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II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000
Santa Maria, RS
Anais
Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:
Embrapa Suínos e Aves
Br 153 – Km 110 – Vila Tamanduá
Caixa Postal 21
89.700–000 – Concórdia – SC
Telefone: (49) 4428555
Fax: (49) 4428559
http: www.cnpsa.embrapa.br
e–mail: sac@cnpsa.embrapa.br
Tiragem: 300 exemplares
Coordenação Editorial:1
Tânia Maria Biavatti Celant
Paulo R. S. da Silveira
Paulo Sérgio Rosa
SIMPÓSIO DE SANIDADE AVÍCOLA, 2., 2000, Santa Maria, RS.
Anais. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2000. 67p.
1.Ave – doença. congresso. I. Título.
CDD 636.50896
c© EMBRAPA – 2000
1As palestras foram formatadas diretamente dos originais enviadas em disquete pelos autores.
II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
PROMOÇÃO
Laboratório Central de Diagnóstico de Patologias Aviárias — LCDPA
Sala 5151, Prédio 44, Campus — UFSM — Santa Maria, RS.
97105–900 – Fone (55) 220–8072 – Fax (55) 220–8257
http://www.ufsm.br/lcdpa
lcdpa@www.ufsm.br
CO-PROMOÇÃO
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuári
Embrapa Suínos e Aves
M in is té r io d a A g r icu lt u ra e do A b a s te c im en to
C a ix a P o s t al 2 1 , 8 9 .7 00 -0 0 0 , C o n có rdia , S C
Te le f on e (4 9 ) 4 4 2 85 5 5, F a x (4 9) 4 42 8 5 59
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iii
II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
APOIO
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Bayer BAYERBAE
R
Se é Bayer, é bom.
Pro-Reitoria
de Extensão
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenação:
Maristela Lovato Flôres, Prof. Adj.
Taylor Marcelo Corrêa Barbosa, Acadêmico Méd. Vet.
Colaboradores:
Zelia Teresinha Gai, Prof. Ass.
Ricardo Hummes Rauber, Acadêmico Méd. Vet.
Marcos Adriano Scalco, Acadêmico Méd. Vet.
Gislaine Jacobsen, Acadêmico Méd. Vet.
Silvandro Antonio Noal, Téc. Lab. Méd. Vet.
Cláudio Cros Leite, Méd. Vet.
iv
II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
APRESENTAÇÃO
A equipe organizadora do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva,
Centro de Ciências Rurais da UFSM e a Embrapa Suínos e Aves, colocam à
disposição da comunidade técnico–científica este volume que contém as palestras
apresentadas no II Simpósio de Sanidade Avícola. Esse evento pretende constituir-se
num fórum anual na região Sul, para discusão dos mais novos avanços tecnológicos
na detecção, prevenção e tratamento das principais patologias avícolas, visando a
difução de programas de sanidade na produção de aves.
De forma permanente a avicultura brasileira tem buscado viabilizar soluções
para os renovados desafios gerados pelas questões sanitários, as quais exigem a
manutenção do debate e da pesquisa em torno das enfermidades avícolas. Cremos
que iniciativas como as deste evento, estarão apontando novas questões e, quem
sabe, trazendo soluções para os nossos questionamentos.
A comissão Organizadora agradece a todos os participantes, colaboradores,
patrocinadores e palestrantes, que tornaram possível a realização desse simpósio.
Profa Maristela Lovato Flôres
Coordenadora do Evento
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II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
SUMÁRIO
Biosseguridade em um programa de melhoramento genético de aves
Luiz A.C. Sesti . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Leucose Mielóide: aspectos anatomopatológicos e diagnóstico através da
PCR
Roberto Martins Manzan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Inibição competitiva no ambiente de produção de frangos
Fabio José Paganini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Diagnóstico molecular de patologias infecciosas aviárias
Nilo Ikuta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
O uso da Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) na detecção de
Salmonella em materiais e produtos de origem avícola
Vladimir P. do Nascimento,, Alexandre P. Pontes,, Carlos T. P. Salle,, Hamilton
L.S. Moraes,, Cláudio W. Canal,, Luciana R. dos Santos,, Maristela L. Flôres,,
Elci L. Dickel,, Laura B. Rodrigues, Joice A. Leão. . . . . . . . . . . . . . . . 39
Uso de exclusão competitiva na avicultura no Brasil
Rogério Petri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Probióticos e prebióticos na avicultura.
Edir Nepomuceno da Silva, Raphael Lucio Andreatti Filho . . . . . . . . . . . 45
Fatores de virulência de escherichia coli de origem aviária – APEC
Benito Guimarães de Brito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Recentes avanços no controle das micoplasmoses
Laurimar Fiorentin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Vacinas — método natural de proteção — para Coccidiose
Amaro Borges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Doença de Gumboro no Brasil
Carlos Alberto Friguetto Kneipp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Anemia das galinhas: uma doença ainda pouco estudada
Cláudio Wageck Canal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
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II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
BIOSSEGURIDADE EM UM PROGRAMA DE
MELHORAMENTO GENÉTICO DE AVES
Luiz A.C. Sesti
MV, MSc, PhD. Depto. de Serviços Veterinários
Agroceres Ross Melhoramento Genético de Aves SA
Caixa Postal 400, CEP 13500-970 – Rio Claro, SP – Brasil
e–mail: lsesti@agroceres.com.br
1 Introdução
O tremendo crescimento e modernização mundial da indústria avícola nas últimas
duas décadas tornou claro e evidente a necessidade de uma maior e mais detalhada
atenção no que diz respeito á saúde dos plantéis. Principalmente porque o
crescimento desta indústria está baseado em um grande aumento no tamanho
dos sistemas de produção (granjas ou complexos de granjas e núcleos) com um
conseqüente grande aumento na densidade animal em uma determinada área
geográfica. Isto se traduz em uma situação ideal para a multiplicação e disseminação
de vários patógenos de aves (vírus e bactérias principalmente) e a ocorrência de
surtos de enfermidades que acarretam elevados prejuízos econômicos.
Um outro aspecto muitíssimo importante na indústria avícola é a preocupação com
a saúde pública. Ou seja, os consumidores finais de produtos avícolas e podem
ser acometidos por enfermidades causadas por patógenos (bactérias principalmente)
presentes nestes produtos. Estes patógenos podem contaminar o produto final
de várias maneiras, desde a via vertical, da mãe para a progênie, passando
pela contaminação horizontal durante As fases de cria e engorda (frango) e/ou
contaminação horizontal durante o processamento no frigorífico.
A única maneira de manter rebanhos comerciais livres ou controlados no que
diz respeito à presença de agentes de enfermidades de impacto econômico na
produtividade e/ou perigosos para a saúde pública (zoonoses) é através da utilização
de um programa de biosseguridade que deverá contemplar todos os aspectos gerais
da medicina veterinária preventiva bem com conter aspectos exclusivos direcionados
a cada sistema de produção em particular.
O presente artigo tem como objetivo discutir resumidamente as principais filosofias
e conceitos técnicos básicos de programas de biosseguridade para programas de
melhoramento genético de aves de corte e sistemas de produção de frangos de corte.
A grande maioria dos conceitos discutidos são totalmente indicados para qualquer
nível da pirâmide de produção de aves de corte.
1
II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
2 Biosseguridade
2.1 Conceito e Nomenclatura Apropriada
Biosseguridade é uma palavra relativamente nova em nosso vocabulário e é
encontrada em muito poucosdicionários.
Em seu sentido geral ela significa o estabelecimento de um nível de segurança
de seres vivos por intermédio da diminuição do risco de ocorrência de enfermidades
agudas e/ou crônicas em uma determinada população.
Este conceito geral é aplicável à populações de qualquer espécie animal bem como
para a espécie humana.
Em produção de aves, um Programa de Biosseguridade significa o desenvolvi-
mento e implementação de um conjunto de políticas e normas operacionais rígidas
que terão a função de proteger os rebanhos contra a introdução de qualquer tipo
de agentes infecciosos, sejam eles vírus, bactérias, fungos e/ou parasitas. Uma
vez que ocorra uma quebra na biosseguridade de um sistema de produção e
determinado patógeno(s) contamina(m) o(s) rebanho(s) é necessário que o programa
de biosseguridade seja redesenhado e adaptado à nova situação de saúde do sistema
em questão. Isto é, se for econômica, técnica e legalmente possível conviver com
os agentes infecciosos agora presentes no sistema, o programa de biosseguridade
deverá preconizar normas (e.g., novas vacinas, diferente fluxo de produção, separação
das fases de produção, etc. . . , etc. . . ) que possibilitem o máximo controle da
multiplicação e disseminação destes agentes bem como um mínimo impacto na
produtividade do rebanho.
Biosseguridade é um conceito técnico, ou ainda, uma filosofia técnica aplicada à
saúde de seres vivos, e no presente caso, a rebanhos da moderna avicultura industrial.
Pela especificidade e ao mesmo tempo abrangência de sua conceituação técnica, o
termo biosseguridade torna-se muito mais apropriado quando o assunto for saúde
animal. Certas ditas “expressões técnicas” as quais vem sendo utilizadas há muitas
décadas, tais como:
“manejo sanitário”, “controle sanitário”, “sanidade animal”, “sanidade avícola”,
“barreira sanitária”, “programa sanitário”, “programa de sanidade” e “sanidade de
rebanho”, entre muitas outras variações, . . . .
tornam-se irrelevantes e sem sentido quando as comparamos com o conceito e
filosofia de biosseguridade e seus termos correlatos.
