRÓPRIO É A ORDEM! 
Obs.: título próprio é aquele que tem uma lei que o regulamenta.
Todo título a ordem permite circulação por endosso independente da autorização ou conhecimento de quem o sacou ou emitiu. É possível circulação por endosso a partir do momento em que o portador de boa-fé escreve no corpo do título a cláusula não à ordem, oportunidade em que só poderá circular por cessão civil.
Saque do cheque
Cheque é ordem de pagamento a vista e eventual pré ou pós datação convencionada entre quem emitiu e quem recebeu, o cheque para data posterior não vincula o banco sacado que deverá pagar um cheque a vista que lhe foi apresentado independente da data do vencimento, pois nesta hipótese só estará cumprindo a lei já que não fez parte do contrato de pós datação. Na hipótese de apresentação antecipada de cheque pré-datado só é cabível ação de reparação de danos em face do beneficiário ou tomador que quebrou a boa-fé objetiva por danos materiais e morais. Segundo o STJ o dano moral é puro, que ele chama de in re ipsa e o dano material tem que ser comprovado.
Eventual endossatário que apresenta o cheque antecipadamente também não será réu em reparação de danos porque não fez parte da avença originária.
Indicação do valor do cheque (art. 12, lei do cheque)
Sempre que houver desencontro entre os valores descritos em número e representados por extenso prevalece está última disposição sem que importe qualquer nulidade do cheque.
Local da emissão do cheque
O sacador ou emitente deve escrever no corpo do cheque o local da celebração do negócio jurídico e não de sua agência ou domicílio. Se o local da emissão coincide com o do negócio jurídico o cheque será considerado da praça, com prazo de apresentação de 30 dias corridos a contar do vencimento. Se o cheque possui o local de emissão diverso do local do negócio jurídico, o cheque será fora da praça com prazo de apresentação de 60 dias corridos a contar do vencimento. 
Endosso dos cheques (lei 9.311/96)
Após do fim da CPMF o cheque se tornou um título de crédito sem limite para endosso, com plena garantia de solvência e de existência para quem o receber.
Legitimidade da cadeia de endosso do cheque (art. 39, lei de cheque): 
Pelo art. 39 da lei do cheque, o banco sacado que recebe cheque a ordem: 1. Só tem a obrigação de conferir a cadeia de endossos quanto à sua legitimidade. 2. Não tem o dever de conferir autenticidade de assinaturas, até porque só dispõe de cartão de autógrafo do emitente ou sacador.
Bancos possuem obrigação de conferir a legitimidade da cadeia de endossos.
Bancos possuem a obrigação de conferir as autenticidades das assinaturas, respondem civilmente na modalidade objetiva e só se exoneram se provarem culpa do correntista ou de terceiros.
Modalidades do cheque 
Cheque cruzado (art. 44 e 45, lei do cheque): cruzamento de cheque é a inserção de duas linhas perpendiculares ou paralelas no anverso (frente) do cheque, não permitindo o recebimento do dinheiro em espécie na boca do caixa, restando a única possibilidade em crédito em conta corrente ou conta poupança.
Se o cruzamento for em branco: a ausência de qualquer número ou nome, entre as linhas transversais o cheque pode ser creditado em conta corrente de qualquer banco.
Cruzamento for em preto: número do banco no BASENG ou nome do banco entre as linhas transversais, o cheque só poderá ser crédito em uma conta corrente daquele banco em específico.
Cheque administrativo (art. 9, III, lei do cheque): no cheque administrativo, o sacador e o banco sacado são a mesma instituição financeira de mesma ou de diferentes agências bancárias o que na prática confere mais segurança ao portador de boa-fé do cheque, pois é o próprio branco o devedor principal. 
Cheque visado (art. 7, lei do cheque): o beneficiário exige que o sacador ou emitente se dirija a sua agência bancária e peça a um preposto do banco a posição de um visto do cheque, o que confere mais segurança, pois durante o prazo de apresentação 30 dias dos cheques da praça e 60 dias dos cheques fora da praça, o tomador ou beneficiário terá o valor bloqueado a sua espera para crédito em conta corrente. Ultrapassado o prazo de apresentação cai o bloqueio e a garantia inerente ao visto. 
