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Leitura e producao de textos _UNIDADE 02

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pr
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 de
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xt
o 
Leitura e 
de tex 
Leitura e produção de texto 
e Leitura 
de texto 
Leitura e 
produção 
de texto 
leitura 
Leitura e 
produção 
de texto 
U2 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
2 
 
 
 
 
 
 
 
Linguagem 
Verbal Falada 
e Escrita 
 
 
Objetivo do estudo 
- Distinguir língua e linguagem. 
- Identificar as variedades linguísticas: geográficas e socioculturais. 
- Dissertar sobre a norma considerada padrão na sociedade. 
- Dissertar sobre adequação vocabular e contexto. 
- Diferenciar língua falada de língua escrita. 
- Explicar o que é linguagem formal e linguagem informal. 
- Identificar recursos de expressividade da fala e da escrita. 
 
 
INTRODUÇÃO: 
Você acha que a língua falada e a língua escrita são equivalentes? Sim? Não? 
 
Provavelmente, você deve ter dito que cada uma dessas modalidades tem a sua especificidade. A língua falada é mais natural, 
já que aprendemos a falar imitando o que ouvimos. 
Já a língua escrita só é aprendida depois que dominamos a língua falada. Esta não é uma simples transcrição do que falamos; 
está mais subordinada às normas gramaticais. Assim, requer mais atenção e conhecimento de quem fala. Por ser escrita, 
permanece por mais tempo, ao passo que a língua falada é mais efêmera, passageira. Algumas vezes é possível encontrar 
na modalidade escrita recursos da língua falada. 
São essas questões que iremos discutir aqui, na segunda unidade da nossa disciplina. Veremos a diferença entre língua e 
linguagem, língua falada e língua escrita. Estudaremos o que é variação linguística, a norma considerada padrão em nossa 
sociedade e a adequação vocabular de acordo com o contexto dos falantes. 
Prontos para estudar? Vamos lá! 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
 
 
 
 T1 
 
 
 
Estudar a língua 
portuguesa é tornar- 
se apto a utilizá-la com 
eficiência na produção e 
interpretação dos textos 
Língua e Linguagem 
 
Você sabia que a leitura pode ser um instrumento de 
transformação do sujeito e da sociedade? Leia o texto abaixo 
para entender essa relação. 
 
Linguagem e língua 
(texto adaptado) 
 
Na origem de toda a atividade comunicativa do ser 
humano está a linguagem, que é a capacidade de se 
comunicar por meio de uma língua. Língua é um sistema 
de signos convencionais usados pelos membros de uma 
mesma comunidade. Em outras palavras: um grupo social 
convenciona e utiliza um conjunto organizado de elementos 
representativos. (...) 
 
Individualmente, cada pessoa pode utilizar a língua de seu 
grupo social de uma maneira particular, personalizada, 
desenvolvendo assim a fala. Observe: você, ao falar ou 
escrever, dá preferência a determinadas palavras ou 
construções, seja por hábito, seja por opção consciente. Esse 
seu modo particular de empregar a língua portuguesa é a 
sua fala. (...) Por mais original e criativa que seja, no entanto, 
sua fala deve estar contida no conjunto mais amplo que é 
a língua portuguesa; caso contrário, você estará deixando 
de empregar a nossa língua e não será mais compreendido 
pelos membros da nossa comunidade. Note, pois, que língua 
é um conceito amplo e elástico, capaz de abarcar todas as 
manifestações individuais, todas as falas. 
 
Estudar a língua portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com 
eficiência na produção e interpretação dos textos com que se 
organiza nossa vida social. Por meio desse estudo, amplia-se 
o exercício de nossa sociabilidade — e, consequentemente, 
de nossa cidadania, que passa a ser mais lúcida. Ampliam-se 
também as possibilidades de fruição dos textos, seja pelo 
simples prazer de saber produzi-los de forma bem feita, seja 
pela leitura mais sensível e inteligente dos textos literários. 
Conhecer bem a língua em que se vive e pensa é investir 
no ser humano que você é. 
 
(INFANTE, Ulisses. Do Texto ao Texto: curso prático de 
redação e leitura. São Paulo: Scipione, 1998, p.28/29.) 
exercício 
 
Que tal praticar sobre língua e linguagem? Realize o exercício seguinte. 
3 
2 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
4 
 
 
http://blogaodojoao.files.wordpress. 
com/2009/10/e591d98c-affc-4fa8-abf5- 
39a991ad535d_desenho15.jpg 
 
 
 
1) O texto abaixo se trata de uma charge. Correlacione-o ao texto anterior e produza um 
parágrafo sobre a questão da importância da educação para o exercício pleno da cidadania: 
 
 
 
 
 
 
Língua e Identidade 
 
Além de ser um meio de interação social, a língua também é uma forma de identidade cultural 
e grupal. 
 
Falar a mesma língua de outra pessoa geralmente equivale a ter com elas muitas coisas 
em comum: referências culturais, esportivas, musicais, hábitos alimentares, etc. A língua é, 
portanto, um elemento importante na definição da identidade de um povo ou de um grupo 
social. 
 
Mas não é só isso. Além de nossa identidade social, a língua revela também muito do que 
somos individualmente. Ela mostra nossa agressividade, afetividade, formalidade, gentileza, 
educação etc. 
 
A tira abaixo é um exemplo de como a língua cria uma identidade grupal. Observe as diferenças 
existentes entre as falas dos personagens. 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
1 Tira 1 
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/-Ys2kqKV1Tdk/UIbZpc XI/AAAAAAAANkA/ 
AwVXIZI9fS8/s1600/E.2012.06.08Monica.jpg 
 
 
 
 
 
 
Agora, depois de ler as duas tiras acima e refletir sobre elas, responda as questões que se 
seguem: 
 
1) Na primeira tira, Chico Bento e a mãe falam um português bastante peculiar, que busca 
refletir o linguajar de certas regiões do Brasil. Retire das falas das personagens exemplos 
desse falar diferenciado. 
 
2) Embora o jeito de falar de Chico Bento e sua mãe seja diferente do usual, eles se entendem 
sem problemas. Em sua opinião, a que isto se deve? 
 