Senão, vejamos as definições literais destes termos (Novo Dicionário da Língua
Portuguesa — Aurélio Buarque de Holanda Ferreira — 1a Edição, 15a Impressão —
Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, RJ, Brasil — página 1268):
Sanidade. [Do lat. Sanitate.] S.f. 1. Qualidade ou estado de são. 2. Salubridade;
higiene. 3. Normalidade física ou psíquica.
Sanitário. [Do fr. Sanitaire.] Adj. 1. Relativo à saúde ou à higiene. 2. Relativo a, ou
próprio de banheiro (1): louça sanitária. V. água —a, aparelho —, bacia — a, e vaso
—. S.m. 3. V. banheiro (2).
Tais expressões não expressam a idéia e conceito de saúde animal e medicina
veterinária preventiva (ambos claramente relacionados com programas de biosseguri-
dade para sistemas de produção animal) e deveriam ser substituídas por outras mais
cientificamente apropriadas e esclarecedoras tais como:
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II Simpósio de Sanidade Avícola
14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
• “manejo sanitário”, “controle sanitário” substituídas por Normas de Biosseguri-
dade;
• “sanidade animal” substituída por Saúde Animal ou Saúde das Aves, etc. . . ,
etc. . . para outras espécies domésticas;
• “sanidade avícola” substituída por Saúde Avícola;
• “barreira sanitária” substituída por Norma de Biosseguridade ou Barreira de
Saúde Animal;
• “programa sanitário”, “programa de sanidade” substituídas por Programa de
Biosseguridade e
• “sanidade de rebanho” substituída por Saúde de Rebanho.
Um dos exemplos mais típicos de expressões tecnicamente não apropriadas
é o muito conhecido “Vazio Sanitário” o qual, embora seja largamente utilizado,
não tem sentido como conjunto de palavras e é impossível de ser definido como
tal. Certamente, a grande maioria dos médicos veterinários que trabalham na
avicultura sabem que esta expressão significa um determinado período de tempo
(dias, semanas, meses), após a retirada de um lote de aves e realizada completa
limpeza e desinfecção, durante o qual a(s) instalação(ões) fica(m) completamente
vazia(s), sem a presença de qualquer espécie animal. Com absoluta certeza existem
outros termos mais apropriados e corretos para expressar este mesmo procedimento
de biosseguridade, como por exemplo: vazio das instalações (galpão, granja, etc. . . ),
descanso das instalações, intervalo entre lotes, etc. . . , etc. . . .
A medicina veterinária, assim como todas as outras ciências correlatas da área
biomédica, está em constante evolução não somente sob o ponto de vista técnico mas
igualmente sob o ponto de vista filosófico. É essencial que os profissionais desta área
saibam reconhecer esta evolução e adaptar-se rapidamente à mesma. Somente deste
agindo deste modo é que estes profissionais terão amplas condições de implementar
e operacionalizar novos conceitos e procedimentos técnicos a medida que os mesmos
forem sendo desenvolvidos e validados.
2.2 Componentes da Biosseguridade
Como relatado acima, biosseguridade são procedimentos desenhados para
principalmente prevenir a entrada e a disseminação de enfermidades em um sistema
de produção de aves. Isto é alcançado via mantença de o menor fluxo possível
de organismos biológicos (vírus, bactérias, parasitas, fungos, roedores, animais
silvestres, pessoas, etc. . . ., etc. . . .) através das divisas do sistema de produção.
Nenhum programa de prevenção de doenças será efetivo sem este procedimento
básico.
Biosseguridade tem basicamente oito componentes principais que funcionam
como elos de uma corrente. Ou seja, um programa de biosseguridade somente
alcançará pleno sucesso quando todos os elos desta corrente estiverem firmemente
unidos uns aos outros. Cada um destes elos necessita permanente manutenção e
revisão para evitar-se pontos de enfraquecimentos na corrente e conseqüente falha
na biosseguridade do sistema (Figura 1).
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Isolamento
Controle de
Tráfico / Fluxo
Higienização
Quarentena, Vacinação, Medicação
Erradicação de
Doenças
Monitoramento
Auditoria e
Atualização
Educação
ContinuadaPROGRAMA DEPROGRAMA DE
BIOSSEGURIDADEBIOSSEGURIDADE
Figura 1 — A cadeia de componentes básicos de um programa de biossegu-
ridade.
2.2.1 Isolamento
Refere-se ao confinamento dos animais dentro de uma área controlada.
Localização do Sistema de Produção
É o fator mais importante para a prevenção da ocorrência de algumas doenças,
principalmente aquelas transmitidas pelo ar (aerossóis, poeira, etc. . . ). O sistema de
produção deverá ser localizado com base em informações sobre:
• densidade animal da área (deve ser a menor possível);
• tipo de produção (cria/recria/produção juntos ou cada uma das fases separadas;
incubatório; e granja de engorda de frangos);
• clima (variações de temperatura durante as estações do ano):
• ventos predominantes na região, os quais podem determinar a que distâncias
certos agentes patogênicos podem ser transmitidos;
• existência de barreiras físicas naturais (morros, florestas naturais, etc. . . ).
Cercas e Barreiras Físicas
A construção de cercas perimetrais (para cada núcleo e para toda a área da granja
na caso de aves) e a colocação de avisos de “entrada proibida” são muito importantes
para o controle do isolamento do rebanho. Além dos avisos de “entrada proibida”
também devem ser colocados avisos na entrada principal do sistema de produção que
informem claramente que as aves alojadas neste sistema são criadas sob um rígido
programa de biosseguridade e que visitas não oficialmente autorizadas são totalmente
proibidas.
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II Simpósio de Sanidade Avícola
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As cercas perimetrais das instalações deverão ser totalmente à prova de pessoas
e animais domésticos e silvestres. Os galpões devem ser telados com telas à provade pássaros silvestres e roedores.
É recomendável a implantação de barreiras físicas (plantação de árvores) ao redor
de cada núcleo. No entanto, é muito importante que esta barreira seja grande o
suficiente para verdadeiramente agir como uma barreira. Ou seja, meia dúzia de linhas
de árvores apenas não pode ser considerada uma barreira eficaz. Uma sugestão,
seria a plantação de uma barreira de árvores de rápido crescimento (e.g., pinus ou
eucaliptus) com um largura de aproximadamente 50 metros. As linhas devem ser
desencontradas para não permitir passagem direta de vento por entre as árvores.
2.2.2 Controle de Tráfico / Fluxo
Refere-se ao controle do tráfico e direção do fluxo de animais, pessoas entrando
ou saindo do sistema de produção. Em sistemas de produção de aves este fluxo deve,
idealmente, obedecer ao conceito de “áreas limpas” e “áreas sujas” (Figura 2).
Á RE A LIM PA
Á RE A SU JA
Á RE A SU JA
A P O IO
C E NTR A L
Figura 2 — Conceito de “áreas limpas” e “áreas sujas” em sistemas de
produção de aves de corte (matrizes pesadas). Todas as
pessoas, veículos, máquinas e equipamentos entrando na granja
deverão entrar pela área de apoio central após seguir todos os
procedimentos de banho, troca de roupa, limpeza e desinfecção
e dirigir-se a um dos núcleos de aves através da “estrada
limpa” ou “área limpa”. Após a visita, estes veículos e pessoas
retornam ao apoio central através da “estrada suja” ou “área
suja”. Se porventura outro núcleo tiver que ser visitado, todo o
procedimento será repetido.
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Trânsito/Fluxo de Animais
O trânsito de animais dentro do sistema de produção deverá sempre seguir a
hierarquia do material genético pertencente ao sistema, ou seja, este trânsito deverá
ser sempre, sem exceções, do topo para a base da pirâmide de produção (Figura 3).
Esta política é mandatória para animais pertencentes ao próprio sistema e/ou para
animais vindos de fora (lotes avós e/ou matrizes de reposição).
Fluxo Obrigatório de 
Animais, Veículos
Pessoas e Materiais GP
GRANJA E
INCUBATÓRIO
DE BISAVÓS
Nível 1
Nível 2
Nível 3
Nível 4
Linhas Puras
GRANJA E
INCUBATÓRIO DE AVÓS
GRANJA E INCUBATÓRIO DE
MATRIZES
GRANJA DE
ENGORDA DE FRANGOS Nível 5
Figura 3 — Pirâmide genética e de fluxo de produção de em avicultura
de corte (matrizes pesadas) dividida em diversos níveis da
hierarquia do programa de melhoramento genético:
Nível 1. é o ápice da pirâmide (GP = Granja de Pedigree). E é o nível onde
os rebanhos das linhas puras (Elite) são mantidos para sua própria reprodução e
melhoramento genético. Os ovos destas linhas puras são incubados no incubatório
de bisavós.
Nível 2. consiste de rebanhos onde é realizada a multiplicação de avós através
do cruzamento de bisavós. No incubatório de bisavós podemos ter o nascimento de
linhas puras, bisavós e avós.
Nível 3. onde é realizada a multiplicação de matrizes através do cruzamento de
diferentes linhas de avós. No incubatório de avós nascem as matrizes.
Nível 4. Onde é realizada a produção de frangos de corte. No incubatório de
matrizes nascem os frangos de engorda.