Cheque a ser creditado em conta (art. 46, lei do cheque): possui a mesma função do cheque cruzado. Entretanto, não se utiliza de linhas perpendiculares da inserção de um termo escrito “para crédito em conta” ou “para depósito em conta”
Prazo de apresentação do cheque: 30 dias cheque da praça e 60 dias cheque fora da praça. Garante ao portador de boa-fé o direito de cobrança do cheque em casa de inadimplemento não apenas do devedor principal mas também de todos os demais endossantes coobrigados, dispensando o levantamento de protesto. 
Sustação do cheque (art. 35 e 36, lei do cheque):
Se divide em duas teorias: revogação ou contraordem (que entrou em desuso, art. 35, lei do cheque) e oposição (uso) art. 36, lei do cheque.
Sustação na modalidade revogação ou contraordem: é uma comunicação dirigida ao preposto do banco por meio epistolar notificação judicial ou extrajudicial, através das quais o sacador do cheque narra uma fraude ou ausência de cumprimento pelo fornecedor e requer a cessação da eficácia do cheque. Esta modalidade está em DESUSO, porque a cessação dos efeitos só ocorre após o transcurso do prazo de apresentação. 
A segunda modalidade sustação recebe o nome de OPOSIÇÃO e consiste em comunicação ao preposto do banco de cessação da eficácia do cheque invocando relevante razão de direito com produção imediata de efeitos. Não cabe ao gerente de banco aferir a veracidade das razões, nem exigir boletim de ocorrência por ausência de previsão legal. A sustação do cheque pode dar ensejo a abertura de inquérito policial pelo tipo penal estelionato mediante sustação de cheque, entretanto o STJ tem entendido que se o cheque sustado era pré-datado não possuía natureza de título de crédito para fins penais tornando atípica a conduta. 
Prescrição do cheque
A prescrição do cheque ocorre em 6 meses e 30 dias para cheques da praça e em 6 meses e 60 dias para cheques fora da praça e a consumação desse prazo não significa perda da cobrança do cheque mas apenas perda da executividade do cheque, ou seja, não será mais possível a via mais rápida da ação de execução de título extrajudicial.
Cobrança do cheque 
O prazo de apresentação garante a possibilidade de execução do devedor principal e dos demais endossantes coobrigados, sem necessidade de protesto. 
Obs.: o STJ criou jurisprudência no sentido de que é possível interpor ação monitória a contar do fim do prazo prescricional do cheque, com prazo de 5 anos prescricionais em relação a monitória (ação monitória 1). O mesmo STJ também reconhece a possibilidade de interposição de ação monitória após o fim do prazo de locupletamento, com prescrição de 5 anos (ação monitória 2). 
Cheque da praça prescreve em 6 meses e 30 dias, cheque fora da praça prescreve em 6 meses e 60 dias. A perda do prazo prescricional não acarreta a perda do crédito do cheque, mas apenas a perda de sua executividade, significa dizer impossibilidade de ação de execução do cheque. 
2 anos prescricionais. Essa ação está no art. 61 da lei 7.357/85, tramita no rito ordinário, tem a possibilidade de ação de cobrança dos endossantes coobrigados mesmo que tenha perdido o prazo de apresentação do cheque. Só pode entrar com essa ação após o fim dos 6 meses prescricionais. 
Para o indivíduo que perdeu o prazo de 6 meses e o de 2 anos ainda há uma última possibilidade, que é de ação ordinária de cobrança. O portador do cheque cora o negócio jurídico que deu causa ao cheque. Nesta ação poderá ser discutida a causa debendi, os vícios que o negócio jurídico eventualmente possuir. Nessa ação não discute mais cheque, e sim negócio jurídico. 
Obs.: Para o André Santa Cruz o prazo prescricional para ação ordinária de cobrança nãoé fixo de 5 anos, mas irá depender do negócio jurídico que deu causa ao cheque, de acordo com os prazos do código civil.

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