3) Na segunda tira, percebe-se que Chico e sua professora não falam da mesma maneira. 
Em sua opinião, a que se devem tais diferenças? 
 
 
possíveis respostas!!! 
2 Tira 2 
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-Jopwpz02lkk/Uy4TYoQbZXI/AAAAAAAB6b4/ 
FeFpBd5RXI0/s1600/844640998.jpg 
 
1) Ocê, contá, pruque, cas, drumindo, i, sabé, finar. 
 
2) É um caso típico de identidade grupal, ou seja, por estar inserido no grupo de sua comunidade imediata (mãe, pai, 
vizinhos), Chico Bento falará como eles, tanto entenderá quanto será entendido sem problemas. Em outros contextos 
linguísticos, porém, a fala de Chico Bento causaria estranheza. 
 
3) Na segunda tira, o que fica claro é que Chico e a professora não pertencem ao mesmo grupo linguístico. Como habitante 
da região urbana (provavelmente) e possuidora de maior grau de escolaridade (senão, não seria a professora), ela fala de 
acordo com as normas do chamado “português padrão”, ou seja, aquele ensinado nas escolas. Já Chico Bento, caracterizado 
como um personagem da região rural, tem sua fala aproximada a de um estilo caipira. 
 
5 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
 
 
 
 T2 
Variedades Linguísticas 
 
 
Empregada por tão grande quantidade de indivíduos, em situações tão diferentes e a todo 
momento, é de se esperar que a língua não se apresente estática. Ou seja, condicionantes 
sociais, regionais e as diversas situações em que se realiza determinam a ocorrência de 
variações em uma língua. 
 
Dino Preti, um conhecido professor e linguista brasileiro, subordina o estudo das variedades 
linguísticas a dois amplos campos: 
 
Variedades geográficas: 
1. Falares regionais ou dialetos 
2. Linguagem urbana x linguagem rural 
 
Variedades socioculturais: 
1. Variedades devidas ao falante 
 Dialetos sociais 
 Grau de escolaridade, profissão, idade, sexo, etc. 
 
2. Variedades devidas à situação: 
 Níveis de fala ou registros (formal/coloquial) 
 Tema, ambiente, intimidade ou não entre os falantes, estado emocional do falante. 
 
 
Vamos conhecer melhor essas variedades?!Variedades Geográficas 
Leia o anúncio publicitário que se segue: 
Fonte: http://dc222.4shared.com/doc/i6bLUJ_O/preview_html_1f7a554c.jpg 
6 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
 
 
 
Se você leu o anúncio com atenção, deve ter percebido que, no canto inferior esquerdo, 
está escrito: “Este verão, visite os parques de Lisboa”. Agora, ficou mais fácil entender a 
mensagem, não é? Ele está escrito em português de Portugal e faz um trocadilho entre 
“bichas” (filas), marca típica da sociedade urbana e burocratizada, e “bichos”, símbolo de 
natureza e vida natural. 
 
É claro que este texto soa estranho ao falante da língua portuguesa que mora no Brasil. Para 
nós, as pessoas formam filas (e não bichas) quando aguardam sua vez de serem atendidas 
em um banco, em uma bilheteria de cinema etc. 
 
Pode-se perceber facilmente que a maneira como o português é empregado no Brasil e em 
Portugal não é exatamente a mesma. Na verdade, são oito os países que têm o português 
como língua oficial, ou seja: Portugal (na Europa), Brasil (na América do Sul), Angola, 
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe (na África) e Timor Leste 
(no Sudeste Asiático). E, é claro, há diferenças, em termos de pronúncia e vocabulário, no 
português falado em cada um deles. 
 
aprofundando 
Mas não é apenas entre diferentes países que falam a 
mesma língua que é possível perceber diferenças no modo 
de falar. Dentro do mesmo país, isto acontece. O Brasil é 
um país de dimensões continentais e mesmo assim ainda 
possui uma língua única. 
 
O português do Brasil apresenta diferenças entre as suas 
regiões geográficas e até numa mesma região. Tomemos 
como exemplo o Sudeste: os falares de Minas Gerais e do 
Rio de Janeiro apresentam suas peculiaridades e distinções, 
o que, às vezes, é até motivo para textos humorísticos, como 
este que se segue: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Fonte: http://lidiscute.blogspot.com. 
br/2010/12/o-falar-dos-mineiros- 
um-patrimonio.html 
 
 
Se você quiser conhecer melhor a CPLP, ou seja, 
a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, 
acesse o endereço 
 
- http://www.cplp.org/ 
 
Você vai descobrir que fazemos parte de uma 
comunidade com milhões de falantes ao redor do 
mundo e compartilhamos de uma história e cultura 
riquíssimas! 
 
 
 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
 
 
 
Do mesmo modo, as regiões urbanas e as regiões rurais também possuem vocabulário 
e pronúncia diferentes, bem como expressões típicas. Portanto, há variações na língua 
condicionadas a aspectos geográficos. Mas é bom ressaltar que nenhuma dessas formas 
linguísticas é melhor ou pior do que a outra. Cada uma delas representa uma faceta diferente 
de nossa variedade e riqueza cultural. 
 
Além de contribuir para uma grande diversidade nos hábitos culturais, religiosos, políticos e 
artísticos, a influência de várias culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a 
riqueza de vocabulário e de pronúncia. Estas diferenças na nossa língua são consequências 
das marcas deixadas por outros idiomas que entraram na formação do português brasileiro. 
Entre esses idiomas estão os indígenas e africanos, além dos europeus, como o francês e 
o italiano. 
 
em algumas regiões se diz 
sei não, em outras não sei 
A influência desses elementos, presentes com maior ou 
menor intensidade em cada região do país, aliada ao 
desenvolvimento histórico peculiar de cada lugar, fez com 
que surgissem regionalismos, isto é, expressões típicas de 
determinada região. 
 
Essa variedade linguística pode se manifestar na construção sintática – por exemplo, em 
algumas regiões se diz sei não, em outras não sei -, mas a grande maioria dos regionalismos 
ocorre no vocabulário. 
 