Nível 5. Consiste nas chamadas granjas de frango, onde serão engordados e
terminados para abate aqueles frangos nascidos no incubatório de matrizes (Nível 4).
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Poder Multiplicador
O poder multiplicador de enfermidades transmitidas verticalmente de uma pirâmide
de produção em um sistema de produção de aves domésticas de corte é imenso
(Tabela 1).
Tabela 1 — Poder multiplicador da pirâmide de produção de aves domé-
sticas
Níveis da Pirâmide de Produção Poder Multiplicador
1- Granja de Pedigree (linhas puras) → 1 e 10 (linha genética pura)
↓ ↓
2- Granja e Incubatório de Bisavós → 150 Bisavós
↓ ↓
3- Granja e Incubatório de Avós → 6.000 Avós
↓ ↓
4- Granja e Incubatório de Matrizes → 294.000 Matrizes
↓ ↓
5- Granja de Frangos de Corte → 40.000.000 Frangos de Corte
↓ ↓
6- CONSUMIDOR FINAL ˜67 mil ton de carne de frango
No topo da pirâmide (nível 1) encontra-se a granja de melhoramento genético
e multiplicação de linhas genéricas puras (linhas macho e fêmea). Normalmente,
em programas de melhoramento genético de matrizes pesadas, cada uma destas
populações de linhas puras estão divididas em vários grupos de acasalamento
consistidos cada um de um macho e 10 fêmeas. Durante o período (normalmente
6–8 semanas) em que as aves de um destes grupos está contribuindo (ovos férteis)
para o programa de melhoramento genético, aproximadamente 15 bisavós são
produzidas por cada fêmea de linha pura do grupo de acasalamento, totalizando um
número de 150 bisavós (nível 2). Cada uma destas, durante sua vida reprodutiva
normal, irá produzir em torno de 40 avós o que perfazerá um total de 6 mil avós
(nível 3). Do mesmo modo, estas avós irão multiplicar e produzir um total de 294
mil matrizes pesadas (49 matrizes por avó; nível 4) as quais por sua vez produzirão
aproximadamente 40 milhões de frangos de corte (143 pintos de um dia por matriz
menos 4% de mortalidade até o abate; nível 5). Ao abate destes frangos, serão
produzidas em torno de 67 mil toneladas de carne de frango (peso vivo médio ao
abate de 2,4 kg com 70% de rendimento de carcaça; nível 6).
É portanto, bastante evidente que qualquer microorganismo patogênico sendo
transmitido verticalmente ao longo desta pirâmide de produção poderá causar grandes
prejuízos econômicos aos produtores e indústria. Além disso, se o patógeno
transmitido verticalmente for de importância na saúde pública (zoonoses; e.g.,
salmonelas), as perdas para o mercado avícola poderão ser multiplicadas várias vezes
pelo impacto da opinião pública e diminuição do consumo de produtos avícolas.
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Trânsito/Fluxo de Pessoas
Um período de tempo longe do contato com aves e outros animais domésticos,
laboratórios veterinários e frigoríficos deve, obrigatoriamente, ser obedecido por todos
aqueles “não funcionários” que estarão adentrando o sistema de produção e entrando
em contato direto com as aves. Um mínimo de 48 horas é recomendado. O importante
é que durante este tempo de descanso a pessoa tome pelo menos dois banhos
completos e troque toda a roupa pelo menos duas vezes. Aqueles que porventura
tenham estado em contato com um rebanho suspeito de estar contaminado com ou
sem sintomatologia clínica deverão, dependendo da enfermidade presente no rebanho
visitado anteriormente, passar por um período de descanso de 72 a 120 horas antes
de visitarem outro sistema de produção. Alguns outros aspectos também muito
importantes com relação ao fluxo de pessoas são:
• manter registro escrito de todos os visitantes. Este registro deve conter a data
e motivo da visita, data do último contato do visitante com qualquer espécie de
aves e data do último contato com laboratórios veterinários de diagnóstico;
• sempre ter contato com animais mais jovens primeiro (lotes, núcleos);
• nunca visitar um lote sem problemas após visitar outro lote suspeito de estar
doente;
• nunca visitar mais de dois/três núcleos/lotes por dia;
• nunca visitar sistemas de produção de espécies animais diferentes no mesmo
dia;
• nunca visitar qualquer sistema de produção sem um planejamento detalhado das
tarefas que serão executadas durante a visita para que esta seja a mais rápida e
objetiva possível;
• visitas sociais JAMAIS devem ser admitidas em qualquer sistema de produção.
Granjas de aves ou de suínos NÃO SÃO, sob qualquer hipótese, locais de
passatempo e visitas não técnicas e/ou comerciais;
• qualquer funcionário de um sistema de produção deve ter autoridade para barrar
a entrada de QUALQUER visitante sem a devida permissão;
• funcionários dosistema de produção SÃO PROIBIDOS, por força de contrato de
trabalho específico, de possuírem em suas casas galinhas de fundo de quintal e
qualquer outra espécie de aves, seja ornamental ou seja doméstica;
• seguir estritamente os procedimentos de limpeza e desinfecção preconizados
para o fluxo de pessoas, veículos, materiais e equipamentos.
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Trânsito / Fluxo de Veículos
Todos os veículos utilizados em um sistema de produção (caminhões, camionetas,
tratores, etc. . . ) devem, idealmente, serem exclusivos para cada sistema de produção.
Veículos externos são proibidos de adentrar o perímetro interno das granjas, bem
como motoristas externos não podem entrar em contato direto com animais (aves) e
funcionários do sistema.
2.2.3 Higienização
Refere-se aos procedimentos de limpeza e desinfecção recomendados para o
sistema de produção, bem como para o programa de controle de vetores e disposição
de animais mortos.
A redução da carga microbiana (também conhecida por “pressão de infecção”)
nas instalações e ambiente do sistema de produção irá diminuir em muito o risco
de ocorrência de doenças no rebanho. Além disso, a realização rotineira de um
processo de higienização detalhado e efetivo é condição “sine qua non” não só para a
mantença de um alto nível de saúde no rebanho como também para a erradicação de
enfermidades presentes no sistema.
Pessoas (funcionários e visitantes)
Todas as pessoas adentrando o sistema de produção deverão tomar banho e trocar
toda a roupa na entrada principal do sistema de produção, geralmente chamada de
apoio central. No caso de granjas de aves, um segundo banho e muda de roupa
deverá ocorrer no área de apoio do núcleo a ser visitado. À saída do núcleo, outro
banho deverá ser tomado e a roupa a ser vestida será aquela que foi utilizada no
trânsito até o núcleo.
Veículos, Materiais e Equipamentos
Todo e qualquer veículo (caminhões, tratores, etc. . . ), materiais de consumo
(caixas, material de construção para manutenção das instalações, etc. . . , etc. . . ) e
equipamentos (seringas, comedouros, etc. . . , etc. . . ) devem ser totalmente limpos e
desinfetados no apoio central do sistema de produção e novamente à entrada de cada
núcleo. Recomenda-se a construção de um sistema de fumigação à entrada principal
da granja e à entrada de cada núcleo.
Para veículos que tenham estado em áreas externas ao sistema de produção,
recomenda-se um período de descanso de 8–12 horas ao sol após completa limpeza
com água e detergente seguida por desinfecção.
A atividade letal de desinfetantes contra vírus, bactérias, fungos e parasitas irá
depender de sua composição química e composição estrutural do microorganismo a
ser eliminado. Para escolher-se o produto desinfetante a ser utilizado, as seguintes
importantes características devem ser analisadas:
• custo;
• eficácia espectro de ação contra os diferentes tipos de microorganismos;
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14 e 15 de setembro de 2000 — Santa Maria, RS
• atividade na presença de matéria orgânica. Embora às vezes ocorra, nunca
se deve desinfetar qualquer tipo de superfície que contenha matéria orgânica.
Para isto, deve-se lavar as superfícies completamente com detergente antes da
desinfecção;
• toxicidade para homens e animais;
• atividade residual;
• corrosividade para tecidos e metais;
• atividade na presença de sabão (detergente);
• solubilidade (acidez, alcalinidade, pH);
• tempo de contato necessário para uma efetiva desinfecção. NENHUM
desinfetante age instantaneamente. TODOS eles necessitam de algum tempo
de contato com o microorganismo para eliminá-lo.
Alimento (ração pronta, matérias primas)
Investigações científicas conduzidas em vários países da América e Europa
demonstram claramente que o alimento administrado aos animais pode ser uma
maiores, senão a maior (para alguns patógenos em particular), fonte de contaminação
de rebanhos de aves domésticas comerciais (salmonelas, clostridium, E. coli, etc. . . ).
Estatísticas disponíveis mostram que aproximadamente 4% de todas as matérias
primas utilizadas em rações de aves estão contaminadas com algum sorotipo
(patogênico ou não) de salmonela. Portanto, é praticamente impossível implementar
um controle da contaminação por salmonelas em rebanhos de suínos e aves sem
a implementação conjunta de procedimentos técnicos efetivos de desinfecção de
matérias primas e/ou rações prontas.
