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Português - Redação NORMA CULTA E LINGUAGEM COLOQUIAL 1 Sumário Introdução .................................................................................................................................... 2 Objetivos ....................................................................................................................................... 2 1. Variedades linguísticas ......................................................................................................... 2 1.1. Norma culta .................................................................................................................. 3 1.2. Linguagem coloquial .................................................................................................... 4 Exercícios ...................................................................................................................................... 5 Gabarito ........................................................................................................................................ 6 Resumo ......................................................................................................................................... 6 2 Introdução Na apostila Linguagem oral e linguagem escrita, aprendemos que a comunicação é um ato social. O ser humano está o tempo todo se comunicando seja oralmente ou utilizando símbolos e sinais. Estudamos também que as linguagens possuem níveis de produção que vão do menos complexo ao mais complexo, de acordo com os objetivos da pessoa que fala, do ambiente, etc. Nesta apostila, aprofundaremos mais acerca desses níveis, que vão da linguagem informal a linguagem formal. Quando eu posso usar a linguagem informal? Quando eu não devo usar a linguagem informal? É possível falar de única forma em todos os ambientes? Esses são alguns questionamentos que serão respondidos nesta apostila. Objetivos • Definir o conceito de linguagem coloquial e norma culta (norma padrão). • Entender em quais momentos devo utilizar a linguagem coloquial. • Compreender porque é importante dominar a norma culta. 1. Variedades linguísticas Pronominais Oswaldo de Andrade Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro O poema de Oswaldo apresenta uma reflexão sobre o modo de falar do brasileiro. Observe os versos que abrem e fecham esse poema: 3 Dê-me um cigarro Me dá um cigarro A mensagem transmitida é a mesma, contudo a forma de dizê-la é diferente. A primeira como a própria voz lírica diz é a do professor, da gramática, já a segunda é do bom homem da Nação Brasileira. Pense no seu dia a dia. Como você fala quando vai a um supermercado ou a uma padaria? Você diz: Dê-me 10 pães, por gentileza? Ou, me dá 10 pães? Provavelmente, você usa a segunda forma. Mas, o que diz a gramática? Ela ensina que não devemos iniciar uma frase com o pronome oblíquo, mas ninguém fala assim no nosso dia a dia. Com essa reflexão, a que conclusão podemos chegar? Concluímos que a linguagem falada em nosso dia a dia é diferente da gramática. Isso acontece porque a linguagem falada é dinâmica e flexiona de acordo com os indivíduos. Já a linguagem escrita é mais rígida e possui regras e normas (padrões de uso). Esses padrões foram sendo estabelecidos ao longo do tempo, principalmente, pela ação de dois instrumentos sociais: a escola e os meios de comunicação (jornais, livros, etc.). Essa diferença entre um tipo de linguagem e outra chamamos de variações linguísticas. 1.1. Norma culta Como dito anteriormente, a norma culta (ou norma padrão) foi sendo estabelecida ao longo do tempo a partir de instrumentos sociais. É importante ressaltar que antigamente frequentar a escola e comprar livros eram privilégios de uma pequena parcela da sociedade, geralmente, a elite. Assim, a escola e os meios de comunicação adotaram a variedade linguística dessa classe social. Foi essa variedade que serviu de base para a elaboração das gramáticas normativas, e, hoje, é conhecida como a norma culta. A norma culta é usada quase exclusivamente na escrita. Alguns exemplos de textos nos quais são empregados a língua padrão: jornais, revistas, documentários, trabalho de conclusão de curso, documentos oficiais, cartas formais, etc. É muito importante dominar a norma padrão, ela é também um meio de ascensão social, uma vez que se pressupõe que quanto maior a escolaridade de uma pessoa, melhor o seu domínio das regras gramaticais. 