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DISCIPLINA: ÉTICA (UCS0103) ÉTICA E RESPONSABILIDADE: O OUTRO E AS GERAÇÕES FUTURAS COMO CRITÉRIOS PARA TOMADA DE DECISÃO Exercício avaliativo – (Salve este arquivo em seu computador com o título “Meu_Nome_Sobrenome.doc” no seu computador e, após, poste sua resposta no Webfólio, na pasta “Exercício avaliativo das aulas 6 e 7”) Estudante: TAÍS CRISTINA VELHO CAVALETTI Este instrumento compreende 1,0 ponto na nota final da disciplina. As questões de 1 a 4 correspondem a 0,15 ponto cada e a questão 5 corresponde a 0,4 ponto. Questão 1 No documentário Lixo extraordinário, de 2010, o artista Vik Muniz vai ao encontro daqueles que vivem no aterro do Jardim Gramacho para conhecer suas histórias. Entre eles há um catador, senhor Valter. No início da conversa, Valter pergunta a Muniz o que ele quer ali no aterro de Jardim Gramacho. Dentre as proposições que seguem, identifique aquela (uma única alternativa) que expressa coerentemente o diálogo no documentário e sua relação possível com a ética da alteridade. [ ] A resposta de Muniz – "O motivo pelo qual vocês catadores não são reconhecidos como importantes na sociedade é porque vocês não se dão valor" – permite perceber que o artista sente-se na obrigação de conscientizar aquelas pessoas de que eles devem buscar por si mesmos o reconhecimento na sociedade. Da mesma forma, para a ética da alteridade, é preciso lutar para conquistar o reconhecimento frente ao outro. [ X ] A resposta de Muniz – "O catador, como o lixo que está aqui, é uma pessoa que ninguém conhece" – permite uma relação com a ética da alteridade, pois o artista quer, pela arte, dar rosto e voz àqueles que ficam invisíveis para a sociedade. [ ] A resposta de Muniz – "O motivo pelo qual vocês catadores não são reconhecidos como importantes na sociedade é porque vocês não se dão valor" – aponta para uma impossibilidade de aproximação entre a ética da alteridade e a atitude tomada pelo artista no documentário. [ ] A resposta de Muniz – "O catador, como o lixo que está aqui, é uma pessoa que ninguém conhece" – permite entender que o artista está ali para guardar aqueles rostos e histórias escondidos do resto da sociedade, pois ele entende que a maioria das pessoas não teria condições de reconhecer o valor do trabalho daqueles catadores. Questão 2 Das proposições abaixo apresentadas, identifique a única delas que não corresponde adequadamente aos estudos sobre a ética da alteridade, de Emmanuel Levinas. [ ] Para Levinas tem importância decisiva a alteridade: a diferença radical que se manifesta a partir do outro, sobre a qual nada pode ser previamente atribuído. O outro se mostra como rosto, e como inteiramente diferente que é nos apela uma responsabilidade ética. [ ] A responsabilidade nasce de um apelo ético do rosto do outro que se mostra. Então, não é a liberdade de um eu que escolhe ser responsável por outrem, mas é o outro que me apela à responsabilidade. Dar-se conta do apelo por responsabilidade, advindo do rosto do outro, torna-se possível num sujeito sensível que se faz humano ao responder eticamente tal interpelação. [X ] Um dos aspectos mais importantes do pensamento de Levinas é a possibilidade de uma reciprocidade como condição da ética: eu sou inteiramente responsável por outrem porque o outro também será inteiramente responsável por mim (assim como numa relação amorosa ou numa relação familiar, em que um cuida de outrem para ser reciprocamente cuidado). [ ] Na ética da alteridade em questão está assumir a própria humanidade, que implica em responder eticamente frente ao rosto do outro. Há uma responsabilidade incondicional frente a toda fragilidade humana. Trata-se de uma interpelação ética. E responder responsavelmente a esta interpelação é o que possibilita a humanidade: ser humano, portanto, implica uma dimensão ética. Questão 3 Retomando o diálogo de Vik Muniz, com o Sr. Valter. O presidente da associação de catadores faz o seguinte raciocínio: “Digamos que cada casa gere um quilo de lixo; e esse quilo gere 500 gramas de material reciclável. Em mil residências isso se transformaria em 500 quilos de material reciclável [...]”. Das opções abaixo identifique a única delas que coincide com a continuidade do discurso do senhor Valter e que revela adequação ao princípio responsabilidade e Hans Jonas? [ ] “Se assim fosse haveria menos material para ir para as valas, esgotos ou vir para o aterro fazendo esse grande mal à natureza, ao meio ambiente”. [ ] “Se assim fosse teríamos mais materiais para reciclar aqui na associação e todos ganharíamos mais dinheiro”. [ ] “Se assim fosse não teríamos mais trabalho aqui e a associação não seria mais necessária.” [ ] “Se assim fosse a associação não teria mais espaço para receber tanto lixo”. [ X ] “Se assim fosse haveria menos lixo na rua e nós da associação agradeceríamos”. Questão 4 As Crianças de Açúcar é, segundo Vik Muniz, a obra mais importante de sua carreira. São crianças da ilha caribenha, filhos de produtores. Ele imaginava o desenvolvimento daquelas crianças incríveis e belas em adultos que fossem igualmente