Um controle consistente e efetivo da contaminação por salmonelas em rações
e matérias primas é dependente da habilidade de descontaminar o alimento e
prevenir sua recontaminação. Vários produtos comerciais contendo ácidos orgânicos
(principalmente os ácidos propiônico e fórmico e seus sais) com ou sem a presença
de formaldeído tem sido usado com sucesso para reduzir a contaminação bacteriana
no alimento de aves e suínos. Estes produtos podem inclusive ajudar a prevenir
a recontaminação do alimento na fábrica de ração e durante o transporte e
armazenamento. Existem ainda outros produtos comerciais a base de ácidos
orgânicos os quais ainda possuem aldeídos, terpenos naturais e surfactantes. Estas
substâncias podem ter um efeito sinergístico na atividade bactericida do produto
comercial.
Tradicionalmente, o controle de salmonela em rações de aves tem sido tentado
através de processos de fabricação de rações, como por exemplo, a peletização.
Entretanto, o tempo de exposição à temperatura padrão de peletização (alguns
segundos a 65–75oC) não permite, sob qualquer hipótese, uma descontaminação
total bem como não evita a multiplicação de células bacterianas ainda presentes no
alimento após a peletização. Além disso, a recontaminação do alimento quando de
sua passagem pelo resfriador pode facilmente ocorrer.
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Para uma total descontaminação do alimento deve ser utilizada uma combinação
de temperatura, umidade e tempo de exposição ao calor. Um exemplo desta
combinação é o processo de tratamento térmico da ração utilizado pela Agroceres
Ross para descontaminação de todas as rações para aves produzidas na fábrica de
seu sistema de produção:
Temperatura R©85oC mínimo
Umidade Relativa R©15–17%
Tempo de exposição R©12 minutos mínimo
Este tratamento, quando apropriadamente realizado, assegura a eliminação total
de enterobactérias e salmonelas. Além disso, o alimento descontaminado deve
ser submetido a um rigoroso programa de biosseguridade para a prevenção da
recontaminação durante o período pós-tratamento (armazenamento na fábrica de
ração R©carregamento no caminhão R©transporte até a granja R©descarregamento na
granja R©armazenamento na granja) até o momento da ingestão de alimento pelas
aves.
Água e Controle de Vetores / Portadores de Agentes Infecciosos
Sistemas de desinfecção de água via produtos químicos (e.g., cloro), via raios
ultra-violeta, ou adição de ácidos orgânicos devem ser implementados para prevenir a
introdução de vários patógenos via água de bebida (influenza, doença de Newcastle,
Pasteurela, Salmonelas, etc. . . ).
Roedores, pássaros silvestres, insetos (e.g., moscas, cascudinho) e mamíferos
silvestres e domésticos constituem um importante reservatório de patógenos para
aves. Estes animais são um grande risco de entrada de agentes de enfermidades
nos rebanhos via eliminação direta do agente no meio ambiente e conseqüente
contaminação lateral.
Todas as instalações devem ser à prova de roedores e pássaros e um efetivo
programa de eliminação e controle de roedores e insetos deve ser implementado.
Disposição de Animais Mortos
Carcaças de animais mortos dentro do sistema de produção constituem também
um grande risco de entrada de enfermidades nos rebanhos, seja via a atração de
vetores (insetos, roedores, etc. . . ) e/ou pelo aumento da pressão e infecçãoambiental
com uma conseqüente quebra no equilíbrio com a imunidade de rebanho. A melhor
maneira de se dispor de animais mortos é via incineração. Se o método não é
disponível, é necessária a construção de fossas sépticas no perímetro das instalações.
2.2.4 Quarentena, Vacinação e Medicação
Referem-se aos processos mais diretos de controle e prevenção de enfermidades.
Quarentena é o período de observação clínica e investigações diagnósticas, realizado
em um local afastado do sistema de alojamento definitivo dos animais, durante o
qual o animal é observado e testado para a presença de determinadas enfermidades.
Somente após o período de quarentena é que os animais seriam introduzidos no local
11
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definitivo de alojamento. Em aves, o conceito muda um pouco na prática. Na realidade,
em lotes de bisavós, avós e/ou matrizes de corte pode-se considerar toda a fase de
cria e recria (0 a 20–22 semanas de idade) das aves como uma quarentena. Pois a
qualquer momento durante este período, se o lote for confirmado como positivo para
certos patógenos (e.g., Micoplasma gallisepticum / synoviae, Salmonela pullorum /
gallinarum / enteritidis / typhimurium) não será permitido que ele entre em produção
e o lote será abatido e substituído. Já para lotes de aves importadas, o período
de quarentena poderá, dependendo das exigência legais, passar por sua definição
clássica mencionada acima. A duração de uma quarentena pode variar bastante
dependendo da enfermidade a ser prevenida e dos testes diagnósticos disponíveis.
Programas de vacinação são parte muito importante de qualquer programa de
biosseguridade. As vacinas a serem utilizadas irão variar muito de acordo com a
região e o tipo de sistema de produção em questão. No entanto, alguns aspectos
são essenciais para desenhar-se um programa de vacinação efetivo e tecnicamente
correto para aves:
• bom conhecimento da epidemiologia e patogenia das enfermidades de impor-
tância econômica e de saúde pública;
• pressão de infecção destas enfermidades na região onde serão alojados os
animais;
• utilizar o menor número possível de diferentes tipos de vacinas e JAMAIS
utilizar vacinas desnecessárias ou de necessidade duvidosa, não comprovada
cientificamente. Isto só é benéfico para os laboratórios que as produzem;
• utilizar sempre vacinas produzidas por laboratórios idôneos e que possuam bom
controle de qualidade do produto final;
• nenhum tipo de vacina utilizada em aves previne em 100% a infecção e
colonização do animal pelos agentes etiológicos das enfermidades;
• mesmo para aquelas vacinas capazes de conferir um alto nível de proteção,
muito desta efetividade é geralmente perdida através erros cometidos durante
o armazenamento e administração das vacinas;
• existem enfermidades emergentes contra as quais não existem vacinas disponí-
veis;
• Sempre ocorrerá o aparecimento de cepas variantes de um mesmo patógeno,
contra as quais as vacinas disponíveis podem conferir muito pouca ou nenhuma
proteção.
Em sistemas de produção de aves de reprodução (bisavós, avós e/ou matrizes de
corte) existe uma certa quantidade de tipos de vacinas consideradas “obrigatórias” no
Brasil, (e.g., doença de Marek, bouba, coccidiose, bronquite infecciosa, doença de
Newcastle, doença de Gumboro e encéfalomielite aviária). É essencial verificar-se
antes da utilização de qualquer vacina, se o uso da mesma não é controlado
oficialmente pelo Ministério da Agricultura.
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Medicações em doses terapêuticas são excelentes ferramentas no controle de
surtos de enfermidades bacterianas e/ou na prevenção de problemas bacterianos
secundários em surtos de doenças virais. Mas, devem ser consideradas procedi-
mentos emergenciais dentro de um programa de biosseguridade. Além disso, o uso
indiscriminado de antibióticos em doses terapêuticas irá propiciar o aparecimento /
seleção de cepas de microorganismos resistentes à cada droga em particular. O uso
de antibióticos como medida preventiva em pintos de um dia de idade é totalmente
contra indicado, salvo em situações epidemiológicas emergenciais.
2.3 Monitoramento
refere-se aos procedimentos diagnósticos realizados rotineiramente nos rebanhos
com o objetivo de confirmar a presença ou ausência de determinados patógenos
em um rebanho e também para a avaliação da imunidade conferida pelas vacinas
aplicadas. Os principais objetivos deste monitoramento seriam:
• estabelecer e registrar o nível atual de saúde do rebanho;
• assegurar a efetividade do programa de vacinas;
• estabelecer a efetividade do programa de bioseguridade;
• disparar um processo efetivo de investigação quando um problema é detectado;
• obedecer legislação em vigor (e.g., Plano Nacional de Sanidade Avícola-PNSA).
Existem várias maneiras de se monitorar a efetividade de um programa de
biosseguridade. A utilização de dados de desempenho dos rebanhos tais como:
mortalidade, índices de produtividade e condenações ao abate; são de valor para
o monitoramento. É necessário lembrar que estes dados podem ser também afetados
por fatores de manejo e nutrição. O nível de saúde dos rebanhos deve ser monitorado
através de testes de sorologia, bacteriologia e, quando possível, virologia. Deve-se
também monitorar todos os outros possíveis meios de contaminação do rebanho
tais como, água (presença de coliformes fecais, análise físico-química), alimento
(presença de enterobactérias e salmonelas) e funcionários do sistema (presença de
salmonelas em suabes retais).
Os principais meios diagnósticos de monitoramento da saúde do rebanho são:
1. inspeções clínicas de rotina e visitas veterinárias aos rebanhos;
2. sorologias R©Soroaglutinação Rápida, ELISA, e HI (inibição da hemo-
aglutinação);
3. bacteriologia em amostras coletadas dos animais e do meio-ambiente;
4. cultivo virológico em cultura de células de embrião de galinha;
5. PCR R©Polymerase Chain Reaction = Reação em Cadeia da Polimerase,
para detecção de segmentos específicos do genoma de um determinado
patógeno em amostras coletadas diretamente do animal, ou amostras de cultura
bacteriana ou ainda de amostras ambientais e de alimento.
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Um programa de biosseguridade efetivo deve portanto, conter um programa de
amostragem para monitoramento sorológico e bacteriológico dos rebanhos.