Assim, um mesmo objeto pode ser nomeado por palavras, diversas, conforme a região. Por 
exemplo: no Rio Grande do Sul, a pipa ou papagaio se chama pandorga; o semáforo pode 
ser designado por farol em São Paulo, e sinal no Rio de Janeiro. 
 
 
 Variedades Socioculturais 
As variedades socioculturais podem ser em relação ao falante ou à situação. 
 
Variedades devidas ao falante 
 
a) Grupos culturais 
 
Uma pessoa que conhece a língua que emprega apenas “de ouvido”, que não teve a 
oportunidade de tomar conhecimento das regras internas que a compõem, domina essa 
língua de cujas realizações participa de forma diversa de uma pessoa que tem contato com 
esse código linguístico por meio de livros, periódicos, dicionários ou ainda por intermédio da 
convivência com pessoas de boa formação intelectual. 
atençâo 
Não se quer dizer que um fale melhor ou pior que o outro. 
Deseja-se apenas registrar o fato de que a formação escolar de 
um indivíduo, por exemplo, suas atividades profissionais, seu 
nível cultural podem determinar um domínio diferente da língua. 
Cada classe social – econômica, mas, sobretudo, culturalmente 
falando – emprega a língua de uma maneira especial. 
8 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
 
 
 
b) O jargão (uma variação social) 
 
Observe os diversos grupos profissionais: cada um deles faz uso de um determinado 
vocabulário e expressões que são típicos do seu trabalho. O jargão – essa linguagem técnica 
que alguns profissionais dominam – é empregado por um grupo restrito e muitas vezes é 
inacessível a outros falantes da língua. 
 
Se pensarmos, por exemplo, na linguagem da economia, da informática... Quantos de nós 
estamos preparados para entendê-las? 
 
 
Exemplos de jargão: 
 
 
Medicina Informática 
 
“Apresenta uma 
massa cística 
indeterminada e 
septos espessos 
irregulares 
mas com realce 
mensurável.” 
“A mochila vem com 
um mouse ótico USB 
com scrolling de 
quatro direções e 
conexão Plug&Play”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/- 
bC3vDE3C vQo/T qRPMwldJQI/ 
AAAAAAAAAH4/53kiE1yBId8/s1600/ 
comportamento1.gif 
 
 
9 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
10 
 
 
Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-3KKufredbIo/T8wOoo7D7XI/AAAAAAAAAEk/JGW1C6_Eyrc/s400/charge-portugueis.jpg 
 
 
 
c) Gíria 
 
A gíria é uma das variedades que uma língua pode apresentar. Quase sempre é criada 
por um grupo social, como os dos fãs de rap, de funk, de heavy metal, o dos surfistas, dos 
skatistas, dos grafiteiros, dos bikers etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II) Variedades devidas à situação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O humor da tira é determinado pelo “excesso de informalidade” por parte do namorado que 
acaba de ser apresentado aos pais da garota. Como uma norma de boa educação, espera-se 
que a pessoa estranha seja gentil, dirija-se aos donos da casa com respeito e manifeste alguma 
cerimônia, com um pedido de licença. Cabe à pessoa visitada dispensar as formalidades e 
fazer com que o estranho se sinta bem. 
 
Nesse caso, observe que o namorado nem mesmo cumprimenta a garota e se dirige aos 
pais dela com tanta grosseria que Hagar toma uma posição “defensiva”, ameaçando o rapaz 
com um machado. A ilustração nos mostra o emprego de uma linguagem pouco adequada 
à situação que envolve as personagens. 
Fonte: http://dc222.4shared.com/doc/i6bLUJ_O/preview_html_3d6df560.jpg 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
11 
 
 
 
 
 
Analisando nossa própria maneira de falar, cada um de nós é capaz de perceber que 
dominamos várias “línguas”, ou seja, temos várias maneiras de “registrar” a língua. 
 
 T3 
A cada momento fazemos uso de um desses registros. Dependendo da situação em que 
os encontremos, procuramos adequar nossa linguagem, falando de modo mais ou menos 
formal, fazendo ou não uso de gírias e assim por diante. 
 
 
Falamos genericamente sobre variações da linguagem, mas seria conveniente destacar ao 
menos duas delas, que todos nós, de uma maneira ou de outra,compartilhamos: a linguagem 
coloquial (ou norma popular) e a norma culta (também chamada de norma padrão). 
 
Excetuadas diferenças 
de pronúncia e pequenas 
diferenças de vocabulário, 
a norma padrão sobrepõe-se 
aos falares regionais, e é a 
mesma, em toda a extensão 
do país. 
a) Linguagem coloquial ou norma popular 
 
É a linguagem que empregamos em nosso cotidiano, 
em situações sem formalidade, com interlocutores que 
consideramos “iguais” a nós no que diz respeito ao domínio 
da língua. Na linguagem coloquial, não há preocupação no 
tocante a um falar “certo” ou “errado”, uma vez que não nos 
sentimos pressionados pela necessidade de usar regras 
e damos prioridade à expressividade, à transmissão da 
informação por si. 
 
“Os princípios da norma popular compõem uma verdadeira 
gramática popular e implicam uma simplificação considerável 
da gramática culta, num uso muito grande de elementos 
afetivos, numa pronúncia menos cuidada, num abundante 
vocabulário gírio e outros elementos afetivos da língua e, em geral, revelam uma menor dose 
de reflexão na escolha das formas linguísticas pelo usuário”. (Dino Preti) 
 
b) A variação de maior prestígio: A norma culta ou norma padrão 
 
Se há tantas variações de uma língua, qual delas é a ensinada na escola? Por que essa e 
não as demais? “Quem” faz essa escolha? 
 
Essas perguntas apenas refletem um fato: de todas as variações, uma tem mais prestígio 
que as demais e acaba por ser escolhida como padrão a todos os falantes. 
 
Essa norma padrão culta ou, simplesmente, norma culta, é a variação linguística a que se 
atribui, em determinado contexto social, maior prestígio; é considerado o modelo – daí a 
designação de padrão, de norma – segundo o qual se avaliam as demais variações linguísticas. 
 