felizes, pois a ilha era um paraíso. Mas os pais delas eram muito tristes, cansados, fatigados. Pessoas que trabalhavam 16 horas por dia nos canaviais. Ele pensava no que estava faltando na transição entre aquela infância e os adultos desolados. Era o açúcar! “A doçura tirada daquelas crianças”. A reflexão de Vik Muniz sobre a continuidade da alegria daquelas crianças no futuro aponta para responsabilidade para com as gerações futuras, tema caro a Hans Jonas. Identifique, abaixo, a única proposição que está de acordo com a compreensão de Hans Jonas sobre a responsabilidade. [ ] A responsabilidade transforma-se numa opção que exclui a relação parental em que o cuidado é uma dádiva total, sem exigência de reciprocidade. [ ] A responsabilidade transforma-se numa obrigação que tem como paradigma a relação parental em que o cuidado não é uma dádiva total e, portanto, exige a reciprocidade. [ X ] A responsabilidade transforma-se numa obrigação que tem como paradigma a relação parental em que o cuidado é uma dádiva total, sem exigência de reciprocidade. [ ] A responsabilidade não é uma obrigação que tem como paradigma a relação parental em que o cuidado é uma dádiva total e exige reciprocidade. [ ] A responsabilidade surge do medo e não da consciência de nossa relação parental. Questão 5 Uma das pessoas entrevistadas por Muniz é a Sra. Magna, que relata ter conhecido o Jardim Gramacho há cerca de um ano, pois ali ela e o marido foram buscar sustento quando este último ficou desempregado. Ela fala sobre as situações de constrangimento no ônibus por conta do mau cheiro após o trabalho com o lixo. Em seguida ela propõe uma reflexão sobre os hábitos de consumo, o que culmina com a pergunta: “Para onde vai esse lixo?”. Associe esta cena do filme ao já referido depoimento do Sr. Valter na questão 3, que propõe um cálculo sobre o alcance da produção do lixo em escala. Analisando as cenas referidas, e em diálogo com os estudos sobre ética e responsabilidade (aulas 7 e 8), construa um breve texto em que você apresente um juízo ético sobre as responsabilidades (para com o outro e/ou para com as gerações futuras) envolvidas. É importante que o texto não seja uma simples opinião, mas seja uma formulação que demonstre que você sabe aplicar algum(ns) conceito(s) estudado ao contexto mencionado. Como referência de extensão, considere adequada uma redação de 10 linhas: em questão está a expressão do argumento central do juízo ético que você elaborar. Resposta: Os questionamentos propostos pelo documentário, “Lixo Extraordinário”,como exemplo o estranhamento inicial vivido Vik Muniz em relação ao território de trabalho e das pessoas que trabalham com o lixo, coleta de materiais descartáveis, e a maneira que são percebidas pelos olhares da sociedade, ainda de forma preconceituosa, traz um sentimento de evitação ao lixo e até de certo nojo, afastamento, ou, até mesmo, repugnância; a sociedade gera segregações sociais, excluindo a transformação social e a criação de novas perspectivas a respeito do lixo, causando afastando ainda que de forma sutil de novas tentativas de inclusão social. O preconceito é um dos grandes vilões ainda hoje, pois passado de geração em geração, gera uma construção social; mas se é construído, também pode ser desconstruído. E para que isto aconteça, precisamos buscar esclarecimentos sobre o assunto, levantar questionamentos, fazer reflexões, dialogar acerca de temas tabus na perspectiva de trazer propostas de inclusão social. Observa-se que a coleta de lixo é a atividades humana que está mais vinculada ao preconceito e à discriminação social, como revelado pelas pessoas entrevistadas no documentário, as quais são pouco, ou nada, reconhecidas socialmente. Uma discriminação que leva a humilhação, a desonra, e ao não reconhecimento do ‘outro’. Existe uma ditadura que a própria sociedade impõe como padrão aceitável, subversivo ou desprezível. Preconceitos estes, capazes de gerar isolamentos, sentimentos de inferioridades, rejeição e humilhação social. Logo, verifico, segundo os textos e pensamentos de alguns filósofos aqui estudados a necessidade de estar no lugar do “outro”, ou mesmo olhar sobre a vida do “outro” com mais empatia, para que a exclusão social seja eliminada; e ao mesmo tempo que sejamos educados a produzir conscientemente o lixo nosso de todo dia, ou seja, produzir menos lixo ou descartá-lo de maneira consciente, haja visto, que em algum lugar este lixo irá parar e lá no ponto final deste descarte existem pessoas como nós, lutando por uma vida digna, devemos repensar as políticas públicas sim, mas precisamos antes de tudo começar por nós, a mudança que poderá beneficiar as pessoas ao nosso entorno, esta reflexão nos remete à responsabilidade que temos com nossos iguais, enquanto seres humanos, responsabilidade esta que deve ser incondicional. Esta atitude de reflexão, de criticidade diante do lixo produzido por nós, possibilita trazer para a visibilidade aquele ou aqueles que estão invisíveis em nossa comunidade e tornar o lugar onde vivemos próspero aos nossos descendentes, preocupação tão presente nos textos de Hans Jonas.