Algumas principais enfermidades a serem monitoradas sorologicamente no Brasil
são:
• soroconversão vacinal (bronquite infecciosa, doença de Newcastle, doença de
Gumboro, encéfalomielite aviária, anemia infecciosa das galinhas)
• micoplasmas gallisepticum e synoviae; salmonela pullorum, enteritidis e typhi-
murium
• síndrome da queda da postura; anemia infecciosa das galinhas; pneumovírus
aviário; vírus da leucose aviária; influenza (recomendável quando o rebanho
recebe aves de reposição importadas); reticuloendoteliose.
2.3.1 Erradicação/Controle de Doenças
Refere-se ao fato de que, em determinadas situações, o programa de biossegu-
ridade pode ser modificado e adaptado com o objetivo de erradicação ou controle
de enfermidade(s) presente(s) nos rebanhos ou nos sistemas de produção. Nestas
situações as normas de monitoramento da saúde do rebanho (testes diagnósticos a
serem utilizados) deverão ser direcionadas para os patógenos a serem erradicados ou
controlados. Além disso, as normas de biosseguridade para fluxo de pessoal, veículos
e equipamentos, limpeza e desinfecção das instalações deverão ser adaptadas
baseadas nas informações da epidemiologia e patogenia dos agentes em questão.
Exemplos de doenças bacterianas que podem ser erradicadas são as micoplasmoses
e salmoneloses aviárias.
2.3.2 Auditoria e Atualização
referem-se aos procedimentos de monitorizaçãodos aspectos operacionais de um
programa de biosseguridade, bem como a necessidade de permanente atualização
dos procedimentos.
De uma maneira geral, programas de biosseguridade são elaborados por médicos
veterinários os quais não serão aqueles a implantarem o programa operacionalmente.
Normalmente, os responsáveis pela implantação e operacionalização do programa
de biosseguridade são os técnicos e funcionários envolvidos com a produção dos
rebanhos do sistema. Portanto, é essencial que os aspectos operacionais do
programa sejam rotineiramente auditados para se ter certeza de que todas as normas
estão implantadas apropriadamente e para evitar-se o surgimento e perpetuação de
erros de rotina. Ou seja, erros que não percebidos por aqueles envolvidos com as
tarefas de rotina.
Aspectos básicos da auditoria do programa de biosseguridade:
• ser realizadas por médicos veterinários treinados para tal. De preferência por
aqueles que estiveram envolvidos na elaboração do programa;
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• direcionada a todos os pontos chave do sistema: instalações dos animais
(isolamento, infra-estrutura, etc. . . ); alimento pronto e suas matérias primas;
incubatórios; e qualidade do sistema e práticas de transporte;
• datas das auditorias não devem seguir uma rotina nem devem ser anunciadas
com antecedência;
• deve ser criado um sistema de “escore de biosseguridade” que permita
acompanhar a evolução do trabalho daqueles responsáveis pelo sistema sendo
auditado.
2.3.3 Educação Continuada
Refere-se ao processo permanente de treinamento e educação em biosseguridade
de todos aqueles envolvidos com o sistema de produção.
Pessoas são os elementos chave para o sucesso de um programa de biosseguri-
dade. Todos, indistintamente, devem entender perfeitamente porque biosseguridade
é importante e com fazê-la. Este entendimento deve, obrigatoriamente, começar pelo
mais altos níveis administrativos do sistema (presidente e diretoria), passar por todas
as outras áreas gerenciais (técnicas e comerciais) e descer até os níveis operacionais
mais simples do sistema de produção. É evidente que o nível de argumentação
e complexidade técnica deve ser adaptado para o nível cultural daqueles em
treinamento, mas sempre deixando bem claro a importância da biosseguridade e a
importância de cada um em implementá-la para a sobrevivência da empresa.
A educação continuada deve ser realizada sob a forma de palestras (duas a três
ao ano) com amplo uso de modernos recursos audio–visuais. É muito importante
incentivar a participação da audiência para que todos possam expressar claramente
como eles vêem biosseguridade em sua rotina de trabalho do dia a dia. De maneira
rápida, mas enfática, todos os principais aspectos de um programa de biosseguridade
devem ser relembrados nestes treinamentos.
Um programa de biosseguridade pode ser comparado com um programa de
qualidade total, ou seja, ambos exigem muita disciplina, constante treinamento e,
principalmente, mudança comportamental de todos envolvidos.
3 Conclusões
Surtos de doenças podem causar perdas econômicas substanciais à avicultura e
suinocultura intensivamente exploradas devido principalmente à:
• efeitos diretos e indiretos na produção;
• qualidade e aceitabilidade de reprodutores (avós e matrizes) pelos produtores;
• qualidade e aceitabilidade do produto final (carne de aves) pelos consumidores
finais.
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Procedimentos de biosseguridade com qualidade total, os quais são efetivos em
proteger os rebanhos, são relativamente baratos para serem implantados. Além
disso, podem ser extremamente efetivos em manter bons níveis de produtividade e
em facilitar a comercialização e a confiança dos consumidores nos produtos finais.
O futuro sucesso e prosperidade das modernas avicultura industrial dependerá
em grande parte da efetividade e qualidade dos programas de biosseguridade
implementados. Estes terão a tarefa de lidar com os novos desafios e requerimentos
técnicos originados por surtos de enfermidades endêmicas e epidêmicas.
O aspecto mais importante na implantação, operacionalização e manutenção de
um programa de biosseguridade é a disciplina de todos aqueles envolvidos em todos
os passos. Uma única pessoa parte de um grupo de apenas um único elo da corrente
de biosseguridade (Figura 1) a qual não tenha a disciplina e o treinamento apropriado
é mais do que suficiente para causar a falha do programa e, consequentemente, perda
de todo o investimento realizado.
Biosseguridade É DISCIPLINA E COMPROMETIMENTO
4 Referências Bibliográficas
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de (1995) Rio Claro, SP, Brasil.
CALNEK, BW; Barnes, HG; Beard, CW; McDougald, LR & Saif, YM (editors) Diseases
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RUDD, K (1999) Poultry Reality Check Needed. The Poultry Informed Professional.
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SESTI, LAC & Soares, RB (1998) A situação da Leucose Mielóide no mundo. II
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SESTI, LAC & Sobestiansky (1999; 2a Edição) A Função da Medicina Veterinária na
Suinocultura Moderna. Goiânia, GO, Brasil.
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LEUCOSE MIELÓIDE: ASPECTOS
ANATOMOPATOLÓGICOS E DIAGNÓSTICO ATRAVÉS
DA PCR
Roberto Martins Manzan
Mestrando Depto. Patologia FMVZ/USP
e–mail: robertomanzan@yahoo.com
Introdução
Leucose Mielóide é uma enfermidade neoplásica que acomete galinhas e tem
como agente etiológico o Vírus da Leucose Aviária subgrupo J (VLA–J).
No ano de 1999 a Leucose Mielóide causou perdas consideráveis em lotes de
reprodutores e ainda não foi encontrada a solução19. Tais perdas são resultantes do
baixo peso corporal das aves22, baixo índice de conversão alimentar e mortalidade9,
atingindo índices de 0,5 a 1,5% acima da normal a cada semana5.
Pelo fato de a Leucose Mielóide ser uma enfermidade recente e de grande
relevância na avicultura mundial, torna-se importante o conhecimento das lesões
produzidas nos tecidos e células, acrescentando informações que servirão de auxílio
para o diagnóstico da enfermidade. No Brasil alguns estudos têm sido realizados
nas áreas de epidemiologia7, diagnóstico molecular do vírus6, 8 e outras provas
diagnósticas3.
Terminologia
Existe uma certa confusão nos termos utilizados para denominar esta doença.
Leucose ou Leucemia Mielóide? Mielocitoma/mielocitomatose ou mieloblastose?
Estes por sua vez são sinônimos de Leucose Mielóide?
O termo Leucose Mielóide tem sido amplamente utilizado para designar a doença
neoplásica causada pelo Vírus da Leucose Aviária subgrupo J (VLA–J). O termo
Leucemia Mielóide também é correto e mais atual, porém pouco utilizado em Medicina
Veterinária. Mielocitomatose ou mielocitoma são sinônimos de Leucose Mielóide por
apresentarem as mesmas característicasanatomopatológicas, porém foram utilizados
primeiramente para designar a doença neoplásica causada por cepas laboratoriais
de vírus do grupo leucose/sarcoma aviário (MC29, MH2, CMII e OK10)15. Agora,
mieloblastose é uma doença neoplásica das células da medula óssea causada por
outras cepas laboratoriais de vírus do grupo leucose/sarcoma aviário (AMV–BAI–A
e E26)15 e que apresentam características anatomopatológicas distintas da Leucose
Mielóide.
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Etiologia
O grupo de doenças leucose/sarcoma compreende uma variedade de neoplasias,
benignas ou malignas, causadas por diferentes retrovírus aviários pertencentes à
família Retroviridae 13. Dentro desta família inclue-se o Vírus da Leucose Aviária
(VLA) que acometem galinhas, classificados nos subgrupos A, B, C, D, E e J. Com
base nos mecanismos naturais de transmissão, os VLA podem ser classificados em
exógenos (subgrupos A, B, C, D e J) e endógeno (subgrupo E), e destes apenas os
vírus exógenos são patogênicos15.