4 DICA! 1.2. Linguagem coloquial Se a norma culta se refere às normas gramaticais, a linguagem coloquial é o seu oposto. Retorne ao poema de “Pronominais”, de Oswaldo de Andrade, no segundo estrofe é dito: Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro O último verso opõe-se ao primeiro, somente na forma como é colocado o pronome oblíquo. A linguagem coloquial é usada pela maioria absoluta das pessoas em suas relações sociais do dia a dia, sua principal característica está com a despreocupação com as inúmeras regras da gramática normativa. Isso não quer dizer, entretanto, que este falante irá construir uma frase agramatical. Por exemplo, ninguém fala “dá um cigarro me”, isto acontece porque temos uma gramática internalizada, que foi se formando com o nosso desenvolvimento linguística. RELEMBRANDO ! Concluímos que a linguagem coloquial é aquela que usamos no nosso dia a dia, com nossos colegas, amigos e vizinhos. Mas não se preocupe, não usar a norma padrão para falar é altamente normal e aceitável. O único cuidado que devemos ter é Gramática internalizada: Sistema de regras que constituem a estrutura de funcionamento do idioma e que são assimiladas naturalmente – pela prática – por todos os falantes. Ler os clássicos é um bom exercício para assimilarmos a norma padrão e desenvolvermos a nossa escrita. Além disso, conhecer a obra prima da literatura brasileira é emocionante. 5 quanto ao uso das gírias, há ambientes que elas são aceitáveis e bem-vindas, outros que não. Por exemplo, ninguém vai falar uma gíria em uma entrevista de emprego. No entanto, todos podemos dizer sem medo: “eu vou no supermercado”, mesmo que a gramática normativa diga que o certo é “eu vou ao supermercado”. SAIBA MAIS! Exercícios Leia o trecho do texto “Ser poliglota na própria língua”, de Evanildo Bechara, para responder às questões 1, 2 e 3. “[...] A língua padrão é uma etiqueta social. Um tipo de modalidade que não é para usar todos os dias. Há pessoas que até exageram, e o resultado é que normalmente não são entendidas. Tenho um amigo, professor de português, que só fala a língua exemplar, padrão. Uma vez, saindo do Pedro II, foi assaltado. Gritou, e não apareceu ninguém. Ele ficou aborrecidíssimo. Voltou ao Pedro II e reclamou. “Mas você não gritou? Não pediu socorro?”, perguntaram. “Eu gritei, mas não apareceu ninguém!” “Mas o que você disse?” “Eu gritei: ‘Peguem-no, peguem-no!’”. O limite é adequação. 1) Por que o narrador disse que a língua padrão é uma etiqueta social, que não é para ser usadano dia a dia? 2) Provavelmente, as pessoas não entenderam o pedido de socorro do professor. Por quê? 3) O que significa dizer que o limite é adequação? Aprofunde seus conhecimentos lendo o livro A língua de Eulália do linguista Marcos Bagno. 6 Gabarito 1) A língua padrão é aquela descrita pela gramática normativa. Em nosso dia a dia, usamos a gramática internalizada. Geralmente, usamos a norma culta em reuniões formais, entrevistas de emprego, etc. Mas com os nossos amigos, vizinhos e família usamos a linguagem coloquial. 2) Porque, provavelmente, as pessoas não compreenderam a quem se referia o pronome “no”. 3) Devemos adequar a nossa linguagem ao ambiente que estamos, ou ao meio de comunicação. Um professor em uma sala de aula deve usar a norma culta, no entanto, em uma situação de risco do dia a dia, é importante falar de forma que todos possam entender. Resumo Nesta unidade aprendemos sobre a diferença entre a Norma culta, também conhecida como norma padrão, e a linguagem oral. Vimos que todos os falantes de uma língua têm uma gramática internalizada, que possui regras mais flexíveis em relação ao uso da língua, apesar da flexibilização de algumas regras, os falantes de entendem os mecanismos de funcionamento de sua língua, não construindo assim frases agramaticais. Essa é a língua falada pelas pessoas no dia a dia, também conhecida como linguagem coloquial. Já a norma padrão é uma convenção social, antigamente, era a linguagem utilizada pela elite, esta é a língua usada em textos formais, por exemplo, jornais, trabalhos acadêmicos, relatórios, contratos, etc. 7 Referências bibliográficas BECHARA, Evanildo. Não sou poliglota, sou linguarudo. (Entrevista concedia a Alexandre Bandeira e Homero Fonseca). Continente Multicultural, ano II, n.13. Pernambuco, CEPE, janeiro/2002, p. 38. PATROCÍNIO, Mauro Ferreira do. Aprender e praticar gramática: volume único. São Paulo: FTD, 2011. TERRA, Ernani; NICOLA, José de. Gramática, literatura e produção de texto para o ensino médio: curso completo. 2. ed. reform. São Paulo: Scipione, 2002.
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