É a variação falada pelas classes sociais privilegiadas, particularmente em situações de 
maior formalidade, usada nos meios de comunicação de massa (jornais, revistas, noticiários 
de televisão, etc.) que visem um público-alvo de certo poder aquisitivo e cultural, ensinada 
na escola e codificada nas gramáticas escolares. 
 
É ainda, fundamentalmente, a variação linguística usada quando se escreve textos de caráter 
profissional e pedida em concursos. 
A Norma considerada Padrão em nossa Sociedade 
Linguagem Verbal Falada e Escrita 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora que 
bem o assunto. Realize os exercícios a
 
 
 
exercício 
 
 
TEXTO 1
 
Vamos ler a receita a seguir, de um prato muito popular em certo estado do país...
 
http://cache-assets.flogao.com.br/s16/08/09/05/170/23783420.jpg
Fonte: https://s3.amazonaws.com/qcon
Leitura e Produção de Texto | UNISUAM
 já discutimos sobre variações linguísticas, é hora de mostrar
bem o assunto. Realize os exercícios a seguir! 
 
O 1 
Vamos ler a receita a seguir, de um prato muito popular em certo estado do país...
assets.flogao.com.br/s16/08/09/05/170/23783420.jpg 
Fonte: https://s3.amazonaws.com/qcon-assets-production/images/provas/25664/Imagem%20068.jpg
Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
12 
 
mostrar que você compreendeu 
Vamos ler a receita a seguir, de um prato muito popular em certo estado do país... 
production/images/provas/25664/Imagem%20068.jpg 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
13 
 
 
 
 
 
Existem muitas brincadeiras a respeito do modo como falam certos grupos de pessoas de 
vários Estados Brasileiros. A receita lida é um exemplo, pois imita com certo exagero a fala 
de mineiros de certas regiões e, para isso, deixa de seguir as regras da língua escrita. 
 
Na verdade, percebemos certas características da fala no texto, como repetições e recursos 
expressivos, como no caso da expressão “bemmm finimm”, escrita propositalmente dessa 
forma para acentuar que o repolho dever ser picado de fato em fatias muito finas. 
 
Depois de ler com atenção a receita, responda as questões que se 
seguem: 
 
1) A língua empregada na receita é diferente daquela utilizada pelos jornais, revistas e livros. 
Apesar disso, é possível compreender a receita? Justifique sua resposta. 
 
2) Se esta receita fosse publicada em uma revista de culinária, por exemplo, não poderia 
estar escrita do modo como está. Reescreva a receita de acordo com as normas da língua 
escrita padrão, para que ela possa ser publicada em uma revista de circulação nacional. 
 
 
 
possíveis respostas!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEXTO 2 
 
Leia este anúncio: 
 
1) Embora esteja escrita imitando um tipo de variação linguística, no caso um regionalismo, a receita ainda está escrita na 
língua portuguesa falada no Brasil, reconhecível mesmo em palavras como “repoi” (repolho) ou “moi” (molho), por exemplo. 
Um falante brasileiro não tem dificuldades em perceber a brincadeira com o falar mineiro e entender o texto. Mas falantes 
de português de outros países não teriam e mesma facilidade em entendê-la, principalmente pelo desconhecimento do 
que chamamos carinhosamente de “mineirês”. 
 
2) Receita reescrita: 
 
MOLHO DE REPOLHO AO ALHO E ÓLEO 
 
Ingredientes: 
5 dentes de alho 
3 colheres de óleo 
1 repolho 
1 colher (sopa) de massa de tomate 
Sal a gosto 
 
Modo de fazer: 
Descasque, pique e soque o alho com o sal. Esquente o óleo e refogue o alho, juntando o repolho picado bem fino. Refogue 
mais um pouco e acrescente a massa de tomate, mexendo bem. Sirva quente. 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Veja Acervo Digital, Edição 18/12/2002, p.60 / 61 
 
 
 
O anúncio tem a finalidade de promover um aparelho de som de determinada marca. Para 
isso, simula a situação de uma pessoa que faz um pedido a Papai Noel. 
 
1) Como você imagina que seja o locutor desse texto, ou seja, a pessoa que escreveu essa 
carta a Papai Noel? Por quê? 
 
2) Identifique palavras ou expressões que façam parte da gíria dos adolescentes. 
 
3) Para convencer Papai Noel a lhe dar o aparelho de som, o locutor usa um argumento, isto 
é, uma justificativa ou explicação. Qual é esse argumento? 
 
4) Pense agora na situação de produção do anúncio. Ele foi publicado às vésperas do Natal 
em uma revista de circulação nacional, lida geralmente por pessoas adultas, da classe 
média, com bom poder aquisitivo. Os textos dessa revista são predominantemente escritos 
na variedade padrão. 
a. Na verdade, quem são os leitores que o anúncio tem em vista: os adolescentes ou os pais 
dos adolescentes? 
 
b. Considerando-se a intencionalidade do anúncio, por que, então, o texto faz uso de uma 
variedade linguística não padrão? 
14 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
15 
 
 
 
 
 
possíveis respostas!!! 
1) Pela forma como o texto foi escrito, leva o leitor a crer que o locutor seja um adolescente (devido às gírias e ao modo 
como se dirige a Papai Noel, por exemplo), provavelmente paulista (tá ligado, mano), tem bom grau de escolaridade (não 
há erros gramaticais em seu texto), bom domínio da tecnologia (descreve as características do equipamento que deseja 
ganhar) e é metido a conquistador (o argumento que ele usa para tentar convencer Papai Noel é o de levar garotas para 
seu quarto, com o pretexto de “ouvir um som da hora”). 
 
2) Belê, tô muito a fim, tô a finzaço, tá ligado, mina, troca umas ideias, quebra essa pra mim, mano. 
 
3) Como foi dito acima, o argumento que ele usa é que, como o equipamento de som, pode convidar garotas para “ouvir 
um som da hora” com ele no quarto. 
 