O Vírus da Leucose Aviária subgrupo J (VLA–J) foi diagnosticado primeiramente na
Inglaterra em 1989 14 e nos últimos anos tem sido identificado em plantéis avícolas em
muitas regiões do mundo. Nos Estados Unidos constatou-se uma grande incidência
desse vírus em lotes de reprodutores de linhagem pesada4, e no Brasil, a ocorrência
de VLA–J também tem sido relatada2, 7, 18.
Epidemiologia
O VLA–J pode disseminar-se pelas vias vertical e horizontal. A transmissão
vertical ocorre na passagem do vírus da galinha para o albúmen do ovo e daí para o
embrião resultando em pintos imunotolerantes com frequente ocorrência de tumores23.
A transmissão horizontal ocorre por contato de direto de ave a outras através de
excreções e secreções, geralmente há produção de anticorpos e o aparecimento de
tumores é raro16.
Patogenia
O VLA–J possui acentuado tropismo para células da linhagem mielomonocítica
da medula óssea, e isto lhe confere a habilidade em causar Leucose Mielóide1. O
vírus transforma células mielomonocíticas no estágio final de diferenciação, mielócito
ou monócito16. As células infectadas são transformadas gradualmente em células
neoplásicas, as quais migram para colonizar outros órgãos, produzindo tumores de
diversos tipos15.
A Leucose Mielóide manifesta-se comumente em aves de linhagem pesada e com
idade acima de 17 semanas (inicio da maturidade sexual) 16.
O VLA–J apresenta alta incidência em lotes de reprodutoras de linhagem pesada14.
Apesar de experimentalmente o VLA–J ter causado tumores em poedeiras comerciais
do tipo leghorn13, não se tem relatos da sua ocorrência a campo.
Aspectos macroscópicos
As lesões macroscópicas da Leucose Mielóide são tumores de coloração branco-
amarelada, nodulares ou difusos, encontrados no esterno, fígado e costelas, algumas
vezes acometendo o baço, rins, timo e gônadas16. Foi observado, em galinhas com
Leucose Mielóide, células tumorais na medula óssea de vários ossos (cabeça, costela,
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vértebras, esterno, fêmur, úmero) e nas partes ossificadas da cartilagem da laringe
e traquéia5. No esterno, os mielócitos acumularam no periósteo e nos músculos
adjacentes.
As lesões mais comuns da Leucose Mielóide são: múltiplos focos puntiformes
de coloração esbranquiçada distribuídos, difusamente, pelo parênquima hepático,
esplênico, renal e no ovário. Foi relatado casos de tumores em timo, cloaca, ovário,
pâncreas, mesentério e músculo peitoral, em que a lesão assumiu aspecto nodular e
as formações tumorais não ultrapassaram 0,5 cm de diâmetro10. Também verificou-se
na glândula da membrana nictante acentuado aumento de volume, superfície irregular,
coloração branca, e na face ventral da pele da região cervical, evidenciou-se a
presença de nódulo ulcerado, de consistência firme com 1 cm de diâmetro10.
Histopatologia
O aspecto macroscópico pode fornecer indicações sobre a natureza do tumor, mas
a histopatologia é essencial para um diagnóstico adequado17. Histologicamente o
tumor consiste de uma massa de mielócitos uniformes com pouco estroma, as células
tumorais são similares aos mielócitos normais porém com núcleos grandes, nucléolo
evidente e citoplasma preenchido com grânulos acidófilos15.
O VLA–J pode interagir com outros vírus causadores de tumor, principalmente com
o Vírus da Doença de Marek11, 24, por isso o diagnóstico virológico não estabelece por
si só a causa do tumor, tornando-se necessário a identificação histopatológica para
indicar sua causa provável17.
Diagnóstico através da PCR (reação de polimerase em
cadeia)
A técnica da PCR permite o diagnóstico de microorganismos através da detecção
de genes contidos no ácido nucléico destes agentes, sendo assim uma técnica
altamente específica. Com isso atualmente ela tem sido amplamente aplicada para
diagnóstico de doenças aviárias de impacto econômico. Foram desenvolvidas técnicas
de PCR para VLA–J através da detecção do RNA viral ou do provírus (DNA produzido
na síntese viral e que está integrado ao genoma da célula infectada) em materiais
como soro sangüíneo, leucócitos e órgãos tumorais19, 20. No Brasil esta técnica tem
sido aplicada para detecção do VLA–J, demonstrando bons resultados.2, 7, 8.
1 Referências Bibliográficas
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19
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20
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19- SLUIS, W. van der. 1999 World poultry diseases update. World Poultry, v.15, n.7,
p.30–33, 1999.
20- SMITH, E.J. et al. Detection of avian leukosis virus subgroup J using the
polymerase chain reaction. Avian Diseases, v.42, p.375–380, 1998.
21- SMITH, L.M. et al. Development and aplication of polymerase chain reaction (PCR)
tests for the detection of subgroup J avian leukosis virus. Virus Research, v.54, p.
87–98, 1998.
22- STEDMAN, N.L.; BROWN, T.P. Body weight suppression in broilers naturally
infected with Avian Leukosis Virus subgroup J. Avian Diseases, v.43, n.3, p.
604–610, 1999.
23- VENUGOPAL, K. Subgroup J avian leukosis virus-induced myeloid leukosis: recent
developments in pathogenesis, diagnosis & control. In: SIMPÓSIO SOBRE
ONCOVÍRUS AVIÁRIOS, Concórdia, 1999. Anais. Concórdia, EMBRAPA, 1999,
p. 18–20.
24- ZAVALA, G. Actualidades en investigación sobre Virus de Leucosis subgrupo J.
In: XVI Congreso Latinoamericano de Avicultura, Lima, 1999. Anais. Lima,
Associación Latinoamericana de Avicultura, 1999, p.45–46.
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INIBIÇÃO COMPETITIVA NO AMBIENTE DE
PRODUÇÃO DE FRANGOS
Fabio José Paganini
M.V., Coopers Brasil Ltda
e–mail: fabiopag@bewnet.com.br
Introdução
A avicultura de corte está sofrendo fortes pressões em duas frentes, o que de forma
geral resumem o desafio que os profissionais do setor têm enfrentado:
• A elevação dos custos de produção e as freqüentes “crises”, levando a uma
busca incessante da redução dos custos e de produzir com maior eficácia;
• Pressão dos mercados consumidores, num primeiro momento no mercado
europeu mas também em países emergentes, por alimentos mais saudáveis,
com menor resíduo químico e disponibilizando cada vez menos opções de
drogas para tratamentos preventivos e curativos. O modelo tradicional de
produção de frangos, onde a produtividade é garantida com o uso de drogas,
tem um futuro incerto.
As drogas usadas na avicultura moderna de forma profilática, e que vêm sofrendo
as restrições acima mencionadas, podem ser divididas em 2 grupos:
• Anticoccidianos;
• Aditivos melhoradores de desempenho (promotores de crescimento).
Como alternativa aos anticoccidianos no controle da coccidiose, não há grande
preocupação, já que o uso de vacinas contra coccidiose aviária são hoje seguras e
comprovadas.
A grande preocupação é com relação à substituição aos aditivos promotores de
crescimento. Algumas alternativas têm surgido para sua substituição:
• Probióticos: são suplementos alimentares compostos por cultura pura ou
composta de microorganismos vivos com a capacidade de se instalar e proliferar
no trato intestinal, com ação de promover o crescimento, beneficiando a
saúde do hospedeiro pelo estímulo às propriedades existentes na microbiota
natural. Seus modos de ação são: competição por sítios de ligação (exclusão
competitiva); produção de substâncias antibacterianas e enzimas; competição
por nutrientes; estimulação do sistema imune. (NEPOMUCENO, 2000).
• Prebióticos: oligassacarídeos não digeríveis pela ave e pelas bactérias
patogênicas, “alimentando” seletivamente algumas bactérias desejáveis, como
Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp. (NEPOMUCENO, 2000).
22
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• Simbióticos: termo que se refere ao uso concomitante de probióticos e
prebióticos.
• Inibição competitiva: diferencia-se da exclusão competitiva por fazer o controle
das bactérias patogênicas no ambiente, diminuindo assim a pressão de infecção
sobre as aves. Discutiremos a seguir alguns de seus aspectos e nossa
experiência com seu uso.
O que é inibição competitiva
A inibição competitiva consiste em inocular a cama com quantidades bastante
elevadas de bactérias que tenham condições de se multiplicar e predominar sobre
populações bacterianas potencialmente patogênicas.
O Impact–P, produto que atua por inibição competitiva, é um composto a base de
Bacillus subtilis e suas enzimas proteases. Atua através de 2 mecanismos:
• Efeito físico: a partir de um grande inóculo inicial e de uma grande capacidade de
multiplicação, ocorre a rápida colonização da cama e a ocupação dos espaços
disponíveis;
• Efeito químico: obtido com a liberação para o meio de enzimas proteases, que
tem efeito na viabilidade das principais bactérias de importância avícola.
Esses efeitos reduzem a chance das aves se inocularem com bactérias nocivas ao
ciscarem, reduzindo o stress imunológico e a possibilidade da ocorrência de doenças.
Vários estudos foram realizados a fim de comprovar o efeito de Bacillus subtilis no
ambiente de produção. Em um dos estudos, a bactéria foi cultivada até a fase log,
que é a fase onde morre na mesma taxa em que se reproduz. O meio de cultura
foi centrifugado para a remoção das bactérias, permanecendo o meio de cultura e os
materiais secretados pelas bactérias durante o crescimento. Dez microgramas desta
solução foram impregnados em discos de papel de filtro. Os discos foram colocados
em placas de Petri onde havia culturas de E. coli, Salmonella e Clostridium.
