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MÃES DO CÁRCERE - Flávia CORRETO

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MÃES DO CÁRCERE: OS DIREITOS DAS MULHERES E A CONVIVÊNCIA FAMILIAR EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
Flávia Fernanda Vieira Laranjeira (UEMS); Claudecir Faustino Junior (UEMS); Nayara Karine Silva (UEMS); Rafaela Dantas dos Santos (UEMS); Raphael Prieto dos Santos (UEMS).
Introdução: O crescimento de mulheres como população carcerária no Brasil tem se tornado preocupante. Desta forma, torna-se necessário compreender esta questão com uma perspectiva de gênero, estabelecendo as diferenças existentes entre homens e mulheres no meio social, para que então se possa analisar e determinar a forma pela qual as mulheres e homens devem ser tratados em sua realidade criminal e, por consequência, o funcionamento do sistema de justiça criminal, a fim de tratá-los conforme suas necessidades.
Objetivo: O trabalho buscará analisar a ineficácia do tratamento das mães encarceradas, a partir de uma estrutura jurídica e prisional, que fere inúmeros direitos fundamentais.
Desenvolvimento: Verifica-se, no mundo jurídico, uma realidade onde não se é capaz de reparar injustiças e garantir que seja posto em prática, de forma adequada, os direitos humanos pois, uma simples “leitura a códigos”, faz com que seja impossível garantir que isso ocorra. A maneira pela qual o sistema jurídico está sendo conduzido, é cediço que desigualdades e punições de maneiras inadequadas ocorram, ainda mais quando se trata de mulheres encarceradas. É evidente que essas mulheres necessitem de um olhar individualizado, até pelo fato de possuírem questões e comportamentos diferenciados. Porém, o que se encontra são as maiores violações aos direitos no geral, especificamente aos direitos sexuais e reprodutivos. Entretanto, a precariedade das penitenciárias femininas é absurda, destacando-se o fato de que são tratadas de forma similar aos dos homens, não possuindo acesso a cuidados específicos de todas as mulheres e a cuidados com a saúde e higiene, no geral. O poder público parece ignorar que está lidando com mulheres e oferece um ‘pacote padrão’ bastante similar ao masculino, nos quais são ignoradas a menstruação, a maternidade, os cuidados específicos de saúde, entre outras especificidades femininas (QUEIROZ, 2015). Existe uma discrepância no momento em que o operador do direito aborda questões do gênero feminino, de modo geral, em comparação a efetivação de direitos aos dos homens. É importante enfatizar que a Constituição Federal de 1988, quando trata do princípio da igualdade, não o contextualiza em seu sentido formal, mas sim material, quer dizer: “tratar os iguais de forma igual, e os desiguais de forma desigual, na medida da sua desigualdade”. Nesse sentido, embora existam diversas leis que visam proteger a mulher em todas as suas concepções e, por conseguinte, efetivar a igualdade material, isso não tem surtido efeito na diminuição dos casos de agressão a essas vítimas (SCOTT, 1995). No caso das encarceradas, não se sabe por quanto tempo a criança poderá permanecer no interior das penitenciárias aos cuidados da mãe, e essa permanência não possui um respaldo mínimo das penitenciárias, pois não oferece habitabilidade, como um local adequado para dormir, alimentação com o mínimo de higiene e saneamento básico. Portanto, uma vez que o ordenamento jurídico não é capaz, por si só, através de políticas de prevenção, e, em outros casos, por meio da repressão, conter os casos de violência contra a mulher, torna-se necessário pesquisar os demais fatores existentes na sociedade que afetam diretamente essa problemática. O sistema legal brasileiro encontra-se dominado por uma ideologia machista, onde estão enraizados resquícios androcêntricos, no seu controle social informal. Logo, há um despreparo exorbitante para as questões de gênero no sistema legal brasileiro, desde o atendimento nas delegacias aos tribunais superiores. Os operadores do direito sequer demonstram capacidade para agir nesses casos, não suprindo as necessidades da população carcerária feminina (ESCURI, 2017).
Conclusão: Concluímos que se fazem necessários procedimentos de prevenção, tratamento de doenças, acompanhamento de gestantes, exames de rotina, atendimento médico e contraceptivo que deveriam alcançar a população feminina, dentro ou fora das prisões. Mas, percebe-se pelos depoimentos que a saúde é um direito negado às mulheres presas.
Referências: 
QUEIROZ, N. Presos que menstruam. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2015.
ESCURI, G. Mães e mulheres no cárcere. A explosão da população carcerária feminina no Brasil, a seletividade do sistema penal e as péssimas condições de vida às gestantes e encarceradas. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/maes-e-mulheres-no-carcere>. Acesso em: 12 de Junho de 2019 
SCOTT, J. “Gênero uma categoria útil para a análise histórica”. Disponível em: www.dhnet.org.br/direitos/textos/generodh/gen_categoria.html. Acessado em: Junho de 2019.

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