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RELAÇÃO PERIO-PRÓTESE-RESTAURAÇÃO

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RELAÇÃO PERIO-PRÓTESE-DENTÍSTICA RESTAURADORA
	A presença de restaurações subgengivais, excessos marginais e coroas protéticas mal adaptadas são fatores que facilitam o acúmulo do biofilme, podendo iniciar doenças periodontais, já que esse está intimamente relacionado com o desenvolvimento e progressão desses quadros.
	Procedimentos que invadem as distâncias biológicas costumam causar alterações no periodonto, tais como sangramento e inflamação, recessões gengivais e até perda de inserção e tecido ósseo. Por isso, para que haja manutenção da saúde periodontal é necessário que os procedimentos restauradores sejam realizados de modo a manter a eficiência da higiene bucal.
	
ESPAÇO BIOLÓGICO E DISTÂNCIA BIOLÓGICA
	
Espaço biológico é o espaço virtual existente na vertente interna do periodonto de proteção, compreendido entre o pico gengival e a crista óssea alveolar. É preenchido pelos tecidos moles que compõem as distâncias biológicas, pelo epitélio sulcular, pelo epitélio juncional e pela inserção conjuntiva. Tem um comprimento mínimo de aproximadamente 3 milímetros que permite o arranjo biológico da área. 
A existência do espaço biológico é condição fundamental para a existência das distâncias biológicas. A distância biológica é uma zona de tecidos que constituem as estruturas acima da crista óssea terminando com a margem gengival livre. Os autores encontraram a média das medidas do epitélio juncional e da inserção conjuntiva. Assim, eles promulgaram uma regra de ouro a respeito da distância biológica: os tecidos acima da crista alveolar devem preencher um espaço composto por fibras gengivais, tecido conjuntivo e epitélio juncional que medem aproximadamente 2,04 milímetros, considerando que esse valor é aplicável à maioria dos casos clínicos.
Acredita-se que a distância biológica tenha papel fundamental no selamento biológico periodontal, atuando como uma barreira, ajudando a prevenir a migração de microorganismos e seus produtos para dentro do tecido conjuntivo gengival.
Por isso, durante a execução de procedimentos protéticos e/ou restauradores é importante que o profissional avalie se a distancia biológica foi invadida, pois em caso de invasão é comum que haja inflamação quando o periodonto tentar reestabelecer sua distancia biológica inicial. Alguns autores acreditam que a invasão das distâncias biológicas pode acarretar em inflamação crônica, diminuição da crista óssea alveolar, recessão gengival e formação de bolsa periodontal, comprometendo a saúde periodontal e a estética do paciente.
Clinicamente o rompimento do epitélio juncional pode ser causado pela colocação de margens subgengivais muito apicais, exagero no perfil emergente , além da manipulação inadequada dos tecidos durante o preparo e moldagem dos dentes. Portanto, não existe saúde periodontal quando as distâncias biológicas são invadidas, observando-se quatro alterações patológicas principais: 
Além disso, o uso de instrumentos rotatórios, curetagem, colocação de fio retrator e preparo dos dentes podem contribuir para o aparecimento de lesões periodontais, criando injúrias ao epitélio sulcular e aos tecidos adjacentes. Alguns biótipos de periodonto estão mais susceptíveis as alterações causadas por invasão das distâncias biológicas, dentre esses estão o biótipo fino e festonado e o biótipo espesso e plano. 
	
OBS: A cirurgia periodontal pode ser realizada a fim de deixar os tecidos periodontais em condições de total normalidade, corrigir irregularidades morfológicas mesmo em tecidos saudáveis e tornar condições clínicas e anatômicas mais favoráveis.
PERFIL DE EMERGÊNCIA
O perfil de emergência ou contorno protético é definido como a parte do contorno axial do dente que se estende a partir da base do sulco gengival em direção ao meio bucal, passando pela gengiva livre. Conforme descrito no The Glossary of Prosthodontic, é definido como sendo o contorno de um dente ou restauração, ou uma coroa de um dente natural ou de um pilar de um implante e a sua relação com os tecidos adjacentes.
A ocorrência de um perfil de emergência adequado em restaurações e próteses fixas é importante para higienização, saúde gengival e estética. Restaurações ou peças protéticas com subcontorno ocasionam a impactação de alimentos no sulco gengival e aquelas com sobrecontorno dificultam a remoção da placa bacteriana. 
Nos casos onde é necessário o tratamento endodôntico, a falta de estrutura coronária adequada para colocação de grampos e dique de borracha bem adaptados pode permitir a entrada de saliva para dentro da cavidade pulpar quebrando a cadeia asséptica e comprometendo o resultado do tratamento; já para a prótese, a dificuldade será a visualização, preparo adequado e a moldagem do remanescente o que pode prejudicar a adaptação da restauração. Diante destes problemas pode-se fazer a extração do dente, o aumento cirúrgico da coroa clínica ou o tracionamento dentário, que é a movimentação ortodôntica de um dente no sentido oclusal e que leva à exposição de tecido dentário sadio coronal à crista óssea, permitindo a restauração do dente sem comprometimento estético ou periodontal.
A cirurgia de aumento de coroa clínica pode levar a um comprometimento excessivo da coroa, além de um resultado estético insatisfatório e uma proporção coroa-raiz insatisfatória. Por isso, o tracionamento pode ser a opção de tratamento que desvia desses inconvenientes. A escolha do método de tracionamento será escolhida a depender da quantidade de dentes envolvidos e da ancoragem necessária. 
O movimento de irrupção resulta num tensionamento das fibras gengivais e periodontais, o que produz deslocamento coronário da gengiva e osso. O tempo de tracionamento deve ser determinado de acordo com cada caso clínico, porém, alguns autores recomendam que a movimentação seja lenta, a fim de evitar que ocorram lesões nos tecidos periodontais, mobilidade excessiva e reabsorção óssea. Existem recomendações que determinam que pra cada mm de extrusão deve-se manter a contenção por um mês (ex: 3mm de extrusão – 90 dias de contenção). Tracionamentos executados muito rapidamente necessitam de menores correções cirúrgicas após sua execução.
O tracionamento radicular é portanto uma técnica de fácil execução que permite a preservação das distâncias biológicas e manutenção da condição estética em dentes anteriores, no entanto deve ser executado pelo tempo recomendado, a fim de evitar que muitas correções sejam necessárias após o tratamento. 
*Linha angular de transição.
*Asa de andorinha
	
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