4) a. Na verdade, o público-alvo deste anúncio, até pelo tipo de leitor da revista em questão, são os pais dos adolescentes, 
inclusive porque são os que têm poder aquisitivo para adquirir o equipamento em questão. / b. O uso desse tipo de 
linguagem no anúncio visou uma identificação do produto com os adolescentes, que são quem normalmente curtem mais 
novidades eletrônicas. É como se ele dissesseaos pais: “Se vocês estão procurando um bom presente de Natal para seu 
filho, este produto fala a língua dele!” É sempre bom lembrar que o texto publicitário é um dos mais elaborados, em termos 
de funcionalidade da mensagem. Ou seja, ele é extremamente bem planejado, tanto para atingir o público-alvo, quanto 
para passar a mensagem que deseja, que em geral é seduzir o leitor, levando-o a adquirir algum produto. 
 
 
 
 
 
 
Adequação Vocabular e Contexto 
 
Dominar a norma culta de um idioma é requisito mínimo de sucesso para profissionais 
de todas as áreas. Engenheiros, médicos, economistas, professores, contabilistas e 
administradores que falam e escrevem certo, com lógica e riqueza vocabular, têm mais 
chance de chegar ao topo do que profissionais tão qualificados quanto eles, mas sem o 
mesmo domínio da palavra. 
 
Nas grandes corporações, os testes de admissão concedem à competência linguística dos 
candidatos, muitas vezes, o mesmo peso dado à aptidão para trabalhar em grupo ou ao 
conhecimento de matemática. Diversas pesquisas estabelecem correlações entre tamanho 
de vocabulário e habilidade de comunicação, de um lado, e ascensão profissional e ganhos 
salariais, de outro. 
 
Como diz o linguista britânico David Crystal, a globalização e a revolução tecnológica da 
internet estão dando origem a um "novo mundo linguístico". Entre os fenômenos desse novo 
mundo estão as subversões da ortografia presentes nos blogs e nas trocas de e-mails, em 
uma nova forma de escrever chamada pelos pesquisadores de “ciberlíngua” ou “internetês”. 
 
Mas o uso crescente do internetês nem de longe significa a desvalorização da norma culta. 
Paralelamente, cresce a consciência de que as línguas bem faladas, protegidas por normas 
cultas, são ferramentas da cultura e também armas da política, além de serem riquezas 
econômicas. 
 
Veja, no exemplo seguinte, um exemplo de um texto escrito originalmente em norma culta 
(um parágrafo de um livro de Machado de Assis) “traduzido” para o internetês, neste caso, 
uma versão do internetês muito usada em chats e blogs. Veja também, mais abaixo, uma 
análise das principais características dessa nova forma de linguagem: 
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Veja Acervo Digital, Edição 2025, 12 de setembro de 2007 
 
 
 
 
 
 
Uma discussão muito frequente nos dias de hoje é se o uso do internetês não levará as novas 
gerações a se distanciarem cada vez mais do português padrão. O que você acha sobre isso? 
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Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-niv67YrM--A/T-JLKP-6PLI/AAAAAAAAABg/S5Wds2e4Uzo/s1600/chatdemais.png 
 
 
 
O gramático Evanildo Bechara defende que, se o aluno tiver contato com diversas formas 
linguísticas e, mais importante, tiver consciência do uso adequado de cada uma delas, isto 
só o enriquecerá linguisticamente, ou seja, uma das missões do professor seria “transformar 
seu aluno num poliglota dentro de sua própria língua”. (BECHARA, Evanildo. Ensino da 
Gramática: Opressão? Liberdade? 4 ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 14) 
 
 
 
 T4 
Em outras palavras, se a pessoa tiver consciência em que momento precisará fazer uso da 
norma padrão (em um concurso público ou um trabalho para a faculdade, por exemplo) e em 
que momentos poderá usar uma linguagem menos padrão (mensagem para amigos, bilhete 
para alguém da família) ou mesmo o internetês (em um blog, um fórum...), estará tudo bem. 
O que não dá é escrever trabalhos acadêmicos em internetês, por exemplo. 
 
 
Língua Falada e Língua Escrita 
 
 
Segundo Mary Kato, pesquisadora de Linguística Aplicada da Unicamp (SP), um indivíduo 
no processo de escolarização bem-sucedida passaria pelas seguintes etapas em seu 
aperfeiçoamento linguístico: 
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desafio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No quadro acima, F se refere às etapas de aquisição da fala e E, às da escrita. Na maioria 
dos casos, os textos escritos produzidos pelas pessoas de pouca ou fraca escolaridade 
situam-se entre as fases E1 e E2, ou seja, elas trazem para a sua escrita traços da variante 
falada de seu meio. Com isso, sua escrita fica marcada pela oralidade, ou seja, uma escrita 
que se distancia do modelo de escrita padrão. 
 
observe o exemplo que se segue: 
 
No caderno de reclamações do condomínio, o síndico leu a seguinte mensagem: 
 
Seu síndico, eu e outros moradores desse condomínio tivemos conversando e todos são 
unânimes pelo fato de que não é possível conviver junto com um pessoal que não sabem 
se comportar, eu mesmo já pedi outro dia para eles não fazer barulhos depois de certa hora, 
mais eles botam música alta e não tão nem aí. Se eu fosse o senhor multava eles, pois não 
sabem se comportar. Aí eu queria vê se eles continuavam a se comportar assim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
resposta: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe o anúncio publicitário a seguir. De propósito, ele mistura formas da língua escrita, 
dentro da norma padrão, e formas da língua falada, fora do padrão, como forma de atingir 
maior expressividade e aceitação por parte do leitor: 
Procure identificar as interferências da fala no texto acima, ou seja, momentos em que ele 
escreve como se estivesse falando. Depois, reescreva o trecho, observando as normas da 
escrita padrão. 
 
Senhor síndico: 
Estive conversando com outros moradores deste condomínio e todos concordam que não 
é possível conviver com pessoas que não sabem se comportar. Eu mesmo já solicitei, em 
outra ocasião, que não fizerem barulho depois de certa hora, mas eles ouvem música em 
alto volume, sem se importarem com os demais condôminos. Solicitamos que seja avaliada 
a possibilidade de ser aplicado algum tipo de multa, por perturbação da ordem. Acreditamos 
que isto inibiria tal comportamento inadequado. 
 