Foram usados dois discos com antibióticos (controle positivo) e um disco sem
antibiótico (controle negativo). Houve a formação de grandes halos de inibição
ao redor dos discos de antibióticos e ao redor dos discos impregnados com o
extrato de Bacillus subtilis observou-se a presença nítida de uma anel de inibição do
crescimento bacteriano. O Bacillus subtillis cria um ambiente desfavorável aos vários
patógenos, incluindo E. coli, Clostridium, Salmonella, e recentemente obtivemos
dados da Universidade da Georgia mostrando que o intestino das aves criadas sobre
cama tratada apresenta menos de 1/3 de bactérias do gênero Campylobacter quando
comparado com o intestino de aves criadas sobre cama não tratada.
Embora tenhamos avaliado individualmente o efeito do Bacillus subtillis sobre as
espécies de bactérias mencionadas acima, foram realizados estudos avaliando-se
a contagem total de bactérias Gram negativas no ambiente de produção e sobre o
corpo das aves. Estes estudos foram realizados pelo PARC INSTITUTE (Easton—
Maryland— EUA).
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Dezesseis grupos de aves foram divididos em dois tratamentos (cama tratada
e cama não tratada) com oito repetições em cada tratamento. Neste experimento,
avaliamos a contagem de bactérias Gram negativas presente na cama de cada box e
a contagem de bactérias presentes no exterior das aves.
A contagem bacteriana na cama (Tabela.1) foi determinada através da semeadura
de 50g de cama em 500 ml de meio triptose fosfato e posterior semeadura de 0,20 ml
desta cultura em placas com ágar MacConkey.
A contagem bacteriana no exterior das aves (Tabela.2) foi determinada através da
imersão total do corpo da ave sacrificadaaos 49 dias de idade, em 500 ml de meio
triptose fosfato. Em seguido foi realizada a semeadura de 0,40 ml em placas com ágar
MacConkey para a contagem de colônias.
Tabela 1 — Análise microbiológica da cama (No de bactérias por
ml)
Box Cama não tratada Inibição competitiva
1 246 102
2 154 85
3 302 137
4 214 196
5 139 165
6 441 43
7 152 87
8 207 49
Média 231.88 108.00
Análise estatística* b a
Desvio padrão 94.11 50.68
C.V. 40.59 46.92
* Médias na mesma linha, seguidas de letras diferentes são significativa-
mente diferentes (p<0.05)
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Tabela 2 — Contagem bacteriana no exterior das
aves (No de bactérias por ml)
Box Cama não tratada c
1 69 15
2 16 6
3 54 33
4 38 49
5 48 15
6 93 8
7 32 29
8 57 18
Média 50.575 21.625
Análise estatística* b a
Desvio padrão 22.07 13.53
C.V. 43.38 62.55
* Médias na mesma linha, seguidas de letras diferentes
são significativamente diferentes (p<0.05)
Podemos afirmar que a inibição competitiva proporciona um ambiente com
menos estresse imunológico, através da inibição competitiva na cama, o que pode
proporcionar uma redução de mortalidade, melhora na conversão alimentar, redução
das condenações no abatedouro, e melhora no ganho de peso.
Indicações para o uso da inibição competitiva em
frangos de corte
1. Na melhoria da produtividade
A redução ambiental da carga bacteriana se reflete no desafio imunológico a
nível de trato digestivo, o que por sua vez leva a um benefício em conversão
alimentar. Isso foi comprovado em todas as avaliações feitas no Brasil. Além
disso, a mortalidade decorrente de doenças infecciosas também é menor. É o
que podemos observar nos dados apresentados a seguir.
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Tabela 3 — Performance de 10 produtores de frango de corte, por 3 lotes consecutivos.
Primeiro ciclo Segundo ciclo Terceiro ciclo Média
In. In. In. In.
Com. Controle Com. Controle Com. Controle Com. Controle
Peso médio 2,201 2,299 2,101 2,265 1,973 2,111 2,123 2,157
C. A 1,754 1,839 1,776 1,838 1,789 1,842 1,769 1,839
C. A (2Kg) 1,706 1,768 1,752 1,775 1,795 1,816 1,74 1,801
Idade 41,58 43,13 40,44 43,01 40,4 41,55 40,86 41,97
Mort. (%) 2,413 2,789 2,67 2,93 2,509 2,846 2,53 2,85
IEE 294,53 281,77 284,75 278,12 266,2 267,97 282,08 275,95
Tabela 4 — Resultados de performance em 4 produtores de frangos de corte.
Aloja
mento Abatidos
Mortali
dade CA GPD PM IEE
Controle 7000 6021 13,98 2,084 42,581 1,831 180
Inib. Comp. 7000 6525 6,78 1,831 51,142 2,148 266
Controle 7000 6840 2,28 1,879 50,38 2,116 267
Inib. Comp. 7000 6750 3,57 1,781 50,142 2,106 277
Controle 11550 9945 13,52 1,84 42,439 1,74 204
Inib. Comp. 15200 13803 9,19 1,834 43,658 1,79 222
Controle 6800 6475 4,77 1,973 53,977 2,375 266
Inib. Comp. 6700 6471 3,41 1,797 55,159 2,427 303
Média
Controle 8075 7319 8,63 1,935 47,344 2,017 229
Inib. Comp. 8975 8137 5,93 1,81 50,025 2,118 267
Benefícios -2,02 -0,125 2,681 0,101 38
Na avaliação a seguir, pode-se constatar outro benefício do uso da inibição
competitiva, e para o qual ele é mais utilizado nos EUA, que é a melhoria de
performance de produtores com histórico ruim. Vejamos os resultados quando
selecionamos produtores com histórico de desempenho inferior à média da
integração.
2. Na produção de aves “orgânicas”
Com base em trabalhos anteriores que demonstraram os benefícios da inibição
competitiva , quando aplicada em camas de frangos de corte – diminuição
de 60% de bactérias potencialmente patogênicas na cama e incremento na
performance, desenvolvemos o trabalho que apresentamos a seguir.
Os tratamentos A,B,C,D e E são diferentes associações de promotores de
crescimento Gram negativos com Enramicina (Gram positivo), todos nas
dosagens recomendadas pelos fabricantes. No tratamento com Impact–P não
foram usados promotores de crescimento.
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Tabela 5 — Resultados de performance em produtores com histórico ruim.
Produtor Idade Mort. Peso C.A. Cond. C. Parcial IEE IEE
Total (6 lotes)
A 47 3.83 2651 1,99 0,26 0,30 272,58 246,87
B 47 3.48 2537 1,97 0,45 0,33 264,47 248,28
C 47 5.40 2565 2,10 0,65 0,81 245,84 239,41
D 48 9.54 2565 2,10 0,35 1,00 230,19 248,99
E 48 4.92 2613 2,01 0,61 0,77 257,51 247,90
F 47 3.61 2441 1,98 0,23 0,32 252,83 233,35
G 48 3.64 2517 1,96 0,36 0,17 257,80 244,73
Média 47,42 4.92 2555 2,02 0,42 0,53 254,46 244,22
Integração 46,31 5.02 2486 2,02 0,62 0,61 252,41
O controle da coccidiose em todos os tratamentos foi feito com a vacina
Coccivac–B, aplicada no primeiro dia de vida.
Tabela 6 — Resultados de performance de lotes com diferentes associações de
promotores de crescimento e um produto para inibição competitiva.
Tratamento Peso(g)
Ganho de peso
(g)
Consumo de
ração (g)
Conversão
alimentar
Mortalidade
(%)
A 2596,37 2553,04 4850,07 1,853 2,00
B 2626,07 2582,75 4828,38 1,828 3,00
C 2654,39 2611,14 4926,51 1,836 2,67
D 2648,01 2604,82 4947,40 1,840 3,00
E 2627,43 2584,02 4898,38 1,843 1,00
Inib. Comp. 2605,31 2561,80 4906,61 1,858 2,00
Os resultados obtidos para os diferentes parâmetros não diferiram estatistica-
mente entre os tratamentos. Aves foram necropsiadas ao longo do experimento
para avaliar a incidência de enterites, e também não foram observadas
diferenças entre os tratamentos.
O tratamento com inibição competitiva apresentou também os menores escores
de cake, comprovando o benefício em qualidade de cama obtido com seu uso.
3. Outros benefícios com o uso da inibição competitiva
• Redução de condenações no abatedouro: condenações de caráter infec-
cioso, como aerossaculite e celulites;
• Redução da contaminação de carcaças;
• Prevenção de doenças bacterianas em geral;
• Diminuição na condenação por calos de pé;
• Melhora da qualidade da cama e do ar;
• Uso da cama por mais lotes consecutivos.
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Indicações para uso da inibição competitiva em matri-
zes
1. Controle de Salmonella enteritidis
Com base nos excelentes resultados de ação “in vitro” na inibição de Salmonella
spp., desenvolvemos trabalhos que nos permitissem dar maior segurança na sua
indicação.
Após a antibioticoterapia, a inibição competitiva faz o controle da bactéria no
ambiente, evitando que as aves se recontaminem, como vemos no trabalho a
seguir.
Tabela 7 — Resultados de análise de swab de arrasto em galpões de
matrizes de corte.
Lote 1
Semanas idade 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41
Salmonella enteritidis - + - - - - - - - - -
Lote 2
Semanas idade 49 51 53 55 57 59 61
Salmonella enteritidis - + - - - - -
Ambos os lotes foram diagnosticados positivos. Foi feita antibioticoterapia por
10 dias e aplicação posterior de Impact–P. No lote 1 foi feita uma reaplicação na
semana 30, mantendo alta a população de Bacillus subtilis na fase de pico de
produção, quando as aves são submetidas a forte stress.
2. Reaproveitamento de cama em galpões de recria
A grande maioria das empresas está segmentando as granjas de matrizes em
galpões de recria e galpões de produção.
Ao final das 20 semanas nos galpões de recria, percebe-se que a cama ainda
tem, na maioria dos casos, condições de abrigar mais um lote. A grande
preocupação é a possibilidade de veicular agentes patogênicos para os lotes
consecutivos.
Quando tivermos diagnosticado algum problema sanitário importante, o reco-
mendável é não só trocar a cama, como tomar outras medidas que visem
eliminar a possibilidade de contaminação do lote seguinte. Entretanto, quando
a condição sanitária estiver sob controle, o efeito da inibição competitiva,
associado ou não à fermentação da cama tem condições de nos dar a
tranqüilidade necessária para alojarmos mais de um lote em galpõesde recria.
3. Prevenção de doenças bacterianas em geral
A inibição competitiva por Bacillus subtilis tem excelente ação na prevenção
de diferentes doenças bacterianas, como artrites bacterianas, colibaciloses,
pasteureloses e clostridioses.
Para esses casos, recomenda-se a aplicação do produto 2 semanas antes do
pico de desafio e aplicações posteriores com intervalo de 6 semanas.
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Conclusão
A partir da experiência que adquirimos com inibição competitiva, acreditamos estar
disponibilizando à avicultura brasileira uma alternativa comprovada no incremento de
performance e saúde das aves.
Sua eficácia e flexibilidade de uso serão sem dúvida um aliado do setor na
produção de carne sem riscos à saúde do consumidor, aliando excelente resultado
zooeconômico aos lotes.
Referências Bibliográficas
NEPOMUCENO, E. Probióticos e Prebióticos na Alimentação das Aves. Conferência
APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas. Campinas, 2.000. Anais.
LOGAN, W. Manejo da cama de frangos de corte e impacto microbiológico no
ambiente de produção. Cocciforum. Campinas, junho 2.000. Anais.
PAGANINI, F. J. Inibição competitiva no ambiente de produção de frangos de corte –
Programa Impact–P. Cocciforum. Campinas, junho 2.000. Anais.
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DIAGNÓSTICO MOLECULAR DE PATOLOGIAS
INFECCIOSAS AVIÁRIAS
Nilo Ikuta
Simbios Biotecnologia
Pesquisador da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
e–mail: ikuta@ultra.br
Introdução
Diagnóstico Molecular é uma área da biologia molecular que utiliza técnicas
baseadas nos princípios de hibridização e replicação de ácidos nucleicos, permitindo
a detecção e caracterização de microrganismos patogênicos associados com doenças
infecciosas.
Atualmente, considera-se irreversível a tendência desta área obter um lugar de
destaque nos laboratórios de análises microbiológicas, sejam eles de análises clínicas
e patológicas humanas, de sanidade animal ou de controle de qualidade industrial de
alimentos.
Técnicas como a REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE (PCR – Polymerase
Chain Reaction), têm permitido grande evolução nas análises de rotina de laboratóri-
os clínicos e industriais. Organismos não adaptados ao cultivo tornaram-se passíveis
de serem analisados. Novos patógenos estão sendo descobertos e os mecanismos
de associação com doenças elucidados. Em poucos anos, o diagnóstico molecular
evoluiu de uma mera curiosidade tecnológica para um campo vasto e complexo, com
o potencial para revolucionar a ciência e a prática da medicina e áreas correlatas.
A PCR consiste na síntese enzimática in vitro de cópias de DNA a partir de
uma seqüência alvo. A especificidade do teste é obtida a partir da utilização
de seqüências complementares à específica do patógeno. Num ensaio de PCR,
caso haja complementariedade entre os “iniciadores” (primers) e o DNA da amostra
analisada, haverá a ligação de ambos, seguida pela reação de síntese de DNA in vitro.
A repetição desta reação por 30 a 40 vezes (ciclos) dá origem a bilhões de cópias
do alvo num processo de amplificação (a quantidade dobra a cada ciclo), conferindo
extraordinária sensibilidade.
Numa rotina de detecção molecular, a única variável é a presença/ ausência do
DNA do patógeno (ou RNA, no caso de alguns vírus). Assim, só haverá síntese in
vitro do ácido nucleico quando o patógeno estiver presente na amostra.
No campo do diagnóstico molecular de doenças infecciosas aviárias, há trabalhos
de investigação científica contemplando praticamente todos os patógenos de rele-
vância econômica. Dentre outros, valem destacar: a detecção vírus da bronquite
infecciosa (18–19, 29, 39), mycoplasmas (30–33), salmonelas (5, 22, 36), vírus
da doença de gumboro (7, 9–11, 12–15, 21), vírus da anemia infecciosa (34),
pneumovírus, vírus da leucose linfóide (28) e mielóide (6, 8), vírus da doença de marek
(27, 38), vírus da reticuloendoteliose (28, 35), reovírus (37), vírus da laringotraqueíte
(1, 4), vírus da doença de Newcastle (17) etc.
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Via de regra, a detecção molecular obtém resultados semelhantes aos de
isolamento, sendo ainda, adicionalmente interessante, nos casos de patógenos de
difícil cultivo ou em casos em que se busca diferenciação de sorotipos, cepas, etc.
Basicamente, os equipamentos e reagentes utilizados na detecção molecular de
diferentes patógenos são os mesmos; o que muda, obviamente, são os iniciadores,
que são patógeno-específicos, tornando a técnica altamente versátil.
Uma sofisticação das técnicas de diagnóstico molecular é a tipagem molecular
(análogas a testes convencionais como a vírus-neutralização e sorotipagem) que,
além de indicar a presença do patógeno no campo, permite caracterização específica
do agente causal, diferenciando-o (caso de distinção entre cepas vacinais, entre
cepas vacinais e de campo, etc). Isto possibilita avaliação refinada, onde os testes
sorológicos são menos específicos, e também a avaliação de programas de vacinação.
Por não necessitarem de cultivo ou isolamento, são técnicas que permitem a obtenção
de resultados em curto espaço de tempo. A tipagem do vírus da bronquite infecciosa
(ibv) e do vírus da doença de gumboro (ibdv) são bons exemplos da aplicação destas
técnicas.
Existem possíveis variações nas técnicas de tipagem molecular, como a aplicação
de (a) sondas ou de (b) primers genótipos/sorotipos específicos; uma terceira forma,
que alia praticidade e sensibilidade consiste da (c) caracterização do produto da PCR
que advém do processo de detecção, aproveitando-o na tipagem molecular. Esta
última, é valida no caso do IBDV, por exemplo, onde se amplifica uma região do
antígeno VP2, comum a qualquer isolado do vírus. Apesar dos primers utilizados
para esta PCR serem comuns a todos os ibdvs, o produto da síntese apresenta
variações internas nas seqüências sintetizadas. Estas variações são evidenciadas
pela digestão com enzimas de restrição, que reconhecem seqüências específicas de
ácidos nucleicos e promovem clivagens. Neste caso, cada sorotipo apresenta padrão
próprio de restrição.
Modalidades de Diagnóstico Molecular em patologias
aviárias disponíveis no país.
O uso corrente de técnicas moleculares já é realidade no país. Várias empresas já
aplicam parâmetros de diagnóstico molecular em diferentes circunstâncias de manejo.
A Simbios Biotecnologia tem oferecido pioneiramente modalidades de diagnóstico
molecular, dentre as quais, citam-se:
1. Patógenos relacionados com o trato respiratório MG, MS, IBV, reovírus,
pneumovírus, ILT
2. Patógenos que afetam o sistema imunológico ibdv, cav, reovírus
3. Patógenos neoplásicos mdv, alv–j e outros alv’s, reticuloendoteliose
4. Outros patógenos salmonelas, adenovírus etc.
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Projetos de pesquisa do grupo
Trabalhos de pesquisa executados por nosso grupo (sumariados a seguir) com
Mycoplasma gallisepticum, Salmonella, ibdv, ALV–J são exemplos de como o
diagnóstico molecular pode contribuir para a elucidação de casos.
Com a aplicação de metodologias moleculares, descreveremos, a seguir, aborda-
gens que consideram:
• a tipagem de cepas vacinais de Mycoplasma gallisepticum, possibilitando a
avaliação de programas vacinais;
• metodologia para identificação de sorotipos de Salmonella;
• a caracterização de cepas de ibdv distintas das clássicas e de variantes
encontradas em outros países e;
• estudo de ocorrência de ALV–J e de cepas de vírus da doença de gumboro de
alta virulência, indicando tratarem-se de patógenos introduzidos em nosso país.
Tipagem de Mycoplasma gallisepticum
O Mycoplasma gallisepticum(MG) causa prejuízos à avicultura pela diminuição da
produção e da

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