F1  E1  E2  F2 
 
 
 
Língua falada, adquirida 
no meio social em que se 
nasce e vive e com que se 
comunica com os demais. 
 
A escrita adquirida 
mediante processo inicial 
de alfabetização escolar. 
Nessa fase, os traços da 
língua falada pelo aprendiz 
interferem nessa escrita. 
 
Nessa etapa da 
escolarização, a escrita 
já é, em seus aspectos 
convencionais, dominada 
pelo aprendiz. Já não há 
mais interferência da fala. 
 
Em um processo inverso, 
aqui a fala é que passa a 
sofrer influência da escrita 
convencional. Trata-se da 
transferência dos traços 
dessa escrita padronizada 
para a fala. 
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Observe que, na segunda frase do anúncio, é usada a forma “a gente”, que tem uso apenas 
popular e notadamente na forma falada. Se fosse escrita na norma padrão, a frase teria de 
ser “Não sabemos se rimos ou se choramos”, até porque o sujeito da primeira frase é “nós”. 
 
Até agora, falamos da diferença essencial entre a língua escrita e a língua falada. Dessa 
diferença se originam outras, igualmente importantes e, em alguns casos, tão significativas 
que se podem mesmo falar na existência de dois códigos distintos: o código falado e o código 
escrito, cada um com suas regras próprias de funcionamento. 
 
 
 
A língua falada se concretiza por meio da emissão dos sons da língua, os fonemas. Na 
escrita, utilizam-se as letras, que não mantêm uma correspondência exata com os fonemas: 
há letras que representam fonemas diferentes (a letra x, por exemplo, em exame, xadrez e 
sintaxe); há fonemas representados por mais de uma letra (/x/ em chave, por exemplo); há 
até casos em que a letra não representa nenhum fonema (h em hoje). Fatos como esses 
fazem com que a ortografia se torne às vezes mais complexa;ora, é obvio que essa questão 
afeta diretamente o manejo da língua escrita, tendo reduzida influência sobre o código falado. 
 
O código oral conta com elementos de expressividade que o código escrito não consegue 
reproduzir com muita eficiência. Destacamos a acentuação e a entonação, capazes 
de modificar completamente o significado de certas frases e que só são parcialmente 
recuperáveis por certas construções da língua escrita. Há, por exemplo, várias formas de 
falar a palavra sim, podendo-se até atribuir-lhe significação oposta à usual. Na escrita, o que 
se pode fazer são construções do tipo: 
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“Sim”, disse ela, alvoroçada. 
“Sim...”, respondeu uma voz debilitada. 
“Sim?”, irrompeu, indignado. 
“Sim!”, observou ele, com profunda ironia. 
 
Além de fonemas, letras, ortografia, acentuação e entonação, a língua escrita utiliza a 
pontuação para sugerir certas características da língua falada. Não se deve esquecer, 
entretanto, que a pontuação tem antes de tudo uma função organizadora dos enunciados, 
permitindo-nos dispô-los dentro de certa lógica. Essa função antecede uma eventual tentativa 
de reproduzir de forma escrita a melodia própria da língua falada. 
 
Uma pontuação inadequada pode gerar incoerência no texto, como no seguinte exemplo: 
 
 
João toma banho quente e sua mãe diz ele quero banho frio. 
 
Observe a diferença: 
 
João toma banho quente e sua (transpira). – Mãe – diz ele – quero 
banho frio. 
Da mesma forma, o uso da pontuação pode interferir inclusive com o sentido da frase. Compare 
as duas orações que se seguem; 
 
Eu telefonei para meu filho que mora em Mauá. 
 
A pessoa em questão tem vários filhos e telefonou especificamente para o que mora em 
Mauá. A segunda oração restringe o sentido da primeira. 
 
Eu telefonei para meu filho, que mora em Mauá. 
 
Neste caso, a pessoa só tem esse filho e, por acaso, ele mora em Mauá. Em vez de restringir o 
sentido da primeira oração, a segunda apenas acrescenta um dado adicional, uma explicação 
complementar. 
 
Voltando à questão da língua falada e da língua escrita, o uso de algumas estruturas 
gramaticais é bastante diferente nos dois códigos. Enquanto a língua falada utiliza 
exclamações e onomatopeias e produz frases muitas vezes inacabadas ou com rupturas 
de construção, a língua escrita desenvolve frases mais logicamente construídas, evitando a 
repetição de termos, comum durante a fala. 
 
Em síntese, temos: 
 
 
 
Modalidade falada Modalidade escrita 
Palavra sonora Palavra gráfica 
 
Recursos: signos acústicos e extralinguísticos, 
gestos, entorno físico e psíquico 
 
Pobreza de recursos não linguísticos; uso de 
letras, sinais de pontuação 
Requer a presença dos interlocutores. Ganha 
em vivacidade 
Comunicação unilateral. Ganha em 
permanência 
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É espontânea e imediata. Uso de palavras- 
curinga, de frases feitas 
 
É mais precisa e elaborada. Ausência de 
cacoetes linguísticos e vulgarismos 
A expressividade permite prescindir de certas 
regras 
Mais correção na elaboração das frases. 
Evita a improvisação 
 
É repetitiva e redundante 
É mais sintética. A redundância é um recurso 
estilístico 
 
A informação é permeada de subjetividade e 
influenciada pela presença do interlocutor 
 
É mais objetiva. É possível esquecer o 
interlocutor 
 
O contexto extralinguístico é importante 
O contexto extralinguístico tem menos 
influência 
 
 
 
 
 
 T5 Recursos de Expressividade da Fala e da Escrita 
Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou padrão e a coloquial ou popular. A 
linguagem coloquial também aparece nas gírias, na linguagem familiar, na linguagem vulgar 
e nos regionalismos ou dialetos. Essas variações são explicadas por vários fatores: 
 
• Diversidade de situações em que se encontra o falante: uma solenidade ou uma 
festa entre amigos; 
• Grau de instrução do falante e também do ouvinte; 
• Grupo a que pertence o falante. Este é um fator determinante na formação da gíria; 
• Localização geográfica: há muitas diferenças entre o falar de um nordestino e o de 
um gaúcho, por exemplo. Estas diferenças constituem os regionalismos e os dialetos. 
 
 
 
Os registros linguísticos poderiam ser assim divididos: 
 
 
 
Modalidade escrita Modalidade falada 
 
Oratório 
Literário Formal 
Formal Coloquial tenso 
Informal Coloquial distenso 
Pessoal Familiar 
 Vulgar 
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Cada um desses registros é usado em situações específicas, como por exemplo: 
 
1. Na modalidade escrita: 
• Literário: usada em obras literárias, em prosa (romances, contos) ou em verso. 
• Formal: usada em correspondências profissionais, em textos acadêmicos, documentos, etc. 
• Informal: usada em correspondências pessoais, bilhetes para familiares, etc. 
• Pessoal: usada em textos aos quais apenas o próprio autor terá acesso, como anotações 
pessoais de uma aula, um diário pessoal, etc. 
 
2. Na modalidade falada: 
• Oratório: usada em situações específicas, como discursos de ministros do Supremo 
Tribunal, pronunciamentos políticos, etc. 
• Formal: usada em ocasiões que exigem certo grau de formalidade, como um discurso 
de formatura, por exemplo. 
• Coloquial tenso: usada em ocasiões em que um certo cuidado com o uso adequado 
das palavras é exigido, mas sem chegar ao grau de uso formal, como numa entrevista 
de emprego, na apresentação de um relatório ao seu chefe ou na apresentação de um 
seminário em sala de aula, por exemplo. 
• Coloquial distenso: é a mais empregada em nosso dia a dia, é a linguagem que 
empregamos em situações em que estamos à vontade, como nossos amigos, familiares, 
colegas de trabalho, etc. 
• Familiar: é a que usamos em nosso meio familiar, em nossa comunidade linguística 
mais próxima e íntima. 
• Vulgar: é a que faz uso de termos chulos, de baixo calão e que só deveria ser empregada 
em situações específicas, como quando o juiz anula um gol de seu time aos 45 do 
segundo tempo, por exemplo, mas que, hoje em dia, infelizmente, se dissemina pelos 
mais diversos ambientes, incluindo aí espaços profissionais e/ou educacionais. 
 
 
A Língua Falada como Recurso Linguístico 
 
Muitos escritores, para dar maior vivacidade aos seus textos, utilizam características da língua 
falada como gírias, expressões populares e incorreções gramaticais. Assim, as modalidades 
de língua falada e escrita, possuem especificações quanto à sua produção e emprego. A 
oralidade não está somente ligada à fala, e pode ser encontrada (e utilizada) em ou textos 
diversos, como recurso construtor de sentido. 
 
Veja o exemplo seguinte. Observe como o texto ganha em vivacidade e autenticidade ao 
reproduzir, na forma escrita, a fala do “poeta do sertão”, que se opõe ao “poeta da cidade”: 
 
 
Cante lá, que eu canto cá (fragmento) 
(Patativa de Assaré) 
 
Poeta, cantô de rua, 
Que na cidade nasceu, 
Cante a cidade que é sua, 
Que eu canto o sertão que é meu. 
Se aí você teve estudo, 
Aqui, Deus me ensinou tudo, 
EX
em
pl
o 
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Sem de livro precisá. 
Por favô, não mêxa aqui, 
Que eu também não mexo aí, 
Cante lá, que eu canto cá. 
 
Você teve inducação, 
Aprendeu munta ciença, 
Mas das coisa do sertão 
Não tem boa esperiença. 
Nunca fez uma paioça, 
Nunca trabaiou na roça, 
Não pode conhecê bem, 
Pois nesta penosa vida, 
Só quem provou da comida 
Sabe o gosto que ela tem. (...) 
 
(ASSARÉ, Patativa do. Cante lá, que Eu Canto cá. Rio de Janeiro: Vozes, 1978.) 
 
 
aprofundando Linguagem Formal e Linguagem Informal 
Como já vimos quando trabalhamos os registros linguísticos, 
a linguagem pode ser mais ou menos formal, dependendo 
da situação comunicativa e do grau de intimidadeentre os 
interlocutores. 
 
A linguagem formal é usada em situações formais, seja por 
escrito (correspondência entre empresas, artigos de certos 
jornais e revistas, textos científicos, livros didáticos), seja 
oralmente (conferência, discurso, reunião de negócios). 
 
Geralmente é empregada quando alguém se dirige a um interlocutor com quem não tem 
proximidade: ao fazer uma solicitação a uma autoridade ou comparecer a uma entrevista de 
emprego, por exemplo. Além de seguir a variedade padrão, a linguagem formal tem como 
características marcantes a polidez e a seleção cuidadosa das palavras. 
 
Empregada em situações informais, como correspondência entre amigos e familiares, a 
linguagem informal pressupõe certo grau de intimidade com o interlocutor. Apresenta uma 
estrutura mais solta, com construções mais simples; podem-se empregar abreviações, 
diminutivos, gírias e, às vezes, construções sintáticas que não seguem a variedade padrão. 
 
É importante lembrar que usar essa linguagem não significa que o emissor não saiba se 
comunicar de outra forma quando necessário. A linguagem informal é mais comumente 
utilizada na fala do que na escrita; no entanto, há escritos em que ela se faz necessária - por 
exemplo, um bilhete para uma situação do dia a dia. 
 
Para terminarmos de forma divertida, um outro caso de uso inadequado de registro da língua. 
Consta que se trata de um caso verídico... 
 
Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar a casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu 
quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. 
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com 
seus amados patos, disse-lhe: 
 
 
Antônio Gonçalves da Silva, mais conhecido como 
Patativa do Assaré (Assaré (CE), 5 de março de 
1909 — Assaré (CE), 8 de julho de 2002), foi um 
poeta popular, compositor, cantor e improvisador 
brasileiro. Se quiser conhecer um pouco mais sobre 
sua vida e sua obra, acesse o site: 
 
http://www.releituras.com/patativa_menu.asp 
 
 
 
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Fonte: http://edgarlisboa.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/2013/10/ 
Ladr%C3%A3o-de-Patos.jpg 
Oh, bucéfalo anácrono! 
Não o interpelo pelo valor 
intrínseco dos meus bípedes 
palmípedes, mas sim pelo ato 
vil e sorrateiro 
 
 
- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco 
dos meus bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e 
sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, 
levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se isso fazes 
por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha 
elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei 
com minha metafórica bengala bem no alto do teu obtuso 
cocuruto, e o farei com tal ímpeto que reduzirei a tua massa 
encefálica à quinquagésima potência que o vulgo denomina 
nada. 
 
E o ladrão, confuso, diz: 
- Dotô, eu levo o deixo os pato? 
 
Gostou? Este texto foi só para descontrair. 
 
 
 
Saiba mAIS 
Para saber mais sobre variação linguística e sobre as 
diferenças entre língua falada e língua escrita, acesse 
o seguinte vídeo: 
 
http://www.youtube.com/watch?v=_Y1- 
ibJcXW0&feature=related 
exercício 
 
Que tal dar uma paradinha para praticar? Faça os exercícios seguintes! 
 
Observe a situação retratada nos quadrinhos abaixo e responda a questão que se segue: 
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Fonte: HTTP://www.ebah.com.br/content/ABAAAgLP4AJ/enem-2013-portugu-s-1?part=2 
 
 
 
 
 
1) Analise os registros linguísticos usados pelas personagens da historinha. Você diria que 
estão adequados à situação retratada? Justifique sua resposta. 
 
Para ver a possível resposta a essa questão! 
 
Resposta: 
 
Ao que tudo indica, se trata de uma de audiência de uma CPI, em que uma testemunha 
responde perguntas feitas por uma autoridade, no caso, um deputado, sobre esquemas de 
corrupção política. Daí se justifica a linguagem formal usada nos três primeiros quadrinhos. 
Ao ouvir a resposta do depoente implicando-o no processo, porém, o deputado desce o 
nível do registro linguístico e cai no que poderíamos considerar como gíria ou até mesmo 
linguagem vulgar. O humor do quadrinho reside justamente nessa queda do registro linguístico 
no ambiente em questão. 
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2) Partindo da leitura do texto abaixo, procure refletir, tendo como base o conceito de registro e 
as múltiplas formas de contextualização da língua. A seguir, responda a questão que se segue. 
 
O burocrata 
Léo Montenegro 
 
 
Robelério, o burocrata, caminhava pela Cinelândia, quando ouviu o grito: 
- É o bicho! Quem se meter a besta de reagir vai levar com uma bala na ideia! 
Robelério levantou o dedo para falar. 
- Perdão, mas os senhores não nos comunicaram por memorando que iriam assaltar hoje. 
O chefe do bando falava e gesticulava com a arma: 
- Tá pensando que nós temos tempo pra palhaçada? Passa logo a grana, senão vai 
levar um pombo sem asas nos cornos! 
Robelério não perdeu a pose: 
- É exatamente sobre isso que eu estava falando. Se tivesse sido comunicado do 
assalto, estaria com dinheiro em caixa para atender os senhores. Outrossim, informo que os 
senhores deveriam usar um crachá para que possam ser reconhecidos como assaltantes. 
Uma velhinha para o Robelério: 
- Ih, moço, para de falar difícil com eles, porque vai acabar dando um nó na ideia 
deles e vai ser tiro pra todo lado. 
Robelério para a velhinha: 
- Em resposta a vossa solicitação, informo que não poderei adotar tais providências, 
vez que, como se observa, o assalto está desorganizado e fora de seus padrões normais. 
Um dos bandidos, para o chefe: 
- Esse cara é maluco. Acho melhor não atirar nele, por causa de que é proibido bater 
e atirar em maluco. 
O chefe nem estava aí: 
- Maluco ou não, se ele não parar com essa frescura, eu aperto o gatilho. 
Robelério era um pentelho: 
- A propósito, vossa senhoria tem nota fiscal dessa arma? Se não tem, fique sabendo 
que está infringindo a Lei 38 do Código de Defesa do Consumidor. Isso representa dizer que 
sua empresa de assaltos está sujeita a uma multa de 400 UFIR’s. 
O chefe do bando desandou a dar pulinhos: 
- Vai multar a mãe! Isto é um assalto, não entendeu? 
Robelério: 
- Desconheço a ação por absoluta falta de comunicação, por memorando, de que 
ela seria desenvolvida. 
Parou aí, porque o bandido deu-lhe um tiro no braço e se mandou com a quadrilha. Mas 
o pior foi quando a ambulância chegou. Robelério não queria ir para o hospital de jeito nenhum: 
- Sem um memorando avisando ao estabelecimento hospitalar sobre a minha 
chegada, nada feito. 
Foi levado à força. 
 
 
PERGUNTA-SE: Como se processa o humor no texto em questão? Comente. 
26 
Linguagem Verbal Falada e Escrita Leitura e Produção de Texto | UNISUAM 
 
 
 
 
 
Resposta: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusão 
A linguagem é a capacidade que o ser humano tem de se comunicar com as pessoas. Esta 
capacidade é materializada através de um veículo social chamado de língua. Vimos, nesta 
Unidade, que há variação entre a língua falada e escrita. A primeira é mais natural, já que 
aprendemos a falar imitando o que ouvimos; a segunda, requer mais atenção e conhecimento 
de quem fala. 
 
Verificamos, também, que condicionantes sociais, regionais e as diversas situações em 
que se realiza determinam a ocorrência de variações em uma língua. A linguagem também 
sofre variações. Dependendo da situação comunicativa e do grau de intimidade entre os 
interlocutores, ela pode ser mais ou menos formal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
O registro linguístico empregado por Robelério, de extrema formalidade, está totalmente 
inadequado à situação em questão, ouseja, um assalto à luz do dia, em plena Cinelândia. 
A fala de Robelério se revela tão inadequada que os bandidos o consideram maluco e ele 
acaba por levar um tiro do chefe do bando.

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